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Ovário Policístico - Sintomas,


Causas e Tratamento • MD.Saúde
// by Dr. Pedro Pinheiro

9-11 minutos

Introdução
A síndrome dos ovários policísticos (SOP),
também chamada de síndrome dos ovários
micropolicísticos (SOMP), é uma doença
caracterizada pela presença de múltiplos
cistos nos ovários, associados a uma
desregulação do ciclo ovulatório e dos
hormônios femininos.

Neste texto vamos abordar os seguintes


pontos:

O que é a síndrome dos ovários


policísticos.
Quais são as suas causas.
Quais são os principais sintomas.
Ovário policístico e gravidez.
Opções de tratamento.
Diferenças entre ovário policístico e cisto
no ovário.

O que é ovário policístico?


Um cisto é uma espécie de saco formado por
uma fina membrana, contendo líquido ou ar
em seu interior. É como aquelas bolhas que
surgem na pele após uma queimadura ou no
pé após o uso de um sapato desconfortável.
O cisto é uma estrutura fechada, não tendo
comunicação direta com o tecido no qual ele
está inserido.

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O ovário policístico, como o próprio nome diz,


é um ovário que desenvolve múltiplos cistos.
Para entender por que surgem vários cistos
no ovário é preciso primeiro conhecer o ciclo
ovulatório normal. Vamos resumi-lo:

Ciclo menstrual normal

O ciclo da ovulação ocorre por uma


sequência de eventos desencadeados pelo
cérebro, ovários e útero, que ocorrem em
média uma vez a cada 28 dias (em algumas
mulheres este ciclo é maior, em outras
menor). O ciclo ovulatório é controlado
basicamente por 4 hormônios, dois deles,
FSH e LH, produzidos pela glândula hipófise
do cérebro, e outros dois, estrogênio e
progesterona, produzidos pelos ovários.

Durante a primeira metade do ciclo, o cérebro


produz o hormônio FSH, que estimula o
ovário a desenvolver vários folículos (um tipo
de cisto). Na presença do FSH, os folículos
começam a se desenvolver, crescendo e
amadurecendo. Sete dias após o início do
ciclo, é possível detectar na ultrassonografia
do ovário vários folículos medindo entre 9 e
10 milímetros.

Estes folículos ovarianos começam a


produzir estrogênio. Conforme os níveis de
estrogênio vão crescendo, um dos folículos
se torna dominante, desenvolvendo-se mais
rápido que os outros, que param de crescer e
começam a involuir. Este folículo dominante
é quem vai liberar o óvulo no momento da
ovulação.

O pico na produção de estrogênio ocorre um


dia antes da ovulação. No momento de
concentração máxima do estrogênio, outro
hormônio da hipófise é liberado, o LH.
Estamos agora exatamente no meio do ciclo,
ao redor do 14º dia em casos de ciclos
menstruais de 28 dias. 36 horas após a
liberação do LH, ocorre o rompimento do
folículo dominante e a liberação do óvulo.

Após a ovulação, o ovário produz estrógeno e


progesterona, que preparam o útero para a
implantação e possível gravidez. Se o óvulo
não for fecundado, ele é absorvido e a
produção de LH, estrogênio e progesterona é
interrompida. Sem estes hormônios o útero
descama, surgindo assim a menstruação.

Portanto, a menstruação é um sinal que a


mulher ovulou mas não foi fecundada.
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Para ler sobre o ciclo menstrual com mais


detalhes sugerimos dois textos:

CICLO MENSTRUAL
PERÍODO FÉRTIL.

Ciclo menstrual na síndrome dos


ovários policísticos

Nas mulheres com SOP, os folículos que


surgem devido à ação do FSH são incapazes
de crescer até um tamanho que provocaria a
ovulação, não havendo, portanto, o
desenvolvimento de um folículo dominante.
Sem o folículo dominante, não ocorre
ovulação nem estímulo para os folículos
restantes involuírem, havendo acúmulo
progressivo dos mesmos, fato que é
responsável pelo aspecto policístico que os
ovários adquirem.

A ausência de ovulação e a presença


constante de folículos desregula todo o ciclo
de produção de FSH, LH, estrogênio e
progesterona. A mulher com ovário
policístico pode não ovular por vários ciclos,
o que é facilmente perceptível pela natureza
irregular das suas menstruações.

O que causa a síndrome dos


ovários policísticos?
Não se sabe bem ao certo o que provoca a
SOP. É provável que a mesma seja o
resultado da associação de fatores genéticos
e factores ambientais. Cerca de 10% das
mulheres possuem a síndrome dos ovários
policísticos em algum grau.

A influência genética é forte. Mulheres com


ovário policístico frequentemente possuem
uma mãe ou irmã também com a doença.
Pesquisadores ainda estão à procura dos
genes responsáveis pela doença.

