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XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO

A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.

PROJETO DE EXPANSÃO DE UMA


EMPRESA DE PRODUTOS SOB
ENCOMENDAS
Mirelly Coimbra da Silva (Unifran )
mirellycoimbra@hotmail.com
Eugenio Pacceli Costa (Unifran )
eugenio@sisger.com.br
Tiago Moreira de Freitas (Unifran )
enovi.polimeros@yahoo.com.br
Ana Flavia Lucas de Oliveira (Unifran )
aninha_flo@yahoo.com.br
Nayara Arantes Prates (Unifran )
naprates_jacui@hotmail.com

A complexidade de planejamento de um sistema produtivo sob


encomenda gera dificuldade para as empresas na determinação de
metas. Neste cenário, o objetivo desta pesquisa foi projetar uma
expansão de uma empresa e provar a sua viabilidade. PPara atingir o
objetivo optou-se pelo estudo de um caso, buscando informações
qualitativas e quantitativas. Além disso, para verificar a viabilidade do
projeto foi realizada uma simulação a partir do software ProModel e,
a partir dos dados da simulação, foi possível realizar um estudo de
viabilidade econômica. Como resultado constatou-se que o projeto de
expansão proposto é viável operacional e financeiramente.

Palavras-chaves: Projeto de expansão, sistema sob encomenda,


simulação, viabilidade econômica
XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.

1 Introdução
Essa pesquisa tem como objetivo construir um projeto de fábrica de sistema produtivo sob
encomenda, testar a viabilidade operacional a partir de uma simulação e analisar a viabilidade
econômica para tomada de decisão de investimento.
O que justifica a pesquisa é o interesse em projetar e analisar sistemas complexos formados
por diversas especificidades encontradas em modelos reais, bem como a utilização de
ferramentas teóricas para auxilio das tomadas de decisões como de expansão.
Durante a pesquisa os dados foram levantados e analisados conforme teorias referentes ao
processo produtivo sob encomenda. A delimitação da coleta de dados foi direcionada por dois
métodos de análise: a viabilidade operacional e a viabilidade econômica do projeto.
Para tanto, baseou-se na expansão de uma empresa de acabamento de vinil para piscinas, que
foi utilizada como referência para a construção de um projeto de filial. Atualmente, a empresa
estudada, localizada em Ribeirão Preto, estado de São Paulo, tem dificuldades em atender o
mercado consumidor distante dos polos industriais do setor em decorrência dos retrabalhos
característicos do produto, conforme informações cedidas pela empresa. Em função da
transição da fase de implantação para a fase de crescimento, a matriz, com três anos de
funcionamento, ainda está estruturada com uma capacidade produtiva mínima e demanda com
alta taxa de crescimento.
É este contexto que suporta a elaboração de um projeto de expansão, visto que, a medida que
a demanda apresenta um padrão de crescimento, a empresa necessitará acrescentar alguma
capacidade àquela já existente, mas como esse acréscimo não se dá de forma continua, ele
acontecerá “aos saltos” (MOREIRA, 1999).
Espera-se que os dados coletados e suas análises sustentem a ideia de expansão em um novo
local, já que o projeto visa melhorar a posição competitiva da indústria, auxiliar no
atendimento do aumento da demanda e melhorar o atendimento para um mercado consumidor
distante dos polos empresariais do setor. Conforme Woiler e Washington (1996, p.27), “[...]
projeto é o conjunto de informações internas e/ou externas a empresa, coletadas e processadas
com o objetivo de analisar-se (e, eventualmente, implantar-se) uma decisão de investimento”.
Quando surge a ideia ou a oportunidade de investir, começa o processo de coleta e
processamento da informação que devidamente analisadas, permitirão testar a sua viabilidade
(WOILER; WASHINGTON, 1996). Essa pesquisa será estruturada a partir de definições de
etapas utilizadas para estudo desse caso específico.
A contribuição científica dessa pesquisa é a apresentação de ferramentas que deem suporte
aos gestores no processo de tomada de decisões. Além disso, há a possibilidade de confrontar
dados reais com teorias, a partir de uma abordagem que auxilia as empresas a projetar
qualquer ideia antes do processo decisório.

