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Práticas Profissionais

DA ENGENHARIA

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Organizador:
Ricardo Buneder
Práticas Profissionais
DA ENGENHARIA

R icardo B uneder
(O rg .)
UNIVERSIDADE LA SALLE PRODUÇÃO DE CONTEÚDO
Reitor Coordenador de Produção
Prof. Dr. Paulo Fossatti - Fsc Prof. Dr. Jonas Rodrigues Saraiva

Vice-Reitor, Pró-Reitor de Pós-grad., Equipe de Produção de Conteúdo


Pesq. e Extensão e Pró-Reitor de Graduação Arthur Menezes de Jesus João Henrique Mattos dos Santos
Prof. Dr. Cledes Casagrande - Fsc Bruno Giordani Faccio Jorge Fabiano Mendez
Daniele Balbinot Nathália N. dos Santos
Pró-Reitor de Administração Fabio Adriano Teixeira dos Santos Patrícia Menna Barreto
Vitor Benites Gabriel Esteves de Castro Sidnei Menezes Martins
Ingrid Rais da Silva Tiago Konrath Araujo

Projeto Gráfico, Editoração, Revisão e Produção


Equipe de Produção de Conteúdo Universidade La Salle - Canoas, RS
1ª Edição
Atualizada em:
Janeiro de 2023

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

P912 Práticas profissionais da engenharia / Ricardo Buneder (org). Canoas, RS : Ed. La


Salle, 2023.
115 p. : il. ; 30 cm. – (Inovação e tecnologia)

Bibliografia.

1. Engenharia – Prática profissional. 2. Engenharia – História.


3. Engenharia – Mercado de trabalho. 4. Engenharia – Projetos. 5. Engenharia –
Materiais. 6. Engenharia – Normas. I. Buneder, Ricardo. II. Série.

CDU: 62

Bibliotecário responsável: Samarone Guedes Silveira - CRB 10/1418

© 2023 por Universidade La Salle


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APRESENTAÇÃO
Prezado estudante,
A equipe da EaD La Salle sente-se honrada em entregar a você este material didático. Ele
foi produzido com muito cuidado para que cada Unidade de estudos possa contribuir com seu
aprendizado da maneira mais adequada possível à modalidade que você escolheu para estudar: a
modalidade a distância. Temos certeza de que o conteúdo apresentado será uma excelente base
para o seu conhecimento e para sua formação. Por isso, indicamos que, conforme as orientações de
seus professores e tutores, você reserve tempo semanalmente para realizar a leitura detalhada dos
textos deste livro, buscando sempre realizar as atividades com esmero a fim de alcançar o melhor
resultado possível em seus estudos. Destacamos também a importância de questionar, de participar
de todas as atividades propostas no ambiente virtual e de buscar, para além de todo o conteúdo aqui
disponibilizado, o conhecimento relacionado a esta disciplina que está disponível por meio de outras
bibliografias e por meio da navegação online.
Desejamos a você um excelente módulo e um produtivo ano letivo. Bons estudos!
Práticas Profissionais
da Engenharia
APRESENTANDO O ORGANIZADOR

Ricardo Buneder
Graduado em Engenharia Metalúrgica pela Universidade Federal do Rio Grande
do Sul (1983), Pós-graduado em Engenharia Metalúrgica pela Universidade Federal do
Rio Grande do Sul (1985) e Mestre em Administração na área de Logística, também
pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1990). Especialista em Docência
Universitária na Contemporaneidade pela Universidade de Caxias do Sul (2020) e em
Gestão Lean de Estoques pela PROLOG (2020). Atualmente é professor convidado
do curso de Pós-graduação em Engenharia de Produção da Universidade do Oeste
de Santa Catarina (UNOESC). Atua também como professor conteudista e validador
da modalidade EaD da Universidade La Salle. Tem experiência como consultor de
empresas nas áreas de Logística e Gestão de Suprimentos e Produção. Atuou como
extensionista/consultor do Núcleo de Extensão Produtiva e Inovação da Universidade
La Salle, prestando atendimento a pequenas e médias empresas e, posteriormente,
como coordenador deste mesmo Núcleo, apoiando empresas de pequeno e médio porte
na melhoraria de sua produtividade, com ações voltadas às áreas de Planejamento
Estratégico, Redução de Perdas, Inovação e Produção mais Limpa.
Apresentação da
Disciplina

Prezado(a) estudante, seja bem-vindo à disciplina de Práticas


Profissionais de Engenharia.

A partir de agora, abordaremos a Engenharia a partir da evolução histórica


da profissão, discutindo a formação do engenheiro e suas atividades no mercado
de trabalho presente e futuro, considerando suas diversas especialidades. Também
contemplaremos os principais problemas de engenharia e os métodos e recursos para
sua solução. Abordaremos a engenharia de produtos e serviços, fontes de energia e os
materiais de engenharia, além dos processos de manufatura, os sistemas de unidades de
medida, a metrologia e normatização, bem como os sistemas físicos básicos, utilizando
as técnicas de análise de engenharia. Por fim, aprenderemos sobre as noções de
ergonomia e de higiene e segurança do trabalho.

Esperamos que você tenha uma proveitosa jornada de muitos estudos e


aprendizados sobre a Engenharia quanto profissão.

Bons estudos!
Sumário
UNIDADE 1
Evolução Histórica da Engenharia............................................................................................................................11
Objetivo Geral ...........................................................................................................................................................11
Objetivos Específicos ...............................................................................................................................................11
Questões Contextuais................................................................................................................................................11
1.1 A Evolução Histórica da Profissão de Engenheiro............................................................................................... 12
1.2 Engenharia: o que é e Quais as Atividades do (a) Engenheiro (a)?.................................................................... 13
1.3 As Quatro Especialidades Primárias da Engenharia .......................................................................................... 19
1.4 As Áreas da Engenharia e Suas Atribuições........................................................................................................ 20
1.4.1 Engenheiro Aeronáutico..........................................................................................................................................21
1.4.2 Engenheiro Agrimensor...........................................................................................................................................21
1.4.3 Engenheiro Ambiental............................................................................................................................................. 21
1.4.4 Engenheiro Agrônomo............................................................................................................................................. 21
1.4.5 Engenheiro Civil...................................................................................................................................................... 22
1.4.6 Engenheiro de Alimentos........................................................................................................................................ 22
1.4.7 Engenheiro de Minas.............................................................................................................................................. 22
1.4.8 Engenheiro de Pesca..............................................................................................................................................22
1.4.9 Engenheiro de Petróleo........................................................................................................................................... 22
1.4.10 Engenheiro de Produção.........................................................................................................................................23
1.4.11 Engenheiro Eletricista ............................................................................................................................................23
1.4.12 Engenheiro Florestal ..............................................................................................................................................23
1.4.13 Engenharia Industrial - Madeira..............................................................................................................................23
1.4.14 Engenheiro Mecânico ............................................................................................................................................23
1.4.15 Engenheiro Metalúrgico/Metalurgista.....................................................................................................................24
1.4.16 Engenheiro Naval...................................................................................................................................................24
1.4.17 Engenheiro Químico...............................................................................................................................................24
Síntese da Unidade....................................................................................................................................................25
Bibliografia................................................................................................................................................................26
UNIDADE 2
O Sistema CONFEA/CREA..........................................................................................................................................27
Objetivo Geral ...........................................................................................................................................................27
Objetivos Específicos ...............................................................................................................................................27
Questões Contextuais................................................................................................................................................27
2.1 O Sistema CONFEA/CREA...................................................................................................................................... 28
2.1.1 O Sistema CONFEA/CREA: Definição e Importância ................................................................................................28
2.1.2 Conselhos Regionais de Engenharia e Agronomia (CREA’s)......................................................................................31
2.1.3 Estrutura Básica dos Conselhos Regionais de Engenharia e Agronomia...................................................................32
2.2 Anotação de Responsabilidade Técnica – ART’s................................................................................................. 41
2.3 Atribuições e Mercado de Trabalho Para as Áreas da Engenharia..................................................................... 42
2.3.1 Principais Áreas da Engenharia: Atribuições e Mercado de Trabalho ......................................................................44
Síntese da Unidade....................................................................................................................................................61
Bibliografia................................................................................................................................................................62

UNIDADE 3
Projetos da Engenharia.............................................................................................................................................63
Objetivo Geral ...........................................................................................................................................................63
Objetivos Específicos ...............................................................................................................................................63
Questões Contextuais................................................................................................................................................63
3.1 Os Projetos de Engenharia................................................................................................................................... 64
3.1.1 Introdução.............................................................................................................................................................. 64
3.1.2 O que é Projetar Algo? Onde e Como os Engenheiros Projetam?.............................................................................64
3.1.3 Definição de Projeto de Engenharia.........................................................................................................................66
3.1.4 Suposições Implícitas na Definição de Projeto de Engenharia..................................................................................68
3.2 Os Problemas de Engenharia .............................................................................................................................. 68
3.2.1 Metodologia Para Solução de Problemas de Engenharia..........................................................................................69
3.2.2 Principais Problemas Envolvidos no Processo de Projeto de Engenharia e na sua Execução �����������������������������������72
3.3 Projetos de Bens e Serviços................................................................................................................................. 76
3.4 Fontes de Energia................................................................................................................................................. 77
3.4.1 Energia Armazenada na Matéria.............................................................................................................................77
3.4.2 Energia do Movimento da Matéria........................................................................................................................... 78
3.4.3 Energia da Radiação e do Calor............................................................................................................................... 79
3.4.4 Energia Muscular.................................................................................................................................................... 79
3.4.5 Energias Pouco ou não Exploradas Comercialmente................................................................................................79
3.5 Principais Tipos de Energia.................................................................................................................................. 80
3.6 Materiais de Engenharia........................................................................................................................................ 81
3.6.1 Metais Leves e Suas Ligas ..................................................................................................................................... 82
3.6.2 Cobre e Suas Ligas ................................................................................................................................................83
3.6.3 Ferro e Aço............................................................................................................................................................. 83
3.6.4 Concreto.................................................................................................................................................................84
3.6.5 Madeira, Plásticos, Silício, Vidro e Compósitos........................................................................................................85
3.7 Processos de Manufatura..................................................................................................................................... 87
3.7.1 Manufatura............................................................................................................................................................. 88
3.7.2 Processos de Fabricação/Manufatura......................................................................................................................90
Síntese da Unidade....................................................................................................................................................93
Bibliografia................................................................................................................................................................94
UNIDADE 4
Metrologia, Ergonomia, Normas Regulamentadoras e Certificações......................................................................95
Objetivo Geral ...........................................................................................................................................................95
Objetivos Específicos ...............................................................................................................................................95
Questões Contextuais................................................................................................................................................95
4.1 Sistema Internacional (SI) de Unidades............................................................................................................... 96
4.1.1 Introdução.............................................................................................................................................................. 96
4.1.2 As Unidades Básicas do SI...................................................................................................................................... 96
4.2 Metrologia............................................................................................................................................................. 99
4.2.1 Funções do Inmetro..............................................................................................................................................102
4.2.2 Metrologia Legal................................................................................................................................................... 102
4.2.3 Metrologia Científica e Industrial........................................................................................................................... 103
4.3 Sistemas Físicos................................................................................................................................................. 104
4.3.1 As Representações dos Sistemas Físicos..............................................................................................................104
4.3.2 A Modelagem na Solução de Problemas de Engenharia........................................................................................ 105
4.4 Ergonomia e as Normas Regulamentadoras..................................................................................................... 108
4.4.1 Definição, Propósitos e Finalidades da Ergonomia.................................................................................................108
4.4.2 As Normas Regulamentadoras.............................................................................................................................. 111
4.5 As Certificações ISO............................................................................................................................................. 112
4.5.1 Principais Certificações ISO..................................................................................................................................112
Síntese da Unidade..................................................................................................................................................114
Bibliografia..............................................................................................................................................................115
unidade

1
V.1 | 2023

Evolução Histórica da Engenharia


Prezado estudante,

Estamos começando uma unidade desta disciplina. Os textos que a compõem foram organizados com
cuidado e atenção, para que você tenha contato com um conteúdo completo e atualizado tanto quanto
possível. Leia com dedicação, realize as atividades e tire suas dúvidas com os tutores. Dessa forma, você,
com certeza, alcançará os objetivos propostos para essa disciplina.

Objetivo Geral
Abordar a Evolução Histórica da Engenharia em Nível Mundial e Nacional.

Objetivos Específicos
• Apresentar as principais definições de Engenharia;
• Discutir os quatro pilares da Engenharia (civil, elétrica, mecânica e química), e as engenharias
descendentes;
• Abordar as atribuições profissionais de cada área da engenharia.

Questões Contextuais
• O que se entende por Engenharia?
• Quais as especialidades primárias da Engenharia?
• Como definir a profissão de engenheiro?
12 PRÁTICAS PROFISSIONAIS DA ENGENHARIA | Ricardo Buneder

1.1 A Evolução Histórica da


Profissão de Engenheiro
Você sabe como surgiu a Engenharia? Essa é uma questão que frequentemente
suscita dúvidas. De acordo com o Instituto de Engenharia (2019), a profissão de
engenheiro tem relação com a aplicação do conhecimento, com o objetivo de melhorar
a qualidade de vida da sociedade.

Mas de que forma isso é possível? Através do desenvolvimento de ferramentas,


equipamentos e objetos úteis para essa sociedade. Nesse sentido, os engenheiros e seus
precursores já se faziam presentes na construção de obras icônicas, como por exemplo,
as pirâmides do Egito, os aquedutos romanos etc., e na base matemática e física que é
o alicerce da engenharia.

Ainda de acordo com o Instituto de Engenharia (2019), acredita-se que o primeiro


engenheiro civil foi Imhotep, que era um dos funcionários do faraó que projetou e
construiu a pirâmide de Djoser. Tal fato deve ter acontecido entre 2630 – 2611 a. C.
A título de informação, deve-se destacar também que Imhotep é considerado o primeiro
arquiteto da história antiga.

Figura 1.1 – A Pirâmide de Djoser.

Fonte: Wikimedia Commons (2023).


Evolução Histórica da Engenharia | UNIDADE 1 13

Outro aspecto importante a ser mencionado diz respeito ao surgimento e


significado da palavra “engenheiro”.

A palavra engenheiro vem de engenho e engenhoso que, por sua vez, derivam
do latim in generare, que significa a faculdade de saber, criatividade.
A palavra engenheiro data de cerca de 200 d.C., quando o autor
cristão Tertuliano descreveu um ataque romano a Cartago no qual foi
empregado um aríete, por ele descrito como ingenium, uma invenção
engenhosa. Mais tarde, por volta de 1200 d.C., a pessoa responsável
pelo desenvolvimento de inovadores engenhos de guerra (aríetes,
pontes flutuantes, torres de assalto, catapultas etc.) era conhecida como
ingeniator. Nos anos 1500, à medida que o significado de “engenhos”
era ampliado, um engenheiro era a pessoa que construía engenhos.
Hoje, um construtor de engenhos seria classificado como um engenheiro
mecânico, pois um engenheiro, no sentido mais geral, é “uma pessoa que
aplica conhecimentos de ciência, matemática e economia para atender
às necessidades da humanidade”. (HOLTZAPPLE; REECE, 2013, p. 2).

Como consequência da definição anterior, esses mesmos autores afirmam que

Engenheiros são pessoas que buscam soluções de problemas. Dadas


as raízes históricas da palavra engenheiro, podemos estendê-las e
dizer que os engenheiros são engenhosos na solução de problemas.
(HOLTZAPPLE; REECE, 2013, p. 2).

Bem, agora que apresentamos, ainda que de forma breve, a evolução histórica
da profissão de engenheiro e uma definição preliminar da palavra engenheiro, vamos
abordar alguns conceitos de engenharia, bem como as atividades do engenheiro (a) na
sequência desta unidade.

1.2 Engenharia: o que é e Quais as


Atividades do (a) Engenheiro (a)?
Vamos iniciar esse tópico apresentando algumas definições de Engenharia.
Porém, antes disso, cabe salientar que, conforme coloca Cocian (2017), a maioria das
pessoas não sabem, exatamente, quais as atribuições de um engenheiro. Tal fato é
relevante porque, segundo esse mesmo autor, a engenharia diz respeito aos avanços
tecnológicos e à produção de todos os bens e serviços que conhecemos. Veja bem, a
produção de tudo que é consumido em nosso dia a dia e no das empresas está, de forma
direta ou indireta, ligada à engenharia. Importante isso, não?
Bem, vamos em frente apresentando algumas definições para engenharia.
Segundo Cocian (2009), “Engenharia é a arte da aplicação dos princípios científicos,
da experiência, do julgamento e do senso comum, para implementar ideias e ações em
benefício da humanidade e da natureza.” (COCIAN, 2009, p. 16).
14 PRÁTICAS PROFISSIONAIS DA ENGENHARIA | Ricardo Buneder

Esse mesmo autor propõe também uma segunda definição: “A engenharia é


a aplicação dos saberes científicos para criar algum elemento de valor a partir dos
recursos naturais.” (COCIAN, 2009, p. 17).

Observe que essa última definição faz referência à expressão “elemento de


valor”. Mas o que devemos entender quando falamos em elemento de valor e, além
disso, valor para quem?
Elemento de valor, de forma geral, é tudo o que cria/gera utilidade para a
sociedade. Sendo assim, quem determina o que é valor é a sociedade.
Além disso, de acordo com Cocian (2017, p. 2), “os valores são relativos,
pois dependem do tipo de sociedade e da conjuntura.” Vamos tomar como exemplo
a produção da carne halal. De acordo com publicação do Canal Rural (2014), ainda
que esse produto não seja popular em nosso país, aproximadamente 25% da população
mundial consome carnes produzidas pelo método halal, em particular os países do
Oriente Médio. No entanto, para que nossos frigoríficos possam produzir essa carne e
exportá-la, são necessárias algumas medidas de certificação, bem como auditoria das
plantas frigoríficas, o que gera custos extras de produção, mas valor para determinados
grupos específicos de consumidores, os quais estão dispostos a pagar por esse produto.

DESTAQUE
As medidas listadas a seguir são necessárias para a produção e comercialização
da carne halal. Tais exigências geram custos extras, mas geram valor para a
população dos países do oriente médio, em especial:

• É necessária a certificação do frigorífico. Nesse sentido, uma auditoria


avalia a planta do frigorífico e este laudo determina o recebimento ou
não do certificado;

• Um funcionário árabe deve inspecionar o processo de abate,


que é diferenciado;

• Ao realizar a degola, a parte da frente do animal deve estar direcionada


à Meca (berço da religião islâmica), em sinal de agradecimento a Deus;

• Na hora de abater o animal, deve-se pronunciar uma expressão que


significa “Em nome de Deus”;

• Durante todo o processo, não pode haver nenhuma contaminação com


outras carnes que não seguiram esse mesmo método;

• Não pode haver o atordoamento do animal, o que gera dificuldades para a


indústria, elevando os custos e tornando o procedimento mais demorado.

Disponível em: http://gg.gg/12lkne. Acesso em: 08 setembro, 2022.


Evolução Histórica da Engenharia | UNIDADE 1 15

Outro aspecto relevante apontado pelo autor anteriormente referenciado é o de


que nas definições apresentadas a engenharia não é considerada “...como uma ciência,
mas como processos que se aproveitam dela para gerar as suas aplicações - uma ‘ciência
aplicada’.” (COCIAN, 2017, p. 3).
Vamos entender essa colocação nos valendo do que propõe Cocian (2017). Esse
autor afirma que não cabe aos engenheiros descobrir como funciona a natureza, ou seja,
fazer ciência. Porém, é de incumbência desses profissionais a criação do artificial.
A fim de exemplificar essa afirmação, o autor mencionado cita o engenheiro
aeroespacial Theodore Von Karman (THE NATIONAL AVIATION HALL, c 2011),
o qual escreveu: “Os cientistas descobrem o mundo que existe; os engenheiros criam o
mundo que jamais existiu.”.

REFLETINDO
Cabe aqui perguntarmos por que criar o artificial, ou seja, por que criar aquele
mundo que jamais existiu?

A resposta para esse questionamento é dada por Cocian (2017, p. 3), quando ele
afirma que “Os engenheiros se motivam a criar o artificial para a defesa e a superação
de limites do corpo humano, bem como para satisfazer necessidades funcionais ou
estéticas.” Em outras palavras, nós, seres humanos, buscamos nossa segurança
individual a fim de suportarmos, por exemplo, os rigores climáticos e ambientais (fome,
inundações, secas, frio, calor etc.), defesa contra microrganismos e doenças etc. Além
disso, muitas vezes desejamos poder fazer “coisas” que vão além de nossas limitações
naturais ou genéticas, como por exemplo, atravessar um rio sem nos molharmos ou
afogarmos, andar a altas velocidades permanecendo sentados em uma poltrona ou não
congelarmos quando as temperaturas ambiente forem negativas.

Vamos observar que falamos em necessidades de segurança e poder. Uma


vez satisfeitas essas necessidades, surgem, de acordo com Cocian (2017), motivações
secundárias e, até mesmo, subjetivas, que conforme menciona esse autor, “...podem
reforçar as anteriores ou criar um mundo novo de necessidades, algumas até sem nexo
racional.” (COCIAN, 2017, p. 3).

No que diz respeito ao desenvolvimento da engenharia no Brasil, cabe


salientarmos que na época do Império foram definidas três áreas profissionais
consideradas principais, também conhecidas como profissionais imperiais:
a medicina, a advocacia e a engenharia. Cocian (2017) salienta que tais profissões
dariam solução para grande parte dos problemas da sociedade. Assim, de acordo com o
autor referenciado, a medicina daria conta dos problemas do ser humano como entidade
16 PRÁTICAS PROFISSIONAIS DA ENGENHARIA | Ricardo Buneder

biológica, a advocacia solucionaria os conflitos de relacionamento do ser humano com


seus pares e, por fim, a engenharia resolveria os problemas da relação do ser humano
com o mundo material e as suas transformações.
Para um melhor entendimento do exposto, apresentamos a Figura 1.2, onde
as atividades humanas são reunidas em diferentes polos. A engenharia, conforme
mencionado anteriormente, é classificada como uma ciência aplicada. Além disso,
como menciona Cocian (2017), as atividades específicas do profissional de engenharia
cobrem um amplo espectro, indo desde o trabalho como cientista pesquisador até o de
engenheiro de vendas.

Figura 1.2 – Diagrama das atividades humanas.

Humanidades:
Literatura
Religião
Música
Artes
...
IDEIAS

Serviços sociais:
Psicologia
Ciências abstratas: Arquitetura
Filosofia Direito
Matemática Economia
... História
Educação Jornalismo
&
Treinamento

PESSOAS
NATUREZA &
COISAS
Ciências aplicadas:
Engenharia
Medicina
Ciências: Ciências da Terra
Ciências da vida Bens & serviços:
Física Ciências do espaço
Química Transportes
Biologia Comunicações
Botânica Agricultura
Minas
Construções
Manufatura
Serviços
Milícia
Polícia
Comércio

Fonte: Adaptado por Universidade La Salle (2023) com base em Cocian (2009).
Evolução Histórica da Engenharia | UNIDADE 1 17

Vamos agora apresentar mais duas definições de engenharia a partir de dois


aspectos: o legal e o profissional.

Definição legal

O engenheiro profissional, dentro do significado e dos objetivos da lei,


refere-se à pessoa ocupada na prática profissional da prestação de serviços
ou em atividades de trabalho criativo que requeira educação, treino e
experiência nas ciências da engenharia e a aplicação de conhecimento
específico em matemática, física e ciências da engenharia. A prestação
de serviços ou trabalho criativo se dará como consultoria, investigação,
avaliação, planejamento ou projeto de serviços de utilidade pública
ou privada, estruturas, máquinas, processos, circuitos, construções,
equipamentos ou projetos, e supervisão de construções com o propósito
de seguir e alcançar as especificações estabelecidas pelo projeto de
qualquer um desses serviços. (COCIAN, 2009, p. 69).

Definição profissional

O engenheiro profissional é competente em virtude da sua educação


fundamental e do treinamento para aplicar o método científico (e da
engenharia). A sua percepção e experiência são fatores determinantes
para a solução de problemas, assumindo responsabilidade pessoal
pelo desenvolvimento e aplicação das ciências da engenharia e das
técnicas, principalmente na pesquisa, projeto, manufatura, supervisão
e gerenciamento. O engenheiro é uma pessoa qualificada pela sua
capacidade, educação e experiência em executar tarefas de engenharia.
(COCIAN, 2009, p. 70).

Ainda de acordo com Cocian (2017), as definições de engenharia apresentadas


possuem cinco elementos/expressões comuns, quais sejam:
• A engenharia como vocação
• Arte e ciência
• Uso da ciência aplicada
• Uso dos recursos naturais
• Benefício à humanidade como propósito

O autor referenciado afirma que podemos incorporar esses cinco elementos/


expressões em uma única definição de engenharia: “A engenharia é a arte profissional
da aplicação da ciência, da experiência, do julgamento e do senso comum para a
conversão dos recursos naturais em benefício da humanidade.” (COCIAN, 2009, p. 70).
Apresentadas algumas das principais definições de engenharia, cabe um
questionamento sobre a história brasileira da engenharia: qual foi e quando foi fundada
a primeira escola de engenharia do Brasil?
18 PRÁTICAS PROFISSIONAIS DA ENGENHARIA | Ricardo Buneder

Para responder a essa pergunta vamos nos valer de informações que constam
no sítio daquela que é considerada a primeira escola de engenharia do Brasil: a Escola
Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), também conhecida
como Escola Politécnica da UFRJ, e que foi fundada em 1792. Além de ser a primeira
instituição de ensino superior do Brasil e a primeira escola de engenharia, é a sétima
escola de engenharia mais antiga do mundo e a mais antiga das Américas. Na Escola
Politécnica da UFRJ, além do ensino da engenharia militar foi iniciado o ensino da
engenharia não-militar, ou seja, a engenharia civil. Tal fato se deu porque os responsáveis
pelo ensino militar, cuja preocupação era a defesa do território brasileiro contra as
constantes invasões estrangeiras, observaram a necessidade da ocupação de nosso solo
mediante a construção de edificações não-civis com o uso de materiais apropriados,
abertura de estradas, construção de pontes e utilização dos caminhos hidrográficos
naturais para a movimentação de cargas e de passageiros através de embarcações,
modal mais utilizado na época.

