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Fisiologia da Gravidez
01 Ovulação, Fecundação e Nidação
Aroldo Fernando Camargos
Cláudia Navarro Carvalho Duarte Lemo
ava li o Cruzeiro
Fecundação
Primordial Diploide 50111' Ausente Revestido por camada simples de células planas
Primário Haploide soan Pequena As células planas se dividem em duas camadas: teca e
granulosa, separadas por fina membrana (membrana basalt
Pré-antral Hapfoide 200111' Aumentada SUrgimento da zona pelúcida. Multiplicaçio das células da
~~ e da teca, com inrcio de deposiçlo de fluido entre
8Spnm&lf8S
I
Antral Haploide 500IJII Aumentada fonnaçlo de cavidade central, com deslocamento do oócito
para 111'1 dos polos, formando o cumu/us oop/wJnJs I
Pré-ovulatOOo Haploide 20mm Abundante Atlnento da vascularização. do tamanho e da cavidade central
Folfculo primordial
Folfculo pré-antral
Zona pelúcida
- Folículo antral
200 J.lm
Folículo primário
Cumulus
ooforus
20mm
Folículo pré-ovulatório
Figura 1.1 I Desenvolvimento foUcular.
G = Gr.mulo~Ji T =Teca; Oc = Oócito; a = antro.
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Dia do ciclo
Figura 1.2 I Concentrações hormonais durante o ciclo menstrual.
A
Óvulo co Óvulo Células da granulosa
Figura 1.3 1Aspecto do Cllllllllus ooplwrus (CO):
A óvulo im,lturo revestido por células da granulosa condensada c 13 óvulo maduro circundado por células d.1 gr.mulo!>a dispcrs.1s.
Objctiva 20 X.
Fonte: Laboratório de Reprodução Humana do HC da UFMC.
Figura 1.41 D esenvolvimento embrionário: A- Oócito fertilizado com presença de dois pronúcleos, B - Embrião no segundo
dia de cultivo (duas células), C - Embrião no segundo dia cultivo (quatro células), D - Embrião no terceiro dia de cultivo (oito
células), E- Embrião no qui nto dia de cultivo (blastocisto) e F - Hacthing do blastocisto. Objetiva 20X.
C P = segundo corpúsculo polar; EP = espaço perivitehno; PN = pronúcleo; ZP = zona pelúcida; B = blastômeros; N = núcleo;
BL = blastocele; MCI =massa celular interna; T = trofoectoderma.
Fonte: Laboratório de Reprodução Humana do HC da UFMG.
Fisiologia Fetal 17
tica fundem-se e origin am o endoderma intraembrioná- ao tubo neural, mas logo se separam em duas colunas si-
rio, empurrando o hipoblasto para baixo (mediados por métricas dorso-laterais ao t ubo neu ral que, por segmenta-
TGF-b; fator de transcrição T-box e a via de sinalização ção, formarão os gânglios sensitivos da coluna e os nervos
de Wnt). O epiblasto restante passa a ser conhecido como cranianos, além das células d e Schwann, parte medular
ectoderma. da glândula ad renal, menin ges e células pigmentares e,
ainda, compone ntes musculares e esqueléticos c ra nia nos
(Figura 2.6).
NOT O CORDA
PREGA CEFÁLICA
PREGA CAUDAL
Fisiologia Fet al
19
PR!-GA LATI RAIS (entre os dois primeiros a rcos faríngeos). Há relatos deres-
posta motora embrionária apó e tímulo, nesse período.
O embrião também se dobra lateralmente, com as bor-
das e encontra ndo na linha média e da ndo in fcio ao esta-
beleci mento da ua fo rm a. A fo rm ação das pregas latera is SÉT IMA . EM A A
direita c esquerda é resultante dessa dobra tra nsversal.
O intest ino médio é resultado d esse dobrame nto la- Aparecem chan fraduras no ra ios d igitai indicando
teral, incorpo ra ndo pa rte do aco vitelino. O intestino a sepa ração dos dedos. Ocorre hern iação intesti nal p,tr:t
méd io, com o já descrito, m a ntém contato temporário dentro do cordão u mbilical (talvez pelo cre cimento exccs-
com o saco vite lino por estreito pedíc ulo vitelino, que ivo do intestino c a incapacidade da cavid:~de abdom inal
depois se oclui, ficando to do o intest ino como uma c::t- de conter todo o volume intc ti n:~ l). I n ici:~-~e ,\ ossifi :~ção
vidadc fechada. dos membros superiores
G randes alterações ocorre m no embrião; de sua fo r- Os dedo da mãos estão u n idos :~pcn.ts por dclg:1da
ma pla na r pa ra uma form a cilínd rica; d iferenciação de membrana; o processo de chanfradu ra o orrc agora no
tecidos c c rescimento nessa fase ele ainda é quase rcto, dedos dos pés. Os movimentos corpóreos j:l são notados,
tendo quatro a 12 som ito . O tubo neural ainda e encon- a im como o fê mu r. A apa rência é hu mana, sendo q ue a
tra abe rto (neuroporo rostral - ou a nterior - e nc uropo ro c:tbeça responde por 50% do t:J.m:~nho do corpo.
caudal - o u poste rior). Os do is primeiros a rcos faríngcos
já são vistos (24 d ias) c o embri ão e e ncurva. C om 26
dias já é visível o coração com batimentos rítmico ; o CRESCIMENTO F ETAL
crescimento do encéf.1lo leva à marcada curvatura ante-
rior - o tercei ro arco fa ríngeo e já se delimitam os bro- O cresci mento fetal é rc ubntc de complexo rcbcion.l-
tos do mem bros superiores. o fi nal d a qua rta e ma na, mcnto de c ·trutura morfológicas e fu ncion:~ i ·, de cvoluç.'io
tanto as fosse tas é ticas (origem do ouvido interno) como ordenada e con tantc, q ue culmi na com o nas imento. A evo-
os placoides dos cristalinos já são notados e também o lução completa c adequada desse processo é regida por rJtore
quarto a rco fa ríngeo c os brotos dos me mbros infe riores. que interagem entre si e podem ser cb ssificados em: genéti-
co , nutricionai , maternos, útero-placentário c hormomis.
A restrição do c re cimento intrauterino está as ociada
Qu 1 TA SEMANA DF DESE VO LVI MENTO a aumento sign ifi cativo de morbimortalidadc pcrinatal,
e ndo que uma proporção desses neonatos que ·obrcvi-
Poucas são as alterações qu ando compa radas às da vcrn cont inua m com cre ci mento insuficie nte ou com al-
quarta sema na; o encéfalo c resce c a face fica de encontro teraçõe de aprendizado.
ao tórax; os brotos dos membros superiores lembram re- O d iagnós tico precoce das cau :1 pode ajudar na pre-
mos e os infe riores nadadeiras. venção de compli cações graves no nconato, como ta m bém
na ident ificação e t rat:~ mcnto de fa tore maternos c útero-
-placentários ainda na gestação.
SEXTA SE IA! A
As mãos cre cem c os raios digitai já são notados (pri- ASPE CTOS GENÉTIC OS NO C R E SCIMENTO
mórdios dos dedos). O olho está bem evidente e a cabeça
equivale à maior parte do corpo embrioná rio. Os futuros Sabe-se que a carga genética do feto contém toda as in-
meato acústico exte rnos localiza m-se no ulco faríngco formaçõe p:~ ra mu ltiplicação c d ifere nciação celular necessá-
Fisiologia Fetal 21
CARACTERÍSTICAS ANATÔMICAS O átrio esquerdo recebe a maior parte do sangue en-
riquecido em oxigénio proveniente da VCI através do
Na placenta, o sangue fetal é oxigenado, recebe nu- fora me oval. O sangue bcm-ox igenado mistura-se à pe-
trientes e elimina excretas, toxinas c C0 2. Sua saturação de quena parte de sangue pouco oxigenado proveniente dos
0 2 na placenta é de 84% abaixo do nível materno, porém pu lmões (o débito cardíaco que passa pelos pulmões é de
como a hemoglobina fetal demonstra mais afi nidade pelo apenas 9%, pois a maior parte do sangue do tronco pul-
oxigênio do que a hemoglobina materna, a passagem do monar é desviada para a aorta), representando o segundo
oxigênio ocorre mesmo contra o grad iente desfavorável. sítio de comunicação do sangue de alta concentração de
O sangue proven iente da placenta chega ao feto pela oxigénio com o de baixa concentração. Do átrio passa ao
veia umbilical (diferentemente da circulação do adulto, vent rículo esquerdo, de onde, pela aorta, vai irrigar cére-
cujo sangue com alta concent ração de oxigénio é transpor- bro e miocárdio (órgãos nobres altamente dependentes
tado por uma artéria), que se divide em veia porta e dueto de oxigênio), além da parte inferior do corpo pela aorta
venoso. Parte do sangue segue pelo fígado fetal através da descendente.
veia porta c parte segue pelo dueto venoso, que se Iiga à veia O sangue que chegou ao ventrículo direito é ejetado
cava inferior. O dueto venoso é a primeira estrut ura regu- no tronco pulmonar. Apenas pequena porção deste vai aos
ladora da circulação fetal. Em condições de normoxemia, pulmões, devido à sua alta resistência vascular, sendo sua
o dueto venoso divide o sangue oxigenado em duas vias: maior parte desviada pelo canal arterial para a aorta des-
60% seguem pa ra o território porta-hepático, de onde o cendente, consistindo no terceiro ponto de comunicação
sangue, agora com menos concent ração de oxigên io, segue artério-venosa.
para a veia cava inferior através das veias supra-hepáticas. O canal ou dueto arterial é uma estrutura de I a 2 cm
Os restantes 40% seguem di reta mente para a veia cava in- de comprimento, que comunica o tronco pulmonar com
ferior. No advento de hipoxemia fetal, até 90% do sangue a aorta descendente. Apesar de curto, tem diâmetro igual
oxigenado vão seguir diretamentc para a veia cava inferior, ou maior que o do arco aórtico, apresentando caracterís-
através do dueto venoso. ticas ideais de baixa resistência. É dependente da ação de
A veia cava inferior (VCI) recebe todo o flu xo san- prostagland inas e de baixas pressões parciais de oxigênio
gu íneo proveniente da veia umbilical. Este terá mais con- para se manter pérvio. Nota-se que o canal artcri.ll desem-
centração de 0 2 quanto maior for o shunt direto do dueto boca na aorta após os ramos que nut rem coração (coro-
venoso. nária) e cérebro (braquiccfálicas). O sangue na aorta que
Além do fl uxo proveniente da placenta, a VCI recebe nutre esses órgãos tem níveis mais elevados de oxigénio,
também o retorno venoso de todo o corpo, à exceção do pois o faz antes de receber a contribuição do sangue do
território da veia cava superior. Representa o primeiro sítio canal arterial.
de comunicação do sangue com alta concentração de oxi- Após receber o sangue do canal arterial, a aorta emite
gênio com o de baixa concentração, que retorna dos mem- ramos para nutrir o restante do corpo, que não é tão depen-
bros inferiores. A veia cava superior, por sua vez, recebe o dente de oxigênio.A aorta divide-se em duas artérias ilíacas
retorno venoso do território braquiocefálico, ligando-se ao comuns que, posteriormente, dividem-se em duas artérias
átrio direito. A crista inlerveniens (situada na parede póstcro- ilíacas internas e duas artérias ilíacas externas. De cada ar-
-lateral do átrio direito) direciona o fluxo para o ventrículo téria ilíaca interna sai uma artéria umbilical, que levará o
direito através da va lva tricúspide. sangue empobrecido em oxigên io até a placenta, comple-
O seio coronário que drena o sangue do miocárd io tando o ciclo (Figura 2.7).
também desemboca no átrio direito, sendo também dire-
cionado para a valva tricúspide. A veia cava inferior desem-
boca perpendicularmente à veia cava superior, cavalgando HEMODINÂMICA DA CIRCULAÇÃO FETAL
o septo interatrial de tal modo que seu flu xo é dividido pela
crista dividens, sendo a maior parte direcionada para o fora- Para compensar essa mistura de sangue rico c pobre em
me oval, enquanto reduzido fluxo atinge o ventrículo direi- oxigênio e possibilitar o cresci mento adequado, o feto lança
to, juntamente com o fluxo da veia cava superior. mão de mecanismos compensatórios, descritos a seguir.
O aumento do débito cardíaco é o mais importante A manutenção da fu nção cardíaca, bem como da pres-
mecan ismo compensatório. O somatório dos débitos dos são arteria l, da frequência cardíaca e da d istribuição do
dois ventrículos é aumentado em até qu atro vezes, quando fluxo sanguíneo é uma relação entre ação vascular local e
comparado ao do adulto, sendo que a mais alta porcenta- arcos reflexos. Estes são o riginados de estimulação de vá-
gem vem do ventrícu lo d ireito (aproximadamente 66%). rios recepto res mediados pelo sistem a nervoso autônomo
O débito ca rdíaco depende da frequência cardíaca e do (SNA), assi m como ação hormonal. Novos fatores dessa
volu me sistólico, ambos elevados no fe to. Porém, a pressão equação são alvo de estudo, mas ainda não se tem a com-
arterial no fe to é baixa, devido à baixa resistência vascula r pleta compreensão da resposta ao estresse e da homeostase
periférica do leito umbilico-placentário. normal do sistema cardiovasc ular. Como fatores de confu-
A distribuição do débito card íaco total pode ser assim são são incluídos o sono fe tal, atividade elétrica e contráti l
divid ida: do útero interferi ndo na circulação.3
23 a 60% à placenta;
12 a 13% ao cérebro; FATORE<; DF REGULAÇ-ÃO
4 aS% aos pulmões; Aqueda da perfusão fetal prom ove redistribu ição do fl u-
S% ao coração; xo sa nguíneo por meio de um rearranjo no q ual se constata
10 a IS% ao segmento superior; aumento do fluxo para miocárdio, cérebro e suprarrenais e
IOa IS% ao segmento inferior; d iminuição para a árvore respiratória. A circulação placen-
menos de 10% aos rins, intestino, fígado e baço to-umbilical não exibe autorregulação e o fl uxo sanguíneo
reunidos. responde a mudanças da pressão de perfusão arterial.
O fluxo placentário de aproximadamente 200 m i/ kg /
min é regulado principalmente pela PG E2, vasodilatado-
ra, sendo a p0 2 inversa mente proporcional à resistência a
este fluxo. O fl uxo pulmonar mantém-se restrito p ela ação
vasoconstritora de p rostaglandinas, adrenali na e norad re-
nal ina, além da baixa p0 2 (aproximadamente 17mmHg)
e pH. O fl uxo cerebral é regulado pela p0 2 que, qua ndo
baixa, determina aumento de fluxo sanguíneo e queda da
resistência vascu lar nesse órgão. O fluxo corona riano é
até duas vezes mais alto no feto que no adulto e pode au-
mentar ainda mais se houver queda da p02 ou consumo
aumentado. O fluxo no canal a rterial é fu ndamenta l, como
já descrito, na m anutenção adeq uada da circulação fetal; e
sua permeabilidade é regulada pela baixa p0 2 fe tal e pela
ação de prostaglandi nas. Decorre d isso a contraind icação
à prescrição de anti-inflamatórios não hormona is na gesta-
ção, pois estes são inibidores de prostaglandinas (in ibem a
ciclo-oxigenase), causando o fecha mento precoce do canal
arterial, com colapso da ci rculação feta l e óbito p or insu fi-
ciência cardíaca.O sistema nervoso autônomo muda com
o avançar da gravidez. O predomínio do tônus simpático
no início da gestação va i dando lugar, progressivamente, ao
t sangue com baiXa concentração de 0 1 tônus parassimpático até que os dois se equiparem, próx i-
'fr sangue comalta concentração de 0 1
mo do termo. Após o nasci mento, o parassimpático passa a
Figura 2.7 1Circulação fetal. predominar. O controle nervoso si mpático tem sua fu nção
Fisiologia Fet al 23
finalizada ao termo (ou próximo do termo); já a inervação xia intensa, a mínima disponibilidade energética existente
colinérgica está apta a funcionar durante a vida fetal (pre- acompanhada de acidose promove depressão di reta do mio-
sença de acetilcolinesterase). cárdio, levando à bradicardia. Éevento tardio na evolução do
A frequência cardíaca fetal (FCF) decresce com ages- comprometimento fetal observada no período pré-óbito.
tação, não em função da maturação dos sistemas autóno- Com 90 dias de vida já é detectada no plasma feta l a
mos, mas sim por mecanismos intrínsecos de cont role da angiotensina-1 1. Qtando há hemorragia fetal, os níveis da
frequência cardíaca fetal. angiotensina-1 1aumentam marcadamente. Estudos expe-
Por volta da quinta semana a FCF é de 86 bpm; ri mentais comprovam que infusões de angiotensina, no
durante a sexta semana é em torno de 96 bpm; mesmo nível de moderadas hemorragias fetais, estimulam
Ent re a sétima e a oitava semanas aumenta paulati- resposta fetal com aumento da pressão arterial bem como
namente 25%; taquicardia. O fluxo para diferentes sistemas também se
a nona semana a freq uência é de 140 bpm, sendo que altera, sendo detectado au mento de fluxo para miocárdio
a partir dessa idade a FCF varia entre 110 e 160 bpm. e pulmões, assim como a pós-carga ventricular. Identifica-
-se também diminuição de fluxo para os rins, mantendo-se
A variabilidade da frequência cardíaca é determinada inalterado o fluxo umbilico-placentário.
pela interação do sistema nervoso autónomo simpático A vasopressina é detectada com 60 dias de vida e seus
com o parassimpático. valores aumentados no plasma fetal promovem bradicar-
Diante de um estado de hipóxia o feto responde com dia e hipertensão, além de diminuir o fluxo sanguíneo para
aumento da resistência vascular periférica, bradicardia e trato gastrointestinal e tecidos periféricos.
mudança da pressão arterial, desencadeada por quimior- Os peptídeos natriuréticos - ANP (peptídeo natriuréti-
receptores arteriais. co atrial) c B P (b-peptídeo natriurético) - são hormônios
Receptores circulatórios ou barorreceptores regulam e reguladores de volume, atuando como potentes vasodilata-
diminuem a frequência cardíaca, respondendo ao aumen- dores e produzidos secundariamente à distensão das paredes
to da pressão arterial. cardíacas. Apresentam-se funcionais na metade da gestação.
Os quimiorreceptores, existentes tanto nas paredes da Apesar de prostaglandinas não serem encontradas no
.10rta quanto nas das carótidas, têm importante papel na sangue de adultos, nos fetos suas taxas são elevadas. São
resposta à hipóxia. produzidas principalmente pela placenta, mas os vasos
A taquicardia fetal é descrita como frequência cardíaca fetais também são capazes de produzi-las. A ati vidade das
acima de 160 bpm. Embora não muito frequente, a causa prostaglandi nas varia de aco rdo com os tecidos. PGE 1 e
mais importante é a hipóxia fetal crônica, em resposta à PGE2, bem com prostaglandina 2-a e tromboxano, pro-
estimulação de componente simpático do sistema nervoso movem constrição da circulação umbilico-placentá ria. A
autónomo. Outras causas que devem ser lembradas são a prostaciclina, ao contrário, leva à vasodilatação. A PGE 1,
hipertermia fetal, a infecção ovular, o excesso de ativida- PGE1 , PG11 e a prostaglandina 02 produzem vasodilata-
de fetal após hipertonia uterina ou hipotensão materna, ção pulmonar, sendo que prostaglandina 2-a leva à constri-
além do uso de substâncias parassimpaticolíticas, como a ção dos vasos pul monares.
atropina e uterolíticas, como os agonistas ~-adrenérgicos.
Outra causa importante são as taqu iarritmias com valores
superiores a 200 bpm. o SISTEMA RESPIRATÓRIO FETAL
A bradicard ia fetal é caracterizada pela frequência car-
díaca fetal abaixo de I lO bpm. As causas mais frequentes O primórd io do sistema respiratório inferior, compos-
estão relacionadas ao pós-datismo, uso de medicamentos to pela laringe, traqueia, brônquios e pulmões, começa a se
~-bloqueadores pela gestante, hipertonia e/ou taquissisto- forma r durante a quarta semana de vida (cerca de 26-27
lias uterinas. A estimulação de quimiorreceptores é con- dias de concepção). Sua primeira indicação é um sulco
siderada um dos mecanismos relacionados à instalação da longitud inal mediano no assoal ho da fari nge primitiva, o
bradicardia fetal, principalmente na hipoxemia aguda fetal sulco laringotraqueal, na extremidade caudal da parede
por ativação do tónus parassimpático. Nos casos de hipó- ventral em relação ao quarto par de bolsas faríngeas.
Fisiologia Fetal 25
cílios aparecem nos brônquios intrapul monare e na 14' P ERÍOD O PsEU D OG LAND LAR - s• À 17· 1
El\I A ! AS
emana nos brônquio egmentares. Ao nascer, toda a ár-
vore brónquica c encontra revestida de epitélio ciliado 4• e se período o pulmão cm desenvolvi mento guarda
As glândulas mucosas surgem por volta da 13' semana c certa semelhança com uma glândula endó ri na e os brôn-
urna emana depoi j:i está produzindo muco, estando pre- quios são recobertos por células cuboides. Por volta da 17'
sente por volta da 2 • emana cm quase toda a via ,térea.4 semana os principai componente do pulmão já e tão for-
mado (elementos tubulare que apre entam epitélio cilín-
drico simples nos termi nais da arborização bronquiolar),
DESENVOLVIMENTO DOS PULMÕES execro aquele para troca ga o as, poi ai nda é incxi tente
a vascularização para esse fim.
O de envolvimento pulmonar ocorre cm cinco etapas,
apresentados na Figura 2.8:4
período cm briogen ico; Pt:.RÍO DO CANA l I CULAR 16• À 25• ' t:.t-1 1\ AS
período p eudoglandular;
período canalicular; obrepõc-se .to período pseudoglandular, pois o
período de aco terminal (sacula r); segmentos cefá licos dos pu lmões apre entam maturação
período alveolar. mai precoce que uas contrapartcs caudais. Dura nte a
fa e canalicubr aumenta- c a luz do brônquio c bron-
quíolos terminais c estes estão revestidos de tecido cúbi-
co simples. Além disso, o tecido ci rcundante mcsenq ui-
mal apre enta- e altamente va cub rizado. o final do
período, cada bronquíolo terminal origi na dois ou mais
bronqu íolos rc pi ratórios c cada um destes se d ivide no-
va mente em três a seis duetos alveolares. E tcs apresen-
tam células que e adelgaç.tm e o capilare sanguíneos
f.1zcm projeçõcs para o interior do futuro ·aco alveolar
terminal. e e período a respiração é pos ível, porque
alguns sacos terminais já se desenvolvera m n::ts extrem i-
dade dos bronquíolo respi ratório . Entre a 22' e a 24' e-
ma nas ocorre ma rcante d iferenciação no tipo histológico
dos sacos terminais, da ndo origem às células alveolares
ou pncumócito · tipo I.
Figura 2.81 Períodos de de envolvimento do pulmão. Nesse pcrfodo mu itos sacos terminais amadu recem
e eu epitélio adelgaça-se bastan te. O principal reves-
timento é feito por pneumócitos ti po I, que ao fi nal da
P ER ÍODO E ,\IBIUOGÊ ICO - 22 Ot A ATP A 8J EMA A gestação recobrem 90% da área de troca de gases e são
por ela responsáveis. A rede capi lar prolifera-se conti-
Inicia- c com a projeção primordia! dos pulmõcs a par- nuamente no mesênquima em volta dos alvéolos que se
tir da face ventral do inte tino primitivo, por volta do dia 22 formam; concomitantemente, a rede linfática também
de evolução e no dia 26 já cxi te divi ão em pulmão direito se forma.
c esquerdo. E ·egue-sc então a divisão bronquiolar, como Entre as células cpitel iais escamosas estão d ispcr as
descrito anteriormente. células arredondada deno minadas célul.ts epitclia is
PERÍODO ALVEOLAR- NASCIMENTO O surfactante é uma mistura complexa de lipíd ios e pro-
ATÉ CERCA DO Ü ITAVO ANO DE VIDA teínas, com propriedade de dim inuir a tensão superficial dos
alvéolos. Se não por sua ação, o ar não chegaria às vias aéreas
Embora existam ainda controvérsias na definição do de menor calibre, devido à alta pressão (a pressão é inversa-
início real do período alveolar, estudo realizado em neo- mente proporcional ao raio da estrutu ra), e estas se colaba-
natos e neomortos por causas não respiratórias com idade riam, forma ndo áreas de atelectasia. Isso é o que ocorre na
mínima de 32 semanas demonstrou que já existiam alvé- síndrome da angústia respiratória do recém-nascido.
olos e que estes estavam presentes em todos os fetos com O surfactante é composto de cerca de 50% de fosfatil-
idade acima de 36 sema nas. O período alveolar estende-se dilcolina saturad a; 20% de fosfatid ilcolina insaturada; 8%
até os oito anos de vida, com ma is incremento do número de lipídeos ne utros; 8% de fosfa tidilglicerol; 8% de proteí-
de alvéolos nos dois primeiros anos de vida. nas surfactantes ( PS-A; PS-B; PS-C; OS-D) e 8% de outros
O revestimento epitelial dos sacos terminais atenua- fosfolípides. Essas composições mudam d urante o período
-se até tornar-se uma camada epitelial escamosa extrema- gestacional, sendo que o fosfatidi linositol está ma is presen-
mente fi na. Ao fi nal do terceiro trimestre de gestação, os te nos fetos im aturos substitu ídos gradativa mente por fos-
pulmões já se encontra m aptos para promover as trocas fatidilglicerol no termo.
gasosas necessárias à vida ext rauterina. C ada bronquíolo Alecitina é produzida em q uantidades c rescentes a pa r-
respiratório termina em um agrupamento de sacos termi- tir d e 30 sema nas. Altos níveis de lecitina e a inversão da
nais separados uns dos outros por tecido conjuntivo frou- relação lecitin a/ esfi ngom ielina (LE > 2) estão relacionados
xo; estes serão os futu ros duetos alveolares, não havendo à boa maturidade pulm onar. 5 No entanto, alguns recém -
formação de alvéolos maduros ca racterísticos até algum -nascidos com baixos níveis de fosfa tidilglice rol desenvol-
tempo depois do nascimento. vem síndrome da angústia respiratória mesmo quando a
leciti na é normal. Esse fa to demonstra que o fosfatid ilgli-
cerol também é importante p ara a adequada fu nção do
F LUIDO PULMONAR surfac tante. A produção do fosfa tid ilglicerol in icia-se mai s
tardiamente, por volta da 35• semana.6
O Auido pulmo nar é formado a parti r da fase canalicu- A admi n istração de corticoides à mãe acelera a matura-
lar, sendo levado, a pa rtir dos movimentos torácicos, p ara ção pulmona r, aumentando a relação lecitina/ esfi ngom ie-
o líquido amniótico com o qua l se mescla. A composição li na, por mecanismos ainda não totalmente escla recidos.
desse fl uido é pec uliar, com altos n íveis de cloro e baixos É interessante ressalta r que o trabalho de pa rto aumen-
níveis de bicarbonato e proteínas em relação a outros flui- ta significativamente a produção d e surfactante, por meca-
dos biológicos. n ismos ainda não determ inados, sendo p referível o parto
A presença de volume normal de líquido amniótico norma l, no sentido de diminu ir a incidência da síndrome
está relacionada ao desenvolvimento normal dos pu lmões, da angúst ia respiratória. Por fim, o sexo fe m in ino tem ma-
sendo que em casos de oligoidrâmnio precoce (segu ndo turação pulmonar m ais precoce, provavel me nte devido à
trimestre) há associação com hipoplasia pulmonar, que in ibição da produção do surfactante promovida por andro-
pode impossibilitar a vida extrauterina. gênios no sexo masculi no?
Fisiologia Fet al 27
NUTRIÇÃO FETAL maternos. A transferência de glicose é mediada por um
carreador e se dá por difusão facilitada. Proteínas carre-
Devido à po uca quantidade de nutrientes no ovo hu- adoras de glicose fo r::tm identificadas na membrana plas-
mano, o desenvolv imento embrionário desde o seu estágio mática do sinciciotrofoblasto.
inicial depende dos nutrientes obtidos da mãe. Durante os As proteínas são proemi nentes na placenta, aumen-
primeiros di,1s após a implantação, a nutrição do blastocisto tando com a evolução da gestação e sendo induzidas
vem do flu ido intersticial do endométrio e do tecido mater- pelos fatores de cresci mento.s Tanto no primeiro trimes-
no circunda nte. a semana segu inte, os espaços in tcrvilo- tre quanto ao termo, :1 pbcenta apresenta altos n íveis de
sos placentários se formam. Inicialrnente, são simplesmen- GLUT L, uma das pro teínas carreadores de glicose. 12 O
tc lacunas circundadas pelo sangue materno. a terceira tam::tnho fetal não é ditado somente em função da idade,
semana, os vasos sanguíneos fetais se formam nos vilos mas da eficiência do transporte nutricional, disponibili-
coriônicos, mas é durante a quarta semana que o sistema dade dos nutrientes e do número de cofatores facilita-
cardiovascular está estabelecido, com circu lação tanto no dorcs.s A concentração de gl icogênio pbcentário é alta
embrião quanto nos vilos coriônicos.8 Para a homeostase no início d::t gravidez, caindo progressivamente com sua
fetal é necessária eficiente circulação materno-placentária.9 evolução. A medida que cai o glicogênio pb centário, cai
As alterações histológicas que ocorrem com o cresci mento também :1 glicogenól ise anaeróbica e au menta a glicogê-
e mat uração placentária aumentam a eficácia do transpor- nese fetal. 11 Isso é devido à placenta ser a reserva fetal de
te e troca de nutrientes, confo rme as necessidades do meta- glicogênio até o terceiro mês de gestação, época a partir
bolismo, transferências e secreção cndócrina.10 d::t qual o fígado fetal começ::t a funciona r, assumi ndo seu
A maioria das substâncias, se não todas, são transferi- papel no metabolismo d::t glicose.10
das para o feto, de acordo com su,ls necessidades, através A água é transferida da gestante p::tra o feto de maneira
da placenta. A questão crucial é s.1ber não só qual substân- progressiva durante a gravidez. A transferênci.l máxi ma é
cia atravessa a placenta, mas quais são sua velocidade c seu alcançada na 36" sem::tna de gestação, qua ndo :1 quant i-
significado fisiológico. 11 d::tdc oscila em torno de lO mi por gr::tm::t de placenta por
É a dieta materna que fornece os nutrientes para suprir hora, perfazendo o tot::tl de 3.500 ml/ hora. 11 O lactato é
o feto. Os três principais locais de depósito nu tricional uma substância também transportada por difusão facil ita-
materno são o fígado, os músculos c o tecido adiposo. A da, provavelmente sob forma de ácido láctico, ca rreado por
glicose é armazenada no fígado e músculos sob form a de íons de hid rogênio.8
glicogênio, os aminoácidos essenciais são armazenados Em recém-nascidos, I 5% do peso corpor::tl são fo rm a-
como proteínas c o excesso de gordura é estocado no te- dos de gordura. Isso indica que, no final da gestação, subs-
cido adiposo. O armazena mento materno de gordu ra tem tancial parte do substrato tra nsferido ao feto é armazenada
seu pico no segundo trimestre, declinando com a de man- sob for ma de gordu ra. Os triglicerídeos não ultr.1passam a
da fetal aumentada no final da gestação. membrana placent:lria, mJs os gliceróis o fazem por difu-
O feto não está exposto a constante glicemi::t materna; são simples. Além disso, ;ícidos g raxos são produzidos na
os níveis séricos maternos podem variar mais que 75%. O pbcenta. A lipoproteína lipasc está presente no b do pla-
feto não age como um parasito passivo, mas participa ativa- centário materno, mas não no fetal. Esse arranjo favorece a
mente, providenciando sua nutrição. Na metade da gesta- hidrólise do triglicerídeos no espaço interviloso materno.
ção, a glicose fetal é independente e pode exceder os níveis Os ácidos graxos transferidos ao feto podem ser converti-
da materna. 8 dos nova mente em triglicerídeos no fígado feta l. O uso d::t
A glicose é a principal fonte de nutrição fet::tl. 8•10 Assim, lipoproteína de baix::t densidade é uma alternat iva para as-
parece existir um mecanismo durante :1 gestação que bz simibç5o fetal de ácidos gr::txos e aminoácidos. O processo
com que o uso de glicose materna seja minimiz::tdo, dei- de pi nocitose é o de escolha. Essa p::trtícub é hid rolisada
xa ndo-a disponível ao feto. Acred ita-se que o hormônio por enzim::ts lisossomais do sincício para fo rnecer coles-
lactogênio placentário, presente em abundância na mãe, terol par::t síntese de progesterona, ami noácidos livres (i n-
bloqueie a captação periferica de glicose, promovendo cluindo ::tm inoácidos essenciais) e ácidos graxos essenci::tis
mobil ização c uso dos ácidos graxos livres pelos tecidos (prima riamente ácido linoleico).
Fisiologia Fetal
29
Os tipo bá~1cos de células empregadas no si tcm.t o antígeno lcucocitário humano (H LA).10 A medida que a
1munc \ão o linfócito T c o macrófago e, dependendo gestação progride, células do interior do blastocisto (as que
do tipo de rcspo ta de ejada, o eo in filo e mastócito . formam o embrião) gradual mente de envolvem o antíge-
Uma da linhagens de células é a linfoide, que fonn.u:\ nos leucocitário humano I e li (H LA I c 11). O importante
linfó ito~ Te B; c a outra é a mieloidc, que formará toda~ a~ é que cs c tecido não entra em ontato di rcto com os teci-
células sanguínea~ restante .~ Os linfl citos diferenciam- e do ou anguc materno .11
para crem re ·pon áveis tanto pela imunidade celular quan- Assim, pode-se observa r que os fetos in iciam sua imu-
to pelo anticorpo . nidade já no primeiro mcsc de ge tação c vão tornando
Os linfócitos B, produtores de anticorpos, passam pela esse sistema cada vez mais completo e complexo.
placenta, via circulação umbilical, circulam pelo fígado fc-
tal c vao para a medula ó l>Ca c cstrutur.ts linf01de pcriféri-
cal> .10 Existem dois tipos de linfócitos B: BI c 132. Os do tipo REFERÊNCIAS
131 áo produ1ido pre o emente no feto e :.ão o predo-
Ga rc1a ' ML, GarCJJ C. Cmbnolog1a. Sao Paulo: U ' P; 2001
mi nantes. Eles per~istcm durante toda a vida c ão capJLc
p. 245-7 o
de \ C autorrcgcncrar na periferia. Os do tipo B2 são m.ti 2 Bundul1 V, Miguclc.~;J ,Zug.ub M. Fi~1 olog1a Fetal. ln. Fcbra~
cxprc 1vo na upcrfíc1e da glicoprotcína O" e declinam go Tratado de Obstcrnc1a R10 de Jancm': Rcvmtcr; 200 I
cm proporção na infância. Aliás, não se sabe ao certo a ua p.672-8 1.
função. A produção de linfócito 13 origina- e no fígado fe- ). Zuga1b M. M1yadahira S, omura RM Y, Fra nc1~<.0 RP .
tal no final do primeiro trimc trc de ge tação. Mais tarde, 1tahdadc fetal, propcd<'ut u.:a c .wahaçao. ln: C.trdlotocogra-
fia, cardiotocografia computadonzada. Sao Paulo· Atcncu,
a produção cessa nesse sítio e os linfócitos 13 passam a ser 2000. p. 8S-12S.
produzido!> no baço c medula ó ca. A chave do procc so 4. Moore KL, Pcrsaud TV istcma rc,p1ratóno. ln: Mooro.:
nos linfócitos Bé o rea rranjo dos genes da imunoglobulina Kl, Persaud TV . Embnolog1a clínica 6• cd. R1o dc j a ne~ro·
para gerar élula, com receptores de antígenos únicos cm Guanabara Koogan; 2000. p. 247-57.
\Ua \ !.UpcrfíciC!.>. S. Gluck L, Kulov1ch MV, Borcr RC. 'lhe mterprctallon and
~1gmfi cance of the leCJthm plungomyclm rat10 m amniot1c
A imunidade mediada por células é rc pons:lvcl pelas
llllld Amj Obstei Gynccol. 19-4;120 142-SS.
rcaçõe de hipersen ibilidade e são chamadas de timo-
6. l lallman M, Kulovich M, Kirkpalm.k E, Sug.mnan R ' •
-dependentes. O timo é c cncial no de envolvimento da Gluck L. Pho,phaudylinO\Itol and phosphaudylglycerol 11\
ma1oria dos lmfócito!. T. Dois tipos principai de linfócitos ammotic fJUJd· mdice oflung matunt)' AmJ Oh,lct Gync-
T ~ao produ11do pelo timo, que diferem do rc cptorcs col. 1976;125:61 3-7.
de molécul.t\ que cb cxpres am na sua superfí ie\ ão 7. acycr RL, Burt L ', \Vnght l)L, Bla1K WA, Tattcr D. eonatal
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macrófagos c uma 1.ubpopubção denominada células ch111cal pracu c. London: Church1ll I.Jvmg, tonc, 1999. p.
·1'-helper ou supressor.ts.10 207-20.
As células rwtural-killer são diferenciadas das células he- 9. Mart insJAP. Desenvolvimento e fi ~ iologi.t fct.tl. ln: M.mual
matopoiéti a!> linfoides, que eliminam várias célu la -alvo de ObstetríCia, Fis1olog1a. ' jo Paulo: U ' P; 19 2. p. 7 ·97.
por um mecanismo lítico, similar ao utilizado pelos linfóci- 10. Cunn in h.un FC, Gant N F, Leve no KJ. "lhe placcnt.~and fct.tl
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de h i tocompatibihdade. O ma i conhc ido e c tudado é don: Churchdl·Li\•mgstonc; 19 6. p 91 11 2.
e atendendo às suas necessidade de crescimento. Ages- A placenta é ó rgão co mplexo, vascu la rizado, ad::tpt::t-
tante c tá sujeita a um a érie de alterações bioquímicas, do para otimizar as troc::ts de gases, nutrie nte e eletr li-
fu ncionais e anatômicas, com readaptaçõe que envol- tos e ntre as circ ulações materna e feta l. Estruturada no
vem to do o seu o rga nismo. Torna-se necessá rio entender e ndométrio, previa m en te preparado por c trogênio e
o meca nismo dessas muda nças, tentar distingu ir entre o progestcrona, desempen h a im port::tn te papel respirató-
que é doença a cr preven ida e tratada e o que é adaptação rio, nutricional, vascular, imunológico e endócrina.
a ser contornada para diminuir os incômodos. A placenta sintetiza gra ndes quantidades de pro-
A exigências da gravidez atingem o limites da capa- gestcrona, a partir do colestero l captado da circ ulação
cidade fu ncional de muitos ó rgãos maternos, podendo fa- m atern a. Usa os a nd rogênios fo rm ados nas glândulas
zer desponta r ou agravar quadros patogênicos. Por exem- ad renais m aternas c fct::tis co mo precu rsores na síntese
plo, pa ra o istc ma ca rdiovascular, a gravidez representa do e trogên io. O nível de sul fato de d eh id rocpiandros-
sobrecarga importante, m as é bem tolerada, desde que terona (S-DH EA) feta l aumenta progressivamente, pa ra
não coexista ca rd iopatia. A previsão de mais demanda alca nçar o pico próximo do term o. Apesar de o S-DH EA
fet,tl, no final da gestação, gera capacidade de re e rva na agir como prec urso r n a produção de estrogênio nJ pla-
mãe, para suprir possíveis períodos de estresse ou priva- centa, o mecan ismo d e regulação da sua sínte e cont inua
ção; porém, alterações metabó lica podem fazer urgir ou de conhecido. 3
agravar diabetes. Adaptações da tireoide podem simular O co rpo lúteo no ová rio c resce pelo c tímulo da
sinais ut is de hipcrtircoidismo se m sequelas; mas, sendo gonadotrofin a coriônica humana (h CG), glicop roteí-
este grave, pode cau ar aborto, parto pré-termo e aumen- na secrc tada pelo sinciciotrofobb to. O hCG aume nta
ta r o risco de mortalidade materna. E, ainda, para prote- rapida me nte nas primeiras sem anas de gravidez c seu s
ger a mãe de hemo rragia no pa rto, de envolve-se estado n íveis atingem o máxi mo na lO·• sem a na. A pa rti r d::tí,
de hipercoagulabilidade fisiológico, sendo a coagulopatia cai v::tgarosa mc nte, atingindo va lo r mínimo por volta da
de consu mo u ma ati vação patogênica dos meca nismo s 17• sem ana, que persiste até o fi na I d a gravidez. O corpo
da coagulação.u lúteo gravídico secreta e trogênio, progcstcrona e rclax i-
A grávida tende a tornar-se emocionalmente instável, na. A relax ina aj uda a manter a gravidez, inibindo a con-
necessitando de atcnçõe c cu idados. Passa por perío- trações do mi o rnétrio. A placen ta produ z c teroid cs se-
do crítico importa nte no a madurecime nto p icológico, xua is suficie ntes pa ra a um ir a função do corpo lúteo,
o que pode levar a mudanças em seu comportamento. após a sex ta seman a de gestação. Secre ta cerca de I g/
Influências determ inadas por aspectos cult urais e am - dia de som ato m a motropina coriô nica hum ana ( hCS),
bientais, superstições e cre nças muitas vezes induzem as na f.'lse final da grav idez. E c hormô nio é m ai co nhe-
paciente a se senti re m preocupadas, valoriza ndo dema i cido como lac togênio placent::írio hum a no ( h PL), cuja
algu ns de confortos, que acabam aflorando como quci- e trutura é muito se melha nte j do ho rrn ônio do cresc i-
x::ts graves. me nto, po rém com menos efeito. 4 A quantidade de h PL
A gravidez rcpre enta, pa ra mu itas mul hcrc , a meaça sec rctada é proporcio n al ao tama nho d a placenta e os
de perdas em termos estéticos, pro lissionais e afetivo . É níveis máximo são atingidos c m torn o da 32• se man a
preci o desm itificar conceitos, diminuir medos. A mu- d e gestação (Figura 3.1). O hP L prom ove a retenção de
lher pode se sentir saudável e segura quanto à g ravidez nitrogênio, potássio e cálcio, a lip óli e e a ut ilização pe-
c ao parto, ao entender os Jjustes transitó rios que estão rifé rica diminu ída d J glicose, para qu e esta eja d esviad a
aco ntecendo cm eu corpo. para o feto.
100 150
-'
~
-â,100
c::
50
50
20
10 20 30 40 5 10 20 30 40
Semanas de Gravidez Semanas de Gravidez
/
8
12
~
:::>.
6 E
g. Esuooa
6
2
10 20 30 42 5 10 20 30 40
Semanas de Grav1dez Semanas de Grav1dez
Figura 3.1 I Alterações nos níveis plasmático do hCG, progesterona, hPL e estrogênios durante a gravidez normal.
A placenta produz estrogênios em grandes quantida- síntese de prolactina.A hipófise apresenta hipertrofia ampla.
des, sendo o cstriol o principal deles.5 O cstradiol e a cs- Isso contribuiria para explicar o aparecimento da síndrome
trona são o principai estrogênio produzido pelo ovário, de Sheehan (necrose hipofisária pós-parto). Os níveis de
mas, na placenta, perfazem apenas cerca de 10% dos cstro- cortisol total e livre aumentam progressivamente durante
gênios produzidos. Apesar de o estriol poder se fixar aos a gestação. A placenta produz, ainda, adrcnocorticotrofina
receptare de e trogênio, sua atividade estrogênica é mais coriônica (hACTH) e tireotrofina coriônica (hCT).
fraca. A atividade estrogênica cresce até cerca de 30 vezes,
ao fi m da gravidez, atravé da marca nte produção diária de
c trogênio placentário .6 Os estrogênios exercem fu nção PÂNCREAS
prolifcrativ.l sobre a maioria dos órgãos reprodutores da
mãe, causando au mento do útero, das mamas c da genitália Os estrogênios e a progesterona aca rretam hiperpla-
externa. Ainda promovem alterações que faci litam a passa- sia das células betapancrcáticas, levando ao aumento da
gem do feto através do canal de parto, como relaxamento produção de insulina, com tendência, na gravidez inicial,
dos ligamentos pélvicos, aumento da flexibi lidade das arti- à hipoglicemia c cetonú ria no jeju m. Durante a segunda
culações sacroil íacas c sínfise pubiana. metade da gravidez, hormônios contrainsulín icos placen-
A progestcrona diminui a contratilidade do útero grávi- tários (hPL, cortisol, progesterona c cstrogênios) levam :10
do; é secretada cm quantidades moderadas pelo corpo lú- aumento da resi tência periféric:1 à insulin:t c ao hiperin-
teo e cm grandes qua ntidades pela placenta. Sua taxa de se- sulinismo.
creção aumenta cerca de lOvezes no decurso da gcstação.6
A placenta também secreta GnRH e inibina. O GnRH
estimula e a inibi na in ibe a secreção de hCG. Os fatores que TIREOIDE
regulam a síntese de hCG não são totalmente conhecido ,
tendo a progc tcrona importante papel no seu declínio. A A tireoide Jumenta de t:tma nho, tornando-se facilmen-
placenta também secreta prolactina e pró-renina? Apesar te palpável. Há aumento de TBG (globulina de ligação à
de a pró-ren ina placentária entrar na circulação materna, tiroxina) por ação dos estrogênios e os hormõnios T3 e T4
não há evidências de que ela seja convertida cm renina ati- totais se elev:tm. Entretanto, os níveis de T3 c T4 livres não
va.ROs cstrogênios apresentam a capacidade de estimular a são :1umcntados. 2 O hCG produzido pela placenta :tpresen-
TROMPAS E OVÁRIOS
Figu r.l L~ I \ Lu1u ~1.1, 1,k .1 "•m 1úfc. dt• ll.llic1 ..:1l'l>IJ c
m.lmlk> .l,.l,t.mh.l,ll" ..lrt'l>Ll ,,.,lllt<l.uu c tub,•rLLif,,, ,j.,
As trompa aumentam de volume, fica m embebidas c \ t,>nt~''lllt'r\ I, 1 !'·'~~~ ,, ~:'
deslocada para cima.
