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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO - UFERSA

CAMPUS DE PAU DOS FERROS


INTERDISCIPLINAR EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA

ADRIANA CORREIA DE MORAIS

RECICLAGEM DE POLÍMEROS

PAU DOS FERROS – RN


2021
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1. INTRODUÇÃO

Os polímeros possuem sua cadeia molecular muito grande e as


micromoléculas desse composto se origina através da ligação de várias moléculas
pequenas, chamadas manômeros. Daí o nome polímero, onde, em grego, poli
significa muitas e meros, que significa partes.
Polímeros são materiais plásticos e de borracha e, muitos deles, compostos
de material orgânico com sua estrutura baseada em carbono, hidrogênio e outros
materiais não metálicos. Possuem baixas densidades e podem ser extremamente
flexíveis.
Materiais poliméricos são utilizados desde a antiguidade, mas diferente de
hoje, onde a maioria é classificada como polímero sintético, nos primórdios,
utilizava-se mais polímeros naturais, como borracha, seda, algodão e celulose. Já os
polímeros sintéticos, surgiram para imitar as propriedades dos polímeros naturais,
no século XIX, durante a Segunda Guerra Mundial, por falta da borracha natural.
Os materiais poliméricos, como o politereftalato de etileno (PET), policloreto
de vinila (PVC) e polietileno, hoje, são encontrados em quase todos os lugares nas
mais variadas formas e possuem os mais diversos usos para os mesmos, e estes
podem chegar até a exceder o uso em relação aos polímeros naturais.

2. RECICLAGEM DE POLÍMEROS

A reciclagem é o reaproveitamento do lixo descartado para a fabricação de


um novo produto ou uma nova matéria prima para ajudar a reduzir a produção de
rejeitos e seu acumulo na natureza.
Desde que o homem reside no planeta, há produção de lixo, mas essa
produção começou a aumentar significativamente após a revolução industrial, no
século XIX, e, consequentemente, o começou o aumento do descarte de produtos.
Foi então que se começou a se pensar em alternativas de diminuir o impacto
que essa ação causa nas vidas, já que esse lixo, chamado de moderno, demora
muito mais tempo para se decompor no ambiente do que os produtos feitos com
materiais orgânicos, o PET, por exemplo pode demorar cerca de 200 para se
decompor naturalmente.
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2.1. Formas de Reciclagem de Polímeros

Existem quatro categorias para se classificar a reciclagem de polímeros,


primária, secundária, terciária e quaternária.
Na reciclagem primária, consiste no reaproveitamento do material para outras
finalidades. A reciclagem secundária consiste na remodelação do resíduo já utilizado
pelo consumidor, como a reciclagem de embalagem PP para a fabricação de sacos
de lixo. Ambas reciclagens são chamadas de mecânica, com a diferença de na
primária, utiliza-se o polímero sem que este seja utilizado antes da reciclagem,
diferente da segunda.
Na reciclagem terciária, há o processo de produção de produtos químicos ou
combustíveis através de resíduos de polímeros. Na reciclagem quaternária, existe o
processo de recuperação de energia de resíduos por incineração controlada dos
materiais.
Existem 3 tipos de reciclagem de polímeros, reciclagem mecânica, reciclagem
energética e reciclagem química.

2.1.1. Reciclagem Mecânica

A reciclagem mecânica pode ser realizada via extrusão, injeção,


termoforragem, moldagem por compressão, entre outros tipos. Para que esse tipo
de reciclagem seja feita, as etapas abaixo devem ser seguidas:

 Separação de materiais polímeros por tipo e cor


 Moagem
 Lavagem
 Secagem
 Reprocessamento
 Transformação do polímero em produto

A separação é um dos mais importantes, pois este separa os materiais


polímeros de outros tipos de materiais, como metais, vidros, papel e orgânicos.
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Nessa fase também é separado os tipos de polímero de acordo com sua variação,
PP, PET, PEAD, PS, PVC, entre outros diversos tipos.

