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GESTÃO DE ESTOQUES DE MATERIAIS DE CONSUMO NA PREFEITURA DO


CAMPUS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ

Conference Paper · October 2014

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4 authors, including:

Anna Paula Galvao Scheidegger Renato Lima


Texas A&M University Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI)
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XXXIV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Engenharia de Produção, Infraestrutura e Desenvolvimento Sustentável: a Agenda Brasil+10
Curitiba, PR, Brasil, 07 a 10 de outubro de 2014.

GESTÃO DE ESTOQUES DE MATERIAIS


DE CONSUMO NA PREFEITURA DO
CAMPUS DA UNIVERSIDADE FEDERAL
DE ITAJUBÁ
marina quero alves santos (UNIFEI )
marina.quero@yahoo.com.br
Anna Paula Galvao Scheidegger (UNIFEI )
anninha_pgs@hotmail.com
Fabio Favaretto (UNIFEI )
professor.favaretto@gmail.com
Renato da Silva Lima (UNIFEI )
rslima74@gmail.com

O objetivo do presente trabalho é analisar as condições atuais do


almoxarifado da Universidade Federal de Itajubá e propor melhorias
que poderão auxiliar no controle e gerenciamento das requisições e
estoques pertinentes ao almoxarifado em estudo. Para isso foram
classificados os estoques críticos e calculado os seus pontos de pedido
e quantidade ótima. Foram analisados fatores como processo de
aquisição, custo, frequência de requisições, faltas recorrentes,
classificação ABC de estoques entre outros. A metodologia aplicada
segue as etapas: planejamento, coleta de dados junto ao almoxarifado,
aplicação das teorias envolvidas, obtenção de resultados e sugestão de
melhorias. Os resultados mostraram que são necessárias mudanças
não só de gestão, como também culturais dos que fazem uso do objeto
de estudo. Além disso, foi possível determinar os produtos críticos e
propor alterações no controle e gestão do processo de compras.

Palavras-chaves: Classificação ABC, Gerenciamento de Estoques em


órgãos Públicos, Métodos de Reposição
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Curitiba, PR, Brasil, 07 a 10 de outubro de 2014.

1. Introdução

Apesar de, usualmente, a literatura abordar a temática de gerenciamento de estoques sobre a


perspectiva do mercado privado, muitos dos conceitos analisados podem ser aplicados no
serviço público. Este, diferentemente do primeiro, busca boa utilização dos recursos ao invés
do aumento dos lucros, tornando assim primordial que o planejamento e gestão de estoques
também sejam eficientes.

Devido à expansão da educação superior por conta do Programa de Apoio a Planos de


Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI), o Governo Federal adotou
uma série de medidas objetivando retomar o crescimento do ensino superior público. As ações
do programa contemplavam o aumento de vagas nos cursos de graduação, a ampliação da
oferta de cursos noturnos, a promoção de inovações pedagógicas e o combate à evasão, com
um curto intervalo de tempo para a adaptação das universidades. As consequências do projeto
do governo foram o elevado crescimento de cursos e alunos sem que houvesse tempo hábil
para uma melhoria na infraestrutura.

As mudanças propostas pelo governo também refletem nos órgãos de gestão da universidade.
É claro o fato de que as necessidades dentro dos institutos aumentaram ao longo dos últimos
anos, entretanto o observado é que não houve uma mudança nos sistemas de gestão. Em 2008
o número de entradas de materiais no almoxarifado da prefeitura do campus da Universidade
Federal de Itajubá foi de 16.541. Já no ano de 2012 as mesmas entradas totalizaram 14.884.
Isso mostra que embora a universidade tenha crescido, e por consequência as suas
necessidades, o almoxarifado manteve seu nível de serviço estagnado, o que acabou gerando
problemas recorrentes de falta de material.

