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Materiais Cerâmicos

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Materiais cerâmicos: definição

Os materiais cerâmicos são:


materiais inorgânicos,
não metálicos,
formados por elementos metálicos e não metálicos
ligados quimicamente entre si,
fundamentalmente por ligações iónicas e/ou covalentes.

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Materiais cerâmicos na tabela periódica de elementos

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Ligação iónica
⚫ A maioria das ligações iónicas ocorrem entre elementos metálicos e não-metálicos que
apresentem grande diferença na sua electronegatividade.

⚫ Estruturas ligadas ionicamente tendem a ter ponto de fusão elevado, uma vez que as
ligações são fortes e não direccionais (a força de ligação é igual em todas as
direcções).

⚫ Os átomos num composto iónico arranjam-se de forma que todos os iões positivos têm
como vizinho mais próximo iões negativos, sendo as forças atractivas iguais em todas
as direcções.

⚫ A grandeza da força de ligação obedece à


Lei de Coulomb

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Ligação covalente
Definição: Na ligação covalente existe partilha dos electrões de valência
(electrões das orbitais mais externas)

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Ligação covalente
Ao contrário da ligação iónica, a ligação covalente é direccional,
formando ângulos bem definidos

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Tipo de cerâmico Ponto de fusão ° % Carácter covalente % Carácter iónico

Oxido de Magnésio
MgO 2798° 27% 73%

Oxido de alumínio Al2O3 2050° 37% 63%


Dióxido de silício
1715° 49% 51%
SiO2
Nitreto de silício
Si3N4
1900° 70% 30%
Carboneto de silício
SiC 2500° 89% 11%
Comparação entre a percentagem (%) do carácter iónico e covalente de vários compostos cerâmicos e das
respectivas temperaturas de fusão.
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Características dos cerâmicos
• Formados por óxidos, nitretos, carbonetos e silicatos;
• Elevada dureza e rigidez;
• Muito frágeis em tracção (quase sempre rompem por
clivagem);
• Muito resistentes em compressão;
• Resistentes ao desgaste;
• Suportam as mais elevadas temperaturas;
• Ductilidade/tenacidade zero
• Isolantes eléctricos
• Maus condutores de calor.
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ESTRUTURAS DOS CERÂMICOS (Cristalinos)
Apesar das estruturas serem semelhantes às dos metais, muitos sistemas de deslizamento
não são activos porque o deslizamento em certos planos aproximaria iões de cargas iguais
que se iriam repelir. Isto não acontece nos metais porque os átomos são neutros.

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Esta situação explica a dureza e a fragilidade dos cerâmicos. Não podendo
deslizar, estes materiais fracturam com pouca deformação plástica.

Além disso a maior porte das estruturas


cerâmicas são bastante complexas:

Exemplo: Cristobalite (variante da sílica


SiO2, as outras são o quartzo e a tridimite)
– nenhuma das formas é compacta – baixa
densidade.

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Organização de materiais cerâmicos

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Utilização de materiais cerâmicos

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MATERIAIS CERÂMICOS

– Cerâmicos Tradicionais e de Engenharia


(técnicos) – materiais cristalinos

– Vidros – materiais amorfos

- Vidros cerâmicos – Materiais semi-


cristalinos (cristais numa matriz vítrea)

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CERÂMICOS TRADICIONAIS

(à base de argila, sílica e feldspato)


Argila (37% Al2O3, 46% SiO2 e 14% H2O)+3%(+TiO2, Fe2O3, MgO, CaO,
Na2O e K2O) –Moldabilidade
Sílica (SiO2) -Refractariedade e eleva Tf
Feldspato (K2O. Al2O3.6SiO2) -Liga os diversos constituintes e baixa Tf
Aplicações:Tijolos, telhas, porcelana…

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CERÂMICOS TÉCNICOS

Constituídos por compostos puros (ou quase puros), tipo óxido de


alumínio (Al2O3), carboneto de silício (SiC) e Nitreto de Silício (Si3N4).

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23/11/2020 Safira: alumina mono-cristal 20
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Aplicações

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Outros exemplos:

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TRATAMENTOS TÉRMICOS

É uma etapa essencial. Podem ser três tipos diferentes:


a) Secagem e remoção do ligante (antes do aquecimento):
Para remoção de água a temperatura é menor que 100ºC.
Para remoção de ligantes orgânicos a temperatura está entre 200 e 300ºC
Aumenta a resistência do aglomerado

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b) Sinterização no estado sólido:
Pequenas partículas ligam-se através de difusão no estado sólido (T < Tf, mas muito elevadas).
Transforma um compacto poroso num produto resistente e denso.

F
Pós Prensagem / Sinterização
conformação

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MICROESTRUTURA

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c) Vitrificação (ou sinterização com fase líquida) – cerâmicos tradicionais:
Na fase vítrea a difusão pode ocorrer a temperaturas mais baixas.
Durante o tratamento (cozimento), a fase vítrea liquefaz-se e preenche os poros do material.