O corpo lútco da gravidez é efctivo .1té cm torno de seis
ou ete emana c,,tpartirdaí,pas aacontribuirpoucoparaa O tubérculo de t'vlontgomery ão glândula~ !.cbáce.ts
produção de progestcrona. A ovubção fica interrompida du- proeminente . que fornwn pequena protuberancias na~
ra nte a gravidez. Até a primc1ra metade da gravidez, o ovário ar~ola . Se o aumento das mamas for muito .Kcntu,\do, po-
aumenta, havendo, posteriormente, redução do seu volume. dem urgir c ·trias.
A aréol.1 e o mam ilo podem cr preparados p.tra am,l-
mcnt.u, a parti r de cxpo~1çào ao sol c progrcs,iv:l c toliação
ALTERAÇÕES NAS MAMAS {uso de bucha, toalha). A dcsc.uga mamilar {colostro) cr.í
tão ma i abunda nte quanto ma1 e e rimular a m:tma com
A mama cre ce cm volume, pelo aumento de duetos, ma sagcm. O uso comtante de utiã'> firme é rccomenda-
ácino e c troma, apre cntando va cularilação n1.1is inten- vel para contornar a cn~ibilidade c o peso da<. mamas.
·a e metaboli mo aumentado. Os estrogênios ão primaria- A\ altas conccntraçõc de c trogênio c proge. terona no
mente rc pon áveis pela prol1 fcração do duetos ma m.1rio sangue materno inibem .1lact.tção, interferindo na ação d.t
No termo, o feto e a placenta, juntos, somam SOOg de No últi mo trimestre, as exigências da gravidez ficam
proteínas. O utros SOO g são acrescentados ao útero (pro- em torno de 200 mg diários. O aumento específico repre-
teínas contráteis), mamas (glândulas) e sangue materno senta aproximadamente 3,4% do total do esqueleto mater-
(hemoglobina e proteínas plasmáticas). As necessidades no. Os níveis séricos de fósforo correspondem aos da faixa
diárias de ingestão de proteínas ficam aumentadas. Se os normal para não grávida.
carboidratos c gordura não forem consumidos adequada-
mente, as necessidades energéticas são supridas pelo cata-
holismo das reservas de proteínas. FERRO
A insuli na desempenha importante papel ao facilitar o
transporte de aminoácidos para dentro das células. As pro- O ferro, elemento essencial, está presente em todas as
teínas totais au mentam em valores absolutos, mas, devido células vivas do organismo. A hemoglobina responde por
à hemodilu ição, suas concentrações ficam di mi nuídas. A cerca de 70% do depósito de ferro e a ferritina por 2S%, sen-
concentração de albumina sofre redução (de 4,4 para 3 g/ do que suas concentrações séricas diminuem du rante a se-
d L), enquanto a de gamaglobu linas tem queda reduzida. gunda metade da gravidez. Aumentos no início da gestação
Os teores de fibrinogênio, de alfa c betaglobulinas tornam- parecem ser devidos à den1anda míni ma de ferro durante o
-se mais representativos. primeiro trimestre, somada a balanço de ferro positi vo em
razão da amenorreia. O conteúdo total de ferro em mulhe-
res adu !tas normais varia em torno de 2.000 mg. As necessi-
SAIS MINERAIS dades de ferro durante a gravidez são de, aproximadamente,
1.300 mg no total (300 mg para o feto, 50 mg para a placen-
CÁ LC IO ta, 4SO mg para o aumento de massa eritrocitária, 250 mg
para perdas basais maternas, 250 mg para perdas no parto).
O feto necessita de 250 mg diários de cálcio no último Perde-se em torno de SOO mi de sangue du rante o parto
trimestre. Ocorre redução do cálcio sérico total materno, normal, podendo ser de até 1.000 mi durante a cesariana.
Durante age tação, há redução cm metade dos nívei Dura nte a gravidez, pode haver pouco :tumento no ta-
séricos de iodo, devido à perda pela depur:tção ren:tl. A m:tnho dos rins (cerca de I cm no comprimento), que não
tireoide precisa depur:tr duas vezes o volume sanguíneo, se deve apenas :to ac ré cimo do fl uxo angufneo renal, ma ,
p:tr,t obter :1 c:tpt,tção normal de iodo. Os :tltos níveis de também, à hipertrofia verdadeira dos rins. No pós-parto,
estrogênio aurnent:tm a globulina de ligação, lu vendo alto e sa alteração regride e não deve ser confundida com perda
teor de iodo Iigado às protcína . de parênquima renal. 2
A vitamina A é essencial para a reprodução norm:tl, As alterações no útero, na pbccnt:t e em outros órg.ios
ma dose elevada (acima de 10.000 Ul/dia) podem e - m:ttcrno levam à ampliação da c:tpacidadc va cular, que
tar associadas a :tumento dos defeitos congênitos. Os reti- gera a necessidade de au mento no volume s:tngu íneo. Ini-
noides (i ômeros da vit.unina A) u :~dos em tratamento cialmentc, a elevação da capacidade vascular provo a a
dermatológicos podem estar associados :1 au mcnto de redução do débito c:trdíaco c pressão arterial. E a queda
m:tlform:tções. causa retenção de sal e água pelo rins, até que o volume
Certo fatore do complexo B c tão relacionados ao sanguíneo aumente o suficiente para preencher a cap:tci-
metabolismo energético, como a tia mina (vitamina Bl), dade extra.6
ALTERAÇÕES Ü STEOARTICULARES
V ISÃO
A lordose progressiva deve-se à adapt.lçjo do organis-
No último trimestre, pode ocorrer discreta distensão mo materno, na gravidez normal, para bu caro equi líbrio,
ocular, e treitamcnto arteríola r e espasmos. A pressão intra- compensando a posição anterior do útero cm crescimento
ocular c a scn ibilidadc da córnea diminuem c há pouco au- c o aumento de pc o das mamas. A acentuação da lordosc
mento da espessura da córnea, considerado edema. Isto pode desloca o centro de gravidade para trás, sobre os membros
levar à dificuldade de adaptação ao uso de lente de contato. inferiores. Registra-se aumento da mobilidade das articu-
Na gestantes predispostas a descolamento de retina (a lta- lações acroilíaca, acrococcígea c púbica para que haja
mente míopes ou que já tiveram episódio anterior), haverá ampliação da capacidade pélvica, como preparação para
o risco da ocorréncia. A gravidez normal não predispõe ao o parto. E c afrou xamento de articulações é, presumível-
descolamento, mas o esforço do trabal ho de parto poderá mente, resultado da modilic.1çõcs hormonai , principal-
ocasioná-lo, devendo, portanto, cr evitado. mente do estrogênio c relaxina, um hormônio polipcptídi-
Atenção c pccial deve ser dada a pacientes com pré-cclâm- co secretado pelo corpo lúteo, além da retenção hídrica no
psia e eclâmpsia, já que estas e tão associada ao aumento da tecido conectivo.
incidência de diversos distúrbios visuais como descolamento Ern revisão da Cochrane, com oito estudos c 1.305
de retina e cegueira. Além disso, pa ientes previamente diabé- participantes, a suge tõe para melhor ljdar com a dor in-
ticas devem fazer controle da gliccrnia antes da gravidez, já que cluem fisioterapia, com orientação postural e crgonômica,
a hipergliccmia c tá rela ionada com a piora da retinopatia.24 exercícios de alongamento c fortalecimento muscular, hi-
droginá ti a, repou o, compre sas quentes ou frias, uso de
salto médio, cintas próprias para gestante, ma sagens, acu-
AUDIÇÃO puntura, quiroprática, aromatcrapia, relaxamento, ervas,
yoga, Rciki, travesseiros especiais e analgésicos, como acc-
Verifica- e diminuição da acuidade auditiva durante a taminofem. A conclusão foi que, independentemente do
ge tação. ão ta mbém comuns as sensaçõe sonoras, prin- tempo e do tratamento recebido, as mulheres relatam au-
cipalmente os zumbidos. Os casos de otosclerosc podem mento da intensidade da dor com a progressão da gravidez,
se agravar durante a gravidez.9 com interferência na atividadc diária c qualidade do sono,
porque usualmente as dores pioram à noite. Estudo feito
nos Estados Unido reportou a dor lombar em 68,5% das
ÜLFATO gestante (IC9S%65 a 71%). Porém, qualquer um dos trata-
mentos, junto com o cuidado pré-natal, reduz a intensidade
O intumescimcnto da mucosa nasa l pode levar à hi- da dor a nível tolerável, diminuindo o nú mero de abstenção
posmia ou mesmo ano mia. Provavelmente a sen ibilida- ao trabalho.26
P ELOS E U NHAS
FETO
A
assistênciaaoparto, paraatingirseusobjetivos
- recém -nascido e pa rturie nte sem proble-
m as re lacio nados ao parto - , exige o conhe- ESTRUTURAS ÓSSEAS
cimento prévio de algun s aspectos específicos do feto
c outros da bacia óssea materna. Já no início do traba- No feto, além de sua estática, é necessá rio conhecer c
lho de parto, c durante toda sua evolução, é importante identifica r determinadas estruturas óssea que interferem
que se conheçam e se identifiquem os tempos de m e- na evolução do parto c, portanto, na sua condução.
canismos do pa rto. Todos esses dados, a na lisados em No polo cefálico, sob o ponto de vista exclusiva men te
conjunto, são fundamentais na condução do parto, na obstétrico, é necessário que se identifique m os dois ossos
determinação no momento certo se existe ou não pro- frontais, os dois parie tais c o occipital ( Figura 4.1). Esses
po rção feto-pé lvica e, portanto, na escolha da via corre- o os são separados por linhas formadas por tecido mem-
ta para o parto. branoso, que são chamadas de suturas, a~si m dc~crita~:
Os objetivos deste capítulo são: estudo do feto, da ba- flll eljrontnl - separa os dois ossos fro ntais (Figura
cia óssea materna e dos tempos do m ecanismo de parto 4.1-A);
c o diagnóstico de proporção feto-pélvica. Sngital - entre os ossos parietais (Figura 4.1-B);
Coro11ária - entre as frontais e parietais ( Figura 4.1-C);
Lambdoide - entre os parietais e o occipital (Figura Occipitojrontal - distância entre o osso frontal e
4.1 -0); o occipital, med indo aproximadamente 11,0 cm
(Figura 4.2);
occipito-mentoniano - entre o occipital e o menta,
com aproximadamente 13,5 cm (Figura 4.2);
Suboccipito-bregmático - começa na região inferior
do occipital e termina na fontancla bregmática
(9,5 cm) (Figura 4.2).
CIRCUNFERÊNCIA CRANIANA
Na condução do parto, é fundamental a identificação
das fontanelas existentes no polo cefálico do feto. Fonta- Ainda no polo cefálico intercss,l m a identificação e a
nclas são depressões - ausência de tecido ósseo - que se localização de sua maior circu nferência: esta é gue pode
formam no encontro de suturas. As fontanelas de impor- dificultar ou impedir a descida do polo cefál ico na bacia
tância obstétrica são: óssea materna.
bregmática - ponto de encontro das suturas interfrontal, A grande circunferência craniana passa pela região das
sagital e coronária, ramo direito e esquerdo (Figura 4.1- bossas parietais direita e esquerda (Figura 4.3). O utro dado
E). Por ser a maior, é conhecida como grande fontanela importante em relação à grande circunferência é que sua
e, por se localizar na frente do polo cefálico, é conhecida distância até o vértice em linha reta é de aproximadamente
como fontanela anterior; tem forma losangular; 3,5 a 4,0 cm (Figura 4.3). Com esse conhecimento, torna-
occipital - ponto de encontro entre a sutu ra sagital se possível determinar a altu ra da grande circunferência na
c os ramos direito e esquerdo da sutura lambdoi- bacia óssea materna.
dc (Figura 4.1-F), de forma triangular, conhecida
como pequena fontanela ou fontanela posterior.
Grande Circunferência
DIÂMETROS
EsTREITos
E T REITO M ÉDIO
O c~treito inferior é a afd a da bacia. No sentido longi- Figura 4.6 1.Avaliação da conjuga/a diagonalis.
tudinal, e tende-se da extremidade do cóccix até a borda
inferior da ínlise púbica, med indo aproximadamente 9,5
cm. o momento do desprendimento do feto, o polo fetal Q!.iando a COII)IIgata diago11alrs é normal e o exame é
empu rra a articulação sacrococcígea para trás, aumentan- realizado adequadamente, não se .1lcança o promontório;
do ·ua extensão para quase IO, cm. nas anormai , este é alca nçado faci lmente. Algumas vezes,
o ·entido transversal, a di tãncia mede por volta de quase sempre por inexperiência, o exame é inconclusivo.
IO, cm c vai da tuberosidade i quiática de um lado até a A determinação do estreito médio da bacia pela pelvi-
do outro lado. metria clínica é mais difícil. Consiste cm se identificar, com
os dedos utilizados no exame pélvico, a localização das es-
pinhas ciáticas na cavidade vaginal c a distància entre ela .
AVALIAÇÃO DA BACIA ÓSSEA as bacia normais, as e pinha ciática têm pouca aliên-
cia na cavidade vaginal e jamais se consegue tocar as duas
Conhecendo- e teoricamente os ossos que compõem ao mesmo tempo. No estreito médio reduzido, as espinhas
a pequena bacia, eus estreitos e diâmetros, torna-se possí- ciáticas são facilmente tocadas e, às vezes, sentem-se as
vel avaliá-la e chegar-se a uma conclusão quanto à via ade- duas mais próximas.
quada ao parto. No e treito inferior, o que chama a atenção é a abertur.1
Aavaliação laboratorial do tamanho da bacia pela radio- do arco púbico. Quando normal, o arco púbico é bem aberto
pelvimetria não mais c realiza, devido àdificuldade técnica e não dificulta o toque; no anormais, ele é fechado e a sínfise
e ao inconvenientes do emprego dos R.aios-X cm gestantes. púbica bem baixa. Os resultados da pelvimetria interna clín i-
Are sonância magnética ,linda não é usada cm Obstetrí- ca estão di retamente relacionados à experiência do examina-
cia na análise das dimen õe da bacia. O que se faz, na prática, dor c aos cuidados adotados na sua realização. Se inconclusi-
é a avaliação cl ínica. Por meio desta, procura-se determinar vo ,asoluçãoé realizara chamada PROVADETRABALHO
as dimensões da bacia, recorrendo-se à pelvimctria interna. DE PA RTO, descrita no capítulo - A i tência ao Parto.
SITUAÇÃO
APRESENTAÇÃO
É a relação que guarda o maior eixo do corpo fetal -
cabeça-nádegas - com o maior ei.xo do útero canal cervi É a relação que guarda estrutura definida no feto - polo
cal, corpo uterino. cefálico, polo pélvico ou ombro - com o estreito superior
As situações possíveis são: longitudinal, transversal e da bacia óssea materna.
oblíqua. Na situação longitudinal (Figura 4.7-A), há coin- Nas situações longitudinal ou oblíqua, as apresenta-
cidência entre os maiores eixos fetais e uterinas. Na situa- ções possíveis são: cefálica, a cabeça está junto ou próximo
ção transversal (Figura 4.7-B), o maior eixo fetal entrecruza do estreito superior da bacia; ou pélvica, se é o polo pélvico
o maior eixo uterino. A situação oblíqua (Figura 4.7-C) é (nádegas) que se posiciona.
~
Como se abe, o mecanismo de parto é o me mo na
c o nulíparas c na multípara . Ainda cxi tem dúv1da obre
como o polo cefálico penetra no e trcito upenor da ba-
OOT OET cia - e no diâ metro tran ver o ou cm um do diâ metro
obliquo .
Estudos radiológico realizados por Caldwcll & Moloy,
E F
em 28.494 parturiente , revelaram que a penetração do
OEA OOP polo cefálico acontece no diâmetro transverso, na maiori.1
das vezes: 63,9% (OET) c · ,9% (ODT).
G
(i) DOA OEP
H
INS INUAÇÃO - ENCA IXAMENTO - FLEXÃO
Figura 4.9j Variedades de po~ição na apre enta 5o cefálica. a maioria da nulípara , cm cerca de O<lo, ante do
início do trabalho de parto, o polo cefál ico aproxi ma-se
do c treito superior da bacia insi nuação e o seu ponto
A identificação de ·sa variedades de posição no de- mais saliente, o vértice, penetra no estreito superior, poden-
correr do trabalho de parto, e principalmente no período do atingir o estreito médio encaixamento. Es e contato
expulsivo, é de importância fundamental na condução do do polo cefálico com o c trcito uperior da bacia obriga-o a
parto, na identificação de problemas no mecanismo do fazer um movimento de flcx.1o. Em consequência à flex.lo,
pa rto e na correção desse problemas. o diàmctro occipito-frontal que C!.tava em cont.lto com a
B c
Pa ra que ocorra o parto transpélvico, são indispensá-
veis a descida e a rotação interna do polo cefálico. Esses
dois te mpos acontecem simultaneamente.
Como já foi dito, nas nulíparas a descida da cabeça co-
meça antes do início do trabalho de parto e pode atingi r o
estreito médio. Ao mesmo tempo, acontece a rotação inter- Assinclitismo posterior Assinclitismo anterior
na. Esta ocorre depois que a cabeça ultrapassa o estreito mé- Figura 4.10 I Sinditismo e assinclitismo.
dio e va ria conforme sua entrada no estreito superior. N as
transversas, a rotação interna será de 90 graus, da esquerda
para o cent ro ou da direita para o centro (sínfise púbica). DEFLEXÃO
Q ua ndo a penetração se faz nos diâmetros obl íquos, a
rotação será de 45 graus; nas anteriores, di reita e esquerda; Ao completar a descida e a rotação interna, o polo cefá-
ou de 135 graus, nas posteriores. N estas, a rotação pode lico faz um movimento de deflexão, necessário para a saída
também ser de 45 graus na direção do sacro. do mento fetal.
Na maioria das vezes, o polo cefálico penetra no es- Após a deflexão, o polo cefálico se exterioriza e, na
treito superior da bacia e in icia sua descida com sua sutu ra maioria d as vezes, sofre u m movimento de rotação; o occi-
sagita l direcionada no sentido do d iâmetro transverso da p ital que se despre ndeu no d iâmetro â ntero-posterior roda
pelve e a igual d istância da sínfise púbica e do sacro, carac- de modo a se coloca r do mesmo lado da coluna vertebral.
teriza ndo-se o chamado sincl itismo (Figura 4.10-A). Tudo isso acontece fora dos genitais; e q ua ndo não ocorre
Contudo, na sua descida pela pelve, e em razão das esponta neamente, compete a quem assiste ao parto reali-
dimensões di ferentes do sacro e da sínfise púbica, a sutu- zar essa rotação.
ra sagital se aproxima ou se afasta desses dois pontos de
referência da bacia, ocorrendo o chamado assi nclitismo.
Este será posterior, ou de Litzman, guando a sutura sagi- DESPRENDIMENTO
tal, aproximando-se da sín fise púbica, faz apa recer ma is o
parietal posterior (Figura 4.10-B). No assinclitismo ante- É o tempo final do mecanismo do pa rto. Após a saída
rior, ou de Nagelle, a sutura sagita l se apro){ima do sacro, do polo cefálico, surge o ombro anterior, depois o poste-
determinando agora a predominância do parietal ante rior rior e, finalmente, o abdome e os membros in fe riores do
(Figura 4.10-C). A descida e a rotação interna se comple- feto. As contrações uterinas e o esforço da partu rie nte
tam quando o vértice atinge o est reito inferior da bacia e responsabilizam-se po r esse desprend imento o u, então, o
a sutura sagital se posicio na no diâmetro ã ntero-posterior. obstetra ajud a.
DIAGNÓSTICO
De Lee considerou o estreito méd io o limi te, o u seja, Sob o po nto de vista prático, o essencial na determ ina-
o pla no zero: para cima, até o estreito s uperior, pla nos ne- ção de De Lee é poder concluir se o vértice do polo cefálico
gativos, va ria ndo de I aS cm; para baixo, pla nos positivos, está aci ma o u abaixo do estreito méd io - plano zero. Pa ra
variando também de I aS cm. Planos negat ivo · signi fica m isso, basta veri fica r no exa me pélvico se o polo ccHlico está
que a g rande circunferênc ia ainda não ultrapassou o estrei- móvel acima do plano zero - o u fixo - abaixo do plano
to médio da bacia. Nas nulípa ras com gravidez a termo e zero. Essa com provação é q ue permite decidi r .1 via de pa rto.
cm traba lho de p.u to, isso sugere desproporção, porque na O utro plano também cri ado para a determ inação da
maiori,l dcl.1s cerca de 80% - o po lo ceHlico se insinua altur.1 do po lo fe tal é o plano d e H odge. Neste, a bacia é
e se encaixa antes ou logo no início do trabalho de pa rto. di vidida em quatro planos paralelos: o pri me iro começ,, no
De Lce, ao c ri ar seus planos, considerou todas as dis- promo ntó rio e termi na na borda superior da sínfise pú bica;
tâ nc ias em centímetros, que pratica mente é impossível de o seg undo vai do sacro à borda in fe rior da sín fise pú bica; o
·e determ in.lr, pois não ex istem réguas cspcciail, para me- tercei ro tem como po nto de referencia as cspin h as ciát icas;
d irem-se as distânci,\s cm centímetros na pelve fe mi n ina. e o qu arto considera a linha do cóccix ( Figura 4.12)
Na pdtica, essas medidas são determi nadas util iza ndo-se Os pla nos de H odge não são ma is em pregados. Em
os dedos em pregados no exame pélvico. Assi m, qua ndo o conclusão, pode-se dizer que, em nu líparas com gravidez
vértice encontra-se um dedo acima da espinh a ciática, cor- a termo, em trabalho de pa rto, po lo cefálico ainda móvel
respo nde ao pla no menos um; dois dedos acima, menos 2; -vértice ac ima do plano zero de De Lcc persistem as
c mais alto, menos 3. Se o vértice já ultrapassa .1 espinha ci- dúvidas q ua nto à proporção feto-pélvica. A solução que
ática u m dedo, é o plano mais I; dois dedos, ma is 2; c qua n- preco nizamos é a realização de PROVA DE T RA BALH O
do atinge o pe ríneo, mais 3 (Figura 4.11). D E PA RTO, d escrita no capítulo 53 Assis tênc ia ao Parto.
6o
Noções Práticas de Obstetrícia
Seção 2
Assistência Pré-natal
05 Aconselhamento Pré-concepcional
Regina Amélja Lope Pessoa de Aguiar
Mário Dias Corrêajúnior
s mudanças do papel da mulher na sociedade ao mente, ten ha gestações de risco elevado para o feto e para si.
Aconselhamento Pré-concepcional
substância , devendo er en orajada a bu car tratamento antes da concepção c na fase precoce da gravidez redu"L.
psicoterápico antes da gravidez. significativamente a incidência de defeito congênitos. 11 •12
O controle metabólico no segundo c terceiro trimestres
associa-se a baixas taxas de macrossomia, cardiomiopatiJ
DOENÇAS MATERNAS dilatada e morte fetal.4
Mulhere com diabetes 111ellttus devem receber suplc-
Estima-se que uma em cada 20 gestantes apre ente mentação periconcepcional de ácido fólico. 11 •12 Embora
alguma doença crónica. A gestação pode agravar a con- não eja ainda completamente estabelecido, tem ido u-
dições maternas e afetar o desenvolvi mento fetal, determi- gcrido que nessa situação a dose do :ícido fólico deve ser
nando, in lu ive, anomalia congênitas. de -+ mg/ dia.
A gravidez em mulheres com qualquer doença prévia Os dados disponfvci revelam a probJbi lidadc de a grJvi-
deve ser precedida de avaliação quanto aos risco mater- dcz agravar a reti nopJtiJ em gestantes diabéticas. Essas mu-
nos e fetais. A avaliação pré-concepcional dcs as mulhere lhere devem, portanto, erdc Jconselhada J engravidar. O
permite ao médico identificar o momento mais oportuno controle dJ nefropatia c neuropJtia diJbéticas exige equipe
para a ocorrência da gravidez, minimizando os ri co para interdi ciplinar e pecializad.t no seguimento da gravidez.
o binômio mãe-fcto. 1 2•10 t nf.1se será dada a algumas doen- As diabética têm também Jumentada risco de desenvolver
ças mais importante , eja pela sua prevalência, eja pelo pré-eclãmpsiJ, cetoacidose c infecçõc nJ gravidez.'
ri os que determinam.
NEFROPATIAS
DOENÇAS AUTOIMUNES
As mul heres portadora de nefrop.ltia devem er
orientadas obre os ri cos de agravamento d,1hipertensão Incluem-se nc. se tópico o lúpus critcmato o 1 têm ico
c urgimcnto de pré e lãmpsia durante a gestação. lão há (LE '), a artrite reumatoide, a e pond ilitc anqu rlo ,\ntc, a
on cnso c a gravide?, por si ó, é capaz de agravar a nefro- índromc de jogrcn c a c clcrodennia. Dess.1s, amai im-
patra. Os fil ho de mães com ncfropatia têm ri co ,\urnen- port,mtc é, cm dúvida, o LES. O riscos gestacronai !>âo
t,\do de apre entar crc cimento intrauteri no rc trito. As intirn.1mente relaciorudo a gr.widade da doença. A presen-
tax,1 de prematuridade são ba tantc aumcntad,1 nessas ça de anticorpo .lllti-Ro aumenta o risco de bloqueio .itrio-
gestações. O uso de IECA e bloqueadores do receptores -ventri ul,u congênito. o~ anticorpos antiLa s:io ,, ociados
de angioten ina li também e tá contraindicado e ua subs- .1manibtação neonatal do lúpus. As gestante~ têm risco de
tituição deve ser feita no período pré-concepcional. As mu- exaccrb.1ção da doença durante a gravidez c de de em•olver
lhcrc com nívci de reatinina éricasupcnora2,0 mg dL pré-eclãmpsia. O risco fetars e tão rela ion,1do rüo o a
c com hipertcn ão n.'io ontrolada devem cr de e timula- gravidade da doenç.1 materna, mas também ao u<,o de medi-
da :1 cngravrdar. 1~ 10 camento p.1ra seu controle. o ca o gr,we , pode '-er ne-
cc~ ário o emprego de imuno5.,upres ore , que n.'io têm ua
segurança na gestação bcm-cstabclccid:. :1té o momcnto. 2
CARDIOPATIAS O ri co gcstacional é m.1is baixo nas mul hcrc cuja
doença c t,\ cm remis ão há pelo mcno:. seis meses, que
Em no o mero, ainda predominam a ardiopatia ad- não apre cntam comprometi mento renal, n.'io !:vem u o
quiridas, com de taquc para as reumática . O ri co materno de rmunO\'>upre ore c têm O'> nrvei pre. <;Ónco normai
e fetal c tá inti rn,unente relacionado com a cb c fUncional ou I:1Cil mcnte controlado com hipotcn~>orc ompatívcis
da gc ta nte. ' las cs funcionais III c IV aprcscnt,\m ab pre- com a gravidez.2·14
Aconselhamento Pré-concepcional 67
A artrite reumatoide habitualmente melhora na gravidez. vírus da imu nodeficiência humana (H IV) tem mo trado
lulhere com espondilite anquilo ante apre entam crise re ultado muito ati fatórios na prevenção da transmissão
álgicas mais frequentes. Os riscos nos casos de csclcrodermia vertical. Para mulherc sabida mente portadora do Herpes
e tão a!> ociado a envolvimento renal e hiperten ão.4 si111plex vírus, o aconselhamento pré-concepcional deve ser
Atenção especial teve ser dada ao uso de anti-inAama- feito vi ando c clarccê-la sobre o ri co da tran!.mi ão
tório não c tcroides, devido aos riscos de dimi nu ição de vertical e o · benefício do pJrto por via abdominal, em
volume do líquido amniótico c fechamento prematuro do ca o dele õe ativa na fa e final da ge tação_l·3·1'
canal arterial fetal. Para abordage m detalhada de cada uma dessas in-
fecções, o leitor deverá se reportar aos capítulos 5 I - A
Infecção pelo H IV c 52 - Infecções Pcrinatai .
DOENÇAS PSIQUIÁTRICAS
IDADE MATERNA E PATERNA Os d efe itos de fec ha me nto do tubo neural (DTN)
incluem a anencefalia, espi nh a bífida (m eningocele c
Desde o estudo origi nal de Penrose, 24 que descreveu mielomeningocele) e encefaloccle. Afetam I ,1 2% dos
o efeito da idade materna na ocorrência da sínd rome de recém -nascidos e são o segl1ndo d efeito congênito mais
Down, essa variável tem sido reconhecida como f.1tor de prevalentc. O s DTNs pode m ocorrer em associação com
risco de anomalias congên itas. outras a nom a lias congênitas, fazendo pa rte de síndro-
O ponto de corte a pa rtir do qu al se considera a idade mes genéticas. Como defeito s isolados, são rel acio nados
materna ava nçada é hoje defi nido em 35 anos. Esse grupo à mutação esp ecífica n o gene da metilenetetra-hidrofola-
de mulheres apresenta risco au mentado de ter fetos com to-red utase. Em fu nção disso, o uso periconcepcional de
anormalidades cromossôm icas, principalmente trissomias ácido fólico é capaz d e promover redução significat iva de
(2 1, 18, 13 e trissom ia X) c síndrome de Kli nefelter (47, casos isolados. 1· 6, 26' 2-
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gtc seque!Jc. AmJ Mcd Gcn. 1997;69:89-95.
despeito dos acentuados avanços tecnológicos Multigesta: mulher grávida com outra ou outras ges-
12
DEFINIÇÕES '
DIAGNÓSTICO CLÍNICO
Nuligesta: mulher que não está e que nunca esteve
grávida. O diagnóstico clínico da gravidez baseia-se na anam-
Primigesta: mulher grávida pela primeira vez. nese e no exame físico.
ANAMNESE (mas, em gcr:1l, com características diferentes do pad r:io
menstrual da paciente) c já ter ocorrido a ge t:1ção. Isto
ATRA O ME TRUAL pode interferir tanto no diagnóstico da gravidez quanto no
cálculo da data provável do parto ( DPP).
a anamne c, com o objetivo de diagnóstico da gra- As cau ·a mais comu ns de sangramentos no in ício da
videz, deve-se indagar sobre alguns aspecto de mais inte- gestação ãoH ~:
re e da hi tória ginecológica, como a hi tória menstrual e angramcntos de implantação uteri na do blastocis-
sexual. cndo a im, questionar sobre: to (sinal placentá rio de Harlman), que ocorre apro-
Data da menarca; ximadamen te sete dias apó a fecundação;
tipo de ciclo men trual: regular ou irregular, in- hemorragias d:1 primei ra metade da gestação (abor-
tervalo de regularidade ou grau de irregularidade, ta mentos, gravidez ectópica e doença tro(oblástica
duração das rncn truaçõe , quantidade de flu xo ge ·tacional);
men trual, pre cnça ou não de cólicas; doenças ginecológicas associadas à gestação: mio ma
data da última menstruação (DUM) c suas carac- uterino , pólipos, neoplasia , ccrvicite , varize rotas;
terística (foi uma menstruação semelhante às an- tr:~ umatis mos genitais: lacerações genitais, perfura-
teriores?); çõe uterinas;
alividade cxual; lc ões genitais causada por agentes qu ímicos.
u~o de método~ anticoncepcionais.
o atraso mcn trual cm paciente que anteriormente CÁ LCULO DA IDADE GESTAC JO AL (IG)
menstruava regularmente c relata atividadc sexual, a pri-
meira hipótese é a de que ela e teja real mente grávida. o A partir da caracterização correta da OU M, bz-sc o
entanto, mesmo cm mul here com ciclo men truais irre- c.llculo cronológico da idade gc tacional, que é baseado no
gulares, com intervalos longos, no período reproduti vo ou ciclo menstrual padrão de 28 dias (ovulação cm torno do
até me mo em eus extremo (cm torno da mcnarca ou da 14-0 dia do ciclo), considerando-se o seu início no primeiro
menopausa), c até que se prove o contrário, a hipótese mais dia do úl ti mo período menstrual. É evidente que a pacien-
prov:ivcl conti nu.1 cndo a de gravidez. te não c tava grávida nc a data, porém, por er facilmente
Por outro lado, o atraso menstrual ou a amenorreia observada, constitui o nurco de "início· da gestação.
(ausência de men tru.1ções durante trê me e ou por trê À DUM acre centa m-sc 280 dia ou 40 ema nas e
ciclos consecuti vos) pode ter etiologias d iversas, como:l .4 obtém-se a DPP. Na pr:itica, utiliza- c a regra de iicgele,
au a fisiológica :amamentação; segundo a qual e sornam sete dias à data do primeiro d ia
u o de medicamentos: hormónios, clorpromnina, da última menstruação c d iminuem- e três ou somam-se
fenoti:11 ina, rc crpina, alfa-mctildopa, antiblásticos; nove me cs ao mês da última mcnstru.1ção.
c.1usas hipotaLlmic:l , hipofi s:irias, tireoidianas, Exemplos:
ovariana , ute ri r~<~ s; DUM = I 0/ 1 2/2008 ~DPP = 17/ 09/ 2009
anemi:1s; DUM= 26/ 12/ 200 ~ DPP = 02/ L0/ 2009
p eudocie e ou fal a gravidez. DUM = 02/0 1/ 2008 ~ DPP =09/ I0/ 2008
DUM = 27/ 01/ 2008 ~ DPP = 03/ 11/ 2008
O atra o menstrual ou o tempo de amcnorreia infor-
mados podem também não orre pe nder à idade gcsta- A idade gc tacional cm emanas pode ser calcub da de
cional, como n:1 amcnorreia ou oligomenorreia d:1 ama- várias maneiras:
mentação ou no período que sucede o uso prolongado de Pode- c calculá-la com um calendá rio e ir somando
Jnticonccpcioruis. esses c:1sos, a idade menstrual (tem- semana a sema na;
po cm menstruação) é maior que :1 idade gestacion:1l. pode-se conta r o número de dias decorridos desde
O atraso menstru:1l pode também não esta r perfeita- a última menstruação e d ividi r o total por sete, para
mente caracterizado. Pode ter havido sangramento genital se obter o número de semanas. A maneira mais fácil
neurovegetalivas: to nteiras, sonolência, fad iga, cefa - ALTLRAÇÜloS CUTÀN I·A~ DA P IUHtA(ÃO
leia; A hipertricose é fenômeno fisiológico da g ravidez. Pode
emocionais: labilidade emocional, tristeza, nervosis- haver tam bém o aparecimento de lanugem na região lim í-
mo, ansiedade; trofe ent re o couro cabeludo e a fro nte (Sinal de H alba n).
sellSoriais: aversão por odo res habitua is ( perfu mes,
alimentos), hiperosm ia e hiposm ia; A L TJ: RAÇÔLS M AMÁRIAS
mamárias: aumento do volume c da sensibilid ade O au mento da vascula ri zação do tecido su bcutâneo
d as ma mas, mastod ínia e percepção da saída de co- provoca a exacerbação da rede venosa, gue é denomi nada
los tro (espontânea ou à expressão); rede de H aller. A hipertrofia dos tubérculos de Morga ny
digestivas: náuseas, vôm itos, ptialismo ou sialorreia, (glându las sebáceas areolarcs) os transforma cm tubércu-
alterações do apetite (aumento, d im inu ição o u los de M o ntgomery. Verifica-se, ainda, como já citado ante-
aberrações); riormente, a hiperpigmentação das aréolas c dos mamilos
cardiovasculares: taqu ica rd ia; e o aparecimento do colos tro.
urinárias: poliúria, noctúria;
A L L"ER AÇÕES A BDO!Vl l NA I~
A percepção dos movimentos feta is pode ocorrer a O abdo me, in icial mente plano, passa pa ra a forma ovoi-
pa rtir de 16 semanas de g ravidez. N o entanto, mu ito a ntes de e, em seguida, glo bosa. Em algumas situações, torna-se
dessa idade, os mov imentos estão presentes c podem ser pend ula r, devido à perda do tônus da m uscul atura da pare-
observados à ultrassonografia po r volta da oitava sema na. de abdo minal em g ravidezes anteriores e à obesidade.
A partir do q uinto o u sexto mês de gestação (22 a 25
semanas), já é p ossível recon hecer o fe to pela palpação
EXAME FÍSICO com o auxíl io da segu nd a c terceira ma nobras de Leopold.
Nessa fase, o obstetra pode perceber os movi mentos feta is
S I A l S D E G RAV IDEZ r d urante o exame.
A ausculta dos batimentos card íacos fe tais e do sopro
A1n RAçür:~ CuTtiNEAS PJGM ENTARF~ fun icu la r (do cord ão umbilical) pode ser realizad a com o
A h iperfunção do lobo anterior da hipófise co m hiper- auxílio do doppler entre a IO• e a 12• semanas e com o este-
p rod ução de hormônio melanotrófico po de provocar o toscópio de Pinard entre a 17·' e a 20a sema nas de gestação.
Ql
ou de nariz, do colo fora da ge tação).
__/'\_
\r TT R·\~ O/ ~ DO\ Ct 'v il\ r<; I\1TFR.\'O'i
Ao toque, podem-se observar os sinais de:
Landin: percepção, ao toque, de pequena região
~J A
H B •,c
'~ ~ ~
~
amolecida, no meio da face anterior do i tmo. Ap.l-
rccc precocemente, entre a qui nta e a sexta semanas
de gc tação;
Pzskacek 0 11 Brcum-Femwald: a simetria (ou abaula-
mento) e amolecimento localizados no fundo uterino, ., o F
quando há implantação ovularcornual (Figura 6.1.A); Figura 6. 1 I inais cllnicos de gravidc7:
1/ol::.apjel 011 preeusibilidade uterina: o útero grávido A- ·mal de Pi kacck; B- inal de 1 obilc-Budm {fundo -de-
é menos móvel, maior e amolecido, o que permztc -saco 1,\tcrais); C - inal de Nobile-Budin (fundo de .lCo ante-
.1 ua fácil preensão pelos dedos das mãos, vaginal ror c posterior); D - inal de Hcgar (útero antever oflctido);
c abdominal; E- in.1l de Hcgar (útero retrover ofletido); F inal de Puzos.
Nobile-811drn: preenchimento dos fu ndo de aco
vaginais laterais e anterior c posterior pelo útero
grávido, que, de forma piriforme, c torna globoso DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
no início da gravidez. ão é sinal patognomôni o
de gestação, pois pode ser observado nos tu more No terceiro dia após a fecundação, o 7igoto é seme-
uterino (Figura 6. 1.8 e C); lhante a uma pequena bola sólid.l com oito a 16 célul,ls c
l-legar: difcrcn a de consi tência ent re o corpo, o é denominado mórula. Acredita- c que ncs .1 fa c j.\ exista
istmo c o colo uterino no início da gestação. ~J a n secreção de gonadotrofin a conônica (h ,) que, no enta n-
do o útero é antcfletido, a mão vaginal é posicionJ- to, não é detectável no soro nutcrno. o qu.uto dia apó~ a
da no fundo-de-saco anterior e a mão abdommal fcrtili t.a ão, o embrião, já no Cl-tágio de rnórula, penetra na
desliza por trá da face po tcrior do útero na parede cavidade uterina. A implantação acontece nove a 10 dia
abdominal, tendo-se a sensação de que o corpo ute- apó~ a ovulação.~
rino é eparado do colo, devido ao intenso amoleci- Apó a implantação do blastocisto, à medida que ocorre
mento do i tmo. ~zando o útero é retrover oflcti- mais invasão do endométrio, desenvolvem-se vilosidades
Diagnóstico de Gravidez 77
E~se~ testes eram mu ito demorados, .1prc cntav.1m lit,ltivo:.. Es ·c método é relativamente insensível ,w LH c
pouca scn ibilithdc c, .1pesar de terem sido abandonados, mede J subun idade beta do hCG diante de concentrações
muito contribu íram para a confir mação do diagnóstico de fi iológicas de LH. Po teriormente, vário~ ensaios para
gr.widcz no pas .1do. ~-h CG foram de envolvidos com diferente metodologias
(radiorreceptor ensaio RRA; imu nocn aio enzimático
I EE; en::.y111e ~11ked tlllllllmoabsorbelll assay - ELI 'A; wzymc
MHODOS [1\IU OLÓGJCO') ~11kedJlrwrescenlassay - ELFA), cnsibilidade c especifici-
dades e que podem er realizados tanto no sangue quanto
O métodos imunológicos util iza ndo técnica imu- nJ urina. Em geral, têm sensibilidade de a 40 mU I por
noquímicas for.1m de envolvidos no ano 60. São mais mi de plasma c exigem aproxi madamente uma hora de
rápidos, m.1is simples c mai sensíveis que os biológicos. trab:1l ho. Assim, pode-se detectar a gravidez ante mesmo
l111cialmente, foram utilizJdo na~ ,1mo tra Jc urina. do atra o mcn trual. É também importante para o diag-
O pri meiro teste imunológico de gravidez tornou- c nóstico de gravidez ectópica (situação cm que o · nívei de
disponível cm 1961 c consistia em um.< rc.<ção de in ibição hCG ão mai baixos), pJra a monitorização do desapare-
de hemaglutinação: hemá ia com h G (antígeno) . ão ci mento do hCG na doença trofoblástica c para a detec-
juntadas com o .mtissoro específico, a seguir .1dicion.1-sc a ção precoce de recidivas do coriocarcinoma em pa ientes
urina a ~erte tada; c esta contiver o h ~c;, haverá bloqueio tratada : 11 Um te te para ~-h G com ensibi lidadc de 20
do antis oro c au ênci.l de aglutinação.12 mU 1/ ml tem taxa de fàlso-ncgativo de me no de 1%. 14
Com o Planofcsf era possível diagnostica r uma gravidez Encont ram-se em u o tré padrões de unidade de refe-
com 10,1 12 d1as de atraso mcn~trual , o que corre ponde rência para teste de R IA : PI ( cgundo Padrão Intern.<-
a níveis de hCG cm torno de 2.500 UI/ L, c com o Ali-l n cional), PRI (Pad rão de Referência Intcrnacionai) e ng/
(hcmaglutinaçjo) entre se1s e oito dia~ de atra o, período mi (nanograma/ ml). Quando a sensibilidade do método
com valorc de hCC de aproximadamente 1.000 UI/ L uti lizado for em torno de 5 a 6 mU 1/ ml (S PI), corresponde
om o ncoprcgnosticon (hcmaglutinação invertida), fa- a IOa 12 mUl/mi (PRI) oul ng/ ml.
zi.He o d1agnó~tico entre com dois a quatro dia de atra o Mai recentemente, para a do agem da fração beta,
c ISOU l/ LdchCG. utilizam-se reações de quimioluminescéncia, com equipa-
A en tbilid:tdc desses diferente teste varia de I ·o a mentos automático que fornecem ma i!> rapidez de rc ulta-
3.000 U 1/ L. Portanto, não detectam gravidezes normais dos. O valere de referência con idcrados são:
com menos de quatro semanas, condut indo a mu itos rc- de OaS mUI/mi: negativo;
sult.1do f.1l o-negativos. E ·se làto é inaceitável quando > S a ·o mUI/ mi: indeterminado;
existe su peita de gravidez cctópica cujos níveis de hCG acima de 50 mU1/ ml: positivo
situ:un-sccntrc ISO c 1.000 UI/ L. Ainda, como e ·c mé- As rcaçõe l<l o-po itiv,< do teste para detecção do
todo não po ·ucm c pccificidadc para a fração beta do hCG para o diagnóstico da gravidcl ocorrem, principalmen-
hCC, podem apresentar altas taxas de f.1 lso-positivos. te, nas dosagens uri ná rias c nas seguintes situaçõcs:~ 4 11 · 14
.Attmwfo de L/ 1/ripojisáno (menopau ·a natural ou
cirú rgica c hipcrtircoidismo);
i DENTIFICAÇÃO DO HCG NO SORO ttt111or secretau/e de h G: doença trofobLl tica ge ta-
cional (mola hidatiformc ou coriocarcinoma), tera-
A dosagem da fração beta do hC , no sangue surgi u no toma gonadal, neoplasias (testiculares, pancreáti-
início do~ anos 70 a p.<rtir da necessidade de encontrar tes- ca~, adenocar inoma gástrico , câncer de pulmão
tes para o diagnó tico da gravidez com mais especificidade e hcpatomas);
c cn ibilidadc. Foi introduzida por .litukaitis e/ ai.," que jár111acos psicotrópicos: fenotiazi nas, antideprc sivo ,
utilizaram o método RIA (radioimunoanáli c ou radioi- anticonvulsivante e hipnóticos;
munocn aio), sendo os resultados expressos em mUI/ mi. medrcammtos IJ(ÍO psicotrópicos: anticoncepcionais
O RIA é qualitativo e qu;mtitativo, ao passo que os exames orais (surto de e ·cape de LH),mctadona e penicilina;
baseados na hem,<glutinação dão resultados apenas qua- dol'llças srstênricas: LES (lúpus eritcmatoso sistémico);
DIAGNÓSTICO ULTRASSONOGRÁFICO
Diagnóstico de Gravidez
79
batimentos por mi nuto, é fator de bom prognóstico, per- Há correlação ent re os níveis de hCG séricos c a visi-
mitindo predizer um.\ evolução gc tacional bem- ucedida bilização pela U tran vaginal da estrutura na ge tação.
cm 90%das vczes.20 Os batimentos cardíacos fetais devem No período cm que o SG pode ser detectado, os níveis de
sempre er identificados quando o CCr ati nge a 6 mm, hCG va riam de '00 a 1.'00 mUI/mi ( Pl) ou ão uperio-
o que equivale a uma gestação de eis a 6, • semanas. Nes- res a 1.000 mU I/ mi; a vesícula vitelina, quando iguais ou
sa oca ião, o OMS , é de 1., a 1 mm.18 Na U tran ab- uperiore a 7.200mUl/ ml; c o embrião com o bati men-
dominat pode-se ob crvar os batimentos cardíaco fetais tos cardíaco quando iguais ou acim a de I0.800mU 1/ ml.'
na oit.wa semana, quando o DMSG é de 25 mm . O CC A não visibilização do saco gcstacional com a U transva-
alcança, aproxi madamente, O a • mm cm torno da JO• gin:d quando os níveis plasmáticos de hCG Jtingcm 1.1 00
à ll •scmann de gestnção (n pnrtir da DUM) ou da novn se- :1 1.500 mU 1/ ml sugere fortemente uma gestnção de evolu-
Diagnóstico de Gravidez
81
16 Fcr re~ra AC, ~l auaJ Filho t=, Galbrrcta t=M P, Pc~son1 RG, 20. V.ucla FK, Prapas 1 W, L1a ng RI , P.upas IJ\1, Ma~cJo., GA.