As condições atuais dos processos do objeto de estudo encontradas são semelhantes com as
características e os problemas comuns encontrados nos demais serviços públicos. Estão
presentes os longos processos de aquisição, com excesso de burocracia, a falta de fiscalização
dos materiais estocados e seus processos de entrada e retirada, a má utilização dos sistemas de
controle, o superdimensionamento dos pedidos com base nas demandas fornecidas pelos
institutos, divisões administrativas responsáveis por cursos de áreas em comuns. Por
consequência de algumas das falhas citadas acima, ocorrem faltas e excessos recorrentes de
material estocado sem real necessidade.

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Uma das principais características do sistema de compras utilizado pela UNIFEI é o


dimensionamento de um lote de pedidos que tem a finalidade de suprir as necessidades de tal
maneira que seja feito apenas um pedido no ano, no período de compras estipulado pela
universidade. As demandas são levantadas junto aos institutos envolvidos, que muitas vezes
fornecem valores que não condizem com a demanda real, podendo ser muito altos ou muito
abaixo do necessário. Embora seja vantajosa com base na teoria dos lotes econômicos, por
permitir melhores condições de preço, essa politica, além de gerar grandes volumes de
estoques, não é completamente eficaz no almoxarifado estudado, devido às frequentes faltas
de materiais encontradas, gerando grandes dificuldades de gestão.

Nesse contexto, o objetivo do presente trabalho é analisar as condições atuais do almoxarifado


da Universidade Federal de Itajubá, e propor melhorias para auxiliar o controle e
gerenciamento de requisições e pedidos dos materiais de consumo sob responsabilidade da
prefeitura do campus. Por meio de uma classificação ABC de estoques e cálculo dos pontos
de pedido dos materiais críticos, busca-se a extinção dos problemas como a falta recorrente de
materiais e vencimento ou obsolescência destes por meio de mau dimensionamento de
pedidos.

2. Fundamentação Teórica

2.1 Gestão de estoques

A necessidade de uma boa gestão de estoques advém do enorme impacto que este tem sobre o
êxito de qualquer centro administrativo, devido ao volume de dinheiro envolvido em suas
operações. Para isso é necessário que políticas de estoque encontrem o equilíbrio correto
entre todas as partes envolvidas dentro da organização e seus objetivos, sendo este o ponto de
partida para se evitar desperdícios. Para tornar essa gestão de estoques eficaz, é necessária a
obtenção de informações abrangentes e de qualidade relativas a todas as áreas envolvidas. As
áreas relativas ao gerenciamento de estoques são:

 Compras;
 Acompanhamento;
 Gestão de armazenagem;
 Planejamento;

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 Controle de produção;
 Gestão de distribuição física.

Segundo Moura (2004), estoque é um conjunto de bens armazenados, com características


próprias, que atendem aos objetivos e necessidades da empresa. Assim, todo item armazenado
em um depósito, almoxarifado, prateleira para ser utilizado pela empresa em suas diversas
atividades é considerado um item de estoque da organização.

Pode-se notar que ao longo dos anos houve uma mudança no enfoque da gestão de estoques,
que inicialmente alocava volumes superiores a demanda de forma a atribuir segurança às
atividades. Atualmente, entretanto, sabe-se que este pensamento é um engano. Os estoques
passaram de garantia de segurança para geração de risco de obsolescência e dinheiro parado.

A partir desse novo enfoque, os gestores de estoque passam a ter a necessidade não apenas de
controlar pedidos e envios, mas como também analisar toda a trajetória de aquisição,
armazenagem, necessidades reais dos solicitantes.

2.2 Classificação ABC

Para uma gestão de estoques mais eficaz, onde é obtida a redução de custos sem o
comprometimento do nível de serviço para os clientes do sistema, é aconselhável a
classificação dos itens de acordo com a sua importância relativa. Para isso, surge a
importância da classificação segundo a curva ABC dos itens envolvidos. Segundo Carvalho
(2002), a classificação ABC é um dos métodos mais aplicados para a agregação de produtos,
o qual determina a importância do produto, relacionando demanda e faturamento. Esta
consiste, basicamente, em classificar e separar os artigos de estoque em três grupos segundo a
sua importância relativa e dar a cada grupo um tratamento particular.

