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Leia um trecho do romance Vidas Secas de Graciliano ____________________________________________

Ramos e responda às questões a seguir. __


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E a viagem prosseguiu, mais lenta, mais arrastada,
num silêncio grande. 2- O título do romance é “Vidas secas”. Escreva um

Ausente do companheiro, a cachorra Baleia tomou trecho do texto que justifique a escolha do título.
a frente do grupo. Arqueada, as costelas à mostra, _____________________________________________
corria ofegando, a língua fora da boca. E de quando em _____________________________________________
quandose detinha, esperando as pessoas, que se
retardavam. 3 partir do trecho “Sinhá Vitória... pensava
emacontecimentos antigos que não se relacionavam”,
Ainda na véspera eram seis viventes, contando pode
com o papagaio. Coitado, morrera na areia do rio,
ondehaviam descansado, à beira de uma poça: a fome -se inferir que os pensamentos de Sinhá Vitóriaa)
apertarademais os retirantes e por ali não existia sinal estavam de acordo com a realidade que ela
de comida.[...] Fabiano também às vezes sentia falta estavavivendo. b) ajudavam a explicar a realidade pela
dela, mas logoa recordação chegava. Tinha andado a qual elaestava passando.c) eram iguais aos
procurar raízes, àtoa: o resto da farinha acabara, não acontecimentos vivenciados porela.d) eram opostos
se ouvia um berro derês perdida na catinga. Sinhá aos acontecimentos que ela estavavivendo.4- Qual o
Vitória, queimando oassento no chão, as mãos sentido da expressão destacada no trecho
cruzadas segurando os joelhosossudos, pensava em “Tinha andado a procurar raízes, à toa”?
acontecimentos antigos que não serelacionavam: _____________________________________________
festas de casamento, vaquejadas, novenas,tudo numa _________________________________________
confusão. Despertara-a um grito áspero, virade perto a
realidade e o papagaio, que andava furioso,com os pés 5- Segundo o texto, qual a razão de o papagaio
apalhetados, numa atitude ridícula. Resolverade serconsiderado mudo?
supetão aproveitá-lo como alimento e justificara- _____________________________________________
sedeclarando a si mesma que ele era mudo e inútil. _________________________________________
Não podia deixar de ser mudo... Ordinariamente a
6- A finalidade desse texto é
famíliafalava pouco. E depois daquele desastre viviam
todoscalados, raramente soltavam palavras curtas. O a) narrar uma história.
louroaboiava, tangendo um gado inexistente, e b) informar sobre uma viagem.
latiaarremedando a cachorra. c) dar uma opinião sobre a seca.
d) descrever a paisagem nordestina.
As manchas dos juazeiros tornaram a
aparecer,Fabiano aligeirou o passo, esqueceu a fome, a
7- No trecho
canseira eos ferimentos. [...] Num cotovelo do caminho
“...às vezes sentia falta dela, mas logo a recordação
avistou umcanto de cerca, encheu-o a esperança de
chegava.”, que palavras podem substituir a palavra
achar comida, sentiu desejo de cantar. A voz saiu-lhe
destacada, sem alteração do sentido do trecho?
rouca, medonha.Calou-se para não estragar força.
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Deixaram a margem do rio, acompanharam acerca, _________________________________________
subiram uma ladeira, chegaram aos juazeiros.Fazia
8- Em “E a viagem prosseguiu, mais lenta, Mais
tempo que não viam sombra. [...]
arrastada...”, a palavra destacada
Estavam no pátio de uma fazenda sem vida.
a) pode ser substituída por “porém” sem alterar o
Ocurral deserto, o chiqueiro das cabras arruinado e
sentido do trecho.
tambémdeserto, a casa do vaqueiro fechada, tudo
b) contribui para intensificar o sentido do trecho.
anunciavaabandono. Certamente o gado se finara e os
c) tem o mesmo sentido da palavra “mas”
moradorestinham fugido.
d) é sinônimo da palavra “menos”.