2 Processos produtivos sob encomenda


Segundo Moreira (1999, p.10), a classificação dos sistemas produtivos, principalmente em
função do fluxo do produto, reveste-se de grande utilidade na classificação de uma grande
variedade de técnicas de planejamento e gestão da produção. É assim possível discriminar
grupos de técnicas e outras ferramentas gerenciais em função do particular tipo de sistema.

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Os principais temas que envolvem a abordagem proposta dizem respeito à classificação do


processo de transformação, ao sistema de produção sob encomenda e suas características de
mercado, dos insumos e da mão de obra.

2.1 Características do sistema de produção sob encomenda


Conforme afirmar Tubino (2007), a classificação mais significativa para entender a
complexidade das funções do planejamento e controle da produção esta relacionada com o
grau de padronização dos produtos e o consequente volume de produção demandado pelo
mercado. Nesse sentido, a figura 1 apresenta um resumo das características básicas de cada
um dos quatro tipos de sistemas produtivos definidos conforme a forma como os sistemas são
organizados para atender a demanda.
Figura 1 - Características básicas dos sistemas produtivos

Fonte: TUBINO (2007)


O grupo de sistemas produtivos estudado foi o sistema sob encomenda, que tem como
finalidade a montagem de um sistema produtivo voltado para o atendimento de necessidades
especificas dos clientes, com demandas baixas, tendendo para a unidade.
Outra classificação relevante foi levantada por Fernandes e Godinho Filho (2010), baseada na
estratégia de resposta a demanda. A figura abaixo ilustra essas estratégias por meio da
diferenciação de quando se fabrica para estoque e quando se produzir sob encomenda.
Figura 2 – As formas de resposta às demandas dos sistemas produtivos

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Fonte: FERNANDES; GODINHO FILHO (2007)


Os tempos de resposta apresentado se refere a uma função de lead times, que foi definido
como o tempo decorrido entre liberar uma ordem e o momento em que os itens de tal ordem
tenham sido disponibilizados. Para auxiliar na classificação de um sistema produtivo a figura
3 apresenta como alguns fatores se comportam nas diferentes estratégias de resposta à
demanda.

Figura 3 – Comportamento de alguns fatores importantes em função da estratégia de resposta à demanda dos
sistemas de produção

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Fonte: FERNANDES; GODINHOFILHO (2010)


Quando se define atender a demanda com um sistema produtivo sob encomenda, as principais
características encontradas nesse tipo de sistema são: utilização de equipamentos pequenos e
flexíveis, e custos variáveis altos, em função da falta de foco dos produtos demandados.
Assim o sistema de produção sob encomenda será eficaz para atender uma demanda com
pequeno volume e grande variedade, por ser o tipo de sistema produtivo mais flexível,
conforme classifica Tubino (2007).
Outras características levantadas por Moreira (1999) estão relacionadas a definição de arranjo
físico, à organização em centros de trabalho por habilidades, operações ou equipamentos. O
equipamento utilizado é do tipo genérico, ou seja, equipamentos que permite adaptações
dependendo das particularidades características das operações que estejam realizando no
produto. A própria adaptabilidade do equipamento exige uma mão de obra mais especializada.
Embora esses equipamentos permitam uma grande facilidade para mudança no produto ou no
volume de produção, o tempo que se perde nos constantes rearranjos de máquina leva a uma
relativa ineficiência.
São essas características que levam a outros problemas, principalmente com o controle de
estoques de matéria-prima, com a programação da produção e com a qualidade. Assim, o que
o sistema de produção ganha em flexibilidade diante da produção contínua, ele perde em
volume de produção. O que justifica o uso desse sistema quando o volume de produção for
relativamente baixo, sendo comum no estágio de vida inicial de muitos produtos, e
praticamente obrigatórios para empresas que trabalham com encomenda ou atuam em
mercados de reduzidas dimensões, como afirma Moreira (1999).
3 Método de pesquisa
O método de pesquisa utilizado foi um estudo de caso com abordagem qualitativa, no qual
foram analisadas as necessidades do mercado; e para conduzir os dados quantitativos, o
método de pesquisa utilizado foi a simulação, que conforme Miguel (2010) são um dos
métodos mais apropriados para conduzir tais abordagens.
Para delimitação dos estudos realizados nesse projeto primeiramente foi realizado um estudo
da empresa matriz definindo as características típicas para processos de produtos sob
encomenda, como as dificuldades de controle ocasionado pela complexidade do sistema e
suas dependências quanto a mão de obra e informação do cliente. O conhecimento do
funcionamento desse sistema de manufatura foi realizado por meio da construção de um
fluxograma de processo, apresentado na figura 4. Nessa etapa de levantamento de dados
iniciais foram definidos os produtos fabricados e os recursos de transformação necessários,
como quantidades e custos de matéria prima, de mão de obra e de máquinas.

