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Capítulo 10

Uniões por Interferência

Este é um método bastante popular de união permanente entre peças cilíndricas. A


montagem do conjunto cubo-eixo pode ser feita tanto por dilatação térmica quanto por prensagem
com velocidade controlada. A montagem através de prensas tem a vantagem de ser mais rápida
e barata porque não necessita de equipamentos especiais. Porém durante a montagem ocorre
raspagem de uma peça sobre a outra com consequente redução da interferência inicial. A
montagem por dilatação térmica, seja por aquecimento do cubo ou resfriamento do eixo, oferece
a vantagem de uma montagem sem raspagem e, portanto, sem perda da interferência inicial,
porém necessita de equipamentos mais caros e possui tempo de fabricação mais longo.
As principais vantagens deste método são o baixo custo quando comparado com outros
métodos, a rapidez da montagem e a capacidade de transmissão de esforços entre o eixo e o
cubo em qualquer direção. As principais desvantagens são a baixa reprodutibilidade, alta
concentração de tensão no caso de flexão do eixo, desmontagem difícil e possibilidade de
surgimento de corrosão sob tensão (fretagem). No caso de união de diferentes materiais, podem
surgir tensões adicionais ou problemas de desmontagem quando o conjunto opera em
temperaturas diferentes daquela em que foi calculado, devido a taxas de dilatação distintas.

10.1.1 Equações de Lamè

Quando duas peças cilíndricas são montadas por interferência, desenvolve-se na interface
uma certa pressão de contato P. Devido à simetria do problema, esta pressão é uniformemente
distribuída ao longo do perímetro de contato. Seja, então, um cilindro vazado cujo material
isotrópico possui módulo de elasticidade E, coeficiente de Poisson ν e está submetido a uma
pressão interna Pi e outra externa Pe.

Figura 10.1: Geometria de uma união por interferência

Considera-se inicialmente o equilíbrio das tensões σr e σθ em um elemento diferencial do


cilindro na direção radial:

dσr σr + σθ
(σr + dσr ). (r + dr). dθ − σr . r. dθ − σθ . dr. dθ = 0 → + =0 (10.1)
dr r

Utilizando a hipótese de pequenos deslocamentos, as deformações no elemento


diferencial nas direções radial e tangencial para estado plano de tensão são:

du 1
ϵr = = (σ − νσθ ) (10.2)
dr E r
u 1
ϵθ = = (σθ − νσr ) (10.3)
r E

10 - 1
onde u(r) é o deslocamento na direção radial. Resolvendo para σr e σθ tem-se:

E E du u
σr = 2
(ϵr + νϵθ ) = 2
( +ν ) (10.4)
1−ν 1 − ν dr r
E E u du
σθ = 2
(ϵθ + νϵr ) = 2
( +ν ) (10.5)
1−ν 1−ν r dr

Substituindo-se as expressões acima na equação 10.1 e resolvendo a equação diferencial


para u(r), obtém-se:

d2 u 1 du u C2
+ − = 0 → u(r) = C1 r + (10.6)
dr 2 r dr r 2 r

com C1 e C2 sendo constantes arbitrárias. Utilizando a solução para u(r) nas equações (10.4) e
(10.5), as tensões σr e σθ são expressas como:

E 1−ν
σr = 2 [C1 (1 + ν) − C2 2 ] (10.7)
1−ν r
E 1−ν
σθ = 2 [C1 (1 + ν) + C2 2 ] (10.8)
1−ν r

Finalmente, para o cálculo das constantes de integração, impõe-se σr = -pi, para r = ri e σr


= -pe, quando r = re. Dessa forma:

1 − ν ri2 pi − re2 pe 1 − ν ri2 re2 (pi − pe )


C1 = ( 2 ) e C 2 = [ ]
E re − ri2 E re2 − ri2

e, portanto:
ri2 pi − re2 pe ri2 re2 (pi − pe ) 1
σr = − . 2 (10.9)
re2 − ri2 re2 − ri2 r
ri2 pi − re2 pe ri2 re2 (pi − pe ) 1
σθ = + . 2 (10.10)
re2 − ri2 re2 − ri2 r

As equações acima são conhecidas como equações de Lamè (Timoshenko, 2010). No


caso de uniões por interferência o cilindro externo (cubo) está submetido a uma pressão interna
Pi= P e o cilindro interno (eixo) está submetido a uma pressão externa pe= -p, onde p é a pressão
de contato.
Usando letras minúsculas para o eixo e letras maiúsculas para o cubo, tem-se:

a) eixo (pressão externa apenas):

p ri2
σr (r) = ( − 1) (10.11a)
1 − Q2i r 2
−p ri2
σθ (r) = (1 + ) (10.11b)
1 − Q2i r2
−p
σz = ν(σr + σθ ) = (10.11c)
1 − Q2i

10 - 2
b) cubo (pressão interna apenas):

p 2
R2i
σr (r) = (Q − ) (10.12a)
1 − Q2e e R2

p 2
R2i
σθ (r) = (Q + ) (10.12b)
1 − Q2e e R2
p Q2e
σz = ν(σr + σθ ) = (10.12c)
1 − Q2e
di Di
onde Q i = e Qe =
de De
Na ausência de tensões de cisalhamento, as tensões σr , σθ e σz correspondem às tensões
principais nas direções r, θ e z, respectivamente. Como critério de falha utiliza-se a tensão de von
Mises, cujos pontos de máximo ocorrem, para o eixo, em r = ri e, para o cubo, em R = Ri.
Os valores máximos da tensão de von Mises são calculados da seguinte maneira:

a) para o eixo: máximo de σeq ocorre em r = ri

(σr − σθ )2 + (σr − σz )2 + (σθ − σz )2 σe,eixo


σeq = √ ≅ p. λ(Q i ) ≤ (10.13)
2 nmec

b) para o cubo: máximo de σeq ocorre em R=Ri

(σr − σθ )2 + (σr − σz )2 + (σθ − σz )2 σe,cubo


σeq = √ ≅ p. χ(Q e ) ≤ (10.14)
2 nmec

onde p é a pressão de contato, σe é a tensão de escoamento, nmec corresponde a um fator de


segurança e as funções λ(Qi) e χ(Qe) são plotadas na figura 10.2.

