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1.

Introdução

O desenvolvimento dos segmentos científico, tecnológico e cultural está


diretamente relacionado a utilização dos polímeros. De acordo com a literatura, o
uso formal de polímeros se deu há, aproximadamente, três mil anos a partir da
descoberta de um verniz que foi extraído da árvore Rhus vernicflua pelos chineses
(WIEBECK; HARADA, 2005).

O desdobramento e utilização de materiais poliméricos ocorreu de forma


lenta, até o desenvolvimento da borracha natural, na América Central, a partir do
látex extraído da seringueira. A partir disso, Charles Goodyear, em 1839, realizou
estudos investigativos capazes de produzir uma borracha mais forte, resistente e
resiliente com a implementação do processo de vulcanização. Esse foi o ponto de
partida científico para gerar interesse no desenvolvimento dos estudos da química
orgânica e dos polímeros (WIEBECK; HARADA, 2005).

A indústria petroquímica surgiu nos Estados Unidos, em 1920, com objetivo


de atender as demandas estratégicas decorrentes da Segunda Guerra Mundial. No
Japão, apesar do início tardio, em 1955, na década de 1970 já foi considerado
segundo maior produtor mundial de produtos petroquímicos e poliméricos (TORRES,
1997).

Na indústria petroquímica, a central de produção de matéria-prima, que


consiste nos monômeros, é considerada de 1ª geração; as indústrias responsáveis
por produzir produtos intermediários (polímeros), são de 2ª geração; e, por fim, as
indústrias de transformação de polímeros em bens de consumo, envolvendo
processos de injeção, extrusão, entre outros, são consideradas de 3ª geração
(GOMES, G.; DVORSAK, P.; HEIL, T, 2005; ANTUNES, 2007).
O estilo de vida contemporâneo conta com a indústria de polímeros como um
dos seus pilares. A quantidade de bens produzidos de material polimérico, que
cercam a sociedade é imensurável, principalmente quando se trata de indústrias
automobilísticas, de embalagens, revestimento, vestuário, entre outras. Uma das
principais justificativas para esse fato, é de que os materiais poliméricos têm vindo
através da substituição de insumos como papel, madeira e metais (HEMAIS; ROSA;
BARROS, 2000).

2. Primeira Geração

Os materiais que serão utilizados para a obtenção de produtos plásticos, como a


nafta e a parafina, dão origem a outro tipo de cadeia produtiva, a chamada Indústria
Petroquímica. Essa indústria é responsável por transformar os derivados de
petróleo, por meio de processos químicos, em uma variedade de outros materiais.

No refino, durante o aumento da temperatura, o petróleo atinge determinados


níveis em que começam a ser extraídos os diferentes tipos de derivados. A nafta é
recolhida na faixa entre 60° C a 100° C, aproximadamente. Após sua obtenção, a
nafta passa por um processo chamado “craqueamento”.

Nesse processo ela possui suas moléculas divididas em moléculas mais simples,
com a “quebra” de algumas ligações químicas. Estas moléculas mais simples são
denominadas monômeros e a obtenção de vários tipos delas é que define o futuro
plástico. Entre os monômeros mais utilizados estão o eteno e o propeno.

Fluxograma - Primeira Geração

Todo o processo após seu refino, é o chamado Primeira Geração que, como citadas
anteriormente, são as produtoras de petroquímicos básicos, produtos resultantes da
primeira transformação de correntes petrolíferas por processos químicos. Os
principais produtos primários são as olefinas (eteno, propeno e butadieno) e os
aromáticos (benzeno, tolueno e xilenos). Secundariamente, são produzidos ainda
solventes e combustíveis.

3. Segunda Geração

CARACTERÍSTICAS GERAIS:

 Processam petroquímicos básicos, adquiridos através das centrais de matéria


prima, e produzem os petroquímicos intermediários (polímeros);
 Petroquímicos intermediários são produzidos na forma sólida (grânulos ou
pó), para serem transportados aos produtores de terceira geração;
 Alguns polímeros usuais podem ser citados como: polietileno, polipropileno,
polibutadieno, policloreto de vinila, entre outros.

POLIMERIZAÇÕES:

 As reações responsáveis por produzir os petroquímicos intermediários são


denominadas polimerizações;
 Essas reações visam unir subsegmentos de monômeros repetidos, para
formar macromoléculas com alto peso molecular (polímeros);
 Os polímeros podem ser classificados de duas formas de acordo com sua
obtenção:
Naturais:
Existem na natureza e são componentes cruciais dos organismos vivos. Tais
como polissacarídeos e polipeptídeos.
Sintéticos:
São produzidos através de processos industriais na indústria petroquímica e
possuem ampla aplicação em todos os segmentos.

