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All content following this page was uploaded by Anna Paula Galvao Scheidegger on 01 June 2017.
1. Introdução
As mudanças propostas pelo governo também refletem nos órgãos de gestão da universidade.
É claro o fato de que as necessidades dentro dos institutos aumentaram ao longo dos últimos
anos, entretanto o observado é que não houve uma mudança nos sistemas de gestão. Em 2008
o número de entradas de materiais no almoxarifado da prefeitura do campus da Universidade
Federal de Itajubá foi de 16.541. Já no ano de 2012 as mesmas entradas totalizaram 14.884.
Isso mostra que embora a universidade tenha crescido, e por consequência as suas
necessidades, o almoxarifado manteve seu nível de serviço estagnado, o que acabou gerando
problemas recorrentes de falta de material.
As condições atuais dos processos do objeto de estudo encontradas são semelhantes com as
características e os problemas comuns encontrados nos demais serviços públicos. Estão
presentes os longos processos de aquisição, com excesso de burocracia, a falta de fiscalização
dos materiais estocados e seus processos de entrada e retirada, a má utilização dos sistemas de
controle, o superdimensionamento dos pedidos com base nas demandas fornecidas pelos
institutos, divisões administrativas responsáveis por cursos de áreas em comuns. Por
consequência de algumas das falhas citadas acima, ocorrem faltas e excessos recorrentes de
material estocado sem real necessidade.
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2. Fundamentação Teórica
A necessidade de uma boa gestão de estoques advém do enorme impacto que este tem sobre o
êxito de qualquer centro administrativo, devido ao volume de dinheiro envolvido em suas
operações. Para isso é necessário que políticas de estoque encontrem o equilíbrio correto
entre todas as partes envolvidas dentro da organização e seus objetivos, sendo este o ponto de
partida para se evitar desperdícios. Para tornar essa gestão de estoques eficaz, é necessária a
obtenção de informações abrangentes e de qualidade relativas a todas as áreas envolvidas. As
áreas relativas ao gerenciamento de estoques são:
Compras;
Acompanhamento;
Gestão de armazenagem;
Planejamento;
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Controle de produção;
Gestão de distribuição física.
Pode-se notar que ao longo dos anos houve uma mudança no enfoque da gestão de estoques,
que inicialmente alocava volumes superiores a demanda de forma a atribuir segurança às
atividades. Atualmente, entretanto, sabe-se que este pensamento é um engano. Os estoques
passaram de garantia de segurança para geração de risco de obsolescência e dinheiro parado.
A partir desse novo enfoque, os gestores de estoque passam a ter a necessidade não apenas de
controlar pedidos e envios, mas como também analisar toda a trajetória de aquisição,
armazenagem, necessidades reais dos solicitantes.
Para uma gestão de estoques mais eficaz, onde é obtida a redução de custos sem o
comprometimento do nível de serviço para os clientes do sistema, é aconselhável a
classificação dos itens de acordo com a sua importância relativa. Para isso, surge a
importância da classificação segundo a curva ABC dos itens envolvidos. Segundo Carvalho
(2002), a classificação ABC é um dos métodos mais aplicados para a agregação de produtos,
o qual determina a importância do produto, relacionando demanda e faturamento. Esta
consiste, basicamente, em classificar e separar os artigos de estoque em três grupos segundo a
sua importância relativa e dar a cada grupo um tratamento particular.
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demanda de 10% num dado período). Entretanto, o mesmo autor comenta que estes valores
percentuais podem variar de organização para organização.
Para Lustosa et al (2008), o primeiro aspecto que tem que ser considerado é a existência ou
não de correlação entre os diferentes artigos. Artigos de demanda dependente, a decisão de
reposição necessita levar em consideração os itens que apresentam demandas estaticamente
correlacionadas. Esse tipo de demanda é comumente encontrado na manufatura, quando a
demanda de matéria-prima e componentes está intimamente relacionada com as necessidades
brutas de produtos acabados. Já os modelos de reposição para itens com demandas
independentes apresentam itens cujas demandas não estão associadas às demandas de nenhum
outro item. Estes são mais comumente encontrados em modelos de estoque puro.