λ, χ

λ(Qi)

1,78 χ(Qe)
1,73 Q i, Q e

Figura 10.2: funções λ(Q i ) e χ(Q e ) em função dos parâmetros geométricos Qi e Qe

10 - 3
Figura 10.3: variação das tensões σr, σθ e σz em função da pressão P na interface

10.1.2 Cálculo das interferências

O cálculo da pressão exercida em um ajuste por interferência deve obrigatoriamente levar


em conta as tolerâncias de fabricação características dos processos de fabricação envolvidos.
A interferência teórica, ou de pré-montagem, é aquela observada com as peças separadas.
Uma vez que tanto o diâmetro do eixo d como o diâmetro do furo D podem variar dentro de certo
intervalo definido em norma tem-se (Agostinho, 1977):

Imin = dmin − Dmax = amin − Amax (10.15)


Imax = dmax − Dmin = amax − Amin (10.16)

com os afastamentos amin , amax , Amin e Amax obtidos através das tabelas de ajustes.
A interferência real Z é obtida quando as peças são montadas. Dependendo do método de
montagem, pode ocorrer uma certa perda de interferência sobretudo pela raspagem de uma peça
sobre a outra. Dessa forma, a interferência real é calculada como Z = I – ΔI, onde ΔI é a perda de
interferência devido à montagem. Portanto:

Zmin = Imin − ∆I = amin − Amax − ∆I (10.17)


Zmax = Imax − ∆I = amax − Amin − ∆I (10.18)

Figura 10.4: definição dos afastamentos para o eixo e o cubo

10 - 4
A perda de interferência ΔI ocorre sobretudo devido à raspagem de uma peça sobre a outra
durante a montagem e depende principalmente das rugosidades das peças montadas e da
diferença entre as rigidezes dos materiais do cubo e do eixo. Assim, para a maioria das aplicações
com montagem prensada em velocidade controlada, tem-se:

∆I = 1,20(Rae + Rai ) (10.19)

onde Rae e Rai referem-se respectivamente às rugosidades médias da peça externa (cubo) e
interna (eixo). Tais valores podem ser obtidos através da ISO 1302 / NBR 6405 na tabela 10.3 ou,
alternativamente, pode-se seguir as recomendações de Schwaltz (1956), disponíveis na tabela
10.4.

técnicas de acabamento usinagem convencional


CLASSE ISO N1 N2 N3 N4 N5 N6 N7 N8 N9 N8 N9 N10
SÍMBOLOGIA
CONVENCIONAL
∇∇∇∇ ∇∇∇ ∇∇ ∇
Ra (μm) 0,025 0,05 0,1 0,2 0,4 0,8 1,6 3,2 6,3 12,5 25,4 51
furação A M D
torneamento FN A M D
fresamento FN A M D
retificação FN A M D
polimento FN A M
lapidação FN A M

valores convencionais
valores menos comuns

Tabela 10.3: variação da qualidade superficial em função de classe de tolerância ISO


D = desbaste, M = médio, A = acabamento, FN = finíssimo

usinagem em acabamento
TIPO desbaste médio
fino finíssimo
SIMBOLOGIA
CONVENCIONAL
∇ ∇∇ ∇∇∇ ∇∇∇
CLASSE ISO N9 a N10 N7 a N8 N7 a N8 N1 a N6
torneamento 16 a 40 µm 6 a 16 µm 3 a 6 µm
fresamento 12 a 32 µm 8 a 15 µm 4 a 8 µm
furação 10 a 25 µm 6 a 10 µm 3 a 6 µm
retificação 16 a 40 µm 6 a 16 µm 3 a 6 µm 1 a 3 µm
brochamento 2 a 4 µm 0,5 a 1 µm

Tabela 10.4: variação da qualidade superficial Ra em função de classe de tolerância ISO de


acordo com Schwaltz (1956)

10.1.3 Pressão média no ajuste

Utilizando as equações de Lamè, a pressão média em um ajuste por interferência pode ser
calculada através de:

Z
p= (10.20)
(K i + K e ). de

10 - 5
onde os fatores elásticos Ki e Ke são calculados através de:

1 1 + Q2i 1 1 + Q2e
Ki = ( − νi ) e K e = ( + νe ) (10.21)
Ei 1 − Q2i Ee 1 − Q2e

Figura 10.5: variação dos coeficientes Ki e Ke para aço com E=210GPa e ν=0,30 e
ferro fundido maleável com E=100GPa e ν=0,25

Análises fotoelásticas (Gosh, Dattanguru e Rao, 1982) mostram que a distribuição real da
pressão de contato na interface eixo/cubo é um pouco diferente daquela idealizada pela equação
10.20 e é influenciada principalmente pela relação entre os módulos de elasticidade dos dois
materiais e pelo desenho do cubo e do eixo.

Figura 10.6: distribuição da pressão de contato em cubos maciços

A figura seguinte ilustra a distribuição de pressão típica considerando três desenhos


diferentes de cubos maciços: cubo sem adoçamento, cubo com adoçamento e cubo com alma. É
fato, portanto, que a concentração de tensão em cubos montados por interferência pode ser
amenizada por um projeto adequado do cubo.

