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XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO

Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil


João Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.

MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE
SUBSTITUIÇÃO DE EQUIPAMENTOS
BIOMÉDICOS
Marcelo Antunes Marciano (hmv )
marcelo.marciano2000@gmail.com

There is need to know and apply methodological options to use when


evaluating the replacement of medical technology. This work aims to
conduct bibliographical research methods to be applied in assessing
and prioritizing replacement of biomeedical equipment and list the
criteria or attributes cited in the methods, highlighting the most
incidents and possible applications to evaluate the diversity of
embedded biomedical equipment and in use in hospitals. Also notes the
need for analysis and evaluation of which method applies best to a
class, type or range of equipment.

Palavras-chave: Rating Life, Replacement Prioritization,


multiparameter methods, Economic Methods, Biomedical Equipment.
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1. Introdução

Os equipamentos biomédicos ou equipamentos médico-hospitalares (EMH) são cada vez mais


determinantes e essenciais na medicina moderna e os hospitais tornaram-se tecnodependentes.
Um fator chave para que os EMH atendem as necessidades de apoio ao diagnóstico,
monitorização, tratamento, suporte a vida com segurança a pacientes, médicos e usuários é
mantê-los adequados com funcionamento correto e seguro. (DREISS, ANDREA, 2008). É de
suma importância os hospitais conhecerem as reais condições dos EMH. Se estão atendendo
ao que se propõe e foram adquiridos, ou seja a efetividade clínica proposta, como também se
são viáveis economicamente quanto ao custo de operação (PACHECO, et al, 2002). Os
hospitais em muitos casos são influenciados por pressões comerciais ou modismos de
procedimentos médicos, na avaliação da substituição do EMH (PACHECO, et al, 2002).
Qual é o melhor método de avaliar o momento e a priorização de substituição de
equipamentos? (TAYLOR, KEVIN; JACKSON, STEPHEN, 2005). Poderia ser desenvolvido
Regras Básicas para quantificar fatores críticos como auxílio a tomada de decisões dos
gestores de tecnologia médica. (TAYLOR, KEVIN; JACKSON, STEPHEN, 2005). Um
sistema com Score de substituição de EMH foi projetado para acessar as informações da
maioria dos sistemas informatizados de gestão de manutenção. (TAYLOR, KEVIN;
JACKSON, STEPHEN, 2005).
As organizações tem adotado critérios de priorização, como função do equipamento, riscos
físicos, requisitos de manutenção. Com a possibilidade de incluir um outro fator, como
história de incidente, para complementar o método, quando o hospital tiver este dado. E
sugere a inclusão do critério de importância do equipamento dentro da missão global da
organização, complementado com critério da taxa de utilização do equipamento (que pode
requerer aumento de freqüência de inspeções e estar relacionada com maior incidência de
avarias). (Wang, Binseng; Levenson, Alan, 2000).

Considerando que os hospitais estão com restrições econômica-financeiras, há necessidade de


se esforçar para criar planos objetivos de priorização de substituição de equipamentos, usando
técnicas estruturadas e assim otimizar a relação custo-benefício (DREISS, ANDREA, 2008).
Este trabalho tem como objetivo realizar pesquisa bibliográfica de métodos para aplicar na
avaliação e priorização de substituição de equipamentos biomédicos, bem como enumerar os
critérios ou atributos citados nos métodos, evidenciar os mais incidentes e as possíveis

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aplicações para avaliar a diversidade de equipamentos biomédicos. E desta forma contribuir


com opções metodológicas para utilizar no momento de avaliar a substituição da tecnologia
médica, que é uma das causas ou inputs de incorporação de equipamentos biomédicos numa
organização de saúde como demonstrado na figura 1.

Figura 1: Causas de Incorporação de Equipamentos Biomédicos

2. Método

O método utilizado foi de pesquisa bibliográfica referente a metodologia e critérios de


avaliação e priorização de substituição de equipamentos médico-hospitalares ou biomédicos.
Foram pesquisados artigos publicados em congressos, revistas e publicações no geral, bem
como de dissertações de mestrado e teses de doutorado. Para que fosse possível conhecer os
tipos de conceitos, critérios, métodos utilizados. A pesquisa pela internet foi utilizada como
ferramenta de busca.

4. Resultados
Por meio da pesquisa bibliográficas foi possível levantar alguns métodos de avaliação de
substituição de EMHs, como os citados a seguir. Os métodos estão apresentados em ordem
cronológica de acordo com o ano das publicações pesquisadas.

