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1.2.1 Tecidos
Durante muitos séculos, a humanidade só usou tecidos de fibras naturais, como o
algodão, o linho (ambos formados por celulose), a lã, a seda (ambas formadas por
proteínas) etc. Em particular, os cientistas sempre sonharam em fabricar um fio bonito,
resistente e elástico, como faz o bicho-da-seda.
No final do século XIX, houveram várias tentativas para se obter uma seda
artificial. Em 1885, o conde Hilaire Chardonnet (1839-1924) produziu um primeiro tipo
de seda artificial usando a nitrocelulose (que é altamente inflamável). Em 1890,
Despeissis conseguiu dissolver algodão velho, cavacos de madeira etc. em solução de
sulfato de cobre amoniacal, Cu(NH3)4SO4; a solução resultante, despejada em solução
ácida, produz fios, que são denominados raiom cuproamoniacal. Em 1892, Cross e Bevan
também dissolveram algodão velho, cavacos de madeira etc., mas dessa vez em uma
mistura de sulfeto de carbono (CS2) e hidróxido de sódio (NaOH), e obtiveram o chamado
raiom viscose. Nesses dois processos, as reações químicas partem da celulose e chegam
a esse mesmo composto. Por esse motivo, dizemos que o tecido raiom é apenas celulose
regenerada e que o tecido assim produzido é uma seda artificial (e não sintética).
Em 1928, o químico estadunidense Wallace Hume Carothers (1896-1937), até
então professor e pesquisador da Universidade de Harvard, foi contratado por uma
empresa para organizar uma equipe de pesquisa com o objetivo de estudar as reações de
polimerização. Após dez anos de trabalho e um investimento de 27 milhões de dólares,
surgia o náilon, e assim se iniciava a era dos tecidos sintéticos.
O náilon é uma poliamida (polímero pertencente à classe funcional amida), obtido
por meio da condensação do ácido adípico com a hexametilenodiamina. A reação pode
ser assim equacionada:
O náilon tem alta resistência e é facilmente moldável. Tem larga aplicação, por
exemplo, na confecção de fibras têxteis, engrenagens, pulseiras de relógio, garrafas e
linhas de pesca.
Em 1939, a Segunda Guerra Mundial levou o náilon para os campos de batalha,
sob a forma de paraquedas, tendas, macas etc. Após a guerra, o náilon voltou com toda a
força para o mercado de meias, confecções, linhas de pescar, suturas cirúrgicas, cerdas
para escovas de dentes etc.
Com o passar dos anos, os consumidores acabaram percebendo algumas
desvantagens dos tecidos sintéticos (náilons, poliésteres etc.) em relação aos naturais
(algodão, linho, seda etc.): além de serem mais ásperos e menos confortáveis, eles
dificultam a evaporação normal da transpiração — o que provoca, em quem os usa, uma
sensação de calor e abafamento. Novas pesquisas e grandes investimentos levaram as
indústrias a lançar, na década de 1980, as chamadas microfibras.
O tecido de microfibra é mais resistente e seca mais depressa que os tecidos
naturais, sendo mais macio, mais leve, mais confortável e favorecendo melhor à
transpiração que o náilon comum. Destina-se a roupas esportivas, lingerie e alta-costura.
Novas pesquisas levaram a tecidos ideais para atletas, como os dotados de
“gerenciamento de umidade”, que eliminam o suor e secam rapidamente, ou, então, os
que retêm o calor no inverno, permitindo, porém, a dissipação do suor, e assim por diante.
Dois exemplos interessantes do emprego de polímeros no campo das vestimentas
são o velcro e os tecidos de alta tecnologia.
Estrutura do velcro vista no microscópio.
Fonte: Hypescience
1.2.2 Elastômeros
A classe dos elastômeros inclui as borrachas naturais e sintéticas. A borracha
natural é um polímero do 2-metil-buta-1,3-dieno, também chamado de isopreno.