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de demanda variável, os lotes serão claramente variáveis, nunca atingindo uma quantidade
ótima previamente estipulada.
O trabalho foi desenvolvido seguindo as cinco etapas apresentadas na figura 1, e tinham como
objetivo classificar os estoques e evitar perdas relacionadas a estoques excessivos de
materiais, faltas de insumo e vencimento de produtos.
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Para que pudesse ser dado início a coleta de dados, foram listados os principais possíveis
critérios de classificação ABC relacionados aos materiais de consumo do almoxarifado, para
assim poder determinar as informações necessárias. Para isso foram considerados critérios
diferentes de custo e demanda, uma vez que entendeu-se que estes não seriam suficientes para
contemplar totalmente a necessidade de informação dos materiais. Estes outros critérios foram
tomados com base nas informações referentes aos produtos analisados. Na tabela 1, segue a
relação dos onze critérios selecionados e as informações necessárias para defini-los.
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Durante essa etapa da coleta de dados, foi verificado que alguns itens estocados no
almoxarifado estavam foram do prazo de validade, devido ao mau dimensionamento das
demandas e à falta de verificação acurada dos estoques físicos já existentes. Verificou-se
também que havia materiais com várias descrições diferentes, e em alguns casos cada uma das
descrições possuía um número de cadastro diferente.
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Para que os dados obtidos ficassem mais reais e fáceis de manipular, foi feita uma
consolidação com as informações obtidas com os dois sistemas concomitante com a criação
de uma descrição padrão para os materiais envolvidos. Com isso, lista de materiais de
consumo foi reduzida para 114 itens.
Ainda dentro da análise dos materiais pertinentes, foram levantados junto ao DSI
(Departamento de Suporte de Informática) dados referentes a todas as requisições, entradas e
saídas de todos os materiais de consumo no período de 2010 a 2012. Foi decidido que a
demanda seria estudada apenas nestes anos, para que com isso fosse diminuído ao máximo a
distorção da demanda devido ao aumento da universidade. .
Concomitante com esse estudo foram elaborados questionários para que fosse possível a
coleta de dados não presentes nos relatórios e planilhas e que sanassem as necessidades dos
critérios de Dificuldade de Aquisição, Criticidade (Custo da Falta) e Substituibilidade . O
questionário era composto por 97 itens e perguntas qualitativas e foram entregues a cada um
os compradores da prefeitura e dos institutos. Foram respondidas as seguintes perguntas nos
questionários:
Com isso foram atribuidos de pesos em um intervalo de 1 a 10 para cada um dos materiais
dentro de cada uma das perguntas. A ideia dessa atribuição de pesos era auxiliar
posteriormente na classificação ABC.
Após a atribuição dos pesos de cada um dos materiais foi necessário então a atribuição dos
pesos de cada um dos onze critérios previamente escolhidos pelos funcionários da prefeitura.
A princípio, os pesos foram divididos em quatro níveis de importância, cada um deles
variando em um ponto. Entretanto, quando a prefeitura devolveu os pesos atribuídos,
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Foi decidido então que seria realizado um novo plano de ação, onde os pesos dos critérios
seriam atribuídos pelas pesquisadoras levando em consideração as análises prévias.