DESTAQUE
Hoje, a Escola Politécnica da UFRJ possui 12 departamentos ligados ao
ensino da engenharia:

• Departamento de Construção Civil (DCC)

• Departamento de Engenharia Elétrica (DEE)

• Departamento de Engenharia Eletrônica e de Computação (DEL)

• Departamento de Engenharia Industrial (DEI)

• Departamento de Engenharia Mecânica (DEM)

• Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais (DMM)

• Departamento de Engenharia Naval e Oceânica (DENO)

• Departamento de Engenharia Nuclear (DEN)

• Departamento de Engenharia de Transportes (DET)

• Departamento de Expressão Gráfica (DEG)

• Departamento de Estruturas (DES)

• Departamento de Recursos Hídricos e Meio Ambiente (DRHIMA).

Dito isso, vamos dar sequência a nosso estudo, apresentando as quatro


especialidades primárias (ou quatro pilares) da engenharia.
Evolução Histórica da Engenharia | UNIDADE 1 19

1.3 As Quatro Especialidades


Primárias da Engenharia
As especialidades da engenharia, de acordo com Cocian (2017), têm relação com
o conhecimento específico dos engenheiros. Dito de outra forma, as especialidades
da engenharia têm relação direta com a expansão do conhecimento humano, bem
como a complexificação das necessidades da sociedade. Dessa forma, afirma o autor
anteriormente referenciado, “Cada nova solução gera novas necessidades, tornando
difícil acumular tudo em uma única função” (COCIAN, 2017, p. 47).

De modo sucinto e com base nas observações de Cocian (2017), temos que em 1771
o inglês John Smeaton - primeiro engenheiro civil autoproclamado, fundou, juntamente
com alguns colegas, o Smeatonian Society of Civil Engineers, que serviu de base para a
fundação do Institution of Civil Engineers, em 1818. Em 1828 essa instituição recebeu
a Charter do Rei George IV, reconhecendo a engenharia civil como profissão.

De acordo com Cocian (2017), com o advento da Revolução Industrial,


as máquinas tornam-se elementos ativos para a produção de bens e serviços. Com o
desenvolvimento da máquina a vapor, de uma maior compreensão a respeito da conversão
de energia térmica em mecânica, juntamente com o conhecimento sobre a resistência
dos materiais utilizados em mecanismos diversos, surgiu, em 1847, a Institution of
Mechanical Engineers, a qual recebeu sua Royal Charter em 1930, tornando-se a
primeira especialização da engenharia civil.

Ainda de acordo com o autor mencionado, o desenvolvimento de utilidades


elétricas de comunicação culminou com a fundação da Society Telegraph Engineers
em 1871, a qual recebeu sua Royal Charter em 1921, e que supostamente foi a segunda
especialidade da engenharia civil. Em 1880, essa instituição passou a ser denominada
Society of Telegraph Engineers and Electricians, tendo seu nome alterado mais uma vez
em 1889 para Institution of Electrical Engineers, a fim de incluir temas relacionados à
eletromecânica, iluminação e energia elétrica.

Posteriormente, no século XIX, em 1908, de acordo com Cocian (2017), surgiu


a Institution of Structural Engineers e, em 1922, a Institution of Chemical Engineers,
mais duas especialidades da engenharia civil a partir de um contexto histórico.

Cabe salientarmos que, conforme afirma o autor citado, no século XX tem


início o processo de emancipação das especialidades, as quais tornam-se praticamente
independentes. Também no século XX, as especialidades primárias, ou pilares da
engenharia - civil, mecânica, elétrica e química - passaram a produzir suas próprias
especializações.
20 PRÁTICAS PROFISSIONAIS DA ENGENHARIA | Ricardo Buneder

Convido você para seguirmos com nosso estudo para o último tópico dessa
unidade, onde conheceremos as áreas da engenharia e suas atribuições, de acordo com
o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (CONFEA), em sua Resolução 218/73.

1.4 As Áreas da Engenharia e Suas Atribuições


Conforme mencionado anteriormente, a Resolução 218/73 do Conselho Federal
de Engenharia e Agronomia (CONFEA), em seu Art. 1º, afirma que para fins de
fiscalização do exercício profissional correspondente às diferentes modalidades da
Engenharia e da Agronomia em nível superior, ficam designadas as seguintes atividades:

DESTAQUE
Atividade 01 - Supervisão, coordenação e orientação técnica;
Atividade 02 - Estudo, planejamento, projeto e especificação;
Atividade 03 - Estudo de viabilidade técnico-econômica;
Atividade 04 - Assistência, assessoria e consultoria;
Atividade 05 - Direção de obra e serviço técnico;
Atividade 06 - Vistoria, perícia, avaliação, arbitramento, laudo e parecer técnico;
Atividade 07 - Desempenho de cargo e função técnica;
Atividade 08 - Ensino, pesquisa, análise, experimentação, ensaio e divulgação
técnica; extensão;
Atividade 09 - Elaboração de orçamento;
Atividade 10 - Padronização, mensuração e controle de qualidade;
Atividade 11 - Execução de obra e serviço técnico;
Atividade 12 - Fiscalização de obra e serviço técnico;
Atividade 13 - Produção técnica e especializada;
Atividade 14 - Condução de trabalho técnico;
Atividade 15 - Condução de equipe de instalação, montagem, operação,
reparo ou manutenção;
Atividade 16 - Execução de instalação, montagem e reparo;
Atividade 17 - Operação e manutenção de equipamento e instalação;
Atividade 18 - Execução de desenho técnico.
Evolução Histórica da Engenharia | UNIDADE 1 21

Vamos agora às especialidades da engenharia, de acordo com a resolução do


CONFEA já mencionada.

1.4.1 Engenheiro Aeronáutico


Compete a esse profissional o desempenho das atividades 01 a 18 do artigo
1º desta Resolução, referentes a aeronaves, seus sistemas e seus componentes; máquinas,
motores e equipamentos; instalações industriais e mecânicas relacionadas à modalidade;
infra-estrutura aeronáutica; operação, tráfego e serviços de comunicação de transporte
aéreo; seus serviços afins e correlatos;

1.4.2 Engenheiro Agrimensor


Esse profissional tem como atribuições a captação e análise de dados geográficos
e topográficos para a elaboração de mapas, com base em pesquisas de campo, cálculos
e uso de softwares, bem como a realização do planejamento, orientação e supervisão de
levantamento de dados de aspectos físicos de uma determinada região.

1.4.3 Engenheiro Ambiental


Trata-se do profissional responsável pelo atendimento, nas esferas local, regional
e nacional, das demandas de natureza técnico-científicas relativas a questões ambientais
e sanitárias, tanto na produção quanto no planejamento e fiscalização.

1.4.4 Engenheiro Agrônomo


É o profissional responsável pelo desempenho das atividades 01 a 18 do artigo
1º desta Resolução, referentes a engenharia rural; construções para fins rurais e suas
instalações complementares; irrigação e drenagem para fins agrícolas; fitotecnia e
zootecnia; melhoramento animal e vegetal; recursos naturais renováveis; ecologia,
agrometeorologia; defesa sanitária; química agrícola; alimentos; tecnologia de
transformação (açúcar, amidos, óleos, laticínios, vinhos e destilados); beneficiamento
e conservação dos produtos animais e vegetais; zimotecnia; agropecuária; edafologia;
fertilizantes e corretivos; processo de cultura e de utilização de solo; microbiologia
agrícola; biometria; parques e jardins; mecanização na agricultura; implementos
agrícolas; nutrição animal; agrostologia; bromatologia e rações; economia rural e
crédito rural; seus serviços afins e correlatos.
22 PRÁTICAS PROFISSIONAIS DA ENGENHARIA | Ricardo Buneder

1.4.5 Engenheiro Civil


É responsável pelo desempenho das atividades 01 a 18 do artigo 1º desta
Resolução, referentes a edificações, estradas, pistas de rolamentos e aeroportos;
sistema de transportes, de abastecimento de água e de saneamento; portos, rios, canais,
barragens e diques; drenagem e irrigação; pontes e grandes estruturas; seus serviços
afins e correlatos.

1.4.6 Engenheiro de Alimentos


Trata-se do profissional responsável pelo desempenho das atividades 01 a 18
do artigo 1º desta Resolução, referentes à indústria de alimentos; acondicionamento,
preservação, distribuição, transporte e abastecimento de produtos alimentares; seus
serviços afins e correlatos.

1.4.7 Engenheiro de Minas


Desempenha as atividades 01 a 18 do artigo 1º desta Resolução, referentes à
prospecção e à pesquisa mineral; lavra de minas; captação de água subterrânea;
beneficiamento de minérios e abertura de vias subterrâneas; seus serviços
afins e correlatos.

1.4.8 Engenheiro de Pesca


Trata-se do profissional responsável pelo aproveitamento dos recursos naturais
aquícolas; a cultura e utilização da riqueza biológica dos mares, ambientes estuarinos,
lagos e cursos de água; a pesca e sua industrialização, seus serviços afins e correlatos.

1.4.9 Engenheiro de Petróleo


É o profissional responsável pelo planejamento, coordenação, produção,
transporte, refino, comercialização, distribuição e execução de atividades relacionadas
à descoberta de poços e jazidas de petróleo e gás para exploração, além da realização
de estudos geológicos, avaliação da viabilidade técnica e econômica da extração de
combustíveis fósseis, prestação de serviços de consultorias ambientais e no setor de
exportação e importação, fazendo pesquisa de preços de matérias-primas.
Evolução Histórica da Engenharia | UNIDADE 1 23

1.4.10 Engenheiro de Produção


Compete a esse profissional o desempenho das atividades 01 a 18 do artigo
1º da Resolução nº 218, de 29 JUN de 1973, referentes aos procedimentos na fabricação
industrial, aos métodos e sequências de produção industrial em geral e ao produto
industrializado; seus serviços afins e correlatos.

1.4.11 Engenheiro Eletricista


Trata-se do profissional responsável pelo desempenho das atividades 01 a 18 do
artigo 1º desta Resolução, referentes à geração, transmissão, distribuição e utilização
da energia elétrica; equipamentos, materiais e máquinas elétricas; sistemas de medição
e controle elétricos; seus serviços afins e correlatos.

1.4.12 Engenheiro Florestal


É responsável pelo desempenho das atividades 01 a 18 do artigo 1º desta
Resolução, referentes a engenharia rural; construções para fins florestais e suas
instalações complementares, silvimetria e inventário florestal; melhoramento florestal;
recursos naturais renováveis; ecologia, climatologia, defesa sanitária florestal; produtos
florestais, sua tecnologia e sua industrialização; edafologia; processos de utilização de
solo e de floresta; ordenamento e manejo florestal; mecanização na floresta; implementos
florestais; economia e crédito rural para fins florestais; seus serviços afins e correlatos.

1.4.13 Engenharia Industrial - Madeira


É responsável por atividades referentes ao desenvolvimento do processo
industrial da madeira e seus derivados, produtos industrializados da madeira e seus
derivados, estruturas em madeira, serrarias, desenvolvimento de tecnologias da madeira,
desenvolvimento de tecnologias limpas, processos de reciclagem e de aproveitamento
dos resíduos da indústria madeireira para redução do impacto ambiental.

1.4.14 Engenheiro Mecânico


Desempenha as atividades 01 a 18 do artigo 1º desta Resolução, referentes
a processos mecânicos, máquinas em geral; instalações industriais e mecânicas;
equipamentos mecânicos e eletromecânicos; veículos automotores; sistemas de produção
de transmissão e de utilização do calor; sistemas de refrigeração e de ar condicionado;
seus serviços afins e correlatos.
24 PRÁTICAS PROFISSIONAIS DA ENGENHARIA | Ricardo Buneder

1.4.15 Engenheiro Metalúrgico/Metalurgista


É responsável pelo desempenho das atividades 01 a 18 do artigo 1º desta
Resolução, referentes a processos metalúrgicos, instalações e equipamentos destinados
à indústria metalúrgica, beneficiamento de minérios; produtos metalúrgicos; seus
serviços afins e correlatos.

1.4.16 Engenheiro Naval


Trata-se do profissional responsável pelo desempenho das atividades 01 a 18 do
artigo 1º desta Resolução, referentes a embarcações e seus componentes; máquinas,
motores e equipamentos; instalações industriais e mecânicas relacionadas à modalidade;
diques e porta-batéis; operação, tráfego e serviços de comunicação de transporte
hidroviário; seus serviços afins e correlatos.

1.4.17 Engenheiro Químico


Trata-se do profissional responsável pelo desempenho das atividades 01 a 18 do
artigo 1º desta Resolução, referentes à indústria química e petroquímica e de alimentos;
produtos químicos; tratamento de água e instalações de tratamento de água industrial e
de rejeitos industriais; seus serviços afins e correlatos.
Evolução Histórica da Engenharia | UNIDADE 1 25

Síntese da Unidade
• Nessa primeira unidade da disciplina de Práticas Profissionais da Engenharia
tivemos a oportunidade de estudar a evolução histórica da engenharia, algumas
de suas definições, bem como as atividades do engenheiro.

• Na sequência, apresentamos a mais antiga escola de engenharia do Brasil, bem


como seus atuais departamentos.

• Também vimos as quatro especialidades primárias da engenharia, ou pilares -


civil, mecânica, elétrica e química.

• Por fim, concluímos essa unidade apresentando as principais especialidades da


engenharia e suas atribuições, de acordo com a Resolução 218/73 do Conselho
Federal de Engenharia e Agronomia - CONFEA.
26 PRÁTICAS PROFISSIONAIS DA ENGENHARIA | Ricardo Buneder

Bibliografia
COCIAN, L. F. E. Descobrindo a Engenharia: a profissão. Canoas: ULBRA, 2009.
COCIAN, L. F. E. Introdução à Engenharia. Porto Alegre: Bookman, 2017.
COMO SURGIU A ENGENHARIA? Instituto de Engenharia, 2019. Disponível em:
http://gg.gg/12lkp4. Acesso em: 06 setembro, 2022.
Conselho Federal de Engenharia e Agronomia - CONFEA. Disponível em:
http://gg.gg/12lkp6. Acesso em 07 setembro, 2022.
HALAL: VEJA COMO PRODUZIR CARNES PARA MUÇULMANOS. Canal Rural.
Disponível em: http://gg.gg/12lkpa. Acesso em: 08 setembro, 2022.
HOLTZAPPLE, M. T.; REECE, W. Introdução à Engenharia. Rio de Janeiro: LTC, 2013.
SOBRE A ESCOLA POLITÉCNICA. Escola Politécnica da Universidade do Rio de
Janeiro. Disponível em: http://gg.gg/12lkpd. Acesso em: 07 setembro, 2022.

FIQUE ATENTO
Os links para sites da web fornecidos nesta unidade foram todos testados, e
seu funcionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No
entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente
mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer
responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações
referidas em tais links.
unidade

2
V.1 | 2023

O Sistema CONFEA/CREA
Prezado estudante,

Estamos começando uma unidade desta disciplina. Os textos que a compõem foram organizados com
cuidado e atenção, para que você tenha contato com um conteúdo completo e atualizado tanto quanto
possível. Leia com dedicação, realize as atividades e tire suas dúvidas com os tutores. Dessa forma, você,
com certeza, alcançará os objetivos propostos para essa disciplina.

Objetivo Geral
Apresentar o sistema CONFEA/CREA, as Anotações de Responsabilidade Técnica (ART), bem como o
Mercado de Trabalho para os (as) Engenheiros (as).

Objetivos Específicos
• Apresentar o funcionamento do CONFEA e do CREA e sua importância;
• Entender o significado de uma Anotação de Responsabilidade Técnica - ART;
• Abordar o mercado de trabalho para o (a) profissional da engenharia.

Questões Contextuais
• O que é o sistema CONFEA/CREA e como ele funciona?
• O que é uma Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) e qual sua importância para o (a)
engenheiro (a)?
• Quais as perspectivas do mercado de trabalho para cada uma das áreas da engenharia?
28 PRÁTICAS PROFISSIONAIS DA ENGENHARIA | Ricardo Buneder

2.1 O Sistema CONFEA/CREA


Vamos iniciar a segunda unidade de nossa disciplina de Práticas Profissionais
da Engenharia abordando o sistema CREA/CONFEA, bem como sua importância para
o exercício da profissão de engenheiro.

2.1.1 O Sistema CONFEA/CREA: Definição e Importância


O que vem a ser o sistema CONFEA/CREA? Para respondermos a esse
questionamento e desenvolvermos outros tópicos atinentes a esse sistema, tomamos
como referência o sítio do referido sistema, no qual encontramos a informação de que
o sistema CONFEA/CREA abrange o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia –
CONFEA - e os Conselhos Regionais de Engenharia e Agronomia – CREA’s. Ambos
são autarquias surgidas pelo Decreto nº 23.569, de 11 de dezembro de 1933.

Figura 2.1 – Sistema CONFEA/CREA.

Fonte: Confea (2023).

O sistema CONFEA/CREA tem como principal objetivo

zelar pela defesa da sociedade e do desenvolvimento sustentável do país,


observados os princípios éticos profissionais. A intenção de se buscar
essa unidade de ação é que tais órgãos fiscalizadores – que possuem,
cada um, personalidade jurídica própria – trabalhem de forma sinérgica,
de modo a potencializar suas entregas aos cidadãos. (CONFEA, s/d).

Outra pergunta pertinente em relação às autarquias CONFEA e CREA diz


respeito à importância das mesmas para os (as) profissionais de engenharia. Nesse
sentido, podemos afirmar que tanto o CONFEA como os diversos CREA’s são relevantes
para esses (as) profissionais, pois verificam, fiscalizam e aperfeiçoam o exercício e as
atividades das áreas da Engenharia, Agronomia e Geociências.
O Sistema CONFEA/CREA | UNIDADE 2 29

Em relação às competências do CONFEA e dos CREA’s, elas estão determinadas


pela Lei nº 5.194, de 24 de dezembro de 1966.

SAIBA MAIS
Para conhecer as competências do CONFEA e dos CREA’s, sugere-se a
leitura da Lei nº 5.194, de 24 de dezembro de 1966, cujo link de acesso é:
http://gg.gg/12llbl.

Existem cinco eixos temáticos que orientam o funcionamento do sistema


CONFEA/CREA, quais sejam:

• Formação profissional

• Exercício profissional

• A organização do sistema

• Integração social e profissional

• Sustentabilidade do sistema

Em relação ao exercício profissional dos (as) engenheiros (as), é importante


salientarmos que o CONFEA é responsável pela normatização necessária para a
regulamentação do exercício e das atividades dos (as) profissionais de engenharia,
acolhendo recursos, processos de infração à legislação profissional e ao Código de
Ética Profissional, e atuando também em processos de interesse dos (as) profissionais
fiscalizados (as) como, por exemplo, a homologação de registro de diplomados
(as) no exterior.

Em função de suas competências legais, condições e características especiais de


funcionamento, bem como do âmbito federal de sua atuação, o CONFEA é considerado
o órgão central do sistema profissional CONFEA/CREA. No entanto, a fim de auxiliar o
seu funcionamento, foram criados órgãos consultivos, de caráter técnico-administrativo
e político-institucional, quais sejam:

a. o Colégio de Presidentes do Sistema CONFEA/CREA (CP) - representa os 28


conselhos (regionais e federal) e a Mútua;

b. o Colégio de Entidades Nacionais (CDEN) - possui a representação das


entidades nacionais credenciadas;

c. as Coordenadorias de Câmaras Especializadas dos CREA’s (CCEC) - que


possui os (as) representantes das câmaras especializadas dos CREA’s.
30 PRÁTICAS PROFISSIONAIS DA ENGENHARIA | Ricardo Buneder

Além desses órgãos, o Sistema CONFEA/CREA possui um componente


assistencial, a Mútua – Caixa de Assistência dos Profissionais dos CREA’s, a qual tem
representação em todas as jurisdições pelas 27 Caixas de Assistência dos Estados.

Figura 2.2 – Mútua - Caixa de Assistência dos Profissionais do CREA.

Fonte: Mútua (2023).

Mas vamos entender o que é a Mútua e qual seu principal objetivo? Trata-se de
uma sociedade civil sem fins lucrativos criada pelo CONFEA através da Resolução nº
252, de 1977, com autorização legal pela Lei nº 6.496, de 7 de dezembro de 1977.

O principal objetivo da Mútua é o de oferecer a seus associados planos de


benefícios sociais, previdenciários e assistenciais, de acordo com a disponibilidade
financeira e respeitando seu equilíbrio econômico-financeiro.

Também cabe salientarmos que uma das principais funções do CONFEA enquanto
órgão central do Sistema CONFEA/CREA e Mútua é a de zelar pelo seu equilíbrio
administrativo-financeiro, entendendo-se por equilíbrio não só a visão individual de
cada ente, ou seja, sua autossustentabilidade econômica, mas também a busca por um
padrão de gestão do sistema como um todo. Nessa gestão devem ser consideradas a
orçamentação baseada no planejamento e o acompanhamento da receita e da despesa
do CONFEA, dos CREA’s e da Mútua, bem como, quando necessário, a formulação
de medidas econômico-financeiras com o objetivo de promover a reestruturação
organizacional desses entes. A busca por esse padrão de gestão é realizada com base na
definição e monitoramento de indicadores de gestão, os quais servem como subsídios
para o planejamento estratégico do sistema.
O Sistema CONFEA/CREA | UNIDADE 2 31


Uma vez que tenhamos estudado o sistema CONFEA/CREA, vamos, na
sequência, abordar os Conselhos Regionais de Engenharia e Agronomia – CREA’s.

2.1.2 Conselhos Regionais de Engenharia e Agronomia (CREA’s)


Acerca dos Conselhos Regionais de Engenharia e Agronomia – CREA’s - e
também conforme o sítio do CONFEA, os CREA’s têm como principal responsabilidade
a fiscalização do exercício da profissão de engenheiro (a), em seus respectivos estados.

Dentre suas principais atribuições, estão:

• criação das câmaras especializadas;

• exame de reclamações e representações acerca de registros;

• julgamento e a decisão, em grau de recurso, sobre os processos de infração da


legislação profissional enviados pelas câmaras especializadas;

• julgamento, em grau de recurso, dos processos de imposição de penalidades e multas;

• organização do sistema de fiscalização do exercício das profissões


reguladas pelo sistema;

• examinar os requerimentos de registro e expedir as carteiras profissionais;

• cumprir e fazer cumprir a legislação profissional e as resoluções baixadas pelo


Conselho Federal;

• criar inspetorias e nomear inspetores especiais para maior eficiência


da fiscalização;

• organizar e manter atualizado o registro das entidades de classe e das escolas e


faculdades que devam participar da eleição de representantes nos plenários dos
CREA’s e do CONFEA, bem como registrar as tabelas básicas de honorários
profissionais elaboradas pelos órgãos de classe.

Vamos agora abordar a estrutura básica dos CREA’s.


32 PRÁTICAS PROFISSIONAIS DA ENGENHARIA | Ricardo Buneder

2.1.3 Estrutura Básica dos Conselhos Regionais


de Engenharia e Agronomia
Conforme já estudamos, os Conselhos Regionais de Engenharia e Agronomia
– CREA’s - são entidades autárquicas de fiscalização do exercício e das atividades
profissionais, dotadas de personalidade jurídica de direito público, constituindo serviço
público federal, vinculadas ao Conselho Federal de Engenharia e Agronomia - CONFEA.

DESTAQUE
Essas entidades autárquicas apresentam uma estrutura básica responsável
pela criação de condições para o desempenho integrado e sistemático de suas
finalidades, composta por órgãos de caráter decisório ou executivo, quais sejam:

I. Plenário;

II. Câmaras especializadas;

III. Presidência;

IV. Diretoria;

V. Coordenadoria das inspetorias;

VI. Inspetoria.

Vamos a uma breve análise de cada um desses órgãos, tomando como referência
o sítio do CONFEA/CREA.

I. Plenário: trata-se do órgão colegiado decisório da estrutura básica cuja


finalidade é a de decidir os assuntos relacionados às competências dos
Conselhos Regionais, constituindo a segunda instância de julgamento no
âmbito de sua jurisdição, ressalvado o caso de foro privilegiado. O plenário é
constituído por um presidente e por conselheiros regionais, que são cidadãos
brasileiros, diplomados nas áreas da Engenharia, Agronomia, Geologia,
Geografia ou Meteorologia. Essa composição do plenário é renovada
anualmente em um terço.

Quais as competências do plenário?

