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LINGUAGEM ACADÊMICA
Dossiê: Engenharias
Grupo de Pesquisa em Engenharia e Inovação (GPEI)
v. 8, n. 1, jan./jun. 2018
LINGUAGEM ACADÊMICA
Dossiê: Engenharias
Grupo de Pesquisa em Engenharia e Inovação (GPEI)
Revista Científica do Claretiano – Centro Universitário
Reitoria / Rectorate
Reitor: Prof. Dr. Pe. Sérgio Ibanor Piva
Pró-reitor Administrativo: Pe. Luiz Claudemir Botteon
Pró-reitor Acadêmico: Prof. Me. Luís Cláudio de Almeida
Pró-reitor de Extensão e Ação Comunitária: Prof. Ms. Pe. José Paulo Gatti
LINGUAGEM ACADÊMICA
Dossiê: Engenharias
Grupo de Pesquisa em Engenharia e Inovação (GPEI)
Revista Científica do Claretiano – Centro Universitário
Organização / Organization
Prof. Me. Thiago Francisco Malagutti
Permuta / Exchange
Os pedidos de permuta devem ser encaminhados à Biblioteca da instituição:
periodico@claretiano.edu.br
Bibliotecária / Librarian
Ana Carolina Guimarães – CRB-8/9344
370 L727
Semestral
ISSN: 2237-2318
CDD 370
Sumário / Contents
Projeto de arranjo físico e de fluxo de produção de uma unidade de alimentação e nutrição (UAN)
Study of lay-out and production flow for a Food and Nutrition Plant (FNP)
Revisão literária sobre o sistema de suspensão traseira Trailling Arm: uma alternativa ao sistema
“Duplo A” do veículo mini Baja SAE
Literary review of the rear suspension system Trailing Arm: an alternative to the Double A system of the Mini Baja
SAE vehicle
Utilização e proposta de melhoria da caixa de redução fixa do veículo Baja Equipe Clarengex
Use and proposal to improve the fixed reduction box of the Baja Team Clarengex
Estimado leitor,
apresentamos mais uma edição da Revista Linguagem Acadêmica do Claretiano – Centro Uni-
versitário, desta vez dando ênfase em temas ligados às engenharias.
Oportunamente, a edição chega no momento em que tivemos aberturas de turmas em nossos cur-
sos de Pós-graduação em Engenharia de Manutenção e Engenharia de Qualidade. Alguns alunos desses
cursos se integrarão com os alunos da graduação na participação do Grupo de Pesquisa em Engenharia
e Inovação (GPEI), que tem como objetivo investigar de forma teórica e prática inovações e suas tecno-
logias relacionadas à área de Engenharia, de maneira específica, interdisciplinar e multidisciplinar. As
ações do grupo ensejam, também, contribuir para a concepção e gestão de ideias, por meio do estudo
de estratégias que possibilitem a criação de uma cultura que fomente os processos criativos organiza-
cionais, oportunizando a concepção de novos produtos e serviços, tendo em vista a melhoria contínua.
É importante lembrarmos que o Claretiano oferece cursos presenciais e a distância de Engenharia
de Produção, Engenharia Elétrica, Engenharia Mecânica, Engenharia Ambiental e Engenharia Meca-
trônica, nos quais se constata a preocupação institucional em oferecer cursos que alavanquem o desen-
volvimento do país e da sociedade como um todo.
Esta edição é composta de trabalhos que se propõem à reflexão sobre problemas do cotidiano
profissional, sobre os quais se destacam a gestão da manutenção, saúde e segurança no trabalho, o pla-
nejamento estratégico, dentre outros.
Com o desejo de buscarmos a ampliação e a disseminação do conhecimento científico, desejo uma
boa leitura!
1
Mauricio Fernando Manzan. Graduando em Engenharia de Produção pelo Claretiano – Centro Universitário. E-mail: <mfmanzan@hotmail.com>.
2
Thiago Augusto de Castro Rodrigues. Graduando em Engenharia de Produção pelo Claretiano – Centro Universitário. E-mail: <thiago.rodrigues@zoetis.com>.
3
Diego Fernandes Silva. Mestrando em Administração das Organizações pela Universidade de São Paulo (USP). Graduado em Engenharia de Produção
pela Universidade de Franca (Unifran). Tem MBA em Engenharia e Inovação pelo Centro Universitário Uniseb. Atualmente é professor, tutor e auxiliar de
coordenação do curso de Engenharia de Produção no Claretiano – Centro Universitário. E-mail: <diegosilva@claretiano.edu.br>.
4
Thiago Francisco Malagutti. Mestre em Educação pelo Centro Universitário Moura Lacerda (CUML). Coordenador dos Cursos de Engenharia Mecânica,
Engenharia Elétrica e Engenharia de Produção do Claretiano – Centro Universitário. E-mail: <thiagomalagutti@claretiano.edu.br>.
1. INTRODUÇÃO
O presente estudo justifica-se por considerar as necessidades de repensar certos padrões e con-
ceitos, em muitos casos distorcidos e equivocados, de muitos empregadores e gerenciadores no que se
refere à produtividade de seus funcionários.
Assim, mesmo que de forma sucinta, buscamos com a elaboração do mesmo apontar algumas situ-
ações comprovando a eficácia e a necessidade da Manutenção de Pessoas dentro das organizações, a fim
de vislumbrar a importância de reconhecer cada funcionário como um ser necessário e imprescindível na
organização em que está inserido, e o fato de que um trabalho em equipe tem uma função de importância
elementar na motivação das pessoas.
Dessa maneira, a escolha do tema e o desenvolvimento deste trabalho realizarão comparações
entre métodos e resultados de importantes artigos e trabalhos científicos que já experimentaram técnicas
diversas de Manutenção de Pessoas (acoplando gestão, motivação e retenção de pessoas) junto a equi-
pes, no campo empresarial.
De maneira geral, tal comparação tem como justificativa a importância de mostrar que, dentro de
qualquer organização, todos querem sentir-se satisfeitos, todos anseiam por mostrar que estão fazendo
o melhor de si e que, na medida do possível, realizam avanços. Entretanto, para tal, faz-se necessário o
aprimoramento de cada um dentro da equipe, auxiliando cada qual a determinar seus próprios modelos,
metas pessoais atuais e futuras. As equipes ou o grupo dos funcionários devem também passar por trei-
namentos para que possam ter as habilidades de conhecimentos necessários para o bom desempenho de
suas respectivas tarefas ou outras vindouras de modo apropriado.
Considerando a complexidade empresarial, a área de Gestão de Pessoas é verdadeiramente funda-
mental para a empresa, desde que ela não atue exclusivamente como organizadora de programas, mas
como capacitadora de verdadeiros agentes de mudança, fazendo com que os funcionários se conscienti-
zem da importância de estudar e se atualizar constantemente, prevendo e se antecipando aos problemas
futuros.
Um programa de Gestão de Manutenção de Pessoas bem estruturado serve como ferramenta efi-
caz na solução de problemas, como: perda da qualidade, baixa produtividade, falta de sintonia com os
progressos tecnológicos, falta de motivação e autoestima, desordens e conflitos internos, falta de com-
prometimento, falta de ânimo, queda da capacidade produtiva, prejuízos com ferramentas e máquinas,
gastos inúteis com materiais, demora no cumprimento dos trabalhos, atrasos e faltas no trabalho.
Relembrando que, há décadas, a estratégia de Manutenção ou até mesmo da Gestão de Pessoas
se voltava muito mais para a defesa da postura do poder gerencial e tinha como objetivo principal a
manutenção da disciplina e da ordem. Na contemporaneidade, essa área tem assumido crescentemente
uma postura de órgão promotor do esforço coletivo no trabalho, com o importante papel de auxiliar os
funcionários a encontrar seus interesses reais de realização profissional e pessoal, gerando condições
favoráveis de desenvolvimento.
De acordo com o ponto de vista da estratégia competitiva, a eficácia seria o resultado de um dife-
rencial positivo ligado ao desempenho da equipe de trabalho, em relação aos seus competidores. Emer-
ge, desse modo, o ponto do desempenho humano competitivo, que definirá as condições da organização
em sua atmosfera operacional.
Logo, as empresas que pretenderem se adaptar ao ambiente, no presente e no futuro, terão que
mudar a sua postura ao se relacionar com as pessoas, atendendo-as naquilo de que necessitam e na rea-
lização de seus interesses.
Para realização desta pesquisa, utilizou-se de pesquisa bibliográfica e exploratória, buscando, em
diferentes bancos de dados, informações relevantes sobre o assunto.
As modernas empresas podem ser identificadas pelos seus modelos de gestão. Dentro dos mo-
delos praticados atualmente, a Responsabilidade interna é o mais atual paradigma para avaliação do
investimento empresarial em seu público interno, ou seja, do quanto os trabalhadores são valorizados e
cuidados pelas empresas em que trabalham.
Palavras como cidadania, solidariedade, capital de conhecimentos e sustentabilidade são algumas
das que ingressaram no vocabulário técnico empresarial, e que fazem parte do sistema de valores entre
as companhias que se destacam no mercado nacional e internacional.
Conforme Ashley (2005, p. 17-18):
As racionalidades para a ética empresarial e a gestão da empresa cidadã podem ser conhecidas a partir
dos modelos de gestão para a responsabilidade social e das normas de condutas expressas em códigos
de ética e cartas de princípios [...] É para gerar valor, e se perpetuar por meio dele, que companhias de
todo o mundo se reinventam quase diariamente, a fim de se adaptarem a um mercado cada vez mais
exigente, global e mutante. Entretanto, crescentemente, os empresários vêm tendo novas preocupações
com a posição e a conquista de suas marcas no mercado, fazendo com que suas estratégias empresa-
riais recebam uma gama de novos elementos, tais como ecologia, ética e cidadania, que orientarão as
atitudes e práticas da empresa perante o mercado.
Na dinâmica interna das grandes empresas, pode-se verificar que não há uma preocupação maior
com os talentos que possuem, e que mecanismos de adaptação e manutenção dessas pessoas especiais
não são constantemente desenvolvidos visando evitar a perda desses talentos.
Entretanto, algumas grandes empresas têm se destacado dentro do quadro nacional na procura pela
valorização do seu quadro funcional, por meio do oferecimento de inúmeros benefícios pensados como
parte da estratégia empresarial.
Práticas atuais como banco de talentos, programas especiais de treinamento e identificação de
lideranças, entre outras, vêm sendo desenvolvidas com o objetivo de garantir a sustentabilidade em-
presarial dentro de um quadro internacional extremamente competitivo. Tais práticas buscam combater
a quantidade de informações que os funcionários acumulam e não são compartilhadas ou que, quando
compartilhadas, não são apropriadas pela empresa como um bem empresarial.
Parte da dificuldade das empresas de valorizar esse conhecimento decorre da ineficiência ou insu-
ficiência de meios com que possam armazenar e utilizar a informação.
Quando se fala em Tecnologia de Informação, a primeira associação feita é com a modernidade e
com a rapidez com que uma empresa pode concatenar seus interesses e impor sua vanguarda ao merca-
do. No entanto, o elemento essencial nesse caso não é a tecnologia, mas informação. A informação é o
objeto sobre o qual as tecnologias se voltam para implementar processos de trabalho e de conhecimento
que servem de impulso às empresas e aos mercados.
Segundo Porter e Millar (1985), deve-se examinar a informação do ponto de vista do modelo que
coloca em interação informação e competitividade, sem considerar a informação em si. Essa maneira
de examinar a questão se pauta no trabalho de Porter (1991) sobre a competitividade das empresas, que
identifica certa época no desenvolvimento das teorias de informação, como a teoria das cinco forças.
Segundo Marchand, Kettinger e Rollins (2001), o que é novo em termos de conhecimento tende a
se tornar elemento fundamental na produção do conhecimento empresarial, pois estimula as pessoas no
sentido de gerar ideias e aplicá-las e, desse modo, o compartilhamento de informações implica o desen-
volvimento do trabalho, dos serviços e produtos novos ou mesmo as tendências que se verificam dentro
das empresas a partir do momento em que as informações são partilhadas:
Historicamente, este tipo de uso da informação para a inovação era mais intenso em departamentos
específicos das empresas, como Marketing, responsável por coletar e avaliar informações do mercado
Gestão de pessoas
Quando se trata dos elementos que compõem um modelo de gestão de pessoas, podemos dizer
que, basicamente, tudo o que pode, de alguma maneira, interferir nas relações organizacionais pode ser
considerado como um componente do modelo de gestão de pessoas. É sabido que o comportamento
de uma organização não decorre diretamente de seu processo de gestão, sendo resultado das relações
interpessoais e sociais dentro da empresa. Nesse sentido, a gestão de pessoas é a orientação e agregação
dessas diferentes interações humanas (FISCHER, 2002).
Ações como definição de estratégias, implementação de novas diretrizes que tenham impacto
direto ou indireto no comportamento dos funcionários, fusão entre empresas, transferência de unidades
organizacionais e buscas de novas posturas de atendimento ao cliente constituem intervenções no mo-
delo de gestão de pessoas (FISCHER, 2002).
Muitas mudanças têm sido observadas ao longo dos últimos anos no conceito e nos modelos de
gestão de pessoas. Podemos afirmar que, em cada diferente contexto histórico, diferentes modelos de
gestão de pessoas são observados. A administração de pessoas resulta do desenvolvimento empresarial
e do desenvolvimento das teorias de organização nos Estados Unidos (FISCHER, 2002).
A história da administração dos recursos humanos nos Estados Unidos teve início com o surgimen-
to dos departamentos pessoais nas empresas. A data inicial pode ser considerada 1890, quando a NCR
Corporation criou seu personnel office. Nessa nova área, atuavam os gerentes de pessoal, cujo objetivo
era o estabelecimento de um método que lhes permitisse reconhecer de forma mais eficiente, dentre os
candidatos a empregos na empresa, aqueles que poderiam se tornar empregados mais eficientes, com os
melhores custos. Os fatores que determinam o surgimento da função “gestão de pessoas” nessa época
são (CHIAVENATO, 2004; FISCHER, 2002):
• A NCR era uma empresa em franco crescimento. Seu porte e especialização recomendavam
que houvesse uma função especifíca para a administração de seu pessoal.
• A cultura americana cada vez mais reconhecia a liberdade e o individualismo das empresas,
permitindo que estas escolhessem de forma livre com quem e como trabalhar.
• O grande contingente de imigrantes e o aumento da força trabalhista no país fazem com que um
grande número de pessoas devesse se adaptar ao trabalho.
• Não houve disseminação dos sindicatos dentro do novo tipo de corporação que surgia.
Assim, o departamento pessoal surgiu em uma época em que os empregados tinham sua adminis-
tração pessoal feita de forma tão racional quanto eram a dos custos de outros fatores da produção. Assim,
a administração de recursos humanos, posteriormente chamada de gestão de pessoas, se desenvolveu
a partir da necessidade das grandes corporações de gerenciar os funcionários assim como gerenciavam
seus custos, o que se tornou um elemento diferenciador de competitividade na época. Dessa forma, a
NCR desenvolveu uma área especificamente voltada para tal atividade (FISCHER, 2002).
Não é novidade que as condições sociais, econômicas e organizacionais são fatores determinantes
na prática de gestão de recursos humanos. Praticamente todos os autores da área já observaram esse
fenômeno (CAVE, 1994). Mesmo assim, alguns analistas acabam por generalizar suas recomendações
de modelos ótimos de gerenciamento, sem levar em consideração o ambiente específico em que cada
organização está inserida.
Quando a psicologia passou a ser usada para compreender e apoiar as interações na vida de uma
organização, uma nova orientação do foco das ações de gestão de pessoas nasceu. Se antes a gestão era
focada exclusivamente em uma tarefa, nos custos e resultados imediatos da produção, com a introdução
da psicologia, ela passou a se concentrar no comportamento das pessoas. Dessa forma, mais do que vi-
sar ao lucro da empresa, e determinar o quanto um funcionário seria produtivo, avaliar a forma como o
funcionário se relaciona com seu trabalho e seus colegas, seu nível de satisfação, dentre outros fatores,
passou a ser visto como itens de grande importância, que influenciam de maneira significativa a produ-
ção desse funcionário.
Outros fatores que ganharam grande destaque dentro da gestão responsável de pessoas foram o
treinamento e o desenvolvimento. Tais práticas exercem papel fundamental no fortalecimento das com-
Ling. Acadêmica, Batatais, v. 8, n. 1, p. 9-32, jan/jun. 2018
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Segundo os pesquisadores, a Gestão de Competência pode ser entendida como uma tecnologia
derivada da Resource-Based Management Theory:
Essa teoria argumenta que certos atributos organizacionais (recursos) são condicionantes do sucesso
da empresa com relação à concorrência. O pressuposto é o de que o domínio de recursos raros, valio-
sos e difíceis de serem imitados confere à organização certa vantagem competitiva (Taylor, Beechler
e Napier, 1996; Barney citado por Raub, 1998). Essa corrente sugere, ainda, que a gestão estratégica
de recursos humanos contribui para gerar vantagem competitiva sustentável por promover o desen-
volvimento de habilidades, produzir um complexo de relações sociais e gerar conhecimento, ou seja,
desenvolver competências. (BRANDÃO; GUIMARÃES, 2001, p. 9-10).
Entretanto, não se afirma que as competências essenciais da organização sejam determinantes da
competência dos trabalhadores, nem que, ao contrário, o processo seja do tipo bottom-up, em que as
competências dos trabalhadores determinam as da empresa. Mas, na verdade, ela envolve ambas em um
processo circular, que abrange os diferentes elementos e níveis da organização, e está em consonância
com a estratégia organizacional.
Tanto a Gestão de Desempenho quanto a Gestão de Competências partem de um mesmo pressu-
posto, o de que a competência e o desempenho dos trabalhadores influenciam a competência e o desem-
penho da organização, e também sofrem influência desta.
Ambas estão inseridas em uma perspectiva estratégica para a organização, que coloca os recursos
humanos na condição de atrair, desenvolver e manter pessoas que possam levar a organização a alcançar
seus objetivos: “Em outras palavras, as duas tecnologias de gestão propõem integrar os subsistemas de
recursos humanos [...] e a estratégia organizacional” (BRANDÃO; GUIMARÃES, 2001, p. 13).
No entanto, para que a gestão de competências e a gestão de desempenho possam se tornar práticas
gerenciais, elas têm que ir além da melhoria das performances profissional e organizacional, buscando
o desenvolvimento de pessoas em sentido amplo, oferecendo diversas oportunidades às pessoas para
crescimento na organização.
O processo de Gestão de Desempenho com base em competências, segundo Guimarães et al.
(2001), deve partir de uma formulação de estratégia organizacional, da definição da visão de futuro,
negócio e do modelo de gestão da organização, de um diagnóstico de competências essenciais à organi-
zação e da definição de objetivos e indicadores de desempenho organizacionais. Esses critérios levam a
um diagnóstico das competências humanas, que será identificado e desenvolvido no âmbito da organiza-
ção, e ainda será selecionado o modelo de competências externas à organização, levando à definição de
indicadores de desempenho e remuneração, à formação de equipes e qualificações pessoais, e também
à formulação dos planos operacionais da organização, planos de trabalho e de gestão (GUIMARÃES et
al., 2001).
De acordo com Lacombe (2005), o modelo estratégico de administração na área de RH surgiu nos
anos 80, encontrando, nas estratégias de treinamento, a oportunidade de alinhar a administração de Re-
cursos Humanos ao conhecimento e aos objetivos do ambiente organizacional. Esse modelo foi baseado
nas teorias desenvolvidas por Michael Porter, um engenheiro, professor da Harvard Business School,
que desenvolveu várias teorias sobre estratégia competitiva, a partir da posição de feedback.
Do seu trabalho resultaram conceitos de estratégia que marcaram várias disciplinas a partir da
teoria das cinco forças competitivas, e das fontes genéricas da vantagem competitiva, da diferenciação
e do baixo custo.
Entre os dispositivos que mais nos interessam nessa nova abordagem, estão o envolvimento dos
profissionais de RH na definição das estratégias, as formas de envolvimento dos treinandos nas propos-
tas de treinamento, o papel de liderança dos gerentes de linha na consecução dos objetivos estratégicos
e no delineamento de uma cultura organizacional.