Figura 1: Separação de resíduos

Fonte: LogReversa, 2020

Após a separação, os resíduos seguem para a moagem para que se diminua


o tamanho dos plásticos, afim de conseguir com que estes sejam melhor
acomodados em extrusoras ou injetoras e todo o material tenha uma fusão igual. Em
seguida, o material é lavado e seco para remoção de qualquer resíduo.

Figura 2: Moinho para plásticos Figura 3: Lavadora e secadora de plásticos

Fonte: Tudo Sobre Plástico, 2010 Fonte: Plastimax

Depois disso, o material irá para etapas de reprocessamento, onde ocorrerá a


formação dos grânulos, que são utilizados no processamento para a fabricação de
novos plásticos.
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Figura 4: Grânulos

Fonte: iStock

Alguns desses processos usados para a fabricação de plásticos, com


plásticos recicláveis são, a extrusão, injeção, rotomoldagem
No caso da extrusão os grânulos são inseridos na extrusora e são
empurrados com ajuda de uma ou dus roscas através de um cilindro e fundida até
ser moldada na forma desejada. Após isso, o produto que sai da máquina vai para
tanques de resfriamento e, então, a peça é cortada no tamanho desejado. Esse
processo é responsável pela fabricação de materiais desde tubos de PVC, até
forros, mangueiras e cabos.

Figura 5: Processo de extrusão

Fonte: Poliforma Industria de Plásticos


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No processo de rotomoldagem, um molde é preenchido com uma quantidade


de matéria prima, e esse forno é colocado em um forno e aquecido a certa
temperatura, para que assim, o plástico fundido adira as paredes do molde e gire em
dois eixos simultaneamente por um tempo. Quando o molde sai do forno, ele
continua girando até resfriar ao ponto de que seja possível ser desmoldado. Esse
processo é responsável por peças sem emendas que chegam a ser desde cabeças
de bonecas a caixas d’água.

Figura 6: Processo de Rotomoldagem

Fonte: Metalurgica C.L.A, 2011

Outro processo é o de injeção, onde o polímero é fundido e moldado. Assim


como a rotomoldagem, o molde é aquecido e depois de resfriado, o molde é aberto
para que saia o produto desejado, mas a diferença de que o material inserido no
molde do processo de injeção, é feita com o molde fechado e esta não gira.

Figura 7: Processo de Injeção

Fonte: Fer-Plastic, 2016


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2.1.2. Reciclagem Química

Esse tipo de reciclagem é um dos mais caros, já que requer uma grande
quantidade de plástico para ser economicamente viável. Essa reciclagem ocorre por
despolimerização através da solvólise, por métodos térmicos ou por métodos
térmicos e/ou catalíticos. Ou seja, através desse processo se é possível obter os
monômeros de partida, que podem ser purificados e repolimeriados para a
fabricação de novos plásticos.
No Brasil, ainda se está em desenvolvimento essa reciclagem, enquanto é
muito popular no Japão e Europa.
Métodos térmicos e/ou catalíticos são mais utilizados para poliolefinas,
enquanto a solvólise é usada para polímeros como poliésteres, poliamidas e
poliuretanas.
A solvolise pode ser dividida em três modos, hidrólise, alcoólise e amilose. A
hidrólise conduz a recuperação dos monômeros através da reação com excesso de
água à alta temperatura, na presença de catalisador. Na alcoólise, o polímero é
tratado com excesso de um álcool mais um catalizador, na metanólise, por exemplo,
o excesso é em metanol.
A amilose, ou glicólise, acontece quando o polímero é tratado com excesso
de glicol, por meio de uma transesterificação, processo que mistura óleo vegetal ou
gordura animal com álcool simples, na presença de catalisador, para a obtenção de
biodiesel e glicerina.
Os métodos térmicos podem ser, pirólise à baixa e alta temperaturas, onde à
baixa temperatura a ausência de oxigênio faz com que ocorra da despolimerização e
a formação de uma pequena quantidade de compostos aromáticos e gases leves,
que fazem com que possa obter líquidos de alta temperatura de ebulição, como
ceras.
Na pirólise de alta temperatura, a falta de oxigênio faz com que se obtenha
óleos e gases que podem ser purificados e transformados em petroquímicos
padrões.
Outros métodos térmicos podem ser a gaseificação, onde é inserido oxigênio
insuficiente para ocorrer uma combustão completa, fazendo com que aconteça a
pirólise e a combustão no leito de processamento, os produtos resultantes possuem
alto valor potencial utilizado na indústria, como insumos de processos produtivos e
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energéticos. Também há a hidrogenação, que quebra as cadeias poliméricas