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Figura 4 – Fluxograma do processo

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Fonte: Elaborada pelos autores

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Esses dados iniciais foram fundamentais para iniciar a simulação do processo e a análise de
viabilidade econômica do projeto de expansão. A partir dessa etapa foi necessário determinar
as ferramentas utilizadas para definição dos dados utilizados nas ferramentas de análise.
O levantamento necessário do investimento inicial do projeto utilizado na análise de
viabilidade econômica foi determinado a partir de um estudo de localização, que conforme
Moreira (1999), Slack, Chambers e Johnston (2008), ainda que parcialmente, a localização
determina os custos de capital e de operação de uma empresa.
Como afirmou Kon (1994) para definir a localização foi necessário passar por duas etapas
distintas que observam aspectos da macrolocalização e da microlocalização. A
macrolocalização foi determinada através do método de ponderação de fatores que é definido
por Slack, Chambers e Jonhston (2008). A microlocalização que definiu o local da filial em
Linhares foi realizada a partir de análises de cidades industriais do estado do Espírito Santo,
como o privilégio de logística, a formação de mão de obra qualificada e os valores de
investimento. Foi com essa ferramenta que definiu-se o valor investido em terreno utilizado
da determinação do investimento do projeto.
Há pelo menos uma grande e importante base comum a todo planejamento, que é a previsão
de demanda. É necessário saber quanto à empresa planeja vender de seus produtos ou serviços
futuros, pois essa expectativa é o ponto de partida, direto ou indireto, para praticamente todas
as decisões (MOREIRA, 1999).
Como o problema principal é a complexidade do sistema produtivo pela falta de padronização
do produto e do processo, a definição da demanda foi realizada conforme um dos requisitos
levantados por Slack, Chambers e Johnston (2008), de ser expressa em termos úteis para o
planejamento e controle de capacidade, por não conseguir determinar uma demanda exata,
pois os produtos são concebidos em estreita ligação com a necessidade específica do cliente e
suas especificações impõem uma organização dedicada ao projeto (SILVA, 2002).
Devido aos eventos citados, à fabricação em baixo volume e sob especificação do cliente, a
demanda da filial será semelhante à capacidade da matriz, já que sua capacidade era mínima
por estar passando por uma fase de transição da implantação para a fase de crescimento. Esses
dados foram coletados a partir da cronometragem da capacidade de cada processo utilizando a
produção em metro quadrado na viabilidade econômica, o tempo de ciclo em unidades como
demanda na simulação e os tempos de tolerância que definiu os tempos de paradas na
simulação.
Outras informações levantadas por Martins e Laugeni (2005) como sequência de operações e
de montagem, espaço necessário para cada equipamento, incluindo espaço para
movimentação do operador, estoques e manutenção, e informações sobre recebimento,
expedição, estocagem de matérias-primas e produtos acabados puderam ser encontradas na
determinação do layout. A sequência lógica para a construção do layout foi: seleção do tipo
de processo e determinação do arranjo físico conforme classificação de Slack, Chambers e
Johnston (2008), construção de um fluxograma conforme os métodos listados por Monks
(1987), utilização dos templates para chegar a uma melhor qualidade de projeto do layout e
também da simulação como levantado por Camarotto (2006), e para finalizar foi construído a
planta final a partir dos encaixes dos templates por meio do programa AutoCad. A planta final
em escala foi a base do método de análise com a simulação dos processos, ela interfere
diretamente nos resultados, pois os tempos de transporte de material e de recursos também
foram simulados.