Decorre desse novo modelo que criar e administrar estratégias de RH requer grandes investimen-
tos em pessoal especializado e na implementação das próprias estratégias. Tal movimento foi incremen-
tado, já nos anos 90, pela teoria dos recursos da firma (Resource Based View of the Firm – RBV), com
sua ênfase no papel dos empregados na obtenção e sustentação do potencial competitivo da empresa:
De acordo com a abordagem dos recursos da firma, a formulação da estratégia precisa ser centrada
em um grupo específico de recursos – a competência essencial, conforme denominadas por Prahalad
e Hamel (1990), que garantem competitividade no longo prazo. Estes recursos precisam (i) adicionar
valor à organização; (ii) ser únicos e raros entre os competidores; (iii) ser de difícil imitação e (iv) não
ser facilmente substituível por outro recurso por uma empresa competidora (LACOMBE, 2005, p. 11).
A ideia de aumento da competitividade por meio do investimento em estratégias de RH vem do-
minando o cenário da administração de pessoas, e fornecendo ao treinamento um papel de vital impor-
tância nas organizações.
Aliou-se a isso o fato de que o desenvolvimento tecnológico vem demonstrando que, embora os
empregados possam ser substituídos por recursos avançados eletrônicos e digitais, eles não podem ser
completamente substituídos. Decorre, então, que a importância do capital humano nas empresas tende a
priorizar a qualidade do desempenho dos funcionários.
Reverteu-se, assim, a tendência de décadas atrás de promover uma inclusão em grande proporção
de pessoas dentro das empresas, em razão de ter sido superada a ideia de que a quantidade de emprega-
dos produziria um maior desenvolvimento e, consequentemente, melhor desempenho, especialmente na
área de vendas.
O treinamento inclui um somatório de atividades que vão desde a habilidade motora até o alcance
de um conhecimento técnico complexo, com a mudança de atitudes e de tomada de decisões e modifica-
ção de comportamentos habituais em função de problemas sociais que atingem o treinando.
Para Campos (2004), as empresas na contemporaneidade têm que se alinhar a novas formas de
progresso e comunicação, implementando estratégias de treinamento com a finalidade de manter seus
funcionários atualizados em relação às novas técnicas de trabalho em suas áreas profissionais, a concei-
tos atuais em termos de produtos e serviços e, ainda, aos objetivos da organização.
O método de Michael Porter, amplamente difundido, foi criticado por Aktouf (2002), e merece,
nos limites de nosso estudo, ter uma importante contradição apontada. Para Aktouf (2002), Porter, um
engenheiro de leitura heteróclita, baseou seu método na teoria do posicionamento estratégico, na sua
noção de “cadeia de valores integrados”, e no sucesso de sua publicação Competitive Advantage of Na-
tions.
A crítica de Aktouf (2002) se revela importante, dado que ela trata de uma crítica a erros ideo-
lógicos, metodológicos e epistemológicos de Porter. Segundo Aktouf (2002), Porter teria deixado de
considerar posições como a de Aristóteles, que regem a finalidade humana nas atividades.
Dessa crítica convém assinalar a ideia da vantagem, que ignora a desigualdade na competitivida-
de, e que inverte o fato de que é o ambiente que faz a estratégia corporativa e não o contrário.
Aktouf (2002) conclui que a macroeconomia não se submete à microeconômica e a políticas na-
cionais das decisões empresariais, sob pena de agravamento exponencial de desequilíbrios entre norte e
sul e entre os próprios fatores da produção (capital, trabalho e natureza).
O enlace entre o método Porter e as estratégias de treinamento nos faz pensar que a dimensão pro-
priamente humana dos recursos da organização tem ficado em segundo plano, e que fatores tais como
o temor do desemprego, o receio de desagradar os superiores, questões de insatisfação pessoal com as
atividades, entre outras, interferem no aprendizado e assimilação de informações.
Portanto, não basta que as técnicas empregadas no treinamento tenham objetivos claros, transpa-
rentes quanto à gestão empresarial, e que provenham diretamente do plano de ações levantado como
resultado da própria participação dos funcionários.
Campos (2004) também nos indica que há desconforto ou insegurança relacionados ao próprio
treinamento, mesmo que indiretamente, e que, portanto, para que o treinamento alcance seus objetivos,
devemos considerar no treinando a vontade de aprender, de reciclar-se e de mudar de atitudes.
Propõe a autora quatro pontos vitais para o treinamento:
• Ter em conta a percepção do funcionário e da empresa daquilo que deve ser melhorado, mas
dentro de um quadro de compatibilidade dessas percepções.
• O funcionário deve ter potencial e estar motivado para aprender, além de ter suas ansiedades e
medos detectados.
• Os princípios e valores implícitos no conteúdo devem ser praticados pelos superiores.
• O objetivo final a ser atingido deve estar bem definido.
Suas observações partem de uma crítica à visão sistêmica do treinamento, mais preocupada com o
contexto organizacional, e que transforma o treinamento em meio de suprir carências de conhecimentos,
habilidades e atitudes, para que se atinja o desempenho. Ocorre que esse desempenho deve estar em
consonância tanto com os objetivos da organização quanto com os do indivíduo.
A politica de pessoal de uma organização tem que estar em consonância com a politica geral da
empresa e, nesse sentido, a adoção de leis, tratados e Acordos Internacionais tem uma relevância muito
grande.
Atualmente, devido a pressões de organismos nacionais e internacionais ligados ao trabalho, fo-
ram desenvolvidas normas que permitem às organizações planejar e adaptar seus sistemas internos a um
conjunto de diplomas internacionais que regulam e definem as relações de trabalho no mundo.
Competência e manutenção
A “competência para o trabalho” é um termo que pode ser compreendido de maneira a indicar
dois significados. O primeiro deles implica um estudo do termo que surge na área da Administração em
1970. Frederick Taylor denominou competente aquela pessoa que está apta a desempenhar certas tarefas
que lhe são atribuídas com eficiência, apresentando os resultados esperados (CARBONE et al., 2006).
O segundo significado é aquele que indica um conjunto de atribuições que um trabalhador deve
desempenhar em uma organização. Esse segundo sentido é frequentemente encontrado em organizações
públicas.
Derivado do latim “competere” (estar em gozo ou no uso de ser capaz, pertencer ou ser próprio),
“competência” possui, na técnica jurídica, uma dupla aplicação: a) tanto significa a capacidade, no sen-
tido de aptidão, pela qual a pessoa pode exercitar ou fruir um direito; b) como significa a capacidade, no
sentido de poder, em virtude do qual a autoridade possui legalmente atribuição para conhecer certos atos
jurídicos e deliberar a seu respeito:
[...] Na terminologia do Direito Público, a competência administrativa indica a soma de poderes que as
leis outorgam às autoridades administrativas, para que possam administrar e gerir os negócios públi-
cos (DE PLÁCIDO E SILVA, 2010, p. 186).
A consideração pela motivação dos empregados recentemente foi mais uma vez alçada a uma
condição essencial enquanto área de interesse e pesquisa para os estudiosos das organizações e do tra-
balho. O foco, desde a Revolução Industrial até meados dos anos 1980, foi colocado na produtividade e
na eficiência do trabalho avaliado sob o modelo da máquina burocrática, desse modo, desvalorizando os
aspectos subjetivos e sociais dos trabalhadores:
Durante muitos anos este modelo de gestão (Taylorismo) foi utilizado pelas organizações, possuindo
como principal objetivo o aumento da produtividade, não levando em consideração os aspectos rela-
que se acumulava sobre a organização, sobre os procedimentos, sobre as tarefas, sobre todo o conjunto
de bens materiais e imateriais da empresa; e isso somente seria possível com uma valorização maior do
conhecimento dos trabalhadores.
Valores individuais
Segundo Katz e Kahn (1978), os principais componentes de uma organização são seus papéis, suas
normas e valores. Esses três elementos definem e orientam o funcionamento da empresa. Os valores são
recursos que a organização utiliza para criar, e conservar sua imagem social e autoestima (TAMAYO;
BORGES, 2001) e, apesar de terem um papel determinante na organização, os valores têm sido objeto
de pouca pesquisa empírica (TAMAYO; GONDIM, 1996).
Os valores referem-se às crenças básicas em uma organização e representam a essência de sua
filosofia para alcançar o sucesso, pois fornecem uma direção comum aos empregados e orientam o com-
portamento cotidiano (DEAL; KENNEDY, 1982).
A função dos valores é orientar a vida da empresa, guiar o comportamento de seus membros, ou
seja, é “[...] vincular as pessoas, de modo que elas permaneçam dentro do sistema e executem as funções
que lhes foram atribuídas” (KATZ; KAHN, 1978, p. 8).
De acordo com Tamayo e Oliveira (2004), existem três estratégias de identificação dos valores
organizacionais. A primeira consiste no levantamento dos valores pessoais dos membros da empresa
como estimativa de valores organizacionais (SEGO; HUI; LAW, 1997). Entretanto, a desvantagem nes-
sa abordagem, é a existência de incongruência entre os valores pessoais dos empregados e os valores
organizacionais.
A segunda envolve a análise de documentos oficiais da organização, tais como relatórios, discur-
sos, revistas, entrevistas, etc. A análise de conteúdo permite identificar com precisão os valores mais
enfatizados. Uma crítica a esse método é que foca valores presentes no papel, os quais não necessaria-
mente se encontram presentes na prática organizacional.
E a terceira abordagem, proposta por Tamayo e Gondim (1996, p. 7) é estudar os valores organiza-
cionais a partir da percepção que os empregados têm dos valores existentes e praticados em sua empresa.
O autor afirma que “[...] no discurso quotidiano dos empregados frequentemente podem ser observadas
análises diretas dos valores da sua organização ou alusões indiretas aos mesmos”.
Podemos definir, tendo a ótica empresarial, que o capital humano é, segundo Bautzer (2006, p.
23), basicamente formado “[...] pelos talentos e competências das pessoas”. Desse modo, podemos afir-
mar que a utilização desse “capital” “de forma que venha a fomentar um real diferencial vai depender da
estrutura de gestão de cada empresa”. Assim, torna-se necessário “[...] adequar em moldes democráticos
e criativos os modelos de gestão organizacional, focando o desenvolvimento das competências de seus
colaboradores”:
O fato é que as empresas de sucesso estão se transformando em organizações educadoras e em orga-
nizações do conhecimento agregado, onde a aprendizagem organizacional é incrementada e desenvol-
vida através de processos inteligentes de gestão. Nessas empresas, a gestão de recursos humanos está
totalmente comprometida em incrementar o capital intelectual e aplicá-lo cada vez mais com objetivo
focado na otimização e total aplicabilidade. As empresas e demais instituições, que são sociedades de
pessoas com objetivos bem definidos e baseados na geração de riqueza, fazem o papel de reunir e ope-
racionalizar o conhecimento e com isso conseguem maior eficiência e eficácia na gestão para atender
seus objetivos e cumprir suas missões (BAUTZER, 2006, p. 26).
Podemos entender, portanto, que é na perspectiva proposta por Bautzer (2006, p. 27) que reside
o sucesso empresarial. O capital intelectual, portanto, se torna um conceito fundamental para “as orga-
nizações que focam o desenvolvimento rumo ao futuro”. E é nesse âmbito que os gestores “passam a
ser a prioridade fundamental das empresas na busca do seu sucesso”. Segundo a referida autora, essa
nova perspectiva acerca do capital intelectual demonstra que, se o objetivo for reter e desenvolver o
conhecimento, as empresas têm como obrigação de oferecer um trabalho que seja desafiante, “[...] um
estímulo que agregue continuamente novas experiências e novos conhecimentos aos seus colaborado-
res” (BAUTZER, 2006, p. 29).
Assim, podemos afirmar, conforme Bautzer (2006), que o conhecimento que os funcionários pro-
porcionam e, ainda, que é incrementado pelas empresas acaba constituindo o que pode ser considerado
o maior patrimônio das empresas. Desse modo, podemos dizer que as “[...] empresas precisam desen-
volver estratégias claras de recursos humanos para poderem conquistar, reter e oportunizar a motivação
de seus talentos” (BAUTZER, 2006, p. 30). As empresas devem, ainda, desenvolver tais talentos, apli-
cando-os de forma adequada a departamentos ou funções “[...] através de ferramentas organizacionais
realmente fundamentadas em perspectivas práticas”:
Os funcionários que detêm o conhecimento tácito são os principais contribuintes para o sucesso da
organização. O êxito da organização depende, entre outras coisas, deles. As organizações estão se
transformando rapidamente em organizações de aprendizagem (Senge, P. A Quinta Disciplina) para
poderem aplicar adequadamente o conhecimento, rentabilizá-lo, obter retornos e, principalmente, fo-
mentar conhecimento através dos erros. Para serem bem-sucedidas na Era da Informação, as empresas
estão adotando a perspectiva da gestão do conhecimento e investindo fortemente nele. É uma questão
de sobrevivência e de competitividade, e não mais de vaidade acadêmica. Na verdade, é o capital
intelectual e não mais o capital financeiro que determina o valor de mercado de uma organização
(BAUTZER, 2006, p. 31).
Podemos confirmar, portanto, o que foi colocado no começo deste artigo, que novos modelos de
gestão apontam para uma verdadeira necessidade da gestão do capital intelectual, de modo que se en-
tenda que essa gestão de capital é um fator determinante e a esse capital se associam as questões éticas
de uma maneira bastante intensa, tendo em vista uma sociedade que se encontra na era da informação, a
qual, segundo Bautzer (2006, p. 32), ainda “[...] não atingiu maturidade em relação aos seus processos
humanos, sobretudo institucionalizados”:
O desafio da gestão do capital intelectual está em oportunizar uma leitura do modelo de relações, no
que tange à laboridade, entre o Homem e seu Trabalho, buscando uma maior adaptabilidade do sujeito
em relação à natureza e às exigências do mercado de trabalho; uma maior sociabilidade, desenvol-
vimento afetivo e solidez individual. O desenvolvimento das atividades organizacionais já nos leva
a considerar a empresa como uma enorme incubadora de talentos, aplicando a pessoa certa no lugar
certo, com um alto grau de envolvimento, comprometimento e motivação (BAUTZER, 2006, p. 33).
Com o passar do tempo, observamos, de forma bastante clara, que as relações estabelecidas no
mundo do trabalho se transformaram e evoluíram ao longo do tempo. Porém, ainda podemos observar
que existem organizações que se encontram numa época bastante antiga, na qual o funcionário é tratado
apenas como um servo ou, ainda, como na época de Taylor, na qual o trabalhador era apenas uma parte
da máquina, movido a incentivos e dinheiro:
Algumas mais “atuais” estão na era no teletrabalho, onde o trabalhador não tem que ir ao trabalho,
nem tem horário e nem chefe. O que devemos observar é que a organização e o trabalhador formam
um complexo processo de interação e este último deve passar a ser considerado quando o funcionário
passa a ser colaborador ou parceiro da organização (BAUTZER, 2006, p. 35).
Assim, de forma resumida, podemos entender que todos os funcionários de uma empresa devem,
de forma imperativa, contribuir de forma direta para a formação do capital intelectual dessa organização.
Para que essa contribuição seja efetiva, é necessário que a própria empresa desenvolva uma política que
seja “[...] clara, definida e principalmente um sistema de informações alicerçando suas ações de forma
a estabelecer as funções básicas de armazenagem de informações” (BAUTZER, 2006, p. 26). Desse
modo, cria-se um banco de dados e, assim, divulgando-os de forma objetiva e, assim, agrega valor.
Assim, as informações que compõem o capital intelectual de uma determinada empresa tomam,
inicialmente, um caráter que tem uma característica mais generalista e que se aprofunda de maneira mais
gradativa, ou se especializa em áreas de grande importância para o negócio da organização:
O fundamental para que uma organização forme seu capital intelectual, independentemente de porte e
segmento, é conseguir extrair de seus colaboradores e parceiros suas experiências e informações, que
deixam de ser apenas um conhecimento armazenado no âmbito da individualidade; ou seja, tácito, e
passe ser informação útil e disponível para a organização; ou seja, conhecimento socializado, que pode
ser compartilhado e gerar novos conhecimentos para outras pessoas, criando para a organização um
3. METODOLOGIA
• E descritiva, para abranger o tema proposto de modo que os leitores e interessados neste estu-
do possam compreender todo o trabalho, desde a origem das informações até a aplicabilidade
prática dos resultados obtidos, que, conforme Gil (2008), possui como objetivo a descrição das
características de uma população, fenômeno ou de uma experiência, e a pesquisa explicativa,
visando experimentar as informações obtidas pela pesquisa bibliográfica e comparando-as com
os dados obtidos por meio da pesquisa exploratória, que, segundo Gil (2008), tem como obje-
tivo primordial identificar fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrência de fe-
nômenos, sendo ela a que mais se aprofunda no conhecimento da realidade, e por isso mesmo,
está fortemente calcada em métodos experimentais.
Considerando a opinião de Silva e Menezes (2001), a natureza deste estudo será qualitativa, uma
vez que é a melhor opção para a análise do mundo real, demonstrando a importância do tema apresen-
tado sem haver a necessidade de quantificar as situações. Assim, lida com a integração das crenças,
valores, princípios e significados voltados para o problema do trabalho, não mantendo a influência de
variáveis.
Para tanto, como instrumentos de pesquisa, serão utilizados livros, artigos de periódicos virtuais
e sites na internet dos órgãos competentes que abrangem os assuntos abordados no trabalho, a fim de
auxiliar no desenvolvimento dos tópicos desejados.
O instrumento de coleta de dados será o fichamento de informações, cuja finalidade é organizar
os dados das pesquisas bibliográficas empreendidas no trabalho. Segundo Lakatos e Marconi (2000),
esse método auxilia o autor na análise individual e estrutura dos objetos estudados, melhorando o enten-
dimento do tema separada ou conjuntamente, auxiliando no desenvolvimento do texto, e abordando os
objetivos do estudo como um todo.
Para a análise de dados, será utilizada a metodologia indutiva, partindo de princípios particulares,
sendo possível chegar a determinada generalização do assunto, o que, de acordo com Santos (1999), é
fundamental para que haja a decorrência natural do trabalho, auxiliando o pesquisador no desenvolvi-
mento de uma melhor conclusão, voltada para o entendimento dos objetivos apresentados.
Mesmo com as grandes mudanças que ocorrem no cenário empresarial, ainda há empresas que
mantêm seus colaboradores no mesmo cargo, exercendo sempre as mesmas funções. Não há desafios
e muito menos perspectiva de plano de carreira. Geralmente são pequenas e médias empresas, que não
possuem uma estrutura adequada, ou seja, empresas que cresceram muito e perderam a visão do seu
pessoal, esquecendo que salários, benefícios e desenvolvimento profissional são fatores motivacionais.
Nas empresas de grande porte, o RH desenvolve programas com o objetivo de amenizar esse
problema, a fim de aperfeiçoar o capital humano. Utiliza ferramentas como programa de avaliação de
desempenho; programa de coaching e feedback, para acompanhar os indicadores; programa individual
de desenvolvimento para melhorar a performance e o programa de carreira, visando à retenção e a um
melhor aproveitamento de seus talentos.
Em síntese, plano de carreira é um roteiro de desenvolvimento profissional, que institui: metas,
oportunidades e estímulos ao desenvolvimento profissional dos colaboradores, de forma a contribuir
com a qualificação dos serviços prestados. Visto isso, todo o esforço organizacional para implantação do
plano de carreira, por maior que seja, não elimina a responsabilidade do próprio colaborador.
Hoje há interesse pela estabilidade, do mesmo modo em que há a busca do crescimento para
tornar-se um profissional de destaque. Diante disso, é necessário mostrar capacidade, competência e
investir principalmente no autodesenvolvimento por meio de cursos ou especializações, para conquistar
os objetivos e vencer as dificuldades existentes no mundo corporativo.
• Programa na intranet na qual as vagas em aberto são publicadas com os respectivos requisitos
e os colaboradores podem se inscrever para participar do processo seletivo.
• Uma vez ao ano, durante uma semana são realizadas palestras, jogos interativos, mensagens de
estímulo para pensar e agir sobre a carreira.
• Instrumento para orientar e identificar as expectativas de carreira entre colaborador e gestor.
A carreira pode ser definida como a trajetória profissional de um indivíduo ao longo de sua vida,
não somente aqueles estágios e transições pelo qual ele decidiu passar, mas também as influências re-
cebidas das organizações por onde passou. Então, podemos considerar que a carreira é fruto da relação
estabelecida entre empresa e empregado, envolvendo expectativas de ambos. Por isso a Gestão de Re-
cursos Humanos deve se preocupar com a administração de carreiras, pois ela é importante na retenção
de talentos e no estímulo ao desenvolvimento das pessoas, de modo que elas estejam motivadas também
com o desenvolvimento organizacional (DUTRA, 2007).