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A etapa quatro consistia na análise dos processos de aquisição físicos junto ao DCF (Setor de
Suprimentos de Fundos) com isso tinha-se o objetivo de obter as informações necessárias para
determinar a qualidade do fornecimento e o prazo de aquisição dos itens estudados. A ideia
era que fossem analisados todos os processos dos materiais de consumo pertinentes de
maneira detalhada, desde o empenho, até a ordem de pagamento efetuada pelo departamento
contábil e armazenamento da nota fiscal referente. Algumas dificuldades surgiram nessa
etapa.. Durante as primeiras análises percebeu-se que não haviam referências significativas
quanto a qualidade dos materiais entregues, além disso, percebeu-se também que não seria
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Foi decidido depois de todas as informações coletadas que todos os pesos teriam o mesmo
intervalo de variação de 1 a 10, para que a análise dos dados pudesse ficar padronizada. Para a
atribuição dos pesos referentes à validade dos itens, foi determinado que apenas uma
comparação inversamente proporcional, usando uma função do 1° grau, já seria o suficiente
para que o valor retornado representasse a realidade do item dentro do intervalo procurado. Já
para os critérios de Volume e Custo, uma relação proporcional não satisfaria a necessidade e
não atribuiria pesos da maneira correta. Foi definido que a melhor função matemática que
representaria o comportamento esperado era a radiciação.
Na etapa cinco, foi realizada a classificação ABC dos itens em estudo. Para que isso fosse
possível foram cruzados os pesos obtidos com os questionários com os pesos de cada um dos
itens, obtendo assim uma pontuação final para cada caso. As notas foram obtidas através da
seguinte equação:
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𝑁𝑜𝑡𝑎 𝐼𝑡𝑒𝑚 = 𝑃𝑒𝑠𝑜 ∗ 𝑁𝑜𝑡𝑎 𝐶𝑜𝑚𝑝𝑙𝑒𝑥𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 + 𝑃𝑒𝑠𝑜 ∗ 𝑁𝑜𝑡𝑎 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑑𝑎 𝐹𝑎𝑙𝑡𝑎 + 𝑃𝑒𝑠𝑜 ∗ 𝑁𝑜𝑡𝑎 𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 + 𝑃𝑒𝑠𝑜
∗ 𝑁𝑜𝑡𝑎 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 + 𝑃𝑒𝑠𝑜 ∗ 𝑁𝑜𝑡𝑎 𝑉𝑎𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒
O fator de segurança foi definido com base na tabela de nível de serviço apresentada na tabela
4. Seus valores foram retirados da distribuição de probabilidades normal para aproximar o
comportamento da demanda. Ele representa a probabilidade de não haver a falta do produto.
No caso, foi escolhido o fator 90%, para os produtos do tipo B e C, que é o suficiente para
manter o estoque mínimo sem comprometer o nível de serviço e sem criar um volume de
estoque muito elevado, e 95% para os materiais críticos do tipo A, que precisam de um
tratamento diferenciado para evitar ao máximo a ocorrência de faltas.
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A partir do cálculo dos Estoques de Segurança foram calculados os Pontos de Pedido. Para
exemplificar, foi utilizado o item de posição um na classificação ABC, papel higiênico, e os
cálculos são demonstrados a seguir.
Assim:
= 39 unidades
Com o Estoque de Segurança calculado pode-se então calcular o Ponto de Pedido (PP).
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A classificação se deu de maneira bastante satisfatória, uma vez que todos os materiais que
apresentavam problemas já registrados e eram esperados como críticos do tipo A foram
caracterizados como tal, demonstrando que o resultado obtido foi bastante real e satisfaz as
necessidades apresentadas.
Pode-se perceber através da classificação ABC que os critérios que mais influenciaram na
classificação dos itens foram Criticidade da Falta, Volume x Demanda e Custo x Demanda.
Os outros dois critérios pouco influenciaram na classificação, se transformando assim, menos
críticos para a análise dos bens em questão.
