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Flor da Poesia
( 12 Lugar)
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LITERATURA DE CORDEL
Autor: Flor da Poesia
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Ele vivia socado Até a casa de um médico
Na roça a semana inteira Esse vaqueiro correu
Plantando milho e feijão E logo o soro antiofídico
Melancia e macaxeira Na hora ele recebeu
Suas filhas ajudavam O vaqueiro se salvou
Vendendo tudo na feira. Mas o cavalo morreu!
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I
As filhas tinham saído
Elas disseram: - Papai Para a casa.de um vizinho
Nós vamos agora lá Ele pegou a vasilha
Meter fogo e por abaixo E saiu devagarinho
A moita do gravatá Se batendo pelos matos
E matar a cascavel Pelas sobras do caminho.
Perto da cerca acolá.
A cascavel já estava
Disse o velho: - Minhas filhas Saindo para caçar
Não mexam com a cobrinha Porem pressentindo o velho
Pois ela está entocada Começou a chocalhar
Em propriedade minha. Ele nada ouviu, e fez
E vive ali desprezada A cobra mais se assanhar.
Sem companhia e sozinha.
Ele conseguiu passar
Não deixo matar a cobra Sem a cobra lhe morder
Nem que me paguem dinheiro! Chegou no canto da roça
Elas disseram: - Papai Seu feijão pôde colher
Pense no senhor primeiro. Voltou pela mesma trilha
Tem vez que o feitiço vira Sem o perigo prever.
Por cima do feiticeiro!
A cascavel furiosa
Então num sábado à tarde Só balançava o chocalho
Quando chegou do mercado Com forca que parecia
O velho trouxe uma carne Ferreiro batendo o malho
Para fazer um guisado O velho ainda pensou
Foi buscar feijão de corda Voltar por um outro atalho.
Bem no fundo do roçado
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Porem vendo escurecer Um vaqueiro que passava
Disse: - Eu quero chegar já Procurando um boi perdido
E voltou pela vereda Cortou pelo outro lado
Da moita do gravatá E viu o velho estendido
Nisto a cobra deu-lhe um bote Pegou ele com cuidado
Pior do que mangangá. Pra também não ser mordido.
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I
Nosso pai era devoto Com vários dias depois
De São Bento de Viseu O velho estava em pé
Mas ao ser acometido Comendo feijão de corda
Do seu santo se esqueceu
Ou então fez o pedido II Tomando leite e café
Até dançando forró
Depois que a cobra mordeu! f. Para limpar o chulé.
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o velho Chico Malhado Depois de picar os dois
Juntou-se a outros casais A cobra se escondeu
E ao lado de uma dona Na moita do gravatá
Foram para os matagais Que era o refúgio seu
A mulher que estava grávida
Sem prever que o perigo
No mesmo instante morreu.
E estava perto demais!
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I
Um preposto do governo
o homem saiu correndo
Nessa mesma ocasião
Por dentro dos matagais
Pediu para o motorista
E deu a triste notícia
Levar no carro um caixão
Para alguns policiais Que seria despachado
Trazendo logo o legista
Para o sul, em avião.
Para os trâmites legais.
Puseram logo o caixão
Foi feito o levantamento Dentro da carroceria
Dos corpos ali no chão Do caminhão que levava
E levados em seguida O povo da romaria
Em grande putrefação E o que tinha dentro dele
Sendo logo sepultados Ninguém ali não sabia.
Os dois no mesmo caixão.
O caminhão deu partida
As filhas do falecido Saindo em grande carreira
Acompanharam seu pai Puxando até cento e vinte
Para a ultima morada Em reta, curva e ladeira
Dizendo:- Sua alma vai O caixão se embalançava
Viver lá na eternidade Entre nuvens de poeira.
Longe do mal, que nos trai!
No momento que o carro
Depois que tudo acalmou-se Fez uma grande manobra
Prestes a noite cair O caixão bateu nas pernas
Os romeiros se ajeitaram Do romeiro "Zé da Obra"
No carro, a fim de partir Ele ai gritou: - Meu povo,
Sem imaginar que o pior Senti um cheiro de cobra!
Ainda estava por vir!
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I
Nisto o caixão se quebrou
Não estava ele mentindo
E as cobras se soltaram
Porque naquele baú Misturadas aos romeiros
Haviam quarenta cobras, Na ribanceira rolaram
Cascavel e surucucU Saíram picando o povo
Cobra preta e jararaca Pois na hora se assanharam.
E, a tal jararacuçu.
Foi um sufoco tremendo
Essas cobras venenosas No momento da virada
Iriam pela manhã Se ouvia cabra gritando,
Mandada por avião Outro de perna quebrada
Ao Instituto Butantã Uma velhinha gritou:
Mas nesse alarme fatídico
- Me acode rapaziada!
Deixou o povo tantã!
A velhinha foi picada
As filhas do velho Chico Por coral..e cobra preta
Diziam trincando os dentes A turma tirou a pobre
Se as cobras se soltarem Gemendo duma valeta
Vão provocar acidentes Mas ela não resistiu
E cairá sobre nós E bateu a caçoleta!
"A maldição das Serpentes"
As cobras se espalharam
Nesse instante o caminhão Pra dentro dos matagais
Que ia em grande carreira
E os romeiros levados
Perdeu o freio ao passar
Para vários hospitais
Numa curva da ladeira Porém só houve uma morte
E virou no mesmo instante
Naqueles lances fatais.
Rolando na ribanceira.
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.I
Quando correu a notícia
Dentro de Pilão Arcado
Todo mundo comentava
O triste fato passado
As moças sentiam a morte
Do seu pai Chico Malhado.
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I
ANTONIO ALVES DA SILVA conquistou o
primeiro lugar do 2Q Concurso Paulista de
Literatura de Cordel tema livre com o
pseudônimo Flor da Poesia. Nasceu em Mata
de São João, BA, no dia 7 de junho de 1928.
Morou em Salvador e Rio de Janeiro e :
começou a escrever e a publicar folhetos aos
18 anos de idade, por intermédio do alagoano
Rodolfo Coelho Cavalcanti (1919-1986), que
deixou 1.466 cordéis. Ganhou, por três vezes
seguidas, concursos de poesia popular
promovidos pela Fundação Cultural do Estado
da Bahia. É casado e tem seis filhos.
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Apoio Cultural Realização
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GOVERNO DO ESTADO DE
SECRETARIA DOS
TRANSPORTES METROPOLITANOS SÃO PAULO.
RESPEITO PUAS PISSOAS