Em relação ao empregado, segundo London e Stumph (1982), para um bom planejamento da
carreira, é preciso, primeiramente, fazer uma autoavaliação de qualidades e interesses; em seguida,
estabelecer os objetivos de carreira, comparando-os com a autoavaliação e as oportunidades oferecidas
pela empresa; e, por fim, implementar esse plano, com o qual se deve buscar capacitação necessária e
desenvolvimento, de maneira que se possa conseguir as oportunidades necessárias para atingir os obje-
tivos planejados.
Em relação à empresa, o plano de carreira deve contemplar as competências e habilidades do indi-
víduo. O desenho de carreira desenvolvido pela organização pode variar de acordo com vários fatores,
dentre os quais podemos destacar: valores organizacionais, estratégias negociais, especificidade da cate-
goria profissional abrangida pela carreira, características do mercado de recursos humanos, entre outros
(DUTRA, 2007). Esse desenho pode ter três formas básicas: em linha, em rede e estruturas paralelas.
A estrutura em linha oferece apenas crescimento vertical, e o indivíduo pode ir acessando uma
série de posições, como degraus, e em cada posição é definido um conjunto de responsabilidades e atri-
buições necessárias para que se alcance tal posição. Geralmente, as colocações do topo são destinadas às
posições gerenciais. Esse tipo de estrutura ainda é o mais encontrado nas empresas, por ser mais simples,
porém o indivíduo tem pouca mobilidade, por só ter essa opção de trajetória.
A estrutura em rede “[...] caracteriza-se por apresentar várias opções para cada posição na em-
presa, permitindo à pessoa estabelecer sua trajetória a partir de critérios de acesso previamente estabe-
lecidos” (DUTRA, 2007, p. 25). Essa estrutura é mais flexível que a estrutura em linha, porém ainda
proporciona pouca mobilidade para o empregado, à medida que ele não interfere nos critérios e nas
posições estabelecidas pela empresa.
A estrutura paralela é definida por uma série de posições que o indivíduo pode escolher, porém,
diferentemente da carreira linear, possui divisão em duas direções distintas, à escolha do indivíduo, uma
ligada à estrutura organizacional e outra, à especialização profissional. Segundo Dutra (2007), essas
estruturas vêm ganhando maior aceitação nas empresas por possibilitarem ao indivíduo uma carreira
alternativa àquela ligada à estrutura da empresa.
Segundo Lacombe (2005, p. 12), carreira é a “[...] mobilidade e a ascensão profissional do em-
pregado pelo exercício de funções gerenciais ou, alternativamente, de funções técnicas na sua área de
especialidade”.
A carreira em Y – que permite que um profissional siga cargos de gestão ou se torne especialista
em uma área específica – é compatível com o negócio de empresas em que especialistas são tão impor-
tantes quanto os generalistas. Um exemplo são empresas de Tecnologia da Informação, que necessitam
de profissionais altamente especializados e não necessariamente com aptidões gerenciais.
Essa estrutura se caracteriza por oferecer uma série de posições a serem alcançadas, porém come-
çam por uma base (que significa as posições mais iniciais da carreira) e, à medida que as posições vão
progredindo, a estrutura se subdivide em dois braços, denominado braço técnico e braço gerencial, e o
indivíduo pode escolher, de acordo com seu perfil, o caminho que é mais compatível com suas qualifi-
cações e interesses.
O maior benefício desse tipo de estrutura de carreira é a possibilidade de atrair, motivar, desenvol-
ver e reter talentos, à medida em que leva em consideração as particularidades de seus profissionais. E,
de acordo com os novos rumos da Gestão de Recursos Humanos, a atração e retenção de pessoas está
diretamente ligada à estratégia, já que esses talentos são fundamentais para manutenção da vantagem
competitiva.
No braço técnico, a evolução na carreira depende da avaliação do profissional em relação aos
seguintes requisitos:
• Formação: compreende os dados básicos relativos à formação escolar da pessoa e sua evolução
acadêmica.
• Proficiência na língua inglesa: capacidade da pessoa em se expressar no idioma inglês, respei-
tando as habilidades (ler, escrever, falar e ouvir).
• Tempo na função: período de permanência (em anos), exercendo a função atual.
• Complexidade dos trabalhos: abrangência dos elementos que envolvem os trabalhos desenvol-
vidos pela pessoa. Profundidade e alcance dos conhecimentos requeridos para o exercício da
função.
• Resultado da gestão do desempenho: resultado “obtido” em relação às metas contratadas. Iden-
tifica a contribuição individual em relação ao desempenho global da empresa, base GEDP.
Diante da alta competitividade, as organizações estão buscando novos padrões de gestão empre-
sarial, focando nos talentos dos seus colaboradores. Os fatores cargo e salário deixaram de ser, dentro
da organização, um problema ou sinônimo de alto custo na folha de pagamento, para se transformar em
uma estratégia das empresas para conseguir de seus colaboradores a satisfação, elevar a produtividade
e a fidelidade.
Chiavenato (2004) afirma que a administração de salário é vista como sendo um conjunto de nor-
mas e procedimentos utilizados para estabelecer ou manter estruturas de salários equitativas, justas na
organização. Chiavenato (2004) descreve ainda que, como a organização é um conjunto integrado de
cargos em diferentes níveis hierárquicos e em diferentes setores de atividade, a administração salarial é
um assunto que envolve a organização como um todo, repercutindo em todos os seus níveis e setores.
Sendo assim, a avaliação do cargo permite que a organização atribua um valor relativo a cada car-
go e, a partir dessa atribuição, é possível hierarquizá-los e definir a remuneração por meio da pesquisa
salarial. Dutra (2007, p. 174) descreve que “[...] o cargo é constituído por um conjunto de tarefas que
caracterizam uma posição”. Assim, a administração de cargos e salários tem como função implementar,
dentro da organização, um sistema de remuneração que mantenha uma adequada relação vertical entre
os salários e a realidade do mercado, estabelecendo, assim, uma remuneração justa, aumentado a moti-
vação e a eficiência do colaborador.
Em uma organização, a administração de salário deve ser desenhada para atingir metas que tragam
resultados positivos tanto para organização como para o colaborador. Segundo Chiavenato (2004, p.
265):
[...] são seis os principais objetivos da administração de salário que deve ser desenhada para atingir
vários objetivos, tais como atrair e reter talentos na organização, motivação e comprometimento do
pessoal, aumento da produtividade e qualidade no trabalho, controle de custos laborais, tratamento
justo e equitativo das pessoas, cumprimento da legislação trabalhista.
Pontes (2006, p. 38) diz que o objetivo de um plano de cargos e salários:
[...] é atender a premissa do equilíbrio interno e externo, servir como instrumento das oportunidades
e desenvolvimento na empresa; tornar clara a política de salários, servir como base para subsistemas
de recursos humanos, como treinamento e desenvolvimento, planejamento, recrutamento e seleção,
provocar nas pessoas motivação e estímulos para melhorar suas qualificações profissionais.
Segundo Araújo (2006), a partir do estudo de Elton Mayo, entre 1924 e 1932, a consideração
quanto à motivação e à satisfação das pessoas passou a ser relevada, percebendo-se, então, que o salá-
rio isolado não constitui fator de motivação. Diante desse fato, sugiram diversas teorias motivacionais
que, atreladas ao salário, despertavam nas pessoas uma motivação, melhorando dessa forma a relação
empresa x colaborador.
Segundo Chiavenato (2004, p. 96), “[...] o homo economicus é motivado, não por estímulos sala-
riais e econômicos, mas por recompensas sociais e simbólicas”. Seguindo o mesmo pensamento, muitos
estudos foram iniciados no intuito de descobrir o que realmente poderia motivar as pessoas e, assim,
melhorar a relação empresa x colaborador. Maslow contribuiu bastaste para esse estudo, com a hierar-
quia das necessidades.
Pontes (2006) afirma que, ao vincular a teoria de Maslow à questão do salário, observa-se que o
salário contribui como uma espécie de respaldo para que o indivíduo possa atender suas necessidades
básicas, a exemplo de moradia e alimentação. A evolução contínua da Administração fez com que a re-
lação empresa x colaborador fosse se estreitando ao decorrer dos anos.
Com a Administração Moderna (Século XXI), o ponto forte das organizações está baseado no
conhecimento dos seus colaboradores, conhecimento este que beneficia tanto a empresa quanto o co-
laborador. Segundo Chiavenato (2004, p. 10), “[...] as pessoas podem aumentar ou reduzir as forças
e fraquezas de uma organização, dependendo da maneira como elas são tratadas”. Chiavenato (2004)
ainda esclarece que a moderna Gestão de Pessoas consiste em várias atividades integradas, como des-
crição e análise do cargo, avaliação de desempenho e demais atividades direcionadas à administração
de cargos e salários. Um dos principais desejos de uma pessoa é ter a oportunidade de desenvolver seus
conhecimentos profissionais e ter o seu trabalho reconhecido pela empresa. As pessoas desejam saber
até que ponto elas podem evoluir na sua carreira dentro da empresa e as respostas podem ser facilmente
encontradas no plano de cargos e salários bem estruturado dentro da empresa.
As pessoas são elementos-chaves para o sucesso das organizações, pois podem ser consideradas
como agentes econômicos responsáveis também pelo resultado global da empresa. Atualmente manter
uma vantagem competitiva significa ter uma força de trabalho altamente comprometida e competente
(DESSLER, 2003). Daí o conceito de Capital Humano: já que as empresas dependem cada vez mais
dessas pessoas, é imprescindível que elas estejam comprometidas com as estratégias organizacionais.
Assim, os sistemas clássicos de Administração em Recursos Humanos, cujo objetivo era apenas manter
o indivíduo na organização, vêm passando por um processo de transformação, tomando um enfoque
estratégico.
Atualmente, a Gestão de Recursos Humanos está diretamente ligada à gestão estratégica da or-
ganização, o que faz com que o Capital Humano de uma empresa seja reconhecido como fonte de
vantagem competitiva. Por isso, é importante que as políticas e práticas organizacionais em relação ao
programa de cargos, remuneração e carreira sejam determinados de maneira a incentivar e recompensar
o desempenho, de modo que as pessoas se sintam motivadas a transformar os resultados da organização
em que estão inseridas.
Apesar das mudanças que vêm ocorrendo no ambiente organizacional, segundo Albuquerque e
Oliveira (2001, p. 18), os sistemas baseados em cargos ainda são a forma de gestão mais comumente
encontrada nas organizações, “[...] embora venham sendo crescentemente questionados por sua inflexi-
bilidade e dificuldade de compatibilização com as novas formas organizacionais e com a velocidade da
organização do trabalho”. Assim, o sistema baseado em cargos é considerado como sistema tradicional,
enquanto os novos modelos de gestão baseados em competências são denominados de sistemas contem-
porâneos, que começam a se mostrar como tendência a ser adotada pelas empresas.
O conceito de cargo é o conjunto de funções e tarefas desempenhadas, e relaciona-se com a posi-
ção desse cargo dentro do organograma da empresa. O sistema tradicional considera que cada cargo tem
um valor que pode ser determinado; por isso, a descrição de cargos é um elemento importante para esse
sistema. Uma descrição de cargos geralmente possui denominação, objetivo, principais tarefas executa-
das e, em alguns casos, os requisitos necessários para seu exercício. O desenho de cargos também lista
Mediante tudo que foi exposto até aqui, é possível perceber que a motivação acontece por meio
do incentivo com base em remuneração e benefícios, em motivar seus vendedores, tendo como pano de
fundo a retenção dos talentos.
Tendo em vista que o profissional de talento é o elemento capital na procura por criar e implemen-
tar soluções diferençadas, a preocupação das organizações deve girar ao redor da forma de reter o talen-
to. Isso porque reter um talento na organização não é uma tarefa fácil e tem se tornado crescentemente
mais difícil, em razão das transformações no panorama competitivo e nas atitudes e valores, além de na
forma de recompensa pelo trabalho prestado.
Em razão disso, a manutenção e a retenção de talentos têm se tornado um grande desafio para os
gestores de empresa, sendo que a área de Recursos Humanos possui uma função basilar nesse esforço, e
os debates em torno da forma de atrair talentos têm dado lugar àqueles dedicados a como retê-los.
Destarte, manter talentos consiste em um empenho gasto na tentativa de fazer com que os profis-
sionais de talentos permaneçam satisfeitos e engajados em conseguir sempre melhores resultados para
a organização na qual trabalham e, que ao mesmo tempo, não encontrem motivos para deixá-la. Assim,
as teorias debatidas tiveram como principal foco, com seus planejamentos de recompensa, a retenção de
seus respectivos talentos.
De modo geral, podemos perceber que essas teorias são baseadas no incentivo por meio de recom-
pensas econômicas, benfeitorias e reconhecimento, deixando saliente que o nível de comprometimento
dos funcionários/colaboradores é dependente da geração de um sistema de gestão no qual a satisfação
dos objetivos particulares estivesse diretamente correlacionado aos objetivos organizacionais, sendo que
há uma íntima relação entre uma maior dedicação destes com o nível de recompensas.
Como fatores motivadores das empresas, podemos apontar a busca pelo dinheiro, com a adoção
de um sistema de pagamento de acordo com os resultados alcançados, com o qual se busca gerar uma
ligação precisa de dependência entre comprometimento, esforço e recompensa, tendo se revelado como
um modo eficiente no processo de estimulação do empenho dos trabalhadores. Além disso, também foi
constatado o reconhecimento como objeto intensamente motivador.
Acrescenta-se, por fim, que, ainda que o dinheiro consista em uma das ferramentas mais em-
pregadas pelas empresas em debate, para obter o comprometimento e o empenho dos funcionários/
colaboradores, é necessário também apontar que seria ainda mais interessante que, em tais empresas,
o “reconhecimento” fosse tão ou mais forte que o sistema de recompensas, pois a realização humana e
profissional consiste em um fator de motivação elementar, uma vez que, depois de cada fase suplantada,
intensifica-se o desejo de conquistar novos e superiores níveis de realização pessoal, não sendo algo
mecânico como o processo de motivação por recompensas.
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1
Fernanda Ferreira da Silva Magalhães. Bacharelanda em Engenharia de Produção pelo Claretiano – Centro Universitário. E-mail: <engebmagalhaes@gmail.com>.
2
Diego Fernandes Silva. Mestrando em Administração das Organizações pela Universidade de São Paulo (USP). Especialista em Engenharia e Inovação pelo
Centro Universitário Uniseb. Bacharel em Engenharia de Produção pela Universidade de Franca (Unifran). Atualmente é professor e auxiliar de coordenação
do curso de Engenharia de Produção no Claretiano – Centro Universitário. E-mail: <diegosilva@claretiano.edu.br>.
1. INTRODUÇÃO
Neste cenário mundial, em que o fator globalização tem sido muito relevante quando se fala no
aumento da competitividade entre as empresas, estas se mantêm engajadas na busca de ferramentas
que proporcionem vantagens perante o mercado econômico, aliadas a um ambiente de trabalho seguro
e saudável. Por isso, uma questão central surge: como reduzir ou minimizar os acidentes e doenças do
trabalho?
Aspectos como custo, qualidade e sustentabilidade estão diretamente relacionados à busca por
vantagem competitiva, e ainda devem agregar valores à qualidade de vida dos trabalhadores (FER-
MAM; FONSECA, 2013).
Os sistemas de gestão de segurança e saúde possuem certa relevância em uma conjuntura de
integração dos setores de uma organização, pois, com as pressões de trabalho, a baixa qualificação de
mão de obra e o pouco tempo de execução das atividades, as dificuldades tendem a aumentar signifi-
cativamente, o que pode ocasionar diversas anomalias, como os acidentes de trabalho. É denominado
acidente de trabalho aquele que acontece durante o trabalho a serviço da empresa, provocando perturba-
ção funcional que cause morte ou mesmo uma lesão corporal, a redução ou perda da capacidade para o
trabalho permanente ou temporário (BRASIL, 1991). Os acidentes de trabalho ocorrem com frequência
nas empresas e, quando não há um controle dos riscos das atividades, a probabilidade de ocorrências dos
acidentes é ainda maior.
A saúde e segurança do trabalho tratam da proteção da saúde dos colaboradores de uma empresa
e da prevenção de doenças e acidentes advindos do trabalho realizado, tendo como principal objetivo a
melhoria das condições de trabalho. A falta de controle na prevenção de doenças e acidentes, de acordo
com Vasconcelos et al. (2006), resulta em custos diretos e indiretos do processo de produção, os quais
podem gerar grandes prejuízos para as empresas e os stakeholders (partes interessadas, acionistas etc.).
Dessa forma, investir em saúde e segurança do trabalho significa contribuir para a qualidade e produti-
vidade do trabalho e para a redução de custos de uma organização, tornando-a mais competitiva. Com
a implantação de um sistema de gestão, ela terá ferramentas que irão auxiliar na padronização das ati-
vidades, na identificação dos perigos e riscos, na proposição de medidas de controle, no atendimento
às legislações aplicáveis, no envolvimento da alta direção de uma organização na gestão das informa-
ções (por meio da definição de indicadores de segurança e saúde), e na capacitação da mão de obra da
empresa para a execução das atividades de forma segura, por meio da avaliação dos perigos e riscos
envolvidos nas atividades.
O controle e a prevenção de doenças e acidentes são abordados da mesma maneira nos setores in-
dustriais e de prestação de serviços, porém alguns setores apresentam um maior grau de risco que outros.
Por exemplo, a mineração apresenta a maior classificação de grau de risco, 4, em uma escala que vai de
1 a 4, segundo classificação da Norma Regulamentadora 4 (MTE, 2008), o que se reflete em uma maior
exposição do trabalhador ao risco e maior ocorrência de acidentes. É notável que esse setor industrial é
considerado um dos mais arriscados, com altos índices de acidentes graves ou fatais (BRANCO, 2010).
E, por ser um ramo importante para o desenvolvimento do país, requerem-se cuidados especiais com
seus riscos, a partir de meios de controles eficientes, para que não haja condições para eventos inopor-
tunos, tais como os acidentes do trabalho.
Baseando-se em trabalhos de diversos autores, foram identificados os principais riscos aos quais
os trabalhadores estão expostos em uma mineração de pedra britada. São eles:
• Poeira de sílica: pode provocar a silicose, principal doença pulmonar e uma das maiores preo-
cupações ocupacionais (GRUENZNER, 2006; GABAS, 2008).
• Ruído: a exposição a níveis elevados sem devida proteção pode causar perdas auditivas irrever-
síveis (SCHRAGE, 2005).
• Incêndios e explosões: são associados a lubrificantes, explosivos e outros materiais combustí-
veis e têm, como consequências, perdas materiais e morte de um ou mais trabalhadores (IRA-
MINA, 1996).
Ling. Acadêmica, Batatais, v. 8, n. 1, p. 33-44, jan/jun. 2018
36
• Estabilidade do talude: blocos de rocha podem se desprender dos taludes e atingir veículos e
trabalhadores no local.
• Quedas: o trabalho em bancadas com alturas de 10 a 20 metros expõe o trabalhador a possíveis
quedas durante sua atividade.
• Acidentes gerais: podem acontecer com os trabalhadores ao lidar com movimentação de má-
quinas, elementos móveis (correias), pisos escorregadios e/ou irregulares, produtos e ferramen-
tas durante todo o período de trabalho (MENDES, 2001). Cortes e esmagamento de membros
também podem ocorrer em determinadas atividades. Inclui contato com produtos químicos,
principalmente na pele e nos olhos, podendo causar queimaduras e cegueira. Fragmentos de
rocha podem atingir os trabalhadores devido à instabilidade dos taludes (ZEA HUALLANCA,
2004).
• Calor: a exposição do trabalhador ao sol pode levar a estresse térmico, queimaduras, desidra-
tação etc. (MORAN et al., 2004).
• Ergonômicos: presentes na maioria das atividades. As lesões são causadas por má postura e
repetição de movimentos, além de esforços excessivos no uso de equipamentos pesados (MAS-
CIA, 1997).
• Vibração mecânica: a exposição prolongada pode provocar problemas vasculares, neurológi-
cos, musculares e articulares (CUNHA, 2006).