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4 Métodos de análises

4.1 Viabilidade operacional do projeto


A ferramenta estudada como método de análise operacional foi a simulação computacional, a
partir do uso do ProModel, um software específico acoplado com simuladores capazes de
reproduzir graficamente o sistema.
O objetivo da simulação nessa pesquisa foi verificar a viabilidade do projeto, ou seja, se o
processamento do projeto proposto ocorreria como esperado. Para isso a simulação
possibilitou a percepção sobre o balanceamento das linhas de produção e análise do alcance
das metas de produção.

4.1.1 Simulação Computacional


O que faz o ProModel uma ferramenta interessante é que ela necessita de programação e
aplicação da lógica. Sua manipulação simples através de menus possibilitam que sistemas
relativamente complexos fossem modelados rapidamente dispondo de um conhecimento
parcial sobre suas variáveis e relações. A vantagem mais perceptível da simulação foi a
melhor compreensão e o aprendizado a respeito do sistema.

A correta condução dos experimentos, possibilitado pelo suíte de otimização ProModel,


automatizou o processo de busca de soluções ótimas e consolidou a saída da simulação de
múltiplos experimentos em tabelas de dados. Assim a simulação pode evitar problemas que
ocorrem em experimentações com o sistema real e possibilita explorar diversas alternativas.

4.1.2 Análise dos resultados


A construção do modelo nessa pesquisa utilizou quase todos os menus, no qual definiu-se os
locais onde as entidades se movem; as chegadas, ou seja, as quantidades estabelecidas pela
previsão de demanda; as redes de caminho por onde recursos e entidades se movem; os
recursos representando os operadores; e definiu-se os processamentos, ou seja, as operações e
o roteamento de cada entidade. A imagem a seguir apresenta a tela inicial do modelo
construído.
Figura 5 – Representação dos locais

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Fonte: Elaborada pelos autores


Após construir o modelo foi necessário testar o sistema para verificar a confiabilidade da
modelagem, conforme metodologia abordada por Costa (2002). Nessa etapa o modelista deve
se convencer de que o simulador está correto e rodando bem. Para isso analisou-se o modelo
em um período anual, já que os meses têm comportamentos diferentes por se tratar de um
mercado sazonal, e depois comparou-se os resultados com os oriundos do sistema real. No
sistema real e no modelo os resultados foram próximos e proporcionais, como apresentado na
tabela a seguir. A variação é explicada a partir da melhoria dos tempos de tolerância para
fadiga e necessidades pessoais.
Tabela 1 – Representação dos locais