De acordo com o Regimento do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia


do Rio Grande do Sul (CREA/RS), compete ao plenário:
O Sistema CONFEA/CREA | UNIDADE 2 33

1. cumprir e fazer cumprir a legislação federal, as resoluções, as decisões


normativas e as decisões plenárias baixadas pelo CONFEA, os atos normativos
e os atos administrativos baixados pelo CREA;

2. aprovar proposta de resolução e de decisão normativa a ser


encaminhada ao CONFEA;

3. aprovar atos normativos;

4. aprovar o regimento do CREA e suas alterações a serem encaminhados ao


CONFEA para homologação;

5. homologar o regimento interno da coordenadoria das inspetorias;

6. homologar o regimento interno das inspetorias;

7. apreciar e decidir pedidos de registro de entidades de classe e de instituições


de ensino, para fins de representação no CREA a serem encaminhados ao
CONFEA para homologação;

8. estabelecer o número de conselheiros regionais, representantes das entidades


de classe das diferentes modalidades profissionais;

9. aprovar anualmente a proposta de renovação do terço, a ser encaminhada ao


CONFEA para aprovação;

10. aprovar a instituição e a composição de câmara especializada ou a sua extinção


de acordo com a legislação em vigor;

11. eleger, dentre seus membros, representantes das demais modalidades


profissionais para compor cada câmara especializada;

12. decidir os casos de divergência entre câmaras especializadas;

13. instituir e aprovar a composição de comissão permanente, de comissão especial


e de grupo de trabalho;

14. aprovar a instituição ou a extinção de inspetorias;

15. deliberar sobre assuntos constantes da pauta de suas sessões;

16. determinar quando a decisão do Plenário deva ser tomada por escrutínio secreto;

17. apreciar e decidir assunto aprovado ad referendum pelo presidente do CREA;

18. decidir assunto encaminhado pelo presidente ou por conselheiro regional;


34 PRÁTICAS PROFISSIONAIS DA ENGENHARIA | Ricardo Buneder

19. apreciar e decidir, em grau de recurso, processo de imposição de penalidade;

20. apreciar e decidir, em grau de recurso, processo de infração ao Código de


Ética Profissional;

21. apreciar, decidir ou dirimir questões relativas à modalidade profissional que


não possua câmara especializada;

22. apreciar e decidir pedido de registro de profissional diplomado por instituição


de ensino estrangeira a ser encaminhado ao CONFEA para homologação;

23. apreciar, ouvida a câmara especializada competente, o registro de tabela básica


de honorários profissionais elaborada por entidade de classe;

24. decidir a aplicação da renda líquida do Crea proveniente da arrecadação de


multas, em medidas que objetivem o aperfeiçoamento técnico e cultural das
profissões abrangidas pelo Sistema CONFEA/CREA;

25. apreciar o orçamento do CREA a ser encaminhado ao CONFEA


para homologação;

26. apreciar e decidir proposta de revisão do orçamento, abertura de créditos


suplementares e transferência de recursos;

27. apreciar, ouvida a Comissão de Orçamento e Tomada de Contas, os balancetes


mensais e a prestação de contas anual a ser encaminhada ao CONFEA
para aprovação;

28. homologar celebração de convênio com entidade de classe;

29. autorizar o presidente a adquirir, onerar e alienar bens móveis e imóveis


integrantes do patrimônio do CREA;

30. apreciar as razões de suspensão de decisão plenária apresentadas pelo presidente;

31. tomar conhecimento de declaração de impedimento de conselheiro regional,


quando de relato de processo, dossiê ou protocolo em sessão plenária;

32. tomar conhecimento de licenciamento de conselheiro regional apresentado


pelo presidente;

33. deliberar sobre licenciamento do presidente;

34. apreciar indicação de instituição de ensino, de entidade de classe, de pessoa


física ou de profissional a ser galardoado pelo CREA;
O Sistema CONFEA/CREA | UNIDADE 2 35

35. eleger um representante para a Coordenadoria Regional da Caixa de Assistência


dos Profissionais do CREA;

36. homologar a indicação do coordenador da Coordenadoria Regional da Caixa de


Assistência dos Profissionais do CREA;

37. decidir sobre proposição de cassação de mandato de presidente do CREA ou


de conselheiro regional com o voto de, no mínimo, dois terços dos membros
do Plenário, em caso de condenação em processo ético ou em inquérito
administrativo interno a ser encaminhada ao CONFEA para apreciação e decisão;

38. eleger os vice-presidentes, dar-lhes posse e declará-los impedidos;

39. cumprir e fazer cumprir as disposições deste Regimento;

40. resolver os casos omissos deste Regimento e, no que couber, da legislação em


vigor, por maioria absoluta.

Câmaras especializadas: são os órgãos decisórios da estrutura básica do CREA


II.
cuja finalidade é apreciar e decidir sobre assuntos relacionados à fiscalização do
exercício profissional e sugerir medidas para o aperfeiçoamento das atividades
dos Conselhos Regionais, constituindo a primeira instância de julgamento no
âmbito de sua jurisdição, ressalvado o caso de foro privilegiado.

De acordo com o CONFEA, compete às câmaras especializadas:

1. elaborar as normas para a fiscalização das respectivas modalidades profissionais;

2. elaborar e supervisionar o seu plano de fiscalização;

3. providenciar encaminhamento de pedido de diligência formulado por


conselheiro relator;

4. julgar as infrações às Leis nº 5.194, de 1966, e nº 6.496, de 7 de dezembro de


1977, no âmbito de sua competência profissional específica;

5. julgar as infrações ao Código de Ética Profissional;

6. aplicar as penalidades previstas em lei;

7. apreciar pedido de registro de profissional, de pessoa jurídica, de entidade de


classe e de instituição de ensino no âmbito do Sistema CONFEA/CREA;

8. apreciar e encaminhar ao Plenário, devidamente relatado, o processo de registro


de profissional graduado em instituição de ensino estrangeira;
36 PRÁTICAS PROFISSIONAIS DA ENGENHARIA | Ricardo Buneder

9. apreciar o assunto de interesse comum a duas ou mais modalidades profissionais


a ser encaminhado ao Plenário para decisão;

10. apreciar tabela básica de honorários, elaborada por entidade de classe para fins
de registro no CREA, a ser encaminhada ao Plenário para apreciação;

11. apreciar assunto pertinente à legislação profissional encaminhado por entidade


de classe ou por instituição de ensino;

12. propor calendário de reuniões ordinárias a ser encaminhado à


Diretoria para aprovação;

13. propor ao Plenário do CREA a instituição de grupo de trabalho ou de


comissão especial;

14. propor assunto de sua competência à Coordenadoria de Câmaras


Especializadas dos CREA’s.

Presidência: é o órgão executivo máximo da estrutura básica cuja finalidade


III.
é a de dirigir o CREA e cumprir e fazer cumprir as decisões do Plenário.
O presidente do CREA é eleito pelo voto direto e secreto dos profissionais
registrados e em dia com as obrigações perante o Sistema CONFEA/CREA, de
acordo com a Lei nº 8.195, de 26 de junho de 1991, e com resolução específica
baixada pelo CONFEA.

É de competência do presidente do CREA:

1. cumprir e fazer cumprir a legislação federal, as resoluções, as decisões


normativas, as decisões plenárias baixadas pelo CONFEA, os atos normativos,
os atos administrativos baixados pelo CREA, bem como seu Regimento;

2. executar o orçamento do CREA;

3. administrar as atividades do CREA;

4. dar posse a conselheiro regional e a seu suplente;

5. convocar e conduzir os trabalhos da sessão plenária e da diretoria;

6. interromper sessão plenária quando necessário;

7. suspender sessão plenária em caso de perturbação dos trabalhos;

8. presidir reuniões e solenidades do CREA;

9. proferir voto de qualidade em caso de empate na votação em Plenário e na Diretoria;


O Sistema CONFEA/CREA | UNIDADE 2 37

10. informar o licenciamento de conselheiro regional ao Plenário e à entidade de


classe ou à instituição de ensino que representa;

11. informar o licenciamento de inspetor ao Plenário;

12. distribuir processo a conselheiro para relato no âmbito do Plenário;

13. submeter proposta de sua iniciativa ao Plenário ou à Diretoria;

14. resolver casos de urgência, ad referendum do Plenário e da Diretoria;

15. resolver incidentes processuais, submetendo-os aos órgãos competentes;

16. assinar decisão do Plenário e da Diretoria;

17. suspender decisão plenária;

18. assinar atestados, diplomas e certificados conferidos pelo CREA, atos


normativos, atos administrativos e correspondência expedida;

19. assinar convênios com entidade de classe, ouvido o Plenário;

20. assinar convênios e contratos celebrados pelo CREA para repasse de recursos;

21. expedir correspondência em nome do CREA;

22. disciplinar a organização do registro de profissionais e de pessoas jurídicas;

23. determinar o cancelamento do registro de profissional ou de pessoa jurídica


nos termos do art. 64 da Lei nº 5.194, de 1966, ou no caso de falecimento;

24. assinar termo de posse ou designação de inspetores;

25. representar o CREA, em juízo ou fora dele, diretamente ou por meio de


mandatário com poderes específicos;

26. propor ao Plenário a abertura de créditos e transferência de recursos


orçamentários, ouvida a Diretoria;

27. determinar a cobrança administrativa ou judicial dos créditos devidos ao CREA;

28. autorizar pagamento e movimentar contas bancárias, assinando com o


responsável pela administração dos recursos financeiros, cheques, balanços e
outros documentos pertinentes;

29. indicar o coordenador da Coordenadoria Regional da Caixa de Assistência dos


Profissionais do CREA a ser encaminhado ao Plenário para homologação;
38 PRÁTICAS PROFISSIONAIS DA ENGENHARIA | Ricardo Buneder

30. gerir o quadro funcional do CREA, segundo regulamento estabelecido em ato


administrativo próprio, observando o Princípio da Moralidade Administrativa;

31. manter o Plenário informado sobre ações e atividades dos demais órgãos que
compõem o Sistema CONFEA;

32. manter contínua troca de informações e promover ações conjuntas com o


CONFEA e com outros CREA’s, visando à realização de objetivos comuns;

33. exercer outras atribuições conferidas pelo Plenário;

34. requisitar das autoridades competentes, inclusive de segurança pública, os meios


indispensáveis ao cumprimento de dispositivos legais que regem o exercício
profissional da Engenharia, Agronomia e demais profissões abrangidas pelo
Sistema CONFEA/CREA;

35. cumprir e fazer cumprir as deliberações e decisões do Plenário;

36. contratar, se entender necessário, serviços de consultoria jurídica e de assessoria


técnica, a fim de que o CREA atinja seus objetivos;

37. Assinar, com o 1º diretor-financeiro, os cheques necessários à movimentação


financeira, facultando-lhe a assinatura daqueles destinados a depósito em conta
do Conselho, que serão endossados por um só membro da Diretoria ou por
funcionário com delegação específica. O mesmo aplica-se para a requisição de
talões de cheques, solicitações de extratos de contas correntes e de 2ª vias de
documentos contábeis;

38. Administrar a estrutura auxiliar do CREA.

Diretoria: trata-se de órgão constituído na primeira sessão plenária


IV.
ordinária do ano.

Compete à diretoria:

1. propor alteração do Regimento do CREA;

2. aprovar o calendário de reuniões;

3. analisar o orçamento do CREA a ser encaminhado ao Plenário para apreciação;

4. propor diretrizes administrativas e supervisionar a gestão dos recursos


materiais, humanos e financeiros do CREA;
O Sistema CONFEA/CREA | UNIDADE 2 39

5. responsabilizar-se perante o Plenário e as câmaras especializadas pelos


serviços de apoio técnico e administrativo necessários ao funcionamento do
Crea, desempenhados pela estrutura auxiliar;

6. propor a estrutura organizacional e as rotinas administrativas do CREA;

7. aprovar a organização da estrutura auxiliar, o plano de cargos e salários e o


regulamento de pessoal do CREA.

Coordenadoria das inspetorias: é um órgão pertencente à estrutura básica


V.
do CREA, e obedece ao disposto em regimento interno próprio e às
diretrizes do mesmo.

É de competência da coordenadoria das inspetorias:

1. coordenar as atividades das inspetorias, determinando as providências necessárias;

2. sugerir a criação, expansão ou extinção de inspetorias;

3. encaminhar assuntos relacionados com as inspetorias;

4. coordenar os trabalhos das assessorias do Crea, relacionados com as inspetorias;

5. programar e convocar reunião ordinária anual com os inspetores e extraordinária


quando necessário;

6. programar e convocar reuniões anuais com os funcionários das inspetorias e


extraordinárias quando necessário;

7. assessor e orientar as diretorias das inspetorias, bem como as comissões, visando


o funcionamento delas em consonância com os demais setores do CREA;

8. compatibilizar as atividades e rotinas das inspetorias e dos demais


setores do Crea;

9. incentivar as inspetorias no fomento, na formação e no apoio ao fortalecimento


de entidades de classe, na área de sua circunscrição;

10. promover e coordenar reuniões zonais periódicas;

11. instruir as inspetorias visando o cumprimento da legislação, das normas e


instruções baixadas pelo CREA;

12. promover o aprimoramento dos inspetores quanto à legislação profissional,


mantendo-os informados quanto a eventuais alterações.
40 PRÁTICAS PROFISSIONAIS DA ENGENHARIA | Ricardo Buneder

Inspetoria: trata-se do órgão executivo que representa o CREA no município


VI.
ou na região onde for instituída e tem por finalidade fiscalizar o exercício das
profissões abrangidas pelo Sistema CONFEA/CREA. A inspetoria é instituída
pelo CREA mediante ato administrativo. O exercício da função de inspetor é
honorífico e deve ser ocupado por profissional legalmente habilitado e em dia
com as obrigações perante o Sistema CONFEA/CREA.

Compete à inspetoria:

1. representar o CREA no município ou na região;

2. exercer a fiscalização profissional dentro dos limites das respectivas jurisdições;

3. divulgar a legislação referente às profissões abrangidas pelo


Sistema CONFEA/CREA;

4. instruir documentos protocolados a serem encaminhados ao CREA para análise;

5. receber anuidades, taxas de serviços e multas;

6. cumprir e fazer cumprir a legislação federal, as resoluções, as decisões


normativas, as decisões plenárias baixadas pelo CONFEA, os atos normativos
e os atos administrativos baixados pelo CREA.

A inspetoria tem suas atividades controladas e orientadas pelo CREA, podendo


ter suas atividades suspensas temporariamente por essa mesma autarquia.

Além disso, a inspetoria, para a execução de suas atividades, dispõe de apoio


técnico e administrativo da estrutura auxiliar do CREA e são regidas por regimento
interno que regulamentará suas atividades e competências.

Na sequência de nosso estudo vamos analisar apectos relativos às Anotações


de Responsabilidade Técnica (ART’s), outro tópico relevante para a profissão
de engenheiro (a).
O Sistema CONFEA/CREA | UNIDADE 2 41

2.2 Anotação de Responsabilidade


Técnica – ART’s
O que vem a ser uma ART? De acordo com o que consta no sítio do Sistema
CONFEA/CREA, uma ART é um documento que define, para efeitos legais, os
responsáveis técnicos pelo desenvolvimento de atividade técnica no âmbito das
profissões abrangidas pelo Sistema CONFEA/CREA.

A obrigatoriedade de registro de uma ART foi estabelecida pela Lei nº 6.496/77,


para todo contrato que envolva a execução de obra ou prestação de serviço de Engenharia,
Agronomia, Geologia, Geografia e Meteorologia, assim como para o desempenho de
cargo ou função onde sejam necessários habilitação legal e conhecimentos técnicos nas
profissões cobertas pelo Sistema CONFEA/CREA.

O registro de uma ART garante ao profissional a formalização do respectivo


acervo técnico, que é de grande importância no mercado de trabalho para a comprovação
de sua capacidade técnico-profissional. Em relação à sociedade, a ART tem o papel de
um instrumento de defesa, dado que formaliza o compromisso do profissional com a
qualidade dos serviços prestados.

Cabe também observarmos que o registro de uma ART deve ser realizado
pelo profissional junto ao CREA da região onde será executada a atividade, em data
anterior ao início da mesma. Além disso, o (a) engenheiro (a) deve atentar para as
seguintes situações:

a. caso haja alteração no contrato para execução da obra, prestação do serviço


ou desempenho de cargo ou função, a ART original deverá ser substituída
ou complementada;

b. caso a atividade técnica seja realizada conjuntamente com outro (s) profissional
(ais), as ART’s dos demais responsáveis serão vinculadas à ART original;

c. na ausência do registro da ART, o profissional ou a empresa estará sujeito à


multa e a demais cominações legais;

d. tanto o profissional como o contratante deverão guardar as vias assinadas da


ART a fim de documentar o vínculo contratual.
42 PRÁTICAS PROFISSIONAIS DA ENGENHARIA | Ricardo Buneder

Quanto aos tipos de ART’s, vale ressaltarmos que existem três: (a) de obra ou
serviço; (b) de obra ou serviço de rotina; e (c) de cargo ou função.

Vamos analisar a diferença entre elas, de acordo com o sistema CONFEA/CREA.

a. ART de obra ou serviço: é aquela relativa à execução de obras ou à prestação de


serviços relacionados às profissões abrangidas pelo Sistema CONFEA/CREA;

b. ART de obra ou serviço de rotina (ou ART múltipla): é a que especifica vários
contratos referentes à execução de obras ou à prestação de serviços contínuos
em determinado período, como por exemplo, de receituário agronômico ou de
inspeção veicular;

c. ART de cargo ou função: é aquela relativa ao vínculo com pessoa jurídica


para desempenho de cargo ou função técnica.

Outra observação em relação às ART’s diz respeito à sua baixa. Nesse sentido,
quando do término da atividade técnica que está sendo desenvolvida, deve ser dada baixa
da ART, uma vez que é somente após essa ação que, para efeitos legais, a participação
do (a) profissional na atividade técnica em questão estará concluída. Também devemos
salientar que a baixa da ART não exime o profissional ou pessoa jurídica contratada das
responsabilidades administrativa, civil ou penal.

Uma vez que tenhamos discutido a respeito das ART’s, vamos abordar as atribuições
e mercado de trabalho para os (as) profissionais das diversas áreas da engenharia.

2.3 Atribuições e Mercado de Trabalho


Para as Áreas da Engenharia

Vamos iniciar esse tópico lembrando das definições de Engenharia e de
Engenheiro (a). Conforme o Portal da Indústria, Engenharia é a área de atuação que
se dedica a oferecer soluções práticas para problemas concretos. O trabalho do (a)
profissional formado (a) em engenharia é criar soluções planejadas e viáveis técnica
e economicamente, sendo necessário para isso conhecer em profundidade o tema
do projeto. Além de criar tais soluções, esse (a) profissional será responsável pela
coordenação do desenvolvimento do projeto.
O Sistema CONFEA/CREA | UNIDADE 2 43

Esses “conceitos/definições” estão alinhados com o que estudamos na Unidade


1 dessa disciplina.

Outro aspecto a ser salientado, de acordo com essa mesma fonte, é o de que os
(as) profissionais da engenharia estão entre os mais procurados no mercado de trabalho
em função da diversidade de seus conhecimentos, capacidade analítica para a resolução
de problemas e, também, porque em períodos de crescimento/retomada da atividade
econômica há uma demanda expressiva por engenheiros (as) dada à necessidade de
obras de infraestrutura, modernização de redes de distribuição de energia elétrica,
modernização de telecomunicações, aumento da produtividade industrial, entre outras.

Atualmente, no Brasil, o Ministério da Educação reconhece 42 áreas da


engenharia, conforme mostra o Quadro 2.1:

Quadro 2.1 – Modalidades de Engenharia reconhecidas pelo Ministério da Educação.

MODALIDADES DE ENGENHARIA

Acústica da Pesca de Mobilidade Física Sanitária


Aeronáutica de Alimentos de Petróleo e Gás Florestal Têxtil
Aeroespacial de Aquicultura de Produção Hídrica
de Bioprocessos
Agrícola de Sistemas Industrial
e Biotecnologia
de Controle e
Agronômica de Telecomunicações Mecânica
Automação
Ambiental de Energia de Transportes Mecatrônica
Biomédica de Horticultura Elétrica Metalúrgica
Cartográfica de Inovação em Agrimensura Naval
Civil de Materiais em Nanotecnologia Nuclear
em Tecnologia
da Computação de Minas Química
Têxtil e Indumentária

Fonte: o autor (2022)

Na sequência, faremos uma breve descrição das atribuições e do mercado de


trabalho para as 42 áreas da engenharia mostradas no Quadro 1. Para tal, tomaremos como
base os Referenciais Nacionais dos Cursos de Engenharia, publicação do Ministério da
Educação, e a Resolução nº 1.048/2013 do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia.
44 PRÁTICAS PROFISSIONAIS DA ENGENHARIA | Ricardo Buneder

2.3.1 Principais Áreas da Engenharia:


Atribuições e Mercado de Trabalho
Vamos tratar, ainda que de forma breve, sobre as atribuições e perspectivas do
mercado de trabalho das 42 áreas da Engenharia mostradas no Quadro 2.1.

1) Engenharia Acústica: trata-se do curso que forma profissionais aptos a


exercer atividades relacionadas ao desenvolvimento de novos sistemas eletroacústicos
e elaboração de técnicas e equipamentos que ajudam a controlar ruídos e vibrações.

A duração média do curso é de cinco anos e a modalidade é de bacharelado.

Sobre o mercado de trabalho, devemos considerar que se trata de um curso


relativamente novo, mas com boas perspectivas, pois ainda há poucos profissionais
habilitados. Também é importante considerarmos que a norma 15.575 da ABNT
(Associação Brasileira de Normas Técnicas) determina os requisitos mínimos de
qualidade nas construções habitacionais em relação a vários aspectos, dentre eles o
acústico. Nesse sentido e de acordo com a referida norma, faz-se necessária a adequação
de alguns componentes das construções, como fachadas, coberturas, entrepisos e
paredes, para um isolamento acústico eficiente. Tal efeito, aumentou a demanda por
esses profissionais o projeto acústico de edificações.

Também há demanda por esses (as) profissionais para a área de silenciadores na


indústria mecânica.

Outras possibilidades de atuação são as consultorias, como profissional autônomo


(a), junto a prefeituras as quais contratam esses (as) engenheiro (as) para elaboração e
execução de políticas públicas de mitigação do ruído.

Os estados com maiores oportunidades de colocação são Rio Grande do Sul,


Santa Catarina e São Paulo.

2) Engenharia Aeronáutica: é a especialidade da engenharia que trabalha com a


projeção e manutenção de aeronaves, além da administração de atividades aeroespaciais.
O profissional dessa especialidade atua em projetos que envolvem a construção dos
mais diversos tipos de aeronaves.

O curso apresenta formação em bacharelado e tem duração média cinco anos.

No que diz respeito ao mercado de trabalho, o cenário é promissor, pois trata-se de


uma profissão altamente requisitada e que não conta com muitos profissionais disponíveis.
Dessa forma, tem-se percebido que todos (as) engenheiros (as) aeronáuticos (as) são
absorvidos (as) pelo mercado e muitos recém-formados conseguem vagas no exterior.
O Sistema CONFEA/CREA | UNIDADE 2 45

3) Engenharia Aeroespacial: o profissional graduado nessa especialidade da


engenharia atua com projetos, construção e manutenção de sistemas aeroespaciais.

O curso de engenharia aeroespacial forma profissionais na modalidade


bacharelado e possui duração média de cinco anos.

O mercado de trabalho encontra-se em crescimento, com possibilidadesde


trabalho na área de pesquisas junto a universidades, institutos de pesquisa e empresas
do setor aeroespacial. Além disso, o (a) engenheiro (a) aeroespacial pode atuar nos
setores industrial, do agronegócio, órgãos do setor espacial e de Defesa.

Por ter uma formação multidisciplinar, esse (a) profissional pode desenvolver
suas atividades em diferentes áreas da engenharia. Assim, esse (a) engenheiro (a) terá
condições de projetar, controlar e testar sistemas do setor aeroespacial e atuar com o
desenvolvimento e avaliação de tais sistemas, dentre outras atividades.

4) Engenharia Agrícola: o (a) bacharel (a) em engenharia agrícola projeta


e gerencia técnicas e equipamentos usados no agronegócio. Além disso, estuda e
implementa métodos de armazenagem, construção de silos, armazéns e estufas, sempre
tendo em vista a sustentabilidade, bem como propõe a adoção de medidas que impeçam
a erosão e o esgotamento do solo e a poluição de mananciais.

O curso tem duração de cinco anos e forma profissionais na modalidade bacharelado.

Em relação ao mercado de trabalho, o (a) engenheiro (a) agrícola é muito


importante dentro do cenário brasileiro, uma vez que o Brasil é um dos maiores
produtores de alimentos do mundo, tendo a agricultura como um dos pontos fortes de
seu Produto Interno Bruto (PIB). Nesse sentido, o (a) engenheiro (a) agrícola tem um
papel fundamental na cadeia produtiva do agronegócio, tendo esse (a) profissional como
principais funções a atuação na produção agrícola, tanto no plantio, cultivo, colheita e
industrialização de alimentos, atuando junto a agricultores, fazendeiros, cooperativas e
também na exportação de alimentos, o que torna seu mercado de trabalho bastante amplo.

5) Engenharia Agronômica: essa especialidade da engenharia combina as áreas


da mecânica, civil, elétrica e outras engenharias. Os (as) engenheiros (as) agrônomos (as)
atuam na área do agronegócio, identificando aspectos como produtividade e qualidade
de culturas agrícolas, dentre outros. Em um país como o nosso, em que o agronegócio
tem uma participação significativa do PIB, esse curso se apresenta como uma ótima
opção para quem busca trabalhar na produção de biocombustíveis, processos ambientais
e pecuária. O curso é do tipo bacharelado e sua duração média é de cinco anos.

O mercado de trabalho para esses (as) profissionais é vasto devido à abrangência


de sua formação e, também, em função do aumento das fronteiras agrícolas brasileiras.
46 PRÁTICAS PROFISSIONAIS DA ENGENHARIA | Ricardo Buneder

É possível atuar em órgãos públicos e em empresas ligadas à pesquisa, bem como


consultor técnico autônomo, diretamente junto aos produtores rurais. Além disso, o (a)
engenheiro (a) agrônomo (a) pode atuar junto a empresas relacionadas à comercialização
e transformação de produtos agropecuários ou à fabricação e venda de insumos rurais.

Em empresas privadas, a principal possibilidade de trabalho está no gerenciamento


de propriedades rurais, podendo esse (a) profissional desempenhar essa função em
diversos locais, como granjas, fazendas e abatedouros, coordenando todas as etapas da
produção animal e vegetal.

O setor público também oferece boas oportunidades para os (as) engenheiros (as)
agrônomos (as). Nesse caso, por exemplo, é possível atuar no processo de empréstimo de
crédito rural para produtores. Outras possibilidades de trabalho estão nas organizações
não governamentais, cooperativas e instituições do governo, como secretarias
municipais ou estaduais e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento,
atuando principalmente na área de fiscalização.

Também é possível que esses (as) profissionais tenham seus próprios negócios,
prestando serviços de consultoria, pois os produtores rurais podem contratar um
autônomo por diversos motivos, como, por exemplo, a obtenção de receituário
agronômico, assistência técnica, assessoria em construções rurais ou serviços de laudos
e vistorias de perícia.

6) Engenharia Ambiental: esse (a) profissional estuda os problemas ambientais


e suas proporções ecológica, econômica, social e tecnológica. Trata-se de um curso do
tipo bacharelado e cuja duração média é de cinco anos.