MICROESTRUTURA

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a) conformação → pressurização isostática (esboço)
b) Maquinagem (aproximação da forma final)
c) Sinterização (T>1000ºC; algumas horas)
d) Acabamentos (polimento / pintura / verniz)

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VIDROS (CERÂMICOS AMORFOS)

SiO2 B2O3 Al2O3 Na2O CaO MgO K2O ZnO PbO Utilização
Sílica vítrea 100 Vidro alta pureza(*)
Borosilicato 76 13 4 5 1 Vidro p/ química
Vidro (janelas) 72 1 14 8 4

Vidro (conten.) 73 2 14 10

Fibra vidro E 54 8 15 22 Fibras p/ compósitos


Verniz 60 16 7 11 6

Esmalte 34 3 4 17 42 Revestimento p/ metais

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Propriedades dos vidros

líquido

Estrutura
cristalina

líquido super
Volume específico
arrefecido
(vol/massa) Arrefecimento
Arrefecimento sólido cristalização lento
rápido amorfo

Vidro
(Amorfo)
sólido
cristalino
Tg Tm
Tg  temperatura de transição vítrea
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Tm  temperatura de fusão cristalina
Vidros
⚫ Vidros à base de silica (é o vidro mais comum na vida quotidiana (embalagens,
janelas, lentes, etc.)

⚫ silica - dióxido de silício SiO2 (forma uma fase vítrea, formador da rede)
⚫ sólido amorfo formado por SiO2 e outros óxidos como CaO (cal) e o Na2O
(soda) (modificadores da rede).

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Os modificadores (a cal, CaO e a soda, Na2O não...) diminuem o ponto de fusão e a
viscosidade do vidro (torna mais fácil a conformação a uma temperatura mais baixa).

Quebram a rede de sílica (fase vítrea) e introduzem-se no interior da rede, tornando o vidro
menos rígido e denso. O CaO e o MgO também melhoram a resistência química do vidro.
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Os intermediários (TiO2 e alumina Al2O3) podem conferir propriedades específicas e
substituem directamente a sílica na estrutura, ou seja, são também formadores de rede.

Exemplos: 12% de B2O3 para fazer Pirex (baixa o coeficiente de expansão, mantendo a temperatura
de conformação).
23/11/2020 Alumino-silicatos: maior resistência à temperatura. Chumbo: lentes protectoras de radiação. 43
Conformação de vidros
Ponto de Fusão: T na qual a viscosidade
é 100 Poise (10 Pa.s). O vidro pode ser
considerado um líquido.
Ponto de Operação: T na qual a
viscosidade é 104 poises. O vidro pode ser
facilmente deformado.
Ponto de amolecimento: T na qual a
viscosidade é 4x107 poises. Máxima
temperatura para evitar alterações
conformação dimensionais significativas.
Ponto de recozimento: T na qual a
viscosidade é 1013 poises. As tensões
residuais podem ser removidas em 15
min. de tratamento térmico.
Ponto de deformação: T na qual a
viscosidade é 3x1014 poises. Abaixo desta
T depende da composição temperatura o vidro fica frágil.
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Conformação de vidros
⚫ Métodos:
⚫ Prensagem: peças espessas, pratos e louças

aplicação de pressão num molde de f.f revestido com grafite


⚫ Insuflação: objectos de arte (método manual), jarras, garrafas, lâmpadas.

⚫ Estiramento: lâminas,
barras, tubos e fibras

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Tratamento térmico
Recozimento

Aliviar tensões internas originadas pela diferença na taxa de arrefecimento e da


contracção térmica entre a região superficial e o interior do material.
O choque térmico pode enfraquecer o material e até levar à sua fractura.
O material é aquecido até o ponto de recozimento e lentamente arrefecido até à
temperatura ambiente.

Têmpera do vidro

Indução intencional de tensões de superfície de natureza compressiva.


O material é aquecido Tg < T < Tamolecimento e arrefecido até à temperatura ambiente.
A superfície externa arrefece mais rápido pelo que o interior tende a contrair o exterior.
Este processo aumenta a resistência do vidro porque, para ocorrer a fractura, as
tensões aplicadas têm que vencer estas forças de compressão.

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COMPORTAMENTO MECÂNICO DE CERÂMICOS E VIDROS

CHOQUE TÉRMICO

• Fenómeno frequente nos


cerâmicos, devido às elevadas
temperaturas de trabalho e à sua
fragilidade
• Quebram devido a fortes
gradientes de temperatura
durante o arrefecimento
• A sensibilidade ao choque
térmico aumenta com a
diminuição da condutividade
térmica e o aumento do
coeficiente de expansão térmica

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Comportamento dos cerâmicos perante aplicação de um
esforço (tracção e compressão)

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COMPORTAMENTO MECÂNICO DE CERÂMICOS E VIDROS

COMPORTAMENTO FRÁGIL • Ensaio de tracção é difícil de fazer e dá


dispersão de resultados muito grande
• Característica típica dos cerâmicos:
melhor resistência em compressão • Fazem-se ensaios de flexão!
que em tracção.
• Comportamento partilhado por
ferros fundidos e betão

Al2O3 policristalina

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COMPORTAMENTO MECÂNICO DE CERÂMICOS E VIDROS

ENSAIO DE FLEXÃO
• Ensaio de flexão permite calcular
o MOR semelhante à resistência
à tracção e o módulo de rigidez

• A obtenção de valores deve


recorrer a métodos estatísticos!

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