Em virtude da maior conscientização e preocupação das empresas e dos empregados, o panorama
da segurança do trabalho no Brasil tem se alterado, de modo que o que, antes, era considerado custo,
hoje, é visto como investimento. Paralelamente, a legislação específica para mineração está se atuali-
zando e a fiscalização está cada vez mais atuante e rigorosa. Tais fatores contribuem para uma melhoria
nas condições de saúde, higiene e segurança no setor.
Uma política de Saúde e Segurança do Trabalho (SST) contribui para o estabelecimento das mu-
danças e melhorias propostas, já que promove um maior comprometimento da gerência da empresa
(LIMA, 2002). A Norma Regulamentadora 22 (NR-22: Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração)
determina a elaboração do Programa de Gerenciamento de Risco (PGR), obrigando as empresas do setor
de mineração a agir de modo preventivo, garantindo, assim, a saúde e a segurança dos trabalhadores
(BARREIROS, 2002).
Dessa forma, a identificação e o controle dos riscos são imprescindíveis para a prevenção e para
o PGR.
O presente trabalho tem por objetivo geral analisar os aspectos relacionados ao desenvolvimento
de um sistema de gestão de segurança e saúde de uma empresa no ramo de mineração, por meio de pes-
quisa bibliográfica e relato de experiência. A ideia principal é mostrar que a implementação do sistema
de gestão contribui para a redução dos acidentes e doenças do trabalho. Trata-se de um estudo descritivo
exploratório e de natureza qualitativa, baseado no relato de experiência vivenciado entre o período de
2010 e 2016 em uma empresa do setor de mineração no estado de Goiás.
2. DESENVOLVIMENTO
dores contra os riscos profissionais no local de trabalho e da segurança e saúde do trabalhador e do meio
ambiente do trabalho em geral.
No Brasil, o Decreto-lei nº 1.985, de 1940, já estabelecia a competência do Ministério da Agricul-
tura para fiscalizar e estabelecer normas de trabalho nas minas. Logo depois, em 1943, as leis relativas
à proteção do trabalho foram agrupadas na Consolidação das Leis do Trabalho – CLT (Decreto-lei nº
5.452, de 1943). A participação dos trabalhadores na gestão de saúde e segurança foi consolidada em
1968 (Criação das Cipas) e em 1972 (criação dos serviços de medicina do trabalho e engenharia de
segurança do trabalho). A Constituição Federal de 1988 estabeleceu direitos relativos à Segurança do
Trabalho para os trabalhadores.
Nos anos seguintes, com a publicação das NRs, houve ainda maior desenvolvimento regulatório
relacionado à saúde e à segurança na mineração. Globalmente pode ser citada a promulgação da Con-
venção nº 176 (1995), que trata da saúde e segurança na atividade de mineração e incorpora temas de
saúde e segurança definidos por outras convenções, e seria ratificada pelo Brasil apenas 10 anos depois.
No Brasil, após mais de 20 anos em vigor, a antiga NR 22 (Trabalhos Subterrâneos) teve nova redação
dada pela Portaria nº 2.037, de 1999, considerando as propostas de regulamentação apresentadas no
Grupo de Trabalho Tripartite — GTT/Mineração, constituído em 1997, e na Comissão Tripartite Paritá-
ria Permanente — CTPP, instituída em 1996. A NR passou a abordar especificamente a saúde e seguran-
ça do trabalho nas atividades de mineração.
Paralelamente, o movimento para organizar a gestão da qualidade e a gestão ambiental, em me-
ados de 2005, também impulsionou a discussão sobre a formulação de uma norma ISO sobre saúde e
segurança. Grandes empresas multinacionais utilizavam a norma BS 8800 (lançada em 1996) como pa-
drão. Um grupo da ISO (International Organization for Standardization) estruturou a norma ISO 18000.
Com o veto americano à sua criação, a BSI – British Standards International (1999) e outras empresas
certificadoras criaram OHSAS 18001, que passou a ser implementada a partir de 1999 em diversas
organizações. A OHSAS 18001 teve forte adesão no Brasil. No final de 2011, eram estimadas mais de
740 organizações brasileiras certificadas por ela (ANUÁRIO BRASILEIRO DE PROTEÇÃO, 2011),
incluindo várias empresas do setor de mineração nacionais e empresas multinacionais que operam no
Brasil.
Referente aos fatores organizacionais, Harrisson e Legendre (2003) os consideram como a cultura
de segurança, que elimina fatores de riscos latentes – aqueles que estão presentes na organização, mas
não são visíveis e nem percebidos seus impactos imediatos na segurança, ficam ocultos (por exemplo,
decisões gerenciais de aumentar o excesso de jornada de trabalho), e são considerados tão prejudiciais
quanto os fatores patogênicos (químicos, físicos e biológicos). Vuuren (2000) classifica os fatores or-
ganizacionais que influenciam os acidentes de trabalho em fatores relativos à estrutura da organização,
fatores relativos a estratégias e objetivos, e fatores relativos à cultura e segurança. Segundo ele, é con-
siderável o impacto da cultura de segurança nas causas de acidente e no gerenciamento do risco. Uma
pesquisa realizada por este autor mostra que de 35 a 40% dos fatores relacionados aos acidentes de
trabalho têm origens organizacionais. Esse dado é relevante, diante do tradicional foco dado aos fatores
humanos e tecnológicos como causas de acidentes.
Segundo a International Atomic Energy Agency – IAEA (2002), pesquisas sobre acidentes indi-
cam que problemas com a cultura impactam a segurança nas organizações, tanto em países desenvolvi-
dos como naqueles em desenvolvimento. Por isto, atualmente, o foco da maioria da indústria nuclear,
por exemplo, está no esforço para melhorar a cultura de segurança, que pode ser realizado em qualquer
momento da existência de uma organização.
Com objetivo de reduzir os acidentes de trabalho, a Organização Internacional do Trabalho (OIT,
2011) recomenda a implantação de um Sistema de Gestão de Segurança do Trabalho (SGST) nas em-
presas para o gerenciamento dos riscos existentes, além de propor uma norma para guiar a implantação
do SGST.
O desempenho dos sistemas de gestão SMS (Segurança, Meio Ambiente e Saúde) geralmente se-
gue uma mesma linha transitória, depende da integridade física dos equipamentos e dos procedimentos
serem bem elaborados. Um sistema de gestão eficiente propicia uma melhora na cultura de SMS, visto
que as atitudes e a motivação dos funcionários acarretarão uma maior percepção dos riscos. Assim, a
partir da melhoria contínua da gestão, há a redução de acidentes, conforme observado na Figura 2.
Figura 2. Melhoria contínua da gestão.
As empresas com uma cultura mais participativa e com flexibilidade em suas regras dão mais es-
paço para o empregado opinar e exercer a sua atividade com maior liberdade (SATO, 2002). Isso motiva
o trabalhador a encontrar sentido em sua atividade laboral e torna o ambiente de trabalho mais saudável.
Assim, o labor passa a ser uma atividade que realiza o indivíduo, fazendo valer a pena o enfrentamento
das adversidades oriundas do trabalho e, consequentemente, ele não se acidenta.
3. RESULTADOS
Devido ao cenário ruim com relação aos acidentes do trabalho no setor de Pesquisa e Prospecção
Mineral da empresa de mineração no norte de Goiás no ano de 2010, e por estar realizando atividades
dentro de uma empresa que buscava a certificação nas Normas OHSAS 18001 no mesmo ano, o setor
tomou a decisão de ter, em seu quadro de funcionários, uma equipe para lidar com as questões de segu-
rança/saúde e implementar o sistema de gestão em seus projetos de pesquisa e prospecção pelo Brasil.
Com a contratação de um consultor para verificar em qual situação estava o setor perante os pro-
cedimentos corporativos, foi disponibilizada uma lista de ferramentas com base nos procedimentos cor-
porativos, na filosofia da empresa, na Norma OHSAS 18001, na Norma Regulamentadora para que se
desse início à longa caminhada para redução dos acidentes do trabalho. Passados os anos, as evoluções
do sistema foram acontecendo, o processo amadurecendo e os parâmetros cada vez mais aprimorados.
Em 2011, o setor de Pesquisa e Prospecção Mineral recebeu, pela primeira vez, sua auditoria ex-
terna, processo pelo qual passavam todas as unidades do grupo, porque acreditava que, atendendo aos
procedimentos definidos que estavam alinhados com todas as normas referentes à gestão de segurança
do trabalho existente no Brasil, estaria contribuindo para a mudança de cultura e efetivamente para um
melhor ambiente de trabalho, com máquinas e ferramentas em boas condições, perigos e riscos contro-
lados e a redução dos acidentes como objetivo maior.
No Gráfico 1, será apresentada a evolução dos resultados das auditorias e, no Gráfico 2, os aciden-
tes do trabalho. Traduzindo os gráficos, podemos perceber que, a cada ano, o atendimento dos procedi-
mentos foi se aproximando da meta e, da mesma forma, os acidentes foram reduzidos. A partir do ano
de 2014, percebendo o amadurecimento de seus colaboradores, a empresa lançou a campanha “Zero é
possível”, com o lema “Eu cuido de você e você cuida de mim”, promovendo e disseminando esses va-
lores a todos, com uma busca constante para que se alcançasse tal objetivo, pois acreditava ser possível
e se tornou um valor para a corporação.
Gráfico 1. Resultados de implementação do Sistema de Gestão de Saúde e Segurança.
A cada ano, a evolução do sistema de gestão de segurança e saúde é visível e isso se reflete nos
resultados dos acidentes do trabalho, conforme Gráfico 2.
Com isso, para competir com outras empresas, o fator segurança e saúde do trabalho torna-se
fundamental para as empresas que queiram se destacar no cenário nacional e internacional, pois, com
a redução do número de acidentes do trabalho – que, consequentemente leva à perda da capacidade de
trabalho do trabalhador acidentado –, a produtividade da empresa aumenta, bem como o grau de satisfa-
ção dos funcionários, por estarem trabalhando em uma empresa que acredita que nenhuma tarefa é tão
importante ou urgente que possa ser feita sem segurança.
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Palavras-chave: Modernidade. Gestor Público. Novas Ferramentas. Flexibilidade. Concretização de Metas. Objetivos
Previstos.
1
Agostinho Fernando Adami. Mestre em Agroecologia e Desenvolvimento Rural pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Especialista em
Agronegócios pela Universidade Federal de Lavras (UFL). Bacharel emAdministração Geral. Docente e coordenador de cursos no Claretiano – Centro Universitário.
E-mail: <agostinho.claretiano@gmail.com>.
2
Jair Alves Martins. Especialista em Gestão Pública pelo Claretiano – Centro Universitário; Bacharel em Planejamento Administrativo e Programação
Econômica pela mesma instituição. E-mail: <jamartinsx@gmail.com>.
3
De acordo com Rocha (2009), a partir dos anos de 1990, destaca-se no Brasil a gestão pública participativa, em várias cidades, com apoio popular e sucesso
de gestão, o que evidencia a importância e a vitalidade da participação da sociedade no processo de construção da cidadania e, consequentemente, no processo
de gestão. Dessa forma, em um cenário de mudanças constantes, emerge uma nova cultura política, que, segundo Rocha (2009), está “vinculada à dimensão dos
direitos sociais inscritos na Constituição Federal de 1988 e à pluralidade de atores sociais com presença na cena pública brasileira nas três esferas de governo”.
Keywords: Modernity. Public Manager. New Tools. Flexibility. Achievement of Goals. Expected Objectives.
1. INTRODUÇÃO
Na modernidade, os desafios do gestor público são crescentes e carecem de novas ferramentas que
possam propiciar soluções aos mais diversos problemas, cujas variáveis4 (variáveis não controladas)
prescindem de estratégias que possam responder positivamente ao controle e equilíbrio das demandas
sociais e políticas da gestão pública em geral.
A busca incessante pela obtenção de respostas às carências governamentais conduziu os trabalhos
do economista Carlos Matus Romo, que prosseguiu ininterrupto mesmo após seu afastamento, em 1973,
da função de Ministro da Economia do governo chileno para se dedicar integralmente ao trabalho de
pesquisas e aprimoramento das técnicas de planejamento organizacional, objetivando a melhoria dessa
ferramenta como um sistema de impacto positivo nas decisões de governo. Como resultado dos esforços
dispendidos, Romo logrou grande êxito com seus estudos sobre planejamento estratégico: com foco
no estudo dos problemas inerentes às questões de melhoria da governabilidade, tornou-se protagonista
de renome mundial, com destaque nas Américas do Sul e Central. Graças a sua dedicação exaustiva e
ininterrupta, e à aplicação sistemática dos conhecimentos adquiridos a partir de seus estudos, Romo de-
senvolve o sistema de planejamento denominado de Planejamento Estratégico Situacional (PES).
O presente artigo objetiva trazer a lume os aspectos relevantes do PES no contexto da gestão pú-
blica, com base nos estudos de Carlos Matus Romo. Para a construção do trabalho, utilizou-se a meto-
dologia de revisão bibliográfica, das mais variadas fontes literárias, como, por exemplo, livros, revistas
cientificas, textos científicos, sites da internet, entre outros.
2. DESENVOLVIMENTO
4
Variáveis: As organizações possuem dois ambientes, que são classificados como interno e externo. No ambiente externo, as variáveis são incontroláveis pela
organização, tendo ela que se prover de estratégias para enfrentar as variações desse ambiente.
5
Entende-se no texto o governismo como sendo um governo autoritário, com traços de abuso de poder, exercendo a gestão como forma de manutenção de poder.
Se o homem, um governo ou uma instituição renuncia a conduzir e deixa-se conduzir, desiste de do-
minar e é arrastado pelos fatos, abdica então da principal liberdade humana, que é tentar decidir por
nós e para nós aonde queremos chegar e como lutar para alcançar nossos objetivos.
O planejamento é assim uma ferramenta das lutas permanentes que o homem trava desde o início da
humanidade para conquistar graus crescentes de liberdade. Quando o homem não conhecia o fogo,
não dispunha da liberdade de escolher entre o frio e o calor; quando o descobre, pode optar. Em termos
de planejamento situacional, poderíamos dizer que é capaz de converter uma variante em uma opção.
Pode optar por não passar frio. Antes que o homem ganhasse essa liberdade, ele não podia converter
essa disjuntiva numa opção; estava determinado por uma variante.
Usamos o termo variante quando o planejador se encontra ante uma alternativa na qual não tem poder
de decidir e a realidade decide por ele.
Sob o aspecto contextual (decisório) do controle da realidade na gestão das políticas públicas, Ma-
tus (1993) considera que o planejamento situacional é a estratégia indicada para a tomada de decisões,
conforme exemplificado na Tabela 1 (a seguir):
Tabela 1. Questões problemáticas.
QUESTÕES PROBLEMÁTICAS POSSÍVEIS ESTRATÉGIAS INDICADAS
Uso repetitivo de controle (gestão centralizada) Optar por controle interativo do “cenário” (ampliar
apresenta conflito interatividade entre os atores e gestores);
Existem grupos influentes que determinam objetivos Análise situacional do problema e reconstrução
alheios à realidade; estratégica das ações;
Na tabela, de forma genérica, buscam-se indicar estratégias adequadas para as questões problemá-
ticas, baseando tais indicações na teoria administrativa e na argumentação de Matus (1993, p. 200-201):
Na concepção de um método de planejamento, o importante é sua eficácia social e não sua viabilidade
prática plena e imediata. Um método novo não pode simplesmente adaptar-se à informação disponível,
às organizações existentes e ao estilo de práticas estabelecidas. Um novo método demanda nova infor-
mação, novas organizações, novas práticas e novas mentalidades. Por vezes, isso exige novos atores.
Assim ocorreu com o planejamento normativo, que, entre outras coisas, forçou o desenvolvimento da
contabilidade social, a criação dos atuais gabinetes de planejamento e o estabelecimento de uma prá-
tica de planejamento até então inexistente.
As proposições do PES, ainda segundo o mesmo autor, são objetivas no sentido de que as mudan-
ças no cenário da gestão pública implicam que os agentes predominantes de mudança são os atores so-
ciais que constituem centros de controle de poder; muitas vezes, eles são representados por instituições
(igrejas, sindicatos etc.), uma vez que esses atores e instituições são forças sociais que alteram e exercem
influência decisória na consecução de objetivos comuns (entre as políticas públicas e o controle da re-
alidade do cenário). Notadamente, Matus (1993, p. 235) conceitua tais mudanças, conforme indicado a
seguir:
A situação pode mudar por diversas razões, e isso pode ter diferentes consequências. Os fatores capa-
zes de produzir uma mudança situacional são, sinteticamente, os seguintes:
I projetos (ações, politicas etc.) produzidos pelas forças sociais, mediante um cálculo de planejamento
ou de forma improvisada;
II tendências situacionais, ou seja, o movimento que está contido na situação, ainda que não seja pos-
sível distinguir, com rigor, as forças sociais causadoras de tal movimento;
III. Mudanças no cenário internacional, em que há produção de eventos com atores internacionais
identificáveis, ou tendências que imprimem movimento aos elementos que expressam as relações en-
tre a situação nacional e o cenário internacional. Ambas as vias podem afetar as relações de intercâm-
bio feno-produtivo, as relações de articulação feno-estrutural e as relações de inserção geno-estrutural
que caracterizam uma situação no contexto de seu cenário ou subcenários pertinentes;
IV. O acaso, como a produção de eventos e acontecimentos que escapam não só ao cálculo de plane-
jamento como também à imaginação dos atores sociais.
Estão implícitos por acréscimo (ao contexto), segundo o entendimento de Matus (1993), que o
planejamento baseia-se menos na capacidade das predições e mais em prerrogativas de cunho técnico,
no que tange à previsão dos acontecimentos (no âmbito do referido cenário), em que tudo acontece em
tempo real. Assim, decorre da aplicação da estratégia situacional a conquista dos objetivos das políti-
cas públicas de gestão, a exemplo de uma arena teatral, onde o cenário é o aglomerado das situações
condicionantes, as quais impingem ao plano os impactos da realidade, do conjunto, das condições e das
proposições diretivas a serem controladas. Desse modo, temos, na sistemática do PES, uma ferramenta
capaz de antecipar e dar respostas positivas em face das referidas variantes, a partir das ações pratica-
das pelos gestores e atores do cenário (gestão pública), consoante as seguintes considerações de Matus
(1993, p. 248-249):
A construção do cenário baseia-se na segurança das invariantes e das tendências longas para explorar
o movimento incerto e imaginável, provável, possível ou desejável das variantes selecionadas como
críticas para o plano, e, assim, prever as opções de ação pertinentes ao cumprimento de uma situa-
ção-objetivo que pertence ao espaço direcional do ator, caso se materialize um determinado cenário.
Como não se trata de adivinhar o futuro, o plano deve situar-se em vários cenários possíveis e rele-
vantes.
Assim, um cenário é uma forma de articulação de um conjunto de variantes incertas e opções admissí-
veis no contexto seguro das invariantes. Surge, assim, a necessidade de formular diversos planos para
fazer face às distintas contingências previstas. Em vez de tentar adivinhar o futuro, a técnica de cená-
rios convida-nos a tentar predizer as fronteiras do espaço dentro do qual podem ocorrer as variantes,
a fim de ter antecipadamente planos de contingência para enfrentá-las.
Ao fazer referência ao trabalho de Matus (1993), em artigo denominado “Planejamento e Gerên-
cia no Enfoque Estratégico Situacional”, Azevedo (1992) salienta que há uma tendente preocupação no
sentido de tornar a máquina pública não apenas eficiente, mas também eficaz (premissa da administra-
ção científica). Nesse contexto, os aspectos sociais e técnico-políticos, em geral, carecem de ações e
estratégias políticas em tempo real (situacionais). Destarte, conclui-se que a prática do governismo e as
mazelas da politicagem precisam ser, se não erradicadas, ao menos minoradas, em razão dos impactos
negativos, os quais têm causado grande retrocesso econômico, financeiro e social no contexto da gestão
pública.
Há uma crescente preocupação com a questão da mudança da máquina pública, no sentido de tor-
ná-la não apenas eficiente, mas também eficaz e passível de controle social. Incorpora-se, então,
a compreensão do processo de mudança da máquina pública como mudança social e, para tal, a
necessidade de um enfoque político e estratégico (AZEVEDO, 1992, p. 129).