No que diz respeito ao mercado de trabalho, o (a) engenheiro (a) ambiental


dispõe de um mercado de trabalho extremamente amplo. Nesse sentido, ele (a) pode
atuar com consultorias ambientais, as quais envolvem os mais diversos serviços, como
gerenciamento de áreas contaminadas, recuperação de áreas degradadas, tratamento de
efluentes, licenciamento ambiental, outorgas, dentre outros. No ramo industrial, esse (a)
profissional pode atuar no gerenciamento de resíduos, bem como elaboração de projetos
para mitigar os impactos causados pelas indústrias. Além disso, o (a) engenheiro (a)
ambiental também pode realizar gerenciamento ambiental nos hospitais, uma vez que
tais organizações demandam grandes quantidades de bens naturais. Sendo assim, o (a)
engenheiro (a) ambiental pode introduzir projetos que diminuam o desperdício, tanto
de água como de energia, além de incentivar a responsabilidade ambiental junto aos
colaboradores e empresas parceiras.
O Sistema CONFEA/CREA | UNIDADE 2 47

7) Engenharia Biomédica: é a especialidade da engenharia que se preocupa


com equipamentos médicos, biomédicos e odontológicos, atuando desde o projeto até a
a manutenção desses equipamentos.

O curso é do tipo bacharelado e possui duração média de 5 anos.

Em relação ao mercado de trabalho, ainda é uma modalidade nova da engenharia


e, por conseguinte, a demanda por esses (as) profissionais é maior que a oferta, o que
indica um bom potencial em termos de empregabilidade. A maior parte da demanda por
esse (a) profissional está em grandes hospitais, pois neles as máquinas e equipamentos
precisam de manutenção ou reparos constantes.

8) Engenharia Cartográfica: é um curso oferecido na modalidade bacharelado


e com duração média de cinco anos. O (a) engenheiro (a) cartográfico (a) tem como
principal atribuição a análise de dados geográficos para posterior elaboração de mapas.

Quanto ao mercado de trabalho, as maiores oportunidades no Brasil encontram-


se, em ordem decrescente, nas regiões Sudeste, Sul, Nordeste, Centro-Oeste e Norte,
com vagas preponderantemente nas capitais, seguidas das cidades grandes, médias e
pequenas. É importante destacarmos que o setor público (municipal, estadual e federal)
é um grande fomentador e empregador. Já, o setor privado é fornecedor de serviços (em
geral para o setor público) e empregador, sobretudo no comércio de produtos tecnológicos
importados e na prestação de serviços técnicos especializados. Por fim, também
existem oportunidades de trabalho junto ao terceiro setor - fundações, organizações
não governamentais (ONG), entidades filantrópicas, OSCIP (organização da sociedade
civil de interesse público), organizações e associações civis sem fins lucrativos.

9) Engenharia Civil: é uma das mais tradicionais e antigas especialidades da


engenharia. É ofertado na modalidade bacharelado e tem duração média de cinco anos.

As principais atividades do (a) profissional dessa área da engenharia são o


planejamento, projeto e gestão de obras e empreendimentos, analisando desde o solo
onde a obra será realizada até os materiais que serão utilizados nas edificações.

No que diz respeito ao mercado de trabalho, a engenharia civil está entre as


profissões mais requisitadas no mercado de trabalho brasileiro, oferecendo alta taxa de
empregabilidade.

A engenharia civil é uma área vital para a economia de um país, assim sendo,
mesmo em um cenário econômico volátil, o volume de empregos nessa área se mantém
em alta, com possibilidades de atuação em construtoras, indústrias, gestão de empresas
e até mesmo no mercado financeiro.
48 PRÁTICAS PROFISSIONAIS DA ENGENHARIA | Ricardo Buneder

10) Engenharia da Computação: é a especialidade da engenharia responsável


pelo projeto e criação de computadores e sistemas presentes em hardwares e softwares.
Esse curso confere ao (à) graduado (a) o título de bacharel (a), possuindo duração
média de cinco anos.

O mercado de trabalho para engenharia de computação é bastante promissor,


pois estamos vivenciando a Revolução 4.0, ou seja, uma revolução baseada na evolução
das tecnologias, a qual ocorre em uma velocidade cada vez maior. Tais tecnologias
trazem mais qualidade de vida, facilidades e rapidez aos processos. Nesse cenário, toda
empresa, não importa em qual setor esteja inserida, necessita da inovação para se tornar
competitiva. Dentro do mercado de engenharia da computação destacam-se as áreas de
inteligência artificial, data science, processamento de linguagem natural, para citar
algumas, o que indica o grande potencial de mercado para os (as) profissionais dessa área.

11) Engenharia da Pesca: é a especialidade da engenharia que trabalha com o


cultivo, retenção e industrialização de peixes e frutos do amor. O (a) profissional dessa
área desenvolve métodos que ajudam a encontrar, capturar e conservar esses animais.

Trata-se de um curso com formação na modalidade bacharelado e duração


média de cinco anos.

Em relação ao mercado de trabalho, o (a) engenheiro (a) de pesca pode trabalhar


em empresas ligadas ao setor pesqueiro em geral, assim como em órgãos públicos e
organizações não governamentais (ONGs) ligadas ao meio ambiente. Trata-se, portanto,
de uma profissão com ótima empregabilidade, já que o número de profissionais
graduados ainda não consegue suprir a necessidade do mercado.

12) Engenharia de Alimentos: o profissional dessa área especialidade atua na


produção, armazenamento e transporte de alimentos industrializados.

Trata-se de um curso com formação em bacharelado e duração média de cinco


anos. O (a) engenheiro (a) de alimentos pode atuar nas áreas de pesquisa, desenvolvimento
de produtos e tecnologias de produção.

Em relação ao mercado de trabalho, devemos considerar que o aumento da


renda familiar leva a um maior consumo de produtos alimentícios industrializados,
aumentando, por consequência, a demanda por profissionais dessa área. A indústria
alimentícia é a que mais emprega engenheiros (as) de alimentos, porém é percebe-
se uma procura crescente por esses profissionais em restaurantes, redes de fast food,
distribuidoras de alimentos e bebidas. Também há oportunidades de trabalho nos órgãos
públicos ligados à vigilância e fiscalização sanitária.
O Sistema CONFEA/CREA | UNIDADE 2 49

13) Engenharia de Aquicultura: o (a) profissional dessa área projeta e


supervisiona a criação de crustáceos, moluscos, peixes e plantas aquáticas. Com
formação em bacharelado e duração de cinco anos, os (as) profissionais podem atuar
nas etapas da cadeia de produção de alimentos e criação desses organismos.

Quanto ao mercado de trabalho, tem-se que como o Brasil é um dos maiores


produtores mundiais de pescado em cativeiro, existe grande demanda por profissionais
especializados na área.

Regiões costeiras, especialmente no Nordeste e no Sul do país, são as que mais


demandam o trabalho dos (as) engenheiros (as) de aquicultura. Outro aspecto a ser
considerado é o de que o número de criações em tanques no interior do Brasil tem
crescido, necessitando a atuação de profissionais da área, o que é um bom indicador do
potencial de trabalho para essa área.

14) Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia: o (a) profissional dessa área


atua nos setores de pesquisa e desenvolvimento de produtos e processos e na cadeia
produtiva na indústria de biotecnologia, que abrange as usinas de biocombustíveis, a
indústria farmacêutica, a indústria química (química verde), a agroindústria, o tratamento
de efluentes e resíduos sólidos e processos de biorremediação de áreas contaminadas.

A graduação é do tipo bacharelado e a duração média do curso é de cinco anos.

Em relação ao mercado de trabalho, podemos dizer que a área de bioprocessos e


biotecnologia não foi significativamente impactada pelos problemas econômicos pelos
quais o Brasil vem passando, pois somos um dos líderes mundiais em praticamente todos
os mercados em que o (a) engenheiro (a) de bioprocessos pode atuar. Nesse sentido,
esse (a) profissional encontra oportunidades de trabalho na indústria de alimentos e
bebidas, na área da saúde, no refino de petróleo, na agroindústria e no setor público (em
secretarias de meio ambiente).

15) Engenharia de Controle e Automação: essa especialidade da engenharia


possui habilitação em bacharelado e duração média de cinco anos.

Dentre suas atribuições, o (a) profissional dessa área desenvolve programas


de automação industrial, equipamentos para processos automatizados de múltiplas
indústrias, bem como para sua manutenção.

Sobre o mercado de trabalho, trata-se de uma área com grande potencial de


empregabilidade, pois esse (a) profissional atua no setor industrial. Nesse sentido,
devemos ter em mente que, de acordo com levantamento realizado pelo Sebrae
(2020), existem cerca de 1.908.250 indústrias em nosso país. Como essas indústrias
são divididas por categorias, como alimentícia, extrativa, eletrônica, automotiva,
50 PRÁTICAS PROFISSIONAIS DA ENGENHARIA | Ricardo Buneder

farmacêutica, de construção civil etc., há um número expressivo de possibilidades


de trabalho, bem como de diversificação de atividades para esses (as) profissionais,
conforme o segmento escolhido.

16) Engenharia de Energia: trata-se de um curso com formação em bacharelado


e duração média de cinco anos. O (a) engenheiro (a) de energia atua no desenvolvimento
de sistemas de geração, transporte, transmissão, distribuição e utilização de energia.
Em relação ao mercado de trabalho, o cenário é favorável, pois o Brasil ocupa
o segundo lugar entre os países que mais empregam trabalhadores em segmentos de
produção de energia renovável. Enquanto a China, líder no ranking, tem 4,1 milhões
de profissionais empregados nessa área, o mercado brasileiro contabiliza 1,1 milhão de
trabalhadores em função de investimentos e uso crescente de novas fontes de energia,
dentre elas eólica, solar, de biomassa e das ondas do mar.
Cabe salientar também que a engenharia de energia tem potencial de ofertar
mais oportunidades de trabalho do que a maior parte das outras áreas. Dentre as
principais forças favoráveis à expansão dessa especialidade temos a evolução das
matrizes energéticas limpas, a utilização de fontes renováveis em substituição ou
complementação às tradicionais e a crise climática que conspira a favor do processo de
substituição de fontes fósseis de enrgia.
17) Engenharia de Horticultura: trata-se de um curso do tipo bacharelado com
duração média de cinco anos.
O (a) engenheiro (a) de horticultura atua no plantio, cultivo, colheita e
armazenamento de plantas medicinais, ornamentais, aromáticas e condimentos.

Em relação ao mercado de trabalho, há um grande potencial de empregabilidade


para esses profissionais, pois há um déficit de engenheiros (as) com essa especialização.
Os maiores empregadores são:
• empresas de hortaliças e frutas, muitas direcionadas para a exportação, as quais
necessitam planejamento para sua produção, manejo das plantas e gestão da
qualidade dessa produção;

• multinacionais do setor de agroquímica;

• produtores de maçã dos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, bem
como os de pêssego, ameixa e caqui dos estados de Minas Gerais e São Paulo;

• empresas de pesquisa agrícola e assistência técnica, como a Empresa Brasileira


de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, onde é possível atuar na área de produção
de hortaliças, que apresenta demanda crescente, e de frutas subtropicais, em que
o Brasil tem projeção mundial;
O Sistema CONFEA/CREA | UNIDADE 2 51

• em prefeituras municipais, onde é possível atuar projetando e cuidando de


pomares e hortas, a fim de incrementar a produção;

• como autônomo, assessorando empresas de reflorestamento e exploração


de madeira, empresas agrícolas, indústrias de alimentos, extensão rural, ou
trabalhando com ensino e pesquisa.

Também é possível que o (a) engenheiro (a) de horticultura trabalhe com


plantas ornamentais, projetos de jardinagem e paisagismo, bem como pesquisa sobre
medicamentos fitoterápicos.

18) Engenharia de Inovação: o (a) profissional dessa área atua na identificação


e solução de problemas que envolvam as mais diferentes áreas relacionadas a
processos inovadores.

O curso é ofertado na modalidade bacharelado e com duração média de cinco anos.

Em relação ao mercado de trabalho, esse (a) profissional pode atuar em diferentes


setores da indústria, bem como em áreas voltadas à pesquisa, dada sua formação nos
diferentes segmentos da engenharia, como civil, elétrica e de produção, entre outros.
As perspectivas de trabalho para os (as) engenheiros (as) de inovação são positivas,
pois, cada vez mais, as empresas demandam profissionais qualificados e dotados de
espírito inovador. Nesse sentido, o (a) engenheiro (a) de inovação poderá encontrar
oportunidades tanto no setor público como no setor privado, em áreas diferentes, que
vão desde a indústria, setor de pesquisa e desenvolvimento, em laboratórios e na área
médica, para citar algumas.

19) Engenharia de Materiais: essa especialidade da engenharia pesquisa sobre


novos materiais e novas possibilidades de utilização para aqueles já existentes. Tais
materiais podem ser plásticos, ligas metálicas, resinas, cerâmicos, compósitos, com uso
nos mais variados tipos de indústrias.

Trata-se de um curso do tipo bacharelado e com duração média de cinco anos.

O mercado de trabalho para esses (as) profissionais é expressivo, pois eles


(as) pode (m) trabalhar em diversos ramos da indústria, geralmente ligados aos
materiais metálicos, cerâmicos e polímeros. Nessas áreas encontram-se as indústrias
de embalagens, aeronáutica, petroquímica, siderúrgica, naval, e da saúde. No que diz
respeito aos metais, o (a) engenheiro (a) de materiais pode exercer suas atividades na área
de processos, tanto para metais ferrosos como não ferrosos. Na área de polímeros, esse
(a) profissional pode desenvolver materiais plásticos para quaisquer tipos de aplicações.
Já, na área de cerâmicos, sua atuação se dá na produção de tijolos, cimentos, produtos
para revestimentos e vidros.
52 PRÁTICAS PROFISSIONAIS DA ENGENHARIA | Ricardo Buneder

20) Engenharia de Minas: trata-se de um curso com duração média de cinco


anos e habilitação em bacharelado. O foco da engenharia de minas é o estudo dos
recursos minerais. Nesse sentido, o (a) engenheiro (a) de minas trabalha com pesquisa,
extração e aproveitamento de recursos minerais de diferentes maneiras.

Em relação ao mercado de trabalho, devemos ter em mente que o Brasil é


um dos países que possui as maiores reservas de minério de ferro do mundo, tendo
também grandes jazidas de outros minerais. Tal fato, torna o mercado de trabalho para
os (as) engenheiros (as) de minas bastante atrativo, uma vez que o setor mineral se
encontra em expansão.

As principais empresas empregadoras são as mineradoras, mas não são as únicas,


pois o (a) profissional pode atuar em indústrias de cimento, carvão, petróleo, química
e fertilizantes. Além disso, o mercado internacional também é promissor, uma vez
que o setor internacional de mineração tem interesse em nossa tecnologia. Ademais,
empresas como Petrobras e Vale também estão presentes em outros países, oferecendo
oportunidades para engenheiros (as) de minas.

21) Engenharia de Mobilidade: trata-se da área da engenharia cujo foco de


atuação é o transporte de pessoas e de materiais. O curso possui duração média de cinco
anos e forma profissionais capacitados para atuar em projetos e operações relativas ao
transporte ferroviário, rodoviário e hidroviário, principalmente, elaborando soluções
que confiram fluidez e segurança à mobilidade de pessoas e cargas.

Em relação ao mercado de trabalho, podemos dizer que ele é amplo, pois as


cidades, em especial os grandes centros de urbanos, buscam por soluções acessíveis
e sustentáveis no que diz respeito ao transporte de passageiros, seja ele coletivo ou
individual, bem como o transporte de cargas.

22) Engenharia de Petróleo e Gás: esse curso tem duração média de cinco anos
e habilitação em bacharelado. O (a) profissional graduado nessa especialização está apto
a desenvolver um conjunto de técnicas para a exploração, produção e comercialização
de petróleo e gás natural.

O mercado de trabalho está em ascensão, porém a oferta desses profissionais


ainda é baixa, o que gera boa empregabilidade. Como as principais reservas de petróleo
e gás se encontram nas regiões Sul e Sudeste, em especial na costa dos estados de
São Paulo e Rio de Janeiro, ali se concentra a maior parte da indústria desse setor
e, por consequência, a maior quantidade de vagas, o que não significa que não haja
oportunidades de trabalho em outros estados do país.
O Sistema CONFEA/CREA | UNIDADE 2 53

23) Engenharia de Produção: trata-se de um curso que forma profissionais na


modalidade de bacharelado e com duração média de cinco anos. O (a) engenheiro (a)
de produção une as principais atividades da engenharia com as de gestão de negócios,
desenvolvendo projetos e cuidando de processos que envolvem pessoas e equipamentos,
o que envolve conhecimentos tecnológicos vinculados a aspectos de liderança,
produtividade e eficiência de processos. Outra característica desse (a) profissional é
sua visão sistêmica do processo produtivo de uma organização, abrangendo a cadeia de
valor de ponta a ponta.

O mercado de trabalho para a engenharia de produção inclui oportunidades tanto


no setor público como no privado, incluindo comércio, indústrias, bancos, construção
civil automação, além de institutos de pesquisa e ensino.

As oportunidades de trabalho permanecem em crescimento, mesmo diante de


um cenário econômico não tão favorável.

24) Engenharia de Sistemas: trata-se do (a) profissional formado (a) para


planejar e organizar sistemas complexos em empresas. O curso é ofertado na modalidade
bacharelado e apresenta duração de cinco anos.

O mercado de trabalho para esse (a) profissional é excelente, pois exerce uma
atividade indispensável em empresas de tecnologia e indústrias diversas, tais como
mineração, petroquímica, automotiva, farmacêutica, portos, aeroportos, construção
civil, supermercadista, etc.

O (a) engenheiro de sistemas é focado (a) no desenvolvimento de plataformas


tecnológicas necessidades diversas, tais como levantamento de funcionalidades,
interface com usuários, documentação, requisitos, operação, custos, performance,
desenvolvimento, segurança, treinamento, instalação e outras.

25) Engenharia de Telecomunicações: esse curso forma profissionais


capazes de atuar no desenvolvimento, operação e manutenção de sistemas e redes
de telecomunicações. O curso tem duração média de cinco anos e é ofertado na
modalidade bacharelado.

O mercado de trabalho dessa especialidade de engenharia está aquecido, com


significativa oferta de empregos em todas as regiões do país. A expectativa é a de
que esse mercado continue em crescimento, já que as tecnologias dessa área estão em
franca expansão. A título de exemplo, podemos citar a implantação da rede 5G em
todo o Brasil como sendo um fator que impulsiona a procura por engenheiros (as) de
telecomunicações.
54 PRÁTICAS PROFISSIONAIS DA ENGENHARIA | Ricardo Buneder

26) Engenharia de Transportes: essa modalidade da engenharia foi inserida no


sistema CONFEA/CREA através da Resolução nº 1.096

“Compete ao engenheiro de transportes o desempenho das atividades


1 a 18 do art. 5º, § 1º, da Resolução n° 1.073, de 19 de abril de 2016,
referentes a sistemas de transportes, tráfego, logística e operação
nos modos rodoviário, ferroviário, hidroviário, portuário, aeroviário,
dutoviário de produto não perigosos e não motorizado; mobilidade;
e geomática aplicada às atividades de transportes, em função
estritamente do enfoque e do projeto pedagógico do curso, a critério
da câmara especializada”. (Resolução CONFEA nº 1.096 de 13 de
dezembro de 2017).

A duração média do curso é de cinco anos e o (a) profissional dessa área é


graduado na modalidade bacharelado. Esse (a) profissional pode atuar tanto nos setores
público como privado, em áreas como concessionárias de rodovias, empresas ligadas aos
setores de transportes, departamentos federais, estaduais e municipais de transportes,
universidades e institutos tecnológicos.

O (a) engenheiro (a) de transportes é o (a) profissional designado (a) a gerenciar


o tráfego, planejando ações em sistemas de transporte, otimizando a mobilidade,
organizando ações para o desenvolvimento de novas estruturas de transporte, e outras
funções correlacionadas.

Importante salientar que seu trabalho não se limita a tráfegos terrestres e


urbanos, mas, também, a transportes ferroviários, hidroviários e aéreos.

Outro aspecto relevante a ser considerado é o de que sua atuação se assemelha


a do (a) engenheiro (a) de mobilidade, porém com maior foco em ações de criação e
estruturamento de rodovias e fluxos de transportes.

O mercado de trabalho para esse (a) profissional apresenta demanda em expansão,


tendo registrado crescimento de 6,52% nas contratações entre agosto de 2021 e julho de
2022, de acordo com o portal salário.

27) Engenharia Elétrica: o (a) profissional graduado (a) nessa área estuda
as aplicações da eletricidade, eletromagnetismo e eletrônica em um curso do tipo
bacharelado com duração média de cinco anos e que prepara para a atuação na atividade
de distribuição de energia elétrica. Cabe ressaltar que atualmente, as áreas ligadas às
energias renováveis têm demonstrado grande crescimento nos últimos anos.

Os (as) engenheiros (as) elétricos (as) planejam desde a operação de sistemas


elétricos até a construção de usinas e estações de geração de energia.
O Sistema CONFEA/CREA | UNIDADE 2 55

O mercado de trabalho para esses (as) profissionais segue em alta, pois trata-
se de uma área de conhecimento versátil. Nesse sentido, a previsão é a de que cada
vez mais as empresas irão requisitar profissionais com atuações voltadas para avanços
tecnológicos, mobilidade e questões ambientais.
As áreas da Engenharia Elétrica com maior potencial de crescimento são as
de gestão energética, veículos elétricos, telecomunicações, micro e nanoeletrônica e
bioengenharia. Na área de gestão energética discute-se a crise energética e a adoção de
fontes renováveis e limpas de energia.
28) Engenharia em Agrimensura: trata-se de um curso com duração média de
cinco anos e formação em bacharelado.
Os (as) profissionais que atuam neste ramo são responsáveis por analisar dados
geográficos e realizar projetos.
O (a) engenheiro (a) agrimensor (a) atua em projetos de segmentos diversificados,
como setores estratégicos, planejamento urbano e elaboração de políticas para o
desenvolvimento do país. É importante deixarmos claro que agrimensura e topografia são
áreas distintas, sendo o principal diferencial entre elas o fato de que a topografia tem como
objetivo a definição de uma região, determinando o contorno, dimensão e posição relativa
de uma localidade, podendo ser na superfície terrestre, no fundo dos mares ou no interior
de minas por exemplo. Já, a agrimensura possui uma abrangência maior, compreendendo
os principais aspectos legais, econômicos e sociais que estão inseridos na demarcação de
uma propriedade, não se limitando ao mapeamento do relevo de um local.
O mercado de trabalho para essa especialidade da engenharia é amplo e está em
crescimento. O (a) engenheiro (a) de agrimensura tem diversas possibilidades de trabalho,
seja em empresas, prestando consultoria ou compondo equipes multiprofissionais
em grandes obras.
29) Engenharia em Nanotecnologia: é a área da engenharia focada no
desenvolvimento de tecnologias relacionadas à nanociência. Os (as) engenheiros
(as) em nanotecnologia atuam em projetos de pesquisa ou aplicações de
nanotecnologias em indústrias.
O curso possui duração média de cinco anos e formação em bacharelado.
Trata-se de uma área ligada à alta tecnologia e cujo mercado de trabalho apresenta
um grande potencial de crescimento para os próximos anos. Sendo assim, o (a) engenheiro
(a) de nanotecnologia possui um vasto campo de atuação, tendo a possibilidade de
trabalhar com os diferentes setores da engenharia, ou seja, telecomunicações, espacial,
elétrica, mecânica, civil, nuclear e química. Pode atuar ainda em indústrias de
cosméticos, mineração, biotecnologia, transportes, meio ambiente, entre outras.
56 PRÁTICAS PROFISSIONAIS DA ENGENHARIA | Ricardo Buneder

30) Engenharia em Tecnologia Têxtil e Indumentária: esse curso tem


semelhança com o de engenharia têxtil, porém seu foco está no projeto de instalações,
equipamentos e linhas de produção de tecelagens e indústrias de confecções.

A duração média do curso é de cinco anos e a formação é em bacharelado.

O Brasil está entre os grandes produtores mundiais de produtos têxteis, sendo


assim, o mercado de trabalho para os (as) engenheiros (as) graduados (as) nessa
modalidade está bastante aquecido. Além disso, é importante salientarmos que nosso
país vem buscando a aplicação de novas técnicas e tecnologias para a produção têxteis
com o intuito de competir diretamente com a China, maior produtora mundial, o que
aumenta a busca por profissionais com essa formação.

31) Engenharia Física: é o ramo da engenharia que forma profissionais


capacitados na interpretação e aplicação da teoria da física na otimização de processos
industriais, bem como na produção de equipamentos de captação das energias elétrica,
nuclear e solar.

O curso possui uma duração média de cinco anos e a formação é na


modalidade bacharelado.

A formação do (a) engenheiro (a) físico (a) permite sua atuação em setores
diversos, uma vez que a necessidade por novos materiais e tecnologias é cada vez mais
fundamental para o avanço da sociedade. Dessa forma, podemos afirmar que o mercado
de trabalho para os (as) engenheiros (as) físicos (as) é amplo, uma vez que podem atuar
em eletrônica, acústica, biotecnologia, ótica linear e não linear, desenvolvimento de
novos materiais, física médica, computação quântica e automação, todos campos com
alta empregabilidade.

Na área médica e hospitalar, por exemplo, esse (a) profissional pode desenvolver
dispositivos que utilizam raios laser ou cerâmicas supercondutoras.

Também as indústrias químicas e petroquímicas demandam esses (as)


profissionais para projetar e testar equipamentos.

Os setores de biotecnologia, nanotecnologia e energético também buscam


por esses (as) engenheiros (as). Até mesmo o setor bancário e empresas do mercado
financeiro têm demandado por esses (as) profissionais, dada sua capacidade para a
solução de cálculos complexos e postura analítica diante de situações cotidianas.

32) Engenharia Florestal: trata-se de um curso que oferece titulação de


bacharelado e duração média de cinco anos. O profissional dessa especialidade da
engenharia atua com o uso sustentável de recursos florestais e com ecossistemas,
buscando preservar a fauna e flora.
O Sistema CONFEA/CREA | UNIDADE 2 57

Quanto ao mercado de trabalho, esses (as) profissionais podem atuar em empresas


do setor público ou privado, em áreas como reflorestamento e educação ambiental.
É importante salientarmos que no setor público os salários são mais atraentes. Além
disso, também é possível atuar na área de consultoria.

