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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE CIÊNCIAS E LETRAS


DE RIBEIRÃO PRETO

Isadora de Sousa Garcia 10785694

RELATÓRIO
EXPERIMENTO IV. LENTES

Ribeirão Preto
Maio de 2021
2

Sumário

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 3

2. RESULTADOS E DISCUSSÕES ...................................................................................... 5

3. CONCLUSÕES ............................................................................................................... 11

4. BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................. 12
3

1. INTRODUÇÃO

Uma lente é um sistema óptico limitado por duas superfícies refratoras. Para entender seu
comportamento e suas propriedades, é preciso conhecer qual trajetória a luz assume ao passar
pela lente. Dessa forma, temos:

Figura 1. Esquema representativo trajetória do feixe para uma lente plana convergente.

Figura 2. Esquema representativo trajetória do feixe para uma lente plana divergente.

A caracterização das lentes e determinação de seus respectivos focos, podem ser realizadas
a partir de dois métodos. O primeiro, é denominado como método dos pontos conjugados,
conforme representação a seguir.

Figura 3. Esquematização do método dos pontos conjugados.

A partir desse método, podemos definir a seguinte equação:

1 1 1
+ = (Equação I)
𝑜 𝑖 𝑓
4

O segundo método é denominado método de Bessel, que consiste na projeção de uma


imagem no anteparo, considerando uma distância fixa (𝐷), dada pelo intervalo de duas posições
diferentes da mesma lente.

𝑃1
𝑃2

Figura 4. Esquematização do método de Bessel.

Com base nisso, obtemos a seguinte equação:

𝐴2 − 𝐷2 (Equação II)
𝑓=
4𝐴

É importante ressaltar que essa equação só é válida para 𝐴 > 4𝑓.

O último e não menos importante, é um método utilizado para determinar a distância focal
de uma lente divergente, utilizando para isso uma associação entre os dois tipos de lente a uma
distância determinada (𝑙). Segue representação:

Figura 5. Esquematização do método para determinar foco de uma lente divergente.

Este possui relação com a seguinte equação:

𝑂𝐷 = 𝑖𝑐 − 𝑙 (Equação III)

Esse método é realizado com base na posição do objeto 𝑜 (representado pelo ponto A) e
da lente convergente, cuja relação fará uma imagem 𝑖𝑐 (representada pelo ponto B) se formar.
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Ao inserir uma lente divergente, 𝑖𝑐 passa a ser um objeto, projetando uma imagem 𝑖𝑑
(representada pelo ponto B’) no anteparo.

Antes de aplicar esses métodos às lentes convencionais de vidro, serão utilizadas lentes
planas, conforme representação nas figuras 1 e 2. O termo “plana”, se dá, pois, essas lentes
representam uma seção diametral de uma lente com simetria circular. Esta última converge ou
diverge radialmente, enquanto as anteriores produzem esse efeito apenas sobre um eixo.

Os espelhos são classificados em duas categorias: côncavos e convexos. A projeção da


imagem em espelhos côncavos, é definida de acordo com a posição do objeto em relação ao
vértice e foco do espelho, conforme representado na figura a seguir.

Figura 6. Esquema representativo da reflexão de um espelho côncavo.

Figura 7. Esquema representativo da reflexão de um espelho convexo.

Desse modo, é possível perceber que, em espelhos convexos, independentemente de onde


o objeto é posicionado, a imagem sempre será a mesma (virtual, direita e menor que o objeto).
Para os espelhos, serão utilizadas duas equações:
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𝐴′ 𝑆′ (Equação IV)
𝑚= =
𝐴 𝑆

1 1 1 2
+ = = (Equação V)
𝑆 𝑆′ 𝑓 𝑟

2. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Para determinar os raios de curvatura das respectivas lentes, utilizaremos a relação a seguir:

𝑑 𝐿2
𝑟= + (Equação VI)
2 8𝑑

Onde há uma convenção de sinais, no qual o raio de curvatura é positivo para superfície
convexa e é negativo para côncava. Como as lentes foram desenhadas no papel milimetrado,
foi possível obter os valores de 𝑑 e 𝐿, conforme esquema abaixo.