termicamente, resultando em radicais livres altamente reativos, que se misturados
ao hidrogênio, obtém-se hidrocarbonetos leves como metano, etano, propano e
hidrocarbonetos na faixa de gasolina e diesel.

2.1.3. Reciclagem Energética

Esse tipo de reciclagem consiste em transformar o resíduo polímero em


energia térmica e elétrica, por meio de incineração desse material. O material usado
nessa reciclagem são os resíduos que não se pode mais reciclar de outra forma, e
substituem diesel e demais combustíveis fósseis, ajudando a reduzir o impacto no
ambiente.
A energia que é obtida através desse processo provém da utilização do vapor
resultante da queima dos resíduos, e esse vapor movimenta as pás ligadas a uma
turbina, e esse movimento gera energia a energia elétrica.
As cinzas resultantes desse procedimento, podem ser usadas na construção
civil. Os gases poluentes que saem desse processo são tratados num sistema de
lavagem e purificação de gases, resultando em vapores e monóxido de carbono em
quantidades muito pequenas.

3. CONCLUSÃO

É possível perceber que há materiais poliméricos em todos os lugares e


sabendo que estes demoram muitos anos para se decompor naturalmente, o estudo
acerca de como reciclar esse material é fundamental, assim como a implementação
cada vez maior dessas técnicas.
Através desse estudo pôde-se ver algumas formas de como reciclar os
materiais poliméricos e como a gama de materiais reciclados é grande. E apesar de
algumas técnicas precisarem de muita energia para serem realizadas, se colocados
em retrospecto com a quantidade de resíduos produzidos, a energia usada para a
reciclagem, pode ser, que compense ao invés de a fabricação de um novo produto.
E cada vez mais se vê que a reciclagem aumenta e é incentivada pelo peso
do acumulo de resíduos no planeta. E a qualidade dos materiais fica cada vez
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melhor com os processos que se tornam cada vez mais tecnológicos e inteligentes
para atender as demandas dos consumidores.
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4. REFERÊNCIAS

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ed. Rio de Janeiro: LTC – Livros Técnicos e Científicos Editora S.A., 2002.
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2011. Disponível em: <https://metalurgicacla.blogspot.com/2011/08/falando-sobre-
rotomoldagem.html>. Acesso em 22 mai de 2021.
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Disponível em: <https://www.manualdaquimica.com/quimica-organica/o-que-sao-os-
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<https://www.todamateria.com.br/transesterificacao/>. Acesso em 22 mai de 2021.
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Bluevision. 01 de maio de 2019. Disponível em: <
https://bluevisionbraskem.com/inteligencia/mecanica-energetica-ou-quimica-como-
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<https://www.ecycle.com.br/3644-reciclagem-energetica.html>. Acesso em 22 mai
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PENA, Rodolfo F. Alves. Reciclagem. Disponível em:
<https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/reciclagem.htm>. Acesso em 21 mai
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POR que o plástico demora tanto para desaparecer na natureza?. Super
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PROCESSO de Injeção do Plástico. Movimento Plástico Transforma. Disponível


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RECICLAGEM: processo para a diminuição do lixo. LogReversa. 20 abril de 2020.
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RODA, Daniel Tietz. O Moinho e o Processo e de Moagem. Tudo Sobre Plásticos.
02 de outubro de 2010. Disponível em:
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ROTOMOLDAGEM e Extrusão: dois processos de transformação do plástico.
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<https://mundoeducacao.uol.com.br/quimica/polimeros.htm>. Acesso em 21 mai de
2021.

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