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XLIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

"A contribuição da engenharia de produção para desenvolvimento sustentável


das organizações: Cadeias Circulares, sustentabilidade e tecnologias"
Fortaleza, Ceará, Brasil, 16 a 19 de outubro de 2023

APLICAÇÃO DA MANUTEÇÃO
CENTRADA EM CONFIABILDADE UMA
REVISÃO NA LITERATURA
Bruno Lemos Alves (UFAM)
brunolemosalvesoficial@gmail.com
Dionara Pereira dos Santos (UFAM)
dionarapsantos @gmail.com
Nicoli Oliveira da Rocha (UFAM)
nicoli.abrasax@gmail.com
Rosimeiry Galvão da Silva ( UFAM)
rose.galvao61 @gmail.com

Em favores da concorrência que os diversos setores


enfrentam em busca constante em satisfazer necessidades
dos clientes e garantir bons níveis de serviço tem sido a
meta de muitas empresas. Contudo, com o aumento da
automação e da mecanização, alcançar esse objetivo está
diretamente relacionado a confiabilidade e disponibilidade
dos equipamentos que uma organização possui. A
manutenção centrada na confiabilidade (MCC) é uma
abordagem que tem foco na prevenção de falhas, cujas
consequências criam problemas de maior gravidade. Esse
método é empregado na gestão da manutenção em diversos
setores industriais. O objetivo deste trabalho é mostar a
metodologia de manutenção centrada na
confiabilidade para as empresas e tambem indicar as ações
de manutenção mais adequadas ao contexto da empresa,
que contribuam com a redução dos custos de manutenção e
com o aumento da confiabilidade e disponibilidades.

Palavras-chave: Manutenção, Confiabilidade, Redução de


Custos, Automação
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1. Introdução
Diante do mercado competitivo as empresas precisam estar com suas operações acontecendo
de forma estável e em constante aprimoramento. A manutenção é uma importante atividade
que possibilita que as instalações, equipamentos e máquinas funcionem adequadamente,
proporcionando estabilidade e diminuindo a probabilidade de ocorrerem falhas ou
interrupções desnecessárias (SILVA; ARAÚJO; LOPES, 2020).
Segundo Caiado (2015), as organizações investem na manutenção para aumentar a
confiabilidade dos seus processos. Assim, a certeza de que os sistemas produtivos não estão
suscetíveis a quebras inesperadas é possível reduzir os custos operacionais, obter resultados
mais precisos e promover melhorias.
A confiabilidade está relacionada ao funcionamento bem-sucedido de um produto ou sistema
com ausência de quebras ou falhas (FOGLIATTO; RIBEIRO, 2011). Embora, na engenharia,
seja necessário uma definir quantitativamente a confiabilidade, em termos de probabilidade.
Também é considerado, o aspecto tempo e condições ambientais para determinar a
confiabilidade.
Tendo em vista que a Manutenção Centrada na Confiabilidade (MCC) é uma metodologia
aplicada nas empresas a fim de aumentar a disponibilidade das máquinas e reduzir custos com
reparos, substituições, entre outros custos (FOGLIATTO; RIBEIRO, 2011), esse estudo
buscou revisar a literatura a respeito da aplicação da Manutenção Centrada em Confiabilidade
e analisar o contexto dessas aplicações e quais os benefícios percebidos com a implementação
da metodologia.

2. Gestão da Manutenção
A manutenção, embora despercebida, sempre existiu, mesmo nas épocas mais remotas.
Começou a ser conhecida com o nome de manutenção por volta do século XVI na Europa
central, juntamente com o surgimento do relógio mecânico, quando surgiram os primeiros
técnicos em montagem e assistência. Tomou corpo ao longo da Revolução Industrial e
firmou-se, como necessidade absoluta, na Segunda Guerra Mundial. No princípio da
reconstrução pós-guerra, Inglaterra, Alemanha, Itália e principalmente o Japão alicerçaram
seu desempenho industrial nas bases da engenharia de manutenção. 
Nos últimos anos, com a intensa concorrência, os prazos de entrega dos produtos passaram a
ser relevantes para todas as empresas. Com isso, surgiu a motivação para se prevenir contra as
falhas de máquinas e equipamentos. Além disso, outra motivação para o avanço da