Fonte: Elaborada pelos autores


Com um modelo válido construído, inicio-se as análises das alternativas de ação. Para esse
estudo com a utilização do suíte de otimização do ProModel foi simples o entendimento dos
gráficos gerados, utilizando apenas conhecimento da área de processos, eliminando a
necessidade de modelistas experientes para tratar avalanches de números.
A partir dos gráficos gerados foi possível concluir que os operários tinham certo tempo
ocioso. Para analisar as causas é importante lembrar, que os recursos não operam
isoladamente, sendo assim, eles dependiam de máquinas e materiais disponíveis. Para analisar
esse resultado foi necessário a analise dos outros gráficos e o comportamento da simulação
enquanto rodava. Conseguiu-se observar que os operários ficavam parados por falta de
entradas de pedidos, ou seja, por espera de entidade, já que os locais em grande parte
encontravam-se ociosos também. A principal característica encontrada ficou clara no gráfico
apresentado a seguir.
Figura 6 – Gráfico dos estados dos locais de capacidade única

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Fonte: Elaborada pelos autores


A grande quantidade de tempos ociosos permite concluir que as capacidades das máquinas
estão acima das requeridas pela demanda da fábrica. Além da disparidade do tempo ocioso
das máquinas de solda de acabamento com o restante das máquinas junto com a análise dos
estudos dos recursos pode-se observar futuros possíveis gargalos, concluindo um
desbalanceamento na linha.

4.1.3 Análise de sensibilidade


Para analisar a confiabilidade desse fenômeno, foram mudadas as chegadas de entidades no
processo no máximo possível com a mesma capacidade.
Anteriormente ocorria um pedido da entidade vinil a cada 1,25 horas, ou seja, oito pedidos
por dia, o modelo conseguiu produzir normalmente um pedido a cada 0,91 horas, ou seja, uma
média de 11 pedidos ao dia. Da entidade capa XP, o modelo não conseguiu produzir nenhum
pedido a mais por dia. Já a entidade capa térmica, que passa pelos mesmos recursos e alguns
locais, conseguiu-se produzir maior quantidade, de 4 para 8,5 unidades ao dia.
É na análise dos recursos que verificou-se a melhoria da análise de sensibilidade, já que a
produção é dependente da mão de obra. Observou-se índices de quase 0% de ociosidade em
recursos que ficavam em 25% do seu tempo ocioso, o operário que tinha o maior percentual
de tempo ocioso, 50,19%, reduziu esse percentual para quase 20%.
Com a determinação da capacidade limite do sistema provou-se onde esta o gargalo, o setor
de solda de acabamento. Por causa da capacidade de produção desse setor não foi possível
aumentar a entrada de pedidos de vinil ao dia, mesmo com outros locais ociosos como pode
ser observado na figura 7.
Figura 7 – Gráfico dos estados dos locais de capacidade única na análise de sensibilidade

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Fonte: Elaborada pelos autores


A análise resulta na viabilidade de melhorar o setor comercial, sabendo que a capacidade de
instalação não está sendo totalmente utilizada, ou seja, uma captação de novos mercados seria
o ideal para a diminuição do lead time das entidades.
Conclui-se que um grande desperdício no sistema é a falta de utilização de toda capacidade da
fábrica, mesmo atendendo o maior número de pedidos possíveis, ainda verificou-se
desperdícios de utilização de locais, no qual fica aberto a oportunidade de testar os operadores
polivalentes.

4.2 Viabilidade econômica


Antes de se iniciar qualquer estudo sobre uma nova empresa é necessário analisar a
viabilidade do novo negócio. A viabilidade econômica se refere a uma operação de estudo
realizada antes de realizar um investimento.
A contabilidade como processo de escolha, análise, registro e interpretação de tudo o que
afeta a riqueza das unidades econômicas é, sem dúvida, um dos mais poderosos suportes de
informação para a gestão (MARTINS; LAUGENI, 2005).