10 - 6
Figura 10.7: Distribuição da pressão p(z) em diferentes cubos montados por interferência

Considerando agora um lote de peças, onde a interferência real Z pode variar entre os
limites [Zmin , Zmax], a pressão média irá variar entre os limites pmin e pmax :

Zmin Zmax
pmin = e pmax = (10.22)
(K i + K e ). de (K i + K e ). de

Uma vez determinada a distribuição de pressão entre o eixo e o cubo, é possível calcular
os esforços que podem ser transmitidos pela união. Para que não ocorra deslizamento entre as
peças, a força de atrito na interface eixo-cubo deve satisfazer:
L
Fat = πμde ∫ p(z)dz ≤ R (10.23)
0

onde R é a resultante das forças atuando na direção tangencial à superfície de contato, μ é o


coeficiente de atrito estático dado pela tabela 10.3, p(z) é a distribuição de pressão na interface.
Para aplicações à temperatura ambiente Δp=0. O caso mais comum de carregamento envolve a
aplicação de uma força axial Fa e de um torque T.

p(z)

Figura 10.8: Esforços externos em uma união por interferência

Niemann (1995) e Shigley (1989) sugerem admitir a pressão na interface como


aproximadamente constante e considerar eventuais diferenças através de um fator de
concentração apropriado. No caso limite para evitar escorregamento, p(z) = pmin e a equação 10.23
para o critério de deslizamento resulta em:

2T 2
Fat = πμde Lpmin ≥ √Fa2 + ( ) (10.24)
de

10 - 7
O coeficiente de atrito μ estático entre as superfícies deve ser verificado com cuidado, pois
ele aumenta com o tempo. Niemann(1995) reporta que a força de atrito na equação 10.24 somente
é alcançada após 48 horas a contar da montagem, devido à relaxação do cubo e do eixo. Antes
disso ela é limitada a 70% do valor teórico. Constata-se na prática que o método de montagem,
seja a seco ou lubrificado, também modifica ligeiramente o coeficiente de atrito.

montagem prensagem axial dilatação radial


eixo aço aço
cubo aço FoFo alumínio latão aço aço FoFo alumínio
lubrificação óleo óleo a seco a seco óleo seco seco seco
min 0,05 0,07 0,02 0,03 0,08 0,07 0,07 0,05
μ
max 0,17 0,12 0,06 0,06 0,17 0,19 0,16 0,06

Tabela 10.5: Coeficiente de atrito μ para uniões por interferência, valores adaptados da norma
DIN 7190

10.1.4 Métodos de montagem

Conforme dito anteriormente, os dois métodos mais comuns de montagem de uniões por
interferência são:

Prensagem sob velocidade controlada:


Niemann(1995) recomenda uma velocidade de penetração menor que 2mm/s sob pena de uma
perda adicional de interferência e a peça interna (eixo) chanfrada num ângulo de 50em relação à
vertical. Nesse método o projeto das peças deve levar em conta o deslocamento axial do cubo
para evitar danificar a superfície do eixo desnecessariamente.

Para o caso de uniões obtidas por prensagem, a força mínima de montagem Fm pode ser obtida a
partir da equação:

Fm ≥ 0,7πμd kde Lpmax (10.25)

onde k é um coeficiente de segurança, pmax é a pressão máxima de contato obtida pela equação
10.22 e μd é o coeficiente de atrito dinâmico. Na falta de dados experimentais Niemann (1956)
recomenda que se adote μd ≈ 0,5μ. O fator k, variando entre 1,5 e 2,5 é utilizado para levar em
conta eventuais variações no coeficiente de atrito e não-uniformidades na distribuição da pressão
de contato.
Para o cálculo da força de desmontagem, Fd, o coeficiente de atrito dinâmico é substituído pelo
estático e o fator 0,7 é substituído pela unidade:

Fd ≥ πμkde Lpmax (10.26)

10 - 8
Montagem por dilatação térmica:
Nesse caso o ajuste pode ser feito por aquecimento do cubo, resfriamento do eixo ou uma
combinação de ambos, no caso da interferência entre as peças ser muito grande. O aquecimento
do cubo é sempre uma solução mais econômica, pois o resfriamento se faz com substâncias
perigosas tais como nitrogênio ou ar líquido, além de poder fragilizar o aço. Por outro lado,
temperaturas de aquecimento elevadas podem provocar alterações na microestrutura e
empenamento das peças, com consequente aumento das tensões residuais.
No caso de montagem por dilatação térmica, a temperatura de montagem Tm é calculada através
de:

Imax + Im
Tm = Tamb + (10.27)
α. de

onde Im é uma folga de montagem e α é o coeficiente de dilatação térmica. Adota-se aqui uma
folga radial Im = 5x10-4de a qual é adequada para muitas situações práticas.
Dilatações excessivas do cubo ou do eixo podem levar a tensões residuais e empenamentos.
Nesses casos, as tensões térmicas atuantes no cubo ou no eixo devem ser sempre verificadas.
Além disso, o coeficiente de dilatação térmica de alguns materiais pode variar com a temperatura.
Recomenda-se utilizar coeficientes de dilatação específicos para os materiais envolvidos na união.
Os coeficientes de dilatação térmica para alguns materiais de interesse estão listados na tabela
10.7 e as temperaturas típicas para alguns meios de imersão para aquecimento ou resfriamento
estão listados na tabela 10.6. No caso de aquecimento por óleo mineral, a temperatura do banho
pode ser controlada convenientemente através do uso de termostatos.

10.1.5 Variação de pressão devido a operação em diferentes temperaturas

Quando o cubo e o eixo são fabricados a partir de materiais distintos e a união é solicitada
em temperaturas diferentes daquela usada na montagem, o comportamento da união deve ser
verificado considerando a variação da pressão Δp devida aos efeitos térmicos. Considerando
temperatura uniforme na união e comportamento linear tem-se:

(αe − αi )(Top − Tamb )


Δp = (10.28)
ki + ke

onde αe e αi são, respectivamente, os coeficientes de dilatação térmica do cubo e do eixo, TOP a


temperatura de operação e Tamb a temperatura ambiente durante a montagem.
Nos casos em que o conjunto opera em temperaturas diferentes daquela de montagem, o valor
de Δp deve ser adicionado aos cálculos de pmin e pmax na equação 10.22.