Carvalho (2002) caracteriza os artigos de estoques como: (i) de classe A, os de maior


importância, valor ou quantidade, correspondendo a 20% do total (itens estes que possuem
65% da demanda em um determinado período); (ii) de Classe B, os de importância,
quantidade ou valor intermediário, correspondendo a 30% do total (itens que possuem
demanda de 25% em um determinado período); (iii) de classe C os de menor importância,
valor ou quantidade, correspondendo a 50% do total (podem ser itens do estoque com uma

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demanda de 10% num dado período). Entretanto, o mesmo autor comenta que estes valores
percentuais podem variar de organização para organização.

2.3 Modelos de Reposição

Modelos de reposição de estoques estabelecem regras que permitem determinar quanto e


quando repor os estoques de um artigo. Devido à instabilidade da demanda e suas
consequências nos estoques de uma organização, cada padrão de demanda está relacionado a
um modelo de reposição mais adequado para cada situação. Assim, a decisão de qual modelo
de reposição utilizar inicia-se com o estudo da demanda selecionada.

Para Lustosa et al (2008), o primeiro aspecto que tem que ser considerado é a existência ou
não de correlação entre os diferentes artigos. Artigos de demanda dependente, a decisão de
reposição necessita levar em consideração os itens que apresentam demandas estaticamente
correlacionadas. Esse tipo de demanda é comumente encontrado na manufatura, quando a
demanda de matéria-prima e componentes está intimamente relacionada com as necessidades
brutas de produtos acabados. Já os modelos de reposição para itens com demandas
independentes apresentam itens cujas demandas não estão associadas às demandas de nenhum
outro item. Estes são mais comumente encontrados em modelos de estoque puro.

Para modelos de reposição referentes a demandas independentes, diferenciam-se os que


utilizam ou não, previsão de demanda em cada decisão de reposição. Os modelos que não
utilizam previsão de demanda a cada reação são chamados de modelos reativos, e são mais
adequados para demandas que permanecem estacionarias ao longo do tempo. Estes modelos
não antecipam o comportamento da demanda, reagindo às variações desta na reposição dos
níveis de estoque. Lustosa et al (2008) afirmam, que dentro desse tipo de modelo,
identificam-se dois principais, sendo eles o método de período fixo (revisão periódica) e o das
quantidades fixas (revisão contínua).

O modelo de reposição periódica, ou sistemática P, consiste basicamente na reposição dos


estoques em intervalos regulares ótimos, no qual os níveis de estoque são verificados no
instante da revisão. Assim, a quantidade solicitada a cada novo pedido varia de acordo com o
consumo no período anterior, e é calculada de maneira a atingir um nível máximo de
reposição. Uma vez que para esse modelo os intervalos de revisão são fixos, em um ambiente

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de demanda variável, os lotes serão claramente variáveis, nunca atingindo uma quantidade
ótima previamente estipulada.

O modelo por ponto de pedido, ou sistemática Q, é um modelo reativo tradicional que


consiste em estabelecer um nível fixo de reposição (r) que, uma vez atingido, disparará a
emissão de um novo pedido de tamanho já previamente definido (Q). Esse nível é então
conhecido como Ponto de Pedido. Nele as decisões de reposição são baseadas nas quantidades
de estoque após cada retirada. A cada retirada registrada dos itens, o nível deste é comparado
a um padrão, caracterizado pelo ponto de pedido. Quando ocorrer do nível de estoque se
igualar ou ficar a baixo deste ponto de pedido, uma necessidade de reposição é disparada.
Assim, diferente do modelo de reposição periódica, o tamanho do lote é fixo e varia apenas o
tempo entre um pedido e outro. A adoção da sistemática Q é dependente então de um
monitoramento contínuo dos níveis de estoque.

3. Metodologia Proposta e Aplicação

O trabalho foi desenvolvido seguindo as cinco etapas apresentadas na figura 1, e tinham como
objetivo classificar os estoques e evitar perdas relacionadas a estoques excessivos de
materiais, faltas de insumo e vencimento de produtos.