4.2.1 Aspectos econômicos e financeiros


Primeiramente fez-se uma previsão dos custos para implantar a filial. Todos os recursos
materiais, humanos e financeiros devem ser levados em consideração para se ter uma análise
mais próxima da realidade. Além disso, deve determinar a previsão das movimentações da
empresa como faturamento gerado, custos e despesas. Os dados coletados seguiram a seguinte
ordem:
a) Investimento do projeto: soma dos investimentos como valor do terreno, das obras civis, da
consultoria do projeto, discriminação e custos das máquinas, equipamentos, móveis e
utensílios, determinação do capital para pré-operação e capital de giro;
b) Usos e fontes: determinando os recursos próprios e os de terceiros;
c) Cálculo de financiamento: utilizado para cálculo dos juros sobre capital de terceiros;
d) Cálculo da depreciação: determinando a desvalorização dos recursos que fizeram parte do
investimento;

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e) Determinação do custo de produção: discriminando custo de matéria prima, embalagem,


utilidades e mão de obra operacional, a partir da demanda anual prevista;
f) Determinação do preço de venda: determinando a margem de lucro utilizada dentro do
preço praticado pelos concorrentes, levando em consideração todos impostos sobre o produto;
g) Cálculo da receita gerada e dos custos gerados: a partir da demanda prevista, da definição
do preço de venda e do custo tanto fixo quanto variável é possível simular a receita e os
custos gerados;
h) Determinação das despesas: despesas fixas e variáveis relacionadas ao setor administrativo;
i) Demonstrativo de resultado: informação acerca do desempenho da empresa, em particular a
sua lucratividade. Analisou-se uma baixa porcentagem de lucro sobre a receita líquida, que
variou entre 5% a 8%. Mas essa análise não possibilita chegarmos a conclusões sobre a
viabilidade do investimento, pois depende do valor de investimento, que não aparece nessa
análise;
j) Ponto de equilíbrio: fornece a demanda mínima para que o custo da empresa se pague,
nesse ponto a empresa não tem lucro e nem prejuízo;
k) Projeção do fluxo de caixa gerado: relacionando o lucro gerado pela empresa com os dados
da implantação calculados, já é possível verificar a viabilidade do projeto, pois a partir do
terceiro ano a empresa já passa a ter lucro, mas ainda existem outras análises que possibilitam
ter uma melhor conclusão do quanto esse projeto é viável.
l) Pay-back: demonstra quanto tempo o investidor precisa esperar para que os fluxos de caixa
acumulados do projeto se igualem ou superem seu investimento inicial. Pelo estudo
apresentado definiu que o investimento terá um retorno no terceiro ano de operação. Mas
conforme Cavalcante e Zeppeline (2012), o pay-back tem suas limitações já que não aplica
qualquer taxa de desconto do valor presente, podendo induzir a aceitar um projeto que na
verdade valem menos do que o investimento.

4.2.2 Análise de rentabilidade


A ferramenta que sustentou uma análise satisfatória foi a determinação da taxa interna de
retorno, usada como método de análise de investimentos, na qual o investimento será
economicamente atraente se a TIR for maior do que a taxa mínima de atratividade
(PEREIRA; ALMEIDA, 2011). A TIR encontrada foi de 46% a.a. que iguala o fluxo de caixa
levado ao valor presente com o investimento.
Com a TIR calculada e determinando a taxa mínima de atratividade (TMA) com 16% a.a., o
dobro de rendimento comparado a um fundo de renda fixa de mais ou menos 8% a.a. para
investimento com baixo risco e sem esforço, foi possível provar a viabilidade do projeto.

4.2.3 Análise de sensibilidade


Essa análise foi feita para avaliar o efeito da mudança de alguma variável. Para o estudo
analisou um acréscimo de 5% de aumento no total dos custos variáveis, sem alterar o preço de
venda. Esse aumento simula a diferença de um aumento de desperdício dentro da empresa,
pois o desperdício não entra na previsão do custo variável, ou seja, não compõe a geração do
preço de venda.