Dantas (2014) traz importantes argumentos e considerações, referentes à aplicabilidade contextual
do PES quando analisado em uma visão situacional, nas quais resume, com pertinente objetividade, o
alcance consequente da aplicação dessa ferramenta, no contexto do controle e previsão da realidade,
tendo por foco a eficiência da máquina pública no cenário de gestão. Nesse cenário, sabe-se que os atos
praticados em determinado momento, produzem situações não controladas, pois interagem com fatos
sobre os quais não se conhecem as consequências, senão após a ocorrência de seus desdobramentos em
momento posterior, reduzindo ou anulando, assim, a eficácia de controle. Ainda com relação à importân-
cia da análise situacional e das informações no processo decisório, Dantas (2014, [n.p.]) destaca:
Mediação entre o Presente e o Futuro. Todas as decisões que tomamos hoje têm múltiplos efeitos
sobre o futuro porque dependem não só da minha avaliação sobre fatos presentes, mas da evolução
futura de processos que não controlamos, fatos que ainda não conhecemos. Portanto, os critérios que
utilizamos para decidir as ações na atualidade serão mais ou menos eficazes se antecipadamente pu-
dermos analisar sua eficácia futura, para nós mesmos e para os outros. Qual o custo da postergação
de problemas complexos? Que tipo de efeitos futuros determinada política pública resultará? Estes
impactos futuros aumentarão ou diminuirão a eficácia do nosso projeto de governo? Tais perguntas
dizem respeito ao necessário exercício de simulação e previsão sobre o futuro, quando devemos adotar
múltiplos critérios de avaliação e decisão.
É necessário prever possibilidades quando a predição é impossível: na produção de fatos sociais, que
envolvem múltiplos atores criativos que também planejam, a capacidade de previsão situacional e
suas técnicas devem substituir a previsão determinística, normativa e tradicional que observa o futuro
como mera consequência do passado. Decorre dessa percepção a necessidade de elaborar estratégias e
desenhar operações para cenários alternativos e surpresas, muitas vezes, não imagináveis.
Capacidade para lidar com surpresas: o futuro sempre será incerto e nebuloso, não existe a hipótese
de governabilidade absoluta sobre sistemas sociais; mesmo próximo dessa condição, há sempre um
componente imponderável no planejamento. Devemos, então, por meio de técnicas de governo apro-
priadas, preparar-nos para enfrentar surpresas com planos de contingência, com rapidez e eficácia,
desenvolvendo habilidades institucionais capazes de diminuir a vulnerabilidade do plano.
Em publicação editada pela FUNDAP (intitulada O método PES: entrevista com Matus), Huertas
(1996) entrevista Matus, o qual expõe detalhes a respeito dessa importante ferramenta de planejamento
e controle de políticas públicas.
Matus responde a pergunta formulada por Huertas (1996); destarte, trata com muita clareza os
aspectos problemáticos, em que a realidade determina tanto os pontos de conflito como as possíveis so-
luções, cujo centro é o cenário onde atuam os atores, em face dos quais se aplica o Planejamento (PES),
conforme destaque transcrito (parcialmente) a seguir:
H: Por que o PES concentra-se em problemas e não em setores, como faz o planejamento tradicional?
M: A realidade gera problemas, ameaças e oportunidades. O político trabalha com problemas e a
população sofre problemas. É um conceito muito prático, reclamado pela própria realidade, que faz o
planejamento aterrizar. Ao contrário, o conceito de setor é uma imposição analítica, é muito genérico,
pouco prático e mais apropriado à análise macroeconômica. Os problemas reais cruzam os setores
e têm atores que se beneficiam ou são prejudicados por eles. Em torno de problemas, a participação
cidadã é possível; em torno de setores, é impossível. Os atores do jogo social lidam com problemas,
não com setores. O PES cunhou a seguinte frase, que complementa uma frase de Ackoff: a realida-
de tem problemas, as universidades têm faculdades e o planejamento tradicional trabalha com seto-
res. Quem pensa por problemas? O PES identifica-se com a realidade e gira em torno de problemas
(HUERTAS, 1996, p. 35).
Com relação à flexibilidade e à aplicabilidade do PES, que permitem enfrentar satisfatoriamente
os problemas sociais, mesmo aqueles que apresentam certo grau de complexidade, Iida (1993) considera
que tal método não se prende somente ao futuro, pois interage com a realidade presente, cujo objeto
perseguido determina os atos a serem praticados, permitindo o controle das variáveis em tempo real,
conforme descrito a seguir:
O Planejamento Estratégico Situacional – PES – foi desenvolvido pelo economista chileno Carlos
Matus, a partir da década de 70, como um método mais flexível, permitindo trabalhar com a comple-
xidade dos problemas sociais. Nesse método, o futuro não é determinístico e a realidade é continua-
mente acompanhada. Quando houver uma mudança da situação real, o plano é imediatamente ajustado
(IIDA, 1993, p. 114-115).
Kopf e Hortale (2005) fazem menção a Carlos Matus, destacando que as grandes organizações são
sustentáveis principalmente pelas características da direcionalidade e da responsabilidade. Depreende-
-se (da referida menção) que os aspectos determinantes da direcionalidade constituem regras necessárias
ao atingimento de objetivos, com influência direta sobre o funcionamento geral da organização (macro-
organização), conforme transcrição (parcial) do referido artigo:
Para Matus, a qualidade de uma macroorganização se dá em função de suas características fundamen-
tais e de suas regras: de direcionalidade, de estrutura organizativa/departamentalização, de governa-
bilidade e de responsabilidade (RIVERA, 1995a).
Por derradeiro, cumpre considerar que os desafios da Administração e do gestor público são cres-
centes e carecem dessas novas ferramentas (supraditas) para que possam ser dadas respostas e apresen-
tadas soluções (satisfatórias) aos mais diversos problemas, cujas variáveis prescindem de estratégias que
possam responder positivamente ao controle e equilíbrio das demandas por soluções sociais e políticas
da gestão pública em geral.
É indubitável que o planejamento estratégico situacional (se aplicado ao contexto da gestão pú-
blica) constitui uma ferramenta de controle e de resultado na consecução das políticas públicas, visto
que constitui ferramenta de interação em tempo real, entre a mediação das pendências (passado) e as
soluções aos problemas de gestão (previsão situacional). Tal ferramenta pode minimizar os impactos e
as incertezas (controle da realidade) provocados pelo governismo intuitivo (exercício autoritário de go-
verno, no qual, por falta de planejamento adequado e por ausência de conhecimento técnico-político (na
qualificação) dos atores e gestores, predomina o planejamento informal ou intuitivo, inadequado para
responder aos desafios da gestão pública).
Dadas as incertezas do futuro (variáveis incontroláveis do macroambiente), em especial aquelas
oriundas da ausência de planejamento governamental adequado, cabe ao gestor e aos atores desse ce-
nário, por meio de técnicas de governo eficazes (ferramentas de planejamento e controle da realidade),
desenvolver as habilidades institucionais, propiciando a redução ou exclusão dos impactos negativos
provocados pelas políticas de governo inadequadas, que carecem de ferramentas de controle capazes de
produzir resultados em tempo real.
No presente trabalho, destacaram-se os aspectos relevantes do Planejamento Estratégico Situa-
cional (PES), o qual (devidamente aplicado) pode propiciar a interatividade e a flexibilidade entre os
atos praticados pelos gestores e atores (controle em tempo real), dentro de um cenário, com foco para a
concretização de metas e objetivos no âmbito da gestão pública.
REFERÊNCIAS
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Acesso em: 4 abr. 2017.
KAST, F. E.; ROSENZWEIG, J. E. Organização e administração: um enfoque sistêmico. 3. ed. São Paulo: Pioneira, 1970.
Palavras-chave: Arranjo Físico. Fluxo de Produção. UAN. Sistemas Produtivos e Arranjos Físicos. Planejamento Sistemático
de Layout. Unidade de Alimentação e Nutrição.
1
Diego Fernandes Silva. Mestrando em Administração das Organizações pela Universidade de São Paulo (USP). Especialista em Engenharia e Inovação
pelo Centro Universitário Uniseb. Bacharel em Engenharia de Produção pela Universidade de Franca (UNIFRAN). Atualmente é Professor e Auxiliar de
Coordenação do curso de Engenharia de Produção no Claretiano – Centro Universitário. E-mail: <diegosilva@claretiano.edu.br>.
2
Edilene Aparecida do Nascimento. Bacharel em Engenharia de Produção pelo Claretiano – Centro Universitário. E-mail: <edilene1232@gmail.com>.
3
Hebert Aguiar Rosa. Bacharel em Engenharia de Produção pelo Claretiano – Centro Universitário. E-mail: <hebert_aguiar@yahoo.com.br>.
4
Phillipi Coelho Nogueira. Bacharel em Engenharia de Produção pelo Claretiano – Centro Universitário. E-mail: <phillipicoelho@gmail.com>.
Keywords: Layout. Production Flow. FNP. Productive System and Lay-out. Systematic Layout Planning. Food and Nutrition
Plant.
1. INTRODUÇÃO
Reduzir as movimentações, aproveitar de forma eficiente o espaço, otimizar o uso dos recursos e
garantir a qualidade dos produtos são estratégias essenciais para que uma organização se torne compe-
titiva.
Quando bem planejado, o layout pode ser um dos pontos principais para a redução dos custos de
fabricação. De acordo com SEBRAE (2015), um layout mal dimensionado leva a um desperdício de
cerca de 30% do tempo destinado à produção com transporte de materiais e produtos. O melhor apro-
veitamento do tempo de produção também está ligado à capacidade de produção e produtividade, pois,
quanto menor o tempo gasto com movimentação, melhor será a lucratividade da empresa.
O método SLP (Planejamento Sistemático do Arranjo Físico) é um exemplo de método qualitativo
que organiza o espaço físico em razão de proximidade.
O conhecimento de métodos, tipos e exemplos de arranjos físicos organizados de forma útil fa-
cilita o encontro de gargalos e desperdícios ocasionados por uma organização equivocada do espaço
operacional, além de facilitar também a reorganização do local para torná-lo eficiente e seguro.
Para que um arranjo físico seja apropriado para Unidade de Alimentação e Nutrição (UAN), ele
deve possuir como base fundamental um bom aproveitamento do espaço e a certeza de que não há fluxos
cruzados na produção do alimento, prevenindo-se, assim, possíveis contaminações, observando a legis-
lação vigente a respeito das condições higiênico-sanitárias gerais para serviços de alimentação.
A busca da modernização e da eficiência em serviços e produtos oferecidos é um elemento básico,
que deve ser almejado constantemente, fato que não permite posição de acomodamento das empresas.
Elas devem buscar novas estratégias e, ao mesmo tempo, reduzir custos para melhorar a qualidade de
seus produtos/serviços, estabelecendo estruturas organizacionais mais ágeis e flexíveis que possibilitem
torna-las mais competitivas.
Esse conceito deve ser seguido desde a implementação da unidade fabril, para que ela inicie suas
atividades com a mesma força competitiva de suas concorrentes.
O arranjo físico de uma operação produtiva é definido como a preocupação com a localização
física dos recursos de transformação. De forma simples, é a configuração de departamentos, de centros
de trabalho e de instalações e equipamentos, com ênfase especial na movimentação otimizada, por meio
de sistema, dos elementos aos quais se aplica o trabalho.
A necessidade de estudá-lo existe sempre que se pretende fazer a implantação de uma nova fábrica
ou unidade de serviços, ou quando se estiver promovendo a reformulação de plantas industriais ou ou-
tras operações produtivas já em funcionamento.
O fluxo de materiais, informações e pessoas dentro da unidade de produção ou serviço influencia
no tempo de produção e atendimento, levando os projetistas a atentarem para a divisão e disposição dos
departamentos. Por sua vez, os custos de produção estão relacionados ao tempo gasto com movimenta-
ções desnecessárias, que também se relacionam à agregação de valor ao produto.
Esta pesquisa busca propor um arranjo físico e um fluxo adequado de produção, de modo que a
empresa possa iniciar suas atividades com menor desperdício possível.
Dessa forma, o objetivo geral é propor um layout produtivo baseado na metodologia SLP (Syste-
matic Layout Planning) para uma empresa de serviços de alimentação.
Para atingir tal objetivo, foi necessário buscar os seguintes objetivos específicos:
1) Identificar o melhor arranjo físico para o sistema produtivo da empresa.
2) Reduzir o custo fixo com mão de obra causado por movimentos desnecessários.
3) Analisar os níveis macro e micro de planejamento do espaço da instalação.
4) Elaborar um estudo para otimização do layout produtivo da cozinha.
Arranjo físico
Slack, Chambers e Johnston (2002) citam que, para se projetar um arranjo físico para uma opera-
ção, deve-se iniciar com os objetivos estratégicos da produção. Entretanto, isso é só um ponto de partida
de um processo de múltiplos estágios para se chegar ao arranjo físico final de uma operação. É normal
observarem-se confusões entre o tipo de arranjo físico e o tipo de processo. O arranjo físico é a manifes-
tação física de um processo, e, para a decisão do arranjo físico, é necessário definir o tipo de processo.
Slack, Chambers e Johnston (2002) definem arranjo físico de uma operação produtiva como a
preocupação com a localização física dos recursos de transformação. De forma simples, definir o arranjo
físico é decidir onde colocar todas as instalações, máquinas, equipamentos e pessoal da produção.
Basicamente, os arranjos físicos são classificados em quatro tipos básicos (SLACK; CHAM-
BERS; JOHNSTON, 2002):
• Posicional: processos e materiais estacionários, equipamentos e instalações que se movem. Ex:
estaleiros, construção de estradas.
• Por processo: processos similares localizados uns próximos aos outros. Ex: supermercado.
• Celular: células de processos com todos os processos necessários para a fabricação de produtos
específicos. Ex: maternidade de hospital.
• Por produto: recursos produtivos localizados na sequência de operações necessárias para a fa-
bricação completa do produto. Ex: restaurante self-service, montagem de automóveis.
O planejamento do macroespaço de uma fábrica é frequentemente o nível mais importante do
planejamento de uma instalação (LEE, 1998). Ele estabelece a organização fundamental da fábrica e os
padrões de fluxo de materiais, com efeitos que se farão presentes a longo prazo. Sabe-se que os recursos
de muitas organizações são destinados primeiramente a equipamentos e instalações físicas e que grande
parte dos custos de produção estão relacionados a material, pessoas ou fluxo de trabalho. A importância
da distribuição física de uma empresa é reforçada pelas consequências em longo prazo das decisões e do
custo de reprojetar a planta. Assim, um layout inicial correto é fundamental para a efetividade e eficiên-
cia operacional de uma empresa (URBAN, 1989).
Este trabalho tem como alvo propor um arranjo físico com o objetivo de reduzir as movimentações
desnecessárias dentro da unidade de trabalho, buscando, assim otimizar os processos dentro da cozinha,
melhorar a localização para cada setor e reduzir o lead time do produto sem que a qualidade dele seja
prejudicada.
Para Moura (2005) e Martins e Laugeni (2006), o fluxo de materiais pode ser definido como o
caminho que o recurso a ser transformado percorre durante todo o processo produtivo, representando um
fator de influência direta no tempo de produção.
Desse modo, é possível afirmar que, quanto mais eficiente o fluxo de produção, menores serão os
custos. Para qualquer empresa, é recomendável o planejamento do arranjo físico.
Por meio de um bom arranjo físico, é possível obter resultados consideráveis em relação à redução
de custos de produção e aumento da produtividade e eficiência (MUTHER, 1978). Segundo Silva (2009)
alguns fatores podem indicar o mau aproveitamento do espaço, apontando a necessidade de um rearran-
jo, como a perda de tempo no deslocamento de uma unidade a outra, fluxo confuso, demora excessiva
nos processos, excessiva acumulação de materiais ou produtos, má projeção de locais de trabalho etc.
Para Slack, Chambers e Johnson (2002), os fatores que tornam necessária a realização de um estudo de
layout são:
• Ineficiência das instalações (fabricação de novos produtos, aquisição de máquinas, necessidade
de maior espaço para estocagem etc.
• Custos de produção.
• Variação da demanda (aumento ou decréscimo na produção).
• Ambiente de trabalho inadequado (ruído, temperatura, iluminação etc.
• Excesso de estoques (fluxo do produto não está bom).
• Manuseios excessivos (provocam estragos e atrasam a produção).
• Instalação de uma nova fábrica.
Segundo Muther e Wheeler (2000), o SLP consiste em uma estruturação de fases, um padrão de
procedimentos e um conjunto de convenções capaz de identificar, visualizar e classificar as várias ativi-
dades, relações e alternativas que envolvem qualquer projeto de layout. De uma maneira mais simples,
o SLP trata de uma sistematização de projetos de arranjos físicos, apresentando-se como uma ferramenta
de auxílio para a tomada de decisão. A metodologia SLP, segundo Muther (1978), é apresentada da se-
guinte forma:
Dados de entrada
Esta fase compreende a coleta dos dados necessários para a resolução dos problemas de layout.
Para Muther (1978), os dois elementos básicos que têm relação com os problemas de arranjo físico são
produtos (P), quantidades (Q), roteiro de produção (R), serviços de apoio (S) e tempo de produção (T),
que serão responsáveis por dar suporte às soluções de arranjo físico.
Fluxo de materiais
Segundo Muther (1978), a análise do fluxo de materiais consiste em determinar, em relação às
etapas do processo de fabricação, qual a sequência de movimentação ou o caminho percorrido pelo
produto, e também sua magnitude e intensidade. Durante o decorrer do fluxo, é importante evitar que
ocorram retornos, cruzamentos ou desvios.
Inter-relações de atividades
Esta etapa consiste em relacionar cada atividade ou setor de acordo com um grau de proximidade,
indicando quais atividades devem ser localizadas próximas ou distantes umas das outras no layout, e
integrar de forma organizada os serviços de suporte. Para atingir esses objetivos, a Carta de Interligações
Preferenciais ou de Afinidades se apresenta como a melhor ferramenta (COSTA, 2004).
Mapa de relacionamento
O mapa de relacionamento consiste em relacionar geograficamente as diversas atividades ou se-
tores com base no diagrama de fluxo e de afinidades, não considerando ainda o espaço requerido por
cada elemento no arranjo físico, sendo os setores representados por símbolos e ligados por linhas que
representam a importância da relação.
A Figura 1 mostra um exemplo de um mapa de relacionamento; a utilização desse diagrama auxi-
lia de forma conveniente as decisões sobre as proximidades necessárias entre as várias atividades.
Figura 1. Mapa de relacionamento.
Diagrama de inter-relações
Nesta fase, utilizamos símbolos, para representar as atividades, e códigos de linha, para indicar o
grau de proximidade entre elas, conforme a Tabela 2.
Layout inicial
O layout inicial é baseado no diagrama de relacionamento (Figura 2), ignorando-se espaços e
restrições de construção. Nesta etapa, podem surgir várias propostas de layout, as quais serão analisadas
pelas pessoas envolvidas no local.
3. METODOLOGIA
De acordo com Marconi e Lakatos (1996), a pesquisa de campo é uma fase realizada após os es-
tudos bibliográficos, para que o pesquisador tenha um bom conhecimento sobre o assunto, pois é nessa
etapa que ele vai definir os objetivos da pesquisa, as hipóteses, o meio de coleta de dados e a metodo-
logia aplicada.
Os dados pertinentes a este trabalho foram obtidos por meio de pesquisa de campo, que, segundo
Gil (2010), procura o aprofundamento de uma realidade específica. É basicamente realizada por meio
da observação direta das atividades do grupo estudado e de entrevistas com informantes, para captar as
explicações e interpretações do que ocorre naquela realidade.
Depois da análise do processo, estimaram-se as distâncias existentes entre os diversos postos de
trabalho. Com esses dados, foram confeccionadas propostas de melhorias no arranjo físico existente.
Para Barros e Lehfeld (2000), a coleta de dados é imprescindível em qualquer pesquisa científica.
O trabalho teve como foco o estudo do arranjo físico e fluxo de produção de uma cozinha indus-
trial em uma empresa do ramo de serviços de refeições coletivas, no estado de Minas Gerais.
O arranjo físico foi elaborado segundo a metodologia SLP (Systematic Layout Planning), proposta
por Richard Muther (1978).
Para alcançar tal objetivo, foi realizada uma etapa de coleta de dados e observação, na qual se
pretendeu conhecer o processo de produção da empresa e verificar dados, como as distâncias de deslo-
camento, os métodos de trabalho e o arranjo físico, bem como as atividades que não agregavam valor
ao produto.