33) Engenharia Hídrica: esse (a) profissional é formado (a) em bacharel (a) em
uma graduação com duração média de cinco anos. Atua na exploração do uso e gestão
de recursos hídricos, bem como no controle dos impactos negativos que as bacias
hidrográficas podem sofrer a partir das atividades industriais, agrícolas e urbanas.

O mercado de trabalho tem se mostrado favorável, pois muitos municípios têm


enfrentado uma crise hídrica nos últimos anos, reforçando a necessidade por esse (a)
profissional. Também cabe salientarmos que nosso país concentra mais de 12% da água
potável do planeta, sendo, portanto, essencial preservar seus mananciais.

Nesse sentido, o (a) engenheiro (a) hídrico (a) pode atuar na execução de projetos
na área ambiental, na infraestrutura hídrica, nos setores elétrico, de saneamento básico,
de portos e hidrovias.

34) Engenharia Industrial: o (a) profissional trabalha desta área atua em


questões relacionadas à produção industrial, gerenciando os recursos necessários para
que o processo produtivo seja realizado de forma eficiente e eficaz. Os (as) engenheiros
(as) industriais atuam nas mais diversas indústrias.

O curso possui duração média de cinco anos e é oferecido na modalidade


bacharelado.

O mercado de trabalho para o (a) engenheiro (a) industrial apresenta oportunidades


em todas as regiões do Brasil, dado que esse (a) profissional pode atuar nas áreas de
produção, finanças, planejamento, controle de qualidade, projetos, processos e produtos.

De forma geral, a maior quantidade de vagas encontra-se nas indústrias,


organizações públicas, empresas extrativistas, institutos de pesquisa, ensino superior e
na consultoria independente.

35) Engenharia Mecânica: trata-se de um curso do tipo bacharelado com


duração média de cinco anos.

Os (as) engenheiros (as) mecânicos (as) são responsáveis pelo desenvolvimento


de máquinas, motores, veículos e sistemas termodinâmicos para diversos tipos de
indústrias. É considerada uma área essencial para o desenvolvimento do país, pois a
engenharia mecânica dedica-se à pesquisa de novas tecnologias e é de grande interesse
para aqueles que buscam trabalhar em empresas localizadas nos grandes centros
industriais do país.
58 PRÁTICAS PROFISSIONAIS DA ENGENHARIA | Ricardo Buneder

Em relação ao mercado de trabalho, os (as) profissionais dessa área têm alta


empregabilidade, pois são capazes de trabalhar com projetos simples, grandes e
complexos. Nesse sentido, há oportunidades de trabalho em diferentes indústrias, tais
como alimentícia, ambiental, automobilística, aeronáutica, civil, elétrica, eletrônica,
energia e combustíveis, metalúrgica, naval, óleo e gás, petroquímica e siderúrgica. Além
disso, também é possível empreender, ou seja, ter sua própria empresa de consultoria
e de serviços de engenharia para atender clientes de pequeno, médio ou grande porte.

36) Engenharia Mecatrônica: trata-se do curso que forma o (a) profissional


responsável pela realização de planejamentos de automação industrial, operando
equipamentos que são utilizados nos mais diversos processos industriais.
O curso tem duração média de cinco anos e a formação é do tipo bacharelado.
O mercado de trabalho para esses (as) profissionais é amplo e encontra-se
aquecido dada a busca contínua por diminuição de custos operacionais e aumento
de produtividade.
Dentre os setores que mais contratam, encontram-se as indústrias petroquímica
e automobilística, mas também há possibilidades em outros setores, como, por exemplo,
no desenvolvimento e implantação de projetos envolvendo robótica.
O (a) profissional formado em mecatrônica também pode atuar no desenvolvimento
de softwares e automação de processos.
37) Engenharia Metalúrgica: é a área da engenharia dedicada ao estudo
específico dos materiais metálicos (ferrosos e não ferrosos) utilizados nas indústrias. O
(a) engenheiro (a) metalúrgico (a) possui significativo conhecimento sobre metais e ligas
metálicas, sua caracterização estrutural e propriedades, produção e processamento,
bem como de suas aplicações. Esse (a) profissional é responsável pela produção de
metais e ligas metálicas e pela execução de tratamentos para esses materiais.
O mercado de trabalho para os (as) engenheiros (as) metalúrgicos (as) está aquecido,
sendo os maiores empregadores as mineradoras de alumínio e cobre, as indústrias de
base como a siderúrgica, bem como os setores automotivo, aeronáutico e de armamentos.
Cabe salientar que as maiores indústrias empregadoras estão localizadas em Minas
Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo e Rio Grande do Sul, destacando-se a
siderúrgica como a que mais concentra contratações desses (as) profissionais.
38) Engenharia Naval: o (a) profissional graduado (a) nessa área atua na
construção e manutenção de embarcações, bem como equipamentos e instalações
para as mesmas.
A graduação em engenharia naval é do tipo bacharelado e tem duração
média de cinco anos.
O Sistema CONFEA/CREA | UNIDADE 2 59

O mercado de trabalho para essa área pode ser sintetizado em quatro grandes
subáreas, podendo haver ramificações em cada uma delas:
• Off Shore, lida com plataformas de petróleo;

• Estrutural, lida com projetos e construção naval;

• Logística, lida com gestão e organização de portos;

• Acadêmica, lida com pesquisa e desenvolvimento.

39) Engenharia Nuclear: trata-se de um curso com duração média de cinco


anos e formação em bacharelado.
O (a) profissional de engenharia nuclear atua na criação de novos usos, soluções
e tecnologias voltadas à energia nuclear. Sendo assim, é responsável por utilizar a
radiação para o desenvolvimento de tecnologias que necessitam de recursos nucleares.
Dada ao alto risco de sua atuação, esse (a) profissional deve prezar pela segurança
de materiais radioativos, seu descarte correto, além de possuir responsabilidade para
evitar possíveis acidentes e desastres.
Esse (a) profissional também atua no projeto de sistemas e componentes
envolvendo a utilização de componentes nucleares como, por exemplo, equipamentos
de uso medicinal e reatores nucleares. Além disso, ele (a) realiza testes e garante o
pleno funcionamento para os mesmos.
Quanto ao mercado de trabalho, ele abrange desde o setor industrial até
a área acadêmica.
No Brasil, como só existem duas usinas nucleares em operação – Angra 1 e Angra
2 – o mercado de trabalho específico para a área é restrito. No entanto, há oportunidades
na área da pesquisa e no desenvolvimento de equipamentos para a área médica. O estado
que oferece o maior número de vagas é o Rio de Janeiro, pois lá se encontra o único
curso de graduação dessa área, o qual é ofertado pela Universidade Federal do Rio
de Janeiro (UFRJ).
40) Engenharia Química: o (a) profissional formado (a) nessa área atua na
extração de matérias-primas e com a transformação físico-química de materiais para o
desenvolvimento de produtos diversos. A título de exemplo, o (a) engenheiro (a) químico
(a) pode atuar na supervisão do processo produtivo das indústrias de medicamentos
e de cosméticos.
O mercado de trabalho para o (a) engenheiro (a) químico (a) é bom, havendo
oportunidades em diversos segmentos da indústria. Atualmente, no Brasil, há mais de
35 mil engenheiros químicos em atividade, no entanto ainda há carência de profissionais
qualificados (as) nessa área.
60 PRÁTICAS PROFISSIONAIS DA ENGENHARIA | Ricardo Buneder

Além disso, cabe salientarmos que o mercado da engenharia química é impactado


positivamente pelo crescimento do mercado da engenharia civil, pois o aumento
de obras de infraestrutura demanda pesquisas relacionadas à melhoria de materiais
para construção. Outro ponto importante a ser observado é o crescente interesse pela
preservação ambiental, a qual também beneficia o mercado da engenharia química, pois
os (as) profissionais dessa área têm sido contratados (as) para atuarem no tratamento
e reciclagem de resíduos urbanos e industriais, na redução da emissão de poluentes
gerados pelas indústrias e na limpeza dos efluentes em estações de tratamento.

41) Engenharia Sanitária: é o ramo da engenharia que trabalha com sistemas


de águas e esgotos, desde seu projeto até sua operação.

O curso tem duração média de cinco anos e formação em bacharelado.

Quanto ao mercado de trabalho, o (a) engenheiro (a) sanitarista atua no


desenvolvimento de soluções sustentáveis para o tratamento de águas e esgotos, bem
como na investigação dos impactos ambientais causados pela ação do homem.

As quatro principais áreas de atuação desse (a) profissional são:

• Tecnologia ambiental

• Recursos hídricos

• Geotecnia ambiental

• Gestão

Cabe salientarmos que a crescente preocupação em relação aos aspectos


ambientais e às legislações de preservação do meio ambiente, têm contribuído para
tornar o mercado de trabalho desses (as) profissionais cada vez mais promissor. Nesse
sentido, empresas públicas e privadas e Organizações Não Governamentais (ONGs) têm
demandado engenheiros (as) sanitaristas para elaborarem planejamentos ambientais,
recuperação de áreas e fiscalização da aplicação da legislação vigente.

42) Engenharia Têxtil: esse curso forma profissionais aptos (as) para atuarem
na produção e processamento de fibras, fios e técnicas para confecção de roupas.

Quanto ao mercado de trabalho, temos que a indústria têxtil movimenta a economia


de diversos municípios brasileiros, em especial nas regiões sul, sudeste e nordeste.

Lembrando que nosso país se encontra entre os maiores produtores mundiais


de produtos têxteis do mundo, assim, a formação em engenharia têxtil garante boas
oportunidades de trabalho para esses (as) profissionais.
O Sistema CONFEA/CREA | UNIDADE 2 61

Síntese da Unidade
• Chegamos ao final da unidade 2 de nossa disciplina de Práticas
Profissionais da Engenharia.

• Nessa unidade tivemos a oportunidade de estudar o sistema CONFEA/CREA,


sua definição, funcionamento e importância, bem como a estrutura básica dos
Conselhos Regionais de Engenharia e Agronomia (CREA).

• Na sequência de nosso estudo, abordamos a definição, tipos e importância


da Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) para o (a) profissional
engenheiro (a).

• Por fim, analisamos as diversas especialidades da Engenharia, as atribuições dos


(as) engenheiros (as) em cada uma delas e as perspectivas do mercado de trabalho.
62 PRÁTICAS PROFISSIONAIS DA ENGENHARIA | Ricardo Buneder

Bibliografia
BRASIL. Lei nº 5.194, de 24 de dezembro de 1966. Regula o exercício das profissões
de Engenheiro, Arquiteto e Engenheiro-Agrônomo, e dá providências. Disponível em:
http://gg.gg/12lrol. Acesso em: 16 de setembro, 2022.
BRASIL. Lei nº 6.496, de 7 de dezembro de 1977. Institui a “Anotação de
Responsabilidade Técnica” na prestação de serviços de engenharia, de arquitetura
e agronomia; autoriza a criação, pelo Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura
e Agronomia – CONFEA, de uma Mútua de Assistência Profissional; e dá outras
providências. Disponível em: http://gg.gg/12lroo. Acesso em: 16 de setembro, 2022.
BRASIL. Lei nº 8.195, de 26 de junho de 1991. Altera a Lei n° 5.194, de 24 de
dezembro de 1966, que regula o exercício das profissões de Engenheiro, Arquiteto e
Engenheiro Agrônomo, dispondo sobre eleições diretas para Presidentes dos Conselhos
Federal e Regionais de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, e dá outras providências.
Disponível em: http://gg.gg/12lrop. Acesso em: 16 de setembro, 2022.
BRASIL. Referenciais Nacionais dos Cursos de Engenharia. Ministério da Educação.
Disponível em: http://gg.gg/12lroq. Acesso em: 18 set. 2022.
CONFEA. CREAS. Disponível em: http://gg.gg/12lrot. Acesso em: 18 set. 2022.
CONFEA. Resolução nº 1.048/2013. Disponível em: http://gg.gg/12lrow. Acesso
em: 18 set. 2022.
CONFEA. O Sistema. Disponível em: http://gg.gg/12lrp1. Acesso em: 18 set. 2022.
SEBRAE. Painel de Empresas. Disponível em: http://gg.gg/12lrp5. Acesso
em: 18 set. 2022.

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unidade

3
V.1 | 2023

Projetos da Engenharia
Prezado estudante,

Estamos começando uma unidade desta disciplina. Os textos que a compõem foram organizados com
cuidado e atenção, para que você tenha contato com um conteúdo completo e atualizado tanto quanto
possível. Leia com dedicação, realize as atividades e tire suas dúvidas com os tutores. Dessa forma, você,
com certeza, alcançará os objetivos propostos para essa disciplina.

Objetivo Geral
Apresentar os principais aspectos relacionados aos projetos de bens e serviços, os problemas de
engenharia, as fontes de energia, os materiais de engenharia e os processos de manufatura.

Objetivos Específicos
• Apresentar os principais problemas nos projetos de engenharia de bens e serviços, os problemas de
engenharia e a metodologia utilizada para sua solução;
• Abordar as principais fontes de energia; os materiais de engenharia e os processos de manufatura;
• Apresentar os materiais de engenharia, bem como os principais sistemas de manufatura.

Questões Contextuais
• Você sabe quais os atores envolvidos em um projeto de engenharia?
• Já ouviu falar na metodologia para a solução de problemas de engenharia?
• Conhece as principais fontes de energia, materiais de engenharia e processos de manufatura?
64 PRÁTICAS PROFISSIONAIS DA ENGENHARIA | Ricardo Buneder

3.1 Os Projetos de Engenharia

3.1.1 Introdução
Estamos iniciando a terceira unidade de nossa disciplina de Práticas Profissionais
da Engenharia, na qual vamos abordar os principais problemas envolvidos nos
projetos de engenharia. Nesse sentido, é de fundamental importância que tenhamos
compreensão em relação a alguns aspectos, tais como: o que significa projetar algo,
onde e quando os engenheiros projetam, o que se entende por problema de engenharia
e qual a metodologia adotada pelos engenheiros para resolvê-los. Nesse sentido, vamos,
na sequência de nossa unidade, analisar tais aspectos.

3.1.2 O que é Projetar Algo? Onde e Como


os Engenheiros Projetam?
De acordo com Dym e Little (2010), existem três atores quando do projeto de um
produto: o projetista (engenheiro), o cliente (pessoa, grupo ou empresa) que solicita o
projeto e o usuário (pessoa ou conjunto de pessoas) que fará uso do produto que está
sendo projetado. Dessa forma, como afirmam os autores citados, “o projeto é motivado
por um cliente” (DYM; LITTLE, 2010, p. 26).

Em relação ao projetista (engenheiro), o cliente pode ser tanto interno como


externo. Como exemplo de cliente interno, os autores citados mencionam um diretor
de uma empresa produtora de alimentos que decide pela produção de um novo suco de
frutas. Já, como cliente externo, pode ser citado um órgão governamental que solicita
um projeto para um novo sistema viário.

Além disso, os autores mencionam que ainda que os projetistas (engenheiros)


possam se relacionar distintamente com clientes internos e externos, são esses que
apresentam um problema. Assim, conforme salientam Dym e Little (2010, p. 26), “...a
primeira tarefa do projetista é esclarecer o que o cliente quer e transformar isso em uma
forma útil para ele, como projetista de engenharia”.

Já o usuário é o terceiro ator envolvido no projeto, ou seja, são os consumidores


do produto projetado e que “...têm participação no processo do projeto, pois um
produto não seria vendido se seu projeto não atendesse suas necessidades” (DYM;
LITTLE, 2010, p. 26).

Em função do exposto, os autores afirmam que projetista (engenheiro), cliente


e usuário acabam por formar um triângulo, conforme mostrado na Figura 3.1. Nesse
sentido, devemos entender que esse triângulo representa o inter-relacionamento entre
Projetos da Engenharia | UNIDADE 3 65

projetista, cliente e usuário. O primeiro (projetista/engenheiro) deve entender o que


o cliente quer, ou seja, qual seu problema. Além disso, esse último (cliente) precisa
traduzir para o projetista as necessidades dos usuários ou o que o mercado deseja.
Assim, usualmente, o cliente é o tradutor das necessidades dos usuários.

Por fim, temos o usuário (ou público). Nesse ponto, Dym e Little (2010) chamam
nossa atenção sobre a existência de um outro ator, qual seja, o público. De acordo com
os atores citados, “...o público está implicitamente incorporado na noção de usuário”
(DYM; LITTLE, 2010, p. 26). No entanto, há um público que é impactado por um
determinado projeto tanto quanto ou até mais que os usuários já identificados, o que
sugere a necessidade de confrontar aspectos éticos nos projetos.

Figura 3.1 – O triângulo projetista-cliente-usuário.

CLIENTE

PROJETISTA USUÁRIO

Fonte: Adaptado por Universidade La Salle (2022) de Dym e Little (2010).

Além do exposto, conforme mencionam Dym e Little (2010), o triângulo


projetista-cliente-usuário suscita:

(a) o reconhecimento de que os interesses dos três atores podem ser divergentes;

(b) considerar que tais divergências geram mais do que problemas financeiros
como resultado do fracasso no atendimento das necessidades dos usuários. Nesse
sentido, afirmam Dym e Little (2010, p. 27), “...a interação de vários interesses gera
uma interação de várias obrigações, e essas obrigações podem estar em conflito”.
66 PRÁTICAS PROFISSIONAIS DA ENGENHARIA | Ricardo Buneder

Assim, a título de exemplo, os autores citados afirmam que no caso do projeto de


um recipiente para um novo suco de frutas, o material a ser considerado poderia ser a
lata, no entanto esse material quando esmagado torna-se perigoso devido à possibilidade
de aparecimento de bordas cortantes. Além disso, prosseguem esses mesmos autores,
escolhas no projeto final têm potencial para refletir avaliações diferentes de potenciais
riscos à segurança, os quais podem determinar a base de problemas éticos. Esses
problemas surgem porque os projetistas, além de terem obrigações com os clientes e
usuários, também têm responsabilidades com a sua profissão e com o público em geral,
conforme consta nos códigos de ética das sociedades de engenharia. Como resultado,
os problemas éticos sempre estão incluídos no processo de projeto.

Além dos aspectos considerados, também devemos considerar a utilização de


equipes para a elaboração do projeto, uma vez que muitos problemas de engenharia são
multidisciplinares, havendo, portanto, a necessidade de compreender os requisitos dos
clientes, dos usuários e das tecnologias a serem empregadas. Essas exigências implicam
a formação de equipes que sejam capazes de lidar com esses diferentes conjuntos
de necessidades.

Bem, até aqui abordamos diversos tópicos relacionados ao projeto de engenharia,


mas ainda não definimos o que entendemos por projeto. É disso que falaremos na
sequência de nosso estudo.

3.1.3 Definição de Projeto de Engenharia


Para definirmos projeto de engenharia, vamos nos valer do que é proposto por
Dym e Little (2010), para quem trata-se de

um processo sistemático e inteligente no qual os projetistas geram,


avaliam e especificam estruturas para equipamentos, sistemas ou
processos cuja (s) forma (s) e função (ões) atende (m) os objetivos
dos clientes e as necessidades dos usuários, enquanto satisfazem um
conjunto de restrições especificadas (DYM; LITTLE, 2010, p. 29).

Vamos agora analisar alguns termos que aparecem na definição proposta de


projeto de engenharia para uma maior compreensão da mesma, tomando como base as
colocações de Dym e Little (2010, p. 30).
Projetos da Engenharia | UNIDADE 3 67

• Forma: configuração física característica dos seres e das coisas, como


decorrência da estruturação das suas partes; formato, feitio;

• Função: de forma objetiva, função é aquilo que um equipamento ou sistema


projetado deve executar. Nesse sentido, as funções de engenharia envolvem a
transferência ou o fluxo de energia, informações e materiais;

• Meio: instrumento ou método utilizado para atingir um fim. Trata-se de uma


definição importante, pois é através do meio que uma função acontece;

• Objetivo: trata-se de algo para o qual o esforço é dirigido. Um propósito


ou fim da ação. Aqui em nosso contexto o objetivo está alinhado com sua
utilização comum;

• Restrição: é o estado de ser verificado, restrito ou forçado a evitar ou executar


alguma ação. Trata-se de uma definição muito importante no projeto de
engenharia, uma vez que elas impõem limites absolutos que, se violados, levam
a inaceitabilidade de um projeto de engenharia.

Nesse ponto de nossa exposição é importante salientarmos que os objetivos


de um projeto de engenharia são absolutamente independentes das restrições a que
o mesmo é submetido. No que diz respeito aos objetivos, eles podem ser totalmente
alcançados, parcialmente alcançados ou não alcançados. Já, as restrições não aceitam
estados intermediários, ou seja, elas só permitem dois estados: satisfeitas ou não
satisfeitas. A título de exemplo, podemos citar o projeto de um moedor de café para
pequenos agricultores brasileiros, o qual deve ser produzido de forma barata a partir
de materiais locais. Nesse caso, um dos objetivos do projeto poderia ser que o moedor
fosse o mais barato possível, enquanto uma restrição poderia ser que seu custo de
produção não fosse superior a R$ 2.000,00.

Na sequência, vamos discutir as suposições por trás de um projeto de engenharia.


68 PRÁTICAS PROFISSIONAIS DA ENGENHARIA | Ricardo Buneder

3.1.4 Suposições Implícitas na Definição


de Projeto de Engenharia
Existem algumas suposições implícitas na definição de projeto de engenharia
apresentada. A primeira delas é a de que o projeto é um processo pensado e que pode ser
compreendido. Qual o significado dessa afirmação? Simples. Ainda que a criatividade e
a inovação sejam importantes para o projeto de engenharia, não podemos esquecer que
as pessoas pensam enquanto estão projetando. Nesse sentido, considera-se importante
contar com ferramentas que apoiem o ato de pensar, a decisão de projeto tomada e o
gerenciamento do projeto estrutural. Dym e Little (2010) afirmam que uma evidência
para essa hipótese é a de que existem softwares elaborados para simular processos de
projeto, os quais não poderiam ter sido elaborados se não pudéssemos descrever o que
se passa em nossa mente enquanto projetamos.

No que diz respeito a forma e função, devemos ter claro que se tratam de
entidades relacionadas, mas independentes. Nesse sentido, conforme afirmam Dym
e Little (2010, p. 31), “embora frequentemente possamos deduzir o propósito de um
objeto a partir de sua forma ou estrutura, não podemos fazer o inverso, isto é, não
podemos inferir automaticamente a forma que um equipamento deve ter somente a
partir da função”.

Agora que já discutimos sobre projetos de engenharia, vamos estudar a respeito


do que está por trás dos mesmos, ou seja, os problemas de engenharia.

3.2 Os Problemas de Engenharia


Para iniciarmos esse tópico vamos nos valer das colocações de Cocian (2017),
para quem a engenharia é basicamente o estudo de problemas e das soluções dos mesmos
com o propósito de trazer benefícios para a sociedade. Esse mesmo autor afirma que na
esfera da engenharia os problemas a serem solucionados são os que apresentam relação
com as coisas materiais, bem como suas inter-relações.

Ainda de acordo com Cocian (2017, p. 67), “Resolver um problema é buscar a


melhor solução dentre todas aquelas que satisfazem requisitos e condicionantes”.

Agora que sabemos o que é um problema em engenharia, vamos entender a


metodologia utilizada para sua solução.
Projetos da Engenharia | UNIDADE 3 69

3.2.1 Metodologia Para Solução de Problemas de Engenharia


A metodologia utilizada para a resolução de um problema de engenharia passa
por diversas etapas, conforme mostra a Figura 3.2.

Figura 3.2 – As fases de solução de um problema de engenharia.

Identificação do Problema

Formulação

Análise

Pesquisa

Decisão

Especificação

Solução Especificada

Fonte: Adaptado por Universidade La Salle (2022) de Cocian (2017).


70 PRÁTICAS PROFISSIONAIS DA ENGENHARIA | Ricardo Buneder

Vamos analisar cada uma das fases mostradas na Figura 3.2 a partir das
colocações de Cocian (2017).

a. Identificação do problema – trata-se da etapa inicial para a resolução de


um problema. Identificar um problema envolve o conhecimento de suas
características, relações e comportamentos.

b. Formulação do problema – é a etapa que envolve o cliente, o usuário e o


engenheiro. Ao engenheiro cabe realizar o detalhamento do problema a fim
de que tanto o cliente como o usuário tenham percepções satisfatórias sobre
as possíveis soluções. É importante ressaltarmos que os atores envolvidos –
cliente, usuário e engenheiro – têm interesses distintos e visões próprias sobre
o problema apresentado.

c. Análise do problema – trata-se de uma fase que, juntamente com a formulação,


faz parte da definição do problema. De acordo com Cocian (2017), a fase de
análise implica o início do detalhamento do problema. Na fase de análise do
problema são definidos os fatores condicionantes e critérios para a solução do
problema. Os fatores condicionantes. Cocian (2017) cita como exemplo de fator
condicionante para uma lavadora de roupas a remoção de sujeiras.

Em relação aos critérios, podemos dizer que a escolha da melhor solução


tem como base os critérios estabelecidos nessa fase. A título de exemplo, o
autor anteriormente referenciado afirma que se em uma empresa fabricante de
interruptores, houver uma política de manutenção e aperfeiçoamento de seus
recursos humanos, a terceirização da montagem dos interruptores não seria a
melhor decisão a tomar. Ainda de acordo com Cocian (2017), a qualidade é um
dos critérios mais utilizados, entendendo-se que “A qualidade de um produto
ou serviço é definida como uma propriedade, atributo ou condição capaz de
distingui-las umas das outras e deles determinar a natureza” (FERREIRA, 1999
apud COCIAN, 2017, p. 76). Devemos observar que a qualidade tem como base
o que esperamos de um produto ou serviço, ou seja, a solução de engenharia.

d. Pesquisa por soluções alternativas – após a adequada formulação do problema,


definição dos fatores condicionantes e critérios, passa-se à fase da pesquisa
de soluções. Nessa fase raramente é gerada a melhor solução para o problema,
mas um grupo de soluções parciais relacionadas a uma ou mais partes da
solução integral.
Projetos da Engenharia | UNIDADE 3 71

e. Decisão – trata-se de uma fase estritamente seletiva, pois as soluções


alternativas dificilmente são detalhadamente especificadas. Nessa fase o
engenheiro compara diversas alternativas com base nos fatores condicionantes
e nos critérios estabelecidos para cada combinação de potenciais soluções,
eliminando aquelas consideradas menos favoráveis até chegar a solução integral
que representa a melhor combinação de soluções parciais.

f. Especificação da solução final – nessa fase, são claramente especificados aspectos


ligados a características mecânicas, elétricas, químicas e outras, procedimentos
construtivos, operacionais, de manutenção, orçamentos, cronogramas, bem
como modelos de desempenho esperados. Se a solução proposta for aceita,
as especificações determinadas atuarão como elementos norteadores para os
colaboradores responsáveis pela construção, operação e manutenção.

