Você está na página 1de 34

CÉLULAS SOLARES DE SILÍCIO

PARTE 2 – Materiais e processos


Adnei Melges de Andrade
Março de 2022

1
Processos de fabricação de CS de silício
substratos de Si monocristalino e multicristalino
Junção p-n por difusão térmica

3
Contatos elétricos- 1
Os contatos da célula solar são feitos com a deposição de
metais sobre as superfícies dos semicondutores tipo p e tipo n
que permitem conexão elétrica de baixa resistência da célula
ao circuito externo.

O contato posterior pode ser toda a superfície metalizada. O


contato frontal deve ter um compromisso entre mínima área
de recobrimento e mínima contribuição à resistência série da
célula. “BUS BAR”

LINHA
S
ou
“dedos”

área da célula
Preparação dos contatos - 2
Para a fabricação dos contatos várias são as técnicas utilizadas.
Destacam-se os processos de serigrafia com pastas de prata e alumínio,
principalmente.

A grade de contatos é definida por serigrafia para aplicação das pastas


condutivas e os substratos são levados a um forno de esteira para cura.

Excetuado o substrato de silício, as pastas para contatos são os insumos


mais dispendiosos na fabricação das células solares.

Alternativamente podem ser depositados por processos químicos de


troca iônica de níquel ou cobre, seguido de espessamento por
deposição eletrolítica ou por liga de Sn-Pb em ondas (fase fundida).
Camadas anti-refletoras - 1
Para melhor aproveitar a luz incidente texturiza-se a superfície do silício
e depositam-se camadas anti-refletoras. No exemplo, com camadas de
nitreto de silício, as diferentes cores decorrem das diferentes espessuras
das camadas CAR.
Camadas antirrefletoras - 2
As perdas por reflexão da luz incidente para uma interface silício (n=3,8) - ar (n=1) são
significativas (cerca de 30% na maior parte do espectro visível). O uso de camadas
antirrefletoras (CAR) reduz consideravelmente as perdas. Materiais como nitreto de
silício, monóxido de silício (SiO) e dióxido de estanho (SnO2) são muito usados em
camadas anti-refletoras. Interferência destrutiva - Interferência construtiva
não há onda refletida a onda é refletida
Refletância em função do comprimento de onda em CAR
com índice de refração 1,9 e 2,3, com espessura otimizada
para λ=600nm. A linha tracejada ilustra o efeito do
encapsulamento com vidro

d1=λo/4n1

A onda penetra A onda não chega


no semicondutor ao semicondutor
Camadas anti-refletoras - 3
A redução da reflexão na superfície das C.S de Si-monocristalino
aproveita o fato do substrato monocristalino ser sensível a decapagem
anisotrópica. É possível texturizar a superfície do silício de orientação
<100> gerando pirâmides com dimensões entre 1μm a 15 μm (altura e
lado da base).
Substratos de silício – 1
As células solares de silício monocristalino e policristalino são
produzidas por processos químico-metalúrgicos na etapa de fabricação
do substrato e por processos físico-químicos nas etapas de preparação
da junção p-n, deposição dos contatos metálicos e deposição da camada
antirrefletora.
O Processo Siemens é o mais utilizado. O silício de partida é material
grau eletrônico, o mesmo utilizado para a indústria de microeletrônica.
O Processo FBR (Fluidized Bed Reaction) produz pequenos grãos.

Siemens

FBR grãos
9
Substratos de silício - 2
Processos

Silício Grau SiO2+2C  Si+2CO


Metalúrgico (s) (s) (s) (g)
forno de redução a arco

Si+3HCl  SiHCl3 +H2


Triclorosilano (s) (g) (g) (g)
(TCS)
reator de leito fluidizado

Purificação do TCS SiHCl3 SiHCl3


(l) (g)
colunas de destilação

Deposição do Silício SiHCl3 + H2  Si + 3HCl


Grau Eletrônico (g) (g) (s) (g)

Processo Siemens - Reator CVD


Silício grau metalúrgico - a
Si-GM
Silício grau metalúrgico - b
Reator com eletrodos submersos
Silício grau metalúrgico - c
Reator com eletrodos submersos
Substratos de silício - d
Si-GM – Lingoteiras de zirconita
Obtenção do triclorosilano - TCS
• Si-GM obtido é fragmentado para reagir
com HCl em reator de leito fluidizado

Si-GM
(pó)

H2
HCl

SiHCl3
HCl
vaporizador SiH2Cl2
Anidro
SiCl4
SiH4

Reator de leito fluidizado Condensador

O Produto buscado é o triclorosilano - TCS


Silício policristalino de alta pureza
Si-GE
TCS purificado  Si-Grau eletrônico : Reatores "Siemens"
Silício obtido por FBR
Fluidized Bed Reactor
Processo FBR chega a reduzir em 80% o consumo de energia para a produção de Si-Policristalino

