XLIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

"A contribuição da engenharia de produção para desenvolvimento sustentável

das organizações: Cadeias Circulares, sustentabilidade e tecnologias"
Fortaleza, Ceará, Brasil, 17 a 20 de outubro de 2023.

APLICAÇÃO DE CARTAS DE CONTROLE

NA ANÁLISE DE SOLICITAÇÕES
DE CRÉDITO IMOBILIÁRIO
Bruno Siqueira Cantarim Ribeiro (UFU)

Icaro de Souza Reis (UFU)

Leonardo Lazarini (UFU)

Este artigo explora a aplicação do Controle Estatístico de Processo

(CEP) por meio de cartas de controle para monitorar o andamento dos
processos de solicitação de crédito em uma empresa de crédito
imobiliário. A abordagem é quantitativa, caracterizando-se como
pesquisa explicativa e estudo de caso. Diante dos desafios enfrentados
pelas organizações de crédito imobiliário, o estudo visa analisar como
a implementação efetiva do CEP pode fornecer vantagens substanciais,
melhorando processos, simplificando falhas operacionais e elevando a
qualidade dos serviços oferecidos.

Palavras-chave: Engenharia de Produção, Controle Estatístico de

Processo (CEP), Crédito Imobiliário.
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1. Introdução
O segmento de financiamento imobiliário exerce uma função crucial na economia ao facilitar
o acesso à moradia e impulsionar o desenvolvimento do mercado imobiliário. Em um cenário
financeiro dinâmico e sujeito a rigorosas regulamentações, as organizações de crédito
imobiliário enfrentam desafios significativos na gestão eficaz de suas operações. A entrega
consistente e de alta qualidade de serviços financeiros torna-se essencial para garantir a
satisfação do cliente, o cumprimento das normas regulatórias e a eficácia operacional.
O crédito imobiliário incentiva o consumo e promove os investimentos das empresas,
resultando no impulso da atividade econômica e na criação de empregos. Dados levantados pela
Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) indicam um aumento de 9,7% nas vendas
de imóveis residenciais no Brasil em 2019, em comparação com o ano anterior.
Cardoso (2016) ressalta que a avaliação de crédito se apresenta como um desafio de
classificação no contexto contemporâneo, no qual é frequente deparar-se com conjuntos de
dados que contêm uma considerável quantidade de informações contaminadas por ruídos.
O Controle Estatístico de Processo (CEP) emerge como uma ferramenta estratégica na busca
pela eficiência operacional e na mitigação de riscos no contexto das atividades de crédito
imobiliário. Este estudo tem como objetivo analisar de que maneira a implementação efetiva
do CEP pode proporcionar vantagens substanciais para as empresas do setor, contribuindo para
aprimorar os processos, reduzir falhas operacionais e elevar a qualidade dos serviços oferecidos.
Fundamentado em princípios estatísticos robustos, o CEP viabiliza o monitoramento e controle
das variabilidades inerentes aos processos, identificando desvios significativos que poderiam
comprometer a consistência e a confiabilidade operacional. Em um contexto específico, como
o do crédito imobiliário, onde a precisão na avaliação de riscos, a eficácia na análise de crédito
e a rapidez na aprovação de financiamentos são cruciais, o CEP se destaca como uma
ferramenta estratégica para aprimorar o desempenho organizacional.
Neste artigo, serão explorados casos de estudo e análises práticas da aplicação do CEP em
processos específicos do crédito imobiliário, enfatizando a capacidade da metodologia em
identificar variações indesejadas, prevenir erros sistemáticos e contribuir para a tomada de
decisões embasada em dados. A compreensão das vantagens proporcionadas pelo CEP pode se
converter em um diferencial competitivo para as empresas do setor, gerando não apenas
eficiência operacional, mas também ganhos significativos em termos de confiança do cliente e
conformidade normativa.

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2. Revisão Bibliográfica
2.1 Controle Estatístico de Processos (CEP)
Conforme Carvalho e Paladini (2005), qualidade pode ser definida como a conformidade às
especificações apresentadas, o que implica ter pouca variabilidade. Caso contrário, a garantia
de que o produto estará dentro das especificações é reduzida.
Segundo Rosa (2009), o objetivo do Controle Estatístico de Processo (CEP) é acompanhar e
monitorar os parâmetros de um processo ao longo do tempo, proporcionando um maior
entendimento sobre o mesmo. Para isso, é necessário empregar um conjunto de técnicas para
analisar as alterações no processo produtivo, capazes de determinar a natureza e a frequência
dessas ocorrências.
Dessa forma, o Controle Estatístico de Qualidade se configura como uma ferramenta estatística
que busca a redução sistemática da variabilidade, ou seja, a melhoria contínua na qualidade de
um processo específico. Isso resulta no aumento da confiabilidade, produtividade e na redução
do custo final de produção, conforme afirmado por Ribeiro (2000).