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manutenção foi a maior exigência por qualidade. Essas motivações deram origem a uma
manutenção mais planejada.
Com a globalização da economia, a busca da qualidade total em serviços, produtos e
gerenciamento ambiental passou a ser a meta de todas as empresas. Veja o caso abaixo: 
Imagine um fabricante de rolamentos e que tenha concorrentes no mercado. Para que se venha
a manter seus clientes e conquistar outros, ele precisará tirar o máximo rendimento das
máquinas para oferecer rolamentos com defeito zero e preço competitivo. Deverá também
estabelecer um rigoroso cronograma de fabricação e de entrega de meus rolamentos. Imagine
agora que não exista um programa de manutenção das máquinas... 
Isto dá uma ideia da importância de se estabelecer um programa de manutenção, uma vez que
máquinas e equipamentos com defeitos e/ou parados, os prejuízos serão inevitáveis,
provocando: 
 Diminuição ou interrupção da produção;
 Atrasos nas entregas; 
 Perdas financeiras; 
 Aumento dos custos; 
 Rolamentos com possibilidades de apresentar defeitos de fabricação; 
 Insatisfação dos clientes; 
 Perda de mercado. 
Todos esses aspectos mostram a importância que se deve dar à manutenção. Até
recentemente, a gerência de nível médio e corporativo tinha ignorado o impacto da operação
da manutenção sobre a qualidade do produto, custos de produção e, mais importante, no lucro
básico. A opinião geral a cerca de 20 anos atrás era de que “manutenção é um mal
necessário”, ou “nada pode ser feito para melhorar os custos de manutenção”. Mas as novas
técnicas de gerenciamento e sistemas de manutenção tem mudado isso, reduzindo os custos da
manutenção em relação ao faturamento.

2.1. Manutenção Centrada em Confiabilidade


A Manutenção Centrada em Confiabilidade (MCC) é um programa de gestão de manutenção
industrial que visa que quaisquer componentes de um ativo ou um sistema operacional
mantenham suas funções, sua condição de uso, com segurança, qualidade, economia e, ainda,
que seu desempenho não afete o meio ambiente. Segundo Pereira (2011), a MCC objetiva a
diminuição da manutenção corretiva e preventiva por meio de atividades mais eficientes; a
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utilização constante das técnicas de análise de falha; a garantia de que o equipamento


cumprirá suas funções com o menor custo; a utilização das metodologias FMEA (Failure
Modes and Effects Analysis – Análise dos Modos e Efeitos das Falhas) e FTA (Fault Tree
Analysis – Análise da Árvore de Falhas) na manutenção.
Por meio das técnicas de manutenção apresentadas, esperamos que o especialista elabore as
bases para a realização de seu plano de manutenção. 
Para a confecção de um plano de manutenção, ele deverá entender cada tipo de manutenção,
conhecer os equipamentos da planta industrial, entender a importância de cada equipamento
para o processo produtivo, compreender o custo de manutenção do equipamento e conhecer
seus clientes internos. Com esses dados, é possível determinar o melhor tipo de manutenção a
ser aplicado no equipamento. 

2.2. Aplicação da MCC


Segundo Siqueira (2005 apud FREIRE, 2012, p. 30), para a implantação da metodologia
MCC deve-se adotar uma sequência estruturada composta por sete etapas, apresentadas a
seguir:
a) Seleção do sistema e coleta de informações;
b) Análise de modos de falha e efeitos;
c) Seleção de funções significantes;
d) Seleção de atividades aplicáveis;
e) Avaliação da efetividade das atividades;
f) Seleção das atividades aplicáveis e efetivas;
g) Definição da periodicidade das atividades.
Dessa forma, é dispensável quaisquer conceitos sejam claros a todos envolvidos no projeto. É
fundamental entender que existe uma função, que foi definida na instalação, a cada
equipamento ou sistema, portanto, deve apresentar um padrão de desempenho que esteja de
acordo com o que foi projetado. São funções que podem ser divididas em primárias e
secundárias de acordo com Fogliatto e Ribeiro (2011), base de trabalho da Manutenção
Centrada na Confiabilidade, por esse motivo, deve ser conhecidas.
Em relação a falha funcional, esta ocorre, por sua vez, quando um item deixa de desempenhar
adequadamente a função que o usuário espera (MOUBRAY, 2000). No modo de falha
relaciona as formas que um item pode deixar de executar sua função.