10 - 9
método temperatura
gelo seco (CO2) -720C
nitrogênio líquido -1900C
óleo mineral (max) +3560C
Tabela 10.6: Temperaturas típicas dos banhos de imersão

α (0C)-1 x10-6 α (0C)-1 x10-6


MATERIAL E (GPa) ν
aquecimento resfriamento
aço carbono 203 0,29 11,0
-8,5
aço ligado 207 0,29 11,0
ferro fundido dúctil 154 0,28 10,0
-8,0
ferro fundido cinzento 118 0,29 10,0
cobre 117 0,32 16,0 -14,0
bronze 109 0,32 17,0 -15,0
latão 104 0,32 18,0 -16,0
alumínio (série 1000) 68,4 0,33 24,1
-18,0
ligas de alumínio 78,4 0,33 23,4
ligas de magnésio 45,3 0,34 26,5 -18,0

Tabela 10.7: Propriedades mecânicas médias dos materiais utilizados neste capítulo. Valores de
α para resfriamento foram adotados conforme a norma DIN 7901.

dimensão nominal (mm) F6 F7 F8 H5 H6 H7 H8 H9


12 16 20 4 6 10 14 25
até 3 6 6 5 0 0 0 0 0
18 22 28 5 8 12 18 30
mais de 3 a 6 10 10 10 0 0 0 0 0
28 28 35 6 9 15 22 36
mais de 6 a 10 13 13 13 0 0 0 0 0
27 34 43 8 11 18 27 43
mais de 10 a 18 16 16 16 0 0 0 0 0
33 41 53 9 13 21 33 52
mais de 18 a 30 20 20 20 0 0 0 0 0
41 50 64 11 16 25 39 62
mais de 30 a 50 25 25 25 0 0 0 0 0
49 60 76 13 19 30 45 74
mais de 50 a 80 30 30 30 0 0 0 0 0
58 71 90 15 22 35 54 87
mais de 80 a 120 36 36 36 0 0 0 0 0
68 83 106 18 25 40 63 100
mais de 120 a 180 43 43 143 0 0 0 0 0
79 96 122 20 29 30 72 115
mais de 180 a 250 50 50 50 0 0 0 0 0

Tabela 10.8: Tabela de ajustes ISO para furos F e H,


afastamentos máximos e mínimos em μm

10 - 10
IT 5 IT 6
dimensão nominal p5 r5 s5 t5 u5 v5 x5 p6 r6 s6 t6 u6 v6 x6
10 14 18 22 24 12 16 20 24 26
até 3
6 10 14 18 20 6 10 14 18 20
17 20 24 28 33 20 23 37 31 36
mais de 3 a 6
12 15 19 23 28 12 15 19 23 28
21 25 29 34 40 24 28 32 37 43
mais de 6 a 10
15 19 23 28 34 15 19 23 28 34
48 51
mais de 10 a 14
26 31 36 41 40 29 34 39 44 40
18 23 28 33 47 53 18 23 28 33 50 56
mais de 14 a 18
39 45 39 45
50 58 63 51 60 67
mais de 18 a 24
31 37 44 41 47 54 35 41 48 41 47 54
22 28 35 50 57 64 73 22 28 35 54 61 68 77
mais de 24 a 30
41 48 55 64 41 48 55 64
59 71 79 91 59 64 76 84 96
mais de 30 a 40
37 45 54 48 60 68 80 42 50 43 48 60 68 80
26 34 43 65 81 92 108 26 34 59 70 86 97 113
mais de 40 a 50
54 70 81 97 43 54 70 81 97
54 66 79 100 115 135 60 72 85 106 121 141
mais de 50 a 65
45 41 53 66 87 102 122 51 41 53 66 87 102 122
32 56 72 88 115 133 159 32 62 78 94 121 139 165
mais de 65 a 80
43 59 75 102 120 146 43 59 75 102 120 146
66 86 106 139 161 193 73 93 113 146 168 200
mais de 80 a 100
52 51 71 91 124 146 178 59 51 71 91 124 146 178
37 69 94 119 159 187 225 37 76 101 126 166 194 232
mais de 100 a 120
54 79 104 144 172 210 54 79 104 144 172 210
81 110 140 188 220 266 85 117 147 195 227 273
mais de 120 a 140
63 92 122 170 202 248 63 92 122 170 202 248
61 83 118 152 208 246 298 68 87 125 159 215 243 305
mais de 140 a 160
43 65 100 134 190 228 280 43 65 100 134 190 228 280
86 126 164 228 270 328 89 133 171 235 277 335
mais de 160 a 180
68 108 146 210 252 310 68 108 146 210 252 310
97 142 186 256 304 370 106 151 195 265 313 379
mais de 180 a 200
77 122 166 236 284 350 77 122 166 236 284 350
70 100 150 200 278 330 405 79 109 159 209 287 339 414
mais de 200 a 225
50 80 130 180 258 310 385 50 80 130 180 258 310 385
184 160 216 304 360 445 113 169 225 309 369 454
mais de 225 a 250
84 140 196 284 340 425 84 140 196 284 340 425
117 181 241 338 408 498 126 190 250 347 417 507
mais de 250 a 280
79 94 158 218 315 385 475 88 94 158 218 315 385 475
56 121 193 263 373 448 548 56 130 202 272 382 457 557
mais de 280 a 315
98 170 240 350 425 525 98 170 240 350 425 525
133 315 293 415 500 615 144 226 304 426 511 626
mais de 315 a 355
87 108 190 268 390 475 590 98 108 190 268 390 475 590
62 139 233 319 460 555 685 62 150 244 330 471 566 696
mais de 355 a 400
114 208 294 435 530 660 114 208 294 435 530 660

Tabela 10.9: Tabela de ajustes ISO para eixos IT 5 e IT 6 de acordo com a NBR 6158,
afastamentos máximos e mínimos em μm