As Unidades de Alimentação e Nutrição (UAN) são espaços voltados para preparação e forne-
cimento de refeições equilibradas em nutrientes, segundo o perfil dos clientes (LANZILLOTTI et al.,
2004). O objetivo primário de uma UAN é servir refeições saudáveis do ponto de vista nutricional e
seguras do ponto de vista higiênico sanitário (TRANCOSO; TOMASIAK, 2004). Basicamente, uma
UAN deve possuir em sua estrutura física áreas destinadas para: recebimento e estocagem; preparo e
cocção dos alimentos; distribuição dos clientes; higienização dos utensílios; e anexos (administração,
vestiários, áreas técnicas etc.) (ABREU et al., 2007; MEZOMO, 2002). Um planejamento adequado de
uma UAN faz com que os seus espaços físicos sejam aproveitados de forma eficiente, aumentando a
capacidade de ocupação, evitando fluxos desorganizados de pessoas nas áreas destinadas à alimentação,
cruzamentos desnecessários de gêneros alimentícios e funcionários, má utilização e localização desa-
propriada de equipamentos, falta de ventilação nos ambientes e consequente desconforto dos clientes
etc. (TEIXEIRA et al., 2004)
A unidade estudada fornece 5000 refeições por dia, as quais são transportadas da cozinha até as
unidades de distribuição nas empresas parceiras. As etapas desde a compra de todos os alimentos, o
preparo e até a logística de entrega são de responsabilidade da empresa.
Áreas da Unidade
Área de recebimento
As mercadorias são recebidas na área externa da empresa e, posteriormente, levadas ao almoxari-
fado, onde se realizam a inspeção e a separação; logo após, as mercadorias são direcionadas, conforme
o tipo, para o estoque seco, estoque de refrigerados ou estoque de congelados.
Segundo Oliveira (1986) e Rego e Teixeira (1990), o recebimento de mercadorias deve ser cons-
truído em área externa ao prédio e exclusiva para o recebimento dos gêneros alimentícios, ser de fácil
acesso, pavimentado, e possuir proteção contra chuva. Além disso, deve ficar separado das áreas de
circulação da produção.
A área de recebimento estudada fica distante do almoxarifado, sendo necessário um deslocamento
de 32,5 metros, utilizando o mesmo corredor que dá acesso às demais áreas da unidade.
Almoxarifado ou estoque
Visto como um recurso produtivo que no final da cadeia de suprimentos criará valor para o con-
sumidor final, os estoques assumem papel ainda mais importante. Hoje, todas as empresas procuram de
uma forma ou de outra a obtenção de uma vantagem competitiva em relação a seus concorrentes, e a
oportunidade de atendê-los prontamente, no momento e na quantidade desejada, é amplamente facilita-
da com a administração eficaz dos estoques (MARTINS; LAUGENI, 2006, p. 133).
A empresa possui três tipos de estoque: para matérias-primas secas, materiais de limpeza e ma-
térias-primas congeladas e refrigeradas. Com relação ao primeiro, o espaço atual é adequado, e não há
a necessidade de um espaço maior. O segundo necessita de maior organização do espaço, bem como
adequação estrutural, pois faltam estantes para organizar os materiais que ficam dispostos em paletes ao
longo do piso, dificultando a identificação e a separação dos materiais. O terceiro é bem dimensionado
e dividido em área congelada, área de descongelamento e área refrigerada.
Os vegetais armazenados na câmara fria do almoxarifado são separados e destinados ao setor de
pré-preparo. As matérias-primas secas armazenadas são destinadas ao estoque intermediário. As carnes
são enviadas para o açougue, para as etapas de limpeza, corte e tempero. Já os materiais de limpeza são
retirados conforme surgem as necessidades.
Área de devolução
Local para os Marmibox®, paletes, garrafas e todos os equipamentos e utensílios utilizados na
distribuição das refeições.
A partir desse local, eles são higienizados e levados para a área de armazenamento de materiais
de transporte.
Pré-preparo de vegetais
O pré-preparo é a etapa inicial por que os alimentos passam antes de serem consumidos. Essa
etapa consiste em limpeza, divisão ou mistura, para os alimentos serem consumidos crus ou submetidos
à cocção.
O local de pré-preparo é onde são higienizados e processados frutas, legumes e verduras para as
preparações.
Os vegetais vêm da câmara fria do almoxarifado, não havendo um estoque intermediário; dessa
forma, eles são colocados ao longo do corredor que dá acesso à sala de pré-preparo.
Verificou-se que a área estudada precisa ser reorganizada, pois há muitas movimentações desne-
cessárias, que não agregam valor ao produto.
Os vegetais processados precisam ser levados para a câmara fria de pré-preparo de vegetais, que
fica distante, causando, assim, grandes deslocamentos.
Açougue
Local onde se realiza o pré-preparo de carnes, aves e pescados. A área é climatizada em torno de
12 °C a 18 °C.
Estoque intermediário
Local onde ficam os insumos não perecíveis a serem utilizados para preparação do cardápio do
dia.
As matérias-primas a serem utilizadas no dia são retiradas do almoxarifado e armazenadas nessa
área até o momento da preparação.
Seleção de grãos
Local onde é realizada a seleção de grãos que serão preparados.
Preparação do café
Esta área é onde se faz a preparação do café, o corte do pão e a adição da manteiga ao pão.
Administração
Deve situar-se em local que facilite a supervisão das operações de processamento. É onde se con-
centra a gerência e a supervisão da unidade.
Cocção
A área de cocção está localizada entre as áreas de preparos preliminares (pré-preparo) e a área de
expedição das refeições. Esta é a área onde os alimentos passam por processo de transformação térmica.
Cocção/dieta
Área onde são preparadas as refeições dos clientes com restrições alimentares.
Higienização de utensílios
Área onde se realizam a limpeza e a higienização dos utensílios utilizados na preparação das refei-
ções. É importante que haja um sistema bem dimensionado de água quente e fria e local para dispor os
utensílios que aguardam higienização.
Paneleiro
Área situada ao lado da área de higienização de utensílios, utilizada para guardar utensílios e pa-
nelas utilizados na preparação das refeições.
Sucos e sobremesas
Área de temperatura controlada, destinada à preparação e ao armazenamento de sucos e sobreme-
sas.
Embalagem
Nesta etapa, como os alimentos já estão todos preparados, é realizado a divisão das porções dentro
das marmitas.
Há outro processo de montagem que ocorre em separado, em que um operador é destinado a fazer
a divisão das porções referentes às marmitas de clientes com restrição alimentar.
Expedição
Local onde os caminhões são carregados e as refeições enviadas para as áreas de distribuição nas
empresas parceiras.
Com base no layout atual, foram desenhados o fluxo de matérias-primas e o fluxo de produtos
processados da fábrica, apresentados na figura a seguir:
Na Figura 6, temos o mapa de relacionamento das diversas atividades e dos setores, com base no
diagrama de fluxo.
Figura 6. Mapa de relacionamento.
Neste passo da metodologia, são propostos arranjos físicos iniciais, que esquematizam as áreas
necessárias ao processo produtivo apenas em forma de blocos, não considerando o espaço disponível
para a execução das atividades.
A seguir, seguem as duas propostas de layout, nas quais se procurou viabilizar mudanças no pro-
cesso produtivo da empresa, visando a melhorias no arranjo físico e na movimentação de pessoas e
materiais.
Proposta 1
Nesta proposta, foram consideradas mudanças que gerassem pouco custo, observando-se o grau
de proximidade entre os processos, buscando-se evitar deslocamentos desnecessários, tanto de pessoas,
quanto de materiais. Esta proposta teve como objetivo mudanças pouco agressivas e que demandassem
um menor período de tempo para serem executadas (Figura 8).
Figura 8. Proposta 1.
Proposta 2
Nesta proposta, além de serem levadas em conta as mudanças da primeira proposta, atentou-se
para executar a mudança entre dois setores, buscando aproximá-los dos setores que possuíam maior
necessidade de interação entre os processos, a fim de garantir maior qualidade e eficiência do processo
produtivo. Os setores que sofreram essa alteração foram o açougue e o setor de pré-preparo de vegetais.
Apesar de provocar mudanças mais drásticas, a proposta traz consigo maiores benefícios para a
unidade, proporcionando maior produtividade e qualidade, gerando, ao final, menor custo e desperdício
durante o processo.
Figura 9. Proposta 2.
A partir das alternativas de layout geradas na etapa anterior, foram encontrados dois arranjos
físicos viáveis, considerando-se o espaço disponível e as exigências legais para o fluxo desse tipo de
produção. Essas alternativas foram desenvolvidas com base em um planejamento prévio dos fluxos de
produção, para que eles ocorram de forma definida, lógica e padronizada, não havendo fluxo cruzado
entre etapas. Assim, pretende-se que o funcionário possa saber exatamente para onde cada item do pro-
cesso deve seguir depois de cada atividade concluída, de forma que o produto seja entregue ao cliente
com maior eficiência e qualidade.
Proposta 1
Figura 10. Proposta 1 (CAD).
Proposta 2
Figura 11. Proposta 2 (CAD).
Para garantir que não haja contaminação do produto em processo pela matéria-prima recebida, foi
sugerido que a área de recebimento seja transferida para a região disponível próxima às áreas de arma-
zenamento. Nessa área, haverá também a área de inspeção e higienização de matérias-primas, que se faz
necessária para garantir a qualidade e a segurança das refeições produzidas.
Na área de pré-preparo de vegetais, também há riscos de que, pela movimentação, possa ocorrer
contaminação do alimento; pensando nisso, foi decidido que a área deve ficar próxima à câmara fria,
reduzindo-se a movimentação de pessoas e de produtos em processo, ganhando-se, assim, maior produ-
tividade.
Figura 12. Fluxo de matérias-primas e produtos processados conforme a proposta 2.
Os conceitos estudados para a reestruturação de layout para otimização do fluxo produtivo foram
aplicados na Unidade de Alimentação e Nutrição (UAN).
Foram utilizados como critérios a legislação vigente RDC 216 ANVISA, que estabelece padrões
higiênico-sanitários e de movimentação de pessoas, equipamentos e materiais em serviços de alimenta-
ção. Diante disso, sugerimos o layout 2, que reduzirá a movimentação de pessoas, de matérias-primas
e de produtos processados, além de impedir o fluxo cruzado de etapas do processo, o que é entendido
como um ponto crítico no processo de elaboração de refeições.
O layout proposto possui um fluxo produtivo lógico, em que o sequenciamento das atividades visa
trazer melhorias na produtividade da empresa, com eliminação de deslocamentos desnecessários, além
de uma melhor alocação das atividades por meio da aproximação das áreas com significativas relações
de afinidade.
Com o novo layout, conseguimos as seguintes vantagens:
• Redução da movimentação de pessoal e de materiais.
• Consequente redução de tempo, que se converte em retorno monetário.
• Diminuição dos riscos de contaminação cruzada, garantindo uma maior qualidade das refei-
ções.
Observamos que a reorganização do setor produtivo dessa empresa reduzirá não somente a movi-
mentação física de materiais, produtos e colaboradores, como também servirá de suporte para o controle
de produção usado pela empresa. Dessa forma, consequentemente, haverá aumento de sua lucratividade.
Sendo assim, pode-se concluir que a utilização adequada do espaço produtivo e a aplicação dos
conceitos de fluxo de processos podem alavancar o índice de produção da empresa, sem que se tornem
necessárias a aquisição de novos equipamentos ou a contratação de novos funcionários.
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997/1?pq-origsite=gscholar&cbl=36911>. Acesso em: 11 set. 2017.
1
João Paulo Muniz Barbosa. Bacharel em Engenharia Mecânica pelo Claretiano – Centro Universitário. E-mail: <joao--muniz@hotmail.com>.
2
Kawey Roberto Alvalaz. Bacharel em Engenharia Mecânica pelo Claretiano – Centro Universitário. E-mail: <kaweyalvalaz@hotmail.com>.
3
Eduardo Casarin. Especialista em Administração Industrial e Especialista em Logística Empresarial pelo Instituto Nacional de Pós-graduação (INPG).
Especialista em Metodologia de Educação a Distância pelo Claretiano – Centro Universitário. Bacharel em Engenharia Mecânica pela Escola de Engenharia da
Fundação Municipal de Ensino de Piracicaba (EEP/FUMEP). E-mail: <eduardocasarin@claretianorc.com.br>.
1. INTRODUÇÃO
O presente artigo foi desenvolvido após a equipe do Claretiano – Faculdade, em Rio Claro, par-
ticipar da 21ª competição Baja SAE Nacional, no ano de 2015. Nessa competição, o objetivo é que os
alunos projetem e construam um veículo monoposto, off-road, de acordo com os critérios e regulamen-
tos da SAE Brasil. Os participantes do projeto foram alunos de Engenharia Mecânica, Elétrica e Meca-
trônica do Claretiano – Faculdade, em Rio Claro.
A equipe, denominada Clarengex, elaborou o veículo passo a passo, no período aproximado de
dois anos, contando desde a preparação do projeto até sua finalização para competição.
O veículo elaborado, por sua vez, utilizou uma suspensão traseira do tipo Duplo A, e não obteve
o desempenho esperado, visto que ocorreu o desencaixe do semieixo da roda pela variação angular da
cambagem, impossibilitando que o protótipo finalizasse o enduro, que é a principal prova na classifica-
ção das equipes e tem duração de quatro horas. Em decorrência da falha, o veículo elaborado suportou
aproximadamente uma hora.
O objetivo principal deste artigo, considerando as problemáticas encontradas com o veículo elabo-
rado, é de propor uma possível solução para o problema que ocorreu com a suspensão traseira do veículo
Mini Baja Clarengex.
A primeira medida a ser tomada em um projeto de suspensão é a definição do tipo de emprego
geral do veículo, ou seja, se ele será um veículo off-road ou para uso predominante em asfalto (MER-
LING, 2007).
Ao demonstrar as características de funcionamento das suspensões do tipo independente, pode-se
chegar a uma alternativa que atenda aos requisitos propostos e que se enquadre na aplicação proposta.
Tendo em vista a relação entre custo e benefício, buscamos uma solução em literaturas, artigos e
projetos já elaborados. Buscou-se uma suspensão traseira que se adequasse a um movimento unicamente
vertical e com movimento restrito de cambagem. Com isso, chegou-se à suspensão do modelo Trailing
Arm (braços arrastados).
A suspensão do tipo Trailing Arm consiste em um único braço transversal, que normalmente é
posicionado em conexão a uma barra de torção, com a finalidade de dificultar a rolagem do veículo, per-
mitindo maior compactação do conjunto de suspensão, com melhor aproveitamento do espaço interno,
quando comparado a outros tipos de suspensão (OKABE, 2003).
A suspensão de braços arrastados se trata de uma suspensão independente e, neste sentido, se dife-
rencia das suspensões que contêm eixo rígido, devido ao fato de o movimento vertical de uma roda não
interferir no movimento da outra de mesmo eixo. Outro benefício dessa suspensão consiste em promo-
ver maior rigidez à rolagem relativamente à rigidez vertical (FREITAS JUNIOR, 2006).
Para melhor entendimento da suspensão proposta, é relevante explicar como funciona um sistema
de suspensão e qual seu modo de operação em um veículo.
Nos tópicos a seguir, relataremos, de modo detalhado, alguns modelos de suspensões indepen-
dentes, citando suas principais características e seus modos de funcionamento. Esta seção é de suma
importância para o entendimento do projeto.
Suspensões
A suspensão
Suspensão é um mecanismo utilizado com a finalidade de absorver impactos causados pelo solo
e diz respeito a um conjunto de componentes que conectam as rodas com o chassi de um determinado
veículo. Além de absorver impactos, a suspensão também é responsável por garantir conforto, segurança
e a devida dirigibilidade ao condutor e aos passageiros do veículo (ALMEIDA JUNIOR, 2007).
Nos últimos tempos, o desenvolvimento de suspensões tem sido auxiliado por softwares de si-
mulações matemáticos que realizam comparações de dados e cálculos. Esse sistema de softwares vem
poupando tempo e dinheiro com relação a projeto de suspensões, devido à confiabilidade de seus dados
(REZENDE; BORGES, 2003).
A maior problemática na criação de uma suspensão mecânica consiste na definição de uma rigi-
dez da mola e uma relação de amortecimento, de modo que haja sincronia entre o comportamento da
suspensão e o conforto do piloto (SAVARESI et al., 2010). Daí a importância de se pensar em um tipo
de suspensão que possa contribuir, de modo geral, com todas as demandas necessárias para o bom de-
sempenho do veículo.
Basicamente, as suspensões são compostas por molas, amortecedores e isoladores (coxins). Esses
componentes estão presentes na maioria das suspensões utilizadas no dia a dia.
De maneira a atender os diferentes tipos de construções de veículos, existe uma grande variedade de
sistemas de suspensão disponíveis atualmente no mercado. Essas variações de sistemas são necessá-
rias para atender os inúmeros conceitos adotados pelos fabricantes de automóveis devido aos diferen-
tes requisitos de utilização e às condições características de solicitação das suspensões dos veículos
a serem produzidos para os vários tipos de mercados e consumidores (ALMEIDA JUNIOR, 2007, p.
24).
As suspensões existentes se dividem em dois grupos, as independentes, que funcionam sem a in-
terferência uma da outra, e as dependentes, mais conhecidas como eixo rígido.
Suspensões independentes
Ao analisar o posicionamento do veículo, levando em consideração o terreno no qual a prova é
realizada, foi possível identificar que o sistema de suspensão independente teve maior desempenho que
uma suspensão dependente (eixo rígido). Isso se deve pelo fato de as rodas do veículo sempre estarem
perpendiculares ao solo. Quando a suspensão é dependente, qualquer desnivelamento do terreno acarre-
ta a variação da cambagem em relação ao veículo.
em seus movimentos paralelos. Quando o veículo é submetido a uma curva, sua carroceria tende a rolar,
fazendo os braços paralelos se posicionarem no mesmo ângulo. Ocorre, assim, uma alteração de camba-
gem em relação ao solo, e o veículo tende ao subesterçamento.
Figura 1. Suspensão dianteira Trailing Arm.
A suspensão traseira do tipo Semi-trailing foi popularizada pela BMW e pela Mercedes Benz.
Esse sistema não apresenta nenhuma alteração de câmber em relação à carroceria. Seus eixos de fixação
são usualmente posicionados a 25 graus em relação à linha de rolagem do veículo. Esse sistema produz
um efeito de esterçamento quando as rodas se movem da posição inicial à final (ALMEIDA JUNIOR,
2007).
Figura 2. Suspensão Semi-trailing Arm.
A suspensão Duplo A, utilizada no projeto, também conhecida como Double Wishbone, é compos-
ta por dois braços em forma de “A”, dando origem ao seu nome. Nela, os amortecedores e molas podem
ser fixados em qualquer um dos braços, e também na manga.
Utilizada na maioria dos veículos na parte dianteira, ela se caracteriza pelas infinitas possibilida-
des de instalação e regulagem, influenciando diretamente em parâmetros dinâmicos como: centro de
rolagem, subesterçamento, sobre-esterçamento, cambagem e cáster.
A bandeja dupla (Duplo A) foi o tipo mais comum de suspensão empregada no eixo dianteiro de
veículos. Atualmente ainda é muito útil, principalmente nos casos em que se deseja ter o total controle
sobre os ângulos característicos da suspensão do veículo (MERLING, 2007).
Figura 3. Suspensão Duplo A.
Em casos em que o desempenho do veículo está acima de outros fatores, a melhor solução é
normalmente a utilização desse tipo de geometria. No mercado nacional, é muito implementada em ve-
ículos off-road, caminhonetes e em alguns sistemas traseiros, como no caso do Honda Civic 2011. Em
competições automobilísticas de alto desempenho, como a Fórmula 1 e Stock Car, e em superesportivos,
esse tipo de geometria é amplamente utilizado (ANDRADE, 2013).
Geometrias
Suspensão dependente
Esse tipo de suspensão normalmente é utilizado em associação com feixes de mola, sendo assim
a melhor opção para veículos de transporte como caminhões, ônibus e caminhonetes (OKABE, 2003).
Cambagem
A cambagem possui dois tipos de regulagem, a regulagem positiva (câmber positivo) e a regula-
gem negativa (câmber negativo). Para cada tipo, o comportamento dinâmico é diferente.
No que diz respeito ao comportamento dinâmico, o câmber afeta na aderência, seja nas retas ou
nas curvas. Um câmber negativo reduz o subesterçamento (tendência de deslizamento das rodas diantei-
ras) e aumenta a aderência nas curvas, entretanto reduz a aderência nas retas. Já o câmber positivo reduz
o sobre-esterçamento (tendência de deslizamento das rodas traseiras), mas pode tornar o carro instável
(ANDRADE, 2013).