Rego h lho L , Jordão JF Propo-.ta Je um algontmo para Yolk ~ac ize and embryon1c hcart a~ prognost1c fuctor,offir~l
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fica Durante o Pnmc1ro 'I n mestre de Gc taç.io. ln: C.Jilcn 22. J\IJnz• D, Grccngcrg B, la•cr D, l·orouhar F. Malchoff CD
P\\'. Uhr,l ~onograha cm Ob~telrJCIJ c Gmecologia. s• cd. Bronchogcni carcinoma pre cnt ~ng as a p~cudoprcgna ncy.
Rio di.' j.1neiro: El cv1cr; 2009. p.IS I-224. Chc\t. 1995; I07:' 67-9.
19 ahm A, Zalud I, Farmak.dc'> G. Schul nlJn H, Kurjak A, L.1
un \ ' Corpu~ lutcum blooJ fio" 1n normal and abnorn1.1l car-
ly prcgn.111cy. Cvaluatlon w1th tranw.tgmal color and pubed
dopplcr .,onography.J Uhr.tSOllnd Mcd. 1994: I3:97 1-S.
Objetivos Orientações
Consulta Inicial Dieta
Anamnese Ácido Fólico
Exame Físico Ferro
Consultas Subsequentes H ábitos de Vida
Ganho Ponderai Queixas Comuns
Exames Complementares Náuseas e Vômitos
Hemograma Sialo rreia
Tipagem Sanguínea Constipação Intestinal
Urina Rotina e Urocultura Pirose
Glicemia Lombalgias
Sorologia para Sífilis Dor Abdominal
Sorologia para Toxoplasmose Cardiovasculare
Sorologia para Rubéola Urinárias
Sorologia para Hepatite B Varizes
Sorologia para Hepatite C Hemorroidas
Sorologia para HIV 1 e 2
Leu correias
Sorologia para Citomegalovírus ( CMV)
Câimbras
Pesquisa de Estreptococos do Grupo B
Sinais de Ale rta
Sorologia para HTLVl e 2
Imunizações
Exame Parasitológico de Fezes
Colpocitologia Oncótica Cervical
Ultrassonografia
Testes de Vitalidade Fetal
Estudo Genético no Pré-natal
a i tência ao pré-natal desempenha importante da parti ipação dos órgão a sistenciai re pons:í-
riorc , trat:.mcnto clínico antcriorc c atuai , u o de mc- de pa rto, se nperatúno gual a mdic.1ç.io, evoluç.io c tcm-
dic:.mentos, transfusõe · de sangue, doença in feccios.1s, Pl' du tr.lb.1lho de p.lrto, .l, condiçoc~ do recém-na ·c1do
doenças i têmica , infecção urinária, hábito de vida (eti- (RN), seu pc~o e l>U.I evolução ncon.ltal c o numero de
li mo, tabagi mo, u o de droga ), doenças p iqu iátrica!> ou tilhul> \li\'Ol>.
qualquer outro p.1ssado mórbido devem ser pesqu isados. Os .lbl,r't.lmcnto!l devem cr cb ilic.ldL" como e~
Pl'll t.'t nco~ ou volu nt.írios, precoces ou t.udios, segu ido
ou n.io de cu rct.Jgcm c comphc.lçoc . O .1bort.1mento ha-
A T ECEDE T ES G INECOLÓG ICOS bitu.ll (ocorrência de três ou mai abortos con ecutivos)
exi~e prnpcdêutic.1 própri.l, de prctcrenci.1 fora do pcrí
É importante avaliar a idade da mcnarc..1 c .1s. car.Ktc- odo gest.Kron.1l 1 e, dura nte a gestação, merece cuidados
rí tic,b Ul1 ciclo menstru,JI. p ara alertar sobre disfu nçõc especiais.
endócrinas c justificar a discrepância entre o tamanho ute- O risco rcproduti,·o l' m,1is .1lto qu.10do o mtcrnk).,cn-
rino c a idade gcstacional (IC). tre os partos é inferior :1 três anos. O .Komp.lllh.lmcntL) d.1
Indagar obre o u o de metodo .mticonccpciülul (tipo, gr.l\'ide; -.cr.í 'cmclh.mtc ao da prim rge,t.l qu.111do o inter-
tempo de uso, data de interrupção) p,1r.1 dar Clmfiabi lltbdc valo~:<ntrc L1Spartos for , upcrior-a IOanos .
.\ ~bt.l d.1 últim,llllCllStJU,IÇ.Il1 (DUM). Também fazem parte da história obstétrica a evolução
A hl-.tória !>exu.1l de,·c ahrangrr t) início d.1 ati,•ilhJc do puerpério ~infecções, de~r~s ão) e~ dificulda-
cx u~l. o nú mero dt: pa rceiros e .1s dl)enças st:xualmcntú des da amamcntaçao ~ssu ras ma ma nas, mastrtes).
tr.1nsmiss•vcis (D T): tipo, tratamento, controle de cura e
:1 investigação e tratamento do parceiro.
l.
Algumas cirurgia~ gmccológicas são indicações ab- GESTAÇAOATUA L
soluta para ce ariana, como a miorncctornia prévi:. c a
correção de fí tu la vesicovaginal ou retovaginal. A ampu- Na abordagem inicial da gcst.1ção atual, é nece!>sário
tação do colo uterino pode comprometer sua competên- abcr ex:~t.lmcntc o primeiro di,l do último fl uxo mcns-
cia, exigindo acompanha mento mais freq uente c cuida- tru,d normal, pois é a partir dessa data que se faz o cálculo
mudanças. Entender o processo ajuda a minimizar c a acei- A medida d.1 pressão arterial (PA) na primeira consulta
tar os sintomas. é de suma importância, pois é a partir desse dado que se f..n
Questionar sempre sobre alteraçõc~ digestiv,ls, intesti- o diagnóstico das alterações hipcrtcnsivas da gravidez. A
nais, urinári,1s, alimentares, perda de secreção vagi nal, edc;- PA deve ser sempre medida com ,1 gestante scnt,\d.J (evit,l
ma, movimentação fetal c dor abdomi n.1l (acompan hada compressão da \'Cia c.wa inferior)1 com o anteb raço direito
ou não de endurecimento e/ou cólicas). apoiado numa superfície à altura do coração, com a pal ma
ão há evidência suficiente para recomenda r a con- da m5.o voltada para cima, após pelo menos cinco minutos
tagem rot ineira dos movimentos fetais cm determi nados de repouso e com o ma nguito ajustado a dois dedos trans-
períodos do dia, em gestantes de risco habitual ou de alto versos aci ma da borda do cotovelo.
risco, com o objetivo de avaliar o bem-estar fetai. 1·- O Ministério da Saúde, tomando como base a proposta
Discutir os hábitos ali mentares c .waliar o índice de do Nntional f-ligh Blood Pressure Education Program Coordina-
nuss.1 corporal (IMC). Estimular a ingestão de fontes ting Committee, em 2000, preconizou corno medida da pres-
naturais de ~cido fólico: c1stanhas, vcgct.1i~ vcrde-e,çuro, são sistólica o aparecimento do primeiro ruído de KorotkofFe,
carnes, feijão branco, p:lo integral e ovos. I nvcstigar c a ler- como medida da pressão diastólica, quando as bulhas desapa-
tu sobre o\ perigos do uso indi~crim i nado de megavitam iL recerem totalmente (quinto ruído de Korotkolf). Nos casos
nas. princip.1lmcnte contendo vitamina A. em que o desaparecimento completo dos ruídos não ocorrer,
Discut ir os aspectos psicológicos e sociais que se fi- proceder à leitura da pressão diastólica no ponto de marcado
zerem necessários. Enfatizar a importâ ncia da assistência abafamento das bulhas (quarto ruído de Korotkoff}' ·8
pré-natal contínua.
Após a ana mnese e a obtenção de todas as informações
úteis para o diagnóstico da gravidez e do risco gestacional, EXAME DO ABDOt'vl E
segue-se o exame físico.
O exame do abdome inclui a inspeção, a palpação, a
medida ela altura uteri na c a ausculta fetal.
EXAME FÍSICO
L'\'\Ph-,t\ 0
O exame físico da primeira consulta, além de certificar Na inspeção, verificar a forma e a regubridadc uterina c
a normalidade, identifica doenças maternas que possam se o aum~nto ~bdom in.1 l cst,í compatível com a idadl:' gcs-
comprometer o binômio mãe-feto. Deve ser o mais com- tacional. Algumas intercorrências aceleram o cresci mento
pleto possível, incluindo exame físico geral, exame obstétri- uterino e outras o retardam. Na gestação inicial, os dados
co c ginecológico. Em algu mas circunstâncias, é necessária da inspeção são pouco úteis. A partir do terceiro mê , seu
a colaboração de outros especial istas. valor aumenta.
Assistência Pré-natal
1\:a~ di.,cord.1nci.1~ da n1cdtda d.1 altur.1 uterin.1, c ·- tcrccrnt di.lgnostica .1 .1pre~~ntação fct.tl ~ J ~ua altu-
t.tndll o ut.:ro m.tiL1r l)UC o c:.pcradn. l11er d1.tgno,liCO r.t cm relaç.iu ao c'tre1to ~upcnor dJ pcke m.tll'rn.t
dJien:nci.tl com: erro de d,tt.t, mionutosc utcrin.t, ma- (Figu ra 7. 1C);
crn,,nmla. l11droccf.lli.t. dllL'nça trol~lbLí.:.tK.I gc!>t.IL'It.)- qr~<lrltl: trat.be de m.tn bra difícil c pouco cmpre-
n.tl. gL·~t.ll;.illlllUitipl.tL' poltdr.imn1u. Com utL'rl.l lllL'IlUr S·•,b. Pcnnllc confirmar .1 .tprcs cntaç.io fetal c 'ua
que ll csper.tdo, ,1\·.tl ia r: erro de d.tt.t, C I LIR, ol1goi- altura em relação ao estreito superior da pelve e
dr:1111nio c fetl)S pc(jueno~ constitucionalmente. A ul- t.11nbém eu grau de flexão c deflexão ( ó avaliJd.t
tr,t ·onografi.t é determinante no e cbreci mento desses cm apresentações ccf.1licas) (Figura 7.1D).
di agnósticos.
Ainda n.t inspcção, procur.trcicatrizes, cstri.ts (as rece n-
te .io violáceas e as antiga pcrolácea ), hipcrpigment.t~·jo
da linha alba (/i11ea 111gra) c alterações na cicatriz umbilical.
J>\11'\~ ~()
A palpação do abdome é tempo obrigatório no exa-
me da gdv1da, abrangendo a parte clínica c a obstétrica.
onfi rma todos o dados da inspeção, acrescidos do de-
senvolvimento uterino, ua onsistência, forma, volume,
posição, regularidade da upcrfícic e do d iagnóstico da
1tuaç:i.o, po iç5.o e apre entação fetal. A consistênci.t ute-
rina é cl,\stica c será determinada pelo volume do líqui-
do .tmniótico c pela tensão da musculatura abdominal
c uterina. Quando o volume de líquido amniótico está
aumentado, o abdome fic.t tenso, dificultando a palpação
d.t partes fetal .
O útero c p.tlp.l\'el nn ventre m.tkrno .1 p.trtir do ll'rCCI-
w m.: . . . Llllll 16 'L'Jll,lll,l\ e\t.td .\ meia di~t.uKia da \lntisc
pub1c.1 .10 umb1go: tangcnci.uá .1 cicatrit umbilical com
cmco mc'c': no ,..:•timtl mê~. estará entre o umbigo c o
.tp.:ndilc \lfoidc c. no nono. na rcbord.t ctt t.tl.
Até 24 scman.1s de gestação, com o útero um pouco
acima da cicatriz umbilical, a palpação é cmclhantc .\ rc-
.tl izada no abdome clínico. Avalia-se o tama nho uterino,
ua relação com a IG e realiza-se a palpação do fígado c do
baço, verificando se existe ascite ou massas no abdome.
A p.u·ur dL· _..j. \em.tn.t~. utiliL.IIII·se J !> 111.111obras de Leo-
pllld para diagno~tlcara ituação, po ição e apresentação fetais.
o
A regra de Mc Donald (1906) perm ite o cálculo aproxi-
Figura 7.1 I Manobras de Leopold. mado da IG cm meses lunares, por meio da equação:
IG (meses lu nares) = AU .;- 3,5.
É gucstionável o valor d a palpação abdomin.ll antes A Fig ura 7.2 apresenta o gráfico da med ida da altu ra
da 36J scman.1 de ge~tação para diagnosticar a apresenta- uterina e sua correlação com a idade gestacional.
ção fe ta l. Isto porque a palpação tem baixa acurácia, pode Fetos pequenos (PIG) e grandes pa ra a idade gesta-
causar desconforto c nao interfere na conduta do parto. cional (G IG) e/ ou com crescimento intrauteri no res trito
Existe fraca evidência ind icando que a ava liação rotineira (CIUR) apresenta m mais morbidade e morta lidade. Per-
da apresentação fetal por meio das manobras de Leopold manece um desafio saber qua l é o método de rastrcamento
parece ser útil somente a pa rtir da 36" semana de gesta- mais efe tivo para identificá-los e acompanhá-los.
ção, quando a apresentação é capaz de influenciar a pro- O protocolo de ,1ssistencia pré-natal do Rei no Unido
gram ação do pa rto. 3•9 (N ICE) afirma que 1üo há evidência consistente gue de-
A suspeita de apresentação anômala deve ser confirma- monstre qualquer benefício da medida do útero-fita antes
da pela ultrassonografia. 3 ae
da 24JSem,ln<l gcst,lÇãO. 1
Assistência Pré-natal 93
Quadro 7.2j V.1lore de referênci,J para a 'TOG, com Quadro 7.3 I Valore de referência para o d1agnó 11 o
IOOg Jc dextro ol, na gr.Wldez de Di.,bctc Gestacionalutilizando o teste de tolerânci:1
à glicose com T g de dextro ol
Cult:ld iGI ICellliil) Vc~1or es ltlHJ cili
Jejum 95 J
Jejum ~92
1 hora 180
J 1 hora ::!: 180
2 horas 155 I
2 horas ~ 153
3 horas 140 'I
t•consulta
Glicemia de jejum'
ou
Glicohemoglobina
ou
Glicemia casual2
Glicemia de jejum
2: 126rng/cl.
Glicemia de jejum IGlicemia de jejum< 92mg/dl
2: 92mg/dl e < 126mg/dl
Glicohemoglobina 2: 6.5%
Glicemia 2: 200mg/dl +
Confirmaçãol
Figura 7.61 Rastreamento Je d iabete~ mclbtus gc~tacional llllrmalwtwl Ammatio11 ~f Dwbeit·s mui Preg111mcy 'tmly Croups.
A sífilis é doença de trJn sm issão vertical, passível de A toxoplasmose é uma doença parasitária causada pelo
tratamento int r,nüero e de prevenção da síndrome da sífilis Toxoplasma gondii, geralmente assi ntomática ou oligossin-
congênit,l. tomática na popu lação sadia. A primoinfecção durante a
O VDRL (teste não treponêmico) é o teste de e~collu gestação pode levar à in fecção congén ita, reta rdo menta l
para o rast rcamcnto. É teste qu,lntitativo, inespecífico c e cegueira do RN.
pode ser utilizado para controle de cura. Está sujeito a re- Os testes mais utilizados são o Elisa, a imunofluorescên-
sultado falso-positi vo, como nas colagenoses, na ha nsenía- ci,l índ irct.l, ,\fixação de complemento c J inibiçãt1 da herna-
se, na mononucleose infecciosa, na m alária e tubercu lose. glutin.tç,\o. Par,\ a conf1rm,tção da tâsc aguda, recorre-se à
Os resultados falso-negativos ocorrem nas seguintes cir- pesquisa de lgA ou lgE c ao teste de avidez para a IgG.
cunstâncias: infecção pri mária inicial, em 30% dos indiví- Há cont rovérsias a respeito do melhor método de ras-
duos com sífilis latente tardia, fase secundária em gestantes trea mento e da frequência de repetição dos exames, e m ges-
Hl V positivo, fenômeno prozona (excesso de anticorpos tantes susceptíveis.25
no soro testado) e nos casos de reinfecção. As evidências atuJis são insu ficie ntes p.ua .1tirmar guc
Na sífilis, o VDRL posi tiva-se após a quarta semana d a o rastreamento da toxoplasmose e/ou o trJtJmento de ges-
infecção. Títulos baixos, sem história de tratamento exi- tantes com viragem sorológica durante a gestação reduzem
gem investigação por testes específicos (treponê micos): a tra nsmissão congênita do Toxoplasrna gondii, a infecção
FTA-ABs (teste de absorção de anticorpo treponêmico fetal c as compl icações associadas à in fecção. 25
Auorescente), MH A-TP (m icro-hemaglutinação do tre- O protocolo N ICE não apoia o rastreamento rotineiro
ponema) e TPI (teste de imobil ização do treponema). da toxoplasmose porque os riscos podem supera r os possí-
Esses testes são qu alitativos, úteis pa ra d iferencia r reações veis benefícios3 Defende medidas higiénico-dietéticas para
cruzadas e apresentam mais sensibilidade e especificidade a prevenção da in fecção primária como uma boa alternati va
gue os testes não treponê micos. No nosso meio, o mais do rastreamento antenatal.
ut ilizado é o FTA-ABs. Nenhum desses testes so rológi- No Hospital das C línicas-UFMG, apesar da falta de
cos irá detec tar in fecção sifi lítica no período de incubação comprovação d a melhora do prognóstico fetal com o ras-
(média de 25 dias).3 treamento universal, o rastreamento é rc.lli7ado cm tod,1s
VDRL positivo: solicitM VDR L do parceiro e o teste as gesta ntes e também a sorologia mensal associada a med i-
confirmatório (FT A-Abs OLl MHA-T P): das higiên ico-dietéticas preventivas em gestantes susceptí-
Teste confirmatório "não reagent~". descartar a h i, veis (IgG e lgM negativo).
pótese de sífi lis e considerar a possibil idade de rc- O M inistério da Saúde do Brasil estabelece a pesquisa
ação cruzadai de toxoplasmose na primei ra consulta, desde que d ispon ível
teste confirmatório "reagente'', diagnóstico de sífi Iis, no serviço de assistência pré-nata l, devendo para as gestantes
devendo sn instituídos o tratamento e o acompa- susceptíveis a sorologia ser repetida trimestralmente.5
n hamentoi
im ossibilidade de realizar teste confirmatório e/ou
sem h istóri,l de tratamento a ntcrior, considerar o resul- SOROLO GIA PARA RUBÉ OLA
tado positivo cm qualquer titu laçào e iniciar tratamen-
to imediatamente na mulher e seu parceiro sexuai.S A síndrome da rubéola congénita (SRC) é rara, prova-
velmente devido à vaci nação dos indi víduos susceptíveis.
O rastreamento da sífilis é recomendado para toda ges- Tod a gestante deve ser investigad a quanto à suscepti-
tante na primeira consulta de pré-natal porque o tratamen- bilidade para rubéola na primeira consu lta de pré-natal, se
to é benéfico para a mãe e feto.14 ainda não o foi antes da gestação.3 Mul heres susceptíveis
O Ministério da Saúde aconselha repeti r o VDRL en- devem ser orientadas qu anto ao contágio, aos perigos da
tre 28 e , O semanas de gestação, no momento do parto e in fecção na gestação e à necessidade d e vacinação no pós-
nos casos de abortamento.s -parto para proteção de futu ras gravidezes.'
Assistência Pré-natal
95
Conhecendo- e previamente o perfil imunitário da mens H I V positivo, gestante tra nsfundidas com angue
gestante, o diagnó tico de infecção aguda é feito com mais ou hcmoderivados.2
egurança e rapidez em caso de contágio durante a gesta-
ção. Além disso, propicia o isolamento do RN no berçário
nos caso de infecção aguda durante a gravidez e, nas mu- SOROLOGIA PARA HIV 1 E 2
lhere su ceptívci , indica a vacinação no pós-parto.
O Ministério da Saúde do Brasil (2006) não indica o A transmissão vertical do H l V já e tá bem-e tabeleci-
rastreamento de roti na para rubéola na gravidez. da, ocorrendo durante gravidez, parto e aleitamento. Esse
tipo de transmissão é responsável por 90% das infecções
pelo H I V em crianças na faixa etária de um a quatro ano
SoROLOGIA PARA H E PATIT E B e es a infecção representa a quarta causa de morte dessas
crianças. 26 A adoção de medida du rante a gc tação, parto
A hepatite B é uma doença vi rótica com transmissão e pucrpério reduz o risco de transmissão vertical, de 25,'
vertical e respon ável por 21% das infecções cm crianças para 1,0%_27
abaixo de IS a nos. O Ministério de Saúde do Brasil recomenda a realiza-
O HBsAg, antígeno de superfície do vírus da hepatite ção de teste anti-HIV com aconselhamento e consenti-
B (VHB), é o primeiro marcador que aparece no curso da mento para todas as gestan tes na primei ra consulta de pré-
infecção aguda pelo VH B e desaparece com a cura. A per- -natal c outro próximo da 30• emana, emprc que possível,
si tência por mais de seis meses é indício de hepatite crôn i- considerando que medidas intervencionistas reduzem a
ca. Portanto, H 13sAg positivo significa infecção pelo VH 13, transmissão vcrticaJ.S Exame po itivo exige teste confi r-
aguda ou crónica. matório por meio de te tcs 10096 c pecífico , Western blot
O rastreamcnto sorológico da hepatite Bcom o H BsAg ou imunofluorescência.
deve ser realizado em toda a ge tantes para que a inter- A repetição do teste anti-H IV deve ser con iderada du-
venções pós-natais no recém-nascido (administração da rante o período gestacional e pré-parto5.
imu noglobulina e vacinação nas primeiras horas de vida)
reduza m o ri co de tran missão vcrticaF.J O mais seguro
é ter conhecimento do status sorológico da ge tante no ter- SOROLOGIA PARA C ITOMEGALOVÍRUS
ceiro trime tre. (CMV)
Após a realização do teste confirmatório da po itivi-
dade do H BsAg, solicitar o H BeAg, indicador de doença A incidência da infecção por CMV é alt,t, com 32% de
ativa (replicação virai), alta in fcctividade e alto risco de transmissão vertical após a infecção primária c de O, IS a 196
transmissão (aproximadamente 9' 96). 3 na infecção recorrente. Diferentemente da rubéola e de ou-
Gestantes susceptíveis com risco aumentado de infec- tra viroses, a exposição no passado ao CMV não confere
ção para hepatite B podem ser vacinadas durante a gravidez imunidade total às gestantes? 8
ou rastreadas novamente antes e no momento do parto.u A via de tra nsmi são us ual da infecção do C MV à
gestante é através do contato com saliva c urina conta-
minadas, principalmente de cria nças infectadas. Por-
SOROLOGlA PARA HEPATITE C tanto, deve-se orientar todas as gestantes a respeito da
medidas de profilaxia como lavar bem as mãos após
As evidência ão insuficiente para sugerir o rastrea- contato com crianças pequenas e manipulação de fral-
mento universal da hepatite C cm toda as gestantes a par- das sujas.
tir da pesqui a de anti-HCV durante o pré-natal.3 Diversos países, inclusive o Brasil, não incluem oras-
O rastreamento da hepatite C deve er oferecido às trcamento de rotina do CM V na assistência pré-natal de-
gestantes de risco: presid iárias, u uárias de drogas inje- vido à fa lta de com provação dos benefícios dessa pesqui-
táveis, tatuadas, portadoras de piercing ou com múltiplos sa, às dificuldades cm determinar qual gravidez resultará
parceiros, gc tantc HIV po itivo ou parceiras de ho- cm R infectado, à gravidade das sequelas e à ausência
~
VDRL 288 a 308 sem e parto combinações ideais.
Hemoglobina e Hematócrito A necessidades dietéticas dos minerais c v1t.1mi nas
também aumentam com a gestação. 'om exceção do fe rro
Glicemia de jejum 3oasem l e do ácido fólico, todos esses nutrientes são supridos ,ldc-
Sorologia Hepatite B quadamcnte em uma d ict:~ balanccad.1.
30"" sem. se disponível
I
I A suplementação de vita mi n:~ A (ingestão ac1m:t de
Sorologia anti-HIV 1 e 2 28" a 3()8 sem I 700 pg/ dia, que corresponde a 2.310 U I), pode ser tcrato-
Colpocitologia oncótica l gênica e deve ser evitada, ,\S im como os produtos com ,\Ito
teor des a vita mina, fígado e eus de ri vado . 1
Sorologia toxoplasmose. Repetir :r' trimestre,
se disponível se susceptível O aconselhamento dietético à gestante mostrou- c efi -
i
caz no aumento do con umo de protcín.1s c calori.1s, mas
~ Urina rotina 3()8 sem. urocultura.
foi incapaz de demonstrar benefício consistente nos rc~u l
se necessário \ tados da gravidez, na saúde materna e do recém-na cido.41
Assistência Pré-natal 9~
Éimportanterestringira ingestão de alimento gordura o demon trávei ede po síveis evento adver o ga trointe -
e guloseimas, pois são muito calóricos. As refeições devem cr tinais matcrnos. 3
mai frequente e meno copio a , mel horando, a ·sim, as náu- O protocolo do HC determina a suplcmcntação de 30
ea e vómitos do início c o problema digestivos do final da a 60 mg de ferro elemento/ dia para todas as gestante a par-
gestação. Estimular a ingcstão de Iíqu idos fora das refeições H ti r do segu ndo tri mestre, quando as náusea e os vômitos
melhoram. Isso corresponde a ISO a 300 mg de sulfato fer-
ro o, 00 a 600 mg de gluconato ferro o ou a ISO a 300 mg
ÁCIDO FÓLICO de fuma rato ferro o.
O Mi nistério da Saúde orienta a suplementação de 40
A uplcmcntação de ácido fólico pré-concepcional tem mg de ferro elemento e S mg de ácido fólico a parti r da 20•
efeito protctor contra defeitos do tubo neural (RR 0,2 i scnuna para todas as gestantes.'
IC 9596 O, 13-0,58) e na recorrência dos mesmos (OR 0,31i
IC 9596 O, 14-0,66). ão predi põe a aborto , gravidez
ectópica ou nati morto, embora haja po sível au mento de HÁBITOS D E VIDA
gravidez múltipla. 4~
Ado c prcconizadJ de folato pré-concepcional para mulhe- A I' I V I()AD E PROFISSIO• AL
res sem antecedentes de defeito do tubo neural é de 400 mcg/
dia e deve ser mantidJ até a 12• semana de gestação. Para mu- A mulher, cada vez mai , participa ativamente do mer-
lheres com antecedente de defeito · do tubo neural ou uso de cado de trabalho. Os empregadores nem sempre di poni-
medicamentos antifolínicos, a do c estipulada é de 4 mg/dia.46 bilizam quaisq uer regalias às grávidas.
Existem controvérsias quanto aos beneffcios do enrique- Cabe ao obstetra identificar as gestantes com risco ges-
cimento do alimentos com ácido iólico para a prevenção de tacional aumentado devido à atividade profissional.
defeito do tubo neural. O efeito de iniciar a uplementação A gestante deve evitar a exposição a fatores de risco pro-
do ácido fólico no início da gestação não foi aval iado. fissional, como os agente químicos c físicos potencial mente
teratogênicos. Existem indícios de que .1 exposição ao Raio-X
associa-se à piora dos resultados maternos e neonat.1is. 1 ln-
FERRO form.lçâo adicional a respeito de risco ocupacional está dis-
ponível no srlc: 1/enltlr mrd snjety execufrve (www.h e.gov.uk).
O ferro é encontrado na vísceras, carne vermelha, Trabalho físico exaustivo e a perma nência por longos
ovos, feijão, vegetais verdes c cereal integrai.Anece sidadc períodos cm pé associam-se a aumento do risco gestacio-
de ferro elemento é de 7 mg/dia, sendo que 6 mg são uti li- nal. As evidências são inconclusivas cm relação ao número
zados e I mg é excretado. de horas trabal hadas e à mudança de tu rno.M8
Pouquíssimas mu lheres têm reservas para suprir essa A gestante deve ser esclarecida a não permanecer por
necessidade diária de ferro elemento e a dieta raramente longos período em posição supina, que pode au mentar a
contém ferro uficicntc. pressão venosa nos membros inferiores, levando a lesões
Asuplementaçâo roti neira de ferro (Fc) c folato para todas valv ulares, com consequente formação de va rizes c aumen-
JSgestantes, a partir do início do segundo trimestre, reduz o to do risco de tromboembolismo.
número de mul heres com vJiores de hemoglobina abaixo de O ambiente de trabalho deve ser agradável c coopera-
10,0 ou 10, - g/dL no final da ge tação (ORO,19; IC 9596 O, 13- tivo, para melhor evolução física e psicológica da gestação.
0,27). Os níveis séricos de ferro, fcrritina c folato são mantidos
ou elevados. A suplcmentação de ferro e foi ato não reduz J in-
cidência de cesariana, parto pré-termo, PIG, natimorto, morte Exl'Rcíclos Fís1cm
neonatJIe admissão do R na unidJde neonatal.47
O protocolo NICE (2008) da assistência pré-natal não Como em qualquer época da vida, as atividade ffsica
rccomendJ a suplementação rotineira de ferro para todas devem ser exercidas numa intensidade determinada por
JS gestante devido à falta de benefícios maternos e fetais limites individuais, após avaliação clfnica.
MACONHA
TABAGISMO
Não existem comprovações de q ue o tetra-h idrocanabi-
O hábito de fumar é um a importa nte causa mod ificá- nol, metabólito ativo da maconha, tenha efeito teratogên ico
vel de eventos adversos d urante a gravidez, ta nto maternos c qual é o impacto do seu uso no ciclo grávido puerperal.
quanto fetais. Assim, medidas de saúde pública devem ser Os metabólitos são el iminados pela urina durante semanas.
implementadas. É comum a associação com o tabaco, álcool e outras dro-
O monóx ido de carbono e a nicotina são responsáveis por gas q ue têm efeitos sabidamente prejudiciais ao feto. Como
aumento da incidência de abortos espontâneos, RN de baixo toda d roga, deve ser desestimulada d urante a gestaçãoY
peso, descolamento prematuro de placenta (DPP), placenta
prévia, rotura prematura das membranas, traba lho de parto
pré-termo, mortalidade perinatal, síndrome de morte súbita, COCAÍNA, ÜPIÁCEOS EA FETAMINAS
lábio leporino e lesão de palato. Esse efeito parece estar rela-
cionado com o número de cigarros consumidos por dia. As alterações maternas dev ido à cocaína são: intensa
Já se constatou q ue intervenções contra o fu mo durante a vasocon strição, causando hipertensão, isquem ia c:trdíaca,
grav idez reduzem o risco de parto pré-termo e récem-nascido infa rto do miocárdio e cerebral e efeito card iotóxico direto,
de baixo peso50 Portanto, as gestantes devem ser orientadas levando à morte súbita.
qua nto aos perigos de fu mar, de ser fumante passiva e quanto O uso de cocaína durante a gestação aumenta signifi-
aos benefícios de parar de fumar ou de reduzir, ao mínimo, o cativamente o risco de vários eventos adversos, entre eles:
consumo de cigarros em qua lquer fase da gestação. 3-'0 descolamento prematu ro de placenta (RR 4,SS; IC 9S%
3,19-6,5) e rotura prematura de membra nas (R R 1,8S; lC
9S% 1,3S-2,S2} 51
ÁLCOOL É comu m, entre as usuárias, com parti lhar serin gas, ele-
vando as taxas de infecção por H IV e hepatite B. Existem
O etanol cruza livremente a placenta e a barreira hema- poucos relatos a respeito do LSD. Não se verificou dano
toencefál ica do feto, sendo esses efeitos dose-dependentes. cromossôm ico.
NÁUSEAS E VÔMITOS
CONSTIPAÇÃO INTESTINAL
Frequentes no início da gestação, principalmente no
primeiro trimestre, podendo estender-se até o final da ges- Sintoma freq uente nas mul heres e agravado pela gra-
tação. 1 ormalmente, não comprometem o resultado peri- videz devido ao au mento do tempo do trànsito intestinal
natal c mel horam entre 16 e 20 semanas de gestação. consequente à progesterona.
A ingestão freq uente de alimentos leves, secos, gelados, Asuplementação dietética com fibras vegetais, mamão, fru-
ácidos, com redução de carboidratos parece ter efeito na tas com bagaço, ingestão de muito líquido ajuda a amenizar .1
melhoria das náuseas. constipação (ORO, IS; IC 95%0,05-0,67). 19 os casos rebeldes,
Reserva-se o tratamento medicamentoso durante o o uso de laxativo estimulante (Sene®, Lactopurga®, Dulco-
primeiro trimestre somente para situações com sintoma- lax®) é mais eficaz que os formadores de volu me (Mct,unuci]®,
tologia grave e/ ou debilitante.' Plantabcn®) (OR 0,30; lC 95%0,14-0,61), entretanto, acarreta
Os antieméticos (gengibre, vitamina B6 - piridoxina, mais eventos adversos maternos (diarreia c dor abdomi nal). 2·'9
anti-histamínicos) reduzem a frequência das náuseas no Não há afirmativas a respeito da segurança c eficácia
início da gestação (OR 0,16; JC 95% 0,08-0,33).4 4 dos laxa ntes osmóticas (lactu lose) durante a gestação. 1
Entre os tratamentos mais recentes, a piridoxina (10 a
25 mg tres vezes ao dia) parece ser mais efeti va na redução
da intensidade das náuseas com menos eventos adversos.H PI ROSE
O uso de gengibre (cápsula de 250 mg, quatro vezes
ao dia) também é eficaz na redução dos vómitos (OR 0,31; Qj.1eixa comum no fi na Ida gestação, às vezes assu mi ndo
I.C 95% O, 12-0,85) c das náuseas (OR 0,06; IC 9'% 0,02- caráter de dor. Não está associada a resultados adversos na
0,21), sern qualquer evento adverso cvidente.44 gestação e o objetivo do trata mento é o alívio dos si ntomas.
São controversos os resultados da pressão do ponto P6 O tratamento inclui modificação do estilo de vida, uso
localizado na parte anterior do antebraço a três dedos do de antiácidos ou misturas alcali nas, antagonistas do recep-
punho, para redução das náuseas.H tor H 2 c inibidores da bomba de próton 3
lmunoglobul1na Conduta
Hepatite 8 Após exposição, associada à vacina I
-----------------~
....~_é_ta_n_o_ ______ _ __ _ _ _ +-
A_pó_s_e_x_posição, associada à vacina I
Varicela Profilaxia nas primeiras 96 horas após contágio I
-----------------~
Sarampo Profilaxia após exposição I
Hepatite A Profilaxia após exposição I
Continua ...
~
Abstinência de maconha Não há evidências de teratogenicidade e efeito no ciclo grávido c
puerperal
Abstinência de cocaína Aumento de DPP e rotura de membranas A
Viagens aéreas Até 36 semanas mediante atestado médico 8
Transporte de carro Uso correto de cinto de segurança de três pontos 8
Reduz morte fetal e parto até 48 horas após a colisão 8
Atividade sexual Não se associa a eventos adversos maternos e fetais 8 I
continua .. .
Banhos quentes de imersão Associa-se a risco aumentado de defeitos do tubo neural e aborta- A
mento
Evitar 18 metade da gestação
Sauna Resultados inconclusivos
Rastreamento de doença periodontal Dados conflitantes e insuficientes para justificar mudança de conduta B
Uso de meias elásticas Reduz tromboembolismo venoso. mas não previne aparecimento A
novas varizes
Náuseas e vômitos Gengibre. vitamina 86. anti-histamínicos reduzem náuseas. sem evi- A
dência. teratogenicidade.
Constipação intestinal Dieta rica em fibras. ~ A
Laxativo estimulante é mais eficaz que os formadores de volume A
------------------r---- ------
Pirose Modificação do estilo de vida e medidas dietéticas O
Antiácidos ou misturas alcalinas Igualmente eficazes e seguros A
Antagonista de receptor de H2 e Não existem evidências oriundas de ECR demonstrando segurança A
inibidores de bomba de próton e eficácia :!
------
Lombalgias Massagem. fisioterapia em grupo/individual. acupuntura ou A
hidroginástica após 20 semanas reduzem sintomas
Cinta elástica e repouso o
Hemorróidas
Medidas higiênico-dietéticas e uso Não existe evidência dos beneficias e riscos A
de cremes
Laxativos à base de fibras Reduz sintomas e sangramento anal A
Não existe evidência para indicar o u~o de metronidazol em gestan-
1
Tricomonlase A
tes portadoras assintomáticas
Candidlase Uso tópico de imidazólicos é mais eficaz que a nistatina A
Uso oral. segurança incerta A
Vaginose bacteriana Evidências fracas para rastreamento de rotina A
Rastreamento de Infecções do trato
genital baixo
Não faz parte da rotina visando PPT
--
A
_j
Câimbras Cálcio. cloreto de sódio ou vitaminas não reduzem as câimbras A
Citrato ou lactato de magnésio reduzem câimbra A
ClUA Crescimento intrauter no restrito HA- Hipertensão arterial PPT- Parto pré-termo
CDC Centers Oisease and Centro/ Hg- Hemoglobina ECR - Ensaio clfnico
DCP - Desproporção céfalo·pélvica IG -Idade gestacional randomizado
DPP- Descolamento prematuro de placenta IMC - Índice de massa corporal RN - Recém-nasctdo
OMG- Otabetes me//itusgestactonal NICE - Nationallnslltute for Health and Clinical Excellence US- Ultrassonografia
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Quadro 8 .3 J Vitaminas na grav idez e lactação (níveis séricos - concentração no leite - deficiência - toxicidade)
V1tam1nas Níve1s Concentração no le1te humano Def1c1ênc1a na grav1dez Tox1c1dade
séncos na Consequênc 1as para o feto
gestação
Tiamina .1. J Concentração no leite maturo é sete Neurite gravídica; a deficiência não Não é conhecida
vezes maior que no colostro muda o curso da gravidez
~
Riboflavina .1. Concentração no leite maturo é A deficiência não muda o curso da Não é conhecido
duas vezes maior que no colostro e gravidez. nem produz malformações
declina com a lactação prolongada fetais
-
Niacina .1. Aumenta progressivamente nas A conversão de triptofano em niacina Não é conhecido
duas primeiras semanas; no leite é mais eficiente em gestantes; a defi-
maturo. a concentração é proporcio- ciência é muito rara na gravidez
nal à ingesta
---
Ácido .1. Concentração aumenta no leite Não há dados; a queda dos níveis séri- Não é conhecido
pantotênico durante a primeira semana cos não é corrigida por suplementação
-
Piridoxina .1. No terceiro dia de lactação. a concen- Não há evidências de problemas para Não é conhecido
tração se iguala à dos níveis séricos o feto
maternos: no leite maturo é 16 vezes
maior do que os níveis séricos
-
Biotina * * * Não é conhecida
Vitamina u Concentração no leite não se reduz A suplementação oral não reverte a Não é conhecido
812 mesmo em vegetarianos queda dos níveis durante a gravidez;
não há relatos de anemia megaloblá-
sica em re-.cém-nascidos de mães
com essa anemia
Acido fólico .1..1. (**) Aumenta no leite maturo; a anemia Não há mudanças significativas no Não é conhecido
megaloblástica não ocorre no feto curso da gravidez; quando há anemia
mesmo quando a mãe tiver defici- grave (Hb * 6g%) pode haver sofri-
ência mento fetal; há tendência à hiperseg-
mentação de neutrófilos; a deficiência
grave de ácido fólico está relacionada
ao aparecimento de anomalias congê-
nitas no S.NC
Vitamina C .1..1. (**) A deficiência de vit. Cnão acarreta es- Parece que a deficiência de vitamina Questionam-se
corbuto no lactente; os níveis séricos Cna gravidez aumenta a incidência de ligeiras altera-
não se alteram com a suplementação descolamento prematuro de placenta ções metabólicas
fetais no primei-
ro trimestre
Continua ...
Ácido 4-7 • • Sob a forma de coenzima A: síntese A dificiência é rara; Não é conhecido
pantotênico e degradação de ácidos graxas e de experimentalmente
(mg) esteroides; participa no metabolismo observam-se náuseas.
oxidativo de carboidratos vômitos e cefaleia
Piridoxina (mg) 2 4,5 • Coenzima em reações de Érara: convulsões e Não é conhecido
transformação dos aminoácidos anemia
Biotina (1Jg) 150 • * Cofator para carboxilação enzimática Não característica; Não é conhecido
do piruvato e da acetil CoA muito rara
Ácido fólico (1Jg) 400 800 500 Cofator na síntese de DNA- Anemia megaloblástica Não é conhecido
metabolismo das purinas
Vit. 812 (1Jg) 3 4 4 Cofator na síntese de DNA Anemia megaloblástica; Não é conhecido
parestesias. convulsões,
surtos psicóticos
Vit. C(mg) 60 80 100 Síntese de colágeno e de esteroides; Escorbuto Não é conhecido
reações de oxidação
--
VitA 800 1.000 1.200 Acomodação visual no escuro; Cegueira, hiperceratose Cefaleia; lesões
(retino! eq.) crescimento ósseo; reprodução; folicular; alterações cutâneas;
desenvolvimento fetal ósseas hipertensão
intracraniana
Vit. O(1Jg) 5 10 10 Homeostasia do cálcio Raquitismo Hipercalcemia
Vit E 8 10 10 Antioxidante Degeneração axonal no Não é conhecido
(tocoferol eq) sistema nervoso; dimi-
nuição da meia-vida do
eritrócito
Vit. K Produzida pela flora Síntese de fatores da coagulação Distúrbio na coagulação Doses elevadas
intestinal podem ser
tóxicas para o
fígado I
NG= não gestante;
G=gestante;
L= em lactação
• = dados pouco consistentes na literatura.
Referências: 3. 4, 5, 10, 11, 12. 14. 15, 16. 17.
Cálcio(mg) 800 1 1200 1200 Metabolismo ósseo; integridade Convulsões; aumento Poliúria. noctúria.
funcional de músculos e nervos; da atividade neuro- fraqueza. artralgia.
~
coagulação sanguínea muscular perturbações do sen-
I sório e da memória
Cobre (mg) 2-3 Não determinado 1 Desenvolvimento do sistem-a---ii-A-i-nd_a_n_ã_o-ev- i-de_n_c.-la-do Amenorreia; aborta-
nervoso; síntese de hemoglobina; em adultos mento espontâneo
metabolismo do tecido conjuntivo
lodo (1Jg) 150 175 200 Síntese dos hormônios Bócio coloide. Irritação gástrica;
tireoidianos hipotireoidismo lesões cutâneas: mal-
Ferro .1. Aproximadamente 0,2 mg/dia é secre- Anemia com dificuldades Nas doses recomendadas não
tado no leite no desenvolvimento fetal; há toxicidade para o feto.
quando a hemoglobina
materna cai abaixo de 6 g%
há sofrimento fetal agudo
Cobre i!al A concentração é maior no colostro e Não foi observada Potencialidade teratogênica. Na
diminui um pouco no leite maturo. não toxemia gravídica foi observado
sendo influenciada por suplementação aumento nos níveis de cobre
sérico !