10 - 11
IT 7 IT 8
dimensão nominal p7 r7 s7 t7 u7 v7 x7 p8 r8 s8 t8 u8 v8 x8
16 20 24 28 30 20 24 28 32 34
até 3
6 10 14 18 20 6 10 14 18 20
24 27 31 35 40 30 33 37 41 46
mais de 3 a 6
12 15 19 23 28 12 15 19 23 28
30 34 38 43 49 37 41 45 50 56
mais de 6 a 10
15 19 23 28 34 15 19 23 28 34
58 67
mais de 10 a 14
36 41 46 51 40 45 50 55 60 40
18 23 28 33 57 63 18 23 28 33 66 72
mais de 14 a 18
39 45 39 45
62 68 75 74 80 84
mais de 18 a 24
43 49 56 62 41 47 54 55 61 68 74 41 47 54
22 28 35 41 69 76 85 22 28 35 41 81 88 97
mais de 24 a 30
48 55 64 48 55 64
73 85 93 105 87 99 107 119
mais de 30 a 40
51 59 68 48 60 68 80 65 73 82 48 60 68 80
26 34 43 79 95 106 122 26 34 43 93 109 120 136
mais de 40 a 50
54 70 81 97 54 70 81 97
71 83 96 117 132 152 87 99 112 133 148 168
mais de 50 a 65
62 41 53 66 87 102 122 78 41 53 66 87 102 122
32 73 89 105 132 150 176 32 89 105 121 148 166 192
mais de 65 a 80
43 59 75 102 120 146 43 59 75 102 120 146
86 106 126 159 181 213 105 125 145 178 200 232
mais de 80 a 100
72 51 71 91 124 146 178 91 51 71 91 124 146 178
37 89 114 139 179 207 245 37 108 133 158 198 226 264
mais de 100 a 120
54 79 104 144 172 210 54 79 104 144 172 210
103 132 162 210 242 288 126 155 185 233 265 311
mais de 120 a 140
63 92 122 170 202 248 63 92 122 170 202 248
83 105 140 174 230 268 320 106 128 163 197 253 291 343
mais de 140 a 160
43 65 100 134 190 228 280 43 65 100 134 190 228 280
108 148 186 250 292 350 131 171 209 273 315 373
mais de 160 a 180
68 108 146 210 252 310 68 108 146 210 252 310
123 168 212 282 330 396 149 194 238 308 356 422
mais de 180 a 200
77 122 166 236 284 350 77 122 166 236 284 350
96 126 176 226 304 356 431 122 152 202 252 330 382 457
mais de 200 a 225
50 80 130 180 258 310 385 50 80 130 180 258 310 385
130 186 242 330 386 471 156 212 268 356 412 497
mais de 225 a 250
84 140 196 284 340 425 84 140 196 284 340 425
146 210 270 367 437 527 175 239 299 396 466 556
mais de 250 a 280
108 94 158 218 315 385 475 137 94 158 218 315 385 475
56 150 222 292 402 477 577 56 179 251 321 431 506 606
mais de 280 a 315
98 170 240 350 425 525 98 170 240 350 425 525
165 247 325 447 532 647 197 278 357 479 564 679
mais de 315 a 355
119 108 190 268 390 475 590 151 108 190 268 390 475 590
62 171 265 351 492 587 717 62 203 297 383 524 619 749
mais de 355 a 400
114 208 294 435 530 660 114 208 294 435 530 660

Tabela 10.10: Tabela de ajustes ISO para eixos IT 7 e IT 8 de acordo com a NBR 6158,
afastamentos máximos e mínimos em μm

10 - 12
10.2 Uniões por atrito: ponta cônica e cubos bipartidos

A figura 10.9 ilustra uma união por ponta cônica típica. Este tipo de união é utilizado
principalmente em conjuntos que requerem uma desmontagem rápida do cubo, como é o caso de
mandris de máquinas-ferramenta, hélices de navios e buchas cônicas de rolamentos. A
concentração de tensão no eixo é menor que nos casos de interferência, chavetas e ranhuras.
Em uma união por ponta cônica, a força de atrito entre as superfícies é causada pelo efeito
de cunha obtido pela aplicação de uma certa força axial FA. Geralmente utiliza-se elementos
roscados, de maneira que a força de aperto do parafuso é transferida para o cubo através da porca
ou bucha. Para eixos de diâmetro até 25mm, utiliza-se normalmente porcas padronizadas, mas
para diâmetros maiores, porcas especiais são fabricadas.
Em alguns casos de uniões por ponta cônica são chavetadas, como forma de aumentar a
segurança contra o deslizamento. Tal solução é efetiva nas situações em que o torque de aperto
não pode medido com precisão.

Figura 10.9: Geometria de uma união cônica por atrito

O ângulo de conicidade α é obtido de acordo com o tipo de aplicação específica, de acordo


com a conicidade dada pela tabela 10.8:

1 d2 − d1
tan α = = (10.29)
k L

A força axial necessária em função do torque T é dada por:

2Tn sen(α + φ)
FA ≥ (10.30)
d μ (1 − ST )(1 − R)

onde d é o diâmetro médio do cone, n é um coeficiente de segurança, μ é o coeficiente de atrito


onde μ = tg(φ), ST representa a variação na aplicação da força FA e R é a relaxação pós-aperto.
Para peças de aço, apertadas com torquímetros admite-se R entre 5% e 10% após 48 horas da
montagem (HUSSON, 2008). Na falta de dados experimentais, o coeficiente μ pode ser obtido
pela tabela 10.5 para ajuste obtido por dilatação radial com montagem a seco.
A utilização de um coeficiente de segurança se justifica na equação 10.30, pois a pressão
na interface entre cubo e eixo não é constante devido à conicidade das peças e a aplicação da
força axial através do rosqueamento da porca produz resultados imprecisos, mesmo com a
utilização de torquímetros digitais. Outro problema é a diferença de conicidade entre as peças
devido às tolerâncias de fabricação.

10 - 13
Valores limites para a força axial podem ser obtidos através da força de ensaio da norma
ABNT1088 tomando-se o cuidado de levar em conta reduções uma vez que roscas usinadas tem
resistência menor que as obtidas por rolagem.

Aplicações Conicidade
1: k
- cubos facilmente desmontáveis 1:10
- cubos (caso geral)
1:20
- buchas reajustáveis
- buchas cônicas
1:24
- mancais de deslizamento
- hélices e rotores 1:30
- cone métrico (DIN 233) 1:40

Tabela 10.11: ângulo do cone de atrito em função da aplicação

A figura 10.10 mostra um tipo de união por atrito que utiliza cubo bipartido. Nesse caso a
força de compressão entre as superfícies em contato é dada pela força FAP dos parafusos ou
através de pinos montados por dilatação térmica. Admite-se que os parafusos são apertados até
que a folga inicial Δr seja eliminada pois, a partir do ponto em que as metades do cubo entram em
contato, quase não há acréscimo na força de compressão no eixo. Além disso, uma vez que a
pressão de contato entre o cubo e o eixo não é uniforme, a equação (17) para união por
interferência não pode ser utilizada.