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Na aplicação da MCC, identificamos as causas das falhas, visto que as ações do programa
MCC são voltadas para solucionar. A contribuição daqueles que lidam diretamente com os
equipamentos se torna primordial. Com isso, é necessário descrever o que acontece quando a
falha ocorre. Podem ser colhidas informações sobre o tempo que o equipamento ficou parado,
se a ocorrência da falha teve implicações materiais ou ao meio ambiente.
A Análise do Modo e Efeito de Falha (FMEA) é uma técnica sistemática bastante utilizada
para esse fim, pois possibilita o estudo dos modos e efeitos das falhas e permite,
posteriormente, verificar as consequências que as falhas terão. Estas podem variar de simples
inconvenientes a prejuízos consideráveis. (FOGLIATTO & RIBEIRO, 2011).
Fogliatto e Ribeiro (2011) classificam essas consequências em cinco categorias:
 Escondidas;
 Segurança;
 Ambientais;
 Operacionais;
 Outras.
Nessa última categoria compreende custos de reparo, são classificadas nesta seção, efeitos que
não se adequam nas outras modalidades. Em relação às ações de manutenção são escolhidas
com base na prioridade dada a essas categorias e por essa razão são aspectos fundamentais no
programa de MCC. Nesse sentido, as ações de manutenção podem envolver ações proativas e
reativas. O primeiro está relacionado com as atividades de manutenção preventiva e preditiva,
pois tem como objetivo evitar que o item apresente uma falha e atue antes que a falha
aconteça, portanto, o foco da MCC.
As tarefas relacionadas ao segundo são escolhidas quando não é possível fazer uso das tarefas
relacionadas ao primeiro, sejam por questões financeiras ou outros motivos. E diferente do
primeiro caso, as ações lidam com o item que lhes apresenta falha.
Finalmente, quando a ocorrência de falha apresenta consequências graves, nenhuma ação de
manutenção do tipo proativa pode ser usada, então sugerem fazer uso de outras duas
atividades à procura de falhas ou o redesenho de subsistemas. Mas, distingue-se que o
redesenho é uma atividade que não faz parte da rotina da MCC, deve ser usada com
moderação.
Para contribuir na tomada de decisão com relação a escolha das atividades de manutenção,
sugerem o uso do diagrama ilustrado na Figura 1 de Fogliatto e Ribeiro (2011). Na qual

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prioriza as atividades de manutenção preditiva e preventiva, com objetivo de evitar que a


falha ocorra.
 
Figura 1 - Diagrama de decisão relacionado a atividade de manutenção recomendada.

Fonte: Fogliatto e Ribeiro (2011)


 
Dessa maneira, Moubray (2000) destaca que nenhuma técnica é tão afirmativa para detectar
as atividades de manutenção que devem ser usadas para cuidar das funções dos equipamentos,
especialmente em situações parecidas ou perigosas.

3. Metodologia
3.1 Revisão Sistemática da Literatura (RSL)
A RSL tem a finalidade de mapear resultados de estudos primários importantes acerca do
assunto para realizar críticas e avaliações e não menos importante a RSL é capaz de
identificar possíveis lacunas e assim obter novos conhecimentos (GRADY et al, 2015).
Zaions (2003) ponta que as revisões têm abordagem objetiva na identificação dos estudos
disponíveis para estudo para tornar os resultados ilegíveis dos estudos adequados e completos.
O método de trabalho utilizado neste estudo se caracteriza com as orientações propostas por
Morandi e Camargo (2015) composto por 7 passos:
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 Definição da questão e do framework conceitual;


 Escolha da equipe de trabalho;
 Estratégia de busca;
 Busca elegibilidade e codificação;
 Avaliação de qualidade;
 Síntese de Resultados;
 Apresentação do estudo.
Esta pesquisa classifica-se como aplicada e qualitativa pois objetiva a interpretação dos
fenômenos e maior familiaridade com o assunto com vistas de torna-lo explícito. O
levantamento bibliográfico concentrou-se nos tópicos associados à MCC.
Para desenvolvimento do trabalho a primeira etapa envolveu o estudo sobre a questão da
Manutenção Centrada em Confiabilidade e suas atividades essenciais. A segunda etapa
envolveu a busca por artigos nos simpósios e principais bases de dados. A próxima etapa
consistiu na análise dos modos de falha nos sistemas selecionados, neste caso a ferramenta
FMEA foi utilizada como base, para identificar as principais indústrias, equipamentos e as
ferramentas anteriormente utilizadas. Na terceira etapa a partir da união dos resultados da
primeira e segunda etapa foi elaborado um quadro para comparar as atividades e ferramentas
utilizadas da MCC bem como a demonstração de seus resultados.