1-
ROMANCE POLICIAL: O MISTÉRIO DO SOBRINHO - Ah! Então, temos uma empregada, hein?
PERFUMADO
- Sim. É uma outra velha, ausente na hora do
(FRAGMENTO DO LIVRO: DEZ MISTÉRIOS PARA crime. Tinha ido fazer compras e só voltou quando a
RESOLVER) polícia já estava na casa. Ela disse que não sabia quem
tinha ido visitar a patroa, mas afirmou que o sobrinho
Hélio de Overal
dela é um marginal, desempregado crônico, e andava
Este caso, que Zezinho Sherlock também de olho no dinheiro da tia.
esclareceu com a maior facilidade, começou num
- Nem todo desempregado é marginal, titio. Assim
sábado à tarde. Mas o nosso herói só soube dele no
como nem todo pistoleiro é bandido, pois a polícia
domingo, quando foi visitar o tio, o delegado Orlando
também usa pistola. Roubaram tudo do cofre? Se a
Quental, chefe do Departamento Especial da Polícia.
vítima emprestava dinheiro a juros, devia haver alguma
[...]
promissória, ou vale, ou essas coisas que eu não
- O que foi que aconteceu, desta vez? conheço direito...

- Enforcaram uma velha agiota, em Bonsucesso. - Havia outros papéis, na sala, mas jogados no
Temos um suspeito, mas não podemos provar nada chão. O assassino deve ter obrigado a velha a abrir o
contra ele. Esse suspeito, que esta detido na vigésima cofre, para roubar o dinheiro. Só deixou os
primeira delegacia, é um sobrinho da vítima. Também documentos.
temos uma testemunha que o acusa de ter assassinado
- E onde é que entra o cego? – perguntou Zezinho,
a velha, para roubar o dinheiro do cofre.
deleitado com a história. – O cego é um marginal, um
- Ah! Essa testemunha viu alguma coisa? camelô sem licença, que estava na entrada do beco.
Alguns vizinhos o viram ali, com um cachorro e um
- Ai é que está. Não viu, mas sentiu. A testemunha tabuleiro, desde manhã cedo.
é um cego.
- Nem todo camelô é marginal – repetiu Zezinho
- Puxa! O caso é interessante, titio. Como é que Sherlock. – A polícia tem o costume de dizer que o que
um cego pode ser testemunha de vista? não é direito está torto, mas há um exagero nisso... E o
- Eu não disse que ele é testemunha de vista. Mas que foi que esse cego viu? Ou melhor: o que foi que ele
suas declarações comprometem o rapaz. E o cego não pressentiu?
teria interesse em acusar o suspeito se não estivesse O Dr. Quental apanhou um papel datilografado em
certo do que diz. O diabo é que o rapaz acabou cima da escrivaninha e consultou-o.
confessando que esteve no local do crime, mas nega
ter enforcado a tia. - Tenho aqui o depoimento do cego – disse,
depois, mostrando o papel. – Ele estava vendendo
- Ele é o único herdeiro? bijuterias, na entrada do beco, acompanhado pelo
- Parece que sim. A velha não tem outros parentes cachorro. Quando os patrulheiros chegaram tentou
mais chegados. Morava sozinha e vivia de rendimentos fugir, com o tabuleiro na cabeça, mas um soldado o
e de emprestar dinheiro a juros. apanhou logo adiante. Ele pensava que fosse o “rapa”..
Depois que o corpo da velha foi encontrado, o
- Comece pelo princípio, titio – pediu Zezinho, testemunho do cego tornou-se muito valioso.
cruzando as pernas e ajeitando um cacho de cabelos
negros que teimava em cair sobre os seus óculos. - Por quê?

- O caso é o seguinte ontem à tarde, alguém ligou - Porque ele identificou o sobrinho da vítima, pelo
para a delegacia de Bonsucesso e comunicou que havia perfume. Ouça o que ele diz – e o delegado passou a
uma mulher morta, num pardieiro de um beco, na ler um trecho do papel datilografado – “A certa altura,
Avenida dos Democráticos. Uma patrulhinha, que ouvi uns passos pesados e um homem, usando um
estava nas proximidades, correu ao local e ali perfume de alfazema, passou por mim e entrou no
encontrou o corpo da Sra. Matilde Rezende. A polícia já beco. E sei que era um homem porque seus passos
a conhecia de nome e sabia que ela era agiota e eram pesados, e ele pigarreou. Um minuto depois,
avarenta, mas nunca a incomodou. É difícil provar que senti uma outra vez o mesmo perfume e o homem
os agiotas estão agindo fora da lei. [...] Ora, a passou por mim, andando muito depressa,
empregada jurou que a patroa tinha muito dinheiro descabelado, quase correndo, como se estivesse
naquele cofre. fugindo de alguma coisa. Aprendi a conhecer as
pessoas pelos passos e pelo cheiro. Direitinho como o
meu cachorro.”
e)   Sobrinho da vítima:
- Exatamente. O rapaz tem vinte e cinco anos e
não exerce nenhuma profissão. Já trabalhou como Desempregado há três anos, usava um
balconista de uma loja de ferragens, mas foi despedido perfume de alfazema.
há três anos. Quando foi detido, negou ter estado na
casa da tia, mas o seu perfume o denunciou. Ele usa 03. O mistério da história que você leu
uma loção de lavanda inglesa. corresponde a um crime. Sabendo disso,
responda às questões a seguir.
- Certo – murmurou Zezinho. – Alfazema e lavanda
inglesa é a mesma coisa... E depois o rapaz acabou
a)   Quando o crime aconteceu?
confessando que esteve no pardieiro?