Teoricamente, a reação de formação da borracha natural é a seguinte:
• As mangueiras;
1.2.3 Silicones
Os polímeros descritos até aqui são polímeros orgânicos, isto é, formados por C,
H, O, N etc. Um produto diferente, mas muito importante, são os silicones, cuja estrutura
fundamental é:
Os silicones, contudo, devem ser considerados produtos intermediários entre a
Química inorgânica e a Química orgânica, já que apresentam ramificações orgânicas e
propriedades que muito se assemelham aos polímeros orgânicos. Também não se deve
estranhar a possibilidade de ligação entre o silício e os grupos orgânicos. Afinal, o
carbono e o silício pertencem à mesma família da Classificação Periódica dos Elementos
(grupo 14 ou coluna 4A) e, portanto, devem apresentar propriedades semelhantes (por
exemplo, existem os chamados silanos: SiH4; Si2H6 etc., semelhantes aos alcanos).
O silicone foi inventado em 1943. Sua fabricação é feita pela seguinte sequência
de reações:
1.2.4 Compósitos
Como o próprio nome indica, compósitos são materiais formados pela reunião de
polímeros com outros materiais com o objetivo de se obter um produto de melhor
qualidade. Em geral, os compósitos são formados por fibras unidas entre si por uma
substância que funciona como cola e que recebe o nome genérico de matriz. Fazendo uma
analogia, podemos dizer que o nosso corpo funciona como um compósito, em que ossos,
cartilagens, tendões e músculos se unem para dar resistência e flexibilidade ao corpo. O
concreto armado funciona também como um compósito, em que os vergalhões de aço dão
mais resistência ao concreto.
Os plásticos comuns têm boas qualidades: são leves, flexíveis, resistentes aos
agentes químicos, isolantes de calor e eletricidade etc. Eles, no entanto, têm alguns
“defeitos” que restringem suas aplicações, como, por exemplo: deformam-se com o calor,
não resistem a temperaturas elevadas etc. Principalmente de 1960 para cá, os laboratórios
de pesquisa vêm procurando soluções para os defeitos dos plásticos. Uma das soluções
foi produzir compósitos formados por fibras coladas entre si por meio de resinas
poliméricas.
Dentre as fibras que são usadas, podemos destacar:
• fibras de vidro — formadas por fios de vidro especial;
• fibras de carbono — formadas por cadeias de carbono, que resultam da queima
parcial de fibras plásticas, como, por exemplo, as de poliacrilonitrila;
• fibras de poliaramida — de resistência tão elevada que se presta à fabricação de
coletes à prova de balas;
• fibras cerâmicas — como as de carbeto de silício, SiC; de nitreto de silício, Si3N4
etc. (não confunda com a cerâmica clássica, que é fabricada com argila comum).
Essas fibras (em forma de fios contínuos, fios cortados ou de mantas tecidas) são,
então, aglomeradas (coladas) por um polímero, que constitui, como já dissemos, a
chamada matriz do compósito. Essa matriz serve para ligar as fibras, dar forma ao
material e distribuir as forças no interior do conjunto (assim como os nossos músculos e
tendões fazem em relação ao esqueleto ósseo).
Os compósitos têm propriedades muito superiores às dos plásticos, como, por
exemplo: maior dureza, maior resistência às fraturas, menor deformação com o calor,
maior resistência a temperaturas elevadas, maior resistência à corrosão pela água do mar,
menor dilatação térmica (da qual resulta maior resistência a variações de temperatura).
Por esses motivos, os compósitos são também chamados de plásticos reforçados ou
plásticos de engenharia. Eles são usados em aviação (nas pás dos rotores de helicópteros,
em aviões militares “invisíveis” ao radar etc.), em satélites artificiais, nas carenagens dos
carros de Fórmula 1, em artigos esportivos (raquetes de tênis, tacos de golfe etc.), em
veleiros oceânicos de competição, em tanques para armazenar líquidos corrosivos etc.
Atualmente, podem ser fabricados compósitos “sob medida”, isto é, que tenham de
ter minados graus de dureza, de condutividade elétrica etc., seja no sentido longitudinal,
seja no sentido transversal do material. Enfim, o desenvolvimento dos com pó sitos é tão
grande que alguns automóveis já são fabricados com compósitos especiais e alguns são
recicláveis.
CONEXAOPLANETA. “O plástico que você usa uma vez, tortura o oceano para
sempre”. Disponível em: https://conexaoplaneta.com.br/blog/o-plastico-que-voce-usa-
uma-vez-tortura-o-oceano-para-sempre-diz-ong-sea-shepherd-em-campanha-mundial/