Figura 10.10: esforços atuando em um cubo bipartido

Considerando um cubo apertado por zn parafusos, a pressão média é calculada por:

zn Fap
p
̅= (10.30)
dL

e a relação entre a força de aperto e o torque transmitido é dada por:

1
T ≤ πμdzn Fap (1 − ST )(1 − R) (10.31)
2
onde d é o diâmetro do eixo, μ é o coeficiente de atrito, n é o número de parafusos e Fap é a força
de aperto. Niemann(1956) recomenda que a pressão máxima fique entre 30MPa e 50MPa para
cubos de ferro fundido e entre 50MPa e 90MPa para cubos de aço carbono. Na ausência de dados
experimentais, μ pode ser obtido na tabela 10.5 na coluna referente ao ajuste por dilatação
térmica.

10 - 14
A utilização deste tipo de união, embora bastante comum, não deve ser empregada quando
o torque transmitido T for sujeito a choques ou o conjunto cubo/eixo for sujeito a variações de
temperatura que possam causar afrouxamento dos parafusos.

10.3 Exemplos

Figura para o exercício 10.3.1 Figura para o exercício 10.3.2

10.3.1 Análise de uma união por interferência com montagem axial

O flange do acoplamento da figura será montado no eixo de aço com auxílio de uma prensa
hidráulica utilizando um ajuste por interferência Ø36H7s6.
O eixo é retificado com qualidade média a partir de uma barra de aço carbono com σe = 360 MPa.
O flange é torneado internamente em acabamento e fabricado em aço carbono classe 6.8. A
especificação do projeto pede que se determine o máximo torque transmissível para um lote de
peças e as tensões desenvolvidas no eixo e no cubo devido ao ajuste. Para a montagem do
conjunto é necessário se determinar a força de prensagem considerando k=1,5.

SOLUÇÃO:
Neste exemplo despreza-se o efeito de reforço da aba do flange e a parcela do comprimento do
cubo devida ao raio de adoçamento pois não há garantias de contato entre o cubo e o eixo nessa
região.
Dessa forma, o diâmetro externo do cubo para propósitos de cálculo será considerado como
De=48mm. Da tabela 10.8, obtém-se para o cubo Ø36H7, Amin = 0μm e Amax = 25μm e, da tabela
10.9, para o eixo Ø36s6, amin = 43μm e amax = 59μm.
Uma vez que a montagem se dá por prensagem, haverá perda de interferência pela raspagem de
uma peça sobre a outra. Da tabela 10.3 tem-se:

a) para cubo torneado em acabamento: Rae = 1,6μm


b) eixo retificado com qualidade média: Rai = 0,8μm

As interferências teóricas para o ajuste são, portanto:

Imin = amin − Amax = 43 − 25 = 18μm


Imax = amax − Amin = 59 − 0 = 59μm

10 - 15
e a perda de interferência para o ajuste prensado é calculada por:

∆I = 1,20(Rae + Rai ) = 1,20 (1,6 + 0,8) = 2,88μm

As interferências reais são calculadas por:

Zmin = Imin − ∆I = 18 − 2,88 = 15,12μm


Zmax = Imax − ∆I = 59 − 2,88 = 56,12μm

Da tabela 10.8, para eixo e cubo em aço carbono Ei = Ee = 203GPa e νi = νe =0,29. Os coeficientes
elásticos Ki e Ke são obtidos a partir de Qi e Qe, portanto:

di 0 Di 36
Qi = = = 0 e Qe = = = 0,75
de 36 De 48

1 1 + Q2i 1 1 + 02
Ki = ( − νi ) = ( − 0,29) = 3,50x10−6 mm2 /N
Ei 1 − Q2i 203x103 1 − 02

1 1 + Q2i 1 1 + 0,752
Ke = ( + νe ) = ( + 0,29) = 19,0x10−6 mm2 /N
Ee 1 − Q2i 203x103 1 − 0,752

e as pressões desenvolvidas para o ajuste são:

Zmin 15,12 x 10−3


pmin = = = 18,67 MPa
(K i + K e ). de (3,50 + 19,0)x10−6 . 36
Zmax 56,12 x 10−3
pmax = = = 69,28 MPa
(K i + K e ). de (3,50 + 19,0)x10−6 . 36

O máximo torque transmissível à temperatura ambiente é calculado através da equação 10.24.


Para ajuste prensado aço/aço, o coeficiente de atrito dado pela tabela 10.5 varia entre 0,05 e 0,17.
Adotando valores médios adota-se μ=0,11. Para o caso crítico com p=pmin:

Fat = πμde Lpmin = π. 0,11.36.42.18,67 = 9755 N

2T 2 2T 2
Fat ≥ √02 + ( ) → 9755 ≥ √02 + ( ) → T ≤ 175,6x103 Nmm
de 36

Para o cálculo das tensões utiliza-se as equações 10.13 e 10.14 para o caso p=pmax :

a) eixo maciço em aço carbono com σe = 360MPa e Qi = 0 :

λ(Q i ) = 1,78 → σeq = pmax . λ(Q i ) = 1,78 . 69,28 = 123,3 ≤ 360 (ok)

b) cubo em aço carbono com σe = 480MPa e Qe = 0,75 :

χ(Q e ) = 4,0 → σeq = pmax . χ(Q i ) = 4,0 . 69,28 = 277,1 ≤ 480 (ok)

Finalmente, a força de montagem é calculada pela equação 10.25, onde P = Pmax e k = 1,5. Dessa
forma:

Fmont ≥ πμkde LPmax = π. 0,11. 1,5 . 36 . 42 .69,28 = 54,3x103 N

10 - 16
10.3.2 Projeto de uma união por interferência com montagem radial

A engrenagem de liga de alumínio da figura deve ser montada no eixo de aço carbono através de
um ajuste por interferência, de modo a transmitir um torque de 15Nm e uma força axial de 200N
simultaneamente. O ajuste é feito por aquecimento do cubo em banho de óleo. O furo da
engrenagem possui classe de tolerância ISO N7 e a usinagem do eixo possui classe N6. As
tensões de escoamento são, para o eixo σe = 320MPa e, para o cubo, σe = 210MPa.
Pede-se especificar o ajuste no sistema furo-base, obter as tensões equivalentes para o eixo e o
cubo, e calcular a temperatura do banho de óleo para aquecimento do cubo, considerando uma
temperatura ambiente de 20ºC.