Zinco .1. (b) Aproximadamente 2 mg/dia são secre- Pode causar malformação *
tados no leite fetal; gestantes alcoolistas
apresentam níveis séricos
baixos
lodo * A concentração no leite é da ordem de Cretinismo no recém- Drogas contendo iodo podem
30 ~g/l -nascido !retardo mental; ser causa de malformação fetal
surdez)
Magnésio • A concentração no leite é da ordem de * Osulfato de magnésio quando
40 mg/l administrado na toxemia graví-
dica pode induzir dificuldades
respiratórias e diminuição
do tõnus muscular no recém-
-nascido I
Cálcio .1. (c) Aproximadamente 0,5 g/dia é secreta- Só ocorre quando a Não é conhecida.
do no leite dieta for extremamente
inadedquada - pode haver
osteomalácia
(a)= principalmente no primeiro trimestre;
(b) =principalmente no terceiro trimestre;
(c)= devido. principalmente. à hipoalbuminemia.
• =dados pouco consistentes na literatura.
Referências: 3. 4, B. 10. 12. 16.
Quadro 8.8 1Ali mentos comuns cm nosso meio, ricos cm min erais (teor por 100 g)
.. ~
. ~. '
o
~., ~ :. ' ~
'
r.,·r I" •; ' r TI
'' ·''• : ''· \ ' " r •~ '1 ' I
-
Carne bovina 16 230 16 3,5
-
355 1
Frango 13 1.3 29,1 0.2 60 30~
--
Arroz 10 8 0,2 1,6 1,5 5 o 92 I
- --
Feijão 80 140 163 7,6 10 984 _ 1
-
Vagem 50 37 1.7 1,3 0,27 243
-
Brócolis 88 62 0,8 7
-
Couve-flor 21 1,0 I 34 0.1 295
Espinafre 60 2,2 2.2
- -· 71
-
470
0.5
- -
Laranja 34 20 8.2 0.7 0.7 0,08 0,06 200
-
Banana 15 27 33 2.0 0,2 370
-
Ostra * I 1487 17 i
• = Não é um alimento comum em nosso meio. mas se destaca pelo teor de zinco e cobre. Referência. 5.12.
Nutrição Materna 12 7
ciosa do estado nutricional da gesta nte e, em geral, suple- SUBNUTRIÇÃO
mentação de vitaminas do complexo B, nas doses ideais
(Quadro 8.4). Não se pode prever que tipo de modificação Obviamente, toda gestante que apresentar sinais de
dietética será necessário. desnutrição deve ser prontamente t ratada. Cada caso deve
ser avaliado individual mente e as correções dietéticas
prontamente iniciadas.
INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA
GASTRECTOMIA REFERÊNCIAS
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Medicamentos 133
O período pré-implantação é conhecido, em terato- roxina e \iotironina e vitaminas (A, B, C e D), desde que nas
logia, como período do "tudo ou nada", pois nessa fase a doses habitualmente recomendadas.5•6
agressão celular resulta na morte embrionária ou na sobre- Na categoria Bsão incluídos vários medicamentos como
vida sem malformações, por meio de um fenômeno deno- penicilinas, dimenid rinato, cli ndamicina, eritromici.na, clo-
minado compensação. tri mazol, acetaminofeno, sulfato de magnésio, metoclopra-
No período embriônico concentra-se a quase totali- mida, insulina, prcdnisona, entre outros-'·6
dade da organogenêse e, nessa fase, os sistemas têm vul- A categoria C engloba a maioria dos medicamentos uti-
nerabilidade máxima. Entretanto, também na fase fetal lizados durante a gestação.' ·6
um teratógeno pode determinar lesão fetal. Por exemplo, Medicamentos classificados na categoria D podem ter
os inibidores da enzima de conversão da angiotensina, o seu uso justificado na gestação, desde que a não utilização
quando utilizados no primeiro trimestre, podem induzir do tratamento coloque a vida da mãe em risco c não exista
cardiopatias c defeitos de tubo neural, entre outros de- outra possibilidade terapêutica. Exemplos de medicamen-
feitos. E se uti lizados no segundo trimestre, podem pro- tos dessa categoria são os anticonvulsivantes, a maioria dos
mover lesão renal c oligodrâ mnio. Os anti-inflamatórios qui mioterápicos, os antitireoidianos e o warfa rin.5·6
não esteroidais são associados a alto risco de gastroqu isc Na categoria X são incluídas as substâncias contrain-
se utilizados no primeiro trimestre. Qpando usados após dicadas nas gestantes ou mul heres em risco de engravidar,
32 semanas de gestação podem provocar o fechamento porque existem estudos que demonstram riscos fetais.5•6
irreversível do dueto arterioso, levando à hipertensão Então, a categorização dos medicamentos é út il como
pulmonar grave no período neonatal. Então, a análise de guia na tomada de decisão terapêutica, ma não deve subs-
cada substância deve ser feita de forma ind ividualizada, tituir o raciocínio clínico na condução da gestação. A pró-
levando-se em consideração não apenas a dose e o tipo pria FDA defende que mais importante que a categoriza-
de medicamento, mas também o período da gestação no ção em si é a descrição dos riscos c efeitos da substância no
qual a exposição ocorreu. 1 feto c as considerações clínicas para uso na gestação.
Tetraciclinas Hipospadia o
Hérnia inguinal
Hipoplasia de membros
Anomalia da decídua dos dentes
Antineoplásicos (ciclofosfamida e Síndrome da ciclofosfamida: CIUR. microcefalia, sindactilia e hipoplasia o I
metotrexato) de dedos X
Síndrome do metotrexato: anormalidades crânio-faciais, esqueléticas. (metotrexato)
cardiopulmonar e gastrointestinais e atraso de desenvolvimento
Bloqueadores do receptor da Mesmos riscos dos IECAs o
angiotensina·losartana
Carbimazol Mesmos riscos do metimazole o
Contraceptivos orais Malformações múltiplas: vertebrais. anal, cardíacas. traqueoesofágica. o
renal e membros
Dietilestilbestrol Adenose vaginal X
Adenocarcinoma de células claras da vagina e cérvix
Septos vaginais. transverso e longitudinal
Defeitos uterinas estruturais
Infertilidade masculina e feminina
Continua .. .
Medicamentos 135
... continuação
I
Quadro 9.3 Teratógenos comprovados ou suspeitos em humanos
Med1camento Efe1to Class1f1caçao
FDA
Medicamentos 137
O ctambuto\, pirazinamida e rifampicina tambem são tante ressaltar que as gestantes em uso de antirretrovirais,
compatíveis com o uso na gestação.!·? além de vigilância clínica rigorosa, devem ser mo nitoradas
por meio de exames labo ratoriais (hemogram a com pla-
q uetas, função hepática, fu nção renal e, nos casos de uso de
MED ICAMENTOS UTILIZAD O S NO inibidores de protease, am ilasc) mcnsalmente. 2•7
À exceção da piperazma, que é considerada categoria B, O uso de ácido acetilsalicílico (AAS) durante a grav i-
todos os anti-helmínticos são classificados na categoria C. dez, especialmente em altas doses, de forma crônica ou in-
Os dados disponíveis na literatura consideram que, principal- termitente, deve ser ev itado. Nessa posologia, pode afetar o
mente em países pobres, os benefícios do tratam ento das hel- mecanismo de hemos tasia da gestante e do recém-nascido,
mintíases durante a gravidez superam os riscos teóricos do uso acarretando risco aumentado de hemorragias. Próx imo do
do praziquantel e do mebendazol. Aconselha-se a adiar o tra- termo, o AAS pode prolongar a gestação, adia ndo o início
tamento para os segundo e terceiro trim estres da gestação.5 ·7 10 do trabalho de parto mesmo em doses baixas. 2 ·7
O uso do AAS em doses baixas, como ind icado para
prevenção da pré-eclâmpsia em mulheres com alto risco de
ANTIVIRAIS desenvolvê-la, tem se mostrado seguro para a mãe c feto,
devendo, preferencia lmente, ser iniciada a terapêutica de-
O uso da zidovudina (AZT) nas gestantes seroposi- pois de completada a fase da em briogênese, ou seja, após
tivas para o H IV tem sido associado a reduzido risco de 12 sem anas de amenorreia. Deve ser s uspensa com inter-
transm issão vertical do vírus. O s trabalhos disponíveis valo mínimo ideal de sete d ias antes do parto. 2 7
têm considerado que o AZT é seguro quando admin istra- O acetominofen, ao contrário do AAS, não afeta a fun-
do no segu ndo c terceiro tri mest res de gestação. 2 7 ção pbquetária e não existe risco aumentado de hcmor·
Os fármacos atualmente disponíveis para o trata mento ragias se o med icamento é ad min istrado à mãe, mesmo
da infecção pelo H IV são classificados pela FDA nas cate- qu ando usado em gestações a termo. É medica mento de
gorias B (d idanosina, saq ui nav ir, rito navir, nelfi navir) e C escolha na gestação, como analgésico e antipirético. É ex-
(zidovudina, zalcitabina, estavud ina, lamivud ina, abacavi r, cretado no leite em baixas conccntrações. 1 -
indinavi r, a mprenavi r, nevirapina, delavi rd ina, efavirenz), Não existem muitos dados dispon íveis sobre o uso da
podendo, portanto, ser utilizados na gestação. É impor- dipirona na gravidez, pois a mesma não é aprovada para uso
Medicamentos 139
ao aca o. A rc erpma atravc a a placenta e o cu u o cm A 111 uUna, hormônio natural, é a e ·colha no controle
gc ta õcs próximo do termo pro,·oca lctargta c anorcx1a de diabete na gravidez. A 1n ulina huma na não atrave~\a a
no recém-na cido. omo é excretada no leite, ·cu u o placenta em quantidades clmicamcnte ign1fi atiV.IS, nem
durante a amamentação extge monitorização do recém- pa a atravé do leite materno.2 · p,
na cido.2"11 11 Os análogos de ação dpida da insulina humana in-
O emprego de diuréticos du rante a gravide; é contra- ·ulina asfmrt c msulina l1spro - ão con iderado cguro
ver o. Con tdcra- c que a introdução do diu rético durante para o u o na gestação, sendo categoria B pela FDA. O
o cu r o da gestação deveria fica r restrita às pacientes com análogo de ação longa insulina Jctemir e in ulina glar-
imu ficiência card ía a conge tiva descompcn ada. gina não tem, até o momento, estudo adequados que
Ex1stcm e~tud io.sos que onsideram que, na p.1cicntcs perm itam a avaliação de ris o ou ·egura nça, ·cndo elas i-
portadoras de hipertensão arterial crôn ica c usuárias crô- ficados como categoria C, devendo, poi~. ter o u o restnto
nlcas de diuréticos, esse mcd1camento poderiam <,crcon- na gravtdcl." 1s
tmuados durante a gestação, enquanto outro propõem a O u~o do aspartame, como ado ante artific1al, é con
sua su pcn ão durante a me ma.2-,, 12 idcrado compatível com a ge tação, de\'endo-'e apcna<,
omo p comentado antcnormentc, ou o de m1b1do- ter re tnçõc no casos de mulheres om (entl etonuna.
rcs da ECA c dos bloqucadore do receptor de ang1otensi- O ciclamato atrave a a placenta cm hum.mos, ma não
n.1 :io contr.1i ndicado~ na gravidez, ma compatíveis com exi tem evidencia de efc1tm adversos obre o recém-
o aleitamento. 1• 1112 -na cido exposto intraútero. Embora não existam relatm
de teratogenicidade com ou o de acarina na ge tação, a
A oci.1ç:io Médica Americana recomenda cautela com o
ANTIDIABÉTICOS uso dcl.sa substâ ncia na grav1de1. 1sto se deve ao f:tto da u.1
eliminação er muito m.1is lenta no feto, podendo ,tcarretar
O antidiabéticos orai não e tão rotineiramente mdi- a úmulo de sacarina no feto.1 1"
cados du rante a grav1dcz, apcs.tr de eu t:feito deletérios
no feto não serem claro . Há relatos de possível teratogeni-
c1d.1dc, alem de ri co aumentado de perdas gcstac1ona1~. 1 - MEDICAMENTOS UTILIZADOS
Aglibencbm ida (gliburida), uma ulfonilurc1a de cgun- NAS TIREOIDOPATIAS
da geração, ''cm endo utilizada cm algun ·crvi os como
alternativa a 111 ulina cm ge tante com diabete gestaclo-
nal c t1po 2. Além de permitir bom controle glicêmico, essa O tr,tta mento do hipertirc01d1 mo materno pode resul-
ubst.incia, aparentemente, não atravessa a placenta, tornan- tar cm hipot1 reoidi mo fetal bc dev1do a níveis ,lu menta-
do ~c. portanto, intcrc SJntc opção.14 IS Entretanto, .1lguns do de ti reotropina fetal. Exi tem rortes mdícios de tcrato
c tudo têm sugerido mais ocorrência de pré-eclãmpMa nas genicidadc as ociada ao uso de mctim.11olc c carbinuwle.
ge,tantc tratadas com gltbenclamida quando comparadas A c col ha para o tratamento m,lterno de hipertireotd1smo,
com o grupo tratado com msulina.1b· 1· durante a gravidez c a amamentação, é o propiltiouracil. 1
A metformina também tem sido util izada em gestante Alcvotiroxina e liotironina :i o cons1dcrada da ategoria
com diabete tipo 2 e gcstacional, pelo seu efeito de redu- A endo, portanto, segura em qualquer fase da gestação.' -
ção d.1 produção da gli o c pelo fígado e aumento da cli-
minaçao da glicose no mú,culo e tecido adipmo. Alguma~
pc qu1 a com reduz1do numero de a os sugere que, ate o UTEROLÍTICOS
momento, não cx1stem cv1dências de mais ri co de malfor-
ma õc maiorc qua ndo a metformina é usada no pnmcl- Atualmente, con idcra- c a ntfcd1p1na med icamen-
ro tnmc tre de ge t,1ção, embora para es a avaliação sejam, to de primeira linha na inibiç:io do p.Hto pré-termo,
ai nda, necessário estudos de grande porte amostral. 1 ~ 20 por ser m,li'> eficaz e mais egura que os p-adrcnérg1co ,
A ociedadc Bra ile1ra de Diabete não re omenda o além de te r u to aceitável qu,tndo comparada ao .lllta-
u o de antidiabético ora1s na gc tação. 1s gonista da ocitocinaY
Medicamentos 141
lhantes aos efeitos colaterais manife tados pela usuanas metálica, nas quais a anticoagulação é imperiosa e frequen-
de as mcdicaçõe ( edação, hipoten ão, constipação e si- temente não obtida com o uso da heparina subcutânea.
nais extrapiramidai ). ão existem dados suficientes para Nessas pacientes, preconiza-se substituir o warfarin por
avaliar a segurança do uso de loxapina, risperidona, sulpiri· heparina na fase de alto ri co, ou seja, no primeiro trime -
da, pi mozida e molindona.1 • tre, utilizando-o no egundo tri me tre até em torno de 36
semanas, quando a gestante deve ser intcrnada e submetida
à anticoagulação plena com heparina veno a} ".r
ANTIEMÉTICOS A hcparina é o anticoagulante de escolha. A heparina
não fracionada não atravessa a placenta c é egura para o
Os anticmético - metoclopramida, dimenidrinato feto. cu efeito colaterai mai significativos incluem he-
-são medicamentos utilizado com muita frequência na morragia, plaquetopcnia c o teopeoia materna, exigindo
ge tação, principal mente no primeiro trimestre, c não são monitoração dos níveis das plaqueta e uplementação de
associados a riscos fetais.2-7.26 cálcio na gestante. As hepari nas de baixo pe o molecular
O dimenidrinato não deve ser usado na lactação, por eu parecen1 seguras para uso na gestação, têm menos efeitos
efeito anticolinérgicos que reduzem a produção de lcite.2 '· 26 colaterais, mas seu cu to é fato r limitador cm nosso meio.z.-
Ondanscntrona, prima riamente empregado no con-
trole de náuseas provocadas pela quim ioterapia, pode er
útil em casos de hipcremesc resistente a outras terapêuticas, ANTIÁCIDOS
ficando reservado para após 12 semanas de gestação.H 26
t ão há contraiodicaçõc ao uso de antiácidos que coo-
tenham ais de magnésio, cálcio e alumínio. Os bloquea-
ANTI-HISTAMÍNICOS dores H2 ficam restrito aos casos de intomatologia mais
grave, que não respondem a medidas alimentares e medi-
Os anti-histamínicos bloqueadores dos receptores H I, cação com os antiácidos supracitados.~-7
de primei ra e scgunda gerações, não ·ão considerados tera- Evita-se o uso de bicarbonato de sód io, devido ao
togênicos na espécie humana, cndo a dox.ilamina o anti- riscos de alcalose metabólica c outros distúrbios hid roelc-
-hi tamínico mats estudado até o momcnto. 2·" trolíticos na gestante e no feto. O trissilicilato de magné-
Os bloqueadores H 2 (cimetidina e ranitidina) não têm sio pode causar nefrolitíase ilicosa, hipotonia, di função
sido associado a elevado ri co de anomalia congénitas e respi ratória e falência cardiovascular nos recém-nascidos
podem er utilizados na gestação, evitando-se a cimetidina expostos intraútero a c sa substâ ncia.
no primeiro trimestre e por tempo prolongado.27
PLANTAS MEDICINAIS
ANTICOAGULANTES
O conceito de "medicamento natural" faz com que o uso
O warfarin é abidamente teratogênico. O período crí- dessas substâncias seja feito de forma indiscriminada, acre·
tico para a embriopatia warfarln ica situa-se entre a cxta c a ditando- e que a ausência de substâncias química garanta
nona semanas de gestação. A exposição fetal ao warfarin no a inocuidade das me ma . Entretanto, muitas são as planta
egundo e terceiro trimestre aumenta o risco de defeitos capazes de exercer efeitos tóx icos no organismo humano.
do sistema nervo o central (agcnesia de corpo caloso, ano- Embora nenhum estudo obre efeitos teratogêoicos cm
malia de Dandy-Walker, atrofia ccrebelar média, enccfalo- animais ou em hwnano tenha sido publicado, não é pos ·f.
cele), provavelmente ecundário a pequena hemorragia vel avaliar a egurança de diversos medicamentos "naturais",
nos tecidos ncuronai .r É comum a necessidade de warfa- devendoasge taote scrde acon clhada aconsumi-lo sem
rin durante a gestação em mulheres com vá lvula cardíaca orientação médica.4•6
~
arada respiratória
Bromocriptina
Cabergolina
Selegilina
----------------------------
=i:
--- Antagonista hormonal
Antagonista horm~ Inibição da lactaçao
Antiparkinsoniano
- -
___
- ·-----
Inibição da lactação
Amiodarona
Fenindiona
I Antiarrítmico
e mutagênese
- - -R-isco de hipot1reoidismo
Antiagregante plaquetário Risco de hemorragia
~
Androgênios Terapia hormonal Risco de masculinização da genitália
femmina
Estrogênios - flnibição da lactação
Medicamentos 143
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Medicamentos
145
Aspectos Básicos da
10 Genética em Obstetrícia
M arcos José Burle de Aguiar
Regi na Amélia Lopes Pes oa de Agu iar
genética hoje está pre ente em todas as espcciaJi- cessita informar-se e atualizar- e com diver os aspectos da
Aprox imada mente 2 a 4% dos recém-nascidos vi- As causas ambientais das anomalias congénitas se-
vos apresentam pelo menos uma anom alia congénita rão abordadas cm mais detalhes em outros capítulos
identificável ao nascimento. Ao fim do primeiro ano desta obra. Neste capítulo, aborda remos apena a etio-
de vida, esse número dobra. Entre as mortes perinatais, logia genética.
essa proporção é ainda mais alta e cerca de 20% dessas
mortes se devem a anomalias congénitas. Com o pro-
gresso das técnicas de cuidados intensivos permitindo DOENÇAS GENÉTICAS
a sobrevivência de mais alto número de recém-nascidos
- morfologicamente normais de baixo peso, a proporção A informação genética das células humanas é tr.llls-
de anomalias congénitas entre as mortes perinatais ten- mitida através do ácido desoxirribonucleico (D A), cuja
de'a aumentar. maior parte se localiza no núcleo celular, sob forma com-
Embora os avanços cm tratamento sejam reduzidos, a plexa, e o restante, de forma mais simples, nas mitocôn-
prevenção, o diagnóstico pré-natal c o aconselhamento ge- drias. Todo DNA mitocondrial de um indivíduo é herda-
nético de um número crescente de anomalias são possíveis do do óvu lo, gameta feminino (herança citoplasmática).
e necessários. O D A nuclear é transmitido ao indivíduo pela fusão
dos núcleos de um óvulo e de um espermatozoide. Assim,
a parti r dos gametas, haploides, tem-se o zigoto, diploide,
ETIOLOGIA DAS que sofrerá inú meras divisões e diferenciações celulare ,
ANOMALIAS CONGÊNITAS formando o ind ivíduo.
Denomina-se genoma huma no o conteúdo haploide
de O A de um gameta humano, sendo composto de 22
É difícil determinar com precisão as causas de as ano- cromossomas autossômicos, nu merados de um a 22, e um
malias congênitas e percentagem significativa das mesmas cromossoma sexual. X ou Y. Dessa forma, o encontro de
permanecerem com etiologia desconhecida. A causas um óvulo e um espennatozoide produzirá o zigoto, com
genéticas, isoladamente ou em conjunto com fatores am- duas cópias genômicas compostas, no total, de 46 cromos-
bientais, estão envolvidas cm um terço dessas anomalias. somos. Todas as células nucleadas desse indivíduo terão,
As anomalias congénitas podem ser classificadas ctiolo- aproximadamente, a mesma sequência de DNA.
gicamcnte em dois grandes grupos: ambientais e genéticas. As moléculas de DNA estão organizadas na forma de
Os principais fatores ambientais que determ inam ano- uma dupla hélice, em que duas fitas de D A estão ligJda
malia congénitas são: por pontes de hidrogênio. Cada fita tem um esqueleto de
Doenças matemas: diabetes mellitus insulina-de- resíduos de desoxirribose unidos por ligações covalentes
pendente, fenilcetonú ria, distrofia miotônica, lúpus fosfodiésteres. O genoma humano contém em torno de trê
eritematoso sistém ico, tumores secretores de an- bilhões de bases. Destas, somente 2%, aproximadamente,
drogênios; são expressas, estando distribuídas em cerca de 30.000 ge-
doenças infecciosas: sífilis, toxoplasmose, rubéola, ci- nes. A posição ocupada por um gene em um cromo somo
tomegalovírus, herpe , varicela, parvovírus; denom ina- c lows.
nada alelo normal ou "selvagem". As demais versões d o Esse tipo de doença é determ inado pela presença do
gene são denomi nadas alclos mutantes, que diferem do alclo mutante cm heterozigose, ou seja, em dose ú n ica. As
alelo no rma l por u ma o u m ais m utações. Uma m utação pri ncipais característ icas das doenças autossôm icas domi-
é u ma m uda nça permanente na sequência dos nucle- tuntcs são descritas no Qyadro IO. L
otídeo s ou no arranjo d o DNA. Q ua ndo existem pelo
menos dois alelos relativame nte comuns na população I
Qjladro 10.1 Pri ncipais características das doenças
normal, diz-se que aquele locus exibe o que se denom ina autossômicas dom inantes
poli morfismo. Distribuição vertical de indivíduos afetados no heredograma.
Além do a leio normal e dos polimorfismos alélicos co- com várias gerações acometidas
muns, podem exist ir, nos loci, um ou mais alclos varia ntes. Os indivíduos afetados. geralmente. têm um genitor com a
Alguns desses alclos foram identi fi cados, in icialmente, doença
por causarem doenças genéticas, enquanto out ros não
Ambos os sexos são afetados em proporções iguais
têm sign ificado pa ra a saúde.
O genótipo de um indivíduo é o conjunto de alelos que Homens e mulheres têm igual probabilidade de transmitir a
doença a filhos de ambos os sexos
forma m sua constituição, colctivamentc, cm todos os seus
loci ou, mais especificamente, em detcrmin,1do lows. Se um dos pais é afetado. há risco de 50% para cada um
dos filhos
Familiares normais não transmitem a doença aos filhos
C L ASS IF I CAÇÃO DAS
Proporção significativa dos casos isolados se deve a muta-
DOENÇA S GENÉTICAS ções novas
Quando um casal sadio tem um fi lho com doença au- Há risco de recorrência de 25% para crianças futuras dos
tossô mica dominante, é importante identificar se ela é re- pais de afetados
sultante de mutação nova ou de não penetrância. Q uando
se trata de mu tação nova, a doença não existe na família Na Figura l0.2 apresenta-se um heredograma de doen-
e os genitores, definiti vamente, não a apresentam. Ela vai ça autossómica recessiva.
começar na família com aquele caso. O risco de recorrên- Exemplo clínico de doença autossômica recessiva na
cia é muito baixo para novos fi lhos do casal e de 50% para prática obstétrica é a hiperplasia congênita da suprarrcnal.
os filhos do afetado. Quando se trata de não penetrância,
a doença existe em parentes próximos ou com expressão
leve em um dos membros do casal, com risco de recorrên-
cia de 50% em fut uras gravidezes. Isto pode exigir exame
cuidadoso não apenas do casal, mas também de parentes
próximos.
Um fator de risco para mutações autossômicas domi-
nantes novas é a idade paterna elevada.
A acondroplasia é exemplo de doença autossôm ica
dom inante, podendo ser transmitida de pai/mãe para fi -
lho/ fi lha. A maioria dos casos de acondroplasia se deve a
mutações novas. Figura I 0.2 1Heredograma de doença autossômica recessiva.
Outras displasias ósseas com as quais os obstetras
lidam, como a displasia tanatofórica e acondrogênese,
também são autossômicas domina ntes, mas se caracteri- DOIN<, :\S /{}u .\SI\'-\\ I J(; ·\ J>AS :\0 CIW.\!OSS0.\10 X
zam por representarem sempre mutações novas, pois são A maioria das doenças ligadas ao cromossoma X é
letai no período perinatal. Assim, o afetado não terá a recessiva. Suas principais características estão listadas no
oportunidade de sobreviver e reproduzir. Q uad ro 10.3.
Ao lidar com casos esporádicos na fa mília, é preciso de-
Dor"'<. AS, \L TOS.'>Ú\1/t A\ Rr cu.~ n A.~ term inar se a mãe é portadora do alelo mutante, com risco
Esse tipo de doença ocorre em homozigotos, pessoas de recorrência de 50% cm fut uros filhos do sexo masculi-
com dois alelos mutantes e nenhum normal, pois nesse no ou se a mutação ocorreu no filho (mutação nova), com
tipo de doença uma cópia do alelo normal em heterozigo- risco de recorrência praticamente nulo em filhos futu ros.
se é capaz de compensar o alelo mutante e impedir que a Para determi nar se a mãe é portadora, podem ser utilizadas
doença ocorra. Suas principais características estão lista- informações do heredograma, testes bioquímicos ou aná-
das no Q\.1adro 10.2. lises de DNA.
a passará a todos os seus filhos e fi lhas. Já o homem Como já visto na seção anterior, para a normalidade, é
não transmite o D A mitocondrial a seus descen- necessário não apenas a existência do número e estru tur<l
dentes. Isto define herança exclusivamente maternai corretos dos cromossomas, mas também a sua origem.
a segregação do D A mitocond rial não é tão es- Conceptos com cariótipo 46,XX, nos quais ambos os ge-
tritamente controlada como no DNA nuclear. Na nomas sejam de origem de apenas um dos genitores (dis-
divisão celular, cada nova célula-fi lha poderá rece- somia uniparental), nunca se desenvolvem normalmente.
ber quantidades aleatórias do DNA mitocondrial A dissomia uniparental paterna pode ser observada nas
normal e do DNA mitocondrial 1nutante. Como molas hidatiformes, nas quais o concepto com cariótipo
a função mitocondrial é essencial para quase to- 46,XX, de origem exclusivamente paterna, exibe hiperpla-
das as células, a expressão fenotípica dependerá da sia acentuada do trofoblasto, no entanto, sem componen-
proporção entre DNA normal e mutante em cada tes fetais e com alto risco de transformação em coriocarci-
célula. Assim, penetrância reduzida, expressividade noma.Adissomia uniparental materna pode ser observada
variável e pleiotropia (múltiplos efeitos sobre o fe- nos teratomas ovarianos. Esse tipo raro de tumor benigno
nótipo de um único gene) são características típicas consiste de tecidos embrionários desorganizados, sem
da herança mitocondrial. membranas extraembrionárias. Eles resultam da ativação
de um oócito não OVLdado.
Atrofia ótica de Leber é exemplo de doença mitocondrial. Resultados diferenciados, em função da origem paterna
ou materna, podem ocorrer ta mbém com pare cromossô-
/\fPRfS~ÃO GI N(l.\1/U micos isolados (especialmente no cromos omos que exi-
Algu ns genes e regiões cromossômicas se expressam bem o fenômeno da impressão genômica). Denomina-se
diferentemente, conforme eles sejam de origem materna dissomia uniparental a presença de lin hagem celular com
PoRTADORESDEGENESMUTANTESPARA
DOENÇAS AUTOSSÔMICAS RECESSIVAS MEDIDA DA TRANSLUCÊNCIA NUCAL
Com a disseminação da triagem neonatal, essa situ- É a medida ultrassonográfica da área anecoica da por-
ação passará a ser mais frequentemente identificada na ção posterior do pescoço fetal entre LI e 13 semanas. É, ge-
prática cotidiana. Sempre que um dos membros do casal ralmente, considerada anormal quando superior a 2,5 rn m.
fo r recon hecidamente portador de um gene para doença Ex istem programas de computado r que relaciona m a me-
autossômica recessiva, o consorte merece investigação dida obtida com a idade gestacional, calculada pelo com-
para avaliação de riscos. Co m a triagem neonatal rotineira pri mento cabeça-nádega. É co nsiderada anormal a medid a
da anemia falciforme (drepanocitose), esta tende a ser a acima do percentil 95 para a idade gestacional. Esses pro -
doença mais frequen temente identificada nessa situação. gramas ta mbém fazem estimativa de risco de anomalia
O desenvolvimento de testes genéticos pa ra elevado cromossômica fetal, associando a medida da tran slucência
número de doenças perm it irá também ampliar de ma- nuca l e a idade m aterna 5 ·8
neira significativa a identificação de portado res de genes Criada para a triagem da trissomia do cromossoma 21,
mutantes para doenças autossômicas recessivas em fami- a translucência nucal pode estar aumentad a em outras ano-
lia res d e afetados por esse tipo de doença. malias cromossôm icas, como trissom ia do cromossoma
18, monossomia do cromossoma X (sínd ro me de Turner),
defeitos anatómicos (principa lmen te ca rdiopatias) e do -
TESTES DE TRIAGEM enças gên icas. Algumas vezes, a translucência po de estar
aumentada e o s exames pré-natais não detectarem qual -
Embora diversas condições de risco aumentado para ano- quer anorm alidade, t razendo dificuldades na o rientação
malias congênitas sejam conhecidas, a maioria das crianças da gestante. A ntes da rea lização do exa me, deve o casal
com esses defeitos nasce de casais nos quais não foram identi- se r alertado sobre a n atureza de triagem d o exa me e so-
ficados fato res de risco. bre todas essas po ssíveis eventualid ades.
TESTES BIOQUÍMICOS
EM SORO MATERNO Do., \(,L \I DL <. 0:->ADOTROIINA <OR I ÔNJC.A
Amplamente utili zados cm países desenvolvidos, os É o marcador bioqu ím ico mais sensível para a tria-
testes bioqu ímicos ainda são pouco us:~dos cm no o meio. gem pré-natal da índromc de Down. Er.trc IS c 20
Voltado inicialmente para a triagem de anomalia em a nas de ge tação, o n ívei de gonadotrofi na cor i-
cromo ômicas, hoje eles podem ser empregado!> para al- ó nica no soro ma terno enco ntram-se significativamen-
gumas outras doe nças. Entre eles, o m.lis utiliz:1do é o tes- te elevados cm gravideze de feto~ com essa síndrome.
te trípl ice, com a do :1gem simultânea da alfa-fetoproteína, D iferentemente, na trissom ia do cromossoma 18 ão
gonadotrofi na coriôn ica e e trio! conjugado. Q uando se encontrados n ívei muito baixos da fração liv re d.1 su-
opta por rastreamento bioq uímico no primeiro trimestre, bunid ade ~ da gonadotrofin a coriô nica (~-h CG). cus
a do agem da alfa-fcto protcína é substitu ída pela dos:~gem resultados são expres os em múltiplos da media na da
da proteína plasmática associada à grav idez ( PAP-A).'~ 11 po pulação (MoM).
As principais indicações de estudo cromossômico fetal são: Grande q uantidade dos genes responsáveis pelas do-
Idade matema elevada: como já visto, o risco de fi- enças gênicas já é conhecida. Apesar disso, o diagnóstico
lhos com síndrome de Down eleva-se significativa- molecular nem sempre é disponível, pois muitos desses
mente, nas mulheres, a partir dos 35 anos. Esta é a genes são grandes e o número de mutações possíveis de
indicação mais freq uente de diagnóstico pré-natal; alterar sua fu nção também é muito elevado, chegando, às
resultado anormal em testes de triagem pré-natal: guan- vezes, a centenas. Além disso, muitas doenças apresenta m
do a translucência nucal, ava liação do osso nasal ou heterogeneidade genética e mais de um gene pode estar en-
os testes bioq uímicos indicarem risco aumentado volvido em sua etiologia.
para doenças cromossôm icas; Existem métodos dirctos e indiretos de diagnóstico
filho anterior corn trissomia livre: o risco de recorrên- molecular. Os diretos estudam a própria estrutura do gene.
cia da síndrome de Down por trissom ia livre é de O diagnóstico molecular di reto pode utilizar a rcação em
I a 2% em gravidezes fut uras do casa l. Apesar de o cadeia da polimerase (PC R) e osouthern blot.
risco de recorrência das demais trissomias ser mais Nas abordagens indirctas, são realizados est udos de
baixo, é comum a indicação de estudo cromossô- ligação genética (Jinkage). Para que isso seja possível, é ne-
m ico em gravidezes de casais com filho anterior cessário que se conheça um locus poli mórfico próximo do
com outras trissomias livres; gene envolvido na etiologia da doença. O princípio do es-
anomalias cromossômicas estruturais balanceadas em tudo de ligação é que dois loci que são muito próximos não
um dos membros do casal: os portadores de anomalias sofrem recombinação na meiose. Desta maneira, um locus
cromossômicas estrutura is balanceadas têm risco polimórfico "ligado" a um gene de doença pode fu ncionar
aumentado de terem filhos com anomalias cromos- como sinal que prediz a presença ou ausência do gene com
sômicas estruturais não balanceadas e têm indicação a mutação no feto. Para isto, são analisados os DNAs do feto
de diagnóstico pré-natal cm toda gravidez. Esse risco e dos gen itores, que serão tipados pela PCR, para o locus po-
depende do tipo de anomalia presente c do membro limórfico conhecido.
do casal portador (homem ou mulher). Em alguns Os estudos de ligação são indicados qua ndo o gene é
casos, ele pode ser de até I00%; desconhecido, sendo impossível procurar mutações, ou
anomalias fetais detectadas à ultrassonograjia: como quando possui significativo número de mutações e nenhu-
já visto anteriormente, guando for detectada mal- ma delas é comu m na população, sendo geralmente muito
for mação anatômica no feto, deve sempre ser soli- dispendiosa a procura sistemática das diversas mutações.
citado o estudo cromossômico fetal, uma vez que
as anomalias cromossômicas podem cursar com as
mais diversas malformações; fiSH 1 CITOGENÉTICA MOLECULAR
determinação do sexo fetal: indicada quando a mãe é E CGH AnRAYS
portadora de doenças recessivas ligadas ao X c não
for possível o diagnóstico pré-natal com base em Apesar de essencialmente m oleculares, essas abor-
estudos de DNA; dagens se situam na fronteira entre os estudos cro mos-
outras indicações: muitas vezes, casais que teriam in- sôm icos e os de DNA. Trata-se de estudo de regiões crí-
dicação de avaliação pré-concepcional engravidam ticas do DNA de dive rsas regiões cromossômicas para
antes de real izá-la. Em algu mas dessas situações, identificar a sua presença em dose extra (trissomias, po r
como casais com perdas gestacionais anteriores, exemplo) ou sua ausência (mo nossomias). Em diagnósti-
fil ho anterior nati morto, neomorto ou com ano- co pré-natal, elas são usadas, muitas vezes, para res ultado
malias múltiplas, sem diagnóstico estabelecido, rápido, que não depende de culturas celulares, ou para o
retardo mental em parente próxi mo, anomalias d iagnóstico de algumas síndromes específicas, como de-
congénitas em parente próximo, deve ser avaliada a leçõcs cromossômicas muito reduzidas c síndromes de
realização de estudo cromossômico pré-natal. genes contíguos. 11
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PRIMEIRO TRIMESTRE
DESENVOLVIMENTO EMBRIOLÓGICO-
SONOEMBRIOLOGIA
Ultrassonografia 169
cabeça-nádega (CCN) de 4,0 mm ou mais o coração c
seu batimentos já podem ser visto . e se momento a
frequência cardíaca e tá próxima de 100 bpm. A partir do
fi nal da semana seis, o embrião torna- e distinto da vesí-
cula e começa a apre cntar detalhe anatómicos (Figura
11.4). O sistema nervoso mostra diferenciação ultrasso-
nográfica, com o tubo neural sendo identificado como
duas linhas paralelas no dorso embrionário.
Figura 11.3 1Ultra sonografia endovaginal identificando O Q!Jadro 11.2 mostra os pri ncipais marco do desen-
saco gestacional ( G) com vesícula vitelínica (V) apre en- volvimento embrionário identificáveis à ultrassonografia.
tando embrião (E) adjacente no início da sexta semana.
GEMELARIDADE
-
Foice cerebral 9 Visível até o final da gestação -1
Movimentos corporais Il --9
Visível até o final da gestação
- -
I
Ultra ssonogra ~a
171
do cordão no terço inferior do útero evoluíram com alta in- à medida que e verifica o de envolvimento fctJI, a frequência
cidência de in crção marginal ou velamento a (p< 0,0001), aumenta, podendo atingir 180 bpm por volta de nove ema-
placenta prévia (p< 0,0001 ), placenta ace ória ou infarto nas de gc tação. 20 O Quadro 11.3 mo tra a evolução da FCF
placentário (p< 0,000 I).1- entre IOe I"' emanas de gestação.
Anencefalia 9
J T RA NSLUCÊNC !A NUCAL (TN)
Espinha bífida 9 I
Holoprosencefalia 10 Nicolaides et ai. ( 1992) definiram a TN como sendo
1
J o espaço anecoico localizado entre a pele e o tecido mole
Megabexiga 10 i que circu nda a coluna fetal na região cervical, visibilizado à
Gemelaridade imperfeita 10 I
ultrassonografia em corte sagital do feto. Na literat ura, ou-
tros termos como higro ma, edema de nuca ou prega nucal
Encefalocele 11
J foram utilizados para referir-se ao aumento da região nu-
Body-Stalk 11 I ca l do feto no primeiro trimestre. Atualmente, a literatura
Malformação cardíaca 11 tende a uti lizar o termo translucência nucal para qualquer
J tipo de aumento da região nucal no primeiro trimestre, seja
Displasia óssea 12 I ele cístico o u não, deixando os termos higroma, edema de
Fenda facial 12 I nuca e prega nucal como descritivos de alterações cer vicais
Displasia renal 12 no segundo trimestre da gestação. 23•24
I Apesar da TN poder ser visibi lizada no período entre
Polidactilia 12 I oito e 14 semanas de gestação, os est udos relacionados
Ectrodactilia 12 I
ao rastreamento cro mossômico li m itam o período de
medição entre l i e 13 semanas completas de gestação
Hérnia diafragmática 13
J (CCN:45-8 4 mm). Pa ra que a m ed ida possa ser confiável,
Cisto abdominal 13 a 1J1e Fetal Medicine Foundation determ ina que a metodolo-
I
Gastrosquise 13 gia seja rígida (Quad ro 11.5 e Figura 11.6). 24
I
O aumento da medida da TN está associado a sete pro-
Onfalocele 13 I cessos fisiopatológicos: 1) anomalias cardíacas e alterações
do Auxo venoso; 2) alteração da matriz extracelu lar; 3) al-
MARCADORES ECOGRÁFICOS terações no desenvolvimento dos vasos li n fáticos; 4) con-
DE CROMOSSOMOPATIAS gestão venosa na cabeça e pescoço; 5) falha na drenagem
li n fática por rest rição na movimentação fetal; 6) anem ia
Nos d ias atuais, o diagnóstico de ano malias cromossô- ou hipoproteinemia fetal; 7) infecções congên itas. 24
micas no primeiro trimestre perm ite não só uma decisão A medida da TN é con siderada alterada gu ando
precoce quanto à evolução da gestação, mas também a maior que 2,5-3,0 mm ou acima do percentil 95 para a
conscientização e, consequentemente, o acompanhamen- curva de normal idade. Qpando se util iza um va lor de
Ultrassonograjia 173
corte fixo, au menta-se o número de fa lso-positivos do
te te e, consequentemente, o número de procedi mentos
invasivos para a determinação do cariótipo fetal. Q uanto
mais baixo o valor de corte, mais significativos a sensibili-
dade c o fa lso-positivo.
Ultrassonografia 175
Figura 11.71 Aspecto ultrassonográfico do osso nasal no primeiro trimestre da gestação.
A- Osso nasa l presente; B- Osso nasa l ausente.
O osso nasal apresenta crescimento linear com a evolu- circulatória fetal, o DV pode apresentar alterações signifi -
ção da gestação. Em fetos euploides, a probabilidade de sua cati vas em fetos com descompensação hemodinâmica as-
ausência é maior quanto menor for a idade gestacional. Por sociada ou não a defeitos cardíacos.
outro lado, sua ausência em idade gestacional mais avançada
aumenta a probabi lidade de fetos aneuploides. Cícero el ai.
(2003), avaliando fetos cromossomicamente normais, não
encontraram osso nasal em 4,6% daqueles com CCN entre
45 e 54 mm, em 3,9% com CC entre 55-64 mm, em 1,5%
com CC entre 65-74 mm e em 1,0% quando o CC! es-
tava entre 75-84 mm. Em relação à norm alidade, devem-se
ressalt.u, também, as diferenças étnicas. Em fetos cromosso-
micamente normais, a ausência do osso na ai está mais fre-
quente naqueles cuja origem racial materna é afro-caribenha
ou asiática, quando comparados aos de orige m caucasiana. 11
Figura 11.91 Expectro da onda de fluxo no dueto vcno'o com suas três fases: sístole ( ), diástole (D) e contração atrial (A).
A- onda A normal; B- onda A anómala.
Ultrassonogra~a 177
e 14'\> dos com índrome de Turner possuíam fluxo reverso. fator que interfere no exame realizado em idade gestacio-
Por outro lado, do 4S feto com cariótipo normal, 39 (8,S%) nal avançada é a calcificação dos o sos, já que estruturas
exibiam fluxo rever o c, de te , 15 (38,5%) tin ham doença localizadas dentro de compartimentos ósseo (cérebro,
cardíaca. h coração) podem ser encobertas pelas sombras c artdàtos
provocados por esses ossos.
Malformações congênitas referem-se a anormalida-
SEGUNDO E TERCEIRO TRIMESTRES des anatómicas presentes no momento do nascimento.
Algumas, apesar de presentes nesse momento, podem
MORFOLOGIA FETAL não ser detectadas, tornando-se diagnosticadas à med ida
que o te mpo passa. A incidênciJ de anomalias congênitas
A maioria dos exa mes ultrassonográficos visa a consta- dobra ao se comparar o momento do nascimento com
tar normalidade fetal, porém encontram-se malform<tçõcs um ano devida.
cm aproxi madamente 4 \)o dos fetos. Tais anomalias podem As anomalias intituladas menores são encontradas cm
ser de de pequena variante da normalidade até malforma- até 14% da população e têm meno importância, por não
ções complexas. interferirem na viabilidade ou capacidade do indivíduo.