2.2 Cartas de controle para variáveis

A carta de controle é uma ferramenta utilizada para monitorar atividades dentro de um processo
e foi originalmente proposta por Walter A. Shewhart, sendo em algumas situações chamada de
Cartas de Controle de Shewhart. Nessa carta, um gráfico é plotado com as características de
qualidade do processo no eixo x e y em relação ao tempo em que a amostra foi coletada
(MITRA, 2008). De acordo com Wang (2009), o uso do gráfico de controle é um método
comparativo, classificando um determinado produto e acompanhando-o para garantir que
permaneça dentro dos padrões estipulados.
Costa, Epprecht e Carpinetti (2018) destacam a importância de monitorar continuamente o
processo para identificar dispersões e resolver as causas dos problemas imediatamente. Essas
dispersões podem não ser visíveis durante o processo de fabricação, todas as unidades do
produto podem parecer iguais, mas medições individuais podem revelar distorções que, às
vezes, não afetam significativamente o cliente final, mas em outros casos, são cruciais para o
sucesso do negócio.
Exler e Lima (2017) mencionam que alguns produtos só podem ser comercializados após a
emissão de certificados de qualidade, como o biodiesel certificado pela Agência Nacional de
Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Esses dados podem ser apresentados por meio
de gráficos demonstrativos, tornando a visualização mais clara. Dentro de um gráfico de

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controle, é possível verificar de maneira nítida se um processo está dentro dos limites de
especificação (PEINADO; GRAEML, 2007).

3. Metodologia
Para conduzir esta pesquisa, utilizou-se o Controle Estatístico de Processo (CEP) com o
objetivo de avaliar a estabilidade do processo e identificar fontes de variabilidade, buscando
elevar os níveis de qualidade. Para tal pesquisa, a empresa disponibilizou planilhas com os
registros de todos os processos abertos entre janeiro e dezembro de 2022 da unidade sede, no
município de Ituiutaba, da Diamante Crédito Imobiliário. A variável analisada da amostra,
alusiva aos processos de solicitação de crédito, refere-se à quantidade de dias corridos desde a
abertura do processo até sua finalização, sendo este aprovado ou não. A organização destes
dados foi feita de maneira resumida, mostrando-os de forma agrupada, utilizando de planilhas
eletrônicas para tabulação dos dados e realização dos cálculos para a elaboração dos gráficos
de controle. Para tal aplicação, fez se o uso do software Microsoft Excel
Estamos trabalhando com controle estatístico de processo (CEP) por meio de cartas de controle,
o que se enquadra no controle estatístico de processo por variáveis. Neste caso, estamos
monitorando uma variável contínua (o número de dias) para avaliar a estabilidade do processo
ao longo do tempo. Portanto, é um controle por variáveis, não por atributos. O controle por
atributos seria apropriado para informações que podem ser classificadas em categorias, como a
presença ou ausência de determinada característica.
Esta pesquisa é de abordagem quantitativa, utilizando técnicas estatísticas como instrumento
principal. Quanto aos objetivos, é definido como pesquisa explicativa, buscando identificar e
explicar os fatores que são relevantes para as características observadas (GIL, 2002;
SILVEIRA, 2009). Em relação aos procedimentos técnicos, caracteriza-se como um estudo de
caso, duração em uma empresa do segmento de crédito imobiliário (TURRIONI; MELLO,
2012).
É relevante observar que, embora não explicitadas nas normas, serão impostas as duas fases das
cartas de controle, conforme sugerido por Woodall e Montgomery (2009). O nível de
significância (α) adotado para todos os testes estatísticos foi de 5%.

4. Resultados e Discussões
4.1 Trabalho de dados

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A análise minuciosa dos resultados obtidos revela nuances significativas no contexto do

Controle Estatístico de Processos aplicado à emissão de crédito imobiliário. Nesta seção,
mergulhamos mais profundamente na interpretação desses dados, buscando compreender as
variabilidades observadas e sua relevância prática. Ao desvendar padrões temporais, explorar
os impactos sobre os processos de emissão de crédito e comparar os resultados com padrões
estabelecidos, visamos fornecer uma visão abrangente das dinâmicas subjacentes a um domínio
esse crucial, em consonância com os objetivos fundamentais da gestão eficiente de crédito
imobiliário.
O estudo analisou um conjunto de 120 amostras ao longo de 12 meses para avaliar a
variabilidade no tempo de determinado processo. As análises estatísticas foram conduzidas para
entender melhor o comportamento desse processo e identificar possíveis tendências ou
anomalias. O esperado é que os processos não passem de 40 dias em média, sendo está a média
do mercado, portanto é interessante que a rapidez do processo seja um diferencial competitivo
da empresa. Segue abaixo a tabela de dados da cidade de Ituiutaba no período de 2022:

Tabela 1 - Amostras coletadas

Fonte: Elaborado pelos autores.