Ainda em relação à metodologia para a solução de problemas de engenharia e de


acordo com Cocian (2017), temos, sucintamente que frente a um problema, o engenheiro
deve deter-se a formulá-lo criteriosamente a fim de assegurar-se que sua resolução é
recompensadora e de que a perspectiva de solução é ampla o suficiente para evitando
confundir-se com detalhes e soluções imediatistas.

Outro aspecto relevante é o de que a análise dos problemas envolve coletar e


processar uma grande quantidade de informações para que ao final da fase de análise
haja uma clara definição do problema. Já na fase de pesquisa, o engenheiro busca
informações específicas que sejam úteis para a solução. Nesse sentido, a fase de pesquisa
é considerada criadora.

Na fase de decisão o engenheiro escolherá qual o caminho a ser trilhado para


a especificação da solução. É importante destacarmos que é difícil o alcance de uma
solução ótima, pois diversos fatores têm influência direta sobre o resultado final.
Porém, como destaca Cocian (2017, p. 93), “...esse desafio é o que torna o trabalho dos
engenheiros tão interessante”.

Uma vez que tenhamos estudado a metodologia para a solução de problemas de


engenharia, vamos conhecer quais os principais problemas envolvidos na execução dos
projetos de engenharia.
72 PRÁTICAS PROFISSIONAIS DA ENGENHARIA | Ricardo Buneder

3.2.2 Principais Problemas Envolvidos no Processo de


Projeto de Engenharia e na sua Execução
Um aspecto relevante a ser colocado em nosso estudo é a análise dos principais
problemas envolvidos durante o processo de projeto de engenharia e sua execução. É
sobre isso que discorreremos nesse tópico com base nas colocações encontradas no sítio
do Instituto Brasileiro de Engenharia de Custos – IBEC (2020).

A compreensão da causa dos principais problemas que podem ocorrer durante o


processo de projeto de engenharia e sua execução é de vital importância para evitá-los
e corrigi-los, quando for o caso, a fim de cumprir com os prazos e custos planejados,
obtendo a lucratividade desejada. Nesse sentido, estão listados os principais problemas
com potencial de ocorrência.

a. Equipes de trabalho com dimensionamento inadequado, mal alocadas e


problemas de alocação de recursos: a ausência de um planejamento físico
(materiais, fontes de energia e espaço necessários) e financeiro adequados
impossibilita a correta compreensão dos custos envolvidos, da quantidade e
qualificação da mão de obra necessária para a execução das atividades dentro
do prazo estipulado, bem como da qualidade e dos custos estipulados. Trata-
se de um erro com potencial de ocorrência tanto na etapa de planejamento
como na de execução.

Durante a etapa de planejamento e orçamento é realizado o dimensionamento das


equipes, bem como dos recursos necessários. Dessa forma, são posteriormente
elaborados os cronogramas físicos e financeiros, bem como a estimativa de
fluxo de caixa, lucratividade, etc. Nesse sentido, a ocorrência de erros relativos
a um subdimensionamento de tais recursos pode representar prejuízos com
potencial para inviabilizar a execução do projeto. Além disso, na etapa de
execução, a má alocação de equipes e de recursos decorre do desrespeito em
relação ao planejamento ou da inexistência de um planejamento. De igual
forma, aqui também há potencial para ocorrência de prejuízos significativos
que podem, até mesmo, inviabilizar o projeto.
Projetos da Engenharia | UNIDADE 3 73

b. Erros durante a execução do projeto: de modo geral, tais erros têm relação
com questões operacionais e comportamentais, uma vez que têm como causa
um ou mais dos seguintes motivos:

♦ falta de qualificação dos envolvidos;

♦ comunicação ineficaz entre os envolvidos;

♦ não respeitar as recomendações dos fabricantes em relação ao preparo e aplicação de


materiais e componentes;

♦ não respeitar as indicações de projeto;

♦ permitir desperdício de materiais;

♦ não seguir o que foi planejamento;

♦ ausência de processos bem definidos.

c. Falta de qualificação dos participantes: há setores da economia brasileira,


como o da construção civil, em que a mão de obra é, de forma geral, pouca
qualificada. Esse fato tem impactos negativos tanto no cumprimento dos
prazos como no respeito ao orçamento do projeto, pois implica retrabalho e
desperdício de recursos. A falta de uma qualificação adequada dos participantes
do projeto também afeta a qualidade do resultado final. Nesse sentido,
percebe-se a importância do investimento em treinamento dos envolvidos,
o qual proporciona um retorno financeiro em termos dos resultados esperados.
Além disso, a falta de qualificação dos envolvidos é impossibilidade da rápida
visualização e resolução de problemas e imprevistos que podem surgir durante
a execução do projeto.

d. Uso inadequado dos recursos: a ausência de uma organização e cuidado


adequados em relação aos recursos necessários à execução do projeto têm
impacto negativo, uma vez que implica desperdícios, retrabalhos e, consequente
aumento de custos.
74 PRÁTICAS PROFISSIONAIS DA ENGENHARIA | Ricardo Buneder

O correto gerenciamento dos problemas relacionados ao processo do projeto de


engenharia e sua execução é vital para minimizar a ocorrência de gargalos que tenham
impacto negativo no resultado final. Tal gerenciamento deve ter especial atenção em
relação aos seguintes aspectos:

• Dimensionar e alocar corretamente as equipes e recursos

Para tal, é importante utilizar os dados obtidos no planejamento, uma vez que
a partir da análise quantitativa correta de tais dados, bem como de uma estimativa
adequada de produtividade, será possível dimensionar corretamente e os materiais e
insumos necessários.

• Revisar e compatibilizar os projetos

A ocorrência de um erro em um projeto não é somente responsabilidade de quem


não executou o projetou corretamente ou de quem executou uma atividade de forma
inadequada. A responsabilidade é de todos os engenheiros, gestores e encarregados
envolvidos que não verificaram se as informações estavam corretas ou se o serviço
realizado respeitou os parâmetros exigidos.

Os erros em projetos podem ser minimizados se os projetos forem revisados com


a participação de todos os envolvidos a fim de verificar sua compatibilização com o
resultado final esperado.

• Estruturação adequada da equipe

A ausência de uma equipe adequadamente estruturada está, geralmente,


relacionada a erros na execução de um projeto, pois a adequada comunicação sobre o
que precisa ser feito, como, quando e porque. Além de uma comunicação adeqada, as
atividades que devem ser executadas necessitam de monitoramento a fim de evitar ou
minimizar que erros, desperdícios e ausência de qualidade se propaguem, o que implica
seguir as recomendações do projeto, bem como as normas técnicas.

• Implementação de um controle de suprimentos

O bom gerenciamento de recursos, insumos e materiais necessários a um projeto


passa pelo acompanhamento total do processo de suprimentos, desde o pedido até a
entrega/finalização do serviço.

Através desse acompanhamento/monitoramento torna-se possível melhorar


operações como, por exemplo, armazenamento e transporte, otimizando a produtividade
da execução do projeto.
Projetos da Engenharia | UNIDADE 3 75

• Fornecer capacitação para os envolvidos no projeto

A equipe necessita de treinamento e capacitação em relação a diversos aspectos


ligados aos projetos, tais como seu gerenciamento, sua leitura correta e a execução das
atividades, de acordo com as normas prescritas.

Devemos ressaltar que a oferta de capacitação para os envolvidos em um projeto


traz como benefícios o aumento da qualidade dos serviços executados, redução de turn-
over e aumento da satisfação.

VÍDEO

A fim aumentar seu conhecimento sobre turn-over, acesse o vídeo a seguir.


Disponível em: http://gg.gg/12ls0o.

Uma vez que tenhamos abordado os problemas de engenharia, vamos agora


discutir a respeito da engenharia de produtos e serviços.
76 PRÁTICAS PROFISSIONAIS DA ENGENHARIA | Ricardo Buneder

3.3 Projetos de Bens e Serviços


Já tivemos a oportunidade de estudar que um projeto de engenharia deve
atender às necessidades e expectativas dos clientes e usuários. Além disso, um bom
projeto “comunica o propósito do produto ou serviço a seu mercado e traz recompensas
financeiras à empresa” (SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2009, p. 118).

Os autores acima referenciados também salientam que projetistas de bens buscam


projetar produtos físicos esteticamente agradáveis, apresentem bom desempenho, sejam
confiáveis ao longo do tempo e que sejam de produção fácil e rápida.

Da mesma forma, prosseguem os autores citados, os projetistas de serviços tentam


atender ou exceder as expectativas os usuários, que esteja alinhado às capacitações da
operação e ofertado a um preço razoável.

Ainda de acordo com Slack, Chambers e Johnston (2009), cabe questionarmos o


que é projetado em um bem ou serviço? Para responder a esse questionamento, vamos
nos valer das colocações dos autores citados, para quem todos os bens e serviços
apresentam três aspectos:

a. um conceito: trata-se da compreensão da natureza, do uso e do valor do bem ou


serviço, ou seja, os benefícios esperados pelos usuários. Assim, por exemplo,
podemos nos referir a um conceito de restaurante com foco no público na faixa
dos 20 aos 35 anos, com decoração e música ambiente modernas e com cardápio
de pizzas assadas na hora e pratos a base de massas;

b. o pacote de bens e serviços: inicialmente devemos entender que a maior parte


das operações produz um mix de bens e serviços, ou seja, um pacote. Nesse
sentido, de acordo com Slack, Chambers e Johnston (2009), alguns dos bens
e serviços presentes no pacote ofertado são considerados essenciais, assim
sendo, não poderiam ser retirados sem destruir a essência do pacote. Já, outras
partes do pacote funcionam como suporte para melhorar a parte essencial, ou
seja, são o que chamamos de bens e serviços de apoio. Assim, por exemplo, no
caso do projeto de um carro de luxo, bancos de couro são considerados bens de
apoio ao bem essencial, que é o carro;

c. o processo: trata-se da forma como os produtos e serviços serão produzidos


e entregues aos usuários. Para um melhor entendimento desse conceito vamos
nos valer de Slack, Chambers e Johnston
Projetos da Engenharia | UNIDADE 3 77

...em um restaurante, os processos de compra, preparação e cozimento


precisam ser projetados, assim como a forma com que os usuários
serão processados da recepção ao bar/área de espera e depois à mesa
e a forma com que a série de atividades à mesa será desempenhada
de forma a entregar o conceito concordado. (SLACK; CHAMBERS;
JOHNSTON, 2009, p. 121).

Agora que tratamos sobre projetos de produtos e serviços, vamos, na sequência,


falar sobre as fontes de energia utilizadas em engenharia.

3.4 Fontes de Energia


A engenharia busca o bom aproveitamento da energia, ou seja, a eficiência
energética. Nesse sentido, é cada vez maior o empenho dos engenheiros na elaboração
de projetos envolvendo fontes de energias renováveis.

Devemos ter em mente que, conforme afirma Cocian (2017), um dos recursos
mais relevantes para a humanidade é a energia. Nesse sentido, os engenheiros devem
ter conhecimento a respeito das fointes de energia disponíveis, bem como o custo
associado à utilização das mesmas.

Em relação às principais fontes de energia, podemos citar, de acordo com o autor


anteriormente mencionado, cada uma tem seu custo que é função da sua natureza, tipo
de tecnologia utilizada em sua transformação, transmissão e distribuição. Além disso,
ainda de acordo com Cocian (2017), algumas fontes de energia produzem resíduos após
sua utilização, o que potencializa o aumento do seu custo. Outro aspecto importante,
diz respeito ao fato de que o custo da fonte de energia utilizada deve ser incluído no
orçamento do projeto e computado no preço do produto final.

Vamos, na sequência, analisar as principais fontes de energia de acordo com as


colocações de Cocian (2017).

3.4.1 Energia Armazenada na Matéria


É importante termos consciência de que há energia armazenada nas ligações
moleculares e atômicas da matéria, a qual pode ser liberada/convertida em energia
térmica ou luminosa, ou seja, formas de energia eletromagnética. No que diz respeito
à conversão da energia armazenada na matéria, ela pode se dar através de reações
químicas, como por exemplo, a combustão dos combustíveis fósseis e seus derivados -
petróleo, gás natural, carvão mineral etc.
78 PRÁTICAS PROFISSIONAIS DA ENGENHARIA | Ricardo Buneder

3.4.2 Energia do Movimento da Matéria


O movimento das águas de rios contém energia que vem das moléculas de vapor
de água, as quais caem sob a forma de chuva em função da diferença de temperaturas
e, também, pelo transporte realizado pelos ventos até regiões mais altas. Dessa forma,
em função da força da gravidade há a condensação do vapor de água, que é mais
denso que o ar, e que se precipita na forma líquida ou sólida. Cabe salientar, que os
rios são fluxos de água que se deslocam a partir de um ponto mais alto, desaguando
no mar ou em algum lago ou lagoa. Em relação aos rios, a energia contida na massa de
água é represada através do uso de barragens mediante a criação de lagos de retenção,
sendo liberada paulatinamente, conforme necessidade. Além disso, vale ressaltar que
as hidrelétricas apresentam baixo custo operacional, elevada eficiência de conversão,
porém grande impacto ambiental e elevados custos de implantação.

Já, o vento é fruto da movimentação do ar, a qual é ocasionada por diversos


fatores: diferenças de temperatura, de densidades e de composições de matéria na
atmosfera, além da transferência de momento causada pelo movimento rotacional da
Terra. O que causa as diferenças de temperatura são as variações da posição relativa
do sol, diferenças de temperatura junto à superfície, aquecimento da atmosfera gerado
pela poluição e outros fatores. Cabe salientar que a energia eólica (dos ventos) é a força
mecânica que pode ser aproveitada através do uso de cataventos ou convertida em
energia elétrica através do uso de um gerador elétrico.

No mar, temos o movimento ondulatório das ondas que pode ser utilizado na
recuperação de energia mecânica e, até mesmo, na geração de energia elétrica. As
ondas, por sua vez, são ocasionadas pela ação dos ventos que provocam um esforço de
cisalhamento na superfície da água, o que gera oscilações de massa e transferência de
energia sob a forma de movimento. Em relação aos aspectos negativos desse tipo de
aproveitamento de energia, podemos citar as condições ambientais adversas para os
equipamentos, as quais provocam elevados custos de instalação e manutenção.

Em relação à energia proveniente das marés, elas são oriundas do movimento


relativo entre a Terra e a Lua que provoca forças com potencial de deslocamento de
massas de água dos oceanos. Tal deslocamento pode ser utilizado para o enchimento
de reservatórios durante o período de maré alta, os quais sofrem esvaziamento durante
o período de maré baixa. Em relação a esse esvaziamento pode-se dar pela passagem
da água através de turbinas que podem ter conexão com geradores elétricos a fim de
aproveitar a energia mecânica.
Projetos da Engenharia | UNIDADE 3 79

3.4.3 Energia da Radiação e do Calor


O Sol é nossa fonte básica de calor e luz. Nesse sentido, ainda que de forma
indireta, essa energia é usada na produção de alimentos, madeira etc. A radiação
calorífica produz nossa percepção de aquecimento, que é fruto do aumento da interação
das moléculas de um material e que ocasiona um aumento de temperatura. Assim, por
exemplo, a radiação solar pode ser capturada e transferida eficientemente para um
fluido através da utilização de coletores solares a fim de aquecer a água em residências,
em piscinas térmicas de clubes, para o cozimento de alimentos, para a secagem de
roupas etc. Além disso, a radiação solar pode ser utilizada na conversão de energia
elétrica através do uso de painéis fotovoltaicos.

É importante citarmos também, que há diferenças de temperatura entre o leito


dos oceanos e sua superfície. Tal diferença pode ser convertida em energia mecânica
através de um motor de calor. Trata-se de um processo de baixa eficiência e custo alto,
porém, há a vantagem de ser uma energia cuja conversão se dá de forma constante,
sem variações. Processos que fazem uso dessa característica são chamados de OTEC –
Ocean Thermal Energy Conversion.

3.4.4 Energia Muscular


Trata-se da energia dos músculos dos homens e dos animais, podendo ser
considerada a forma mais elementar e usual de energia mecânica. Essa energia origina-
se de processos eletroquímicos biológicos que resultam em energia mecânica e térmica.
Tais energias podem ser convertidas em energia elétrica ou, então, aproveitadas de forma
direta como, por exemplo, para deslocamentos. Essa energia tem como desvantagem a
baixa eficiência e disponibilidade.

3.4.5 Energias Pouco ou não Exploradas Comercialmente


Existem energias ainda não exploradas comercialmente devido a seus altos
custos ou pela falta de tecnologias que as tornem competitivas. Como exemplos podemos
citar os relâmpagos (descargas elétricas de origem atmosférica), o xisto, que acumula
matéria orgânica fóssil na forma de gás natural, o calor e a força dos vulcões, a força
mecânica, elétrica e térmica oriunda do movimento das placas tectônicas, os terremotos
e os maremotos, as correntes marítimas, o magnetismo terrestre e a diferença de
temperatura do ar junto à superfície em relação a alturas elevadas, são alguns exemplos
de energias pouco ou não exploradas comercialmente.

Agora que conhecemos as principais fontes de energia, vamos, na sequência,


listar os principais tipos de energia.
80 PRÁTICAS PROFISSIONAIS DA ENGENHARIA | Ricardo Buneder

3.5 Principais Tipos de Energia


Em relação aos principais tipos de energia, podemos citar:

• Os combustíveis fósseis - os principais são o petróleo, gás natural, carvão mineral;

• A energia da fissão nuclear - trata-se do aproveitamento da energia liberada


quando o núcleo de um átomo é dividido;

• A energia de fusão nuclear - aqui os núcleos de átomos são fundidos uns com os
outros, liberando energia;

• A energia solar – trata-se de um conjunto de tecnologias energéticas renováveis


cuja principal característica é ser inexaurível;

• A energia da biomassa – biomassa é a abreviatura de massa biológica. Trata-se


do termo comumente utilizado para descrever a energia combustível derivada
direta ou indiretamente de fontes de origem biológica;

• A energia hidráulica – deriva do movimento de massa de fluido de um nível


alto para um mais baixo, sendo convertida mediante a utilização de uma turbina
hidráulica ou uma roda de água;

• A energia eólica – trata-se da energia do vento, sendo uma alternativa energética


limpa. Essa energia é, normalmente, gerada por aerogeradores ligados em uma
rede. Esses aerogeradores, obviamente, precisam de vento constante e, em
função disso, costumam ser construídos junto ao litoral;

• A energia geotérmica: é originada pelo calor interno do planeta. Também é um


recurso energético limpo e sustentável. Dentre os recursos geotérmicos podemos
citar a água quente próxima da superfície terrestre, rochas quentes a poucos
quilômetros de profundidade, bem como o magma extremamente quente que
existe nas profundezas da Terra.

• A energia oceânica: diz respeito a energia dos oceanos que é suprida pelo sol
e pela força gravitacional do sol e da lua. Lembrando que os oceanos possuem
dois tipos básicos de energia: a térmica proveniente do aquecimento do sol e a
mecânica proveniente das ondas e marés.
Projetos da Engenharia | UNIDADE 3 81

VÍDEO

Acesse o link a seguir para conhecer sobre o hidrogênio verde.


Disponível em: http://gg.gg/12ls55.

Na sequência, vamos discutir os principais materiais de engenharia.

3.6 Materiais de Engenharia


Conforme já vimos, os engenheiros projetam diversos tipos de produtos e
serviços, porém independentemente do que estejam projetando, há uma atividade que
os engenheiros precisam se envolver, qual seja, a seleção de materiais. Nesse sentido,
conforme menciona Moaveni (2016), há várias propriedades que são consideradas
pelos engenheiros quando da seleção de materiais para uma determinada aplicação:
densidade, resistência, flexibilidade, usinabilidade, durabilidade, expansão térmica,
condutividade elétrica e térmica, bem como resistência à corrosão. Além dessas
propriedades, continua o autor citado, devem ser considerados o custo e a facilidade
com que o material pode ser reparado.

Ainda segundo Moaveni (2016), alguns dos principais questionamentos


normalmente feitos pelos engenheiros quando da seleção de materiais para seus
projetos incluem:

a. o material suportará a carga projetada? Em caso positivo, com que


segurança o fará?

b. qual será o comportamento do material frente a alterações de temperatura?


Continuará apresentando a mesma resistência?

c. qual será a expansão do material quando sua temperatura aumentar?


82 PRÁTICAS PROFISSIONAIS DA ENGENHARIA | Ricardo Buneder

d. qual o peso e flexibilidade do material?

e. qual a capacidade de absorção de energia apresentada pelo material?

f. o material é suscetível à corrosão?

g. qual o comportamento no material na presença de produtos químicos?

h. o material dissipa calor de forma eficiente?

i. o material é isolante ou condutor elétrico e térmico?

j. qual o custo do material?

De acordo com o que foi exposto, as propriedades e os custos dos materiais são
aspectos relevantes em relação ao projeto.

Dito isso, vamos, na sequência, abordar os principais materiais utilizados em


projetos de engenharia, começando pelos metais e suas ligas.

3.6.1 Metais Leves e Suas Ligas


Nesse tópico, vamos estudar os metais leves, ou seja, aqueles que, de acordo
com Moaveni (2016), apresentam baixa densidade em relação ao aço. Os principais
metais leves são o alumínio, o cobre, o titânio e o magnésio. Esses metais apresentam
uma relação resistência-peso elevada e, por consequência, são bastante utilizados em
várias aplicações estruturais e aeroespaciais.

Vamos analisá-los rapidamente de acordo com Moaveni (2016). Em relação ao


alumínio e suas ligas, temos que sua densidade é de aproximadamente um terço da
densidade do aço. Além disso, de acordo com o autor citado, esse metal é muito macio
(leve e resistência) e, em função disso, é bastante utilizado na eletrônica, bem como
na produção de refletores e folhas metálicas. Em função de sua maciez e pequena
resistência à tração, o alumínio puro é ligado a outros metais, como cobre, zinco,
magnésio, manganês, silício e lítio a fim de torna-lo mais fácil de soldar e resistente à
corrosão. Além disso, as ligas de alumínio são boas condutoras de calor e eletricidade.

Outro metal leve é o titânio, o qual apresenta elevada relação resistência-peso.


É bastante utilizado para situações onde são esperadas temperaturas entre 400ºC e
600ºC. Da mesma forma que o alumínio, o titânio também tem suas propriedades
melhoradas quando ligados a outros metais. Dessa forma, por exemplo, as ligas de
titânio apresentam excelente resistência à corrosão.
Projetos da Engenharia | UNIDADE 3 83

Por fim, mas não menos importante, o magnésio é um metal leve semelhante
ao alumínio, porém mais leve que esse. A fim de ter suas propriedades mecânicas
melhoradas, a magnésio é ligado a metais como o alumínio, manganês e zinco.

3.6.2 Cobre e Suas Ligas


Por ser um bom condutor de eletricidade, o cobre é, comumente, utilizado em
diversas aplicações elétricas. Além disso, o cobre também é um bom condutor de calor,
sendo assim, ele é bastante utilizado em aplicações de troca de calor em sistemas de ar
condicionado e refrigeração, como chama sinaliza Moaveni (2016).

Em relação às suas ligas, o cobre é, usualmente, ligado com o zinco, estanho,


alumínio, níquel e outros a fim de alterar suas propriedades. Quando o cobre é ligado ao
zinco, forma-se uma liga cujo nome é latão, cujas propriedades mecânicas são função
dos percentuais de cobre e zinco que a compõem.

Já, quando o cobre é ligado ao estanho, forma-se uma liga cujo nome é bronze.
Quando o cobre é ligado ao alumínio, a liga formada é o bronze de alumínio. De acordo
com Moaveni (2016), o cobre é largamente utilizado nas indústrias da construção civil
e de produtos elétricos e eletrônicos.

3.6.3 Ferro e Aço


O aço é uma liga composta de ferro e, aproximadamente, 2% (ou menos) de
carbono. O objetivo da adição de uma pequena quantidade de carbono ao ferro confere
melhores propriedades mecânicas, como maior resistência mecânica.

Também é importante termos em mente que a adição de elementos como cromo,


níquel, manganês, silício e tungstênio modifica as propriedades de aço.

Moaveni (2016), afirma que, de modo geral, o aço pode ser classificado
em três grupos:

a. aço-carbono – é aquele que contém de 0,015% a 2% de carbono;

b. aço de baixa liga – apresenta no máximo 8% de elementos de liga;

c. aço de alta liga – é o que possui mais de 8% de elementos de liga, como por
exemplo, os aços inoxidáveis, uma vez que podem conter de 10% a 30% de
cromo e até 35% de níquel.
84 PRÁTICAS PROFISSIONAIS DA ENGENHARIA | Ricardo Buneder

Outra liga de ferro é o ferro fundido, que possui de 2% a 4% de carbono.


Basicamente, existem dois tipos de ferro fundidos: o cinzento e o nodular.

O ferro fundido cinzento é o mais comum, dada suas características de baixo


custo e elevada usinabilidade. Esse material é utilizado em larga escala pela indústria
de máquinas e equipamentos, indústria automobilística, ferroviária, naval e outras.

O ferro fundido nodular apresenta alta ductilidade, o que lhe confere


características similares ao aço. Além disso, apresenta custo um pouco superior ao ferro
fundido cinzento. Esse material é utilizado na indústria para a confecção de peças que
necessitem de maior resistência ao impacto em relação aos ferros fundidos cinzentos,
além de maior resistência à tração, resistência ao alongamento e escoamento.

3.6.4 Concreto
Conforme coloca Moaveni (2016), trata-se de um material amplamente utilizado
na construção civil, composto por três ingredientes: água, cimento e agregados. Entende-
se por agregados materiais como cascalho e areia. Já, o cimento é utilizado com o
propósito de aglutinar os agregados. Além disso, os agregados são classificados miúdos
e graúdos, e sua aplicação é função da aplicação do concreto. Também a quantidade
de água utilizada na preparação do concreto (relação água-concreto) e a temperatura
ambiente no momento em que ele é despejado podem impactar em sua resistência.