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Em 1992, Fennigkoh desenvolveu e aplicou o método multiparamétrico de avaliação de


substituição de equipamentos biomédicos, no St. Luke Medical Center. O método é composto
por quatro grupos de parâmetros, sendo eles, os técnicos, de criticidade dos equipamentos, os
relativos a critérios econômico- financeiros e os parâmetros clínico-segurança. Os parâmetros
técnicos são compostos pelos atributos de idade do equipamento, de custo de manutenção,
tempo de parada e fim de apoio do fabricante. Quanto a função dos equipamentos, os mesmos
devem ser classificados em suporte à vida, terapia, diagnóstico/monitoração e
análise/apoio/auxiliar. No grupo de parâmetros econômico-financeiro, os equipamentos são
classificados de acordo com o resultado que ocorreria se o mesmo fosse substituído, em
relação ao aumento de faturamento e a redução do custo. No quarto grupo, denominado de
Clínicos-Segurança os equipamentos são classificados de acordo com o resultado se o mesmo
fosse substituído, em relação a melhoria no tratamento, preferência do usuário, aumento
padronização. Este método propõe uma pontuação final ou escore, denominado de Valor de
Prioridade de Substituição, o qual é depois classificado numa escala de decisões, quanto a
priorização de substituição.
Em 1994, Christer e Scarf, desenvolveram o método econômico, com intuito de determinar
em quanto tempo o equipamento analisado deverá ser substituído e o tempo que seu substituto
deverá permanecer em uso, por meio de critérios de custo de manutenção, de operação, de
penalidades e ônus de substituição.
Em 2002, Cruz sugeriu a utilização da árvore de eventos, desde os eventos principais até os
finais. Os critérios utilizados são de segurança, fim da vida útil, custos de manutenção,
catástrofes com equipamento, erro usuário e de especialistas. A equação formada por estes
critério denomina-se RUSE. O resultado da equação RUSE significa a substituição ou não do
equipamento.
Em 2002, Pacheco et al propuseram uma metodologia com três campos de avaliação, o
técnico, que representa 45% do peso total da avaliação, o econômico, com 30% do peso e o
clínico, responsável por 25% na equação de adição. O resultado, reflete o estado e
desempenho do equipamento, numa escala de 0 a 100% de desempenho. No campo da
avaliação técnica funcional, utiliza critérios relacionados a obsolescência e
padronização/normalização, como idade ponderada pela intensidade de uso, percentual de
tempo de indisponibilidade por falha ou mau uso durante um ano, número de anos com
suporte de peças de reposição, número de anos com suporte de consumíveis, suporte técnico
humano, manual do usuário, manual de serviço, normas de segurança, especificações técnicas

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do equipamento e homogeneização/padronização. No campo de avaliação clínica, com


aspectos mais subjetivos, é verificada a percepção do usuário quanto a utilidade, contribuição,
confiabilidade, periodicidade de uso, facilidade de uso, utilidade do equipamento em relação
com a ausência do mesmo. No campo da avaliação econômica, são considerados os custos
relacionados ao uso do equipamento, por meio dos indicadores como analise de substituição,
custo de manutenção sobre custo de substituição, custo de operação do equipamento avaliado
sobre o custo de operação do equipamento substituto. Se calcula o CAUE (custo anual total
equivalente) do equipamento avaliado e do provável substituto, sendo a melhor opção o
equipamento com menor CAUE.
Em 2003 e 2004, Dondelinger sugeriu utilizar a data prevista de substituição (acrescido do
tempo de vida médio deste equipamento) e o custo de substituição para determinar a
priorização, como também, como outra opção, chegar ao número de ordem de mérito, por
meio da soma dos critérios de idade, com de custo de reparo, numero de reparos, avanço
tecnológico e plano para próximos cinco anos multiplicados por um peso.
Em 2004 Clark pontuou os critérios de idade, função do equipamento, falha, down time,
custo de manutenção, problema com usuário, recalls, status tecnologia, utilização,
padronização, regulamentação e back up. Depois de aplicar o cálculo, os equipamentos são
classificados e priorizados por categoria de substituição.
Em 2005 Rajasekaran propôs o ordenamento da priorização, por meio de um sistema
automatizado de um plano de substituição denominado de ERPS (Equipment Replacement
Planning System), no qual são considerados os valores normalizados dos fatores (critérios)
multiplicados por um peso e dividido pelo e número de regras (critérios).
Em 2005, Taylor e Jackson abordam aspectos quantitativos e qualitativos relacionados ao
componente técnico, missão critica e segurança.
Em 2006, Grimes propôs uma metodologia que analisa sete fatores, como tempo de uso e
condição, nível de utilização, aceitabilidade clínica, estado da tecnologia, disponibilidade de
peças, custo de manutenção anual projetado e confiança projetada. Após pontuar (pontos para
substituição) de excelente a muito ruim e obter a soma, classifica os equipamentos em ordem
de prioridade de substituição.
Em 2006, Albornoz propôs analisar os custos máximos permissíveis dos equipamentos
biomédicos por meio do cálculo MEL (Maintenance e Expenditure Limits), que é o valor
futuro de despesa ao longo da vida útil. A equação MEL é composta pelo produto dos fatores:
valor de substituição, percentual da vida útil restante e o fator MEL.