Atualmente, mais de 939o das malformaçõe maiores Também não possuem importância cosmética ou funcio-
podem ser diagnosticadas por pessoas adequadamente nal, não demandando correção cirú rgica (ex: clinodacti-
trei nadas. O estudo ecográfico permite a identificação de lia). Os achados com frequência acima de 4% são conside-
alterações estruturais fctai por i sós ou que, por se asso- rados va riantes da normalidade. A existência de duas ou
ciarem ,1 anomalias cromossômicas ou genicas, sirv.un mais anomalias menores não é comu m, por isso, deve- c
como cu marcadores. suspeitar de um fator causal maior au mentando a probabi-
t importante dividir o exame morfológico de segun- lidade de malformações maiores, síndromes cromossômi-
do trimestre cm dois aspectos: a) ultrassom morfológico cas ou gênicas.
propri:1mentc dito, que é o estudo da morfologia fetal, ou Por outro lado, denominam-se anomalias maiores
seja, da anatomia do corpo fetal; b) o ultrassom genético, aquelas que requerem intervenções clínicas, ci rúrgicas
que é a pesquisa dos ina is fenotípicos de índromes cro- ou, ainda, tratamento cosmético. Acometem 2 a 3% do ·
mossõmicas ou gênicas. A organogénese fetal termina por recém-nascidos, como, por exemplo, malfonnaçõe card í-
volta da nona emana, porém somente com o seu cresci- acas, do istema nervo o central, fenda facial. Apresentam
me nto pode-se identificar a morfologia ao ultrassom. Isto importância relativa cada vez mais expressiva entre os pa-
jJ é possível por volta de 12 semanas, entretanto, tem-se í es desenvolvidos, atingindo por volta de 25% das caus.1s
recomendado estudá-la por volta de 18 semanas. Como os de morbidade e mortalidade. Contrariamente às ano-
sinais fcnotípicos estão presentes somente após 20 sema- malias menores, as maiores possuem alta frcq ucncia de
nas, tem- c c tipulado estudo da morfologia junto com os associação com outras anomalias, cm torno de 2 · a 44%.
sinais fenotípicos (ultras om genético) por volta da 22-24 Deve-se ressaltar que uma alteração citogcnética associa-
semanas de gravidez. -se a anomalias fetais múltiplas. De modo diverso, exame
Apesar do referido período ser adequado porque todas morfogcnético normal reduz 80% do risco de cromosso-
as estruturas feta is já estão desenvolvidas e o estudo do fe- mopatia.16··17
nótipo fetal já pode ser realizado, sabe-se que muitas das Existem milhares de condições c síndromes que cau-
anomalias listadas a eguir já podem ser diagnosticadas sam malformações fetais passíveis de serem identificadas
durante o primeiro trimestre de gestação. A idade gcstacio- pela ultrassonografia. Para descrição detalhada de cada
nal uperior a 28 semanas prejudica o exame desde que o condição, o leitor deve recorrer à literatura específica.
volume fetal é grande para uma cavidade am niótica menor. Os principais marcadores ultrassonográficos das cro-
Ess.1 diminuição relativa da cavidade amniótica dificulta o mossomopatias podem ser identificados e comparados no
estudo de partes feta is, em especial as extremidades. Outro Qpadro 11.7. 18
CiliWcd
Forma de morango . + . . .
I
Braquicefalia + + + .
+ I
Microcefalia + . . + .
J
Ventriculomegal ia . + + . + I
. . . .
Holoprosencefal ia + J
1
Cisto plexo coroide .
+ + . .
. . . .
Agenesia corpo caloso + J
Cisto fossa posterior + . .
+ + I
Aumento cisterna magna + + . .
+ I
Dandy-Walker . + . . .
I
Far I! PI'Sl oco
. . .
Fenda + + J
, Micrognatia - + - - + I
Edema nuca + + + - - I!
I Higroma cfstico - - - + - I
Microtia - + + - - I
Osso nasal ausente - + + + - I
To r dX
Hérnia diafragmática + + - - -
Cardiopatia + + + + + I
Derrame pleural - - + + - I
Alldo rnr'
Onfalocele + + - - - l
Atresia duodenal - - + - - I
Estômago colapsado - + + - - I
Hidronefrose leve + + + + - I
Outra anomalia renal + + + - I + I
Intestino hiperecogênico - - + - - I
Atresia esofágica - + - - I - I
Continua ...
Ultrasso n og ra ~ a 179
... continuação
Quadro 11.7j Marcadores ultrassonográficos em fetos com cromossomopatias (FMF' modificado)
Marcador Ultrasso11ográfrco T 13 T 18 T 21 S Tur11er Trr plord ra
Mrscelá11ea
Hidropisia - - + + -
Restrição do crescimento - + - + + i
Fêmur curto - + + + + I
Clinodactilia - - + - - I
Dedos sobrepostos - + - - - I
, Polidactilia + - - - - I
Sindactilia - - - - + I
Tálipes + + - - + I
, Gravidez molar - - - - + I
Artéria umbilical única + + + - - I
' The Fetal Medicine Foundation
T13 = trissomia do cromossoma 13; T18 = trissomia do cromossoma 18; T21 = trissomia do cromossoma 21; S= sfndrome: +=presente;- = ausente.
Ci sT o D E CoRDÃO
C IRCULAR DE C ORD ÃO
A B
Frgur.1 11 .12 l l c'rt~ tr.lll\\Cr''' d.1 pc•h c 11.1 c]UJI'' cl'il't d''Pf'k·r e \I h,, .trtcna umhdt,.tltlllKJ c dupl.t rc'l'''' li\ .tmcntc'
, trcund.tndc' .1 bc·\1~.1 têt.tl (B.\ ). \à /'•'8""' IS I
Ultrassonograjia 181
A identificação ultrassonogrática é simples, podendo-se passo que mínimas onfaloceles podem estar relacionadas
utilizar a imagem longitudinal n,\ nuca fetal, quando se a cromos omopatias incompatíveis com a vida.
identifica o corte transversal do cordão, ou real izando-se A gastrosquise ca racteriza-se pela saída de vísceras ab-
imagem em plano transversa l na topografia do pescoço domi nais livremente para o interior da bolsa am niótica,
fetal, com o au xílio do color-doppler, identificando-se o sem o reve timento do peritônio parietal, com a inserção
cordão circundando, como demon trado na Figura 11 .13. do cordão umbilical situando-se à esquerda. ão há a so-
ciação entre gastrosquise c aneuploidias.
INSERÇÃO
PLACENTA
A maioria dos cordões apresentam inserção placentá-
ria discretamente excêntrica. A inserção periférica é desti- O estudo ccogrAfico obstétrico inclui, obrigatoriamente, a
tuída de significado clínico, uma vez que não se associa a avaliação anatómica placentária, haja vista ser um órgão que,
aumento de morbidade e mortalidade perinatais. Porém, a além de exercer função nutricional e de troca gasosa, possui
inserção que ocorre nas membranas livres, a in erção vela- a mesma origem do feto. A partir, principalmente, do padrão
mentosa, que pode acometer I%das gestações, é de especial de calcificação, a placenta se classifica como de crito a seguir.
interesse por apresentar os vaso em a proteção da geleia de
Warton. Is to os deixa susceptíveis a traumas e tromboses.
Quando há inserção velamentosa com o trajeto dos vasos GRAUS DA P LACENTA40
sobre o orifício interno do colo uterino, tem-se a denomina-
da vasa prévia, que, pela delicada posição em que os vasos se Gra11 zero: o parênquima encontra-se com unifor-
encontram, coloca em risco o feto no parto vaginal. me aparência granular. A placa coriónica é linear e
A inserção do cordão umbilical na extremidade fetal bcm-definjda. ão se identificam focos de calcifi-
deve ser avaliada cm toda ultrassonografia, haja vista que cações esparsos no interior do parênquim a (Figura
defeitos na parede anterior nessa topografia podem ocorrer. 11.14 A);
As principais anomalias são a onr.1locclc c a gastro quise. Grau l: a placenta demonstra sutis indcntações da
a onfalocdc, há integridade do peritônio parietal, placa coriónica, havendo focos de calcificação es-
ficando, dessa maneira, contidas as vísceras abdominais. parso pelo parênquima (Figura 11 .14 B);
Há ampla diversidade de volume da onfalocele c as de me- Grau /I: notam-se maiores ondulações da placa cori-
nor tamanho possuem mais correlação com aneuploidias. ônica, septação incompleta do parênquima placen-
Dessa forma, grandes onfalocelcs são passíveis de corrcção tário, além de calcificações lineares na placa basal
cirúrgica no pós-natal e podem cursar com sobrevida, ao (Figura 11.14C);
A B c o
Figura 11.10 I Grau da placent:1. A - O; B- I; C - II; O - III.
Ultrassonografia
uteri nas e bexiga sobredistendida (para mais informações ecogênicas podem ser visibilizadas à ultrassonografia. Es-
sobre a placenta prévia, ver o capítulo 18- Hemorragias na sas áreas devem ser diferenciadas de normal área hipoccoi-
Segunda Metade da gestação). ca retroplacentária, miomas e corioangiomas placentários.
Miomas podem ser d ifíceis de d istingu ir-se de coágulo
devido à si milaridade da ecogen icidade. O color-dopplcr
VA A PRÉVIA pode contribuir na distinção entre coágulo, leiomioma e
corioangioma placentário.
A vasa prévia representa a inserção velamentosa do
cordão umbilical, situada na porção inferior do segmen-
to. Trata-se de entidade rara, ocorrendo um caso cm cada ACRET ISMO PLACE TÁR lO
3.000 gravidezes. A proteção perivascular do cordão um-
bilical proporcionada pela geleia de Warton está ausente. Ocasionalmente, a placenta pode se aderir de forma
Isso, associado à sua localização sobre o orifício interno do anormal ao útero. Provavelmente esse fenômeno ocorre
colo uterino, torn a-o susceptível ao trauma, principalmen- em consequência d e deficiência na decídua basal.
te no momento da rotura das membranas, podendo levar H á três tipos de acretismo placentário:
a sangramento fetal c possível exsanguinação. A mortali- Placenta acreta vera, na qual se verifica invasão pro-
dade perinatal relatada é e levada, podendo atingir 75%. O fu nda da decídu a, porém sem invasão miometrial.
diagnóstico baseia-se no alto grau de suspeição. Placenta increta, quando ocorre invasão m iometrial.
Placenta percreta, quando há invasão miomctrial,
com os vilos atingindo a serosa, podendo acometer
DESCOLAMENTO PREMATU RO DE PLACENTA bexiga e intestino.
O descolamento prematuro de placenta complica O acretismo placentário é visto em torno de uma vez
.1pruxlmadamente 1% de todas as gravidezes. Ele é defi n i- em cada 2.500 gestações, porém há fatores de risco que ele-
do como a separação da placenta antes da expulsão fetal vam essa freq uência, como placenta prévia, cesárea prévia
após 20 semanas de idade gestacional. ão se conhece e/ ou ciru rgias uterinas e idade materna avançada.
sua etiologia, porém há L'l tores de risco relacionados, como O aspecto ecográfico do acrestimo da placenta reside
placenta prévia, hipertensão crônica, pré-eclâmpsia, rotura na perda da distinção entre a placenta e o miométrio, que
prematura de membranas, trauma, tabagismo, uso de co- habitual mente é uma fa ixa hipoccogênica. Geralmente, há
caína, miomas uterinos e anomalias do útero. au mento no nú mero de "lagos venosos" placentários. Em
Salienta-se que o d iagnóstico de descolamento pre- casos de diagnóstico duvidoso, pode-se lançar mão dares-
maturo de placenta é emi nentemente clínico. A avaliação sonância magnética.
ultrassonográfica placentária e os estudos laboratoriais
são apenas adjuvantes na composição diagnóstica. C las-
sicamente, a ecografia é utilizada para aval iar sa ngra men- LíQUIDO AMNIÓTICO
to antenatal somente a fi m de excluir-se o d iagnóstico de
placenta prévia, e não para d iagnosticar descolamento A avaliação do líquido amniótico (LA) é parte inte-
placentário. Entretanto, a ultrassonografia pode ser útil se grante de qualquer exame ultrassonográfico obstétrico. O
o diagnóstico é incerto. T ão variáveis qua nto o quadro clí- LA possui função de proteção mecânica ao feto, ao amor-
nico do descolamento são os achados ultrassonográficos. tecer eventuais traumas; faci lita o crescimento fetal, ao
Sangramento como resu ltado da separação placentá ria afastar possíveis est ruturas que podem se situar adjacente
pode se colecionar em topografia posterior à placenta e às ao corpo do concepto, evitando-se, por exemplo, malpo-
membranas e tornar-se oculto ou drenar através do canal sionamento das extremidades e permitindo adequada
cervical e torna r-se clinica mente aparente. Se há tal san- expansão da caixa torácica, além de evitar compressão do
gramento, habitual mente não há achados ecográficos. Se o cordão umbilical diante da redução de seu volume; ma n-
sangramento permanece oculto, áreas isoecoicas ou h ipo- tém a temperatura intrauterina estável; permite adequ ada
Ultrassonografia 185
identificar também a gravidade da condição fisiopatológi- tes conotações c perfis de risco, devendo ser considerado en-
ca, seu grau de progressão, bem como o nível de re posta tidade diferente . Macro somia é condição a ociada acres-
às medidas terapêuticas instituída . Tal procedimento fun- cimento fetal exce ivo, rc ultando em recém-nascido maior
damentará o aconselhamento ao pai , consulta ao neona- que o e perado para a idade gestacionaL Historicamcnte,
tologista e tomada de deci ão do momento e via de parto macrossomia tem sido definida como o peso igual ou aci ma
mais adequados ao na cimento. Ape ar da importância de 4.500 g, entretanto, cm recém-nascidos de gestantes d iabé-
de se identificarem o fetos sob restrição de crescimento, ticas tem-se notado aumento da morbidade e morta !idade aos
não há consenso do que seja C IUR. O conceito prepon- 4.000 g. Grande para a idade gestacional é um peso acima do
derante é o peso feta l abaixo do 10° percentil para a idade 90° percentil para a idade gestacional. 46
gestacional. Esse não pode er o ún ico referencial, pois o A biometria da mesmas estruturas utilizadas na avalia-
diagnó tico de C IUR deve er considerado diante de um ção e diagnóstico do C l U R é utilizada no diagnó tico do
feto que se encontra com pe o acima do 10° percentil, po- feto macrossômico. Deve-se ressaltar que há dois padrões
rém com alteração da curva de crescimento identi ficada de rnacrossomia fetal. No padrão simétrico, identi fica-se
por inadequado aumento das circunferências abdominal c aumento tanto da circun ferência abdominal quanto do
craniana entre duas ultrassonografias realizadas em inter- polo cefálico (DBP e CC) e membros. Esse perfil é encon-
valo de pelo menos duas semanas. Ainda há outras concci- trado no pós-datismo e fi lhos de mães obesas. Já no padr5.o
tuações para C IUR: circunferência abdominal abaixo de assimétrico, nota- c crescimento da CA acima do esperado
dois desvios-padrão da média ou abai.xo do 2,5°; 3°; 5° ou para a idade gestacional, porém com polo cefálico e mem-
I 0° pcrccntil; razão entre as circunferências cra niana e ab- bros dentro dos limites da normalidade. Esse último padr5.o
dominal acima de dois desvios-padrão; razão entre fêmur e é comumente encontrado cm fetos de mães diabéticas.
circunferência abdominal aci ma de 24 a partir de 20 sema- Como a CA encontra-se aumentada em ambos os pa-
nas de idade gcstacionaL Grande desafio é identi ficar feto drões de macrossomia fetal, esse é o parâmetro isolado que
saudável, constitucionalmente peq ueno que, apesa r de se mais se associa ao diagnóstico dessa condição. Já a c timati-
enquadrJr cm alguma definiç.io de C l U R, não apresenta va de peso fetal parece ser a melhor ferramenta para o diag-
risco perinata l elevado. Como numa distribuição normal nó tico de crescimento excessivo. Porém, é fu ndamental a
há cerca de I0% dos indivíduos abaixo do IOo perccntil, o perícia na aquisição das imagens, para elevar a sensibilidade
ultrassonografi ta atua no dia-a-dia com a mi ão de iden- des c marcador. Isto porque o abdome, principal parâmetro
tificar quai feto estão sob risco perinatal elevado entre os para cálculo do peso fetal, é estrutura compressível e se mol-
que se encontram abaixo do I 0° pcrccnti Ic, ta mbém, entre da facilmente à compressão extrínseca, seja por partes fetais
aqueles que, apesa r de acima de tal ponto de corte, apre- ou placentárias, reduzindo a qual idade da mensu ração.
sentam restrição de seu crescimento, não atingindo o ta- Além disso, o feto com cre -cimento acelerado adq uire mas-
manho compatível com eu potencial genético. Para mais sa adiposa em mais quantidade. Como o tecido adipo o é
informações sobre IU R, ver o capítulo 24 - Crescimento menos dcn o que o muscular, pode-se atribu ir peso acima
lntrauterino Restrito. do real, elevando-se a taxa de falso-positivo.
transvagmal, que c a mat prco a. \ouka AP, 1'1lalts t\ , 1-..l\alakl' Y, Kosma<, Y, Anr;J I..h, P,
Antsaklrs i\. AS\e\\mcnl offct.1l.1nJiomy at thc li 1-t wcck
O e tudo cervrcal por vra transvagi nal é re.1l11.1do com
uh rasound ex.lmm.!tlon. Uhra ..ound Ob,tct Cynccol
a paciente cm posição supin.1com uso de transdutor na fre- 2004-;24:710 4 .
quência que v,1ri,1 cm torno de 4 a 8 M HL, protegido por 8 Tunor-Tnt..ch I[ , Ba,h~r~ A, Monteagudo A, Ar;lan i\ A
um condom. A ~onda é int roduLrda a meio ca mmho ent re Qualrfied and trameJ \onographcrs rn thc US can pcrform
o rntroito e o colo. A memuração é realizada entrem ori- early fetal arutomy \Cam bctwccn l i and 1-t wccb. Am J
ob,tct c>·nc:coi 2o04. 191 ·124- s2
fício interno c e>.tcrno. Q uando lu afunrl.un cnto caber-
9. CclikE. ro ,\l,<..a,ew,kaK.'>mlthCC. rcolaldc,Kll fetal
tura do orifício interno, mcdc-~e o comprimento residual,
,\lcdJCinc Foundauon . rcond Tnmestc:r . crecnrng Croup.
ou seja, funciorul. Existem algumas contraindrcaçoe' rela- Cervical lcngth .1nd ob,tctnc h1story pred1ct spont.1nc:ou\
trvas ao estudo tran vaginal durante a gravtdcJ: p.1CICnte~ prcterm b1rth dcwlopmcnt and v.111d.1t1011 of .1 modcl ro
cm trabalho de parto pré-termo podem ter sua' contrações pro\ldc md1v1du.1hn:d risk assessment. UltrJ\ound Ob,tct
Cynccol. l008, ~I ';-t9-S-t
estimuladas pelo exa me; dtante de rotura prenutura das
10 \..:hwarzlcr P, '>cnat ,\I V, lloldcn D. Bernard J P, ~!Jm~or I
membranas pode-!>e correr o rrsco de corioamnronrte; há
\ dle Y. Feasrbdrt) of thc \CCond-tnmc\tcr fct.1l uhrasound
risco de sangr.lmento diante de pbcenta pré\'! a. ex.1mrnatron 111 an un,clcctcd populauon .11 IS, 20 or 22 we
O rastreamento do trab,1lho de parto pre-tcrmo a p.utrr ck\ ofpregnanq .I r.llldOmlzcd tnal. Uhr.l\OUild ob ..tc:t Cy
lll'COI. 1999; 14:92 ~
da avaliação ultras onográfica do colo uterrno .1rnd.1 n.lo é
uma real idade. Apesa r disso, cm paciente ~i ntnnütic.1, li t\ lba1gcs G, ,\IJ" Iddcr·l.obm l i, Ice~ C. Parra {\I, 1wlaldl'\
KH One-stage 'lrccrung ti.1r prcgnanq complicallons b,
valores do comprrrnento cervical 'upcrior a \0 mm ,,lo wlor Doppler assC:\\IIlent ofthc utcnnc artcnc., at 2 ~ wcck'
tranquilizadores, enquanto que o comprrmcnto rnf\:rror a gc\tJllon. Obstei G) nelOI 2000:% 'iS9-M
20 mm pode rgnrficar tn uce,so na tocóhsc. li a wntro- 12 (\ l.1lcus P.Antcn.ual fct.1l -;urvcdlancc. Curr Opm Obstei G)
\ér~ra quanto ,10 ' 'alor de retercno.1 ma1s adelju.1do para lll'COI. 2004-;16·12 'I 8
predizer o tr.1b.1lho de pa rto pré-termo, existindo v.1lores I ' '\ouka AP. Pdalis t\ f...1\.1lakrs I,Antsakl" P Papantonrou .
que variam de IS .1 ~S mm. Quanto ma i curto f(Jr o ponto Mc,og1tis S, Anl\.1kli' A ">m:enmg for lllJJOr structu ral .1h
normalities at thc li to 1-t-wcck ultrasound st.ln. Am J Oh,
de corte do comprrmento cervrcal, ma ror o hkddwod mtzo
Il'l <;rnecol.l006,19-l W~ - 6.
(LR). O mar., comum ponto de corte do comprrrncnto cer-
li 1\cLkcr R. \Vcgncr R L) Dct.lllcd.,crccnmgf(xtetalanomalie'
\'tcal utilizado c < 2.- mm:- Para ma" rnfo rmaçõe., ,obre .1 and Lardrac dcfects ai the li I'I "cck s.:an. Ultrasound Ob,
.walração do colo utcrrno na prcdiç.io do parto prc-tcrmo, tc:t Cynccol. 2006.2-61' 8
ver o capítulo 21 Parto Pré-termo. I'\ TrmorTritsch 11· , I .mne D, Rosen MC. A do\cr look .u eMI)
cmhryonic devclopmcrll w1th thc high frcll ucncy tr.mw.1gr
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nmgofpregnarKIC\ 111 thc Eurofetu' 'rud\ ;\m_l Ob'll't C) lllln 111 pregnanoc' rh.u ..ubsequcntly cnd 111 nu;carnagc.
newl 1999.181 :446 q BJOC 2008;115:12-'1 8
década de 80 tro u xe importa ntes subsíd ios relacionava m a índ ices progressivamente elevados de mor-
Quadro 12 .1 I Desenvolvimento neu romotor do feto conforme a idade gestacional e deterioração ncu romotora, na presença
de hipóxia
Paranwtro Centro Regulador Perrodo de Sequencra do SequerlCia cLr
Apa recrmento desenvolvrmento deterror a c ao rwrJJ orrwtor a
(semanas) neuromoto r
Hipotonia I
Ausência de movimentos respiratórios
Ausência de movimentos fetais
l ,
I Desaceleração
Cardiotocografia basal não reativa tardia (OlP 11)
Movimentos fetais Pelo menos três discretos movimentos de corpo ou Dois episódios ou menos de movimentos de
membros em 30 minutos (episódios de movimen- corpo ou tronco em 30 minutos.
tos contínuos são considerados como um único
movimento). I
Tônus fetal Pelo menos um episódio de extensão ativa com Extensão lenta com retorno parcial para I
retorno para flexão dos membros fetais ou tronco. flexão. Movimentos dos membros em
Abrir e fechar as mãos são considerados como tô- extensão completa. Ausência de movimentos
nus normal. fetais com as mão mantidas em completa ou
parcial deflexão.
Movimentos respiratórios Pelo menos um episódio de movimentos de exten- Ausência de movimentos respiratórios fetais
são e contração torácicas. devido à ação dos mús- ou nenhum episódio com duração maior ou
culos intercostais, com duração de. no mínimo, 30 igual a 30 segundos. em 30 minutos.
segundos, em 30 minutos de observação. I
I
Volume de líquido Presença de, pelo menos. um bolsão de LA com Ausência de bolsões de LA ou um bolsão
amniótico (LA) medida igual ou maior que 2cm em dois planos per- com menos de 2cm em dois planos perpen-
pendiculares. diculares.
Reatividade da frequência Presença de, pelo menos. duas acelerações transi- Menos que dois episódios de aceleração da
cardíaca fetal tórias da freqüência cardiaca fetal (FCF) de. no mi- FCF ou aceleração menor que 15 bpm em 30
nimo. quinze batimentos por minuto (bpm) e quinze minutos.
segundos de duração, associada a movimentação
t fetal. em um período de trinta minutos. I
Oe2 FOrte suspeita de Indica-se a resolução do parto para gestações com idade gestacional compatível com a
hipóxia crOnica sobrevida neonatal
20
X
A ..
•
<
100 o
...J
<
A Figu ra 12.4 mostra a combinação do diversos testes
propcdêuticos fetais c o desvio-padrão (DP) do pH arterial
~·/ /
1-
10 50 D: fetal. Esse desvio está graduado de Oa - IOc, quanto maior
i>,,,'' ..··· o
o NORMAL
.::.:.(J..-------{1' o
~ ele for, maior a acidemia feta l. A elevação dos índices do
6 4 2 o dueto venoso associada ao comprometimento da função
PO N TUAÇÃO DO PERFIL B I OF i SI CO FETAL cardíaca l' o parâmetro mais sensível (73,5 a 95%) para pre-
dizer a acidem ia fetal, com significante decréscimo do pH
Figura 12.3 1 Relação entre a última pontuação do PBF e as
t~txas de mortalidade e morbidadc perinat,lis, ,\Cidcmia fetal
da veia umbilical (variando de -2 a -8DP). Percebe-se que a
c paralisia cerebral ao cinco anos de idadc.8 dopplervelocimctria arterial e/ou venosa apresenta as va-
riáveis mais sensíveis para predizer a acidcmi.l fetal. Mes-
mo assim, dependendo do va o insonado, pode-se obter
Baschat et ai.'" publicaram estudo com 236 pacientes resu ltado alterado cm fetos ainda sem acidose, como, por
com crescimento intrautcri no restrito grave c concluíram exemplo, a aorta descendente. Esta, portanto, é uma vari-
que, na maioria dos casos, as alterações do fluxo arterial e ável menos confiável para o diagnóstico de acidem ia fetal.
venoso fetais precederam as alterações do PBF. Associan- Pode-se, .li nda, observar na Figura 12.4 que as va riáveis
do-se a dopplcrvclocimetria seriada ao PBF, obteve-se me- mais sensíveis da dopplervclocimctria são a artéria cere-
lhora na avaliação do comprometimento fetal, o guc per- bral média (ACM), o índice umbilico-ccrcbral (C PR) e
mitiu determinação mais segura do momento ideal para a o dueto venoso (DV). Elas se altera m quando a acidem ia
interrupção dessas gestações. fetal est,1 em torno do -l DP (AC M) ou no -2DP (C PR e
Deve-se ressaltar que, até o momento, a dopplcrvcloci- DV), se estendendo até a acidem ia fetal cm torno de -8DP.
mctria deve ser reservada para gestantes de alto risco, pois É claro que essa larga faixa de alteração torna difícil separar
existem evidencias de gue o uso roti neiro desta técnica cm fetos menos comprometidos (-2DP) daqueles gravemente
gestantes de baixo risco ou em populaçõc~ não ~eleciona acidóticos.
das não traz benefícios para mãe e feto. 1 ~ Por sua vez, observa-se ta mbém, na Figura 12.4, gue as
Baschat 19 verificou que o espectro clínico do C IUR é desacelerações da freq uência cardíaca fetal, detectada à
amplo e que a deterioração fetal pode ser m.m ifcstada por card iotocografia computadorizada, apareceram muito tar-
meio de comportamento biofísica anormal, disfunção cen- diamente (-JDP), guando o feto já estava bastante compro-
tral da função cardiorrespiratória, alterações no tônus vas- metido c, provavelmente, já con1 sequelas devido à hipoxe-
cular e disfunção cardiovascular. Cada uma dessas va riAveis mia e acidose. O mesmo ocorreu com as duas va riáveis do
tem relação independente com o estado met.lbólico fetal. PBF ll llC mais precocemente apa recem, o tônus muscular
A dopplcrvelocimetria tem sido o instrumento que c os movimentos fetais. Oltando deixa m de ser observadas,
melhor interpreta a associação entre o estado hcmodind- já existe grave acidem ia fetal (-5 DP). 19
\1~
-2 FCF- FreqUência cardíaca fera!
i
"'!!
-4
-~
Q)
o
I~
c;
...
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(.J
q II
NST - Teste de ocicocina
cCTG - Cardiografia compucadorizada
AFV - Volume de líquido amniórico
FBM- Movimenros respiratórios fecais
FGM - Movimentos corpóreos do fero
Tone- Tônus fecal
AEDV- Diáscole-zero
~
<I)
~
TAO -Aorta torácica
-8 ti ~ ~~
o ~ DAO - Aorta descendente
MCA - Artéria cerebral média
CPR- fndice umbilico-cerebral
- 10
t" ~ ~
~ . o
DV - Dueto venoso
~ }i ~ ; o
~ êi ~ ~ i!i
Figura 12.4 1Diagrama representando a diferença entre o pH normal e anormal (t.ph), na gua l cada teste se mostra alterado1$ .
O bstet rícia vem, ao longo dos últimos anos, se manifesta m. Isto é típico nos quadros de insuficiência
ÍNDICES DOPPLERVELOCIMÉTRICOS
TIPO S DE DOPPLER
Ao se avaliar o fluxo de um va o s:mguíneo, o ideal seria
Existem de critos na literatura quatro tipo de dop- sua medida quantitativa. Porém, exi te muita dificuldade
pler possíveis de serem utilizados no estudo da paciente para medires e volu me de fluxo, devido ao erro que ocorre
ob tétrica. quando da determinação da medida transversal do vaso es-
tudado c o ângulo de insonação adequada. Isto podere ui-
tar em erro superior a I 0% na estimativa do fluxo sanguíneo
DOPPLER PULSÁTIL em um determinado vaso, tornando inaceitável sua utiliza-
ção clínica.
i: dotado de apenas um cristal, que tem como finalidade Para evitar essas dificu ldades técnicas, foram desen-
emitir e captar as ondas. Está emprc acoplado a um apare- volvidos índices indi rctos de fl uxo, que apresentam pouca
lho de ultrassom, sendo que o vaso avaliado pode ser obser- ma rgem de erro. Esses índices possibilitam a determinação
vado durante o exame. Vem sendo a técnica mais utilizada qualitativa do fluxo, por meio da análise de fluxograma, que
na avaliação ob tétrica, por seus resultados erem ma i segu- reprc enta a velocidade máxima e a mín ima das hemácias
ros, poi ova o a cr avaliado é con tantemente observado. nova o, permitindo análise indireta da impedância de flu-
xo cm determ inado comparti mento vascular. ão descritas
a relação A/ B (sístole/ diástole), o índice de rc istência (I R),
DOPPLER CONTÍNUO o índice de pulsatilidade (IP), índice de pul atilidade para
veia (I PV), índice de pré-carga (relação CA/ SV), relação
Di põe de doi cristais, sendo que um emite e o outro sístole ventricular / contração atrial (SV/ CA) c o índice do
capta a onda rcfletida. Os primeiros estudos de doppler- pico de velocidade para veias (IPVV). Estes quatro últi mos
vclocimetria cm Obstetrícia utilizaram este equipamento, índices são utilizados para o estudo dopplcrvclocimétrico
que não está sendo mais empregado cm nos a especial ida- do compartimento venoso. A maioria dos equipamentos
de, pelas suas lim itações de aplicação, já que, atualmcntc, modernos faz o cálculo automático desses índices.
com va os menores sendo insonados, torna-se difícil sua
identificação com esse tipo de doppler.
RELAÇÃO SÍSTOLE/ DIÁSTOLE
DOPPLER COLORIDO É, sem dú vida, o mais simples, sendo uti lizado para ava-
liação das artérias uterinas materna c da artéria umbilical.
Possibilita o mapea mento colorido dos vasos, mesmo Nos outros vasos fetais não apresenta muita utilidade, não
aqueles de menor calibre, com isto fà.cilitando muito a re- sendo usado. É calculado dividi ndo-se a medida da sístole
alização dos exames. Outra vantagem da técnica está na ( ou A) por aquela obtida na diástole (D ou B). Seu uso
determinação do cntido do fluxo, já que o vermelho de- está impossibilitado nos casos cm que ocorre ausência de
monstra o que se aprox ima do transdutor e o azul. aquele fl uxo diastólico final (diástolc zero ou reversa), pri ncipal-
quc se a f.1sta. mente nas artérias umbilicais.
Seu uso vem sendo am pliado, sendo que os novos apa- O estudo de vasos maternos tem-se mostrado útil em
relhos realiza m seu cálculo automaticamente, o que muito Obstetrícia, na aval iação da placentação e no rastrea mento
facilita seu emprego. É util izado no estudo de todos os va- da pré-eclâ mpsia. Destaca-se, pa ra esse fim, a análise das
sos da ci rculação fetal. Apresenta como grande vantagem artérias uterinas e oftálmicas.
sobre os demais índices a possibilidade de se qu antifica r a
resistência de flu xo em determinado vaso, mesmo nas situ-
ações em que ocorre a ausência de flu xo diastólico final ou ARTÉR IAS UTERJNAS
fl uxo reverso. O índice de pulsatilidade é obtido utiliza n-
do-se a fórm ula: Na ava liação da circu lação m aterna, têm sido de mui-
ta importância os estudos com o doppler das artérias
Sístole (A)- Diástole (B) uterinas. A maior porção da perfusão uterina é realizada
Velocidade Média pelas a rtérias uterinas, o rigi nadas das artérias ilíacas que
perfun de m a pelve. D urante a gestação, ocorre mudança
de um vaso de alta resistência e baixo volum e para um
ÍNDICE DE RESISTÊNCIA vaso de baixa resistência e alto volum e de sangue. Essas
alterações são responsáveis pela adequada perfusão do
Ta mbém denominado índ ice de Pourcelot, é mais espaço interviloso, através das artérias espiraladas, o que
amplamente util izado nas artérias uterinas e umbilicais, proporcion a cresci mento embrionário e fe tal adeq uados.
sendo mais baixo o seu va lor quando presentes baixos va- A avaliação desse vaso tem como objetivo o estudo do flu-
lores diastólicos e nos outros vasos fetais. É calculado pela xo materno q ue nutre a placenta. Possibilita a detecção de
diferença entre a sístole e a d iástole, dividido p ela sístole u m grupo de pacientes com risco de desenvolvimento de
([5-D/S].). pré-eclâmpsia, além de auxi Iia r no diagnóst ico da insufici-
ê ncia placentária. 2
Após a determinação da localização da placenta, de-
ÍNDICE DE PULSATILIDADE PARA VEIAS vem -se insonar ambas as artérias uteri nas, sendo q ue ma ior
valor é dado quando o vaso alterado é a artéria placentária,
É semel hante ao utilizado nas artérias, exceto pelo fato nos casos de placenta lateral. O exame deve ser real izado
de também se incluir o componente reverso dos vasos após 22 semanas de gestação. A interpretação é realizada
qua ndo o mesmo se encontra presente. O s aparelhos mo- de três maneiras:
dernos fazem automaticamente sua medida. Este índice, presença de incisura protodiastólica: a persistência da
assim com o o lPVV e o índice de pré-carga, são util izados incisura na artéria uterina placentária, ou a sua per-
no estudo do dopp ler venoso. sistência em ambas as artérias uterinas, após 26 se-
manas de gestação apresenta for te associação com
o desenvolvim ento da pré-eclâmpsia e o crescimen-
APLICAÇÕES EM ÜBSTETRÍCIA to intrauteri no restrito. A p ersistência da incisura
diastólica na a rtéria uterina placentária tem sido
Com a melhora dos equipa mentos e a ampliação dos considerada o mel hor pa râmetro para aval iação
estudos, observa-se aumento crescente no número de apli- dopplervelocimétrica da placentação inadequadaj
cações dos exa mes de dopplervelocimetria na prática obsté- relação A/ 8 na artéria uterina placentária: o cálcu lo
trica. Pode-se citar como os mais frequentes o rastreamento da relação entre a sístole (A) e a diástole (B) abaixo
da pré-eclâmpsia, fetos com risco de apresentar sofrimento de 2,6, a parti r de 26 semanas, é considerado nor-
crónico (CIUR), suspeita de anemia fetal, gravidez pós-ter- ma l. Valor igua l ou acima de 2,6 sugere placenta-
mo, gemelaridade e hidropisia fetal não imunitária. ção insuficiente.
Doppler 201
Índice de pulsatilidade acima de 1,63 entre 22 e 24 Os estudos têm demonstrado que na pré-eclãmpsia
semanas apresenta sensibilidade de 69% e especifi- existe aumento do fluxo sanguíneo orbital, com queda na
cidade de 95)%na predição da pré-eclãmpsia. resistência na artéria oftálmica, que parece ser tanto maior
quanto mais grave a doença.3 Também foi demonstrado
As Figuras 13.1 e 13.2 apresentam, respectiva mente, que o índice de pulsatilidade da AO é mais alto nos gru-
sonograma normal c alterado das artérias uterinas. pos de gestantes com distú rbios hjpertensivos na gestação
quando comparadas com o grupo de gestantes normoten-
sas.4 Assim, o índice de resistência sendo baixo na artéria
oftálmica (IR<0,6S), é sugestivo de pré-eclãmpsia grave.5
DOPPLERVELOCIMETRIA
ARTERIAL FETAL
ARTÉR I A UMRILICAL
Doppler 203
Acorrelação entreos achados de hipóxia eacidem ia em situação clínica que antecede, em pouco, a falência circu-
sangue de cordão com as alterações no doppler de artéria latória e óbito fetal. 6
umbilical e CIUR é bem documentada, devendo toda in-
terpretação clínica levar isto em consideração. 10 •11
A aort:~ tod cica :~presenta algumas características que O desenvolvimento dos novos equipamentos de ul-
a tornam vaso de muita importância no estudo da hemodi- trassom com doppler colorido propiciou mu ita facil idade
Doppler 205
na avaliação dopplerveloci métrica das artérias renais. A A RTÉRIA P ULMO AR
inve tigação da artéria renal pode er feita através de corte
longitudinal na altura das lojas renais, em que se visual iza A artérias pulmonares do feto apresentam pulsatilida-
a artéria renal, ramo da aorta abdominal. Em situações de de ao doppler dependente do grau de resistência vascular
normalidade, tem-se relatado aumento da perfu são renal do parênquima pulmona r. Com o cre cimento do pul-
com o avanço da ge tação. A avaliação do fluxo nas arté- mõe , há ma i formação va cu lar, que é evidenciada como
rias rena i tem sido utilizada em duas situações clínicas: n,\ queda progressiva do índice de pulsatilidade das artérias
insuficiência placentária c na avaJi.lção da função renal, em pulmonares. Nas ituações clínicas em que o desenvol-
fetos com anomalia renal. vi mento pulmonar se encontra comprometido, deve-se
o ca os de feto com su peita de crc cimento intrau- esperar alteração também na formaç.ão va cular do órgão,
terino restrito ccundário à hipóxia, pode-se observar antes fato este que se verifica nos quadros de hipoplasia pulmo-
do aparecimento do oligodrâmnio alteração na perfusão nar, independentemente da etiologia.26
renal, ou seja, ocorre diminu ição do indice de pulsatilidade As artérias pul monares devem ser insonadas na altura
das artérias renais. Es a diminuição do índice de pul atili- da vi ão da quatro câmara card íacas, que ão faciJmente
dade na artéria renal pode anteceder muito a redução do localizadas. Deve-se medir a pulsatilidade dos dois vasos,
líquido amniótico. sendo os resul tados comparado com curvas de normali-
Outra situação cm guc se pode uti liz.~r o doppler de ar- dade. Valores são considerados alterados quando abaixo
téria renal é nos caso de diagnósti o diferencial de redução de doi de vias-padrão. Tem-se encontrado correlação
de líquido amniótico devido ao pó -dati mo ou à insuficiên- positiva entre os achados do doppler de artéria pulmona r
cia placentária. No grupo de pós-d,\tismo, o IP das artéria c a hipoplasia pulmonar em casos de hérn ia diafragmática
renais se mantém dentro dos nívci normais, enquanto na- congênita, oligoidrâmnio secundário à anomalia renal fe-
queles com in uficiência placentária se apresenta alterado. 21 tal e algun ca os de derrame pleural.26
A im como outros vasos de menor calibre, a artéria O sistema venoso feta l tem mu ita importância na so-
esplênica também passou a ser passível de estudo com os brevivência intrauteri na, uma vez que o oxigên io, essencial
novo equipamento de ultra om e doppler. para a manutenção da vida fetal, retorna ao coração atr,wés
Os estudos da artéri:-t esplênica podem ser realizados da veia umbilical, da veia cava inferior e do dueto veno o. O
com relativa fac iIidade pelo doppler colorido, sendo e te va o fluxo venoso fetal ve m sendo amplamente estudado desde
insonado atrás do estômago, no interior do hilo esplênico. 1980. Inicialmente, foram anal isados fetos norma is com o
O estudos têm demonstrado que, nos caso de fetos intu ito de compreender a alteraçõe fi iológica ; poste-
com restrição de crc cimento devido à hipóxia, verifica-se riormente, foram desenvolvidos estudos nas situações de
di minuição da rc istência ao fluxo neste vaso. O autores hipóx ia, doenças cardíaca e anemia feta l. 27·29
acreditam que essas modificações seriam secundárias aos A pulsati lidade no sistema venoso espelha as alterações
nívei aumentado de eritropoetina, desencadeada pela hi- na diferença de pre são entre o vent rículo direito - leva ndo
póxia fctal. 24 o aumento de flu xo em direção retrógrada para o sistema
A dopplervelocimetria da artéria esplênica também veno o - e o átrio direito, durante o ciclo cardíaco. o caso
tem sido utilizada na avaliação da anemia feta l. Bahado do dueto venoso também existe contribuição adicional da
ing, uti liza ndo o pico da velocidade si tólica da artéria pre são no átrio esquerdo durante a sístole.
e plênica {PVS-ESP), encontrou 80% de sensibilidade e O estudo do compartimento veno o, por meio do dop-
I 2,5% de f.1 l ·o-po itivo usando valor de referência ~ l.S pler, tem-se demonstrado importante método de avaliação
MoM. ão se encontrou risco de anem ia grave quando da hemodinâmica cardíaca, dos mecan ismos de adaptaçáo
o valor do PVS-E P estava abaixo da média para a idade circu latória diante de hipóxia crônica, na cardiopatia con-
ge tacional. 2 ' gênitas, arritmias cardíacas, hidropisia fetal não imunitária
Doppler 207
Q!ladro 13.11 Evidências sobre o uso da dopplervelocimetria
ÜiJJü(IVO lllteiVüllÇÊÍO N1vel de eVIllênclil G1 au de 'r~r.omP.IHiaçao
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Doppler 209
14 Procedimentos Diagnósticos Invasivos
Jorge de Rezende Filho
Marcos Nakamur.1 PcreirJ
Carlos Antonio Barbosa Montenegro
T ÉC ICA
BIÓPSIA DE VILO CORIAL É possível obter vilo corial a partir de sete semanas de
gestação, 12 havendo consenso atual de que a BVC deve ser
A biópsia de vilo corial (BVC) é a obtenção de amos- praticada somente após IO sema nas de gestação, 8·9•13 pois
tras de vilosidades coriôn icas no cório frondoso, que pode inúmeros estudos demonstraram haver alta incidência de
C OMPLIC A Ç ÕE S
-
0
Cvr' J:lu A
Placenta 1CP~.11
TÉCNICA COMPLICAÇÕES
Inicialmente realizada por fetoscopia, é hoje proce- A cordocentese não é isenta de compl icações. Bradi-
d imento guiado por u ltrassonografia, a partir do qual se cardia fetal dura nte ou após o procedimento ocorre em S
identifica m o cordão e sua inserção placentá ria, guiando a a 10% dos casos.8 Sangramento no sítio de punção do cor-
agulha até a veia um bilical. dão umbilical é comum ( lO a 40%), porém norma lmente
Real iza-se previamente o exame ultrassonográfico para cessa em menos de 90 segundos 8 A taxa de óbito fetal é
identificar, precisamente, o cordão umbi lical e sua inserção est imada em 2%. 11
placentária, de modo que se possa determ inar a melho r via
de acesso à pu nção.