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3.1 Determinação dos critérios de classificação

Para que pudesse ser dado início a coleta de dados, foram listados os principais possíveis
critérios de classificação ABC relacionados aos materiais de consumo do almoxarifado, para
assim poder determinar as informações necessárias. Para isso foram considerados critérios
diferentes de custo e demanda, uma vez que entendeu-se que estes não seriam suficientes para
contemplar totalmente a necessidade de informação dos materiais. Estes outros critérios foram
tomados com base nas informações referentes aos produtos analisados. Na tabela 1, segue a
relação dos onze critérios selecionados e as informações necessárias para defini-los.

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Tabela 1 - Critérios e dados necessários

3.2 Levantamento das informações

Foi feito um levantamento junto aos funcionários do almoxarifado da lista de todos os


materiais de consumo sob responsabilidade da prefeitura. Isso permitiu que fossem excluídos
os materiais exclusivos de institutos e que só passam pelo sistema de compra do departamento
estudado. Além disso, foram coletados dados dos dois sistemas operacionais utilizados no
período do trabalho para a catalogação dos materiais movimentados em 2013. A princípio, a
lista de todos os materiais catalogados somava 262 itens.

Durante essa etapa da coleta de dados, foi verificado que alguns itens estocados no
almoxarifado estavam foram do prazo de validade, devido ao mau dimensionamento das
demandas e à falta de verificação acurada dos estoques físicos já existentes. Verificou-se
também que havia materiais com várias descrições diferentes, e em alguns casos cada uma das
descrições possuía um número de cadastro diferente.

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Para que os dados obtidos ficassem mais reais e fáceis de manipular, foi feita uma
consolidação com as informações obtidas com os dois sistemas concomitante com a criação
de uma descrição padrão para os materiais envolvidos. Com isso, lista de materiais de
consumo foi reduzida para 114 itens.

Ainda dentro da análise dos materiais pertinentes, foram levantados junto ao DSI
(Departamento de Suporte de Informática) dados referentes a todas as requisições, entradas e
saídas de todos os materiais de consumo no período de 2010 a 2012. Foi decidido que a
demanda seria estudada apenas nestes anos, para que com isso fosse diminuído ao máximo a
distorção da demanda devido ao aumento da universidade. .

Concomitante com esse estudo foram elaborados questionários para que fosse possível a
coleta de dados não presentes nos relatórios e planilhas e que sanassem as necessidades dos
critérios de Dificuldade de Aquisição, Criticidade (Custo da Falta) e Substituibilidade . O
questionário era composto por 97 itens e perguntas qualitativas e foram entregues a cada um
os compradores da prefeitura e dos institutos. Foram respondidas as seguintes perguntas nos
questionários:

 Qual a complexidade de aquisição do material? (Presente apenas para os compradores


da prefeitura)
 Qual o impacto da falta do item para as atividades da Universidade?
 Quando a falta do item será percebida pelos professores e funcionários da
Universidade?
 Em caso de falta, o material pode ser substituído por outro?

Com isso foram atribuidos de pesos em um intervalo de 1 a 10 para cada um dos materiais
dentro de cada uma das perguntas. A ideia dessa atribuição de pesos era auxiliar
posteriormente na classificação ABC.

3.3 Análise dos processos de aquisição

Após a atribuição dos pesos de cada um dos materiais foi necessário então a atribuição dos
pesos de cada um dos onze critérios previamente escolhidos pelos funcionários da prefeitura.
A princípio, os pesos foram divididos em quatro níveis de importância, cada um deles
variando em um ponto. Entretanto, quando a prefeitura devolveu os pesos atribuídos,

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percebeu-se que todos os onze critérios receberam pesos 3 e 4 (Importante ou Muito