5. Resultados e discussões
A pesquisa e filtragem dos artigos relacionados ao objetivo do trabalho apontou nove estudos
de aplicação da MCC em indústrias. As indústrias e empresas onde foram aplicadas a
metodologia são, duas do segmento alimentício de Silva, Araújo e Lopes (2020) e  Benini e
Santos (2021), uma indústria de resinas (BELINELLI, 2017), uma funerária (VIEIRA et al.,
2020), uma unidade hospitalar (NOGUEIRA; FERREIRA, 2022), uma controladora de
tráfego aéreo brasileiro (SILVA; SANTOS; NETO, 2018), uma indústria de tintas e corantes
(MENDES; RIBEIRO, 2014) e duas no segmento de transportes de Almeida et al. (2020) e
Sellitto, Borchardt, e Araújo (2002).
Quanto aos equipamentos ou os departamentos onde foram direcionados a implementação da
MCC, Silva, Araújo e Lopes (2020) realizou no setor de biscoitos, Belinelli et al. (2017)
aplicou nos sistemas de refrigeração, Vieira et al. (2020) na frota de veículos, Almeida et al.
(2020) no motor e nos freios do veículo, Nogueira e Ferreira (2022) nos equipamentos de
uma unidade de ressonância magnética, Silva, Santos e Neto (2018) no Sistema de
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manutenção do CINDACTA III e no equipamento DME 435, Benini e Santos (2021) em uma
embaladora à vácuo de alimentos, Mendes e Ribeiro (2014) em uma linha de rotulagem e
enchimento de galões e, Sellitto, Borchardt, e Araújo (2002) em um ônibus urbano.
A aplicação da Manutenção Centrada na Confiabilidade, no geral, seguiu a recomendação de
Siqueira (2009), com a inclusão de outras ferramentas complementares, ou ainda, a subtração
de alguns passos. Alguns autores optaram pela revisão da literatura, a observação e a coleta de
dados para compreender o funcionamento dos equipamentos e sistemas. Almeida et al.
(2020), aplicou um formulário eletrônico, permitindo a coleta de dados e quantificação de
quais fatores detinham maior importância para o estudo.
A seleção do sistema e coleta de informações também foi presente na maioria dos trabalhos,
com destaque para Almeida et al. (2020), que utilizou a Matriz GUT na definição do elemento
prioritário de manutenção do veículo. 
Em todos os artigos foram analisados os modos de falha, exceto no trabalho de Silva, Santos e
Neto (2018), que realizou a análise de dados secundários de relatórios de manutenção e
planilhas de disponibilidade do equipamento estudado. Almeida et al. (2020), Nogueira e
Ferreira (2022), Silva, Santos e Neto (2018) e Mendes e Ribeiro (2014) não citaram
explicitamente a utilização da ferramenta FMEA (Failure Mode and Effect Analysis), ainda
sim, investigaram os modos de falha e seus possíveis efeitos.
Os sistemas e equipamentos foram divididos em subconjuntos e selecionadas as funções
significantes, bem como a seleção de atividades aplicáveis e a seleção das tarefas aplicáveis e
efetivas, exceto em Silva, Santos e Neto (2018). Essa seleção permitiu a compreensão da
causa e como ela poderia ser solucionada a partir de uma atividade aplicável. Essa etapa
serviu de base para elaboração de recomendações para planos de manutenção em alguns
estudos, em outros, houve a confecção efetiva dos planos de manutenção.
O trabalho de Silva, Araújo e Lopes (2020), resultou em um plano de manutenção. Belinelli et
al. (2017) propôs quatro planos de manutenção. Almeida et al. (2020) e Nogueira e Ferreira
(2022) optaram pelo diagrama proposto por Moubray (1997). Vieira et al. (2020) recomenda
o diagrama de decisão proposto por Fogliatto e Ribeiro (2011). Benini e Santos (2021),
propôs uma tabela com a periodicidade das atividades aplicáveis. Silva, Santos e Neto (2018)
não propuseram nenhum plano ou recomendação, apenas avaliou positivamente o plano que já
existia no sistema de manutenção.
Das ferramentas utilizadas em conjunto ou de apoio à MCC nos estudos avaliados a FMEA
foi a mais utilizada. Como citado anteriormente, ela faz parte da aplicação da MCC,