Antes de iniciar o procedi mento propriamente d ito, BIÓPSIA DE TECIDO FETAL
faz-se assepsia rigorosa do abdome e bloqueio anestésico
local até os planos mais profundos (peritônio visceral). São mu ito restritas as indicações atu ais de biópsias
Para a pu nção, realizada sob a técnica de mão livre, fetai s. Essas, quando real izadas, são d irecionadas ao fíga-
utiliza-se agulha descartável de raquianestesia, calibre 20 do, à pele ou ao músculo fetal e prestam-se a diagnosticar
ou 22 gauge. No caso de placentas de inserção ventral ou síndromes genéticas específicas. Inicialmente esses proce -
lateral, a agu lha é introduzida via transplacentária até que d im entos eram realizados po r fetoscopia, porém hoje po -
a sua extremidade atinja a veia u mbilical. Esta é o vaso de dem ser g uiados por ultrassom .11 Para inserção da agulha
eleição, por ser mais calibrosa, de parede mais delgada e em áreas feta is específicas, requer-se que haja adequad a
po r estar menos associada à brad icardia fetal que a artéria. posição do feto, sendo necessário, por vezes, recorrer à
Qyando a placenta for de inserção dorsal, a agulha seguirá curarização do feto. Os riscos e complicações das biópsias
a via transa m niótica e a pu nção é feita a aprox imadamente são si m ilares àq ueles da cordocentese; particularmente o
1 a 2 cm da inserção do cordão na face fetal da placenta. risco de morte fe tal está majorado se houve r ma lfo rmações
Após a colocação precisa da agu lha, reti ra-se o mandril, maio res ou cresci mento intrauterino restrito.8
aspira ndo-se o sangue fetal em seringa contendo a nticoa-
gulante o u não, dependendo da fi na lidade do procedimen-
to (Figura 14.5). 29 BIÓPSIA DE FÍGADO
Gera lmente o procedimento é rápido, durando me-
nos de cinco minutos. Deve-se, entretanto, ter o máximo A bió psia de Fígado era a única forma de d iagnóstico de
de paciência para encont rar o sítio ideal da punção, de fo r- erros inatos do ciclo da ureia e outras doenças expressas
ma a d iminuir su a duração. M ovimentação fe tal excessi- somente no fígado, como a doença de Von Gierke tipo lA e
va e interposição de partes fetais durante o exame serão a hiperoxaluria pri mária tipo L Contudo, a maioria dessas
obstáculo de difíci l solução. Ra ramente é necessária a condições é hoje diagnosticada pela análise do DN A fetal,
sedação feta l, conquanto ela seja legítima. Nos casos de passível de ser realizada pelas a mostras o btidas d a amnio-
nv, em que já se espera d u ração mais longa do procedi- centese o u da BVC. Mesmo assim, há algumas doenças
mento, alg uns serviços preconizam a c urarização fetal, de enzimáticas que ai nda não são detectadas pela análise do
grande valia. 29 DNA, sendo a biópsia hepática fetal necessária."
A bióp ·ia de pele ainda é a única to rma de diagno ticar A biópsia de músculo teta! pode ser realizada entre 20
doe nças dermatológica graves ta i como epidermóli e bo- c 22 emana para diagnó tico da di trofia muscular Du-
lho a, albini mo oculocutàneo e ictio e arlequim.n chcnne em ta rnílias de ri co. Ape ar da detecção de sa
doença ser possível a parti r da análise molecular do LA ou
do vilocorial, em algunsca os não é po sível definir o diag-
nó tico, podendo-se recorrer à biópsia.n
O Quadro 14.1 apresenta as evidências atuais cm rela-
ção aos procedimentos invasivos.
Amniocentese ~niocentese precoce (entre 11 e 14 semanas) não deve ser realizada pe~ risco de perda da I A
gravidez e de complicações quando comparada à amniocentese após 15 semanas I I
-- - --- -- -- --
Orisco de perda da gravidez associado à aminocentese é de aproximadamente 1% A
A amniocentese deve ser realizada com visualização sonográfica contínua. o que lhe confere B
elevada taxa de sucesso e menos ocorrência de amostras mescladas a sangue
- -- ------ -- -- -
Oacesso transplacentário pode ser apropriado para melhor acesso ao maior bolsão de líquido B
Odiametro da agulha não deve ser superior a 20 gauges B
-
-
I
- - - -
A amniocentese de 3° trimestre parece não estar associada a risco significativo de parto de
gência
B
-- ---- -- - - -- - ---
mulheres portadoras de HIV, todos os testes não invasivos devem ser utilizados antes B
. de considerar-se a amniocentese genética
- - -r--- -- ---
Biópsia de vi lo corial Orisco de perda da gestação após BVC é superior àquele após a amniocentese de 2° trimestre A
IBVC) 1--- --
A BVC transabdominal deve ser o procedimento de escolha antes de 15 semanas de gestação A
1--- --
t--
A BVC transabdominal parece ser mais segura que a via cervical
-- --- ·~
1---
A
J
A BVC só deve ser realizada após 10 semanas de gestação B
I- -- -
A BVC deve ser sempre guiada por ultrassonografia B
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r- t-t
D
VARIABILIDADE DA FCF
Cardiotocografia
223
Ausente: quando a amplitude da oscilação é grafica- (movimentos respiratórios, movimentos corporais e tô-
mente indetectável. nus musc ular e volume de líquido amniótico). A introdu-
Mínima (ou silenciosa): quando a variabilidade tem ção do exame computadorizado aumentou a acuidade da
amplitude de Sou menos bpm. CTB pela possibilidade de avaliar a oxigenação a parti r do
Moderada: quando a variabi lidade da li n ha de base registro das micro-oscilações. Além de estímulos vibrató-
tem amplitude de 6 bpm a 25 bpm (ou comprim id a rios e acústicos, a C T B estim ulada também pode utilizar
+oscilatória de H ammacher et ai.). estímulos fetais mecânicos, cujo objetivo é despertar fetos
Marcante(ou saltatória): quando a amplitude é> 25 bpm. que se encontram em sono profundo e não se apresentam
Sinusoidal: padrão específico e definido comova- reativos. O feto pode ser reativo, hiporreativo e não reati-
riabilidade mín ima, em forma de sino, ausência de vo, conforme Quad ro 15.2. 10
acelerações tra nsitórias (AT ) sugerindo a nemia
fetal grave e está relacionada a altas taxas de mor- I
Q uad ro 15.2 Cardiotocografia anteparto com estímulo
talidade perinatal na forma grave da aloi mun ização vibroacústico10
materno-fetai.S Feto Achado no r eg rstr o Interpretação
Cardiotocografia 225
PADRÕES ANORMAIS ou transfusão feto-fetal na gestação múltipla. A taquicardia
DA FREQUÊNCIA CARDÍACA FETAL compensatória ocorre depois de prolongadas desacelera-
ções ou após várias desacelerações variáveis seguidas do
A vitalidade fetal está comprometida quando surgem que chamamos de taquica rdia de rebote, caracterizada por
as seguintes alterações da FCF: li nha de base abaixo de 110 FCF elevada e ausência de variabilidade da linha de base. IS
bpm ou acima de 160 bpm, ausência de AT por período su-
perior a 45 minutos c variabilidade da linha de base abaixo
de cinco ou acima de 25 bpm e presença de desacelerações AusÊNCIA DE
tardias ou variávcis.5 ACELERAÇÕES TRANSITÓRIAS
Figura 15.31 Reprcscnt.1ção esquemática da desaceleração Graficamente, surgem como queda rápida c abrupl:t
precoce ou D l P l. da FCF, geralmente não associadas às contrações utcri n.1s,
ocorrendo aleatoriamente. Res ultam de compressão funi-
cular (veia umbilical), mediadas pelo reflexo barorreccptor
D ESACE Ll:.RAÇ Õ ES T ARDIAS o u DIPs li que determi na incremento da FCF como fator de manu-
tenção do débito cardíaco.
Graficamente tam bém são simétricas, com queda Devem-se considerar: :~ profundidade da queda da
lenta e recuperação gradual dos BCFs, retardada cm rela- FCF, sua duração, o tempo de recuperação, a va riabilidade
ção à contraçào que a provocou c tem o for mato da letra e o nível da linha de base.
U. Inicia-se a partir de 20 segundo do começo da con- São características de mau prognóstico: perda de acele-
tração uteri na. O tempo que decorre entre o fundo da ração inicial, o lento retorno para a linha de base, a acelera-
desaceleração e o valor máximo da contraçào é ig ual ou ção terminal prolongada ou desaceleração bifá ica, a perda
superior a 30 segundos. Aq ui há queda da p0 2 no sangue de va riabilidade durante a de aceleração e taquicardia resi-
estocado no espaço interviloso causado pela contração e dual. As desacelerações variávei ão frequente na presen-
está associada a feto hipoxêmico. ça de oligoidrâm nio (Figura I S.S).~
Cardiotocografia 227
OlP III
/ OIPI / umbilical Variahilidade da linha de hase: Ausente ou mlnima,
-FCF não acompanhada de desacelerações recorrentes.
~ Marcante (saltatória).
~ Acelerações transitórias: Ausentes após estímulo fetal.
DIP 11 Desacelerações periódicas ou episódicas: Desacelera-
~ M = metrossístole
FCF = frequência cardíaca fetal
ou moderadas (ondulatórias).
Desacelerações prolongadas 2:. 2 minutos, mas < lO
minutos.
Figura 15.5 I Representação esquemática das desacelera- Desacelerações tardias recorrentes, com variabili-
ções ou DlPs da linha de base. dade da linha de base moderada (6 a 25 bpm).
METODOLOGIA DE
INTERPRETAÇÃO DO PADRÃO CATEGORIA III (TRAÇADO ANO RMAL)
Qyando os traçados são indeterminados e requerem Em 1963, Saling desenvolveu, na Alemanha, metodo-
contínua e cerrada avaliação, os traçados desta catego- logia para avaliação do estado de equilíbrio ácido-básico
ria não se enquadram nas categorias 1 ou ll l, como, por do sangue fetal durante o parto. 15 Aplicando amnioscópio
exemplo: sólido com luz fria sobre o vértice da cabeça, procede-se à
Linha de base: Bradicardia não acompanhada por limpeza das secreções e do líquido amniótico com gaze
ausência de variabilidade da unha da base. montada sobre pinça. A seguir, insere-se pequena bolinha
Taquicardia. de algodão com éter, mantendo-a sobre o couro cabeludo
Ca rdiotocografia 229
para mlnutenção da função miocárdica, durante a asfixia, maternas. Deve-se levar em consideraçio,também,a deci-
está bem-estabelecida e depende da reserva miocárdica em são da parturiente, obtendo de la consenti mento pós-iníor-
glicogênio. mado sobre as vantagens e riscos inerentes à m etodologia
Durante situação de hipoxemia moderada, alguns fe- proposta. Em todos os partos devem-se e mpregar:
tos sustentam metabolismo anaeróbico e por isso não há Controle do pulso materno, simultâ neo ao da FCF;
elevação na Íorma da o nda ST. A capacidade individual na suspeita de óbito letal, confirmar a ausência de
do feto em uprir oxigenação miocárdica suficiente para FCF com ultrassonografia;
manter um metabolismo anaeróbico, pa ra determinado auscultar os batimentos ca rdíacos do Íeto, de Íorma
p0 1 , depende: intermitente;
Da habilidade em aumentar o fluxo de oxigênio co- registrar qualquer evento no prontuário médico.
ronariano, obtido tanto pelo incremento no trans-
porte de oxigênio quanto pelo aumento do fluxo de Nas parturientes sadias c com gestações não com-
sangue mioc:irdico; plicadas, a ausculta intermitente deve ser empregada no
do consumo m iocárdico de oxigênio. controle da vitalidade fetal. Na Íase ativa, a ausculta deve
ser efetuada após a cont ração, por 60 segundos, a cada 30
Pesquisa realizada em ovelhas demonstrou que q uan- minutos no primeiro período e a cada ci nco minutos no
do a hipoxemia letal era induzid a pelo nitrogênio, a relação segundo período.
T/ QRS aumentava de 0,27 para 0,59, revertendo-se quan- A monitoração contínua (ca rdiotocografia intraparto)
19
do do emprego de oxigênio puro. Observou-se, também, está ind icada quando:
que havia correlação entre a razão T/ QRS e o incremento FCF for interior a 110 bpm ou superior a 160 bpm;
dos níveis de lactato no sangue. houver desacelerações;
Noren e/ a/. 20 divulgaram experiência com a análise do Íor detectado qualquer fa to r de risco intraparto.
segmento ST em4.966 fetos de termo, assistidos na Suécia20•
Dos 29 fe tos com complicações nconatais, em 22 houve Quando estiver indicado o emprego da cardiotocogra-
sinais de alteração do segmento ST, indicativos da necessi- fia intraparto:
dade de intervenção. No grupo assistido com cardiotoco- Datar e acertar o rel.ó gio do mon itor;
grafia, acrescido do estudo do segmento ST, a taxa de en- adequar a velocidade do papel para 1 cm/ min;
ceíalopatia neonatal grave Íoi de 0,04%, enquanto no grupo anotar nome da mãe, data e nú mero do prontuário
assistido somente com cardiotocografia ela Íoi de 0,33%. no início do papel de registro;
Apesar do entusiasmo com esses resultados prelimi- anotar os eventos no registro (por exemplo, toque
nares, a metodologia ainda restri nge-se à área de pesquisa. vaginal);
As maiores dificuldades encontradas com sua aplicação qualquer opinião de terceiro deve ser anotada no
decorrem da dificuldade em manter a captação do sinal prontuário;
conti nuada mente. anotar no fim do registro a hora de nasci mento, tipo
de parto, peso ao nasci mento, nome do neonatolo-
gista, índice de Apgar, pH, p02, pC02 e BE, quando
APLICAÇÃO PRÁTICA executados
DA MoNITORAÇÃO lNTRAPARTO acondicionar os regi stras com vistas à manutenção
por2S anos;
procurar sempre obter a anál ise do equilíbrio áci-
A vigilância do bem-estar letal é apenas um dos com - do-básico do sangue do cordão umbi lical.
ponentes da assistência intraparto. O emprego de qualquer
das tecnologias descritas deve ser sempre questionado, le- A monitoração bioquímica pode ser empregada quan-
vando-se em consideração a segurança fetal e a comodida- do a cardiotocografia intraparto (CTG 1P) exibir traçado
de materna, evitando-se que os resultados obtidos possam anormal, com su speição de acidem ia e/ ou acidose letal. O
incrementar, desnecessariamente, a taxa de intervenções método está contra indicado:
Cardiotocografia 231
Quadro I S.4 1Causas de padrão anormal na cardiotocogralia e medidas de ressuscitação
Padrão Ar10r 111 ~I Assocracoes ou Possrvr!rs Ci1usas Meclrclas clinrcas
Cardiotocograjia 233
tentes. Evidenciou-se, também, que na metade da gestação resta aind a determ inar se a hipóxia foi crónica o u aguda. Se
um episódio de h ipoxemia com 12 horas de duração é su fi - u m ou mais critérios apontados de quat ro a oito estiverem
ciente para determ inar lesão da substâ ncia branca e morte ausentes, o momento da ocorrência do d istúrbio nervoso
neuronal no hipocampo, no córtex cerebral e no cerebelo. deve ser con siderado duvidoso. Com exceção do evento
As complicações intraparto não têm papel preponde- hipóxico sentinela, todos os outros podem ser ocasionados
rante na gênese da paral isia cerebral. Se o feto experi men- por outros fatores, como infecção fetal, por exemplo.
tou lesão do tecido nervoso ou mau desenvolvimento do Apesa r da presença de acidemia metabólica ser impe-
SNC, as lesões, q ue são geralmente multifocais, podem rativa pa ra o diagnóst ico da PC desencadeada no período
afetar áreas responsáveis pelo controle autonómico da intraparto, ela não define o momento de atuação do even-
FC F ou da respiração. A redução da variabilidade da FCF, to responsável. Por out ro lado, ela incide em 2% de todos os
mecônio por ocasião d a rotura da bolsa das águas, o baixo partos e a maioria dessas crianças não desenvolve a moléstia.
índice de Apgar no nascimento e encefalopatia neonatal O ponto de corte dos valores que representam esse
podem todos ser fa tores decorrentes do comprometimen- distúrbio tem sido muito discutido. Aceita-se, atualmente,
to neurológico crón ico. Frequentemente esses si nais indu- que a acidose, com o fa tor de comprometimento do tecido
zem à prática de intervenções instru mentais como a cesá- nervoso fetal, deve ser considerada apenas q uando o pH for
rea, por exemplo, na esperança de que o fator determ inante igual ou inferior a 7,00 e o déficit de base igual ou superior
seja de instalação aguda e reversível. a 16 m moi/L. 23 Acredita-se que déficit de base abaixo de
Não se pode, ainda, identificar o momento no qual o 12 mmoi/L representa critério de exclusão razoável. Se
da no cerebral se torna irreversível na hipoxem ia crón ica. É não há evidência de registro do equilíbrio ácido-básico do
possível que esse ponto seja exatamente aquele no qual o feto ou do neonato na primeira ho ra de vida, não se pode
feto perde a capacid ade de compensar os efeitos adversos considerar a acidem ia como determinante dos outros si-
da contração uterina no parto. nais clínicos. Diferença entre valores de pC0 2 na artéria
O Q uad ro 1S.S representa os critérios aceitos atual- e veia umbilical acima de 25 mmHg sugere existência de
rnente para defi n ição de evento hipóxico agudo. fato r agudo. C onvém lembra r, entretanto, que essa técnica
Todos os três critérios essenciais devem estar presentes é ra ra mente empregada na prática clinica.
para que se possa considerar a PC como originada no pe- Se um insulto intraparto causou dano cerebral perma-
ríodo intraparto. Se um dos critérios está ausente, é muito nente em cria nça com mais de 34 sema nas de idade ges-
provável que o d istú rbio tenha ocorrido em o utro período. tacional, existirão anormalidades de comporta mento no
Se a avaliação do equilíbrio ácido-básico não está d ispo- período neonatal, geralmente de m oderada intensidade,
nível, não se pode considera r os outros sina is como repre- já documentadas nas primeiras 24 horas do parto. Ence-
sentativos. Quando todos os três critérios estão presentes, falopatia neonatal moderada ou grave concomitante com
1. Evidência de acidose metabólica fetal intraparto- pH da artéria umbilical ou em amostra do sangue neonatallogo após o
parto < 7.00 e déficit de base ~ 12 mmoi/L.
2. Encefalopatia neonatal moderada ou grave. de precoce instalação, em criança com ~ 34 semanas de idade gestacional.
3. Paralisia cerebral do tipo quadriplégico ou discinético.
['rr't'r ti' :,r r· t.rrd'r' ,rl '.L'lJBit' ll 111 11· t'llr d I'Jtrap.ll !11 11.11 t''P•'Ciflr IJ'·
4. Evento hipóxico sentinela. que ocorre imediatamente antes ou durante o trabalho de parto.
5. Súbito. rápido e sustentado comprometimento do padrão de normalidade da FCF. geralmente após ocorrência de evento
hipóxico sentinela.
6. Índice de Apgar de 5° minuto entre zero e seis.
7. Evidência de envolvimento multissistêmico precoce.
8. Evidência precoce de imagem representativa de comprometimento agudo cerebral.
Cardiotocografia
235
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N
áuseas e vômitos são queixas frequentes na órgãos, como o aparelho digestivo, rins, pulmões, coração,
gestação inicial, sendo que apenas aproxima- pele c anexos, bem como dos sistemas hormonal e nervoso
damente 25% das gestantes não apresentam central c autônomo, além de vasos, proteínas e sangue. O li-
qualquer queixa relacionada a esses sintomas. Em geral, são mite de privação de água é em torno de dois a três dias; após
autolimitadas e as repercussões que esses transtornos pro- esse período as repercussões metabólicas podem ser graves e,
voca m no organismo - em relação ao nível de água, eletró- se não tratadas, são suficientes para desencadearem a morte. 1
litos e equilíbrio ácido-básico- são insignificantes, embora As náuseas e os vôm itos na gravidez, em geral, surgem
comprometam a qualidade de vida da gestante. antes de nove semanas de gestação e podem persistir até
A hiperemese gravídica representa o extremo da gravi- 14-16 semanas. O surgimento desses sinto mas após nove
dade de náuseas e vômitos na gravidez, acomete 0,3 a 2,0% semanas é sugestivo de outra causa desencadeante. Algu-
das gestantes e é a principal causa de internação hospitalar mas gestantes podem apresentar persistência do quadro ao
no primeiro trimestre de gestação. O diagnóstico é essen- longo do segundo tri mestre e, excepcionalmente, também
cialmente clínico e caracterizado por vômitos persistentes no terceiro trimestre.4
não relacionados a outras causas, sinais de jejum prolonga-
do (em geral, cetonúria) e perda de pelo menos 5% do peso
pré-gestacional. 1•2• 4 ETIOLOGIA E FATORE S DE RISC O
O equilíbrio metabólico necessário em todas as fases da
vida é dinâmico. Requer disponibilidade de água e nutrientes A etiologia de náuseas e vômitos na gravidez é, ainda
adequados na alimentação diária e a participação de vários nos dias atuais, desconhecida_l-2·4.5 Sua fisiopatologia cn-
volve complexa interação entre fatores biológicos, psicoló- O s pri ncipais fatores de risco para o desenvolvimento
gicos e socioculturais. Entre as diversas teorias existe ntes, de hipere mese gravídica são: au mento da massa placentá-
merecem destaque a predisposição psicológica/·8 proteção ria (mola hidatiforme, gestações múltiplas); hjstó ria pre-
embrioná ria e estímulo ho rmonal.9•10 gressa ou familiar de hiperemese gravídica; história pesso-
Várias situações de instabilidade psicológica, como al de enjoos de viagem; e enxaqueca. 1
imaturidade emocional, depedência materna, ansiedade, A maio ria das pessoas possui limiares diversos para os
rejeição à gestação, entre outras, são descritas como asso- vóm itos e responde de maneiras d iferen tes aos diversos
ciadas a m ais predisposição ao desenvolvimento de náuse- métodos de tratamento de seus problemas emocionais.
as e vómitos de difícil tratamento na gestação. 6 Entretanto, Essas diferenças podem determ ina r variações anatomo-
estudos mais atuais questionam essas teorias e sugerem funcionais e clínicas também nos casos de hiperemesc
que esses sintomas são m ais consequência do â nus físico gravídica.
da hiperemese do q ue sua causa propriamente dita?
Estudos clássicos salientam que as náu seas e os vóm i-
tos na gravidez filZem parte de um processo de proteção ao DIAGNÓSTICO
embrião, já que impediriam as gestantes de inge rir substân-
cias que poderiam ser tóxicas ao desenvolvimento normal ACHADOS CLÍNICOS
deste.~ Essa visão de pseudoproteção tem determi nado,
em algumas situações, trata mento inadequado de náuseas Embora exista a crença de que náuseas e vómitos sejam
e vómitos em sua fase m ais leve, favorecendo o desenvolvi- predominantemente matutinos, a maioria das gesta ntes
mento de hiperemese gravídica. apresenta os sintomas ao longo do dia e, não raro, queixam-se
A íntima relação temporal entre os picos da gonadotrol:ina também de excesso de sa livação. IS
coriônica humana (hCG) e os sintomas de náuseas e vóm itos A náusea pela manhã caracteriza-se inicialmente por
na gravidez enfatiza que o hCG é determinante na fisiopato- anorexia, varia ndo desde estado nauseante até vóm itos ao
logia destes. É bem-estabelecido que, a semelhança do que levantar após a noite de sono. No tra nscorrer do dia, muitas
acontece na pré-eclâmpsia, o trofoblasto - e não o fe to (já mulheres se recuperam, enquanto outras permanecem nau-
que náuseas e vôm itos acontecem também nos casos de mola sead as. O habitual é perdura r por tres semanas. As náuseas e
hidatiforme) -é determinante na ocorrência desses eventos. os vómitos vespertinos são tão raros quanto os que aparecem
Sabe-se, também, que quanto maior a massa placentária, mais com a fadiga, odores de alimentos, quando a paciente prepara
chances de desenvolvimento de quadros mais graves. Postula- a refeição noturna, realiza cuidados de casa ou percebe ore-
-se que o hCG causa náuseas e vómitos por estimulação da torno do marido após o traba lho. A recorrência dos vómitos
atividade secretória do t rato gastroinstestinal superior ou por pode desencadear mialgia, referida, especial mente, aos inter-
estímulo nos receptores de TSH. Gestantes com hiperemese costais. Na maioria dos casos, apesar da gravidade das quei-
gravídica apresentam alterações na função tireoidiana (hiper- xas subjetivas, os si nais de deficiência nutricional são poucos
tireoidismo induzido pela gonadotrofi na coriônica). 4·5·9·10 ou inex istentes. O s sinais vitais são habitualmente norma is.2
Os níveis de estrogênios, principalmente o estradiol, Po ucas mulheres persistem vomitando a ponto de pro-
também têm sido mencionados como possíveis desencade- voca r cetose, desidratação e alterações eletrolíticas, caracte-
adores de náuseas e vô m itos na gravidez. A associação entre riza ndo, então, o quadro de hiperemese gravídica. A desid ra-
estrogênios e náuseas é bem conhecida nos casos de contra- tação é identificada pela d iminuição do turgor e elasticidade
ceptivos hormonais o rais. Estudos mostram que a h ipere- da pele, olhos encovados, mucosas secas e língua áspera. Ta-
mese gravídica é mais comum nos casos de fetos femininos, quicardia e hipotensão podem estar presentes, assim como
quando os níveis de estradiol c irculantes seriam mais altos, hipotennia e torpor em casos mais graves. O Quadro 16. 1
10
em conseq uência à sua origem materna e fetal.5· apresenta os achados clínicos mais frequentes na hipereme-
O utros hormónios como progesterona, lep tina, hor- se gravíd ica. A alcalose h ipoclorêmica é ra ra, porque muitas
mô nio de crescimento placentário, prolactina e hormôn ios mulheres no início da gravidez possuem hipo ou acloridria e
adrenais estão implicados na gênese da hiperemese graví- a perda de íons é predominantemente de sódio e potássio; só
d ica, sendo alvo de g randes estudos.5 mais tarde, de cloreto.1•2•4
Nos casos de hiperemese gravfdica, a avaliação laborato- O médico é, por si, agente terapêutico. O acolhimento,
rial é útil ta nto para ajudar no diagnóstico diferencial quanto ouvindo as queixas da gestante, as visitas, o exame, o apoio e a
para aquilatar a gravidade do evento. O Quadro 16.3 mostra atenção são essenciais. A confiança e a respeitabilidade, a confi-
as alterações laboratoriais mais encontradas na hiperemese dência e a cumplicidade são a essência do cuidado e do acolhi-
gravfdica. mento. A arte ultrapassa a ciência quando a pessoa é valorizada.
O valor terapêutico do médico é o realce dessa circunstância;
Q!ladro 16.3 I Alterações laboratoriais na hiperemese na hiperemese gravídica, essa valorização é fundamental. Ore-
gravídica '·3•11 pouso relativo é recomendado. O trabalho cansativo deve ser
Hiponatremia. hipocalemia e hipocloremia diminuído. A terapia ocupacional agradável pode constituir-se
Hemoconcentração em real benefício para a interrupção de náuseas e vômitos.1•11
Cetonúria
Elevação de ureia e creatinina ALIMENTAÇÃO
Elevação da densidade especifica da urina
As gestantes nauseadas são especialmente sensíveis à apa-
Elevação da enzimas hepáticas (geralmente < 300 U!LI
rência, textura ou cheiro dos alimentos. É preferfvel aconselhar
Hiperbilirrubinemia (em geral. <4 mg/dl) refeições dimi nutas e fre<luentes, com alimentos secos, ricos
Elevação de amilase e lipase (até 5 vezes os valores normais) em carboidratos, como torradas ou biscoitos, ingeridos sem lí-
quidos. Estes alimentos podem ser retidos e previnem a cetose.
Alcalose metabólica hipoclorêmica
Os alimentos gordurosos devem ser evitados. O chá tluente e o
TSH suprimido ou T41ivre aumentado gengibre gelado são mais bem tolerados do que a água e devem
ser oferecidos em quantidades diminlltas entre as rcfeições_2.4.J J
EXAMES DE IMAGEM Nas gestantes com hiperemese gravídica, a suspensão da
dieta oral na abordagem inicial é recomendada. Após a reso-
Nos casos em que a ultrassonografia obstétrica ainda não lução dos vômitos, programa-se a reintrodução gradativa da
tenha sido realizada, a mesma deve ser solicitada, o mais rápi- alimentação por via oral, até obter-se boa aceitação de dieta
do possível, para afasta r mola h idatiforme e identificar preco- sólida, em seis pequenas refeições diárias, com ingestão de
cemente gestações múltiplas.4 líquidos uma hora após cada refeição.
O sucesso terapêutico requer atenção para a multiplici- A admissão hospitalar deve ser priorizada quando as náu-
dade da possível fisiopatologia de náusea, vômito e hipere- seas e os vômitos progridem para hiperemese gravídica. Nes-
mese gravídico . A abordagem inclui va riedade de condutas se caso, há depleção de água, eletrólitos e calorias (desequilí-
desde a presença do médico como agente terapêutico até o brio hidroeletrolítico e má-nutrição) pela falta de ingestão de
uso de grande variedade de medicamentos, hormônios, vi- ali mentos, proporcionando cetonemia, cetonúria persistente
taminas e hipnose. Nenhum tratamento mostrou superiori- e emagrecimento, que pode atingir S% ou mais do peso. 1
dade ou benefício no tratamento da hiperemese gravídica. A
melhor terapêutica consiste na profilaxia precoce de náuseas
e vômitos, evitando-se a ocorrência de casos graves. Na hipe- MEDIC AMENTOS
remese gravfdica, a terapêutica baseia-se na correção da desi-
dratação e dos distúrbios hidroeletrolíticos, na prevenção de Diversos agentes farmacológicos e não farmacológicos
complicações conhecidas e no alívio dos sintomas.4 •12 podem ser utilizados no tratamento de náuseas e vômitos
!
SE NÃO HOUVER MELHORA, ADICIONAR
Dimenidrato: 50-1 00 mg, via oral, a cada 4-6 horas
(Dose máxima diária de 400 mg, se associado à piridoxina, e 200 mg, se associado à doxilamina)
ou
Prometazina: 12,5-25 mg, via oral. 4/4 horas
r
COM DESIDRATAÇÃO
*Em caso de não obter-se melhora. passe para a opção seguinte no fluxograma.
Figura 16 .1 I Tratamento farmacológico de náuseas e vômitos na gestação •.
A tiamina deve ser administrada antes da infusão de gli- tensão ou choque requer instalação de pressão venosa cen-
cose, na dose de I 00 mg, por via endovenosa, pois soluções tral, que ajuda sobremaneira na reposição venosa de líqui-
contendo dextrose ou al imentos ricos em carboidratos po- dos, sem promover sobrecarga hemodinâmica. A velocidade
dem precipitar o surgimento da encefalopatia de Wernicke. de infusão depende do grau de depleção e da capacidade de
U ma programação de reposição volêmica deve incluir, adaptação cardiovascular da paciente. A ausência de altera-
no mín imo, os seguintes volumes a cada 24 horas: ções hemodinâm icas, a hipotensão e o choque estão relacio-
Soro glicosado (SG) a 10%: 2.000 mi; nados com a perda de água em torno de menos de 8%, de 8 a
cloreto de sódio (NaC!) a 0,9%: 1.000 mi. 15% c mais de I 5% da água corpórea total, respectivamente.
A hipopotassem ia se associa a vômitos ou diarreias
A infusão hidroeletrolítica pode ser baseada nesse es- prolongadas, sucção gástrica, estresse, uso de diuréticos ou
quema proposto, bem como na composição especifica do alcal inos e administração parenteral de grandes quantida-
vômito ou na diminuição aguda do peso corpóreo. Hipo- des de líquidos livres de potássio. A alcalose determ ina a
-quantidade necessária = (íon normal- íon paciente) x peso corpóreo x % água corpórea+ necessidade diária do íon
- metade da necessidade total deve ser infundida nas primeiras 4 horas. o restante nas outras 20 horas
P,lld () pot,lSSI[J rrilliSdU llldXIIlld dldlld
A principal indicação para a utilização de nutrição en- O Qpadro 16.5 apresenta os graus de recomendação
teral ou parenteral é a persistência da perda de peso apesar no tratamento de náuseas e vómitos na gravidez. 20
do tratamento adequadamente instituído.
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nancy. Gastroenterol Clin N Am. 2003;32(1):201- 34.
T
odo sangramento genital durante a gestação é ABORTAMENTOS
preocupante e deve, em princípio, ser consid era-
do anormal. Identificar a sua origem é o primei- CONCEITOS
ro passo para estabelecer-se a conduta adequada.
Na pri meira metade da gravidez os problemas mais Abortamento é a interrupção da gravidez antes da
importantes e que mais frequentemente determinam san- viabilidade fetal. Consideram-se inviáveis fetos com me-
gramento genital são o abortamento, a gravidez ectópica e nos de 20 semanas de idade gestacional ou peso inferior
a doença trofoblástica gestacional. a SOO gramas.'
Outras complicações, menos frequentes, também Abortamento ocorre em 9% das gestações entre mu-
podem determinar sa ngramento genital na grávida. Isso lheres na idade entre 20 e 24 anos, sendo que o risco au-
acontece nas doenças que afetam o colo uterino (póli- menta com a progressão da idade materna, podendo ati n-
pos, cervicites e câ ncer), nos traumatismos genitais (la- gir 75% das gestações em mulheres acima de 44 anos.2
cerações na vu lva e vagina) e na perfuração uterina ou Em geral, a taxa de perda clinicamente detectável é
rotu ra uterina. de cerca de lO a 12% das gestações. A ma ioria das perdas
ocorre antes de oito semanas.Apenas 3% das gestações são Ai'v! EAÇA DEABORTAME TO E
perdidas após nove semanas e 1% após 16 semanas. Apro- ABORTAM ENTO I MI NENTE
ximadamente 0,4 a 1% das mulheres pode ser acometido
por duas ou mais perdas. 2 Constituem-se em quadros muito semel hantes cuja
diferença baseia-se principalmente no seu prognóstico:
enquanto na ameaça de abortamento a probabilidade de
ETIOPATOGENIA interrupção da gestação é de 20 a 30%, no abortamento
iminente alcança 70 a 80%.
A causa mais comum de perda gestacional precoce são O diagnóstico clínico da ameaça de abortamen to é
anomalias cromossómicas. Cerca de 50 a 65% das perdas definido pela existência de sangramento vaginal durante
gestacionais abaixo de 20 semanas possuem anormalidade o primeiro trimestre da gestação. É de ocorrência comum,
cromossóm ica. O tipo de anormalidade pode diferir das podendo apresenta r-se em até 25% das gestantes.
encontradas em recém-nascidos, mas, mesmo assim, as tris- A ameaça de abortamento consiste em sangramento,
somias autossómicas representam 50% das anormalidades geralmente de reduzido volume, que pode persistir por
(em número significativo de casos nos pares 16 e 22).3 dias ou semanas e traduz anomalia decídua! e/o u descola-
A associação entre anomalias uterinas congénitas mento do ovo. As cólicas surgem horas ou dias após o iní-
como causa de perda gestacional no segundo trimestre cio do sangramento. Podem ser descritas como dor lombar
tem sido discutida. A maioria dos estudos é observacio- persistente, associada à sensação de pressão pélvica ou dor
nal. Algu ns estudos sugerem prevalência mais elevada de suprapúbica de intensidade moderada. 1
anomalias mü llerianas em portadoras de abortamento de O abortamento iminente tem sintomatologia mais
repetição (7%) comparadas a controles (2%).4 acentuada: o sangram ento é m ais volumoso e com mais
D istúrb ios endócrinas como diabetes descompensado duração, acompanhado da eliminação de coágulos. As có-
e alterações tireoidianas com repercussão clín ica podem licas são mais constantes e de mais intensidade.1
ser causa de perda fetal precoce. Entretanto, não foi com- Ao exame ginecológico, observa-se o útero aumentado
provada associação de anovulação crónica, hiperprolacti- de volume, compatível com o esperado para a idade gesta-
nemia ou alterações da fase lútea com abortamento.5 cional. Na ameaça de abortamento o colo uterino encon-
A associação de Chlamydia trachomatis, Ureaplasma e va- tra-se inalterado, porém, no abortamento iminente, já se
ginose bacteriana é sugerida em alguns estudos isolados.6•7 observa apagamento e possível dilatação do colo. 1
Metanálise demonstrou que a persistência de níveis ele- Na ameaça de abortamento, o exame ecográfico en-
vados de anticorpos antifosfolípides (principalmente anti- dovaginal pode auxiliar na avaliação do prognóstico ges-
coagulante lúpico) é associada à perda gestacional após nove tacional. Pacientes com hemorragia na primeira m etade
semanas. A mutação do fato r V - fator V de Leiden - carac- da gestação devem ser investigadas quanto à hemorragia
terizando trombofilia congénita foi associada a risco três retrocoriónica. Já foi dem on strado que o volume da he-
vezes mais alto de perda gestacional no segundo trimestre.8 mo rragia retrocoriónica pode predizer a evolução do abor-
tamento. Quando a área de hemorragia é inferior a 60 mi
ou corresponde a menos de um quarto da á rea do saco ges-
FORMAS CLÍNICAS tacional, o prognóstico gestacional é favorável.9
A terapêutica constitui-se basicamente em apoio e
O s abortamentos espontâneos podem ser classificados orientações:1
em ci nco grupos: 1 Repouso relativo com aconselhamento para absten-
Ameaça de abortamento e aborta mento iminente; ção de exercícios físicos exagerados. Não existe evidên-
aborta mento inevitável; cia de que repouso absoluto previna abortamento; 10
abortamento em evolução, abortamento completo abstinência sexual: a ati vidade sexual não é proscrita, en-
e abortamento incompleto; tretanto, orienta-se o uso de preservativos durante o coito;
abortamento retido (Missed abortium)i analgesia: tem por objetivo inibir a sensação dolo-
abortamento de repetição. rosa provocada pelas contrações uterinas;
Condom e Iniciar tão logo volte a ter vida Útil até a definição de método mais Eficácia menor que DIU ou métodos
espermicidas sexual ativa efetivo hormonais
Não necessita de supervisão médica Requer motivação e uso regular
Proteção contra DST Uso relacionado à atividade sexual
Fácil interrupção quando houver
desejo de engravidar I
Diafragma Após abortamentos de primeiro Idem ao condom Idem ao condom
trimestre: uso imediato I
Em abortamentos de segundo
trimestre: aguardar a involução
uterina
• Ant1concepc1
. .o- Iniciar uso, de preferência. no Alta eficácia Requerem uso contínuo e motivação
nais orais dia do abortamento Podem ser iniciados mesmo se houver Acesso ao medicamento
infecção A eficácia diminui com o uso conco-
Não estão subordinados à atividade mitante de outras medicações. como
sexual antibióticos
Anticon- Iniciar no mesmo dia do esva- Alta eficácia Sangramento irregular
cepcionais ziamento uterino Podem ser iniciados mesmo se houver Retorno mais lento da fertilidade
injetáveis infecção após suspensão
Não estão subordinados à atividade Acesso ao medicamento
sexual Retorno médico periódico
Implantes A inserção pode ser realizada Alta eficácia Sangramento irregular ou amenorreia
logo após o abortamento Proteção por período prolongado Menos eficaz em mulheres obesas
Retorno imediato da fertilidade após Custo elevado
a remoção
Uso não relacionado à atividade
sexual
DIU Pode ser inserido após Alta eficácia Aumento do fluxo menstrual e I
abortamentos espontâneos no Proteção prolongada cólicas uterinas
primeiro trimestre sem infecção Retorno imediato da fertilidade Risco de complicações maiores em
associada Não relacionado à atividade sexual casos de DST
Nos abortamentos de segundo
trimestre a inserção deve ser
realizada após 6 semanas
Esterilização Não permitida no pós-aborto Método permanente Procedimento cirúrgico
feminina Alta eficácia
Não necessita de seguimento
IAbstinência Não recomendada no pós-aborto Sem custo Difícil compreensão para o casal
periódica
Adaptado de Benson. 26
O Q uad ro 17.3 mostra os principais fatores de risco da A evolução da gravidez tu bá ria vai depender do local de
30
gestação ectópica. implantação do zigoto. Nas regiões m ais d istais da t rompa
(fi mbrial e am pula r), frequentemente há o aborta mento
tu bário. A implantação em regiões mais delgadas pode le-
GRAVIDEZ ECTÓPICA TUBÁ RIA var à rotura mais precocemente. São possíveis evoluções da
gravidez tu bária:
As tubas uteri nas constituem a localização ma is fre- Morte e reabsorção do embrião: devido ao suprimen-
quente de gravidez ectópica: entre 95 a 99% dos casos. to sangu íneo deficiente para o desenvolvimento da
A implantação do ovo pode se dar em gualquer seg- gravidez, pode ocorrer a morte do embrião com re-
mento das trompas (Figura 17.6). Na região am pular acon- absorção do mesmo em fases precoces d a gestação,
tece em 79,6%; na região íst m ica, em 12,3%; na fi mbria l, com da nos m ínimos à saúde da mãe.
Infecção genital prévia confirmada 5.4 14.1 - 7,2) 3.4 12.4 - 5,0) l
Aborto prévio 1~3) 4.7 12.5 - 8,8) 3,011.3- 6,9)
Aborto induzido prévio 1~2) 3,0 11.7- 5,3) 2,8 11.1 - 7,2) !
Passado de tabagismo 2,5 11.8- 3.4) 1.5 11.1 - 2,2)
Tabagismo atual 1~ 20 cigarros) 3.7 12.8 - 5,0) 3,9 12.6- 5,9) I
Idade maior que 40 anos 5.7 13.2- 10,2) 2.9 11.4- 6,1) I
Uso prévio de DIU 1,611.3- 2,0) 2.411.2- 4,9) I
Gravidez ectópica prévia 8,3 16.0 - 11.5) - I
Doença tubária documentada - 3.7 11.2- 4,8) I
Cinco ou mais parceiros sexuais 1,6 11.2- 2,1) NS I
hgur.1 1-.-~ . \ - Lltr.l'>\l'lll'~r.di.l lllt''tr.ullk' 111.1'-'>·1 .ule\1.11 ~'r''\1111.1 Jl, '" .llll'- H- I )''f'plcn·do.:JI11l'tnJ llll''tr.111do Jupl,'
.1ncl ,-,1~cul.!r 110 ,lfll'\ll ú'I'J''' lute,, lll' OY,lrll' l' gr.n·ldl'L tu b.ll'l.ll~l\d,ltCrJl I l'l f'clSJIIcl 2<'2
Q1adro 17.5 IÍndice orientador do tratamento sistêmico com metotrexato (índice de Elito-Camano)
Parâmetros Pontuação
o 1 2 I
13-hCG (mUI!ml) > 5.000 1.500 - 5.000 < 1.500 I
Aspecto da imagem Embrião vivo Anel tubário Hematosalpinge I
Diâmetro da massa (cm) >3,0 2,6-3,0 ~ 2,5 I
!
~-hCG quantitativo
1
~-hCG Positivo ~-hCG Negativo
T
Ultrassonografia transvaginal (USTV) Diagnóstico Diferencial
Gravidez intrauterina
I
~-hCG < 1.500 e
~·~~-hCG ~ 1.500 e
gravidez em local gravidez em local
desconhecido desconhecido ou Gravidez Ectópica
Pré-Natal massa anexial
Tratamento Tratamento
~-hCG decrescente ~-hCG ascendente ou estável clfnico ou cirúrgico
cirúrgico
expectante
~-hCG seriado
(a cada 48 horas)
1 Nota s: 5
fndice de
Elito-Camano
Repetir USTV semanalmente
ou quando ~- HCG ~ 1500 Nota > 5
Metotrexato
~-hCG dobrando ~-hCG aumentando menos
a cada 48 horas + que o dobro a cada 48 horas
Saco gestacional e/ou massa anexial
tntraútero
Gravidez intrauterina
Pré-natal
Figura 17. 1OJ Fluxograma de conduta na paciente com suspeita de gravidct cctópica íntegra.
GRAVIDEZ ABDOMIN A L
primariamente na trompa é abortado para a cavidade .lb-
O ovo implanta c de envolve- e na cavidade abdomi- dominal c aí continua seu de envolvimen to.
nal. I o acontece quando o óvulo expulso do ovário cai É ba "tantc rara. Sua incidência é de um para 8.000 par-
na cavidade abdominal onde é fecundado ou então o ovo tos c de 1,4"'<> entre as gc taçõcs ectópica~. \()
Doença trofoblástica gestacional (DTG) engloba gru- Muitos estudos têm relacionado a DTG à idade na pri-
po heterogêneo de lesões carac terizadas por proliferação meira gestação, abortos prévios, intervalo intergestacional
anormal do trofoblasto. A conduta na DTG é principal- e história de infertilidade. A mola hidatiforme parece ser
mente clínica e indepcnde, na maioria da vezes, de d iag- fator de risco de mola de repetição, estando aumentado em
nóstico histológico. Considerando a grande dificuldade cincoa !Ovezcs.' 4·55
de padronização da nomenclatura, a O rga nização Mun- Gestação gemelar pode, também, aumentar o risco de
dial de Saúde (OM S, 2003)' 4 recomendou a classificação mola hidatifonn e. Existe alto risco cm usuárias de contra-
histopatológica apresentada no Quadro 17.7. cepção hormonal oral - sendo este relacionado à duração
do uso da mesma.54
Quadro 17.7 I Classi ficação histopatológica da doença
trofoblástica gestacional (OMS)
FATORÉTN I CO
Mola hidatiforme
completa
parcial Diferenças geográficas podem ser devidas a fàtores am-
Mola hidatiforme invasora bientais, cultu rais, sociocconômicos ou raciais. A incidên-
Coriocarcinoma cia em países asiáticos tem declinado, sendo este fato as-
Tumor trofoblástico do sítio placentário sociado a mudanças de estilo de vida e comportamento. 54
lesões trofoblásticas (miscelânea)
®
mola familiar e/ ou de repet ição 5 •
~®:®
ÜUT ROS FATOR ES
I
Figura 17. 11 Mola hidatiforme completa, androgenética.
ASPECTOS CROMOSSÔMICOS DA
MOLA HIDATIFORME
®
A s molas completas são lesões diploides, com cariótipo
46,XX, que é o mais comum. Todos os cromossomas são
paternos (Figura 17.11). Ocasionalmente, encontra-se um
padrão tetraploide ou triploide. Se um feto está presente, G\
-+V-
TRIPLOIDIA
'@
Figura 17.121 Mola hidatiformc parcial, co m cromossomas
materno e paterno.