Figura 8. Esquema representativo para cálculo do raio de curvatura de uma lente.

Para o cálculo das incertezas, chegamos à relação a seguir.

2 2
1 1 𝐿 (Equação VII)

𝜎𝑟 = [( − 2 ) 𝜎𝑑 ] + ( 𝜎𝐿 )
2 8𝑑 4𝑑

Assim, desenhando as lentes em papel milimetrado e medindo os dados necessários para


encontrar os raios de curvatura pela equação VI, temos:
7

Figura 9. Dados da largura e espessura para as lentes plano côncava, biconvexa, bicôncava, e plano convexa,
respectivamente.
8

Desse modo, considerando a convenção de raio de curvatura positivo em superfície


convexa e negativo na superfície côncava:

Lente 𝒓𝟏 (𝒄𝒎) 𝒓𝟐 (𝒄𝒎)


Plano Côncava ∞ −11,43 ± 0,03
Biconvexa 11,69 ± 0,03 11,69 ± 0,03
Bicôncava −11,69 ± 0,03 −11,05 ± 0,03
Plano Convexa 11,05 ± 0,03 ∞

Tabela 1. Relação dos raios de curvatura de cada uma das lentes.

Sabendo os raios de curvatura das lentes, apresentado na tabela anterior, e tendo o índice
de refração do acrílico encontrado como resultado da última prática, 𝑛 = 1,47 ± 0,07, é
possível calcular o foco das lentes, conforme equação abaixo.

1 1 1
= (𝑛 − 1) ( + ) (Equação VIII)
𝑓 𝑟1 𝑟2

Já a propagação de incerteza do foco foi feita a partir da média dos raios de curvatura e
seus desvios, por meio da equação de propagação descrita a seguir.

2 2 2

−(𝑛 − 1)−2 (𝑛 − 1)−1 (𝑛 − 1)−1


𝜎𝑓 = √( 𝜎𝑛 ) + ( 𝜎𝑟 ) + ( 𝜎𝑟 ) (Equação IX)
1 1
(𝑟 + 𝑟 ) 1 1 2 2 1 1 1 2 2 2
1 2
(𝑟 + 𝑟 ) 𝑟1 (𝑟 + 𝑟 ) 𝑟2
1 2 1 2

Quando o raio tende a infinito, um dos termos da equação VII tende a zero, portanto, temos,
em módulo:

Lente 𝒇𝒆𝒙𝒑 (𝒄𝒎) 𝒇𝒄𝒂𝒍𝒄𝒖𝒍𝒂𝒅𝒐 (𝒄𝒎)


Plano Côncava 21,11 ± 1,18 24,31 ± 3,66
Biconvexa 12,41 ± 0,94 12,44 ± 1,86
Bicôncava 10,81 ± 1,10 12,09 ± 1,82
Plano Convexa 22,63 ± 0,83 23,51 ± 3,54

Tabela 2. Comparação entre o foco obtido experimentalmente e o foco calculado pela Equação VII.
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A próxima etapa é determinar a distância focal de algumas lentes de vidro a partir do


método dos pontos conjugados, cuja relação é descrita pela equação I.

Lente 𝒇𝑷𝑪 (𝒄𝒎)


1 5,06 ± 0,23
2 9,94 ± 0,27
3 15,06 ± 0,48
4 19,61 ± 0,82

Tabela 3. Resultados de média das distâncias focais para três posições de objeto diferentes.

Repetiu-se o mesmo procedimento anterior, com três posições diferentes do objeto, porém
o cálculo das distâncias focais será realizado a partir do método de Bessel.

Lente 𝒇𝑴𝑩 (𝒄𝒎)


1 5,36 ± 0,27
2 9,96 ± 0,05
3 15,00 ± 0,36
4 19,79 ± 0,36

Tabela 4. Resultados de média das distâncias focais para três posições de objeto diferentes.

Os valores de ambos métodos se aproximaram muito, porém, ao observar as incertezas,


conclui-se que o método de Bessel possui uma maior precisão.