Outro aspecto a ser considerado sobre a resistência do concreto, segundo o


autor anteriormente citado, diz respeito ao fato de que esse material é quebradiço e
que suporta melhor cargas compressivas do que cargas de tração. Em função dessa
particularidade, normalmente, o concreto é armado com barras ou malhas de ferro com
o intuito de aumentar sua resistência à tração.
Projetos da Engenharia | UNIDADE 3 85

3.6.5 Madeira, Plásticos, Silício, Vidro e Compósitos


a. Madeira: trata-se de um recurso renovável e abundante, utilizada em diversas
aplicações. Apresenta boa resistência e facilidade de trabalho. Importante
lembrar que a madeira é a matéria-prima principal para a produção de papel.
Além disso, como chama nossa atenção Moaveni (2016), por ser um aterial
anisotrópico, as propriedades da madeira dependem da direção. Assim, a título
de exemplo, quando submetida a um esforço axial - paralelo às suas fibras - a
madeira apresenta maior resistência do que quando submetida a um esforço
transversal em relação a elas.

b. Plásticos: são materiais leves, resistentes, baratos e facilmente moldados.


A base dos plásticos é dada pelo que conhecemos como polímeros, os quais
apresentam estruturas moleculares grandes. Ademais, segundo Moaveni (2016),
existem duas categorias de plásticos: os termoplásticos e os termorrígidos. Os
primeiros, quando submetidos a determinado grau de aquecimento, podem
ser moldados e remoldados. Já, os termorrígidos não podem ser remoldados a
partir de um processo de aquecimento.

Quanto à sua condutividade elétrica e térmica, os plásticos apresentam valores


considerados baixos.

c. Silício: trata-se de um elemento químico não metálico bastante utilizado na


produção de componentes eletrônicos, como por exemplo, chips. Importante
salientar que, conforme destaca Moaveni (2016), o silício não é encontrado na
forma pura na natureza e, sim, sob a forma de dióxido de silício. É um material
que apresenta uma condutividade elétrica que podem ser alteradas a fim de que
o silício tanto como condutor como isolante elétrico.
86 PRÁTICAS PROFISSIONAIS DA ENGENHARIA | Ricardo Buneder

d. Vidro: trata-se de um material cuja composição é função de sua aplicação.


O vidro comercial mais usual e barato é o sodo-cálcico e responde por
aproximadamente 90% de todo o vidro produzido. As matérias-primas
utilizadas em sua produção a areia (dióxido de silício), calcário (carbonato de
cálcio) e soda (carbonato de sódio). Além disso, a fim de criar propriedades
ao vidro para utilizações específicas, outros materiais podem ser adicionados,
como por exemplo, o vidro utilizado na produção de garrafas, que possui,
aproximadamente, 2% de óxido de alumínio. O vidro totalmente produzido a
partir da sílica (dióxido de silício) possui como propriedades, tais como baixo
coeficiente de expansão térmica, podendo ser utilizado em aplicações em que
o vidro seja submetido a altas temperaturas.

Ainda em relação ao vidro, devemos atentar para a utilização de suas fibras,


as quais são muito utilizadas em fibras ópticas muito empregadas em
telecomunicações.

e. Compósitos: dada seu baixo peso e elevada resistência, tais materiais são
utilizados em diversas aplicações, inclusive aeroespaciais. De acordo com
Moaveni (2016), os compósitos resultam da combinação de dois ou mais
materiais sólidos que originam um novo material com propriedades superiores
as dos materiais originais. Os compósitos apresentam em sua composição um
material chamado matriz e fibras. A título de exemplo de fibras, podemos citar
as fibras de vidro, grafite e carboneto de silício, as quais integram-se à matriz.
Exemplos de materiais utilizados como matriz podem ser dados por metais,
plásticos ou cerâmicos. Moaveni (2016) menciona que em função do tipo de
material utilizado como matriz, os compósitos podem ser categorizados como
compósito de matriz polimérica, compósito de matriz metálica e compósito de
matriz cerâmica.

Uma vez que tenhamos estudado os principais materiais de engenharia,


vamos, na sequência, abordar alguns dos processos de manufatura mais importantes
para a engenharia.
Projetos da Engenharia | UNIDADE 3 87

3.7 Processos de Manufatura


A produção e seus processos são essenciais para o desenvolvimento econômico
e tecnológico das nações desenvolvidas e daquelas em desenvolvimento. É importante
salientarmos para o que menciona Groover (2014), para quem a tecnologia diz respeito à
utilização da ciência para atender às necessidades e anseios da sociedade. A tecnologia
impacta nosso cotidiano de diversas formas, dado que tudo que consumimos é fruto da
aplicação de algum tipo de tecnologia em sua produção. Assim, qualquer processo de
fabricação/manufatura depende da viabilidade de utilização de uma dada tecnologia.

Além disso, conforme já colocamos, a fabricação é relevante para a geração de


emprego, renda e riqueza. No Brasil, por exemplo, segundo dados da Confederação
Nacional da Indústria – CNI, em 2021, foi responsável por 22,2% de nosso Produto
Interno Bruto – PIB. A Figura 3.3 mostra a importância da indústria para o PIB brasileiro.

Figura 3.3 – Importância da Indústria para o PIB Brasileiro.

Fonte: Portal da Industria (2022).

Bem, dito isso, vamos, na sequência, definir manufatura.


88 PRÁTICAS PROFISSIONAIS DA ENGENHARIA | Ricardo Buneder

3.7.1 Manufatura
Para definirmos manufatura, vamos nos valer de Groover (2014), para quem a
Manufatura pode ser conceituada a partir de aspectos tecnológicos e econômicos. Em
relação aos aspectos tecnológicos, a manufatura pode ser vista como a aplicação de
processos físicos e químicos com vistas à modificação da geometria, das propriedades
e/ou da aparência de um material para a produção de peças ou produtos acabados.
A manufatura também inclui a montagem de componentes para a produção de um
produto acabado.

Em relação aos processos de fabricação presentes na manufatura, segundo


Groove (2014), eles incluem a combinação de máquinas, ferramentas, energia e mão
de obra, conforme mostra a Figura 3.4. Assim, a fabricação é, normalmente, definida
como uma sequência de operações, sendo que cada operação individual aproxima o
material inicial a um estágio mais próximo do produto final.

Figura 3.4 – Fabricação como processamento tecnológico.

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Material Produto
Inicial Fabricado

Processos de
Fabricação Sucata e
Refugo

Fonte: Adaptado por Universidade La Salle (2022) de Groover (2014).


Projetos da Engenharia | UNIDADE 3 89

Ainda de acordo com o autor citado, em relação aos aspectos econômicos, a


manufatura pode ser vista como uma transformação de matérias-primas em itens de
maior valor agregado através de uma ou mais etapas de processamento e/ou montagem,
como mostra a Figura 3.5. Nesse sentido, a fabricação agrega valor ao material a partir
de modificações em sua forma, propriedades, ou através da combinação com outros
materiais que também sofreram alterações. Sendo assim, o material adquire valor à
medida que ele é submetido a processos de fabricação. Assim, por exemplo, agrega-se
valor ao minério de ferro quando ele é transformado em aço. Da mesma forma, quando
a areia é transformada em vidro e, na sequência, quando esse vidro é transformado na
lente de um instrumento óptico, a agregação de valor é ainda maior.

Figura 3.5 – Fabricação como processamento econômico.

Processos de Fabricação

Valor
Agregado
$ $$ $$$

Material Material em Produto


Inicial Processo Fabricado

Fonte: Adaptado por Universidade La Salle (2022) de Groover (2014).

Agora que conhecemos a definição de manufatura, vamos, na sequência, discutir


a respeito dos principais processos de fabricação/manufatura.
90 PRÁTICAS PROFISSIONAIS DA ENGENHARIA | Ricardo Buneder

3.7.2 Processos de Fabricação/Manufatura


O processo de fabricação/manufatura tem por objetivo realizar transformações
físicas e/ou químicas no material inicial a fim de agregar valor ao mesmo. Groover
(2014), chama nossa atenção para o fato de que, de forma geral, um processo de
fabricação/manufatura é considerado uma operação unitária, ou seja, trata-se de uma
das etapas necessárias para a transformação do material inicial no produto final. Em
se tratando de uma operação unitária, ela é, em geral, executada em um equipamento
único e de modo independente das demais operações da fábrica.

Em relação à sua classificação, as operações de fabricação podem ser categorizadas


em: (1) operações de processamento e (2) operações de montagem. Uma operação de
processamento transforma o material de um estágio 1 para um estágio 2, sendo esse
último mais avançado e mais próximo do produto final desejado. Nesse sentido, as
operações de processamento aumentam o valor do produto através de mudanças em
sua geometria, propriedades e em seu aspecto. Ainda de acordo com Groover (2014),
as operações de processamento são, geralmente, realizadas em componentes distintos,
porém algumas podem ser realizadas em conjuntos já montados, como por exemplo, a
pintura de uma estrutura metálica soldada de um automóvel.

Em relação à operação de montagem, ela une dois ou mais componentes


a fim de criar um conjunto ou subconjunto, como por exemplo, a soldagem de dois
elementos. A fim de reunir os tópicos abordados, a Figura 3.6 sintetiza os processos de
fabricação/montagem.
Projetos da Engenharia | UNIDADE 3 91

Figura 3.6 – Classificação dos Processos de Fabricação.

Processos de
solidificação

Processamento
Processos de de particulados
mudança de forma
Processos de
conformação

Processos de
Operações de
remoção de material
processamento
Processos de
aprimoramento Tratamentos
das propriedades térmicos

Processos de
limpeza e tratamento
Processos de de superfícies
modificação da
Processos de superfície Processos de
fabricação deposição e
revestimento

Soldagem

Processos de Brasagem
união permanente
Operações de
montagem
União adesiva

União por
parafusos
União por fixação
mecânica União por fixação
mecânica
permanente

Fonte: Adaptado por Universidade La Salle (2022) de Groover (2014).

Conforme afirma o autor anteriormente referenciado, todas as operações


de processamento utilizam energia para transformar a forma de um material, suas
propriedades físicas ou seu aspecto. Essa energia pode ser mecânica, térmica, elétrica,
química ou uma combinação delas. É importante salientarmos que a maioria das
operações de processamento gera alguma quantidade de refugo ou sucata, seja em
função do processamento em si, como é o caso da geração de cavaco em uma operação
de usinagem, ou pela geração pontual de peças defeituosas. Nesse sentido, qualquer
operação deve ter como objetivo a redução da geração de refugo ou sucata, uma vez que
representam perdas para a operação.
92 PRÁTICAS PROFISSIONAIS DA ENGENHARIA | Ricardo Buneder

Além do exposto, é necessário considerarmos que, de forma geral, é necessária


mais de uma operação de fabricação/manufatura para a completa transformação de um
material. Sendo assim, tais operações são efetuados em uma sequência específica a fim
de atingir a geometria e as características determinadas pelo projeto de engenharia.

As operações de processamento, segundo Groover (2014), podem ser agrupadas


em: (1) processos de mudança de forma; (2) processos de alteração das propriedades;
e (3) processos de modificação da superfície.

GLOSSÁRIO
Processos de mudança de forma: são os que alteram a geometria do
elemento inicial através de métodos diversos, como por exemplo: a fundição, o
forjamento e a usinagem.

Processos de alteração das propriedades: são aqueles que agregam valor ao


material pela melhoria de suas propriedades físicas, sem modificação de sua
geometria. Um exemplo desse tipo de processo é o tratamento térmico.

Processos de modificação da superfície: são aqueles realizados com o intuito


de limpar, modificar, revestir e depositar material na superfície externa da
peça. A título de exemplo podemos citar a pintura e a galvanização.

Quanto às operações de montagem, são aquelas em que duas ou mais peças são
unidas para formar uma nova unidade. De acordo com Groover (2014), os componentes
desta nova unidade estão reunidos de forma permanente ou semipermanente. A título
de exemplo, a soldagem, brasagem, solda branca e a união com adesivos são exemplos
de união permanente de componentes. Tais operações produzem um novo conjunto que
não pode ser facilmente desconectado. Por outro lado, há conjuntos que são produzidos
através de uniões que podem ser desconectas com relativa facilidade. Como exemplo,
podemos citar a utilização de parafusos, porcas e outros tipos de conexões
mecânicas rosqueadas.

SAIBA MAIS
Para complementar o conhecimento sobre processos de fabricação/
manufatura, sugere-se a leitura do artigo “Quais são os tipos de manufatura
existentes? Qual devo utilizar?”, cujo link encontra-se a seguir.

Disponível em: http://gg.gg/12lslo.


Projetos da Engenharia | UNIDADE 3 93

Síntese da Unidade
• Chegamos ao final da unidade 3 de nossa disciplina de Práticas
Profissionais da Engenharia.

• Nesta unidade tivemos a oportunidade de estudar diversos aspectos ligados à


prática de engenharia.

• Dentre eles podemos citar: os projetos de engenharia, os problemas de engenharia


e as metodologias para sua solução, os projetos de bens e serviços, as fontes de
energia, os materiais de energia e, por fim, os processos de manufatura.
94 PRÁTICAS PROFISSIONAIS DA ENGENHARIA | Ricardo Buneder

Bibliografia
A IMPORTÂNCIA DA INDÚSTRIA PARA O BRASIL. Disponível em:
http://gg.gg/12lsm1. Acesso em: 07 out 2022.
COCIAN, L.F. Introdução à Engenharia. Porto Alegre: Bookman, 2017.
CONHEÇA QUAIS OS PRINCIPAIS PROBLEMAS EM OBRAS E COMO EVITÁ-
LOS. Instituto Brasileiro de Engenheiro de Custos, 2020. Disponível em:
http://gg.gg/12lsm8. Acesso em: 29 set 2022.
DYM, C.L.; LITTLE, P. Introdução à Engenharia: uma abordagem baseada em
projeto. Porto Alegre: Bookman, 2010.
GROOVER, M.P. Introdução aos Processos de Fabricação. Rio de Janeiro: LTC, 2014.
MOAVENI, S. Fundamentos de Engenharia: uma introdução. São Paulo:
Cengage Learning, 2016.
SLACK, N.; CHAMBERS, S.; JOHNSTON, R. Administração da Produção. São
Paulo: Atlas, 2009.

FIQUE ATENTO
Os links para sites da web fornecidos nesta unidade foram todos testados, e
seu funcionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No
entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente
mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer
responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações
referidas em tais links.
unidade

4
V.1 | 2023

Metrologia, Ergonomia, Normas


Regulamentadoras e Certificações
Prezado estudante,

Estamos começando uma unidade desta disciplina. Os textos que a compõem foram organizados com
cuidado e atenção, para que você tenha contato com um conteúdo completo e atualizado tanto quanto
possível. Leia com dedicação, realize as atividades e tire suas dúvidas com os tutores. Dessa forma, você,
com certeza, alcançará os objetivos propostos para essa disciplina.

Objetivo Geral
Introduzir os conceitos básicos sobre sistemas de unidades de medidas, metrologia, ergonomia e higiene
e segurança do trabalho.

Objetivos Específicos
• Apresentar o sistema internacional de unidades (SI), metrologia e a normatização;
• Compreender os sistemas físicos básicos em engenharia;
• Apresentar os principais conceitos ligados à ergonomia, higiene e segurança do trabalho, bem como as
principais certificações em engenharia.

Questões Contextuais
• Você já ouviu falar no sistema internacional (SI) de unidades?
• E sobre Metrologia e Ergonomia, você sabe do que tratam essas ciências?
• Você sabia que todo e qualquer ambiente de trabalho no Brasil é regulado por 37 normas regulamentadoras
(NRs)?
96 PRÁTICAS PROFISSIONAIS DA ENGENHARIA | Ricardo Buneder

4.1 Sistema Internacional (SI) de Unidades

4.1.1 Introdução
Antes de iniciarmos nosso estudo sobre o sistema internacional (SI) de unidades,
é importante definirmos o que é uma dimensão/grandeza, pois um sistema de unidades
só tem sentido quando relacionado a ela. Nesse sentido, podemos afirmar que uma
dimensão/grandeza diz respeito a uma propriedade de um corpo ou particularidade de
um fenômeno, passível de medição, ou seja, a qual se pode atribuir um valor numérico.

Uma dimensão/grandeza pode ser expressa em unidades maiores ou menores. Mas


o que vem a ser uma unidade? Para responder a essa pergunta temos que ter uma clara
compreensão de que a medição de uma dimensão/grandeza se dá pela sua comparação
com outra da mesma espécie, ou seja, um padrão, a que chamamos unidade. Assim, se
tomarmos como exemplo a medida do tempo, poderemos expressá-lo com base em sua
unidade/padrão, que, de acordo com o Sistema Internacional (SI), é o segundo.

Além disso, conforme mencionado anteriormente, essa não é a única forma de


medirmos o tempo, uma vez que podemos expressá-lo em outras unidades, como horas,
dias etc., porém tais unidades não fazem parte do chamado Sistema Internacional (SI)
de unidades. Moaveni (2016), chama nossa atenção para o fato de que existem diversos
sistemas de unidades, dentre os quais o SI, e é esse sistema que vamos abordar na
sequência de nosso estudo, uma vez que ele é o mais difundido mundialmente.

4.1.2 As Unidades Básicas do SI


A origem do Sistema Internacional (SI) de unidades remonta ao ano de 1799,
sendo o metro, unidade de comprimento, e o quilograma, unidade de massa, suas
duas primeiras unidades básicas. Em 1832 foi incluído no SI o segundo, como unidade
básica de tempo.

O autor citado afirma que com o passar dos anos foram incluídas outras unidades
ao SI. Assim, em 1954 foi introduzido o ampere (unidade de corrente elétrica), o
kelvin (unidade de temperatura) e a candela (unidade de intensidade luminosa). Já,
em 1971, o mol (unidade de quantidade de substância) também foi incluído como
unidade básica do SI.
Metrologia, Ergonomia, Normas Regulamentadoras e Certificações | UNIDADE 4 97

A Tabela 4.1 exemplifica as unidades básicas do SI.

Tabela 4.1 – Unidades Básicas do SI.

GRANDEZA NOME
EXEMPLOS SÍMBOLO
FÍSICA (DIMENSÃO) DA UNIDADE BÁSICA
Um homem com
Comprimento Metro m
altura de 1,75 m
Um homem
Massa Quilograma kg
com massa de 80 kk
Um evento
Tempo Segundo s
com duração de 30 s
Temperatura termodinâmica A água congela a 273 K Kelvin K
Uma corrente
Corrente elétrica Ampere A
elétrica de 0,5 amps
O Carbono tem quantidade
Quantidade de substância Mol mol
de substância de 12 mols
Uma vela tem
Intensidade luminosa intensidade luminosa de Candela cd
aproximadamente 1 candela

Fonte: MOAVENI, Saeed. Fundamentos de Engenharia: uma introdução. São Paulo: Cengage Learning, 2016, p. 148 (adaptado).

Na sequência, vamos a uma breve explicação sobre o significado de cada uma


das unidades básicas do SI de acordo com Moaveni (2016):

• o metro (m) diz respeito ao comprimento do caminho percorrido pela luz no


vácuo durante um intervalo de tempo de 1 / 299.792.458 de segundo.

• o quilograma (kg) é a unidade de massa, sendo igual à massa do protótipo


internacional do quilograma.

• o segundo (s) é a unidade de tempo, e corresponde à duração de 9.192.631.770


períodos da radiação correspondente para a transição entre os dois níveis
hiperfinos do estado estável do átomo de césio 133.

• o ampere (A) é a corrente constante, que se mantida em dois condutores paralelos


retos de comprimento mínimo, de seção transversal circular negligenciável, e
colocada a 1 metro de distância no vácuo, produz, entre esses dois condutores,
uma força igual a 2 x 10^7 Newton por metro de comprimento.
98 PRÁTICAS PROFISSIONAIS DA ENGENHARIA | Ricardo Buneder

• o kelvin (K) é a unidade básica de temperatura termodinâmica, é que é


representado pela fração de 1 / 273,16 de temperatura termodinâmica do ponto
triplo da água (ponto em que coexistem o gelo, a água em estado líquido e em estado
gasoso - vapor). A relação entre a unidade de temperatura termodinâmica kelvin
(K) e o grau centígrado ou Celsius (ºC) é dada pela expressão: K = ºC + 273,16.

• o mol (mol) é a unidade básica que representa quantidade de matéria ou substância


de um sistema que contém tantas entidades elementares quanto há de átomos
em 0,012 quilograma de Carbono 12. Moaveni (2016) afirma que “Quando o
mol é usado, as entidades elementares devem ser especificadas e podem ser
átomos, moléculas, íons, elétrons, outras partículas ou grupos específicos de tais
partículas” (MOAVENI, 2016, p. 149).

• a candela (cd) é a unidade básica de intensidade luminosa em determinada


direção, a partir de uma fonte que emite radiação monocromática de frequência
540 x 10^12 hertz, e tem a intensidade radiante nessa direção de 1 / 683 watt
por esterradiano.

Agora que sabemos o que é o Sistema Internacional (SI) de unidades, vamos, na


sequência, conversar sobre metrologia.
Metrologia, Ergonomia, Normas Regulamentadoras e Certificações | UNIDADE 4 99

4.2 Metrologia
Metrologia é uma palavra originada do grego (metron: medida; logos: ciência)
e que, segundo Silva Neto (2012), é aplicada a todos os ramos da ciência em que se
faz necessária a utilização da tecnologia de medição. O autor citado menciona que
o desenvolvimento econômico dos países é, em grande parte, função da capacidade
tecnológica das organizações, bem como do potencial das instituições de ensino e
pesquisa. Nesse sentido, é de fundamental importância a participação efetiva do ensino
e da pesquisa na área de Metrologia, uma vez que a qualidade e confiabilidade dos
produtos dependem, dentre outros aspectos, da análise e da padronização próprias à
Metrologia e aos processos de medição.

Dito isso, cabe definirmos o que é Metrologia? Para responder a essa pergunta,
vamos nos valer de Silva Neto (2012), para quem a Metrologia é a ciência das medidas
e de suas aplicações. Prossegue o autor citado dizendo que a Metrologia

abrange todos os aspectos teóricos e práticos que asseguram a precisão


exigida no processo produtivo, procurando garantir a qualidade de
produtos e serviços mediante a calibração de instrumentos de medição,
sejam eles analógicos ou eletrônicos (digitais), e da realização de
ensaios, sendo a base fundamental para a competitividade das empresas.
(SILVA NETO, 2012, p. 7).

A fim de entendermos a importância da Metrologia em nosso dia a dia, basta


refletirmos sobre o fato de que tudo à nossa volta envolve essa ciência. Vamos fazer
um pequeno exercício de memória? Ao acordarmos com o alarme do celular/relógio,
nos deparamos com uma medida metrológica. Ao tomarmos nosso banho, temos que a
água e a energia elétrica utilizadas em nosso chuveiro estão sendo medidas. Também os
ingredientes que usamos em nosso café da manhã tiveram seu peso aferido no mercado,
o que envolve um processo de medição. Continuando nossa rotina diária, as peças e
componentes de nosso carro se encaixam perfeitamente e permitem que ele rode para
nos conduzir até nosso trabalho porque foram adequadamente medidas. Sendo assim,
conforme menciona Silva Neto (2012), “a maioria dos produtos e serviços com os quais
alguém se depara ao longo do dia passou por análises de conformidade baseadas em
medições de diversos tipos” (SILVA NETO, 2012, p. 7).

Outro aspecto a ser salientado, segundo esse mesmo autor, é o fato de que é
responsabilidade da Metrologia provisionar a garantia de que bens e serviços sigam
as exigências legais, técnicas e administrativas relacionadas às unidades de medida,
métodos e instrumentos de medição e medidas materializadas.
100 PRÁTICAS PROFISSIONAIS DA ENGENHARIA | Ricardo Buneder

Vimos que a Metrologia é a ciência da medição, nesse sentido, devemos adicionar


outros termos a ela relacionados. Vamos iniciar definindo medição: para Silva Neto
(2012), trata-se do conjunto de operações cujo objetivo é o de determinar o valor de uma
grandeza. Como tais operações podem ser levadas a cabo? De duas formas: através da
medição manual e da medição automática.

Entende-se por medição manual aquela realizada a partir do conhecimento e


habilidade do operador. A título de exemplo, sempre que medirmos a dimensão de um
objeto utilizando uma régua ou um paquímetro universal, estaremos fazendo uso desse
tipo de medição.

Em relação à medição automática, trata-se daquela realizada por máquinas ou


instrumentos, sem intervenção direta do operador. Como exemplo, vamos imaginar a
medição da pressão em uma tubulação de vapor através da utilização de um manômetro.

E quanto ao método de medição, como o que podemos definí-lo?

O Método de medição é definido como uma sequência lógica de operações,


descritas de forma genérica, e utilizadas na execução das medições. O método de medição
é também conhecido como procedimento de medição e é, geralmente, registrado em
um documento. Usualmente, o método ou procedimento de medição é suficientemente
detalhado a fim de permitir que um operador execute a medição sem necessidade de
outras informações.

Além do que foi exposto, devemos ressaltar que dentre aos aspectos mais
importantes da Metrologia, encontram-se os resultados da medição, ou seja, os valores
atribuídos ao objeto medido. Nesse sentido, Silva Neto afirma que “Uma expressão
completa do resultado de uma medição inclui informações sobre a incerteza (dispersão
dos valores que podem ser atribuídos a um mensurando).” (SILVA NETO, 2012, p. 13).

Lembrando que mensurando é o objeto que está sendo medido.

Outros pontos importantes relacionados à Metrologia são a definição de exatidão


e precisão de uma medição. Do que tratam esses conceitos?

“A exatidão de uma medição é o grau de concordância entre o seu resultado e o


valor verdadeiro do mensurando”. (SILVA NETO, 2012, p. 13).

De acordo com autor citado, a exatidão apresenta valor qualitativo e é um


conceito relacionado às incertezas sistemáticas do processo de medição, podendo ser
avaliada pela calibração do instrumento de medição.