POLÍMEROS SINTÉTICOS:
 Podem ser obtidos através de dois mecanismos:
Adição:
A polimerização ocorre através do acoplamento dos monômeros por suas
ligações múltiplas. A reação ocorre em cadeia, acrescentando
novas unidades de monômero para o crescimento das moléculas de polímero,
por meio de ligações duplas ou triplas.
Condensação:
Se processa através de uma condensação, partindo de dois tipos diferentes
de monômeros, podendo ser monômeros de cadeias lineares (bifuncionais)
ou cadeias tridimensionais (trifuncionais) e ao final da reação elimina-se uma
molécula pequena (geralmente água). Esse mecanismo se repete
sucessivamente, produzindo-se uma macromolécula

POLIMERIZAÇÃO POR ADIÇÃO POLIMERIZAÇÃO POR CONDENSAÇÃO

Processo de sintetizar polímeros por Processo de condensação, resultando


DEFINIÇÃO
adição na formação de polímeros

Monômeros de 2 grupos funcionais


Reação entre monômeros com
distintos reagem, lançando uma
PROCESSO ligações múltiplas, que se unem para
pequena molécula para formar um
formar polímeros saturados
polímero

Os monômeros devem ser moléculas Os monômeros devem ser moléculas


REGRA
insaturadas saturadas

TAXA DE PROCESSO Processo rápido Processo lento

Não são biodegradáveis e são mais


PROPRIEDADES difíceis de reciclar, em comparação Biodegradáveis e fáceis de reciclar
com polímeros de condensação

EXEMPLOS Polietileno, polipropileno, PVC... Poliéster, poliamida, poliuretano...

 Podem ser produzidos por diferentes técnicas industriais, cada uma possui
condições específicas. Dependendo dos materiais utilizados durante a
polimerização, o processo pode ser homogêneo, representado pelas
polimerizações em massa (bulk) e em solução; ou heterogêneo, onde
encontram-se as polimerizações em emulsão, em suspensão, interfacial e em
fase gasosa. As polimerizações em massa e em solução são os processos
mais comuns.

Polimerização em massa:

 Ocorre aquecimento do monômero em um reator na presença de um


iniciador, sem que haja a utilização de um solvente.
 Há aumento da viscosidade do meio, à medida que a taxa de conversão
monomérica também aumenta. Este efeito dificulta a movimentação das
moléculas poliméricas dentro do reator.
 A produção de polímero neste tipo de processo é a maior possível, a
polimerização pode ser realizada em um molde, com isso o objeto produzido
não apresenta necessidade de ser moldado.

Polimerização em massa:

 Ocorre na presença de um monômero, um iniciador organo-solúvel e um


solvente, em um reator de polimerização.
 O solvente aumenta a transferência de calor do sistema e diminui a
viscosidade do meio, mas pode agir como agente de transferência de cadeia,
diminuindo a massa molar do polímero formado.
 No início, todos os componentes do sistema devem ser solúveis entre si. Ao
final do processo, o polímero formado pode ser solúvel ou insolúvel no
solvente usado. É este método que se segue para a obtenção da borracha
butílica.

4. Terceira Geração:

Na terceira geração, os intermediários de produtores de segunda geração são


transformados em produtos finais, como recipientes e materiais de embalagem,
sacos, filme e garrafas, tecidos, detergentes, tintas, autopeças, brinquedos e bens
eletrônicos de consumo.
A cadeia produtiva da indústria petroquímica converge para o setor de terceira
geração petroquímica, segmentos de plástico e de borracha. Através de técnicas de
processamento como extrusão, sopro, injeção, termoformagem, vazamento,
calandragem, compressão e imersão, os petroquímicos intermediários são
transformados em produtos a serem consumidos e utilizados pela população.