SOLUÇÃO:
Este exemplo despreza a influência da alma da engrenagem e dos filetes da rosca na rigidez do
eixo e do cubo. Dessa forma, considera-se que o diâmetro di corresponde ao diâmetro do pé da
rosca dado pelo capítulo 5.
Para a seleção do ajuste deve-se considerar simultaneamente o critérios de deslizamento, dado
pela equação 10.20 e o critério de resistência mecânica para o eixo e para o cubo, dados pelas
equações 10.13 e 10.14.

a) critério de deslizamento:

A pressão necessária para transmitir os esforços entre o cubo e o eixo é calculada através da
equação 10.24. Para ajuste aço/alumínio por dilatação térmica, o coeficiente de atrito pela tabela
10.5 varia entre 0,05 e 0,06. Adotando valores médios tem-se μ=0,055 , portanto:
2
2T 2 2.15x103
Fat = πμde Lpmin √ 2 √ 2
≥ Fa + ( ) → π. 0,055.25.23. pmin ≥ 200 + ( )
de 25
de onde se obtém pmin ≥ 12,24 MPa .
Os coeficientes elásticos Ki e Ke são calculados a partir da equação 10.21. Dessa forma, para o
eixo, com di =12mm , de=25mm , Ei = 203 GPa e νi = 0,29:

12 1 1 + 0,482
Qi = = 0,48 e K i = ( − 0,29) = 6,45x10−6 mm2 /N
25 203x103 1 − 0,482

e para o cubo, com Di = 25mm , De = 45mm , Ee = 78,4 GPa e νe= 0,33:

25 1 1 + 0,562
Qe = = 0,56 e K e = ( + 0,33) = 28,62x10−6 mm2 /N
45 78,4x103 1 − 0,562

Para a seleção de ajuste utiliza-se a equação 10.20 para o caso limite p=pmin quando Z = Zmin a
fim de se determinar a interferência mínima necessária:

Zmin
pmin = → Zmin = pmin . (K i + K e ). de = 12,24. (6,45 + 28,62)x10−6 . 25
(K i + K e ). de

Resultando em Zmin ≥ 0,011mm = 11μm.

b) critério de resistência mecânica

Para o critério de resistência mecânica utiliza-se as equações (10.13) e (10.14) com as tensões
limites para o eixo e o cubo. Para o eixo, utiliza-se o gráfico da figura 10.8 com Qi=0.48 resultando
em λ=2,3 e, portanto:

10 - 17
σeq = 2,3 . pmax ≤ 320 → pmax ≤ 139 MPa
e, para o cubo, utiliza-se o gráfico da figura 10.8 com Qe = 0,56, resultando em χ = 2,5:

σeq = 2,5. pmax ≤ 210 → pmax ≤ 84 MPa

Comparando ambos os critérios, verifica-se que o cubo é mais suscetível ao dano devido à
pressão do ajuste que o eixo. Utilizando, a equação 10.20 para o caso limite p=pmax= 84 MPa
quando Z=Zmax obtém-se:

Zmax
pmax = → Zmax = pmax . (K i + K e ). de = 84 . (6,45 + 28,62)x10−6 . 25
(K i + K e ). de

Resultando em Zmax ≤ 0,074mm = 74 μm.


Adotando-se agora o sistema furo-base com furo de qualidade 7 e fixando, por exemplo, as
dimensões do furo em Ø25H7, obtém-se na tabela 10.8, Amin = 0µm e Amax = 21µm. Lembrando
que, para ajuste obtido por dilatação térmica, ∆I = 0, os afastamentos máximo e mínimo para o
eixo são calculados através de:

Zmin = amin − Amax − ∆I ≥ 11 → amin ≥ 11 + 21 + 0 = 32μm

Zmax = amax − Amin − ∆I ≤ 74 → amax ≤ 74 + 0 + 0 = 74μm

Para o projeto da união deve-se especificar para o eixo um ajuste que possua as seguintes
características: IT 6, amin ≥ 33µm e amax ≤ 74µm. Na tabela 10.9 com d = 25mm pode-se selecionar
os seguintes ajustes para o eixo:

ajuste s6 t6 u6 v6
amax (μm) 48 54 61 68
amin (μm) 35 41 48 55

Considerando os extremos da tabela acima, o ajuste Ø25v6 é capaz de suportar um esforço bem
maior que aquele especificado, uma vez que o afastamento mínimo é bem maior que os 33μm
exigidos pelo critério de escorregamento. Esse ajuste prioriza a performance da união em
detrimento da segurança ao escoamento. Por outro lado, no ajuste Ø25s6 as tensões
desenvolvidas no eixo e no cubo são bem menores que as tensões de escoamento envolvidas
pois o afastamento máximo é muito inferior ao limite de 74μm exigido pelo critério de resistência
mecânica para o cubo.
Finalmente, a temperatura necessária para o aquecimento do cubo é obtida através da equação
10.27. Da tabela 10.7, obtém-se para o cubo α = 23,4x10-6 0C-1. Assim, para os extremos da tabela
acima:

a) ajuste Ø25H7s6
Imax = amax − Amin = 48 − 0 = 48μm
Imax + F 48x10−3 + 5x10−4 . 25
Tmont = Tamb + = 20 + = 123,40 C
α. de 23,4x10−6 . 25
b) ajuste Ø25H7v6
Imax = amax − Amin = 68 − 0 = 68μm
Imax + F 68x10−3 + 5x10−4 . 25
Tmont = Tamb + = 20 + = 157,60 C
α. de 23,4x10−6 . 25

10 - 18
8.3.3 Análise de uma união por ponta cônica

O cubo da hélice da figura abaixo é fixado ao eixo de aço classe 6.8 através de uma ponta cônica
cujo diâmetro médio é de 30mm. A força axial é dada pelo aperto de uma porca M16x1,5. Pede-
se determinar o máximo torque que pode ser transmitido entre a hélice e o eixo sem provocar
deslizamento da união e o torque de aperto na montagem da porca utilizando um coeficiente n =
2,2. Considere que o parafuso é apertado até 50% da força de ensaio definida pela NBR 8855,
que ocorre uma relaxação de 10% da união aparafusada após o aperto e que ST = 0,20.