- Pois é. Acabou confessando. Mas disse que O crime aconteceu em um sábado à


encontrou a porta aberta e a tia morta, na sala. [...] tarde.
então saiu correndo e telefonou para a polícia, mas
não se identificou. O que é que você acha disso? b)   Onde?

- Tudo me parece claro, titio – disse Zezinho A vítima foi enforcada em um pardieiro
Sherlock. – O sobrinho perfumado pode estar dizendo de um beco, na Avenida dos
a verdade, pois o cego é um grande mentiroso! [...] Democráticos.
Por que Zezinho chegou a essa conclusão? c)   Quem foi a primeira pessoa a ver a
OVERAL, Hélio de. Dez mistérios para resolver. Rio de vítima?
Janeiro. Ediouro,1986. p.30-35.
Tudo indica que foi o sobrinho, pois ele
alega ter encontrado a porta aberta e a
 ENTENDENDO O TEXTO tia morta na sala, mas ele fugiu e
telefonou para a polícia.
01. Que tipo de narrador o texto apresenta?
Comprove sua resposta com um trecho do 04. Nas histórias de detetive, o modo como a
texto. narração acontece acaba por sugerir ao
leitor suspeitos que possam ter motivos ou
Narrador-observador. “O Dr. Quental leu e um interesse para realizar o crime.
releu o depoimento do cego[...]”
Que suspeito é sugerido no texto?
02. Especifique, a seguir, quais características Justifique sua resposta.
atribuídas a cada um dos personagens.
O texto aponta o sobrinho da vítima como
a)   Zezinho Sherlock: suspeito de cometer o crime. A empregada
afirma a polícia que ele é um marginal,
Usava óculos, tinha cabelos negros e desempregado crônico e andava de olho no
cacheados, é o herói da história. dinheiro da tia.
b)   Orlando Quental: 05. Determine as informações referentes à
sequência narrativa da história,
Delegado, chefe do Departamento
Especial da Polícia. a)   Situação inicial:
c)   Sra. Matilde Rezende: Zezito Sherlock visita o tio e fica
sabendo do assassinato da Sra. Matilde
Era agiota e avarenta. Rezende.
d)   Cego: b)   Conflito:
Um camelô sem licença. Há um suspeito detido, sobrinho da
vítima, mas nada se pode provar
contra ele, pois, a testemunha que o
acusa de ter assassinado a tia é um
cego.

c)   Clímax:

O delegado Quental faz a leitura do


depoimento da testemunha a Zezito.

d)   Desfecho:

Zezito Sherlock esclarece o caso,


dizendo que o cego é um grande
mentiroso.

06. Na situação inicial, o narrador afirma que


Zezito Sherlock esclareceu o caso com a
maior facilidade.

a)   Em que momento o herói da história


percebe que o sobrinho perfumado
pode estar dizendo a verdade?

Zezito Sherlock percebe que o cego


está mentindo ao ouvir seu testemunho,
lido pelo tio.

b)   Como ele chega à conclusão de que o


cego é um grande mentiroso?

O cego afirma ter identificado o


sobrinho por meio de seu perfume e de
passo pesado, mas também diz que ele
estava descabelado, o que faz Zezito
concluir que o camelô não era cego (ou
completamente cego).

07. Identifique os personagens comuns às


histórias de detetive:

a)   Detetives – Zezinho Sherlock e o


detetive Orlando Quental

b)   Vítima – Sra. Matilde Rezende

c)   Suspeitos – O cego e o sobrinho


perfumado

d)   Culpado – O cego

e)   Inocente – O sobrinho perfumado

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