Siemens é um processo por lotes FBR é um processo contínuo

Reator Siemens Reator de leito fluidizado


Silício FBR e silício “Siemens"
Uso de Si-FBR reduz custo de produção de silício monocristalino
Czochralski

A geometrias combinadas Siemens e


FBR podem ser combinadas para
reduzir custos de produção:

• pela redução do tempo de


carregamento do cadinho
• pela redução do uso de energia
• pelo aumento da produtividade
por “batch” - Lingotes maiores.
• pela simplificação da logística de
transporte e de tratamento do Si,
que não necessita ser quebrado.
Monocristais - Processo Czochralski
Lingotes de silício monocristalino são “crescidos” a partir de silício de
alta pureza, replicando a estrutura cristalina de uma “semente” de
orientação desejada. Silício obtido pelos processos Siemens e grãos
esféricos obtidos pelo método FBR (Fluidized Bed Reactors) são
utilizados. Uso do FBR leva a menores custos de produção.
(Tf= 1412 °C)

19
“Puxador” Czochralski – Si estrutura
cúbica de face centrada

20
Silício multicristalino de estrutura colunar
solidificação unidirecional

Si fundido

Si-GE no cadinho

silício resfriado
bloco a ser usinado
cadinho se desloca
21
Lâmina de silício multicristalino
Lâminas de silício
Os lingotes de Si monocristalino são “fatiados” em lâminas (wafers) de
fina espessura (0,16mm ~ 0,2mm). Em 1990 a espessura era > 0,4mm!
O consumo de silício para CS caiu de 16g/Wp para 3g/Wp entre 2004 e
2021 como resultado do aumento na eficiência das CS
fonte: ITRPV 2015; ISE 2016 without; 2017 to 2020 with
recycling of Si. Graph: PSE Projects GmbH 2021

23
Corte dos lingotes de silício
a) Corte com múltiplos fios metálicos e
suspensão de abrasivo (SiC).

b) Corte com fios diamantados eletrodepositados


DWS (Diamond Wire Sawing).
Corte dos substratos
Corte dos substratos
Corte com DWS (Diamond Wire Saw) e a reciclagem de materiais envolvidos no
corte tem sido fundamentais para redução de custos substratos de
silício monocristalino e si-multicristalino e módulos fotovoltaicos.
Tecnologias de corte para lâminas de silício
Produção mundial de módulos de silício
Si-mono: 120,6 GW Si-multi: 23,3 GWp Filmes finos: 7,7 GWp
em 2020
Porcentagem da produção anual

ISE Fraunhofer February, 2022 Report


27
Caracterização das células solares
A curva característica IxV da célula solar pode ser traçada variando um resistor
aplicado em seus terminais e registrando a tensão e a corrente entre seus terminais.
Resposta espectral de célula solar com
cobertura de vidro
A relação entre a corrente fotogerada e a potência luminosa incidente. Em
comprimentos de onda curtos, abaixo de 400 nm, o vidro absorve a maior parte da luz
e a resposta da célula é baixa. Em comprimentos de onda médios, a célula tem
comportamento próximo ao ideal. Em comprimentos longos, a resposta vai a zero.

Célula ideal
Resposta espectral

Célula medida
(A/W)

Comprimento de onda (μm)


Evolução da eficiência de conversão-laboratório
(%)

Progress in Photovoltaics: Research and Applications, 1993-2021.


Graph: Fraunhofer ISE 2021 . Date of data: Nov. 2021
EPBT- Tempo de recuperação da energia
Módulos de Si-monocristalino instalados em tetos
kWh.m-2/ano

1,3 anos

1,0 ano

Fonte: Lorenz Friedrich, Fraunhofer ISE-Imagem JRC E.C. Graph PSE 2020
POTÊNCIA INSTALADA DE RENOVÁVEIS POR
TECNOLOGIA 2003-2019
Fonte: REN21 Renewables 2020 Global Status Report
Matriz Elétrica Brasileira projeção para 2040
http://energygreenbrasil.com.br/wp-content/uploads/2017/06/apresentacao-estudo.pdf
no estudo “Cadeia de valor da energia fotovoltaica no Brasil"

Fonte: BNEF, 2016b, adaptada por Clean Energy Latin America, apud SEBRAE, 2017 33
Referências
1 – D.A. Horazak and J.S. Brushwood, “Renewables prospect in today’s conventional power generation
market, Renewable Energy World, Vol. 2, No. 4, July, 1999, p.36, apud www.pveducation.org - Solar
Cells
2 – K. Mertens, “Photovoltaics, fundamentals, technology and practice”, 2014, Wiley, UK.
3 – PV education, http://www.pveducation.org/pvcdrom/manufacturing/first-photovoltaic-devices
4 – REN 21 Renewable 2020 Global Status Report, https://www.ren21.net/wp-
content/uploads/2019/05/gsr_2020_full_report_en.pdf
5- IRENA World Energy Transitions Outlook 2021

• O material aqui exposto tem origem em textos próprios, fotografias tomadas nos locais de produção
e em pesquisa na web.

Você também pode gostar