CLASSIFICAÇÃO
DIAGNÓST ICO
D IAGNÓSTICO
A B
Diagnóstico de DTG
I
F
l
I Mola hidatiforme Mola invasora Coriocarcinoma Tumor trofoblástico
Completa ou do sftio placentário
Parcial
I
I Avaliação: ' Considerar
- Clfnica histerectomia
- Laboratório
- Ultrassonografia
- Dopplervelocimetria
- Raio Xtórax
- Tomografia
Estadiamento e
Escore prognóstico
I
Estadiamento r . Poliquimioterapia
TIG Baixo risco Alto nsco Cirurgia
Radioterapia
gramcnto, sendo facilmente diagnosticados e removidos spontaneou abortion. lnfect Ois Obste!Gynecol. 1998;6:8-12.
durante o exame especula r. 7. Ralph SG. Rutheford AJ Wilson J D. lntluence ofbacterial ,·a-
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O câncer de colo uterino acomete uma a cada 2.000 a
a cohort study. BMJ. 1999;319:220 1.
2.500 gestações c seu diagnóstico precoce c correto esta-
8. Robertson I, Wu O, Langhornc P, TW,tdh: S. Cla rk P, Lowe
diamcnto sjo fundamentais no tratamento das pacientes. O, et ai. ·lhrombophili.t in prcgnancy: a systcmatic rcview.
O sangramcnto genital pode ser um dos primeiros sinto- BJH. 200· ;1365:2-26.
mas e o papel do obstetra em detectar a doença é ainda 9. Fleischer CA, Kepplc DM. Transvaginal Sonography ofb rly
mais importante, quando se considera que grande parte Ontrauteine Pregn.mcy ln: Fleischer CA, Mann ing F,Jeanty
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da nossa população tem dificuldades de acesso aos servi-
mford: Churchill Linvigstone; 200 1. p. S3-82.
ços de saúde. A oportunidade de diagnóstico mais precoce 10. Aleman A, Althabc F, BdilanJM, Bergcl E. Bed rc t durinn
não deve ser perdida. Para mais informações, ver capítulo pregnancy lor preventing miscarriagc. Cochranl' Oatabasc
42 - Câncer do colo uterino. S)•St Rev. 200.S Apr 18;(2):CD003576.
11. Wahabi HA, Althagati NF, Elawad M. Progcsteronc for trc-
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As lacerações na vulva e vagina podem ser causadas por miscarriagc in thc fi rst trimester: a systcmatic review. HJOG.
relação sexual, introdução de corpos estranhos ou trau mas 20 10;117:245-2.
(queda a cavaleiro). A anamncse e o exame ginecológico 13. Brasil. Ministério da Saúde. Sccrctari.l de Atenção ii s ,,úde.
comprovam a origem do sangramento. Departamento de Ações Progr.11n.ltic.1~ Estratcgic.ts. Aten-
ção Hum,llliz,lda ao Abortamento: norma técnic.1. Br,1sliiJ:
O sangramento pode ser intenso e a sutura da lacera- Ministério d,, Saúde; 200S.
ção soluciona o problema. 14. Luise C, Jcrmy K, May C, Costello G. Coll in> W P, Bou rnc
Em Gtsos mais graves, principalmente após a introdu- T H. Outcome of expcctant managcmcnt of spont.meous
ção de corpos estran hos na tentativa de provocar aborta- firsttnmester miscarriagc: obscrv.ll ion.ll tudy. Br Med J.
mento, pode haver perfuração e até mesmo rotu ra uterina. 2002;324:873-.S.
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Nessas situações, além do sangrarnento genital, ocorre
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s hem o rragias continuam a ser uma das mais A história de sangramento na gravidez deverá ser sem-
PLACENTA PRÉVIA
Figura 18.5 Jlmagcm de ultrassonografia transvaginal mostrando: A - Placenta prévia parcial. B - l)lacenta com implantação baixa.
Qyadro 18.3 I Diagnóstico, conduta e complicações da placenta prévia, descolamento prematuro de placenta, rotura de seio
marginal e rotura uterina
Placenta Prev1a Descolamento Rotu ra do Ro tura Utenna
Prematuro da Placenta Se1o Marg1nal
Sangramento Súbita. abundante, Pequena quantidade. contí- Periparto em pequena Súbita. abundante.
genital vermelho vivo. cessa nua, com sangue escuro OU quantidade. contínua contínua
espontaneamente sangramento intrauterino
~ Dor abdominal Sem dor abdominal Súbita, forte. contínua. Discreta Forte e súbita. que
persistente cessa abruptamente
Tônus uterino Normal Hipertonia uterina Própria do trabalho de Parada de contra-
persistente parto ções após hipertonia
Condições fetais Sem alterações Sofrimento ou óbito Sem alterações Sofrimento ou óbito
Ultrassonografia Placenta no segmento Área de descolamento. Diagnóstico definitivo Partes fetais fora do
inferior do útero hematoma retroplacentário após a saída da placenta útero
Conduta Gestação pré-termo: Sempre resolutiva Condução do parto Sempre resolutiva
expectante.
Gestação a termo:
resolutiva
Complicação grave Sangramento Útero de Couvelaire. Nenhuma relacionada ao Discrasia sangufnea.
persistente discrasia sangufnea quadro histerectomia
Nos casos cm que a placenta recobre totalmente o orifí- Uma das complicações mais sérias da placenta prévia é
cio interno do colo, a opção é a cesariana, devido ao risco de o acretismo placentário. Nessa condição, a placenta adere
hemorragia e descolamento de placenta. Nas pacientes bem de forma anormal ao útero, devido à invasão mais pronu n-
controladas, a cesariana pode ser agendada para 39 sema- ciada do trofoblasto. Na placenta acreta, a invasão trotoblás-
nas. Cuidados especiais devem ser tomados nas placentas tica se estende, na decídua, além da fronteira normal, esta-
anteriores, principalmente em pacientes com cesárea pré- belecida pela camada fibrinoide de Nitabuch. Invasão mais
via, devido ao risco de acrctismo na cicatriz da h isterotomia. profunda, atingi ndo o miométrio, é cha mada de placenta
Em pacientes com sangramento e necessitando de hos- increta e a invasão que vai além do miométrio, ati ngindo a
pitalização c transfusão, a cesariana pode ser realizada, se serosa do útero e, algumas vezes, órgãos adjacentes como
possível, após 34 semanas de gestação. Em casos de hemor- a bexiga c os intestinos, é chamada de placenta percreta. A
ragias maciças cm idade gestacional inferior, a mãe deve ser placenta acreta pode levar à hemorragia obstétrica maciça,
estabilizada por pelo menos 48 horas antes da cirurgia, requerendo, muitas vezes, a realização de histcrectomia.
tempo suficiente para que seja realizada a corticotcrapia A placenta prévia é um dos principais fatores de risco de
para amadurecimento do pulmão fetal. acretismo placentário, com a incidência passando de I em
B
ROTURA UTERINA
Figura 18.7 1 Imagem de ult rassonografi a transvaginal
demonstrando placenta prévia increta.
A - Observa-se ausência de miométrio entre a placenta c a A rotura uterina é emergência obstétrica com ex pressi-
parede da bexiga, com presença de lago placentá rio atípico. va morbimortal idade materna e fetal. Tem ocorrência ma is
B- Mesma imagem com o auxílio do power dopp!et; demons- exacerbada após 28 semanas de gestação c du rante o parto.
trando vasc ularização anômala entre a placenta e a bexiga. A incidência é de 1:2.500 p;-trtos. Segundo Lynch e Pardy, •r.
Ver Prancha Colorida. a incidência de rotura uterina é de 0,05%.
Composição D iagnóstico
Conduta
Formação
Prognóstico Materno-fetal
Reabsorção e Circulação
Oligoidrâmnio
Volume Etiologia e Fisiopatologia
Avaliação do Volume Diagnóstico
Ultrassonografia Conduta
Amniocentese Prognóstico Materno-fe tal
Polidrâmnio Líquido Amniótico Meconial
Etio logia Evidências
N
o passado, acreditava-se que a fun ção do cas c d a infecção intraútcro, assim como a ava liação da ma-
líquido amniótico (LA) era a nutrição d o turidade pulmonar.
embrião. Nada se conhecia sobre sua for- O vo lurne de líquido amniótico é dos parâmetros fu nda-
mação, fun ções, com posição c reabsorção. mentais no contexto da vigilância da vita lidade fe tal. As suas
Com o advento da propedêutica invasiva, J cJvidade am - alterações (oligoidrâmn io e polidrâmnio) estão associadas a
niótica foi desvendada. Foi Henckel (1919) o primeiro a em- aumento na morbidade e mo rtalidade peri11atais.
prega r a amniocentcsc transabdo minal para fi ns propedêu-
ticas. Sabe-se, hoje, que o LA apresenta importante papel no
crescimento e desenvolvimento do embrião, possibil itando a COMPOSIÇÃO
movimentação do feto c protegendo-o contra traumatismos.
Além d isso, favorece o c qui Iíbrio térmico, P·' rticipa da ho me- No iníc io da gestação, o líquido amniót ico é a extensão
o tase de flu idos c eletrólitos, au xilia no desenvolvimento do da matriz extracelu lar fetal, ocorrendo difusão entre o feto c
pulmão fetal, revela importantes informações concernentes à o compartimento extracelu lar. Sua composição é, predom i-
vital id,tde e maturidade do feto, bem como d istribui, ho mo- nantemente, de 98% de água c 2% de elementos sólidos, or-
geneamente, a pressão resulta nte das metrossístoles durante gâ nicos c inorgânicos. Tong et a/.1 demonstraram que o líqui-
o trabalho de parto. Portanto, entender a função do líquido do amniótico não é apenas resultado da filtração sa nguínea,
amniótico contribui para o melhor entendimento do desen- mas um líquido com características próprias. Os eletrólitos
volvimento embrio nário, do d iagnóstico de doenças genéti- e a pressão osmótica na primeira metade da gravidez apre-
sentam a mesma composição observada no sangue materno urinárias, d a cavidade oral, das vias aéreas e até célu las dava-
e no cordão umbilical, mas substâncias orgânicas possuem gina, no caso de sexo fem inino.
diferentes concentrações, sendo o fe to o principal produtor Além disso, m icrorganismos podem habitar a cavidade
desses componentes. amniótica. A detecção pré-natal perm ite a administração
Ao estudarem a composição bioquím ica do líquido am- dos antibiót icos específicos, d iminuindo a mortalidade pe-
n iótico, Oliveira et af.2 relataram estreita associação entre a rinatal. Observou-se que, cm 4 1 gestantes com membranas
dosagem de creatinina e a maturidade renal fetal, ressaltan- intactas, 9,8% apresentaram cultura do líqu ido amniótico
do que, à medida que a concentração de creatinina aumenta positiva, sendo alto o índice de infecção int rauterina assin-
no LA, mais probabilidade existe de maturidade renal fetal. tomática por micoplasmas, cm especial Ureaplasrna urealyti-
Outros eletrólitos (cálcio, magnésio, ferro, zinco, potássio) cum, seguido por Mycoplasma hominis e Peplostreptococws sp. 5
não se alteram sign ificativamente com a evolução da gravi-
dez. Por outro lado, à medida que a gravidez ava nça, as con-
centrações de sódio e cloro d iminuem. A creatinina e o ácido FoRMAÇÃO
úrico aumentam progressivam ente, enquanto a ureia penna-
nece inalterada. Encontram-se ainda no LA aminoácidos, O s mecanismos de produção e reabsorção do líquido
lipídios, carboidratos, pigmentos biliares, prostaglandinas, amniótico variam de acordo com a idade gestacional. No
enzi mas, fatores de crescimento e marcadores tumorais. início da gestação (primei ro trimestre), o líqu ido amn iótico é
Po r isso, a dosagem bioquímica de alguns elementos po- isotón ico em relação ao sa ngue fetal e materno, representando
derá ser de importância na prática obstétrica. To rricel li et ai. transudato do trofoblasto. A principal fonte de líquido amni-
avaliaram d iferentes marcadores no líquido amnió tico em ótico, nessa fase, é a membrana amniótica. Líquidos e solutos
pacientes com trabal ho de parto pré-termo e observara m atravessam a membrana através de gradiente osmótico.
dim inuição impo rtante da urocortina no líquido amniótico No final do primeiro trimestre, a pele fetal é permeável à água
dessas pacientes. O mecan ismo de ação da u rocortina rela- e solutos, permitindo a troca di reta entre o feto e o líquido amnió-
3
cionado com o trabalho de parto ainda está sendo estudado. tico. Após a queratinização da epiderme, a partir da segunda me-
Baquero el a/. 4 associaram a diminu ição da glicose no lí- tade da gravidez, reduz-se a passagem da água através da pele fetal.
quido amniótico à infecção intra-amniótica em pacientes em No segundo e terceiro trimestres, os rins feta is corres-
trabal ho de parto pré-termo, enquanto Casteneda el af.S verifi - pondem à ma io r fo nte de LA. Por isso, obstrução na excreção
caram elevação de desidrogenase lática (LDH) no LA na pre- da urina determina oligoid râm nio.
sença de corioamnionite. As fosfolipascs A 2 e C, produzidas Os pu lmões fetais também contribuem para a fo rmação
pelas bactérias existentes na corioamnionite, encontram-se, do LA. O fluido se move dos pu lmões em dircção à garganta
ta mbém, na membrana amniótica, sendo liberadas em respos- fetal, podendo ser deglutido ou eliminado pela boca, alcan-
ta à invasão bacteriana. A partir daí, são ativadas as prostaglan- çando a cavidade amn iótica. Além disso, sendo o plasma fetal
dinas Fralfa e E2, estimulando contrações. Além disso, outros h ipertôn ico em relação ao Iíqu ido, permite a passagem de água
produtos, como leucotrienos e tromboxano, atuam causando dos capilares brônquio-alveolares para a cavidade amniótica.
necrose focal. Essas reações locais enfraquecem as membra-
nas, predispondo-as ao rompimento e ao parto pré-termo.
Assim, a elevação da dosagem de desidrogenase lática REABSORÇÃO E CIRCULAÇÃO
( LDH) no líquido amniótico pode ser considerada um marca-
dor de lesão das membranas amnióticas. Estudo rea lizado por A reabsorção do líquido amn iótico ocorre, principalmen-
Uchide eta/.6 sa lientou a possibilidade de aplicação diagnóstica te, pela deglutição fetal (mucosa do t rato gastroi ntestinal). A
da dosagem de LDH em pred izer a extensão de lesão tecidual deglutição feta l inicia-se em torno de 16 semanas de gestação
de membranas induzida pela replicação do vírus da infl uenza. 6 e a guantidade de líquido amniótico absorvido aumenta pro-
No liquido amniótico, encontram-se, em suspensão, cé- gressiva mente. Por isso, a obstrução do aparelho gastrointes-
lulas esfoliadas do âmnio que, por descamarem normal men- tinal poderá resultar em polid râmnio.
te em ritmo reduzido, são pouco representativas. Também, O utra possibilidade é a absorção do flu ido através do âm-
podem ser encontradas células fetais d a epiderme, d as vias nio e da rede capilar da placa corial.
A VALIAÇÃO DO VOLUME
ULTRASSONOGRAFIA
AVALIAÇAO I ~IIQLAi\:TITATI \ \
Atualmente, utiliza- e o índice do líquido amniótico Figura 19.2 1 Medida ecogdfica do ma ior bolsão do LA
(ILA), criado por Phcl,1n et af.Y Es es autorc propu~cr3m a cm doi quadrante . O valor do ILA corresponde .i soma da
avaliação do volume do LA por meio da med id;~ ecográfica medidas dos quatro quadra ntes.
8.0
-- 8.7 13.3 20.2 22.0
18 I
-- -
19 8.3 9.0 13.7 20.7 22.5 _j
20 8.6 ,___ 9.3
-- - 14.1 21 .2
-
23.0
--
21 I 8.8 9.5
-- --
14.3 21.4 23 .3
-- ~I
22 8.9 9.7 14.5 21 .6 23.5
-- ---
23
24
25
9.0
9.0
8.9
9.8
9.8
9.7
14.6
14.7
14.7
21.8
21.9
22.1
+ 23.7
--
23.8
24.0
_ j
-J
26
1---
8.9 9.7
- --
14.7 22.3 I 24.2 _I
27
28
8.5
8.6
I 9.5
9.4
-
14.6
14.6
~~24.95 -
-
29 8.4 9.2 14.5 23.1 25.4
- --
30 8.2 9.0 14.5 23.4 I 25.8
-
31 7.9 I 8.8 14.4 23.8 26.3
~
36 6.8 7.7
-
13.8 _j_ 24.9 27.9
--
37 6.6 7.5 13.5 24.4 27.5
38 6.5
- r-
7.3
-
13.2 23.9 26.9
--
-· J
39 6.4 7.2 12.7 22.6 25.5 _ j
-
40 6.3 7.1 12.3 I 21.4 24.0
·--
L - i
-i
41 6.3 7.0 11.6 19.4 21.6
-
42 I 6.3 6.9 11.0 17.5 19.2 _I
Fonte· Moore & Cayle 9
-- --
líquido em período relativamente longo, podendo alcançar
300
····-...'..
O diagnóstico d iferencial do polidrâmnio inclui: erro de
200
/
.--... .. .. ... .. .. .. ------------- ~
100 .... ·:.:: :.:.-:.:::.:: ::-:..:-::.. .. .. .. ....... .... -........ . Q!Iadro 19.3 1 Alterações associadas à polidramnia
50
----- · ÜIICJP.Ill Causfls
Materna Diabetes I
o +T~~_,~r-r-r-~~,_~-r-r~
16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 lsoimunização I
Semanas de Gestação
Placentária Placenta circunvalada I
Fig ura 19.3 1 Curva do ILA: As linhas tracejadas externas Corioangioma I
representam os percentis I e 99; as linhas internas os percen- Fetal Obstrução das vias digestivas I
tis 5 e 95; a linha central, o percent ii SO.
Deglutição fetal dificultada por anomalias do SNC
Compressão esofágica por massas torácicas
I
Quadro 19.2 Principa is doenças metabólicas e in fec- (inclusive hérnia diafragmática)
ciosas fetais que podem ser d iagnosticadas pela análise do
líquido amniótico
Anomalias cromossOmicas l
DoenccJs Orilgrlostrco
Distrofia muscular !
Poliúria fetal I
Metabólicas Galactosemia I Transfusão feto-fetal na gravidez gemelar I
Acidemia propiOnica I Insuficiência cardiaca com alto débito I
Acidemia metilmaiOnica
I Anemia fetal I
Acidemia isovalérica I Infecções congênitas (sifilis, hepatites) I
Acidúria glutárica tipos I e 11 ! SNC=Srstema Nervoso Central
Fonte: Belfort.•
Tirosinemia tipo I !
Déficit múltiplo da carboxilase mevaiOnica S INTOMAS
Infecciosas Toxoplasmose
I Depende do volume uterino e da velocidade de cresci-
Rubéola !
I
mento. O aumento gradativo pode ser bem tolerado. Nos
Citomegalovirus
l casos mais g raves, aparece d ispneia acentuada, acompan ha-
da por taquicardia, palpitação, cia nose e edema de membros
in fe riores. H á desconforto c dores difusas no abdome.
DIAG N ÓSTICO
EX AME F íS ICO
O polid râ mnio agudo é caracterizado pelo acúmulo relati-
vamente rápido de líquido am niótico, em poucas horas ou d ias, O exa me revela o acentuado aumento do volu me uteri-
com incremento brusco do volume uterino. Tem mortalidade no e a pele do abdome torna-se d istendida, lisa e brilhante,
perinatal elevada, associando-se a anomalias fetais e a parto podendo surgir estrias extensas. Há edema nas porções mais
pré-termo. baixas do abdome.
CONDUTA
PROGNÓSTICO MATERNO-FETAL
O sucesso na conduta dependerá de vá rios fatores: ida-
de gestacional, anomalias fetais e sintomatologia matern a. O prognó tico materno é relativa mente bom, sendo o obi-
os fetos com anomal ias incompatíveis com a vida, poderá tuário semel hante ao da gestação normal. Podem ocorrer pro-
ser discutida a possibilidade de interrupção da ges t.tção, em blcn1Js no trabalho de parto por hipossistolia, devido à grande
benefício materno. distensão uterina, e hemorragia graves no quarto período.
Nas pacientes com sintomatologia grave, com feto mor- O prognóstico fetal é pior, com elevado obituário perina-
fologicamente normal, opta-se pela internação da paciente e tai. Isso ocorre não apenas pela prematuridade, mas também
repouso no leito, na tentativa de equi librar as cond ições he- pelas malformações e doenças as ociadas. Estudo realizado
modinàmica . Pode-se tentar o esvaziamento do polidràm- cm 1999 encontrou que os dois principais fatores de risco fe-
nio através de amnioccntese transabdomi na l, bem como tal foram o parto pré-termo ( I0,47%) e a rotura prematura de
a utilização de medica mentos que reduzem a produção de membranas (3,49%). A morbidade e mortalidade perinatal
urina feta l. encontradas fora m 70,9 e 17,4%, respectivamente, associa-
A amniocentcsc tra nsabdomina l para redução do vo- das a macrossomia, prematuridade e malformaçõcs. 18
lume do LA deve ser realizada com rigorosa técnica de as-
scpsia e guiada pela ul trassonografia. O volume máx imo a
ser esvaziado cm 24 horas deverá ser cm torno de 1.500 a ÜLIGOIDRÂMNIO
2.000 mi. Es c c vaziamento deve ser realizado de forma
lenta, conectando-se equipo de oro à agulha ou jelco loca- Conceituaimente, oligoidr:im nio é a di minuição do vo-
lizado no abdome materno, de forma que o esvaziamento lu me de líq uido amn iótico, ou seja, volu me de LA menor
I
Quadro 19.5 Evidências sobre o líqu ido amniótico ( LA)
Composrcao
LA = Uquido amniótico.
ILA = fndice do Líquido Amniótico.
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A placenta normal de gestação a termo tem form:t ha- A placenta volumo a e pesada (pe o acima de 6 Og na
bitualmente di coide ou ovoide, com variações que não ge tação .1 termo) pode er indicativa de diabetes. Quan-
nccessari:tmcnte representam alterações patogenicas. A do, além disso, for pálida c com nítidos si nais de edema -
superfície feta l é revestida pelo :imnio, normalmente fino, fria bilidadc dos cotilédones e com líquido fl uindo da placa
liso, brilhante c tr:tnsp:trente, ob o qual se ob erv:t o có- vilos.t o feto é, cm geral, hidrópico, seja cm consequência
rion, onde correm o va o coriônicos ou ala ntocoriai , de isoi rnun ização materno-fetal, quando a hidropi~ia feto-
derivados do cordão umbilical a partir do seu ponto de -placentária pode e r extremamente grave, sej:t na hidropi-
inserção, mais cornumentc excêntrico ou paracentral (Fi- sia não imune de qualquer causa.
gura 20. 1). As membranas se inserem na margem do di co Pl.tcent,ls pequenas estão presentes em casos de cres-
pLtcentário e são representada por àmn io c córion, ao cimento intrauterino restrito, quando e a ceiam fre-
quais c adere :l decídua cap ul,tr. A face materna - cm con- quentemente a outr.1s alterações do parênquima.s
tato com o leito de inserção da placenta é rcpre entada
pela placa bas:-~ 1, constituída por fina camada de material
fibrinoide c decídu :-~ basal, podendo ou não ser total ou ANOMALIAS DE FORMA E I MPLANTAÇ ÃO
parcialmente dividida em cotilédones ("lóbulos" dividi-
do por septo que partem da placa ba ai). Tem coloração A forma da placenta pode va riar de ,tcordo com as con-
normalmente vermel ho-e uro, brilhante, podendo conter dições do eu leito de impl.tntação. 1 ão é rara a pre cnça
focos esbranquiçados de calcificação. O cordão umbilical, de lobos placentas bi lob:-~das, multilobadas - em geral
em geral com comprimento de cerca de 50 cm e di.! metro separados do di co principal por uma área de membrana
médio de 1,0 cm, tem geleia esbranquiçada c três va os onde correm vasos cal ibrosos. Tais vasos, de providos
- dua · artérias e uma veia. Entre a face fetal e materna, do suporte oferecido pelo parênguima placentário, ~:io
·itua- ·c a placa vilo a, representada pelos troncos viloso e suscetívei · de compres ão por partes fetais ou de rotura,
vilosidades coriõnicas (onde circula o sangue fetal, prove- à maneira do que ocorre com a inserção velamcntosa do
niente dos vasos coriônicos) e o espaço interviloso (onde cordão umbil ical, com consequências sobre a saúde do
ANOMALIAS D[ I NSERÇÃO
ALTERAÇÕES VASCULARES . -
~
São decorrência de distú rbios tanto na área de circula- Figura 20.9J Arteriopatia decidual. Microfotografia de corte
ção do sangue materno - vasos útero-placentários e espaço histológico de leito placentário em caso de pré-eclâmpsia, mos-
interviloso - quanto em vasos fetais (coriônicos) ou, ainda, trando necrose fi brinóide e macrólãgos espumosos na parede
relacionados a edema do parênqu ima viloso. de arteríola cspiralada. \ler prmrclra f'rclllclra colorida.
ALTERAÇÕES INFLAMATÓRIAS
CO RIOAMN IONITEAGUDA
Figura 20.10 I Cordão umbilical na infecção por Car!dida
Na maioria das vezes, é associada a infecções bac te- albicans. o ta r pontilhado esbranquiçado na superfície.
rianas ascendentes, também chamadas transam nióticas, Ver Pm11clza Colorida.
que atingem a cavidade amniótica via canal cervical, com
membranas rotas ou aparentemente íntegras. A rotura das V I LOSIT!o
membranas pode se dar já na vigência de inflamação das
mesmas e está relacionada a fatores ainda pouco desvenda- Infl.1mação focal ou difusa do parênquima viloso é
dos, entre eles a ação da fibronectina, de prostaglandinas e frequentemente indicação de infecção hematogênica, tam-
o equilíbrio entre as proteases leucocitárias e bacterianas. bém chamada transplacentária, que atinge a placenta pelo
A corioamnionite é causada por várias bactéri as anacróbi- espaço interviloso e causa inflamação das vilosidades cori-
cas e aeróbicas, sendo mais frequente a infecção por ente- ônicas, de intensidade e morfologia que podem variar con-
robactérias, Staphylococcus coagulase-positivos, Esdrerichia fo rme o agente infeccioso e a fase da infecção. No entanto,
coli, fuso bactérias e Neisseria go11orrlroeae. Streptococws a maioria das inflamações crónicas de vilosidades observa-
beta-hemolíticas do grupo B são causa de pneumonia ne- das na prática cotidia na do patologista representa processos
onatal grave. Ultimamente, tem sido mais diagnosticada a de natureza não infecciosa (vilosite crônica de etiologia não
in fecção por Mycoplasma hominis, Chlamydia trachomalis e determ inada).
Ureaplasma urealiticum. A Listeria mo11ocytogenes é respon- Em vá rias vilosites infecciosas, o aspecto histológico
sável por infecções tanto ascendentes quanto por via he- pode ser muito semelhante (proliferativa, nccrótica, repa-
matogênica. Além de bactérias, a corioamnio nite também rativa, fibrosante) e o agente etiológico não é detectado, o
pode ser causada por vírus (herpesvírus) e fungos como a que leva à necessidade do uso de métodos como cultura,
Candida sp, quando os focos inflamatórios aparecem ma- inoculação animal, microscopia eletrônica c técnicas de
croscopicamente como um pontil hado esbranquiçado na biologia molecul ar. 12
superfície fetal das membranas e, mais caracteristicamen- Os agentes etiológicos podem ser vírus (citomega-
te, do cordão umbi lical (Figura 20. 10). lovírus, rubéola, parvovírus 819, HI V, herpes simplex),
A corioa rnnionitc aguda caracteri za-se microscopica- bactérias (Treponema pallidum, Listeria monocytogenes)
mente por infiltrado inflamatório de polimorfonucleares e protozoários (Toxopla sma gorrdii, todas as espécies de
neutrófi los no âmnio e no córion, de intensidade vari ável, Plasmodium nas áreas endêmicas de malária e o Trypa-
podendo se acompanhar de necrose, m icroabscessos e vas- nosoma cmzi) (Figura 20.11). Na infecção por Listeria
culite, com trombose. Os agentes microbianos nem sem- ocorrem vilosite e intervilosite agudas, com tendência 3
pre são visíveis, mas podem ser faci lmente encontrados, formação de abscessos que podem ser vistos m acroscopi-
como no caso da Listeria, vista no epitélio amniótico. camente apenas na superfície de corte da placenta. Ainda
Seu significado clínico é de gravidade variável, sendo na infecção por Listeria, bem como por Treponema e por
causa frequente de aborto tardio c de prematuridade, além certos vírus, a vilosite acompanha-se de corioamnionite;
É considerada at ualmente a doença trofoblástica ges- Constitui forma rara de doença trofoblástica gestacio-
tacional mais comum e se forma geralmente a partir de nal e foi descrito em 1976 com o nome de "pseudotumor
um concepto triploide, de origem diàndrica, ou seja, de trofoblástico".16 Origina-se do trofoblasto intermediário e
um erro de fertilização em que um óvulo é fertilizado por é antecedido, em geral, por gravidez a termo, podendo se
dois espermatozoides. 14 Neste caso, desenvolve-se um manifestar até vários anos depois, tendo sido relatado em
embrião com anomalias variáveis, as quais, ju ntamente qualquer idade do período reprodutivo. Na maioria dos
com as alterações observadas na placenta, podem formar casos, tem comportamento benigno, mas metástases são
um quadro morfológico que indica o diagnóstico de tri- relatadas em lO a 15% dos casos. 1s O tumor cresce como
ploidia, na impossibilidade de realização de cariótipo. Na pólipo na cavidade uterina, mas também pode ser visto
maioria das vezes, no entanto, o embrião é perd ido pre- como massa intramiometrial expansiva ou infiltrando-se
cocemente c apenas restos autolisados estão disponíveis no miométrio difusamente. É constituído por ninhos de
O tumo r primário não trofoblástico ma is comum na pla- Em bora a placenta seja alvo potencial da d issem ina-
centa é o corioangioma (hemangioma, ham;1rto ma vascular), ção, po r via sangu ínea, de neoplasias a partir de dois or-
cuja incidência méd ia é de l:1.194 gestações, com acentuada ganismos, materno e fetal, tumores metastáticos não são
va riação nos diversos relatos, de acordo com a amostragem do comuns, por se tratar de g rupos e tá rios o nde os tumo res
parênqu ima placcntário. 1i Único (8S% dos casos) ou múltiplos malig nos são incomun s. Vale també m observar q ue é a in-
(dois a quatro tumo res), os corioangiomas podem apresentar da mais ra ro o encontro de metástases placentá rias no seu
d imensões que variam de microscópicas a volumosas e, quan- conceito mais estrito, ou seja, o da colonização c infi lt ração
do suficientemente grandes, podem ser vistos à ultrassonogra- do parênquima do órgão. A m aioria dos relatos e refere a
fia como massas nodulares hipoecoicas. êmbolos neoplásicos no espaço intcrvi loso ou na luz deva-
São tumo res benignos, em geral sólidos, fo rmados pela sos coriô nicos c intravilosos.
proliferação de ca nais vasculares - capilares, sinusoida is
ou cave rno o - em meio a tecido conju nt ivo c estão pre-
sentes predominantemente no disco placentá rio, nas se- TU MO RES Dr ÜR IGE M FETAL
gui ntes loca lizações:
parenquimatosa: na espessura do parênquim a, geral- O tumor sólido maligno congênito mais comum é o
mente cm posição central; neuroblasto ma, mas o nú mero de relatos de metástases
margir1al: na borda placentária, c rescendo em d ire- placentá rias é baixo.18 Na placenta, o tu mor é visto à m i-
ção ao centro; croscopia, in fi ltrando-se no estrema d as vi losidades c na
litord11ea: na placa coriô nica, faze ndo protrusão na luz de capilares vi losos. Associam-se comumente hid ropi-
superfície amn iótica (Figura 20. 13). sia fetal e placentária à doença neonatal gene ralizada, por
vezes diagnosticada pelo exame d a placenta. 18
M a is raramente a inda, são relatados casos de d issem i-
nação placentá ria de hepato blasto ma fe tal e de terato ma
intracrania no.
N as leucem ias congênitas, d eve ser feito d iagnóstico
d iferencial com neuroblastomatose intravascular e eritro-
blastose feta l (doença hemolítica do recém -nascido).
Figura 20.131 Corangioma de localização litorânea, fazendo Os tumores malignos sólidos m aternos mais freq uen-
proeminência na superfície fetal - placenta fixada. Ver Prclllclw te mente encontrados na placenta são o câncer d a m a ma,
Colorida. do pulmão e o melano ma. O mela no m a é o tu mor ma-
6. Spencer M K, Khong TY. Conformity to guidelines for pa- 19. Alexander A, Samlovski WE, Grossman O, Bruggers CS,
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Conceito Fisiopatologia
Incidência Predição do Risco de Parto Pré-termo
Etiologia Anarnnese
Fatores D e mográficos Exam e Físico
Hábitos se Vida Registro G ráfico daAtividade Ute rina
Condi ções Socioeconô micas e Culturais Alterações dos Marcadores Bioquimi cos
Antecedentes G ine cológicos Ultrassonografia E ndovaginal
Antecedentes O bstétricos Conduta
lntercorrências Gestacionais P rimeira Et apa - P revenção do Parto Pré-termo
Fatores Assistenciais Segunda Etap a - Inibição do Parto Pré-termo
Fatores latrogê nicos Terceira Etap a - Condução do Parto Pré-termo
prematu rid ade, mesmo com os significativos so país, é mais d ifícil, exige equipe méd ica mais prep arada,
40
zes, a interrupção antes do termo. Além d isso, a melhoria
30
nos cuidados neonatais encoraja os médicos a interrompe-
- - Mortalidade
20
rem as gestações mais precocemente.
10 Segundo os dados oficiais, no Brasi l, a taxa de prematu-
ridade foi de 6,6% em 2007 e vem se mantendo estável des-
38 40 42 de 20 01 (6,3%). Esses dados devem ser vistos com cautela,
I
Figura 21.1 Morta lidade neonatal X idade gestacional ao pois provavelmente sofrem subnotificação, uma vez que
nascimento (modificado de Mercer).s em várias regiões do país as gestantes têm dificu ldades de
realizar ultrassonografia para confirmar a idade gestacio-
Na conceituação há a necessidade de se considerar tam- nal. Em 2007, a idade gestacional ignorada ao nascimento
bém duas outras categorias de recém-nascidos que, frequen- estava presente em 1,2% de todos os regis tras de nascidos
temente, se confundem com os prematuros: os de baixo vivos no Brasil, enquanto a idade gestacional ignorada
peso ao nascer e os com crescimento intrauterino restrito. no período de 1994 a 1996 era superior a 20%. O exame
Usa-se o critério ponderai peso ao nascer para concei- dos dados relativos ao peso revela que, em 2007, 8,2% dos
tuar o recém- nascido de baixo peso: entre SOO e 2.500 gra- 2 .891.328 nascidos vivos registrados no Brasil tinham peso
Idade Materna < 18 anos 1.79 (1.31 -2.46) Sangramento 1' metade 1,83 (1,55-2,161
------~--·------------~----------
Idade Materna > 35 anos 1,35 (1,04·1,751 Sangramento 2" metade 5.44 (4,67-6,341
------------+---------------
Estatura < 148 cm 1.71 (1,02-2,86) Bacteriúria assintomática 1,21 (0,96-1,531
Peso < 45 kg 2.27 (1.23-4,19) Doença periodontal 1.6 (1.1-2.31
------------+--------
Raça negra 1.56 (1,02-2.40) Vaginose bacteriana 1.4 (1 ,1-1,8)
-
Pré-eclampsia 4,12 (3.18-5,321
____________,___
Fumo (10-20 cigarros/dia) 1,18 (1.0-1.39) Hipertensão prévia
----4--------------------------+-
4,06 (2.29-7.221
Fumo (>20 cigarros/dia) 1.39 (1,15-1.70) Gestação múltipla 6.0
Álcool (+ de 7 doses/semana) 1.77 (0.94-3,31)
Hrstorra Obstetrrca Conct rcoes socra rs
Intervalo entre partos < 12 meses 5,13 (1.55-17.1) Evento estressante 2.1 (1 .5-3.0)
Trabalho excessivo (+ de 42 horas por 1,33 (1,1-1,6)
Parto pré-termo anterior 2.45 (1.55-3,89)
semana)
Primigesta 1.29 (1.08·1,55) Trabalho(+ de 6 horas de pé por dia) 1,26 (1,1-1,5)
Paridade ~ 3
Aborto induzido
Abortamento espontaneo
Perda fetal 1.84 (1.34-2.55) Amputação de colo
História familiar de pré-termo (irmã) ' 1,94 (1.26-2.99) Técnicas de reprodução assistida 1,93 (1.36-2.74)
Modificado das referêncras 14 a 24.
O papel de cada um desses fatores de risco é contro- inferior a dois ano . o extremo oposto, pn m1gesta
verso, di cutível, questionável. Este capítulo se limitar,\ a idosa - idade cronológica acima de 35 ,\nos - ão
analisar, sumariame nte, aqueles que a maioria dos estudos mais frequente as malformações fetai , que, não
ad mite como mai prováveis e mais importantes. raro, determi nam parto pré-termo induzido;
raça: muitos afirma m ser o parto pré termo mais fre-
quente cm gestantes da raça ncgr.l, com taxas duas
fAT ORES DEMOGRÁFICOS vezes mai altas do que as da raça branca, mesmo
quando as variáveis sociocconômi as são controla-
Admite-se a innuência de determinadas características da daszs. Em 2006 a taxa de prematuridade no · EUA
gestante na evolução de gravidez e até mesmo na sua duração: foi de 11,496 em caucasiano e de I ,796 cm negros.
Idade: o parto pré-termo é mais frequente nas pri-
migestas muito jovens; idade cronológica inferior a
18 ano . Também a idade ginecológica intervalo HÁBITOS DE VIDA
entre a primeira menstruação e a primeira gravi-
dez - parece interferir. O parto pré-termo é mais O s hábito de vida da mulher antes c durante a gravidez
frequente na pacientes com idade ginecológica repercutem na sua evolução e na sua duração. Estatística-
Trata-se de tarefa importante, porém difícil, se consi- A anam nese bem-conduzida colabora na identificação
derarmos gue os recursos disponíveis na atualidade não dos fatores de risco do parto pré-termo já discutidos ante-
apresentam índices confiáveis de valor preditivo, positivo riormente; se presentes, procura-se quantificar seu papel e,
ou negativo, para o parto pré-termo. Sistemas de predição se possível, atuar sobre eles.
ll-8
Ieervix I
L-
Granulócitos
Ocitócitos: Proteases:
Prostanoides elastases
endotelinas colagenases
leucotrienos
Alterações cervicais,
,___ __ _ Parto Pré-termo - -- -4 separação cório-decidual.
ME, RPM
ELI\11 AÇÃO D OS FATORF<; DE RI SCO A h istória obstétrica deve revelar abortamentos espon-
tâneos tard ios (após 14 semanas), com elimi nação de feto
L-.; I fR\ 'J\1 o f.NIRL" PAR/"()\ vivo, sem sangra mento prévio ou então partos pré-termo
Estudo epide m iológico que analisou dados de 173.205 precoces (a ntes de 26 semanas), sem cólicas prévias e quase
gestações concluiu que o intervalo ideal para nova gesta- sempre preced ido pela rotura das membra nas am niót icas.
ção era ent re 18 e 24 meses. Mulheres que engravidava m O comu m é a repetição desses fatos (t rês ou mais perdas).
menos de seis meses após a gestação anterior t inham ris- Já o exame pélvico revela apagamento cervical, in ício
co mais alto de parto pré-termo (OR 1,5- IC 95% 1,3- 1,5). de dilatação do colo e até formação da bolsa das águas. A
Para gestações acima de 120 meses após a a nterior, o risco ultrassonografia endovaginal tem pouco valor nos casos de
também era elevado (O R 1,5 - IC 95% 1,3- 1,7).51 história típica de incompetência cervical, sendo mais útil
nos casos em que a história não é carac terística.
/.\"<.0.11/'/ /I:.\ C/;\(. fRI /t \L O tratame nto é pela cercb ge - discutida no capítulo
Trata-se de fator d e risco importante e passível de cor- 17 - Hemorragias na Primeira Metade da G ravidez.
reção na gravidez. C ontudo, não é fácil decidir quais ges-
ta ntes necessitam desse tratamento e qua ndo reali zá-lo. A AI/OAI \/0\ 1
determ inação do momento pa ra o tratamento baseia-se A miomatose uteri na é outro fator de risco para o parto
na histó ria obstétrica, no exa me pélvico e, ocasiona lmen- pré-termo. Seu d iagnóstico pode preceder a gestação ou
te, na ultrassonografia. ser feito no transcurso da gravidez.
!
IG < 24 semanas IG :<!! 24 semanas
ou l ou
!
Avaliar cerclage US seriado quinzenal Progesterona vaginal
entre 16e 26 100 mg/dia
1
Colo < 15mm Colo< 25mm I
Progesterona vaginal
200mg/dia
I
Quadro 21.3 fndice de risco de parto pré-termo
Resultado elo exame Valores atr1bl11dos
o 1 2
indice de tocólise
<6
1
Hidratação.
analgesia e observação IG< 34 sem IG ~ 34sem IG ~ 34 sem IG <34 sem
lndometacina ou Nifedipina;
corticoterapia; profilaxia para Strepto p
Sucesso na inibição?