Para deduzir a equação de Bessel, consideramos a figura 4, onde 𝑃1 representa a posição


1 e 𝑃2 a posição 2. Utilizando a equação, I, temos, portanto:

• Posição 1

𝑜 = 𝑃1 𝑖 = 𝐴 − 𝑃1

1 1 1
∴ = + (I)
𝑓 𝑃1 𝐴 − 𝑃1

• Posição 2

𝑜 = 𝑃2 𝑖 = 𝐴 − 𝑃2
10

1 1 1
∴ = + (II)
𝑓 𝑃2 𝐴 − 𝑃2

• Igualando ambas equações

1 1 1 1
+ = +
𝑃1 𝐴 − 𝑃1 𝑃2 𝐴 − 𝑃2

• Manipulando matematicamente

1 1 1 1
+ = +
𝑃1 𝐴 − 𝑃1 𝑃2 𝐴 − 𝑃2

𝑃2 − 𝑃1 𝐴 − 𝑃1 − 𝐴 + 𝑃2
=
𝑃1 𝑃2 (𝐴 − 𝑃2 )(𝐴 − 𝑃1)

𝐴2 − 𝐴𝑃1 − 𝐴𝑃2 = 0
𝑃1 + 𝑃2 = 𝐴 (III)
𝑃1 − 𝑃2 = 𝐷 (IV)
• Somando (III) e (IV)

𝐴+𝐷 (V)
𝑃1 =
2

• Subtraindo (III) e (IV)

𝐴−𝐷 (VI)
𝑃2 =
2

• Substituindo (V) e (VI) na equação I, temos:

1 2 2
= +
𝑓 𝐴+𝐷 𝐴−𝐷

𝐴2 − 𝐷2
∴ 𝑓=
4𝐴
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A última etapa do procedimento experimental, consiste em determinar a distância focal de


uma lente divergente. Para isso, foram coletados dados conforme montagem ilustrada na figura
5. Esses dados, foram utilizados em uma adaptação da equação I, dada por:

1 1 1
= + (Equação X)
𝑓𝐷 𝑜𝐷 𝑖𝐷

Desse modo, como foram realizadas três diferentes medidas, cada uma variando a posição
de 𝑜𝐷 , temos:

𝒇𝑫𝟏 15,99
𝒇𝑫𝟐 23,69
𝒇𝑫𝟑 20,50
𝒇𝑫𝒎𝒆𝒅𝒊𝒐 20,06 ± 3,87

Tabela 5. Resultado de média das distâncias focais para três posições de 𝑜𝐷 diferentes, para a lente divergente.

3. CONCLUSÕES

Com base no procedimento experimental, foi possível compreender o funcionamento de


variados tipos de lentes, a partir da análise de suas dimensões, além da forma com que se dá a
projeção da imagem de um objeto a determinada distância. Coletando os dados necessários, foi
possível determinar a distância focal de todas as lentes propostas no roteiro, de maneiras
diferentes.

Comparando as tabelas das lentes de acrílico e vidro, chegamos à conclusão que, as lentes
de vidro possuem menor desvio padrão para a determinação de seu foco e que a equação de
Bessel nos traz resultados mais precisos. Como não houve um valor teórico de foco para cada
uma das lentes estudadas, não foi possível determinar qual método é mais exato, a partir da
aproximação dos valores experimentais.
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4. BIBLIOGRAFIA

E-Disciplinas. Roteiros de Física Experimental IV - Capítulo 4. Lentes. Disponível em:


<https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/6083734/mod_resource/content/3/Roteiros%20de
%20F%C3%ADsica%20Experimental%20IV%20-%2016%20de%20abril%20de%202021.p
df >. Acesso em: 10 de maio de 2021.

UFES. Experimento A2 – Ótica Geométrica: Reflexão Total – Distância Aparente.


Disponível em: <https://fisica.ufes.br/sites/fisica.ufes.br/files/field/anexo/fis.exp_.iv-a2-
otica.geometrica.pdf>. Acesso em 12 de maio de 2021;

H. D. Young & R. A. Freedman. Física IV Ótica e Física Moderna. 12ª Edição. Pearson,
São Paulo, Brasil, 2009.

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