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analisando os modos de falha e seus efeitos. A matriz GUT foi utilizada nos estudos de
Almeida et al. (2020) e, Benini e Santos (2021). Nogueira e Ferreira (2022) realizou uma
adaptação de Siqueira (2009) e Moubray (2001) para classificação dos modos de falha. A
ferramenta MTTR (Mean time to repair) foi utilizada no trabalho de Silva, Santos e Neto
(2018) e Mendes e Ribeiro (2014). Mendes e Ribeiro (2014), Benini e Santos (2021) e
Sellitto, Borchardt e Araújo (2002) fizeram uso do MTBF que define os valores do tempo
médio entre falhas. Sellitto, Borchardt e Araújo (2002) aplicou a análise de Weibull e o FTA
(Failure Tree Analysis). Mendes e Ribeiro (2014) sendo o estudo mais extenso, em termos de
ferramentas, também apresenta em seu trabalho o software PROCONF e o estudo de
simulação de Monte Carlo.
Em todos os artigos foram observados benefícios após a aplicação da Manutenção Centrada
em Confiabilidade, seja no melhor entendimento do funcionamento dos sistemas (SILVA;
ARAÚJO; LOPES, 2020), ou ainda na eficaz apresentação das estratégias de manutenção
passíveis de serem realizadas e monitoradas pelos técnicos de manutenção da empresa
(BELINELLI, 2017). O aumento da confiabilidade e o aumento da disponibilidade dos
equipamentos também foi percebido pelos autores.
Em “Manutenção centrada em confiabilidade: aplicação no controle de tráfego aéreo” de
Silva, Santos e Neto (2018) ele investiga o sistema de manutenção do centro de controle de
tráfego aéreo e a disponibilidade do equipamento DME 435. Os resultados demonstraram que
a utilização da metodologia RCM na gestão de manutenção do CINDACTA III, permitiu a
noção da importância de uma manutenção eficiente e eficaz para manter equipamentos de
grande prioridade operando com o máximo de disponibilidade. Embora a aplicação da MCC
não tenha ocorrido de fato o autor recomenda estudos complementares acerca das etapas do
RCM e FMEA como ferramenta do RCM. 
Almeida et al. (2020), em “Manutenção Centrada em Confiabilidade (MCC) aplicada na
redução das falhas funcionais em um transporte público universitário” revelou que a MCC
possibilitou a identificação das falhas que afetavam o funcionamento adequado do transporte
público escolar, auxiliando na tomada de decisão e melhoria do equipamento et al.  

6. Análise dos resultados e Considerações finais:


A existência de uma gestão da manutenção tornou indispensável para as organizações nos dias
atuais, a frente do cenário competitivo na qual exige das organizações produzir cada vez mais,

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reduzindo seus custos e conservando a qualidade de seus produtos, de modo que consigam
manter-se no mercado. A cerca do bom entendimento dos seus sistemas de produção
possibilita à organização e uma tomada de decisão mais precisa, as atividades de manutenção
vêm a cada dia se tornando mais presente nas estratégias de tomadas de decisão por parte da
organização.

No que se refere a aplicação da MCC e seus benefícios dos estudos analisados apontam que as
empresas que não utilizam indicadores apresentam um nível de desenvolvimento de gestão do
processo de manutenção inferior às demais.
Neste trabalho pudemos evidenciar que a MCC e com a apresentação da literatura do tema
vários autores mostram as definições e aplicações da MCC durante os anos, fica evidente que
uma que esta manutenção contribui para o aumento da confiabilidade, pois com uma
manutenção atuando antes da falha ocorrer garante o total funcionamento ativo. Outro fator
também importante é a prevenção de acidentes de trabalho, pois o cuidado com o impacto da
manutenção no meio ambiente também e salientado no método da MCC.
Assim, podemos concluir que as atividades para se ter um sistema confiável têm importância
não apenas no planejamento de produção e manutenção, mas também no planejamento
estratégico de toda organização que visa que tendo esta confiabilidade consegue-se obter
vantagens competitivas. Portanto, com o desenvolvimento do presente trabalho, se torna
evidente a importância de entender o funcionamento de todo o sistema, bem como suas
possíveis falhas, de forma a ser possibilitado que decisões assertivas sejam tomadas, gerando
cada vez mais benefícios para a organização.
Como sugestões para trabalhos futuros ficam manter o acompanhamento do equipamento
estudado e aumentar a abrangência no sistema, de modo que o tempo gasto com paradas
acidentais diminua ainda mais. Fica também a sugestão de se aplicar a metodologia em outras
organizações.