SOLUÇÃO:
Da tabela 10.11, para a fixação da hélice
será utilizado um eixo de conicidade 1:30.
Da tabela 10.5 para ajuste radial aço/aço o
coeficiente de atrito μ varia entre 0,07 e
0,19. Adotando valores intermediários tem-
se µ=0,13.
1
α = atan ( ) → α = 1,9090
30
φ = tg −1 μ = 7,4070

Do capítulo 5, para parafuso M16x1,5


classe 6.8 obtém-se Fens = 100kN, o que
resulta em FA = Fap = 0,5Fens = 50kN.
Portanto, pela equação 10.27, o máximo
torque admissível é:

FA d μ (1 − 2. ST )(1 − R) 50x103 . 30 . 0,13 . (1 − 2 . 0,20)(1 − 0,10)


T≤ = = 147,84x103 Nmm
2 n sen(α + φ) 2 . 2,2 . sen(1,9090 + 7,4070 )

Finalmente, o torque de aperto no prisioneiro pode ser calculado por:

TAP = 0,20. FAP . d = 0,20 . 50x103 . 16 = 160x103 Nmm = 160 Nm

10.4 Exercícios
1) A polia em alumínio série 1000 da figura A será fixada ao eixo de aço carbono através de
um ajuste Ø34H7s6. A montagem será feita com auxílio de uma prensa hidráulica à
temperatura ambiente. As superfícies de contato foram, ambas, torneadas em acabamento.
O eixo é de classe 4.8 e a polia tem σe = 180MPa. Despreze o efeito da alma da polia no
cálculo de Ki e Ke. Pede-se determinar:

a) o máximo torque transmissível pela união à temperatura ambiente e os coeficientes


de segurança para resistência mecânica para o eixo e para a polia,
b) a força necessária para a montagem do conjunto considerando k=1,5.

2) Considerando a união da polia do exercício anterior, qual o máximo torque transmissível


assumindo um aumento de temperatura na união de 800C.

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3) Considerando ainda a montagem da polia da figura A, se o projetista optar por uma
montagem por variação de temperatura, qual o ganho percentual em termos do máximo torque
transmissível?

4) A figura B representa a união do cubo de uma engrenagem ECDH com um eixo vazado. A
engrenagem é fabricada em aço 34Cr4 com σe = 480MPa e o eixo é fabricado em aço 4340
com σe = 580MPa. A montagem se dá por aquecimento do cubo em banho de óleo (montagem
lubrificada). Pede-se:

a) selecionar um ajuste no sistema furo-base com furo H7 e eixo com qualidade 6 de


modo que a engrenagem possa transmitir um torque de 35Nm e uma força axial
Fa=1500N e que nmec ≥ 1,5 para o eixo e para o cubo.
b) calcular a temperatura de montagem assumindo aquecimento do eixo e Tamb = 300C
c) assumindo que a desmontagem do conjunto será feita com auxílio de uma prensa,
calcular a força de desmontagem assumindo k=1,5.

5) A figura C representa o cubo de uma polia de liga de alumínio, o qual é fixado ao eixo
através de uma união tipo ponta cônica. A força axial é fornecida através de 4 parafusos M8x1
classe 5.8. Os parafusos são apertados com uma chave manual com ST = 0,25 até um torque
de 15Nm. Considere uma relaxação de 5% após o aperto. Pede-se determinar o diâmetro d
mínimo para que a polia transmita um torque de 100Nm com uma segurança n=1,5. Considere
Kap = 0,20.

6) No exercício anterior, se os parafusos fossem apertados até o escoamento:


a) qual o torque de aperto nos parafusos?
b) qual o máximo torque transmissível entre a polia e o eixo assumindo d=40mm?

7) A figura D representa o cubo bipartido de uma engrenagem de aço carbono. A fixação do


cubo se dá através de dois parafusos M16x1,5 classe 8.8 apertados com um torque tal que
Fap=0,7Fens, onde Fens é a força de ensaio dada pela ABNT 8855. Pede-se determinar o
máximo torque transmissível entre o eixo e a engrenagem.

8) Considerando ainda o cubo bipartido da engrenagem da figura D e sabendo que o torque


a ser transmitido entre a engrenagem e o eixo é de 250Nm, determinar a classe de resistência
de dois parafusos M12 de rosca fina sabendo que os parafusos são apertados com Fap=0,5Fens
e que L = 50mm.

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Respostas parciais:
1) Tmax = 13,48 Nm , eixo com nmec = 6,47 , cubo com nmec= 1,75 , Fm ≥ 1623 N
2) Tmax = 5 Nm
3) ganho = 74,9%
4) ajustes possíveis: Ø24H7r6, Ø24H7s6
5) dmin = 34mm
6) dmin = 26mm

10.5 Bibliografia

Agostinho, OL, ‘Tolerâncias; Ajustes; Desvios e Analise de Dimensões’, Ed. Edgard Blücher, 1a
ed, 1977.

Husson, W, ‘Friction Connections with Slotted Holes for Wind Towers’, Lulea University of
Technology, 2008.

Timoshenko, S, Goodier, JN, ‘Theory of Elasticity’, 3rd ed, Mc Graw Hill India, 2010 .

Gosh, SP, Dattanguru, B, Rao, AK, ‘Photoelastic Studies on Progress of Separation in


Interference Fits’, Experimental Mechanics, 22(1), 1982.

Niemann, G, ‘Elementos de Máquinas’, Ed. Edgard Blücher, 7a ed, v.1, 1995.

Shigley, JE, Mischke, CR, Mechanical Engineering Design, McGraw-Hill Int. Editions, 5th ed.,
New York, 1989.

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