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Em 2008, Dreiss propôs calcular o fator de prioridade de substituição, pelo somatório dos
scores, considerando os pesos dos critérios factual, segurança, técnica, financeiro e
performance.
Dentre os critérios elencados pelos autores estão os relacionados a: segurança, fim vida útil,
custo manutenção, custo operação, penalidade, ônus substituição, idade, função, apoio
fabricante, down time, recalls, status tecnologia, utilização, financeiro, performance, receita,
custo aquisição, propensão a falhas, número de reparos, disponibilidade, etc.

5. Discussão

Considerando os trabalhos pesquisados, foram verificados nos métodos propostos, em torno


de 45 critérios de avaliação de substituição de EMH sugeridos por 11 autores. Os critérios
mais utilizados pelos autores foram o de custo de manutenção (maior número de utilização) e
depois os de idade e “técnica” (todos com o número aproximados de citações, mas com a
metade das citações em relação ao critério de custo de manutenção), seguidos de segurança,
erro usuário, suporte fabricante, indisponibilidade, utilização e padronização (todos com
mesmo número de citações).
Os autores com maior número de critérios utilizados em seus métodos propostos são Clark e
Pacheco et al, seguido de Fennigkoh, com um critério de diferença. Depois vem Christer e
Dondelinger com a metade dos critérios dos dois primeiros.
Para facilitar a aplicação prática destes tipos de metodologias há necessidade de automatizar a
ferramenta, de forma a produzir em tempo real os resultados de priorização, como sugerido
por Taylor e Jackson (2005).
Se constata também a necessidade da análise e avaliação de qual método se aplica melhor a
determinada classe, tipo ou gama de equipamentos.
Pela análise dos métodos faz-se suscitar que para aplicar métodos com tipos de critérios
quantitativos, se tenha necessidade de conhecer detalhadamente os dados referentes aos
equipamentos. Dados como produtividade, custo de operação, receita gerada, número de uso,
número de exames realizados, etc, são mais práticos de aplicar à equipamentos de grande
porte (RM, TC, PET CT, Radioterapia, Angiografia, Medicina Nuclear, equipamentos
Automatizados de Laboratório, etc), cujos dados citados são mais efetivamente controlados
nos hospitais.
Os métodos multiparamétricos, que associam critérios qualitativos e quantitativos são mais

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práticos de aplicar à grande gama de equipamentos biomédicos instalados e em uso nos


hospitais, como os de monitorização, terapia, suporte a vida e apoio/auxílio. A figura 2 a
seguir demonstra esta proposição de aplicação.

Figura 2: Proposição de Aplicação de Método de Avaliação de Substituição por Gama de Equipamento

Considerando a complexidade inerente ao ambiente e à questão do ciclo de vida dos


equipamentos, é discutível qual ou quais métodos são mais adequados e assertivos a serem
aplicados, de forma a ter a melhor análise sistêmica possível dos equipamentos (se torna
necessária as análises criticas pré aplicação, testes, comparações, validações, etc) e assim
auxiliar na avaliação da substituição das tecnologias médicas incorporadas utilizadas nas
organizações de saúde.
A avaliação de substituição é crucial para embasar a direção hospitalar na definição dos
investimentos, visto que um dos inputs de incorporação é o da substituição por obsolescência.
E como conseqüência, por meio de aplicação de método adequado, a engenharia clínica
contribuirá de forma mais assertiva e efetiva na obtenção dos objetivos estratégicos das
organizações de saúde, conforme demonstrado na figura 3.

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Figura 3: contribuirá na obtenção dos objetivos estratégicos das organizações de saúde

REFERÊNCIAS

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CRUZ, M.; RODRÍGUEZ, D.; VILLAR, S.; LIC G.An event-tree-based mathematical formula for the removal
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Technology, 38(1); 26-31, Jan/Fev, 2004.

DREISS, A. When does medical equipment need to be replace? Journal of Clinical Engineering, 33(2); 78-81,
april/june, 2008.

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Caribe Colombiano, 2006.

PACHECO, A; Pimentel, AB; Rodríguez, R; Ortiz, M; Salazar, R. Metodología para evaluación de Equipo
Biomédico. Bioingeniería y Física Médica Cubana, 2002.

RAJASEKARAN, D., Bioengineering Conference, Proceedings of the IEEE 31st Annual Northeast, 2005.

S. L. Grimes, F. R. Painter. Equipment Replacement Planning. Gestão de Tecnologias Médico-Hospitalares e


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TAYLOR, Kevin; Jackson, Stephen. Journal of Clinical Engineering, 2005.

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of JCAHO’s Medical Equipment Management Standard. Journal of Clinical Engineering, 2000.

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