REFERÊNCIAS
ALMEIDA, S. S. M; SILVA, H. M. A. DA; ALMEIDA, J. V. DA S. DE; NASCIMENTO, R. S. DO.
Manutenção Centrada em Confiabilidade (MCC) aplicada na redução das falhas funcionais em um transporte

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out. 2020.

BELINELLI, M. M.; VILCHAK, L.; SAVOLDI, A; RODRIGUES, M.; OLIVEIRA, C. C. DE. Implantação da
Metodologia MCC em uma indústria de resinas: estudo de caso do sistema de refrigeração para reatores.
XXXVII Encontro Nacional de Engenharia de Produção, out. 2017.

BENINI, L.; SANTOS, A. Utilização da manutenção centrada em confiabilidade (MCC) em embaladora à vácuo
de alimentos. The Journal of Engineering and Exact Sciences, abr. 2021.

CAIADO, R. G. G.; LIMA, G. B. A.; QUELHAS, O. L. G. Aspectos da aplicação da manutenção centrada em


confiabilidade. XI Congresso Nacional de Excelência em Gestão, 2015.

FOGLIATTO, F. S.; RIBEIRO, J. L. D. Confiabilidade e manutenção industrial. Elsevier, Rio de Janeiro: [s.n.].

FREIRE, Priscila S. D. A Manutenção Centrada na Confiabilidade (MCC) aplicada em um ambiente


organizacional gerenciado pela Manutenção Produtiva Total (MPT). 2012. 49 p. Monografia (Graduação em
Engenharia de Produção) – Universidade Federal de Juiz de Fora, 2012.

MENDES, A. A; RIBEIRO, J. L. D. Estabelecimento de um plano de manutenção baseado em análises


quantitativas no contexto da MCC em um cenário de produção JIT. Production, v. 24, n. 3, p. 675-686,
July/Sept. 2014.

MORANDI, Maria Isabel W. Motta; CAMARGO, Luis F. Riehs. Revisão sistemática da literatura. In:
DRESCH, Aline; LACERDA, Daniel P.; ANTUNES JR, José A. Valle. Design sciencie research: método e
pesquisa para avanço da ciência e da tecnologia. Porto Alegre: Bookman, 2015.

MOUBRAY, J. Reliability-centered maintenance: second edition – 2. ed. - New York: Industrial Press Inc.,
1997.

MOUBRAY, John. Manutenção centrada em confiabilidade, traduzido por Kleber Siqueira, Edição brasileira,
2000.

MOUBRAY, John. Reliability-centered maintenance. Industrial Press Inc,. 2001

NOGUEIRA, W. F.; FERREIRA, R. J. P. Manutenção centrada em confiabilidade aplicada a sistemas de


refrigeração e trocadores de calor. XLII Encontro Nacional de Engenharia de Produção, out. 2022.

SELLITTO, M A.; BORCHARDT, M.; ARAÚJO, D. R. C. DE. Manutenção Centrada em Confiabilidade:


aplicando uma abordagem quantitativa. XXII Encontro Nacional de Engenharia de Produção, out. 2002.
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SILVA, A. M. DA; ARAÚJO, J. D. DE; LOPES, R. S. Estudo da Manutenção Centrada em Confiabilidade


Aplicada em uma Indústria do Segmento Alimentício. XL Encontro Nacional de Engenharia de Produção,
out. 2020.

SILVA, E. A. DA; SANTOS, E. P. S. DOS; NETO, A. M. DE S. Manutenção centrada em confiabilidade:


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SIQUEIRA, Y. P. D. S. Manutenção centrada na confiabilidade: manual de implantação. 1ª (Reimpressão). ed.


Rio de Janeiro: Qualitymark, 2009.

VIEIRA, O. M.; CHAVES, L. DA C.; LIMA, E. M. P.; UCHOA, F. I. D. Manutenção Centrada em


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ZAIONS, Douglas Roberto. Consolidação da Metodologia de Manutenção Centrada em Confiabilidade Em Uma


Planta de Papel e Celulose – 2003. Dissertação de Pós-Graduação – Universidade Federal do Rio Grande do
Sul, RS.

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