Cáster
Cáster é o ângulo lateral entre o pino mestre e a vertical, sendo considerado positivo quando parte
superior da roda está inclinada para a parte traseira do veículo, e negativo quando a parte superior está
inclinada para a frente.
O cáster é responsável pela estabilidade do veículo e pelo autoalinhamento, mesmo efeito que
ocorre, por exemplo, em um carrinho de supermercado.
O cáster é, por definição, positivo quando o eixo de giro tem a parte superior voltada para a frente do
veículo e negativo se a parte superior do eixo de giro estiver para trás. Quando o cáster é positivo, a
direção torna-se mais estável e, quanto mais positivo ele for, maior o será o esforço necessário para
alterar a trajetória retilínea do veículo. A principal função do cáster é possibilitar a estabilidade da
direção do veículo, sendo responsável pelo retorno da direção à posição de trajetória em linha reta após
as curvas. Sua inclinação não influi no desgaste dos pneus nas retas (MERLING, 2007, p. 69).
Convergência e divergência
Subesterçamento e sobre-esterçamento
Segundo Andrade (2013), esses dois tipos de configurações influenciam muito na dinâmica de um
veículo, podendo ser configuradas para tipos diferentes de finalidade, como uma competição ou uma
simples viagem.
O subesterçamento é o comportamento que o veículo tende a ter quando sai pela dianteira em uma
curva, a regulagem de um subesterçamento atenuado aumenta a aderência nas retas e curvas, e evita o
excessivo desgaste dos pneus.
Sobre-esterçamento é praticamente o oposto. Quando o veículo é submetido a uma curva, tende a
sair de traseira, mantendo a trajetória da direção e diminuindo assim seu esforço. Esse sistema é o mais
utilizado no geral e na maioria dos veículos Baja. Devido à localização do motor e pela tração traseira,
esse efeito é mais significante (ANDRADE, 2013).
Figura 8. Subesterçamento e sobre-esterçamento.
Centro de rolagem
Segundo Fontana Júnior (2005), o centro de rolagem estabelece o ponto de uma junção de forças
situadas entre a massa suspensa e não suspensa do veículo. Quando o veículo é submetido a uma curva,
ocorre uma força centrífuga, que atua no centro de gravidade, deslocando-o no sentido do centro de
rolagem.
Quanto mais próximo o centro de rolagem estiver do centro de gravidade, menor o momento de
rolagem (centro de rolagem positivo). Com isso, obtém-se mais controle do veículo em curvas, exigindo
menos da suspensão. Quando ocorre o inverso (centro de rolagem negativo), tende-se a um ganho de
tração e a uma perda da estabilidade em curvas, exigindo assim mais da suspensão.
O centro de rolagem está diretamente ligado à geometria da suspensão do veículo, influenciando
diretamente o comportamento dinâmico. Portanto, cada suspensão tem sua característica em relação ao
centro de rolagem. Para cada modelo de suspensão, o centro de rolagem muda.
Figura 10. Centro de rolagem “triângulo traseiro perpendicular” (geometria usada também em uma
suspensão Trailing Arm).
3. METODOLOGIA
A metodologia empregada neste trabalho consiste no levantamento literário, que tem por base
explorar referenciais teóricos a respeito dos principais tipos de suspensões e seus conceitos, propondo
a sugestão de uma alternativa ao modelo empregado no projeto desenvolvido pela equipe Clarengex.
Análise do problema
Podemos verificar, nas figuras a seguir, uma vista traseira do veículo Mini Baja e dos dois tipos
de suspensão: do lado direito, a suspensão do tipo Duplo A; e, do lado esquerdo, a suspensão proposta
Trailing Arm.
A figura 11 nos mostra os dois tipos de suspensão em posição de alívio da massa do veículo. Po-
demos perceber, na suspensão Duplo A, que a roda está mais próxima do chassi do Mini Baja. O mesmo
acontece com a suspensão Trailing Arm.
Figura 11. Comparativo de movimentação entre as suspensões Trailing Arm e Duplo A (posição baixa).
Analisando a figura 12, com o veículo em repouso, podemos observar que a suspensão Duplo A
teve uma variação horizontal e vertical. A suspensão Trailing Arm teve apenas uma variação vertical,
sendo assim uma das opções mais adequadas para resolução do problema apresentado.
Figura 12. Comparativo de movimentação entre as suspensões Trailing Arm e Duplo A (posição neutra).
Figura 13. Comparativo de movimentação entre as suspensões Trailing Arm e Duplo A (posição alta).
Após a análise do problema de suspensão no Baja Clarengex, foi proposta a modificação do siste-
ma de suspensão, devido a problemas relacionados à variação excessiva do câmber. Com isso, buscamos
uma suspensão que não apresentasse variação de cambagem. Assim, optamos pela suspensão Trailing
Arm. Sua fabricação é de simples complexidade e seu funcionamento atende aos resultados esperados. A
modificação é, então, possível, porém é necessária uma alteração na gaiola do veículo, a fim de melhorar
a fixação da suspensão.
Pode-se concluir, frente ao problema inicial, que uma falha no projeto da geometria da suspensão
em relação ao veículo Mini Baja fez com que não se obtivesse o desempenho esperado.
Verificou-se, portanto, que o sistema de suspensão do tipo Trailing Arm, por sua vez, atenderia
as necessidades do veículo, visto que esse tipo de suspensão é considerado um dos mais eficientes para
veículos off-road. Além disso, esse sistema traz benefícios financeiros, por ser mais barato e com manu-
tenção simples de se realizar (ALMEIDA JUNIOR, 2007).
De acordo com a construção do sistema Duplo A da equipe Clarengex, podemos analisar a Tabela
1, mostrando como o sistema Trailing Arm tem uma melhor relação entre custo e benefício.
O Trailing Arm seria, portanto, o sistema de suspensão mais indicado para aplicação no veículo
Mini Baja Clarengex.
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FONTANA JÚNIOR, R. Estudo das características dinâmicas de um veículo 4X4. Dissertação (Mestrado em Engenharia
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MERLING, M. C. C. Uma abordagem gerencial para o procedimento de projeto de suspensões de veículos terrestres.
2007. 174f. Dissertação (Mestrado em Ciências em Engenharia Mecânica) – Pontifícia Universidade Católica do Rio de
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URATA, D. Y. H. Sistema undercar parte 2, suspensão e geometria de suspensão. 2015. Disponível em: <http://kuruma-
maniacs.blogspot.com.br/2015/08/sistema-undercar-parte-2-suspensao-e.html>. Acesso em: 20 maio 2016.
1
Everton Widmer Mariano. Bacharel em Engenharia Mecânica pelo Claretiano – Centro Universitário. E-mail: <ewm.widmer@hotmail.com>.
2
Rodrigo Augusto de Mattos. Bacharel em Engenharia Mecânica pelo Claretiano – Centro Universitário. E-mail: <rodrigomattos32@hotmail.com>.
3
Thiago Vianna Galavotti. Bacharel em Engenharia Mecânica pela Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho” (UNESP).
E-mail: <tvgalavotti@gmail.com>.
Use and proposal to improve the fixed reduction box of the Baja Team
Clarengex
1. INTRODUÇÃO
Redutores de velocidade são máquinas ou equipamentos mecânicos que têm a função de reduzir
a velocidade de um acionador, aumentando o torque fornecido pelo sistema. Podem ser constituídos de
diferentes tipos de engrenagens, como: engrenagens paralelas, cônicas e com coroa e rosca sem fim.
Os mais utilizados são de transmissão por engrenagens, devido ao alto rendimento, fácil manutenção,
dimensões reduzidas e resistência a sobrecargas.
Durante o projeto, identificamos a necessidade de aumentar o torque fornecido pelo motor BRIG-
GS & STRATTON, 4 tempos, monocilíndrico com potência de 10 hp e câmbio CVT, pois o fornecido
não seria suficiente para manter o veículo em movimento com a velocidade constante, e consequente-
mente ter um desempenho compatível com as provas da competição. Nosso objetivo principal no pro-
jeto foi o de realizar todas as provas com o mínimo de competitividade, inclusive participar do enduro
e tração, provas que exigem o máximo do veículo na questão de torque. Este trabalho é relevante, pois
irá demonstrar, de forma teórica e aplicada, a utilização da caixa de redução do veículo Baja, bem como
dados, cálculos e sugestões de melhoria dessa utilização. Vale destacar que a maioria dos alunos de gra-
duação em Engenharia participam da construção desse veículo. Esse tema também é comum ao dia a dia
das indústrias dos mais variados seguimentos, já que a maioria dos equipamentos atuais, como esteiras,
pontes rolantes, moinhos, elevadores etc., utilizam redutores de velocidade, produzindo o torque e a
velocidade necessária para a aplicação. Sendo assim, é um tema que faz parte da vida profissional de
engenheiros e de técnicos mecânicos. O objetivo geral deste trabalho é analisar e demonstrar, por meio
de cálculos, as condições de trabalho da caixa de redução fixa comercial e sugerir futuras melhorias para
os próximos projetos do veículo.
Entre os objetivos específicos, destacam-se:
• Apresentar dados teóricos e práticos que provem a melhoria do torque na utilização do equipa-
mento.
• Compreender o sistema Powertrain do veículo Baja.
• Analisar as perdas do sistema e sugerir melhorias.
O Mini Baja SAE é um desafio lançado aos estudantes de Engenharia que nos permite aplicar, de
forma teórica e prática, cálculos, análises e experiências adquiridas em sala de aula e no dia a dia dos
alunos, na construção de um veículo off-road (fora de estrada) que seja capaz de vencer quatro dias de
provas, que exigem o máximo do projeto, submetendo-o a várias provas com um elevado grau de difi-
culdade (SAE BRASIL, 2015).
O redutor será importante no processo, pois terá a função de fornecer as forças de tração e impul-
são necessárias para induzir o movimento. “Na unidade de propulsão, a energia química (combustível)
é transformada em energia mecânica” (BOSCH, 2005, p. 736).
O veículo deve ser capaz de realizar a mudança do estado estacionário para o móvel, assim ven-
cendo a inércia produzida na transição. Quando em movimento, deve ser capaz de ascender gradientes
acelerando para velocidade constante com um grau razoável de potência, mantendo o veículo com velo-
cidade constante (BOSCH, 2005).
Esforços de tração
Para Dias (2011), esforços de tração são a soma de todas as resistências ao movimento do veículo.
Resistência ao ar
É a resistência oferecida pelo ar durante o movimento do veículo, conforme equação 1, em que
é o coeficiente de resistência aerodinâmica, é a velocidade do veículo, é a área frontal
do veículo (DIAS, 2011).
(eq. 1)
(eq. 2)
Gradiente
Para Dias (2011), gradiente é a resistência devido à inclinação da superfície da estrada, conforme
equação 3, em que é a massa do veículo incluindo piloto, é a porcentagem da inclinação ou
gradiente da rampa.
(eq. 3)
Força de atrito
A força de atrito estática máxima entre o solo e o veículo será igual à força mínima para que o
veículo inicie o movimento. Quanto maior a carga sobre o eixo do veículo maior será esse atrito. Quan-
do iniciada, essa força de atrito atuante entre os corpos envolvidos diminui, passando a atuar a força
de atrito cinética. Sendo assim, será necessária uma força menor para manter o veículo em movimento,
em que é o coeficiente de atrito entre as superfícies (dados na Tabela 1, a seguir) e o é
o valor da força normal exercida sobre o eixo de tração. Conforme Dias (2011), a equação da força de
atrito máxima que atua entre a roda motriz e o solo será:
(eq. 4)
As transmissões devem ser eficientes e apresentar características que transmitam segurança e con-
fiabilidade para o sistema Powertrain do veículo, devido ao alto nível de exigência a que o veículo será
submetido (CHIODELLI, 2012).
É necessário verificar qual é a potência de saída do conjunto motor e câmbio, para selecionar um
redutor que suporte essa potência na entrada, que, no melhor dos casos, será um para um, não podendo
ser inferior ao de saída do motor, podendo, nesse caso, gerar quebras. Nesse mesmo, contexto Budynas
e Nisbett (2011, p. 942) argumentam que o:
Sistema de transmissão de potência geralmente é especificado por uma capacidade em potência, por
exemplo, uma caixa de engrenagens de 40 hp. Essa designação especifica a combinação de torque e ve-
locidade que a unidade pode suportar. No caso ideal, a potência de entrada iguala a potência de saída.
A redução da velocidade e a geração de torque estão relacionadas ao conjunto de engrenagens:
conforme é reduzida a velocidade, aumenta-se o torque produzido. Na mesma linha, cita Norton (2013,
p. 684). “Um par de engrenagens é essencialmente um dispositivo de troca de torque por velocidade e
vice-versa”.
Para o redutor, um dos fatores necessários para evitar a quebra é sabermos a potência de entrada
suportada por ele e o torque exigido. Assim, podemos dizer que quanto maior o torque exigido na saída
e a potência aplicada na entrada, maior será o redutor e, consequentemente, suas engrenagens e peso,
podendo até utilizar-se mais estágios de engrenagens, desde que atinja a velocidade desejada. Conforme
o manual Sew (2013, p. 90): “O tamanho do redutor depende do torque de saída. Esse torque de saída
Ma é calculado a partir da potência nominal do motor Pn e da rotação de saída do redutor Na”. No caso
do redutor, os cálculos de fatores de segurança de falha por fadiga de eixos e engrenagens, vida útil de
rolamentos e cálculo térmico serão realizados pelo patrocinador em conjunto com os autores deste tra-
balho, por meio do software Wesilab, que é de domínio e uso interno da fabricante SEW Eurodrive. Por
isso, não será permitida a divulgação da metodologia aplicada.
Força de tração
Para conhecermos a força máxima de tração, faz-se necessário antes saber o torque máximo na
roda do veículo, conforme equação 5, em que é a potência de entrada do redutor,
é o RPM de saída do redutor, e η é o rendimento do CVT (DIAS, 2011).
(eq. 5)
De acordo com Dias (2011), a força máxima de tração é obtida por meio da relação mais curta,
conforme equação 6, em que é o torque na saída do redutor, é a redução total, é o rendi-
mento total do sistema, e é o raio do pneu do veículo (DIAS, 2011).
(eq. 6)
Todo sistema que possui componentes em atrito, como engrenagens, correias, rolamentos, cor-
rentes, bem como lubrificantes, gera perdas de rendimento. No caso dos redutores, o óleo utilizado na
lubrificação dos componentes internos gera calor a partir de sua agitação quando em funcionamento.
Dessa forma, dependendo da posição de trabalho, é necessária uma quantidade maior de óleo, para que
se possam lubrificar todos componentes. Nessa mesma relação, quanto maior o volume de lubrificante
maior a perda de rendimento, conforme cita o manual Sew (2013, p. 91): “Perdas típicas em redutores
são perdas por atrito no engrenamento dos dentes, nos rolamentos e nos retentores, bem como perdas
por agitação no óleo”.
No caso dos acionamentos que utilizam de engrenagens, suas perdas de rendimento são determi-
nadas pelo tipo de engrenagem utilizada e por cada par dessas engrenagens. No nosso caso, trata-se de
eixos paralelos com dois estágios de engrenagem helicoidal, que possui dentes dispostos transversal-
mente em forma de hélice, e rendimento de 97%. Conforme informado no manual Sew (2013, p. 16):
“Nos redutores de engrenagens helicoidais, de eixos paralelos, de engrenagens cônicas e planetárias,
respectivamente, o rendimento do engrenamento dos dentes, por estágio do redutor, situa-se em torno
de 97% a 98%”.
Melconian (2009) cita que a potência útil de um sistema de transmissão pode ser conhecida por
meio da multiplicação da potência fornecida pela porcentagem das eficiências envolvidas no sistema,
conforme equação 7, em que é o torque na entrada do redutor, e é o RPM na
entrada do redutor.
(eq. 7)
(eq. 8)
Cada aplicação tem um valor que é considerado como fator de segurança, que é determinado por
experiências de projetos passados, bem como pela análise em laboratórios adequados à aplicação. Se-
gundo Norton (2013, p. 16): “A forma de expressão de um coeficiente de segurança pode geralmente ser
escolhida com base no tipo de esforço exercido sobre a peça”.
Para dimensionarmos o redutor, necessitamos conhecer o motor e o câmbio utilizado no veículo,
coletando dados e experiências de equipes concorrentes, que serão utilizados nos cálculos do aciona-
mento. Para o motor, utilizaremos o “Briggs & Stratton 10 HP” 305 cilindradas e torque de 18.5 N/m,
que é um motor estacionário normalmente utilizado para mover máquinas fixas, como geradores, bom-
bas e ferramentas de trabalhos. Esse motor é definido pelo regulamento da competição. Sendo assim,
todas as equipes o utilizaram (BRIGGS & STRATTON, 2013).
Para o câmbio, utilizaremos o CVT (transmissão continuamente variável) Comet 790, que consiste
de duas polias variáveis, acionadas por uma correia em v, que trabalham em conjunto; quando uma está
se abrindo, a outra está se fechando, alterando a relação entre si e a rotação do motor, produzindo assim
a rotação e a velocidade necessária para o veículo, conforme exigida no percurso. Nessa mesma linha,
Bosch (2005, p. 414) argumenta que:
Transmissões continuamente variáveis (CVT) são capazes de converter cada ponto de operação do
motor em uma curva operacional e cada curva operacional do motor em uma faixa de operação dentro
do campo característico de tração.
Enfim, para completar todo o entendimento, podemos dizer que o acionamento ou o conjunto de
transmissão, quando acionado por correias, sofre algumas limitações em seu funcionamento. Conforme
argumentado por Juvinall e Marshek (2008, p. 426): “A capacidade de acionamento de uma correia nor-
malmente é limitada pela condição de deslizamento ocorrente na menor das polias”.
3. METODOLOGIA
A metodologia a ser empregada em nosso trabalho de conclusão de curso será de campo, buscando
recuperar o conhecimento científico sobre a problemática relacionada ao campo da engenharia mecâni-
ca. Ela será de nível teórico e prático, cuja fonte de dados foi baseada em livros periódicos, artigos cien-
tíficos e sites especializados. Além disso, para analisar o desempenho da caixa de redução a ser utilizada,
foi necessário buscar métodos e fórmulas de cálculos analisadas por software. Por fim, para propor me-
lhorias futuras, coletamos dados da prática efetuada em competições anteriores. A forma de abordagem
da pesquisa foi qualitativa e quantitativa, na qual as informações obtidas foram também quantificadas e
os dados foram analisados. A interpretação dos fenômenos e a atribuição dos significados são básicas no
processo desse tipo de pesquisa científica.
Para analisar os rendimentos e verificar se o redutor de velocidade será compatível com a solici-
tação, necessitamos conhecer os componentes envolvidos no sistema Powertrain, bem como a coleta de
dados do conjunto utilizado e experiências de equipes concorrentes, os quais serão utilizados nos cálcu-
los envolvidos. Dessa forma, adotaremos os seguintes critérios como métodos e técnicas:
• 3.1 – Componentes da transmissão.
• 3.2 – Coletas de dados.
• 3.3 – Cálculos de rendimento.
• 3.4 – Cálculos dos esforços de tração.
Componentes da transmissão
Componentes do Powertrain
Figura 3. Componentes do Powertrain.
Coletas de dados
O motor “Briggs & Stratton” é um motor estacionário normalmente utilizado para mover máqui-
nas fixas, como geradores, bombas e ferramentas de trabalhos. Esse motor é definido pelo regulamento
da competição, e, como exigência, todas as equipes devem utilizá-lo, não sendo permitido realizar alte-
rações para ganho de potência ou rendimento.
Os dados são: 10 hp, 305 cilindradas e torque máximo de 18.5 N/m a aproximadamente 2600 rpm.
Na figura 4, será possível constatar, pelo gráfico, a curva de torque máximo, e, na figura 5, a curva de
potência máxima que o referido motor possui.
Também o regulamento define como regra a regulagem de RPM máximo do motor como sendo
de 3800 rpm.
Para o câmbio, utilizaremos o CVT (transmissão continuamente variável) Comet 790, que consiste
de duas polias variáveis, acionadas por uma correia em v, que trabalham em conjunto; quando uma está
se abrindo, a outra está fechando, alterando a relação entre si e a rotação do motor, produzindo, assim, a
rotação e a velocidade necessária para o veículo, conforme exigida no percurso. O câmbio foi fornecido
pela empresa parceira Brascabos Componentes Elétricos e Eletrônicos, na qual trabalha um dos inte-
grantes desta pesquisa.