Os limites passados pela empresa definem um intervalo ideal de entre 17 e 40 dias. Observa-se
que todos os dados obtidos estão dentro do intervalo ideal. Desta forma será realizado o trabalho
para averiguar o processo dentro do controle estatístico, no qual foram realizados cálculos para

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conferir como está o cenário do prazo da emissão do processo nas unidades por meio do gráfico
X/R.
Em um primeiro momento foram calculadas as médias das amostras, a média das médias, a
amplitude e a amplitude média das amostras. (WOODALL, W . H., MARAGAH,
H.D.Control charts using exponentialsmoothingtechniques. Technometrics, 32, pp 1-29,
1990).

Tabela 2 - Médias

Fonte: Elaborado pelos autores.

Em seguida for consultada a tabela para o obtenção dos valores de A2, D3 e D4 para calcularmos os
limites inferiores e superiores de X e de R
Tabela 3 - A2, D3, D4

Fonte: Elaborado pelos autores.

Tabela 4 - Cálculo, LSC, LM e LIC de X

Fonte: Elaborado pelos autores.

Tabela 5 - Cálculo, LSC, LM e LIC de R

Fonte: Elaborado pelos autores.

Os resultados obtidos foram plotados em dois gráficos com os valores coletados do número de
dias para a emissão do processo:

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Tabela 6 – Gráfico da média X

Fonte: Elaborado pelos autores.

Tabela 7 – Gráfico da amplitude R

Fonte: Elaborado pelos autores.

4.2 Interpretando variações

A detecção de pontos fora dos limites de controle na carta de controle levanta a questão sobre
possíveis causas especiais. A análise de dados externos, como mudanças nos procedimentos
operacionais, variações climáticas ou eventos inesperados, pode oferecer insights valiosos
sobre porque certos meses apresentaram maior variabilidade. Este é um passo crucial na
implementação de medidas corretivas direcionadas para garantir a estabilidade contínua do
processo.
Ao considerar a aplicação prática desses resultados, é possível destacar a importância de uma
monitorização contínua do processo. A implementação de um sistema de controle estatístico de
processos (CEP) pode fornecer alertas antecipados sobre desvios significativos, permitindo a
intervenção proativa para manter a estabilidade e a qualidade do processo.

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Com base nos resultados obtidos, recomenda-se uma análise mais profunda dos meses que
apresentaram pontos fora dos limites de controle. A identificação das causas raiz dessas
variações permitirá a implementação de melhorias direcionadas. Além disso, considerando a
amplitude, estratégias para redução da variabilidade podem ser exploradas para otimizar o
desempenho do processo.
É importante reconhecer as limitações do estudo, incluindo a possibilidade de que fatores não
mensurados possam ter influenciado o processo. Uma revisão detalhada dos procedimentos de
coleta de dados e a consideração de variáveis externas não monitoradas podem contribuir para
uma compreensão mais completa do contexto do estudo. Entretanto, o segundo ponto fora do
limite, sendo este do mês de novembro não é visto como um processo defeituoso, uma vez que
mostra que em um determinado período o processo foi muito mais veloz e eficiente.
Desta forma assim como estratégias para analisar o processo demasiado lento e trazer planos
corretivos para evitar futuras semelhanças, o mesmo também deve ser feito com o mês de
novembro, sendo este um possível viés de eficiência do processo.
Há de se notar também uma leve sazonalidade, das quais alguns meses possuem rendimentos
melhores, isto também deve ser levado a futuras análises para averiguar as causas raízes.

5. Conclusão
Neste estudo estatístico, realizamos uma análise profunda do processo, utilizando cartas de
controle para monitorar a variabilidade ao longo de 12 meses. A detecção de pontos fora dos
limites de controle indicou a presença de possíveis causas especiais, destacando a importância
de uma abordagem proativa na gestão da qualidade.
Os resultados da amplitude forneceram insights valiosos sobre a variabilidade entre as amostras,
possibilitando uma compreensão mais abrangente do comportamento do processo ao longo do
tempo. A implementação de um sistema de controle estatístico de processos (CEP) emerge
como uma recomendação crucial para monitorização contínua.
Recomendamos uma análise mais detalhada dos meses que apresentaram variações
significativas, buscando identificar as causas raiz para implementar melhorias específicas. A
redução da variabilidade destaca-se como uma estratégia para otimizar a estabilidade e a
qualidade do processo.
Este estudo, apesar de suas contribuições significativas, não está isento de limitações.
Reconhecemos a necessidade de considerar fatores não mensurados e externos que possam

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influenciar o processo, sugerindo a continuidade da investigação para uma compreensão mais

completa do contexto.
Em última análise, este trabalho destaca a importância do controle estatístico para manter a
consistência e qualidade em processos complexos. A aplicação prática dessas descobertas pode
resultar em melhorias tangíveis na eficiência operacional e na entrega de produtos ou serviços
de alta qualidade.

REFERÊNCIAS
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2009.

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WOODALL, W . H., MARAGAH, H.D.Control charts using exponential smoothingtechniques. Technometrics,

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