Uma achado muito comum nas mulheres


com síndrome dos ovários policísticos é um
aumento dos níveis de testosterona, o
principal hormônio masculino. Outra
alteração comum é a resistência a insulina. A
paciente produz insulina normalmente, mas
os seus tecidos são resistentes a sua ação,
causando uma alteração nos valores de
glicose no sangue.
Sintomas do ovário
policístico
A síndrome dos ovários policísticos é
chamada de síndrome porque possui um
conjunto de sinais e sintomas que podem ou
não estar presentes. A doença pode ser
mais branda em algumas mulheres e mais
exuberante em outras.

As principais características da SOP são a


menstruação irregular, que é provocada pelos
ciclos anovulatórios (ciclos menstruais em
que a mulher não ovula), infertilidade,
obesidade, aumento dos pelos e acne.
Laboratorialmente é comum encontrar níveis
elevados de glicose no sangue. Em cerca de
10% dos casos, a alteração da glicose
sanguínea é suficiente para causar diabetes
mellitus tipo 2.

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O excesso de testosterona, chamado de


hiperandrogenismo, é responsável por alguns
dos sinais e sintomas típicos da síndrome
dos ovários policísticos. Hirsutismo é o nome
dado à presença de pelos na mulheres em
locais com características masculinas. Os
pelos costumam surgir acima do lábio
superior, no queixo, ao redor dos mamilos e
abaixo do umbigo. A mulheres também
podem apresentar uma calvície com padrão
masculino. O excesso de hormônios
masculinos também é o responsável pelo
aumento da oleosidade da pele e surgimento
da acne (cravos e espinhas).

A dificuldade para engravidar é muito comum


nas mulheres com a síndrome. Os frequentes
ciclos anovulatórios são a causa dessa
dificuldade. Muitas das pacientes com SOP
acabam precisando de tratamento para
infertilidade para conseguir engravidar.

A ausência de ovulação e as alterações


hormonais da SOP aumentam o risco do
desenvolvimento do câncer do endométrio,
que é a parede interna que reveste o útero.

Outro achado comum na síndrome dos


ovários policísticos é a síndrome metabólica,
caracterizada per excesso de peso,
resistência à insulina, níveis elevados de
colesterol e hipertensão arterial. Pacientes
com síndrome metabólica têm maior risco de
desenvolver doenças cardiovasculares.

Acantose nigricans é o nome que damos ao


aumento da pigmentação da pele nas regiões
da nuca, dobras cutâneas, articulações ou
cotovelos, que tornam-se mais escuras. É
uma achado típico nos pacientes obesos e
com resistência à insulina.

Outras alterações comuns são a apneia do


sono e esteatose hepática.

Tratamento da síndrome dos


ovários policísticos
Não existe cura para a síndrome dos ovários
policísticos. Porém, há tratamento efetivos
que conseguem controlar bem os sintomas
da doença.

O tratamento é geralmente direcionado para


os sintomas mais exuberantes. Nas mulheres
com hiperandrogenismo, o uso de pílulas
anticoncepcionais ajuda a diminuir a
produção de hormônios masculinos. O
Acetato de ciproterona, hormônio presente
na pílula Diane, tem uma boa ação
antiandrogênica.
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Se não houver resposta esperada após 6


meses de pílula, um diurético chamado
espironolactona pode ser usado, por ter
também atividade antiandrogênica,
principalmente na pele, inibindo o hirsutismo.
Outra droga com efeito antiandrogênico que
pode ser usada é a Finasterida. Existe um
creme chamado Vaniqa, que pode ser
aplicado na pele, pois ele inibe o crescimento
de pelos.

O uso de anticoncepcionais, além da parte


estética, também é importante para
regularizar o ciclo menstrual, diminuindo os
riscos de câncer do endométrio. A pílula
também age contra a acne.

A metformina é uma droga antidiabética


muito usada na SOP, pois ajuda a controlar a
resistência à insulina, ajustando os níveis de
glicose sanguíneos. A metformina também
ajuda a regular o ciclo menstrual.

Nas mulheres que desejam engravidar, o


Clomid (citrato de clomifeno) costuma ser o
medicamento mais usado para induzir
ovulação. A metformina é frequentemente
usada para aumentar a eficácia do Clomid.

A prática de exercícios físicos e a perda de


peso são importantes, pois atuam
melhorando a resistência à insulina, reduzem
a produção de hormônios masculinos e
protegem contra as doenças
cardiovasculares.

Diferenças entre ovário


policístico e cisto no ovário
O cisto de ovário e a SOP são doenças
completamente distintas. Na síndrome dos
ovários policísticos a paciente apresenta
múltiplos cistos de tamanho pequeno, cerca
de 5 mm (0,5 cm), espalhados pelos dois
ovários. Geralmente estão presentes mais de
dez cistos em cada lado.

Já o cisto de ovário é diferente. Ele é


habitualmente uma lesão única e de tamanho
maior, em geral, acima de 2 cm.

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Se você procura informações sobre cisto


simples de ovário, acesse o seguinte link:
CISTO DE OVÁRIO – Sintomas e Tratamento.

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