Câmbio CVT
Figura 6. Câmbio CVT.
Dados:
Para a caixa de redução de velocidade, utilizaremos o modelo FAB47AD2, fornecido pela parceira
fabricante de redutores SEW Eurodrive, marca mundialmente conhecida pela excelência na fabricação
de motorredutores e de produtos eletrônicos na aplicação industrial, na qual trabalha um dos integrantes
desta pesquisa.
Redutor de velocidade
Figura 7. Redutor de velocidade.
Os dados das tabelas a seguir foram realizados pelo fabricante do redutor no software Wesilab,
utilizado em todas as unidades espalhadas pelo mundo, e que é de uso exclusivo e interno do fabricante.
Não poderá ser divulgada a metodologia empregada pelo fato de ser secreta, e também uma estratégia
comercial.
Consideramos que o veículo esteja parado com o motor em marcha lenta a 1600 rpm e CVT com
redução de 3,34: 1; e que, quando o veículo parte para o movimento, sua rotação sobe e, em paralelo, a
redução do CVT se altera. Isso dificulta sabermos qual será a redução quando atingir 2600 rpm, que é
quando o motor produz seu maior torque. Adotaremos, então, o seguinte procedimento para a análise:
primeiramente, faremos os cálculos com 2600 rpm com redução do CVT a 3,34:1; apesar de não ser a
realidade na prática, poderemos utilizar esses dados para análise, como a pior condição de esforços. Em
seguida, faremos uma média, estimando que, quando o motor estiver a 2600 rpm, o CVT estará com a
redução de 1,94: 1, o que deverá ser o mais próximo da realidade. Por último, faremos os cálculos com
2600 rpm e com redução do CVT de 0,54:1, considerando a maior velocidade, exigindo alta rotação do
redutor.
Rolamento 2
11433 h 34186 h 381562 h
>1600 horas
Seção 2 7.21 > 1.15 14.54 > 1.15 54.15 > 1.15
Seção 3 7.37 > 1.15 12.72 > 1.15 47.26 > 1.15
Fator de Segurança
contra deformação B10x8x28-55HRC
plástica Chaveta
>1,3 2.33
Também utilizaremos um sistema de transmissão composto por dois pares de mancais de rolamen-
to, e duas coroas de mesma dimensão, interligadas a uma corrente. Esse sistema foi adotado devido a
distância entre eixos de entrada e saída do redutor, pois não possui a dimensão suficiente para acomodar
a polia do CVT e o semieixo, interligando-o às rodas do veículo e deixando um espaço mínimo para que
os dois envolvidos não se toquem evitando quebra ou travamento do sistema.
Rendimentos:
Corrente = 0,97
Par de Mancais de Rolamento = 0,98
Cálculos de Rendimento
Após conhecer todos os componentes envolvidos e suas devidas perdas, podemos calcular e ana-
lisar a potência na entrada do redutor.
= 4,88KW
= 4,88 KW
= 4,57 KW
Força de tração
Para conhecer a força máxima de tração, será necessário, antes, saber o torque máximo do redutor.
Mt = 432 Nm
Mt = 251 Nm
Mt = 70 Nm
Para a força de tração, serão calculados três momentos nas três reduções em análise, considerando
as reduções máxima, média e mínima do conjunto, sendo a 3,34 × 7,44 = 24,84 máxima, 1,94 × 7,44 =
14,43 a média e 0,54 × 7,44 = 4,01 a mínima.
F máxima = 37016,90 N
F máxima = 12494,09 N
F máxima = 968,29 N
Força de atrito
Para calcular a força de atrito máxima, temos que utilizar a força normal exercida no eixo traseiro,
considerando, devido à posição do piloto, que 70% da carga total estão nas rodas traseiras.
Massa total do veículo 320 Kg, dividido em 70% na traseira, 224 Kg, e 30% na dianteira, 96 Kg.
Fa = 1.428,33 N
Esforços de tração
Resistência ao ar
Devido às características das provas, o veículo não ultrapassa a velocidade máxima de 60 Km/h,
então, para efeito de cálculo, a utilizaremos como parâmetro V².
Para o coeficiente de resistência aerodinâmica, adotaremos 1,5. Segundo dados de simulação
realizada em laboratório por Dias (2010), da equipe Baja Unicamp-SP, ele é de 1,0 a 1,5.
RA = 257,14 N
Fr = 96 N
Gradiente de resistência
No nosso caso, S é 100% devido ao fato de o gradiente de inclinação da rampa utilizada nas provas
ser no máximo de 45°.
= 3.139,2 N
REFERÊNCIAS
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BUDYNAS, R. G.; NISBETT, J. K. Elementos de máquinas de Shigley: projeto de engenharia mecânica. 8. ed. Porto Alegre:
AMGH, 2011.
CHIODELLI, R. T. Dimensionamento de componentes de transmissão para um veículo Baja SAE. 2012. 47f. Monografia
(Graduação em Bacharel em Engenharia Mecânica) – Faculdade Horizontina (FAHOR), Horizontina, 2012. Disponível
em:<http://www.fahor.com.br/publicações/TFC/EngMec/2012/Roman_Toledo_Chiodelli.pdf>. Acesso em: 12 ago. 2015.
DIAS, J. Curso de Especialização em Engenharia Automotiva – Módulo: Transmissões. Curitiba: UTFPR, 2011. Disponível
em: <http://www.damec.ct.utfpr.edu.br/automotiva/downloadsAutomot/c1Transmissoes.pdf>. Acesso em: 11 ago. 2015.
HPWIZARD – AUTOMOTIVE DESIGN TOOLS. Tire friction and rolling resistance coefficients. 2012. Disponível em:
<http://hpwizard.com/tire-friction-coefficient.html>. Acesso em: 12 ago. 2015.
JUVINALL, R. C; MARSHEK, K. M. Fundamentos do projeto de componentes de máquinas. 4. ed. Rio de Janeiro: Luc,
2008.
NORTON, R. L. Projeto de máquinas: uma abordagem Integrada. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013.
SEW EURODRIVE. Catálogo do fabricante, seleção de acionamentos, métodos de cálculos e exemplos. Indaiatuba: SEW
Eurodrive, 2013. v. 1.
1
Lucas Aerre de Oliveira Angelo. Bacharelando em Engenharia Civil pela Universidade Paulista (UNIP). .E-mail: <lucasaerreangelo@gmail.com>.
2
Luiz Soares Correia. Mestre em Transportes pela Universidade de Brasília (UNB). Bacharel em Engenharia Elétrica pela Universidade Paulista (UNIP).
E-mail: <luizcorreia@claretiano.edu.br>.
1. INTRODUÇÃO
O ruído é um elemento perturbador na vida das pessoas e das organizações, suas consequências
estão inteiramente ligadas aos aspectos de saúde humana, bem como aos aspectos financeiros e eco-
nômicos. Visando uma melhoria na eficiência das edificações brasileiras em geral, foi criada a Norma
de Desempenho, NBR 15.575 na qual todas as edificações são enxergadas de forma mais sistêmica e
peculiar, tendo em vista que todos os sistemas presentes nessas edificações devem funcionar simultane-
amente, seguindo as exigências da Norma. Uma dessas exigências é, justamente, o desempenho acústico
presente nessas edificações. Com base nisso, elaborou-se o presente trabalho com o objetivo de avaliar
através de medições em campo o desempenho acústico de vedações internas verticais que estão sob a
incidência de ruídos aéreos de uma edificação na cidade de Brasília-DF. É realizada uma curta funda-
mentação teórica e logo após é descrito os procedimentos de medição realizados através do método de
controle estabelecido pela norma, e seus resultados são avaliados de acordo com os parâmetros da mes-
ma. A medição realizada entre salas de mesma unidade, apresentou uma diferença de nível de pressão
sonora padronizada pondera (DnT,w) igual a 40 dB, sendo assim classificada dentro do desempenho
mínimo exigido pela norma em questão.
Objetivos específicos
• Realizar medidas in situ de isolamento acústico aéreo utilizando medidores de pressão sonora
equipados com filtros de bandas de oitava;
• Identificar pontos de medição dos ruídos aéreos nas vedações verticais que utilizam lã de PET
para isolamento acústico na edificação;
• Medir o tempo de reverberação no ambiente receptor;
• Comparar os valores obtidos por meio das medições com os parâmetros de isolamento sonoro
estabelecidos na norma de desempenho NBR 15.575-4.
3. METODOLOGIA
Depois de escolhido o empreendimento, ele foi identificado, e foram localizados os andares a se-
rem medidos. Posteriormente, foram especificados os equipamentos utilizados nas medições, abordando
alguns aspectos. Foram descritos: a forma como é feita a geração do som no ambiente; as faixas espe-
cíficas de frequência que devem ser seguidas; o método utilizado para medir o tempo de reverberação;
o método de medição do nível de pressão sonora com o posicionamento da fonte e dos microfones; a
quantidade de medições; e a forma de expressão dos resultados. Foi feita ainda a explicação do méto-
do de obtenção do valor global de isolamento sonoro aéreo. Para finalizar, foi avaliado o desempenho
acústico de acordo com os requisitos mínimos para isolamento sonoro aéreo estabelecidos pela Norma
de Desempenho.
Equipamentos utilizados
As normas ISO 16.283 (2014) e ISO 3382 (2012) determinam que os instrumentos de medição
dos níveis de pressão sonora – microfone, cabo, dispositivos de gravação e outros acessórios utiliza-
dos – devem cumprir os requisitos para uma classe de instrumento 0 ou 1, de acordo com IEC 61672-1
Ling. Acadêmica, Batatais, v. 8, n. 1, p. 103-110, jan/jun. 2018
106
(2013) para aplicação de incidência aleatória. Os filtros devem obedecer aos requisitos para uma classe
de instrumento 0 ou 1, de acordo com a IEC 61260 (1995). Os equipamentos para medição do tempo de
reverberação devem cumprir os requisitos definidos na norma ISO 3382-2 (2012).
Para a realização das medições, são necessários equipamentos específicos de acústica e
equipamentos de uso geral. Entre esses equipamentos, estão:
1) Equipamentos acústicos:
• Microfone;
• Amplificador de potência;
• Analisadores com bandas de 1/1 de oitava.
2) Equipamentos não acústicos:
• Tripé;
• Trena.
Com base na ISO 16.283-1 (2014), algumas questões relativas à geração de som devem ser con-
sideradas:
1) Ruído gerado deve ser estável e seu espectro de frequência contínuo.
2) Diferença máxima permitida de 6 dB entre as bandas de oitava no ambiente e diferença mínima
de 10 dB entre o nível de pressão sonora no ambiente receptor e o ruído de fundo. Caso seja
necessário, deve ser realizada a correção de ruído de fundo.
3) Ruído sendo gerado a partir de mais de um alto-falante deve estar em fase.
4) Para volumes de ambientes diferentes, o maior deve ser usado como emissor do ruído.
Foi medido o tempo de reverberação T20, que nada mais é que o tempo necessário para que o nível
de pressão sonora diminua 60dB. O T60 resulta da multiplicação por três do tempo necessário para que o
nível reduza 20dB (CESVA, 2016).
O T20 foi medido pelo estouro dos balões Nº 12, em posições distintas. Foram adotadas duas posi-
ções para o microfone e, para cada posição de microfone, foram realizadas quatro posições de fonte (ba-
lões), totalizando então oito medições em todas as faixas de frequências previstas de 63 Hz a 8000 Hz.
Primeiramente, foram realizadas duas posições de fonte no ambiente emissor de ruído, sendo que,
para as duas posições, foram efetuadas duas posições de microfone no mesmo ambiente.
Depois disso, o microfone foi posicionado no ambiente receptor, onde foi alternado entre duas
posições diferentes do microfone para a mesma posição de fonte, que permanecia no ambiente emissor,
totalizando duas medições.
Tratamento de dados
Com base nas medições, são captados os valores de nível de pressão sonora no ambiente emissor
(L1) e no ambiente receptor (L2). Subtraindo-se o L2 do L1, é obtida a diferença de níveis de pressão so-
nora (D) entre os ambientes.
O valor da diferença de nível de pressão sonora (D) precisa então ser aprimorado para o valor da
diferença de nível padronizada (DnT).
Sendo T o tempo de reverberação medido na sala de recepção e T0 o tempo de reverberação de
referência (igual a 0,5 segundos), podem ser calculados os valores de para cada frequência.
Os valores de se dão em função de cada faixa de frequência medida e irão gerar uma curva que
deverá ser ajustada à curva de valores de referência para ruído aéreo em bandas de oitava, conforme a
ISO 717-1.
A primeira medição foi feita entre duas salas comerciais, localizadas no 6º pavimento do edifício,
sendo uma delas um escritório (denominado aqui como SALA 1) e a outra uma sala de reunião (SALA
2). Ambas as salas apresentam pé direito de 2,70 m e volumetria de, respectivamente, 137,65 m³ e
130,16 m³ para a SALA 1 e para a SALA 2. Em concordância com a ISO 16.283-1 (2014), apresentan-
do a SALA 1 o maior volume, ela é definida como o ambiente emissor de ruído, enquanto a SALA 2,
ambiente receptor.
Entre as duas salas, existe uma porta simples sem bandeira completa em divisória removível, com
espessura de 90mm e um vão livre de 93 cm de largura por 2,60 m de altura, confeccionada em chapa
de madeira aglomerada MDF revestida em laminado melamínico de alta pressão. Essa mesma porta se
encontra individualmente na divisória lateral da SALA 2.
A área da divisória em questão que está sendo analisada, para fins de isolamento acústico, é de
25,65 m², sendo 2,70 m de altura e 9,5 m lineares de comprimento.
Para medição do tempo de reverberação, foram realizadas quatro posições de fonte para cada po-
sição de microfone, sendo adotadas duas posições de microfone, totalizando oito medidas para medição
do tempo de reverberação na SALA 2, ambiente receptor.
Depois disso, foi adotada uma posição de fonte e uma posição de microfone no ambiente emissor,
com o objetivo de medir o nível médio de pressão sonora L1 no ambiente emissor. Posteriormente, foi
medido o nível médio de pressão sonora L2 no ambiente receptor.
A média dos níveis de pressão sonora nos ambientes emissor e receptor ( e nos permite a obtenção
da diferença de nível de pressão sonora (D). Os resultados dos valores de medidos para cada frequência
podem ser observados na Tabela 1.
Tabela 1. Valores de T20, L1, L2, D e DnT por frequência para medição da vedação vertical entre SALA 1
e SALA 2.
Tempo de
L1 L2 D DnT
Frequência (Hz) reverberação T20
(dB) (dB) (dB) (dB)
(s)
125 0,50 82,80 61,70 21,1 21,07
250 0,50 92,60 62,00 30,6 30,63
500 0,45 88,20 55,35 32,85 32,39
1000 0,50 88,60 54,15 34,45 34,46
2000 0,65 92,80 61,65 31,15 32,26
Com o valor de DnT obtido para cada frequência, ainda é necessário obter o valor único, que será
comparado com a norma.
Para isso, foi feito o procedimento de ajuste da curva dos valores da diferença de pressão sonora
padronizada DnT, para a curva dos valores de referência, com base na ISO 717-1. Os desvios desfavorá-
veis somaram 31,99 decibéis, estando, portanto, dentro do valor máximo de 32 decibéis, permitido pela
norma. Os valores oriundos desse procedimento podem ser vistos na Tabela 2.
Valor de referência
Frequência (Hz) Atenuação (dB) Diferença
-12,4
125 21,07 23,76 2,692694846
250 30,63 32,76 2,127549452
500 32,39 39,76 7,367574906
1000 34,46 42,76 8,299156187
2000 32,26 43,76 11,5041029
∑ Desvios Positivos
31,99 dB
(Diferença)
O valor de referência ajustado, na faixa de frequência de 500 Hz é o nosso valor único. Foi obtido
o valor único, DnT,w no valor de 39,79 dB, portanto, arredondando, 40 dB.
Analisando o DnT,w, foi obtida a medição de 40 dB, valor classificado segundo a NBR 15.575.ATa-
bela 3 apresenta a comparação dos valores obtidos com os valores estabelecidos.
Com base nas medições feitas neste presente trabalho, concluímos que a lã de PET obteve resul-
tado positivo quando relacionada ao requisito mínimo estipulado pela Norma de Desempenho. Em uma
análise realizada em campo para paredes divisórias em MDF com espessura de 10 cm composta junta-
mente com lã de PET na parte interna, verificou-se um isolamento aéreo ) de 40 dB. A NBR 15.575-4,
conforme Tabela 3, estabelece que, para esse tipo de ambiente, o requisito mínimo deve ser ≥40 dB,
satisfazendo assim, a comparação dos valores obtidos com os estabelecidos.
Ressalta-se ainda que o ambiente do empreendimento onde foram realizadas as medições já es-
tava ocupado e dispunha da presença de vários móveis, tais como cadeiras, mesa de reunião, rack para
televisão e carpete. Com base nisso, pode-se justificar a grande absorção sonora do ambiente e o baixo
tempo de reverberação obtido nas medições, que nada mais é que o tempo que o som leva para decair 60
dB, ou seja, o tempo em que o som permanece audível no ambiente. Como o tempo de reverberação está
diretamente ligado à diferença de nível padronizada e à diferença padronizada de nível ponderada (),
pode-se afirmar que, se as medições tivessem sido feitas antes da ocupação desses móveis, o resultado
final seria superior ao obtido e, consequentemente, seria obtido um maior valor de diferença padroniza-
da de nível ponderada.
REFERÊNCIAS
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AMPLITUDE SOLUÇÕES ACÚSTICAS LTDA. Entenda a diferença entre isolamento e tratamento acústico. 2015.
Disponível em: <http://www.amplitudeacustica.com.br/blog/entenda-a-diferenca-entre-isolamento-e-tratamento-acustico/>.
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______. ISO 717-1 Acoustics – Rating of sound insulation in buildings and of building elements, Part 1: Airborne sound
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______. ISO 16.283-1 Acoustics – Field measurement of sound insulation in buildings and of building elements – Part 1:
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SANTOS NETO, N. A. Caracterização do isolamento acústico de uma parede de alvenaria estrutural de blocos cerâmicos.
2006. 128f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil, Universidade
Federal de Santa Maria (UFSM). Santa Maria, 2006.
SILVA, P. Acústica arquitetônica e condicionamento de ar (simplificado). Belo Horizonte: EDTAL E. T. Ltda., 2005.
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fica.
4) As referências no corpo do texto devem ser apresentadas entre parênteses, com nome do autor
em letra maiúscula, seguida de vírgula, seguida de espaço, da expressão “p.”, espaço e o res-
pectivo número da(s) página(s), quando for o caso. Ex.: (FERNANDES, 1994, p. 74). A norma
utilizada para a padronização das referências é a da ABNT em vigência.
5) As seções do texto devem ser numeradas, a começar de 1 (na introdução) e ser digitadas em
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7) As referências bibliográficas devem vir em ordem alfabética no final do artigo, conforme a
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8) As expressões estrangeiras devem vir em itálico.
Livro no todo
PONTES, Benedito Rodrigues. Planejamento, recrutamento e seleção de pessoal. 4. ed. São Paulo: LTr, 2005.
Capítulos de Livros
BUCII, Eugênio; KEHL, Maria Rita. Videologias: ensaios sobre televisão. In: KEHL, Maria Rita. O espetáculo como meio
de subjetivação. São Paulo: Boitempo, 2004. cap. 1, p. 42-62.
Periódico no todo
GESTÃO EMPRESARIAL: Revista Científica do Curso de Administração da Unisul. Tubarão: Unisul, 2002.
Artigos em periódicos
SCHUELTER, Cibele Cristiane. Trabalho voluntário e extensão universitária. Episteme, Tubarão, v. 9, n. 26/27, p. 217-236,
mar./out. 2002.
Jornal
ALVES, Márcio Miranda. Venda da indústria cai pelo quarto mês. Diário Catarinense, Florianópolis, 7 dez. 2005. Economia,
p. 13-14.
Site
XAVIER, Anderson. Depressão: será que eu tenho? Disponível em: <http:// www.psicologiaaplicada.com.br/depressao-
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Verbete
TURQUESA. In: GRANDE enciclopédia barsa. São Paulo: Barsa Planeta Internacional, 2005. p. 215.
Evento
CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA MECÂNICA, 14, 1997, Bauru. Anais... Bauru: UNESP, 1997.