Estes produtos transformados são as embalagens, utilidades domésticas,


brinquedos, componentes eletroeletrônicos, componentes para indústria
automobilística, material para construção civil, produtos para calçados, produtos
para indústria moveleira, fibras e produtos para cordoaria. As frações diênicas
combinadas ou não com as frações aromáticas (derivados do petróleo) originam
produtos como as borrachas, pneus, copos descartáveis e solventes aromáticos.
(Schmitt, et alli, 1996/a e Schmitt, et alli, 1996/b)

A substituição de materiais convencionais de engenharia como por exemplo, metais,


vidro, madeira, cimento, couro, fibras naturais por materiais plásticos, e de 7
borracha é uma trajetória consagrada e em crescimento constante. Como os
materiais convencionais conservam suas propriedades mecânicas a elevadas
temperaturas, assim também ocorre com os materiais de engenharia plásticos que
são desenvolvidos para atender à demanda da indústria de eletroeletrônicos e
automobilística. As embalagens, a exemplo de muitos outros produtos, tornam-se
mais versáteis e resistentes, com vistas à segurança, satisfação do cliente e relação
custo-benefício. Estes são exemplos típicos de algumas das demandas por produtos
petroquímicos registradas nos dias atuais. O mercado faz com que as demandas por
produtos plásticos cresçam e estimulem a terceira geração.

O resíduo plástico gerado na indústria de transformação, ou terceira geração


petroquímica, caracteriza-se pelo refugo e pelo descarte dos produtos acabados.
Estes são reciclados por processos que podem caracterizar um novo processamento
mecânico, um processo químico ou um processo térmico (por incineração) para
reconversão de energia.
Figura 1 Cadeia Petroquímica

A indústria petroquímica, além de polímeros, produz uma série de compostos de


grande importância na química. Nas Figuras a seguir, são apresentados derivados
importantes obtidos a partir do eteno, metano, propeno, dos butenos e dos
petroquímicos cíclicos aromáticos. Metano, eteno, propeno, buteno e aromáticos
são, em sua maioria, obtidos no pós‐refino do petróleo. Assim, fica fácil perceber por
que temos tanta dependência pelo “ouro negro”.
Figura 2 Derivados petroquímicos do Eteno

Figura 3Derivados Petroquímicos do Metano


Figura 4Derivados Petroquímicos de compostos aromáticos

Figura 5Derivados Petroquímicos do Propeno


5. Indústria Petroquímica Brasileira

A atividade petroquímica no Brasil, teve o seu desenvolvimento estabelecido no


Estado de São Paulo, onde nos primeiros anos da década de 50, já haviam sido
instaladas, duas fábricas de poliestireno; uma da Plásticos Kopers e outra da Bakol,
que operavam com matéria prima (estireno) importada (TORRES, 1997).

No Brasil, a nafta é a principal matéria‐prima da cadeia petroquímica, seguida do


gás natural. A Petrobras é praticamente a única produtora de nafta e gás natural no
Brasil, atendendo parte da demanda nacional com produção própria e com
importações. Seu monopólio foi quebrado em 2002 e desde então, as centrais
petroquímicas começaram a importar por conta própria, para complementar suas
necessidades.

Como citado acima, a principal matéria-prima do setor petroquímico nacional


atualmente é a nafta, cujo consumo das três centrais é hoje da ordem de 10 milhões
t/ano, sendo cerca de 7 milhões t/ano fornecidas pela Petrobras e 3 milhões t/ano
supridas por importações feitas diretamente pelas centrais, com um significativo
gasto de divisas, da ordem de US$ 600 milhões/ano. A Petrobras fornece ainda
cerca de 400 mil t/ano de propeno, gerados nas refinarias, para a produção de
polipropileno e óxido de propeno (BNDES, 2005).

O crescimento da demanda tem levado a um aumento da utilização da capacidade


instalada em quase todos os grupos de produtos da cadeia petroquímica, como
demonstrado na tabela a seguir.
Assim, com a perspectiva de crescimento do país, em poucos anos será atingido o
limite de utilização da capacidade instalada. Isso pode provocar a oferta de produtos
a serem insuficientes e, consequentemente, aumentar as importações, caso novos
investimentos não sejam realizados para o ampliamento da fabricação de resinas.
Porém, serão necessárias novas centrais, com tempo de ao menos cinco anos
desde a concepção do projeto até a operação comercial. Dessa forma, a indústria
petroquímica nacional vai ter de ganhar força e realizar uma série de investimentos
para poder atender ao desenvolvimento da demanda interna e ainda possivelmente
atingir o mercado externo, caso o cenário de preços internacionais continue atrativo
para as exportações (BNDES, 2005).

6. REFERÊNCIAS

GOMES, G. DVORSAK, P. HEIL, T. Industrias pretroquímicas brasileiras:


situação atual e perspectivas. BNDES, 2005. Disponível em:
<https://web.bndes.gov.br/bib/jspui/bitstream/1408/2485/1/BS%2021%20Ind
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maio de 2021.

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em:<https://edukatu.org.br/cats/4/posts/84/full#:~:text=Para%20a%20produ
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