Importante). Embora haja o entendimento de que todos os critérios envolvidos são
importantes no processo de compra, sabe-se também que existem alguns critérios que
impactam menos as decisões e os processos que outros. Assim, usando os pesos atribuídos
pela prefeitura, a classificação ABC seria comprometida, impossibilitando uma separação por
classes efetiva. A tabela 2 apresenta o resultado obtido através da atribuição dos pesos
realizada pela prefeitura. Assim, houve uma alteração nessa etapa, para que se ajustasse essa
classificação de pesos não estava adequada. Percebeu-se que um dos problemas que gerou a
classificação genérica por parte da prefeitura foi o excesso de critérios de classificação.
Depois de uma análise mais aprofundada, decidiu-se pela diminuição dos critérios de
classificação, uma vez que algumas características importantes apareciam mais de uma vez
associadas a outros critérios. Decidiu-se pela retirada de quatro critério, permanecendo:

 Custo Total (Custo x Demanda)


 Qualidade de Fornecimento
 Prazo de Aquisição
 Espaço para Armazenagem
 Perecibilidade
 Dificuldade de Aquisição
 Criticidade (Custo da Falta)

Foi decidido então que seria realizado um novo plano de ação, onde os pesos dos critérios
seriam atribuídos pelas pesquisadoras levando em consideração as análises prévias.

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Tabela 02- Resultado da atribuição de pesos pela prefeitura do campus.

3.4 Organização e classificação dos produtos

A etapa quatro consistia na análise dos processos de aquisição físicos junto ao DCF (Setor de
Suprimentos de Fundos) com isso tinha-se o objetivo de obter as informações necessárias para
determinar a qualidade do fornecimento e o prazo de aquisição dos itens estudados. A ideia
era que fossem analisados todos os processos dos materiais de consumo pertinentes de
maneira detalhada, desde o empenho, até a ordem de pagamento efetuada pelo departamento
contábil e armazenamento da nota fiscal referente. Algumas dificuldades surgiram nessa
etapa.. Durante as primeiras análises percebeu-se que não haviam referências significativas
quanto a qualidade dos materiais entregues, além disso, percebeu-se também que não seria

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possível determinar o prazo de aquisição de uma maneira efetiva. Algumas vezes os


processos foram e voltaram dentro dos órgãos envolvidos, ou ficavam parados por um grande
período de tempo. Isso aconteceu devido ao fato de um processo poder conter vários números
de empenho, e qualquer problema referente a um dos empenhos envolvidos parava todo o
processo, o que inviabiliza determinar o prazo correto de compra. Assim, fez-se necessária
mais uma vez a exclusão de alguns critérios, como Qualidade de Fornecimento e Prazo de
Aquisição. Assim, ao final de todo o processo de coleta de dados os critérios que
permaneceram e seus pesos dentro da situação atual do almoxarifado são apresentadas na
tabela 3.

Tabela 03 - Peso dos Critérios.

Foi decidido depois de todas as informações coletadas que todos os pesos teriam o mesmo
intervalo de variação de 1 a 10, para que a análise dos dados pudesse ficar padronizada. Para a
atribuição dos pesos referentes à validade dos itens, foi determinado que apenas uma
comparação inversamente proporcional, usando uma função do 1° grau, já seria o suficiente
para que o valor retornado representasse a realidade do item dentro do intervalo procurado. Já
para os critérios de Volume e Custo, uma relação proporcional não satisfaria a necessidade e
não atribuiria pesos da maneira correta. Foi definido que a melhor função matemática que
representaria o comportamento esperado era a radiciação.

3.5 Cálculo dos pontos de pedido

Na etapa cinco, foi realizada a classificação ABC dos itens em estudo. Para que isso fosse
possível foram cruzados os pesos obtidos com os questionários com os pesos de cada um dos
itens, obtendo assim uma pontuação final para cada caso. As notas foram obtidas através da
seguinte equação:

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𝑁𝑜𝑡𝑎 𝐼𝑡𝑒𝑚 = 𝑃𝑒𝑠𝑜 ∗ 𝑁𝑜𝑡𝑎 𝐶𝑜𝑚𝑝𝑙𝑒𝑥𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 + 𝑃𝑒𝑠𝑜 ∗ 𝑁𝑜𝑡𝑎 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑑𝑎 𝐹𝑎𝑙𝑡𝑎 + 𝑃𝑒𝑠𝑜 ∗ 𝑁𝑜𝑡𝑎 𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 + 𝑃𝑒𝑠𝑜
∗ 𝑁𝑜𝑡𝑎 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 + 𝑃𝑒𝑠𝑜 ∗ 𝑁𝑜𝑡𝑎 𝑉𝑎𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒

Além da classificação ABC, foram calculados os Estoques de Segurança e posteriormente os


Pontos de reposição dos itens estudado. Para a obtenção do Estoque de Segurança foram
necessários quatro fatores:

 Desvio Padrão das médias das demandas;


 Lead Time do processo;
 Quantidade de Períodos
 Fator de Segurança

O fator de segurança foi definido com base na tabela de nível de serviço apresentada na tabela
4. Seus valores foram retirados da distribuição de probabilidades normal para aproximar o
comportamento da demanda. Ele representa a probabilidade de não haver a falta do produto.
No caso, foi escolhido o fator 90%, para os produtos do tipo B e C, que é o suficiente para
manter o estoque mínimo sem comprometer o nível de serviço e sem criar um volume de
estoque muito elevado, e 95% para os materiais críticos do tipo A, que precisam de um
tratamento diferenciado para evitar ao máximo a ocorrência de faltas.

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Tabela 04 - Tabela de Fator de Segurança.

A partir do cálculo dos Estoques de Segurança foram calculados os Pontos de Pedido. Para
exemplificar, foi utilizado o item de posição um na classificação ABC, papel higiênico, e os
cálculos são demonstrados a seguir.

Para o cálculo do Estoque de Segurança (Qs), tem-se:

 Fator de Segurança (FS) = 1,6450 (referente a um nível de serviço de 95%)


 Desvio padrão das médias (σ) = 31,44
 Lead Time do reabastecimento (LT) = 0,50
 Quantidade de Períodos (P) = 1

Assim:

= 39 unidades

Com o Estoque de Segurança calculado pode-se então calcular o Ponto de Pedido (PP).

 Demanda Média por Unidade de Tempo (Dt) = 42076


 Tempo Médio de Suprimento (Tr) = 0,5
 Estoque de Segurança (Qs) = 39

PP = 42.076 X 0,5 +39 = 21.077 unidades

Os resultados e as análises são apresentados a seguir.

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4. Análise dos Resultados


A partir da classificação ABC realizada, foi possível chegar aos materiais críticos do tipo A:

A classificação se deu de maneira bastante satisfatória, uma vez que todos os materiais que
apresentavam problemas já registrados e eram esperados como críticos do tipo A foram
caracterizados como tal, demonstrando que o resultado obtido foi bastante real e satisfaz as
necessidades apresentadas.

Pode-se perceber através da classificação ABC que os critérios que mais influenciaram na
classificação dos itens foram Criticidade da Falta, Volume x Demanda e Custo x Demanda.
Os outros dois critérios pouco influenciaram na classificação, se transformando assim, menos
críticos para a análise dos bens em questão.

Materiais como Papel Higiênico, Água Potável, Café Moído, Copo Descartável para Água
apresentaram altas notas em relação a Volume x Demanda. Isso significa grandes volumes
estocados, tendo em vista que a compra acontece apenas uma vez no ano o que gera não
apenas problemas de espaço físico para armazenagem, como também dificuldade de
gerenciamento dos mesmos. Uma vez que o controle do material físico se torna mais
complexo. Assim, fica identificada, a partir desse quadro, a necessidade de uma mudança no
processo de compras utilizado atualmente. Propõe-se como solução que os intervalos sejam
mais frequentes entre um processo e outro, o que além de diminuir o volume físico estocado,

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leva a um gerenciamento mais fácil dos itens e a identificação real das demandas, o que
diminuiria as chances da ocorrência de faltas. O valores calculados para os pontos de pedido e
os estoques de segurança são apresentados na tabela 5