Já, o termo precisão, ressalta o autor citado, foi substituído por repetitividade,
ou seja, é a “...aptidão de um instrumento de medição para fornecer indicações muito
Metrologia, Ergonomia, Normas Regulamentadoras e Certificações | UNIDADE 4 101

próximas quando se mede o mesmo mensurando sob as mesmas condições.” (SILVA


NETO, 2012, p. 13). Devemos atentar para o fato de que o termo repetitividade está
relacionado à qualidade do instrumento de medição.

De forma objetiva, podemos dizer que “...repetitividade (de resultados de


medições) é o grau de concordância entre os resultados de medições sucessivas de
um mesmo mensurando, efetuadas sob as mesmas condições de medição.” (SILVA
NETO, 2012, p. 13).

As condições mencionadas na definição anterior são conhecidas como condições


de repetibilidade, e envolvem:

• mesmo procedimento de medição;

• mesmo observador/operador;

• mesmo instrumento de medição utilizado sob as mesmas condições;

• mesmo local de medição;

• repetição da medição em curto espaço de tempo.

Existe outro conceito importante que é o de reprodutibilidade dos resultados de


medição que “...é o grau de concordância entre os resultados das medições de um mesmo
mensurando, efetuadas sob condições variadas de medição.” (SILVA NETO, 2012, p. 13).

Nesse sentido, o autor mencionado chama nossa atenção para o fato de que a
validação de uma expressão de reprodutibilidade implica a necessidade de que sejam
especificadas as condições alteradas de medição.

O que essas condições alteradas envolvem? Os seguintes aspectos:

• princípio de medição;

• método de medição;

• observador/operador;

• instrumento de medição;

• padrão de referência;

• local de medição;

• condições de utilização;

• intervalo de tempo entre as medições.


102 PRÁTICAS PROFISSIONAIS DA ENGENHARIA | Ricardo Buneder

De acordo com Silva Neto (2012), a reprodutibilidade pode ser expressa de


forma quantitativa, em função da dispersão dos resultados em torno de sua média.
Vamos compreender essa afirmação. Quando efetuamos uma medição, é comum não
conseguirmos repetir os valores medidos. Em função disso, é necessário calcularmos
a dispersão desses valores medidos em torno de sua média, ou seja, o desvio padrão.
Mas o que é o desvio padrão? É a medida do grau de dispersão dos resultados obtidos
em torno de sua média. Em outras palavras, é um número que nos diz o quanto os
valores obtidos em um processo de medição estão mais ou menos dispersos em relação
à média de tais resultados.

Ainda segundo Silva Neto (2012), cabe à Metrologia criar normas que
regulamentem os aspectos ligados às atividades produtivas e, também, o controle de
ensaios que conferem a qualidade dos resultados da produção. Nesse sentido, é relevante
discutirmos sobre os seguintes assuntos: as funções do Inmetro - Instituto Nacional de
Metrologia, a metrologia legal e a metrologia científica e industrial.

4.2.1 Funções do Inmetro


O que é o Inmetro? Trata-se de uma autarquia federal vinculada ao Ministério da
Economia. Essa autarquia, de acordo com Silva Neto (2012), tem por objetivo fortalecer
as empresas brasileiras, aumentando sua produtividade através da adoção de mecanismos
para a melhoria da qualidade dos bens e serviços por elas produzidos. Nesse sentido, a
missão do Inmetro é “...promover a qualidade de vida do cidadão e a competitividade da
economia por meio da metrologia e da qualidade.” (SILVA NETO, 2012, p. 26).

Agora que sabemos o que é o Inmetro e quais suas funções, vamos abordar o
conceito de metrologia legal.
Metrologia, Ergonomia, Normas Regulamentadoras e Certificações | UNIDADE 4 103

4.2.2 Metrologia Legal


No Brasil, as atividades relacionadas à Metrologia Legal, são de atribuição do
Inmetro. Em relação à sua definição, podemos dizer que ela “É a parte da metrologia
relacionada às atividades resultantes de exigências obrigatórias, referentes a medições,
unidades de medida, instrumentos de medição e métodos de medição, que são
desenvolvidas por organismos competentes.” (SILVA NETO, 2012, p. 29).

Na sequência, vamos realizar uma breve discussão sobre a Metrologia


Científica e Industrial.

4.2.3 Metrologia Científica e Industrial


A Metrologia Científica e Industrial pode ser definida como uma ferramenta
básica para o crescimento e inovação tecnológica, gerando competitividade e um
ambiente propício ao desenvolvimento científico e industrial em qualquer país.

A Metrologia Científica e Industrial é responsável pelos Ensaios


de Proficiência, que são um conjunto de procedimentos técnicos
para a determinação do desempenho de laboratórios de calibração
ou de ensaios, através de comparações interlaboratoriais. (SILVA
NETO, 2012, p. 34).

Uma vez que tenhamos abordado esses aspectos relevantes relativos à Metrologia,
vamos dar sequência a nosso estudo, conhecendo mais um tópico relevante para os
profissionais da engenharia: os sistemas físicos.
104 PRÁTICAS PROFISSIONAIS DA ENGENHARIA | Ricardo Buneder

4.3 Sistemas Físicos


Os profissionais da engenharia criam ferramentas para analisar e preparar seus
projetos. Conforme afirma Cocian (2017), algumas dessas ferramentas podem ser
objetivas, como por exemplo, máquinas de solda, computadores, softwares, veículos,
guindastes etc., ou subjetivas, tais como metodologias de planejamento, abstrações
matemáticas, diagramas etc.

O autor citado afirma que uma maneira de predizer o comportamento de


sistemas físicos é trabalhar com a utilização daquilo que chamamos de representações,
as quais correspondem à aparência ou a um comportamento real. Trabalhar com tais
representações no lugar dos sistemas físicos permite diminuir os custos iniciais dos
projetos, seu tempo de realização, a probabilidade de obtenção de resultados indesejáveis,
bem como a facilitação de sua otimização.

Dito isso, vamos estudar as representações dos sistemas físicos.

4.3.1 As Representações dos Sistemas Físicos


Concian (2017) afirma que existem diversas formas de representação nos projetos
e que caberá ao profissional de engenharia recorrer a uma dessas formas para cada
aspecto que se queira representar, desenvolver ou analisar. A título de exemplo, quando
se faz necessário indicar as formas e dimensões físicas de um sistema, o engenheiro
fará uso de uma representação gráfica em escala, bem como às suas projeções. No
entanto, se o objetivo é analisar a forma operacional do sistema, sem interesse em seu
aspecto físico ou geométrico, o engenheiro utilizará a representação sob a forma de
diagramas de operação.

Por outro lado, se a partir do conhecimento de todos os dados importantes do


problema, houver a necessidade de dimensionar ou verificar o comportamento das
variáveis físicas do sistema, o engenheiro fará uso da representação matemática das
mesmas. Por fim, quando a necessidade estiver relacionada à representação da relação
entre duas ou mais variáveis intervenientes no problema, o engenheiro poderá fazer
uso de gráficos.

O autor citado chama nossa atenção para a semelhança entre modelos e


brinquedos, dado que ambos, de forma geral, correspondem a uma miniatura do objeto
real, imitando seu funcionamento.
Metrologia, Ergonomia, Normas Regulamentadoras e Certificações | UNIDADE 4 105

Utilizando exemplos práticos, temos que o inventor da máquina a vapor, James


Watt, fez uso de modelos para aferir seu funcionamento através de um procedimento
envolvendo menos custo.

Prossegue Concian (2017), dizendo que o sócio de Watt, William Murdock,


construiu em 1786 aquele que, provavelmente, foi o primeiro modelo de uma locomotiva,
no qual os cilindros tinham um diâmetro aproximado de 20 mm.

Esse mesmo autor afirma que os profissionais de engenharia dispensam grande


atenção à elaboração de maquetes de maquinários, bem como de projetos de plantas de
geração de energia, terminais de embarque, instalações hidráulicas etc. A partir dos
dados levantados pelos ensaios realizados nos modelos, poupam-se tempo e recursos
financeiros, bem como obtém-se melhorias do projeto original.

Objetivamente, afirma Concian, “...os modelos de engenharia são representações


de sistemas físicos, da sua forma, do seu comportamento ou da sua funcionalidade.”
(COCIAN, 2017, p. 97).

4.3.2 A Modelagem na Solução de Problemas de Engenharia


A utilidade de um modelo na engenharia depende dos seguintes aspectos colocados
por Cocian (2017): simplicidade, pequenas dimensões, baixo custo ou facilidade de
representar o fenômeno, dispositivo ou sistema real representado por ele. Nesse sentido,
de acordo com o autor citado, existem diversos modelos de engenharia, tais como:
uma expressão matemática utilizada para relacionar a força com o deslocamento ou
com a deformação de uma mola, ou a representação complexa de um sistema urbano
de transportes. O que é essencial em um modelo é que ele preserve as características
básicas/fundamentais do objeto ou fenômeno real que ele representa.

Cocian (2017), chama nossa atenção para o fato de os modelos matemáticos


computacionais serem os de maior importância para os profissionais de engenharia,
dada sua capacidade de simular sistema físicos, tais como circuitos elétricos, movimento
de fluidos, processos de solidificação etc.

Também de acordo com esse mesmo autor, os modelos podem ser classificados
em função de: (a) seu propósito; (b) suas características construtivas; e (c) suas
características de resposta.

a. Classificação dos modelos de acordo com seu propósito: nessa categoria temos
os modelos descritivos (por exemplo, o modelo atômico de Bohr), os modelos de
comportamento ou de resposta (aqueles utilizados para representar as respostas
106 PRÁTICAS PROFISSIONAIS DA ENGENHARIA | Ricardo Buneder

do sistema real ou de uma parte do mesmo a partir de uma perturbação) e


os modelos de decisão (utilizados para a escolha da melhor solução entre as
alternativas existentes, de acordo com as especificações determinadas).

b. Classificação dos modelos segundo suas características construtivas: aqui


se encontram os chamados modelos iconográficos, os quais podem ou não ser
virtuais. Como exemplos, podemos citar os mapas, fotografias, maquetes etc.
Além disso, nessa categoria também se encontram os modelos analógicos/
abstratos, os modelos diagramáticos/explicativos/gráficos e os modelos analíticos/
matemáticos. Os modelos analógicos/abstratos se valem das analogias existentes
entre os diversos fenômenos físicos. Os modelos diagramáticos/explicativos/
gráficos são aqueles que, de forma geral, constituem-se de representações
bidimensionais. Importante salientar que essa classe de modelos pode ser
subcategorizada em gráficos e diagramas. Os gráficos podem ser entendidos
como “...um sistema de eixos coordenados com escalas que indicam relações
entre as variáveis do sistema...”. (COCIAN, 2017, p. 104). Já, os diagramas
são utilizados para mostrar a relação entre os vários componentes de um
sistema, quando da necessidade de analisarmos sua estrutura e funcionamento,
dispensando a necessidade de mostrar sua conformação geométrica.
Por fim, os modelos analíticos/matemáticos, de acordo com o autor citado,
podem ser vistos como uma simbolização dos modelos concretos. Nesse
sentido, devemos ficar atentos ao fato de que um modelo físico é passível de ser
transformado em um modelo matemático quando seus elementos geométricos
e demais grandezas físicas puderem ser substituídas por relações algébricas.
Cocian (2017) afirma que os modelos matemáticos são mais simples e que
as conclusões deles derivadas podem apresentar elevado grau de exatidão,
tornando-os uma ferramenta poderosa para a simulação do sistema real quando
aplicados em softwares de análise numérica.
Metrologia, Ergonomia, Normas Regulamentadoras e Certificações | UNIDADE 4 107

c. Classificação dos modelos segundo as características de resposta: aqui vale


lembrar que tanto um modelo como o sistema por ele representado responde a
um estímulo externo, podendo permanecer inalterado frente a esse estímulo,
ou ter seu estado modificado pelo mesmo. Nesse sentido, temos os modelos
estáticos e os dinâmicos. Os primeiros são aqueles que não se modificam
após um determinado período de tempo no qual foram submetidos a um
estímulo externo. Já, os modelos dinâmicos representam o comportamento
de sistemas dinâmicos, os quais modificam seu estado quando submetidos a
estímulos externos. Os modelos dinâmicos podem ser estáveis, instáveis ou
explosivos. Os modelos dinâmicos estáveis são aqueles que, em resposta a uma
ação externa, atingem um estado permanente estacionário. Por outro lado, os
modelos dinâmicos instáveis são aqueles cuja resposta a um estímulo externo
varia continuamente com o tempo. Por fim, os modelos dinâmicos explosivos
são aqueles em que a amplitude da resposta à perturbação externa é crecente
ao longo do tempo até sua destruição.

Uma vez que tenhamos estudado os sistemas físicos básicos, vamos discorrer,
ainda que de forma sucinta, sobre mais um tópico relevante para a prática da engenharia,
qual seja: a ergonomia e as normas regulamentadoras.
108 PRÁTICAS PROFISSIONAIS DA ENGENHARIA | Ricardo Buneder

4.4 Ergonomia e as Normas Regulamentadoras


Proponho iniciarmos nosso estudo sobre ergonomia colocando o seguinte
questionamento: qual a relação entre ergonomia e engenharia? Para respondê-lo,
vamos nos valer de Másculo e Vidal (2011), para quem a ergonomia tanto fornece
conhecimentos para a Engenharia do Produto como, mais especificamente, para a
chamada Engenharia do Trabalho, cujo objetivo é o de projetar, implantar e controlar
o posto de trabalho e a forma de trabalhar.

4.4.1 Definição, Propósitos e Finalidades da Ergonomia


A Ergonomia tem como propósito responder às demandas sobre a atividade
de trabalho. Nesse sentido, vamos apresentar sua definição, segundo a Associação
Brasileira de Ergonomia – ABERGO

A palavra ergonomia - “a ciência do trabalho” deriva do grego ergon


(trabalho) e nomos (leis). Ergonomia (ou fatores humanos) é a disciplina
científica preocupada com a compreensão das interações entre humanos
e outros elementos de um sistema, e a profissão que aplica teoria,
princípios, dados e métodos para projetar a fim de otimizar o bem-
estar humano e o desempenho geral do sistema. (ABERGO, 2020, n.p.).

É importante salientarmos que os termos Ergonomia e Fatores Humanos


são frequentemente usados ​​indistintamente, em uma prática adotada pela Associação
Internacional de Ergonomia - IEA.

Mas qual a origem do termo Fatores Humanos/Human Factors (FH)? De acordo


com Másculo e Vidal (2011), esse termo era mais utilizado do que Ergonomia.

De acordo com os autores citados, a engenharia de fatores humanos, ou de


“componentes humanos”, tornou-se uma ciência relevante durante e após a Segunda
Guerra Mundial, em função da necessidade de reunir dados sobre características
humanas – capacidades, limites, limiares e limitações – para inserí-los em projetos de
ferramentas, equipamentos, máquinas, sistemas e interfaces em geral, para utilização
pelo ser humano em condições seguras e confortáveis.

Qual a importância dessa abordagem de engenharia? A de que os norte-americanos


estudavam os fatores humanos visando a elaboração de projetos ao invés de entender o
trabalho, ou seja, segundo essa visão, o homem deveria se adaptar ao trabalho.

Já a ergonomia europeia, notadamente a francesa, tinha por objetivo uma maior


intervenção sobre os locais de trabalho do que sobre a concepção de projetos. Nesse
sentido, Másculo e Vidal (2011), salientam que os norte-americanos distinguiam os
Metrologia, Ergonomia, Normas Regulamentadoras e Certificações | UNIDADE 4 109

termos fatores humanos - relacionados à biomecânica e fatores ambientais - e ergonomia


– relacionado às tarefas propriamente ditas. Enquanto isso, para os europeus, o termo
ergonomia incluía tanto fatores humanos como a própria ergonomia.

Devemos destacar que, conforme apontam Másculo e Vidal (2011), as definições


de Fatores Humanos e Ergonomia

...podem e devem ser entendidas como sendo a mesma coisa, já que não
há Ergonomia (ou seja, interação entre as pessoas com a tecnologia,
o ambiente e a organização) sem se conhecer os Fatores Humanos
implicados nessa relação.” (MÁSCULO; VIDAL, 2011, p. 113).

Além das considerações acima, os autores citados chamam nossa atenção para o
fato de que os fatores humanos considerados nos estudos ergonômicos dizem respeito
aos três domínios de especialização da Ergonomia, de acordo com a Associação
Internacional de Ergonomia (IEA – International Ergonomics Association), quais
sejam: (a) Ergonomia Física; (b) Ergonomia Cognitiva; e (c) Ergonomia Organizacional.

a. Ergonomia Física – segundo Másculo e Vidal (2011), trata das respostas do


corpo humano à carga física e psicológica, preocupando-se, em especial, com
os aspectos físicos da interface homem-máquina, a fim de dimensionar o posto
de trabalho, tornar mais fácil a discriminação de informações, bem como a
manipulação dos controles.

b. Ergonomia Cognitiva – é também conhecida como engenharia psicológica.


De acordo com os autores referenciados, trata dos processos mentais, como
percepção, cognição, atenção, controle motor e armazenamento e recuperação
de memória e seu impacto sobre as interações entre seres humanos e outros
elementos de um sistema, ou dito de outra forma, a resposta dada pelo ser
humano quando de sua atuação em dado sistema.

c. Ergonomia Organizacional – de acordo com Másculo e Vidal (2011), o principal


precursor da Ergonomia Organizacional foi o engenheiro americano Frederick
W. Taylor, a partir de seus estudos a respeito da administração científica do
trabalho. Suas análises sistemáticas para a racionalização do trabalho foram
levadas adiante pelo casal Frank e Lillian Gilbreth, que estudaram os tempos
e movimentos e a gestão do trabalho em diversas áreas. Os autores citados
mencionam que um dos estudos mais conhecidos do casal Gilbreth é o de
assentamento de tijolos, a partir do qual foi desenvolvido um andaime que
permitiu que um pedreiro passasse a realizar seu trabalho com maior eficiência
– houve um incremento de 200% em seu trabalho, uma vez que o número de
tijolos assentados por pedreiro por hora passou de 120 para 350.
110 PRÁTICAS PROFISSIONAIS DA ENGENHARIA | Ricardo Buneder

De acordo com a ABERGO, embora os praticantes da Ergonomia frequentemente


trabalhem em setores econômicos distintos, tais como indústria, prestação de serviços
etc., a ciência e a prática da Ergonomia não são específicas de um só domínio, pois trata-
se de uma ciência integradora, multidisciplinar e centrada no usuário. Os problemas
abordados pela Ergonomia podem ser considerados de natureza sistêmica, sendo
assim, ela faz uso de uma abordagem holística para aplicação de teorias, princípios
e dados de muitas disciplinas relevantes ao projeto e avaliação de tarefas, trabalhos,
produtos, ambientes e sistemas. Nesse sentido, a Ergonomia considera os fatores físicos,
ambientais, cognitivos, organizacionais, sociotécnicos etc., bem como suas interações
com os seres humanos.

A prática efetiva da Ergonomia demanda que os profissionais dessa ciência que


se especializam em um determinado domínio ou disciplina, devem abordá-lo levando
em consideração todos os elementos relevantes da Ergonomia, o que pressupõe um
amplo conhecimento de outras áreas da mesma. Esta visão integradora para a prática
da Ergonomia está representada na Figura 4.1.

Figura 4.1 - Fatores Humanos/Ergonomia (HF/E), uma visão integrada de diferentes domínios de especialização.

Percepção Interação Humano-


Memória computador
Raciocínio Fatores Comunicação
Resposta motora Cognitivos Trabalho em time

Anatomia Humana Participação


Fisiologia FH/E Cooperação
Fatores Fatores
Antropometria Sistema Sociotécnico
Físicos Organizacionais
Biomecânica Ambiente Interno/Externo

Fonte: Adaptado de Abergo (2022).

Uma vez que tenhamos discutido os principais aspectos ligados à Ergonomia,


vamos, na sequência de nosso estudo, abordar o tópico relativo às normas
regulamentadoras que tratam da Segurança e da Medicina do Trabalho.
Metrologia, Ergonomia, Normas Regulamentadoras e Certificações | UNIDADE 4 111

4.4.2 As Normas Regulamentadoras


Todo e qualquer ambiente de trabalho é regulado por 37 normas regulamentadoras
(NRs), cada uma tratando de um tópico relevante para a área.

De acordo com o Ministério do Trabalho e Previdência (2022), a elaboração e


revisão das normas regulamentadoras são executadas a partir da adoção do chamado
sistema tripartite paritário, o qual é preconizado pela Organização Internacional do
Trabalho (OIT), por meio de grupos e comissões integrados por representantes do
governo, empregadores e trabalhadores.

Sendo assim, a Comissão Tripartite Paritária Permanente (CTPP) é a instância


de discussão para construção e atualização das normas regulamentadoras (NRs), com
o objetivo de melhorar as condições e o meio ambiente do trabalho.

SAIBA MAIS
Para aprofundar seu conhecimento sobre Normas Regulamentadoras – NRs,
acesse o link a seguir: http://gg.gg/12lsof.

Também é importante salientarmos que uma das Normas Regulamentadoras,


mais especificamente a NR-17, trata especificamente da Ergonomia. O link da seção
Saiba Mais dá acesso a todas as NRs.

Uma vez concluída nossa abordagem sobre as Normas Regulamentadoras dos


ambientes de trabalho, vamos conversar a respeito das certificações ISO.
112 PRÁTICAS PROFISSIONAIS DA ENGENHARIA | Ricardo Buneder

4.5 As Certificações ISO


Neste tópico vamos definir ISO. Trata-se de uma sigla para International
Organization for Standardization – Organização Internacional de Padronização. Seu
objetivo é o de normalizar a produção de bens e a prestação de serviços através de
normas que permitam garantir a qualidade e o aperfeiçoamento do processo produtivo.
A título de exemplo, basta imaginarmos uma linha de montagem de um dado modelo
de computador. O que esperamos é que seu processo produtivo siga determinados
padrões, a fim de que o produto apresente as mesmas dimensões, aparência, qualidade
etc., o que inclui inspeção de matérias-primas e componentes, treinamento dos
colaboradores etc. Nesse sentido, surge a importância das certificações ISO, cuja
função principal é a de aprovar e proporcionar o avanço de normas internacionais,
testes e certificações, incluindo empresas e produtos. Mas antes de prosseguirmos
nosso estudo, vamos compreender o que é uma certificação ISO de qualidade. Trata-se
de uma maneira de garantir que empresas públicas ou privadas tenham condições de
fornecer um bem, serviço ou sistema em concordância com os requisitos das agências
reguladoras e dos clientes.

Dito isso, vamos conhecer as principais certificações ISO.

4.5.1 Principais Certificações ISO


a. ISO 9000 – é uma das certificações mais divulgadas. Ela visa o processo
de gestão da qualidade nas organizações. Seu foco está no processo, não no
produto, a fim de garantir que as normas operacionais sejam cumpridas à risca
e a qualidade do produto seja alcançada. Uma das divisões da ISO 9000 é a ISO
9001, conforme veremos na sequência.

b. ISO 9001 – visa otimizar os processos organizacionais a fim de ampliar a satisfação


dos clientes. Dentre os benefícios oriundos de sua aplicação, podemos citar:

♦ maior eficiência produtiva;

♦ diminuição de desperdícios e, consequentemente, de custos;

♦ diminuição da ocorrência de acidentes;

♦ maior oportunidade de negócios através do aumento de confiança no mercado em


relação à organização.
Metrologia, Ergonomia, Normas Regulamentadoras e Certificações | UNIDADE 4 113

c. ISO 14001 – trata-se de uma certificação voltada para a implementação do


Sistema de Gestão Ambiental (SGA) das empresas.

d. ISO 17025 - trata da certificação de laboratórios de calibração e de ensaio. Essa


certificação serve como uma comprovação de que um laboratório realiza suas
atividades com precisão, obtendo resultados de alta qualidade.

e. ISO 27001 – trata-se da certificação ligada à segurança da informação


armazenada de forma digital.

f. ISO 45001 – o foco dessa certificação é o sistema Sistema de Gestão de Saúde


e Segurança Ocupacional (SGSSO). Em outras palavras, a ISO 45001 tem por
objetivo a melhoria da Saúde e Segurança do Trabalho (SST) na organização.

g. ISO 50001 – essa certificação diz respeito à gestão e conservação de energia,


que é uma área cada vez mais essencial, em especial para a indústria. Diante
de um cenário econômico desfavorável, o aumento dos custos relativos à
energia faz com que as organizações busquem opções de diminuição de custos
e melhoria do desempenho ambiental.
114 PRÁTICAS PROFISSIONAIS DA ENGENHARIA | Ricardo Buneder

Síntese da Unidade
• Chegamos ao final da quarta e última unidade de nossa disciplina de Práticas
Profissionais da Engenharia.

• Nessa unidade tivemos a oportunidade de estudar o sistema internacional (SI)


de unidades, a Metrologia, o Inmetro e suas funções, bem como compreender do
que trata a Metrologia Legal e a Metrologia Científica e Industrial.

• Também vimos os sistemas físicos e suas representações, como a modelagem


aplicada à solução de problemas de engenharia.

• Além disso, abordamos aspectos ligados à Ergonomia e às Normas


Regulamentadoras (NRs), as quais regulam os ambientes de trabalho.

• Por fim, mas não menos importante, conversamos sobre as certificações ISO.
Metrologia, Ergonomia, Normas Regulamentadoras e Certificações | UNIDADE 4 115

Bibliografia
ABERGO - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ERGONOMIA. Disponível em:
http://gg.gg/12lsqa. Acesso em: 14 de outubro, 2022.
BRASIL. Normas Regulamentadoras – NR. Ministério do Trabalho e Previdência.
Disponível em: http://gg.gg/12lsry. Acesso em: 15 out. 2022.
COCIAN, L.F. Introdução à Engenharia. Porto Alegre: Bookman, 2017.
MÁSCULO, F.; VIDAL, M. Ergonomia: trabalho adequado e eficiente. Rio de
Janeiro: Elsevier/ABEPRO, 2011.
MOAVENI, Saeed. Fundamentos de Engenharia: uma introdução. São Paulo:
Cengage Learning, 2016.
SILVA NETO, J.C. da. Metrologia e Controle Dimensional. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2012.

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