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Podemos comparar que sem desperdício tínhamos um pay-back de 3 anos e 11 mês e a TIR de
46% a.a., com o desperdício, muitas vezes não contabilizado, o pay-back mudou para 5 anos e
8 meses, com uma TIR de 28% a.a., provando que o projeto é muito sensível a mudanças.
Mas comparando ao TMA de 16% a.a. mesmo com esse desperdício é um investimento com
um bom retorno esperado.
A TIR sem e com o desperdício é satisfatória, já que o VPL com TMA resultou em um valor
positivo. Mesmo o projeto sendo viável, a sensibilidade do projeto resulta em um risco alto
para investimento. Portanto, essa análise atenta tanto para a viabilidade quanto para a
sensibilidade do projeto, assim a TIR de 28% a.a. deve levar a uma tomada de decisão mais
complicada pelo risco do projeto.

5. Considerações finais
A partir da elaboração dessa pesquisa foi possível perceber que empresas com processos
produtivos sob encomenda apresentam características específicas. Essas características
impactaram o levantamento das possíveis dificuldades encontradas nesse estudo, para
confrontar a teoria com a realidade.
Na construção do projeto de expansão destaca-se a importância do uso de ferramentas
científicas para suportar as escolhas, como por exemplo: a tabela de ponderação de fatores
para definição da localização; a cronoanálise para provar a capacidade da estrutura de atender
a demanda; e o estudo de arranjo físico, utilizado na elaboração do layout, além das duas
ferramentas utilizadas como método de análise de projeto.
Com os resultados da simulação e da viabilidade econômica provou-se a expectativa de
expansão da empresa, por meio dos resultados satisfatórios. Mas essa pesquisa não se dá por
encerrada visto que há a possibilidade de simular outras tomadas de decisões por meio dessas
ferramentas.

REFERÊNCIAS

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<http://www.simucad.dep.ufscar.br/Proj_Unid_Produtivas_2009/apostila_projeto_fabrica.pdf>. Acesso em: 11
set. 2012.

CAVALCANTE, F.; ZEPPELINI, P. D. Payback– calculando o tempo necessário para recuperar o


investimento. Disponível em:
<http://www.expresstraining.com.br/scripts/action_download.php?type=utd&name=UpToDate147.pdf>. Acesso
em: 02 set. 2012.

COSTA, M. A. B. Introdução à Simulação. São Carlos, 2002. Disponível em:


<http://www.simucad.dep.ufscar.br/dn_sim_doc01.pdf >. Acesso em: 26 ago. 2012.

KON, Anita. Economia industrial. São Paulo: Nobel, 1994.

FERNADES, F. C. F.; GODINHO FILHO, M. Planejamento e controle da produção: dos fundamentos ao


essencial. São Paulo: Atlas, 2010.

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MARTINS, G. P.; LAUGENI, F. P. Administração da produção. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2005.

MIGUEL, P. A. C. Metodologia de pesquisa em engenharia de produção e gestão de operações. Rio de


Janeiro: Elsevier, 2010.

MOREIRA, D. A. Administração da produção e operações. 4. ed. São Paulo: Pioneira, 1999.

MONKS, J. G. Administração da produção. Tradução de Lauro Santos Blandy. São Paulo: McGraw-Hill,
1987. Título original: Theory and Problems of Operations Management.

PEREIRA, W. A.; ALMEIDA, L. S. Método manual para cálculo da taxa interna de retorno. Disponível em:
<http://www.faculdadeobjetivo.com.br/arquivos/MetodoManual.pdf>. Acesso em: 11 out. 2011.

SILVA, A. S. F. Uma metodologia para uso da polivalência no nivelamento da produção à demanda em


sistemas de produção sob encomenda. 2002. 114f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção).
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, UFSC, Florianópolis.

SLACK, N.; CHAMBERS, S.; JOHNSTON, R. Administração da produção. Tradução de Maria Teresa
Corrêa de Oliveira, Fábio Alher. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2008. Título original: Operations Management.

TUBINO, F. T. Planejamento e controle da produção: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2007.

WOILER, S.; WASHINGTON F. M. Projetos: planejamento, elaboração e análise. São Paulo: Atlas, 1996

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