5. Limitações
O presente trabalho apresentou algumas limitações ao longo de sua confecção, sendo as
principais a obtenção e manipulação dos dados, tanto físicos como virtuais. Durante a
obtenção das informações para a pesquisa, alguns dados buscados tinham valores distintos
quando analisados por diferentes fontes, como sistema velho, sistema novo e planilhas de
entrada e saída do DSI.. Outra foi a veracidade dos valores de estoque e demanda apontados
pelo sistema, que por erros como de controle ou digitação não condiziam com a quantidade
física armazenada nos estoques. Além disso, o excesso de itens repetidos e descrições
dificultaram a análise dos dados, pois sempre era necessária a padronização das informações
obtidas. Outra grande limitação foi a análise dos processos de compra físicos junto ao DCF
que tinha como objetivo a obtenção dos lead times dos itens. O volume dos dados era muito
grande e a forma com que eles estavam dispostos e armazenados não permitiu uma análise
separada de cada um dos processos de compra.

Tabela 05 - Estoque de Segurança e Pontos de Reposição.

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6. Conclusões
A aplicação prática deste trabalho foi bem vista pelos colaboradores envolvidos no projeto,
tanto funcionários diretos do almoxarifado, como pela prefeitura do campus, tendo em vista as
necessidades apresentadas. Os resultados referentes à classificação ABC foram atingidos de
maneira esperada e bastante satisfatória. A classificação permitiu que fosse possível
compreender melhor o comportamento e as necessidades dos itens classificados como críticos
do tipo A, e assim, proporcionar um tratamento diferenciado a eles. Já em relação ao cálculo
dos pontos de pedido, embora tenham sido possíveis, seus resultados não foram muito
acurados, em raqzao das dificuldades relatadas. Entretanto, mesmo com a falta de precisão, os
cálculos servem de ponto de partida para estudos mais aprofundados do assunto.

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A partir do trabalho, foi possível a percepção de que o controle e gerenciamento dos estoques
da universidade em questão vai além dos cálculos e análise de dados. Ficou claro durante todo
o projeto que a solução dos problemas enfrentados está em uma mudança ampla, tanto nos
envolvidos diretamente com os processos de aquisição e gerenciamento dos estoques e
sistemas, como nos institutos da universidade. A solução não está apenas em um maior
controle das etapas de compra e distribuição do material, ou melhor utilização do sistema,
mas também em uma mudança comportamental dos que fazem uso dos materiais em estudo.

O presente trabalho propõe um controle rigoroso dos volumes físicos dos estoques e que as
informações sejam passadas corretamente para o sistema, para que os pontos de reposição
calculados realmente sejam efetivos, tornando a gestão dos bens mais eficaz. Quando atingido
o ponto de reposição demarcará o momento em que deve ser realizado um novo pedido sem
que o nível de serviço da universidade seja comprometido. Ainda que algumas distorções
tenham sido encontradas, acredita-se que o trabalho tenha atingido seu objetivo, em
determinar os produtos críticos e propor uma mudança no controle e gestão do processo de
compras.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem ao CNPq e a FAPEMIG, pelo apoio financeiro concedido a diversos projetos que
subsidiaram o desenvolvimento desse trabalho.

REFERÊNCIAS

CORRÊA, JOARY Gerência Econômica de Estoques e Compras. Rio de Janeiro, Ed. Fundação Getúlio
Vargas, 4. ed, p.9 - 65, 1977.

CARVALHO, JOSÉ MEXIA C. DE – Logística. Lisboa, 3° ed, Edições Silabo, 2002.

KRAJEWSKI, LEE; RITZMAN, LARRY; MALHOTRA, MANOJ; Administração de Produção e Operações.


São Paulo: Pearson Prentice Hall, p. 385 – 421, 2009.

LUSTOSA, LEONARDO; MESQUITA, MARCO A.; QUELHAS, OSVALDO; OLIVEIRA, RODRIGO;


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