Materiais como Papel Higiênico, Água Potável, Café Moído, Copo Descartável para Água
apresentaram altas notas em relação a Volume x Demanda. Isso significa grandes volumes
estocados, tendo em vista que a compra acontece apenas uma vez no ano o que gera não
apenas problemas de espaço físico para armazenagem, como também dificuldade de
gerenciamento dos mesmos. Uma vez que o controle do material físico se torna mais
complexo. Assim, fica identificada, a partir desse quadro, a necessidade de uma mudança no
processo de compras utilizado atualmente. Propõe-se como solução que os intervalos sejam
mais frequentes entre um processo e outro, o que além de diminuir o volume físico estocado,
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leva a um gerenciamento mais fácil dos itens e a identificação real das demandas, o que
diminuiria as chances da ocorrência de faltas. O valores calculados para os pontos de pedido e
os estoques de segurança são apresentados na tabela 5
5. Limitações
O presente trabalho apresentou algumas limitações ao longo de sua confecção, sendo as
principais a obtenção e manipulação dos dados, tanto físicos como virtuais. Durante a
obtenção das informações para a pesquisa, alguns dados buscados tinham valores distintos
quando analisados por diferentes fontes, como sistema velho, sistema novo e planilhas de
entrada e saída do DSI.. Outra foi a veracidade dos valores de estoque e demanda apontados
pelo sistema, que por erros como de controle ou digitação não condiziam com a quantidade
física armazenada nos estoques. Além disso, o excesso de itens repetidos e descrições
dificultaram a análise dos dados, pois sempre era necessária a padronização das informações
obtidas. Outra grande limitação foi a análise dos processos de compra físicos junto ao DCF
que tinha como objetivo a obtenção dos lead times dos itens. O volume dos dados era muito
grande e a forma com que eles estavam dispostos e armazenados não permitiu uma análise
separada de cada um dos processos de compra.
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6. Conclusões
A aplicação prática deste trabalho foi bem vista pelos colaboradores envolvidos no projeto,
tanto funcionários diretos do almoxarifado, como pela prefeitura do campus, tendo em vista as
necessidades apresentadas. Os resultados referentes à classificação ABC foram atingidos de
maneira esperada e bastante satisfatória. A classificação permitiu que fosse possível
compreender melhor o comportamento e as necessidades dos itens classificados como críticos
do tipo A, e assim, proporcionar um tratamento diferenciado a eles. Já em relação ao cálculo
dos pontos de pedido, embora tenham sido possíveis, seus resultados não foram muito
acurados, em raqzao das dificuldades relatadas. Entretanto, mesmo com a falta de precisão, os
cálculos servem de ponto de partida para estudos mais aprofundados do assunto.
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A partir do trabalho, foi possível a percepção de que o controle e gerenciamento dos estoques
da universidade em questão vai além dos cálculos e análise de dados. Ficou claro durante todo
o projeto que a solução dos problemas enfrentados está em uma mudança ampla, tanto nos
envolvidos diretamente com os processos de aquisição e gerenciamento dos estoques e
sistemas, como nos institutos da universidade. A solução não está apenas em um maior
controle das etapas de compra e distribuição do material, ou melhor utilização do sistema,
mas também em uma mudança comportamental dos que fazem uso dos materiais em estudo.
O presente trabalho propõe um controle rigoroso dos volumes físicos dos estoques e que as
informações sejam passadas corretamente para o sistema, para que os pontos de reposição
calculados realmente sejam efetivos, tornando a gestão dos bens mais eficaz. Quando atingido
o ponto de reposição demarcará o momento em que deve ser realizado um novo pedido sem
que o nível de serviço da universidade seja comprometido. Ainda que algumas distorções
tenham sido encontradas, acredita-se que o trabalho tenha atingido seu objetivo, em
determinar os produtos críticos e propor uma mudança no controle e gestão do processo de
compras.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao CNPq e a FAPEMIG, pelo apoio financeiro concedido a diversos projetos que
subsidiaram o desenvolvimento desse trabalho.
REFERÊNCIAS
CORRÊA, JOARY Gerência Econômica de Estoques e Compras. Rio de Janeiro, Ed. Fundação Getúlio
Vargas, 4. ed, p.9 - 65, 1977.
MOURA, CÁSSIA E. DE. Gestão de Estoques. 1ª. Edição. Rio de Janeiro: Editora Ciência Moderna Ltda.,
2004.
TUBINO, DALVIO FERRARI. Manual de planejamento e controle da produção, São Paulo: Atlas, 2000.
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MARTINS, PETRÔNIO G.; LAUGENI, FERNANDO P. Administração da Produção, 2ª ed. São Paulo:
Saraiva, 2005.
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