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Parto Pré-termo
347
22 Rotura Prematura de Membrana
Néli ucli Teixeira de Souza
Regina Amélia Lope Pe oa de Aguiar
A
prematuridade representa o maior fator de
risco de co m plicações em Ob tetrfcia, devi- ociados à rotu ra prematura da membranas são infecção,
do à sua frequente associação com a morbi- compressão de cordão umbi lical, descolamento prema-
d ade e a mortalidade perinatais. Apesa r das inúmeras tu ro de placenta e desencadea mento do traba lho de par-
pesquisas nessa á rea, as taxas de partos pré-termos au- to. Em idades gcstacionais muito precoces associam-se,
me ntaram 38% d e d e 198 1. 1 ainda, os riscos de hipopb sia pulmonar e defo rmidades
A causas da prematuridade podem ser divididas cm fetais, tais como lu xação de qu ad ril, torcicolo ·, pé to rto,
três gr upos: interrupção eletiva pré-termo da ges tação por entre outras.
doenças maternas e/ou fetais; rotu ra premat ura pré-termo Qua ndo a R PM ocorre cm gestações a termo, a prio-
de membranas; e trab,tlho de pa rto pré-termo. ridade é evita rem-se a compl icações associada à rotura
A interrupção eleti va da ge tação por causas materna prolongada de membra na , em aumentar a incidência
ou fetais representa 20 a 0% de todos o partos pré-termo , de cesarianas. Q.iando acontece antes do termo, a esses
enquanto a rotura prematu ra de membranas (RPM) c o riscos e associam as complicações da prematuridade,
trabalho de parto pré-termo reprc e ntam 70 a 80% dos ca- como síndrome da angústia respiratória (SAR), d isplasia
so .1 A rotura prematura de membranas responde por apro- broncopuLno nar, dueto a rtcrioso patente, entcrocolite
ximadamente um terço de todos os nascimentos pré-termo. necrosante, hemorragia intraventricula r (Hl Y), apncia,
Os quadros de RPM constituem grande desa fio, pois septicemia neonatal, sequelas neurológicas, fib roplasia re-
nem sempre os resu ltados obtidos ·ão igualmente favorá- trolcntal e morte. 1
CONCEITOS durecimento, em que a quantidade de colágeno do córion
d iminui progressivamente com o avançar da gravidez. Esse
Considera-se rotura prematura de membranas fenôme no ocorre tanto em gestações complicadas com
(RPM) aquela verificada antes do início do trabalho de RPM quanto naquelas em que a rotura espontânea é de-
parto. Quando a RPM ocorre antes de 20 semanas de tectada durante o trabalho de parto. 6
gestação, é caracterizada como abortamento inevitável. Diminuição das concentrações de fosfatidilinositol
Qyando acontece antes de 37 semanas, é denominada ro- nas membranas também é descrita nesse fenômeno. O
tura prematura pré-termo de membranas (RPPTM).4 fosfatidil inositol tem papel lubrificante na interface, entre
O intervalo entre a rotura das membranas e o início do o córion e o ârnnio, e sua diminuição leva a menos d isten-
trabalho de parto é conhecido como período de latência. sibilidade das membranas, favorecendo a rotura 6
Este é inversamente proporcional à idade gestacional. Após Discute-se se a infecção intrauterina seria causa ou con-
a rotura de membranas em gestações a termo, na ausência sequência da RPM. Evidências indiretas sugerem que as in-
de qualquer intervenção, 90% das pacientes entram em fecções do trato genital possam ser fatores desencadeantes,
trabalho de parto espontaneamente dentro de 24 horas, sendo que estudos ressaltam que 32 a 35% dos casos de RPM
enquanto que nas gestações pré-termo em 80% das vezes têm cultura de líqu ido am niótico positiva.A identificação de
o trabalho de parto inicia-se dentro de até uma semanaY microrganismos patogênicos na flora vaginal imediatamen-
te antes da rotura das membranas (RM) demonstra o papel
das infecções genitais na patogênese da RPM. As bactérias
INCIDÊNCIA infec tantes produzem enzimas (proteases, colagenases e
elastases) que atuam sobre as membranas, levando-as ao en-
A RPM é registrada em 5 a 10% de todas as gestações. fraquecimento e à rotura?·8
Cerca de 60% dos casos ocorrem em gestações a termo. A A resposta inflamatória à infecção bacteriana constitui
RPPTM é observada em 3% das gestações e é responsável outro mecanismo potencial para a rotura das membranas nos
por aproximadamente um terço dos partos pré-termo. 5 casos de infecção do trato genital e é mediada por polimor-
fonuclea res neutrófilos e macrófagos, que são recrutados para
o local da infecção e produzem citocinas, metaloproteinases
ETIOLOGIA e prostaglandinas. Outro componente da resposta do hospe-
deiro à infecção é a produção de glicocorticoides. Na maioria
As membranas fetais são constituídas por duas ca- dos tecidos a ação anti-inAamatória dos glicocorticoides é me-
madas denominadas âmnio e coriodecídua ou córion. O diada pela supressão da produção de prostaglandinas. Entre-
córion é mais espesso que o âm nio e é celular. O âmnio tanto, em alguns tecidos, incluindo o âmnio, glicocorticoides
é avascular, representa 20% da espessura das membranas paradoxalmente estimulam a produção de prostaglandinas.
fetais, mas domina a resposta mecânica da integridade das Em cultura de células epiteliais amn ióticas, a dexametasona
membranas. As subcamadas do âmnio secretam colágeno reduziu a síntese de fibronectina e colágeno tipo 111 9
dos tipos I, ll, Ill e IV e glicoproteínas fundamentais na in- Diversos fatores de risco têm sido associados à RPM.
tegridade das membranas fetais. Acredita-se que a rotura Estudo prospectivo com 2.929 gestantes encontrou como
das membranas seja consequência direta de um processo fatores de risco associados à RPPM: história de RPPM
de fragiJização bioquimicamente mediado, que pode ser (OR3,1; !C 95% 1,8-5,4) ou de trabalho de parto pré-termo
visto em coordenação com forças físicas 6 (TPPT) anteriores (OR 1,8; IC 95% l,l -3,1); medida do
São múltiplos os fato res responsáveis pela RPM. Alte- colo do útero com 23 semanas inferior a 25 mm (OR 2,5;
rações no colágeno, conteúdo de fosfolipídeos nas mem- l C 95% 1,4-4,5); IMC baixo (OR 1,8; !C 95% 1,1-3,0) nas
branas, forças mecânicas, enzimas maternas, citocinas, pacientes multíparas. Nas primíparas, os fato res de risco
fosfol ipases e colagenases de origem bacteriana estão en- encontrados foram: IMC bai.xo (OR 2,0; IC 95% l,0-4,0);
volvidos e podem desencadear o processo. trabalho durante a gestação (OR 3,0; !C 95% 1,5-6, 1); colo
Na gravidez a term o, a rotura espontânea das membra- curto à ultrassonografia (OR 3,7; lC 95% 1,8-7,7); compli-
nas parece estar associada a um processo natural de ama- cações médicas na gravidez (OR3,7; lC 95% 1,5-9,0); con-
FISIOPATOLOGIA
DIAGNÓSTICO CLÍNICO
Embora a RM tradicionalmente seja relacionada ao
estrcsse físico, particularmente associado ao trabalho de Na maioria dos casos, o diagnóstico é baseado na histó-
parto, as evidências propõem que processos bioquímicos, ria clínica e no exame físico cuidadoso.4
incluindo a rotura do colágeno da matriz extracelular do A gestante geralmente relata expressivo fluxo de líqu ido
âmnio e do córion e a morte programada das células da pela vagina, segu ido de fluxo menos intenso ou sensação de
membrana fetal, também estejam envol vidos. Sabe-se que umidade. Perdas urinárias, corri mento vaginal, cervicites e
as membranas fetais e a decídua materna respondem a vá- sêmen devem ser considerados no diagnóstico diferencial.
RPPM =rotura prematura pré-termo das membranas; TPPT =trabalho de parto pré-termo; CA = corioamnionite; SF = sofrimento fetal; PCR proteína Creativa;
CTG = carditocografia; PBF = perfil biofísica fetal; ATB =antibiótico; SGB =estreptococos do grupo beta_
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çada ( mais incidência aos 37 anos), determinadas fàmíüas,
países, raças ( maior cm mulheres negras e menor em mu- ETIOPATOGENIA
lheres asiáticas) e determinados aspectos nutricionais. 3•4
Atualmente, o fa to r que possui mais importância na O número de fetos e o tipo de placentação ( corionicida-
incidência das gestaçõe múltiplas é a intervenção dos de) são os principais fa tores relacionados às compl icações
serviços de reprodução assistida. Em estudo realizado no em gestação múltipla. Qyanto mais al to o número d e fetos,
EUA entre os anos de 1972 e 1990, ho uve au mento das mais alta a chance de anemia materna, diabetes gestacional,
gestações gem elares de 65%, triplas de I 56%, quádruplas de síndromes hipertensivas, restrição de crescimento, trabalho
356%, quíntuplas o u mais de 182%. Nesse mesmo período de parto prematuro, hemorragia pós-parto, morte materna,
1
o aum ento de gestações simples fo i de 32%. O aumento da morte perinatal c paralisia cerebral. As gestações monocori-
incidência está relacionado ao tipo de tratamento utilizado. ó nicas possuem risco de mortalidade fe tal e neonatal mais
O uso do clomifeno aumenta a taxa de gestação múltipla alto q ue as gestações dicoriônicas. 1' 1·6
para 6 a 17%, enquanto o uso de hM G (gonadotro fi.na mc- Quanto ao diagnóstico, a ultrassonografi.a tem sido um
nopáusica humana) aumenta essa taxa para 18 a 54%Y O importante aliado na condução das gestações múltiplas,
número de embriões transferidos também contribui para o possuindo carátcr decisório na determi nação do número
aumento da incidência, cndo que no caso de três embriões de fetos, corionicidade c no diagnóstico de doenças correla-
transferidos, a chance de gêmeos é de 25% c trigêmeos de tas ( restrição de crescimento, transfusão feto-fetal).
8,3%. Após a transferência de três, quatro ou cinco embri-
ões, a incidência de gestação tripla é de 8,0 11 ,0 e 15,0%,
respectivamente.5 A incidência de gestações monozigóticas Z IGOS IDADE
também está aumentada em gestações resultantes de trata-
mento para infertilidadc.4 Das gestações assistidas, I 0,0% Um terço ( 1/ 3) dos gêmeos origi na-se de um único
são monozigóticas, o que resulta na incidência de 13/ 1.000 ovo (zigoto) e são denominados monozigóticos ( MZ).
gestações ( três vezes mais alta que na população geral). Dois terços ( 2/ 3) origi nam-se de dois ovos diferentes ( dois
Esse aumento da incidência pode estar relacionado à lesão óvulos), sendo denominados dizigóticos ( DZ).6 Qyando
ou rotura da zona pelúcida (hatching), que culmina com a existem dúvidas quanto à zigosidade, os segui ntes estudos
bissecção do disco embrionário. A implantação de embri- poderão ser realizados: anatom opatológico da placenta,
ões na fàse de blastocisto também pode estar relacionada grupo sanguineo dos recém-nascidos, dermatóglifos, men-
ao aumento das gestações monozigóticas. su rações antropológicas, cor da íris, forma da o relha.3
A corionicidade refere-se ao número de placentas. A A gestação gemelar pode ser suspeitada clinicamente
gestação será monocoriônica (MC) se existe uma única diante da história de hiperemese gravídica excessiva, de exame
placenta para os dois fetos e erá dicoriônica ( DC) se os físico em que o volume uterino está acima do esperado para
fetos possuírem placentas diferentes. 1 a gestação DC sem- a idade gestacional e a ausculta mostra dois focos cardíacos.7
pre haverá duas bolsas amnióticas - diamn iótica (DC/ DA). Laboratorialmente, a suspeita pode ser feita a partir de
Nas gestações MC, os fe tos podem estar na mesma bolsa resul tado de ~-hCG (gonadotrofina coriônica) acima da
amn iótica - monoamniótica (MC/ MA) ou cada feto pode f.1ixa esperada para a idade gestacional. Urban csek et ai.
4
ter a sua própria bolsa amniótica - diamniótica ( M C / DA). (2002),8 acompanhando gestações resultantes de fertiliza-
Enquanto todas as gestações MC são sempre MZ, as ção in vitro, observaram que ~-h CG acima de 135 mUI/mi
gestações DC podem ser M Z ( 1O a 20%) ou DZ ( 80 a no 11 o dia após a transferência dos embriões possuía sensi-
90%). Nas gestações MZ, o que estabelece a formação do bilidade de 80% e especificidade de 88% para o diagnóstico
número de placentas e de bolsas amnióticas é o período de gravidez múltipla. Porém, o diagnóstico pela quantifica-
cm que a divisão do ovo oco rre. Se a divisão ocorre até o ção do p-hCG em gestações espontâneas é impreciso, visto
terceiro dia da fecu ndação (aproxi madamente 1/ 3 dos ca- que existem variações quantitativas individuais em peque-
sos MZ), a gestação será D C / DA; se a divisão ocorre entre no intervalo de tempo.
o quarto e o oitavo dias (aproximadamente 2/ 3 dos casos
MZ), a gestação será MC/ DA; se a divisão ocorre en tre
o nono e o 12° ( 1-2% das gestações MZ), a ge tação será DIAGNÓSTICO ULTRASSONOGRÁFICO
MC/ MA; e se a di visão ocorre após o 12° dia da fecunda-
ção, os gêmeos serão unidos (gemelaridade imperfeita ou O diagnóstico de certeza da gestação gcmelar é realiza-
gêmeos siamcse ·) ( Figura 23.1 ).6 do por meio da ultras ·onografia. A partir de cinco semanas,
utilizando sonda endovaginal de alta fi-equência (7 MHz),
a presença de dois sacos gcstacionais é diagnóstico de de-
DIA GNÓST ICO senvolvimento gemelar inicial. Por outro lado, o diagnós-
tico de gcmelaridadc somente pode ser e..'i:cluido apó o
A confirmação do diagnóstico de gravidez m últipla tem aparecimento de um embrião na sexta semana, pois até o
sido feita cada vez mais precocemente, em e pecial devido momento da visibilização da vesícula vitelínica ainda pode
ao u o da ultrassonografia. Porém, in tomas e sinais clínicos ocorrer divisão do disco embrionário originando os gême-
podem sugerir a gemclaridade. os siameses.2
Gestação Múltipla
Além do diagnóstico de certeza da gestação gemebr, diferencia uma gestação DC de uma MC é a presença de
a ultrassonografia possui importância na determinação da córion (tecido placentário) entre as duas membranas amni-
corionicidade, sendo mais acurada guanto mais precoce a óticas na inserção placentária. Esse sinal ultrassonogránco é
gestação. Em gestações iniciais, a existência de dois sacos denominado sinal do lambda (Figura 23.4A). a gestação
gestacionais separados caracteriza gestação DC ( Figura monocoriônica não existe córion entre as membranas am-
23.2 ). Saco gestacional único com duas vesículas vitelínicas nióticas na sua inserção placentária, sendo a imagem ultras-
caracteriza gestação MC (Figura 23.3 ). sonográfica do "sinal do T" (Figura 23.4!3 )Y Em gestações
monocoriôrlicas e diamnióticas, a visibilização do âmnio
separando os fetos pode ser feita a partir de seis semanas,
contudo, essa diferenciação pode ser difícil até oito semanas
de gestação.
Gestação Múltipla
A síndrome de transfusão entre os fetos ocorre quando as Clinicamente, pode ser suspeitado todas as vezes que hou-
anastomoses superficiais não são suficientes para compen- ver crescimento intrauterino exagerado e manifestação da
sar as anastomoses profundas. Os futores que desencadeiam polidramnia, desencadeada no feto receptor.
o processo são aqueles que levam ao desequilíbrio das pre -
sõc sanguíneas entre um feto e outro (aumento da resistên-
cia ao fluxo feto-placentário de um dos fetos, compressão de PARÂMETROS U LT RASSONOGRÁF ICOS ()A STFF
um cordão velamentoso, áreas desiguais de vascularização
dentro da placenta). Considera-se que as anastomoses A-V As condições particulares criadas nos fetos doador e
sejam o f.·ltor predisponente, enquanto a alteração na pres- receptor podem ser diagnosticadas por ultrassonografia. O
são sanguínea dos fetos o futor desencadeante. Em verdade, doador torna-se pequeno, possui be>.iga pequena ou não vi-
o processo inicial é nutricional em sua origem, seguido por sível e está associado à oligoidramnia ou anidramnia (stuck
au mento de pressão na circulação do feto menor, o que, por twi11). O receptor torna-se grande, possui coraçáo aumen-
sua vez, de encadeia o desvio de sangue para o feto de me- tado, apresenta polidramnia e a bexiga está aumentada. A
nor pressão (receptor) a partir das anastomoses A-V sem hidropisia pode existir no feto doador ou no receptor, en-
compensação pelas anastomoses A-A ou V-V.6•12 do mais frequente no último. São sinais ultrassonográficos
A transfusão de sangue de um feto (doador) para outro utilizados para o diagnóstico de STFF: 16
(receptor) cria condições específicas em ambos os fetos. O Disparidade e11lre o lama11iro dos geme/ares: circun-
doador é pequeno e desenvolve hipovolemia, hipotensão, oli- ferência abdominal e/ ou peso fetal estimado, com
gúria, oligoidramnia (que em casos extremos cria a condição diferença, entre os fetos, acima de 20,0%;
denomi nada gêmeo preso - stuck-twm), hipertrofia cardfaca polidranmia e oligodramnia: polidramnia na bolsa do
e fàlência. O feto receptor é grande e desenvolve hipervole- maior feto (maior bolsão vertical > 8,0 cm) coligo-
mia, hipertensão, poLúria, polidramnia, hiperviscosidade e hi- dramnia na bolsa do menor feto (maior bolsão ver-
pertrofia cardíaca. Embora o doador seja inicialmente o feto tical< 2,0 cm);
com maior estresse, o receptor geralmente morre primeiro. disparidade entre o enchzmento vesical dos f etos: mega-
A morte de um dos fetos culmina com fenômenos descritos bexiga no feto receptor e bexiga pequena ou ausen-
posteriormente no tópico morte de um gemelar. te no feto doador;
Clinicamente, a STFF pode ser dividida em: disparidade entre o tamanho e anatomia do cordão:
Forma cr6mca: inicia-se durante a gestação e pode cordão grande no feto receptor e cordão pequeno e
ocorrer tão precocemente quanto 13 semanas, estan- com inserção velamcntosa no feto doador;
do bem desenvolvida por volta de 20 a 22 semanas; hidropisia: hidropisia pode ocorrer em 28% dos fe-
forma aguda: ocorre no momento do parto, quando to receptores e em 12%dos doadore .
a tra nsfusão acontece entre a ligadura do cordão do
primei ro gemelar (aumento da press::io) c o nasci- Q.Jintero et ai. ( 1999) n propuseram classificação da
mento do segundo gemelar. STFF de acordo com o grau de gravidade avaliado pela ul-
trassonografia. Os autores definem a existência de STFF to-
A mortalidade da STFF varia de acordo com a forma das as vezes em que ocorre polidramnia em uma bolsa (bol-
dínica e o tipo de tratamento empregado. Se o diagnóstico são > 8,0 cm) c oligodramnia na outra (bolsão< 2,0 cm).
é realizado antes de 28 semanas, não sendo instituído trata- Consideram como fatores importantes na classificação:
mento, a mortalidade perinatal varia de 80 a I00%dos fetos. Ausência de urina na bexiga do feto doador (bexiga
Q uando há sobrevida, o risco de deficiência mental pode não visfvel à ultrassonografia);
chegar a 30%. As deficiências fetais estariam relacionadas à alterações dopplerveloci métricas significativas (di-
trombocitopenia, C IURdo doador, hipoglicemia, hipóxia e ástole ausente ou reversa em artéria umbilical, con-
deficiência do cre cimento cerebral.6 tração atrial negativa em dueto venoso e pulsação
O sucesso da terapia está relacionado ao diagnóstico venosa em veia umbilical);
c tratamento precoces. O diagnóstico da STFF deve ser hidropisia em um ou ambos os fetos;
suspeitado sempre que houver gêmeos monocoriônicos. morte de um ou de ambos os fetos.
15-18 semanas evolu i em 50% com STFF entre 18 A amniodrenagem tem como objetivo diminuir o volu-
e 24 semanas. me de líquido amniótico na cavidade do feto receptor, ainda
podendo atuar na dinâmica circulatória da STFF (dimin ui-
São sinais dopplervelocimétricos sugestivos de STFF: 6 ção da pressão sobre os vasos placentários com diminuição
Doppler de artérias umbilicais: diferença na relação do trabalho cardíaco dos fetos receptor e doador), melho-
A/ 8 igual o u superior a 0,4 entre as artérias umbili- rando a função placentária. Apesar dessas possibJidades
cais dos dois fetos; fisiológicas da anmiodrenagem, os resultados conseguidos
doppler de dueto venoso: diminuição na velocidade com esse procedimento no tratamento da STFF ainda são
da onda A traduzindo sinal de sobrecarga cardíaca controversos. A sobrevida fetal geral varia entre 30 e 80%
em um (preferencialmente o feto receptor) ou em dos fetos, com pelo menos 40% das gestações evoluindo
ambos os fetos. com um feto vivo. Com o procedimento, até 25% dos fetos
podem evoluir com lesão cerebral.6
São parâmetros hematológicos sugestivos de STFF: 2•6 Tecnicamente, o procedimento envolve a drenagem de
H emoglobina: diferença entre as hemoglobinas dos líquido amniótko da bolsa com p olidramn ia a partir d e um
dois fetos ou recém-nascidos acima de 5,0g!dL, o que nem sistema fechado. A velocidade da drenagem deve ser d e cer-
todos os recém-nascidos com STFF possuem obrigatoria- ca de 50 ml/ min ( 1,0 l/20min) . São descritas drenagens de
mente e, algumas vezes, o menor feto pode ser pletórico ao volumes que variam de 225 a 5.000 mi. As principais com-
nascimento devido à STFF aguda perinatal. pUcações associadas à amniodrenagem são: descolamento
É importante salientar que nem toda STFF evolui obri- prematuro da placenta, corioamnionite, rotura p rematura
gatoriamente com discordância de crescimen to o u dife- de membranas, lesão fetal e parto pré termo.12
rença hematimétrica? Ainda, a discordância de tamanho A amniodrenagem pode ser acompanhada da septos-
e a alteração no volume do líquido amniótico podem ser temia (abertura proposital da membrana amniótica que
complicações presentes em gemelares, monocoriônicos ou separa os fetos), porém com resultados controversos. O
dicoriônicos e resultantes da insuficiência placentária e do objetivo da septostomia é equilibrar as pressões entre as
CIUR. duas bolsas, bem como oferecer, d e forma abrupta, uma
Gestação Múltipla
quantidade de liquido amniótico para o feto doador com monoconomcas nas quais estão presentes anastomoses
oligodramnia/ anidramnia. placentárias. Ainda no período de embriogênese, em vez de
um dos fetos receber fluxo oxigenado oriundo da placen-
W\fR ta, ele recebe sangue pouco oxigenado a partir de um fluxo
Esse método utiliza a oclusão vascular com r1eodymium: reverso do outro feto (perfusão arterial reversa). O sangue
YAG laser. Tem como objetivo fechar as anastomoses res- pouco oxigenado leva à hipotrofia ou atrofia cardíaca, bem
ponsáveis pela STF F, impedindo a transfi:1são de sangue como outras malformações fetais múltiplas (acefalia, au-
do feto doador para o receptor. A sobrevida fetal total com sência de órgãos ou extremidades). Com a acardia de um
o procedimento varia entre 50 c 70%. A sobrevida de pelo dos fetos (feto acárdico-acéfalo - receptor), o outro passa
menos um feto é de 70 a 80%. A morte dos dois fetos ocorre a funcionar como bomba cardíaca para ambos (feto domi-
em 18 a 28% das gestações. Com o uso do laser, a ocorrência nante - pump twin). A síndrome acéfalo-acárdico pode ser
de lesão cerebral fetal descrita é de 4%.15 considerada uma situação extrema da STFF e as principais
É razoável inferir que o prognóstico fetal esteja relaciona- complicações dessas gestações são: insuficiência cardíaca
do ao nível de gravidade da síndrome no momento do trata- do feto domi nante, polidramnia, trabalho de parto preter-
mento. Utilizando a classificação de Quintero el a/. ( 1999 ), 11 mo, morte do gemei ar normal.A mortalidade perinatal para
citada anteriormente, Huber et a/. (2006) 16 referiram que o o gemelar normal (domi nante) é próxima de 50%.w
sucesso do tratamento com a fotocoagulação estava intima-
mente relacionado ao grau de gravidade da TFF. O autores
descreveram que o percentual de sobrevida dos dois fetos foi MORTE UNI FETAL
de 75,9% para o estádio I, 60,5% para o ll, 53,8% para o lll e
50% para o N . Houve sobrevida de pelo menos um feto em O risco de morte de um dos fetos na gestação gemclar
93, I% no estádio I, 82,7% no 11,82,5% no lll e 70% no rv. está inti mamente associado à idade gestacional e ao tipo
Fortes evidências indicam a fotocoagulação a laser como de placentação. Aproximadamente metade dos óbito · de
tratamento de escolha da STF F. 15 Em revisão publicada pela um dos gemelares ocorre ainda no primeiro trimestre (va-
Cochrane Librmy comparando a fotocoagulação a laser c a nishing lwin). Após o primeiro trimestre, o ri co de morte de
amniodrenagem, houve diferença estatisticamente signifi- um dos fetos é dependente da placentação. Para gestaçõe
cativa a f.wor da fotocoagulação quando foram avaliados o DC, esse risco é de 2%. Para gestações MC/ DA este risco é
risco de morte dos dois fetos (RR - 0,33; !C 95%: 0,16-0,67), de !2% até 24 semanas e de 4% após essa idade gestacional.
risco de morte perinatal (RR - 0,59; lC 95%: 0,40-0,87), Para gestações MC/ MA, a mortalidade é ainda mais alta,
morte neonatal (RR - 0,29; IC 95%: 0,14-0,61 ) c problemas variando entre 35 e 50%.6·12. 14 A al ta incidência de morte em
neurológicos avaliados com seis meses de vida (RR - 1,66; um dos fetos das gestações MC está associada a acidente de
95% !C: I, 17-2,35). Porém, não houve diferença nas altera- cordão, descolamento de placenta, insuficiência placentária
ções neurológicas quando a avaliação foi realizada mais tar- resultante de doença materna, anomalia fetal e transfusão
diamente (RR - 0,58; IC 95%: 0,18- 1,86).15 feto-fetal (Quadro 23.2).14
As complicações fetais e maternas relacionadas à mor-
te de um dos gemelares também são relacionadas à idade
SíNDROME ACÉFALO-ACÁRDICO ou gestacional do óbito e ao tipo de placentação.2•6•17 Qyan-
SÍNDROME DA PERFUSÃO ARTERIAL do o óbito ocorre no primeiro trimestre ( vanishing lwin),
REVERSA (TRAP) a gestação evolui sem intercorrências.18 Após o primeiro
trimestre, as complicações fetais relacionadas ao óbito
do cogemelar estão intimamente relacionadas ao tipo de
A sínd rome acéfalo-acárdico, também denominada placentação. Beja rela/. ( 1990) 19 reportaram que necroses
síndrome da perfusão arterial reversa (do inglês: Twin Re- cerebrais periventriculares (leucomalácia periventricular)
verse Arterial Peifusion - TRAP), ocorre em incidência de ocorriam em 30% das ge tações MC e somente em 3,3%
lI30.000 - 35.000 gestações ou de I/ l 00 gestações geme- das gestações D C após o óbito de um dos fetos. Fusi e
lares MZ2• Essa síndrome acontece em gestações gemelares Gordon ( 1990) 17 de creveram que se o óbito acomete
rações: mo rte do o utro gemelar (M C = 12'1o 11s D = 4"o; 0 trabalho de parto pré-tcrn1o (TPP) tem ido rela-
O R - 6,04); .mormalidade neurológica no gcmclar sobre- tado como complicação da morte de um dos gcmcbre~,
'~ventc ( MC = 18% vs DC = I%; OR - 4,07) c prematuri- sendo encontrado cm fi·eq uência duas vezes mais alta (70
dade ( I =68°o 115 DC S7%, ) ( QJadro 2 '.3 ). a 80%) quando compa r:~do a gestações gcmclare sem óbi-
to (30 a 40~o ). 11
O parto pré-termo c o baixo pe o fetal são fatores im- Pré-eclampsia 2.2 1,9·2.5
portantes na predição do prognóstico fetal. Em relação à Eclampsia 3,0 2.9-3.3 1
prematuridade, embora somente 3% dos recém-nascidos
Hemorragia pós-parto 2,0 1.9-2,0
vivos sejam resultantes de gestações múltiplas, I 5% de to-
dos os RNs com prematuridade extrema ( <32 semanas) Morte 2,1 1,1-3.9
c 2S% daqueles com muito baixo peso ( < I.' 00 g) são re- AR = risco relauvo. IC = intervalo de confiança.
sultantes desse tipo de gcstação.22"24 A mais alta incidência
de prematuridade cm gestações gemelares está relaciona-
da ao trabalho de parto pré-termo (TPP), rotura prema- O risco pcrinatal também está aumentado nas gcsta-
tu ra da membrana ( RPM), complicaçõc fctai (CIUR) çõe múltiplas. A taxa de mortalidade perinatal para gesta-
c complicações materna ( índromcs hipcrtcnsivas). O ções geme lares é de 50/ 1.000 nascimentos ( três a IOve-
TPP é responsável por S41ln da prematuridade e a RPM zes maior do que aquela para gestações simples). O risco
é re ponsável por 22%. 1 A idade gestacional do parto está de b.1ixo peso ( <2.500 g) e de muito baixo peso ( < 1.500
inti mamente relacionada ao número de fetos c ao tipo g) é IO vezes mais alto para geme lares que para gestações
de placentação. As medianas para a idade gestacional do simples. Apesar de n:'io ter existido decréscimo na prema-
parto em gestações gcmelares, trigemclarcs c quadrige- turidade em gcstaçõc múltiplas desde 1960, houve dimi-
mclares são, respectivamente, de 36, 33 e 3 1 scmanas.4 nuição na mortalidade nconatal graça às melhoras nos
Q!lando consideramos a idade gestacional crítica de 32 cuidados neonatais. 26
semanas, 5% das gestações gemelares dicoriônicas e I0% As anomalias placentária ão mais comuns em ges-
das monocoriônicas terminam antes desse pcríodo.6 .24 tações gemelarc que em gestações simples. Ananth el a/.
As alterações maternas que acontecem durante a (2003 ) 2' avaliaram placenta prévia c encontraram inci-
gestação estão relacionadas às modific.lçõcs orgânicas dência 40% maior nas ge taçõc gcmclares (incidência
associadas a esse período. Deve ser lembrado que nas em gestações simples: 2,8/ 1.000 vs incidência cm gesta-
gestações gemelares essas modificações são mai acen- ções gernelares: 3,9I 1.000). O descolamento prematu-
tuada .4 Há aumento no volume de sangue de 60% (na ro placentário também foi mais frequente cm gestações
gestação simples esse aumento é de 509-o ), o que equivale gemelares ( 12,2/ 1.000) c triplas ( I5,6/ 1.000) quando
a SOO mi a mais de sangue na gestante de gcmclarcs. Sem comparado às gestações simples ( 6,2/ 1.000 ). 28
o acompanhamento do volume globular, o resul tado é No tocante à apresentação fetal, cm aproximadamen-
''anemia fisiológica" mais pronunciada, sendo a hemoglo- te 45% das vezes ambos os fetos estão em apresentação
bina média da grávida de gêmeos de LOg%. T Jmbém há cefálica, o que significa dizer que cm 5 ~% das veze pelo
aumento no debito cardíaco à custa de volume cjctado menos um feto encontra-se ern apresentação anômala.
c frequência cardíaca, que se verifica principalmente no As apresentações rnai comuns estão representada na
segundo c terceiro trimestres. A variação da pressão arte- Figura 23.5. 29
Outras
Pélvica-Pélvica
43% Pélvica-Cefálica
11%
D Cefálica-Transversa
Cefálica-Pélvica
• Cefálica-Cefálica
26%
Figura 23.5 I Frequencia das apresentaçõe em gestações múltiplas.
Q uadro 23.5 I Incidencia de complicaçõe materna , fctai e neonatai associada à ge taçõc implcs, gemelare , trigemc-
brc e quadrigemclarc 6· 29111 ~
Cornplrc~coes Srmples I I Gemeos I I Trrqe111eos I .1 Ouildr r9elllPOS · 1"" 1
A gestação gemelar deve ser conduzida sempre como Os exames ultrassonográficos são recomendados men-
gestação de alto risco, mantendo-se a atenção contín ua para salme nte até 32 sem anas, e qui nzenalmente após esse perí-
as complicações maternas e fe tais peculiares a esse tipo de odo. Porém, em gestações monocoriôn icas, devido ao risco
gestação. Sendo assim, a assistência pré-natal nessas gestan- de STF F e óbito fetal, os exa mes devem ser realizados qui n-
tes possui quatro objetivos básicos: zenalmente, a partir do diagnóstico da gemela ridade.m
Diagnosticar e tratar as complicações maternas; Como método de rastreamento de cromossomopatias,
d iagnost ica r d iscordâncias (a natôm icas, cro mossô- a ultrassonografia assume acentuada importância na ge-
m icas e crescimento) precocemente; melarid ade. Isto porque sign ificativo número de gestações
evitar prematuridade extrema; múltiplas é registrado em gesta ntes proveniente dos servi-
dete rm inar o melhor momento do parto. ços de reprodução assistid a ou com idade materna elevada
e, devido à va lorização d a gestação, é mais resistente aos
Luke et ai. (2003) 22 referiram que o acompanhamento procedi mentos invasivos pa ra determinação do cariótipo
adequado de gestações gemelares melhorou o resultado fetal. A u ltrassonografia deve ser realizada com o objetivo
final da gestação. Houve diminu ição nas incidências de de rastrea mento por volta de 12 semanas (avaliação da
pré-eclâmpsia (O R=0,4 1), rotura prematu ra de mem brana anatom ia fetal, medida da translucência nucal, ava liação
(0 R=0,35), parto antes de 36 semanas (0 R=0,62), recém- do osso nasa l, estudo dos fluxos em dueto venoso e vál-
· nascido de baixo peso (0 R=0,42) e supo rte ventilató rio vula tricúspide) e entre 22 e 24 semanas (ultrassonografia
ao recém-nascido ( 0 R=0,44). Após três anos de vida, essas morfogenética terciária). 6 O s estudos têm most rado que os
crianças fo ram menos propensas a reinternação ( 0R=0,3 1) testes de rastrea mento ultrassonográfico possuem eficácia
e atraso mental ( 0,65 ). semelha nte àq uela das gestações simples.
Em gestações gemela res, a medida da translucência nu-
cal (T N) possui taxa de detecção para as cromossomopatias
C ONSULTA PRÉ- NATAL E de 75% e falso-positivo de 5%. No primeiro tri mestre essa
O RIENTAÇÕES BÁSICAS sensibilidade pode au menta r ainda mais se forem feitas as as-
sociações da med ida da TN e teste bioqu ímico (90%) ou da
a ausência de complicações, a consuta pré-natal deve medida da TN e dueto venoso (94%).39 Qyando se util iza a
ser mensal até 24 semanas de gestação, quinzenal até 34 se- medida da T N em gestações gemeiares, existe nú mero mais
manas e semanal após esse período. A dieta deve ser hiper- alto de fetos cromossomicamente normais com medida aci-
proteica, hipolipídica e hipoglicídica, devendo-se estimu lar ma do percentil95 da curva de normal id ade. Isto resulta em
ganho de peso total entre 12,0 e 14,0 kg. O valor calórico di- percentual mais alto de falso- positivos pa ra cromossomopa-
ário estará relacionado ao índice de massa corporal (1M C ) tias, mais frequente em gestações MC quando comparado
materno prévio à gestação. De forma geral, deve variar entre às DCs.6.4u Monn i ef ai. (2000) 40 relataram medida de T N
3.000 e 4.000 kcal/dia, estando as calorias divididas em 20% aci ma do percent il 95 em 4,2% das gestações simples, 14%
de proteína, 40% de carboidrato e 40% de gordura, que se- das gestações gemela res DC e 23,3% da gestações gemela-
rão distribu fdas em três refeições e três lan ches. Existe a re- res MC. Nas gestações gem elares MC, a medida anômala da
comendação para suplementação aLmentar com ferro (30 TN, além de aumentar o risco de cromossomopatias, elevou
mg/ di a) e ácido fólico (300 pg/ dia) acima de 12 semanas também o risco para STFF (0R=3,5).6
de gestação. O acompanha men to em serviço de nutrição é A utilização d a ultrassonografia no d iagnóstico da d is-
recomendado.4•7•22 cord ância de crescimento/ C TU R de geme lares, apesar de
Apesar dos estudos mostrarem que a permanência no ser o método de mais acurácia disponível, deve ser anal isa-
hospital ( repouso hospitalar) não interfere na idade gesta- da com ressalvas. A maioria dos serviços uti liza nonnogra-
cional do parto, existe a recomendação para que a gestante mas de gestações simples para determinar o crescimento
diminua o estresse físico e men tal, bem como aumen te o fetal dos gemelares. G ru mbach et ai. ( 1986) 4 1 salientaram
período de repouso diurno após 24 semanas de gestação.m que o crescimento dos fetos de gestação gemclar se equ i-
Na sala de parto, além do obstetra e do auxiliar, deverão 10. Kalish RB, Chasen ST, Gupta M, Sharma G, Pern i SC, Cher-
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canal de parto deve ser rigorosa e a infusão de ocitócinos MF, Rhoads GG. Fetal and neon<~t a l mortal ity among twin
poderá ser mantida nas primeiras horas do pós-parto com gestations in thc United States: the role ofintrapair birth wei-
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Gestação Múltipla
Crescimento lntrauterino Restrito
Mário Dias Corrêajúnior
Baixo peso
1500
I
O feto com C l U R, geralmente, é aquele que se en- 1000 ~I
contra com o peso abaixo do percenti! JOpara a lG. É im-
500
I
porta nte ressaltar que nem tod os os fetos com peso abai- I
o
xo do I 0° percenti I o serão por restrição d e crescimento. 24 26 28 3o 32 34 36 1 38 4o 42
A lgu ns serão constitucionalme nte peque nos (como o s Semanas pré-termo + --'- - - __. termo
37
filhos de pais de baixa estatura), sem terem passado por
processo patogên ico. Para dimi nui r a classificação incor-
I
Figura 24.1 Classificação dos RNssegundo o percentil
do peso.
reta de fetos cons titucionalmente pequenos como fetos
com C ! U R, algun s autores sugeri ram que o d iagnóstico
de restrição de crescimento fosse feito apenas qua ndo os O c resci mento intrauterino restrito é fator importante
fetos estivessem com o peso abaixo d o percentil cinco de morbimortal idade perinatal. A mortalidade neonatal
ou, ainda, do percentil três da curva de c rescimento.4·s dos RNs com C I UR é seis a 10 vezes mais do que a da-
Essas medid as leva m, entretanto, ao risco de não se de- queles que cresceram normalmente na vida intrauterina.
tecta rem os fetos com C IUR inicial, que poderiam ser Q uanto mais baixo o percentil do peso ao nascimen to,
beneficiados por acompanha mento mais minucioso mais morbimortalidade. 2
(Qpadro 24.1 e Figura 24.1). Além d a mortalidade aumentada, esses R Ns têm mais
morbidade, apresentando altas taxas de asfixia intrapa rto,
hipogl icemia c retardo mental.6 Parece existir tam bém
Quadro 24. 1 I Classificação dos recém-nascidos
risco aumentado de essa população desenvolver doenças
ClasslfiCi1CilO Cilractenst1ca
crônicas na vida adulta, co mo h ipertensão arterial, d iabe-
~
RN Pré-termo Abaixo de 37 semanas de tes mellitus e doença coronariana.1
gestação Estima-se que 3 a 10% dos RNs apresentem algu m ti po
RN Baixo peso Peso abaixo de 2.500 g ao de restrição de crescimento, podendo esse nú mero chega r
nascimento a 30% nos países em desenvolvimento.-
RN Muito baixo peso Peso abaixo de 1.500 g ao Segundo dados do National Institute.1 of Health, acred i-
nascimento ta-se que aproxi madamente 40.000 crianças por ano nos
1 EUA apresentem crescimento intrauteri no anor rnal.s No
RN Adequado para idade Peso entre os percentis 1Oe
gestacional (AIG) 90 para a IG Brasil, a incidência de Cl UR variou de 6,8 a 12%.9· 10
APORTEMATERNO INADEQUADO
DE NUTRIENTES E OXIGÊNIO
Três são a causa bá ica que levam ao C l UR:
Aporte materno inadequado de nutrientes e oxigênio; Nesse grupo, a principal cau a seria a de nutrição ma-
mau-funcionamento placentário; terna, levando a pouca capacidade de nutrir o feto. Doen-
lesão di reta no feto. ças que diminuem a ab orção c o transporte do oxigênio
Nutrientes Oxigênio
Desnutrição Doenças pulmonares (asma. bronquiectasia. fibrose cfstica)
Má-absorção intestinal Cardiopatias cianóticas
Anemias
Ambientais (altitude elevada. tabagismo)
i'v1dll flii1CIO!léllll81ltU pidLI'IlldiiO
Placenta estruturalmente deficiente Circulação deficiente na face materna Circulação deficiente na face fetal
da placenta da placenta
------ -------+------------------------;----------------------------,
Anomalias cromossOmicas Pré-eclampsia Placenta prévia
Mosaicismo confinado à placenta Hipertensão arterial lnfartos placentários
Colagenoses Gestações múltiplas
Diabetes mellitus Trombose de cordão
Infecções
Sfndrome de anticorpos antifosfolfpide
Lt~sdü d1reta suiJie u f~;tu
CLASSIFICAÇÃO
Os feto com C IUR não constituem um grupo único apena do fator cau ai, ma ta mbém da idade gc tacionaf
com di túrbios semelhante . Identificam-se trê tipo , com em que acontece a agres ão c dos órgãos acometidos. E c
alterações orgânicas diferentes c evolução distinta, tanto três tipos ão denominado imétrico, assimétrico c misto
intraútero como pós-nJtaf. Es J difercnciaçj o decorre não (Figu ra 24.2). 11
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A
pré-eclâmpsia caracteriza-se, essencialmente, por Responsabi liza-se por elevadas taxas de morbimorta-
incertezas, dúvidas, divergências, controvérsias, lidade perinatal. É causadora de complicações maternas
qualquer que seja o aspecto considerado. Talvez, graves: crise convulsiva, acidente vascular cerebral, edema
por isso mesmo, seja a complicação obstétrica mais estuda- agudo do pulmão, insuficiência renal aguda, rotura hepáti-
da, a que desperta mais interesse e mais discussão entre os ca, distúrbios de coagulação, descolamento prematuro da
pesquisadores. Todos respeitam e temem esse problema placenta e morte materna ante, intra e pós-parto.
obstétrico. O que mais intriga e confunde nessa doença é o fato dela
A despeito de tanto estudo, de tanto avanço, de tanto pro- ser exclusiva da mu lher e somente quando grávida. Inicia-se
gresso, a prevenção e o tratamento correto da pré-eclâmpsia na gravidez, agrava-se durante sua evolução, complica-se
e da eclâmpsia permanecem como um grande desafio a ser quase sempre na sua fase final e desaparece totalmente após
vencido, como um difícil enigma a ser decifrado. o término da gestação, quase sempre sem deixar sequelas.
O utra peculiaridade da doença é que sua evolução é EPIDEMIOLOGIA
imprevisível; às vezes lenta, gradual, alterando pouco as
condições maternas e fetais, permitindo que a gravidez al- Diversos fa tores epidemiológicos influe nciam na in-
cance seu termo. Outras vezes, no entanto, seu início é pre- cidência da pré-eclâmpsia. Contudo, o papel de cada um
coce, sua evolução rápida, sua sintomatologia exubera nte, deles é discutível e nenhum estudo conseguiu comprovar
suas repercussões d ramáticas, colocando em risco a vida e quant ificar a in fluência exata desses fatores.
do feto, da gestante e da parturiente, exigindo solução ur- A parid ade sempre foi considerada fa tor capaz de in-
gente e definitiva: a interrupção da gravidez. fluencia r na incidência da pré-eclâmpsia, mais nas nulípa-
Trata-se de síndrome inconstante no início, variável ras. lsto, contudo, é discutível; há sempre risco de recorrên-
nas suas man ifestações, imprevisível na sua progressão e cia, que aumenta quando a pré-eclâmpsia se instalou mais
incurável, a não ser pela interrupção da gestação.' precocemente na gestação a nterior?
Doença fasci nante sob todos os ângulos em que se ana- Robillard et al.s relacionaram como fator epidem iológi-
lise, motiva discussões infindáveis, hipóteses etiológicas co não a paridade materna, mas, sim, a paterna. A doença
mirabolantes, antológicas, suscita medidas às vezes folcló- não seria mais frequente na primiparidade e sim na primi-
ricas na sua prevenção, propicia o emprego de recursos pro- p aternidade. Assim, com o mesmo parceiro, a incidência
pedêuticas os mais d iversos, quase sempre imprecisos, não de pré-eclâmpsia nas primigestas foi de 11,9% e nas mul-
confiáveis e, finalmente, permite que se empregue na sua tigestas de 4,7%. Q uando as multigestas m udaram de par-
prevenção e tratamento quase todo o arsenal terapêutico ceiro, a incidência subiu para 24,1%.
existente na assistência obstétrica. Tudo isso sem sucesso. O utro fator importante encontrado por esses autores foi
Nada altera a evolução da doença e a solução é sempre a o tempo de atividade sexual, com o mesmo parceiro, prece-
mesma: a interrupção da gravidez. dendo a gravidez. Ele foi inversamente proporcional à inci-
A pré-edâmpsia é cond ição clín ica que apa rece sem si- dência de pré-eclâmpsia: quanto mais tempo de coabitação
nais de alarme, tem vida curta e, usualmente, não se repe- sexual, mais baixa a incidência de pré-eclâmpsia. Conside-
te.2 A pré-eclâmpsia ainda se responsabiliza por 200.000 ra ndo mulheres com atividade sexual superior a 12 meses
mortes maternas por ano no mundo e determina reper- como grupo de referência, no grupo de zero a quatro meses
cussões significat ivas na saúde da mãe e de seu fi lho.3 É de atividade sexual a odds ratio foi de 11 ,6; entre cinco e oito
doença idiopática, multissistêmica e específica da gravi- meses de 5,9; e entre nove e 12 meses de 4,2.
dez e do puerpério. Mais especificamente é uma doença Klonoff et a/.9 fizeram um estudo tipo caso-controle
d a placenta4 comparando a incidência da pré-eclâmpsia nas mulheres
que usaram método anticoncepcional de barreira (con-
dom) antes da gestação. Anal isaram 110 primigestas com
INCIDÊNCIA pré-eclâmpsia e 115 sem pré-eclâmpsia. O s resultados
mostra ra m risco 2,4 vezes m ais alto naq uelas usuárias de
A incidência de pré-eclâmpsia varia segundo o local e a métodos que impediam o contato entre a secreção esper-
população estudados. A maioria dos estudos epidemioló- mática e a mucosa vaginal.
gicos ressalta incidência variando entre 5 e 8%.5 Dekker10 observou que o sexo oral reduz a incidên cia
Em u ma coorte com 763.795 mulheres na Suécia, de pré-eclâmpsia. Nas mu lheres que faziam sexo oral, 18
H ernandez-Diaz et ai. demonstraram que a incidência de em 4 1 (44%) tiveram pré-eclâmpsia; no grupocontrole,
pré-eclâmpsia foi de 3,0% na população em geral, sendo de sem sexo oral, 36 em 44 primigestas (88%) tiveram pré-
4,1% na primeira gestação e de 1,7% nas gestações subse- -eclâmpsia (p=0,0003).
quentes. Nas mulheres que tiveram pré-eclâmpsia na pri- Gestações que resultaram de insem inação artificial
meira gestação, o risco de desenvolver a doença na segunda com esperma do doador tiveram risco duas vezes mais
gestação foi de 14,7% e o risco na terceira gestação foi de alto de desenvolverem pré-eclâ mpsia. O mesmo aconteceu
31,9% se as duas primeiras foram afetadas.6 com gestações com inseminação de o ócitos de doadora.''
Trombofilias . 10-40
SAAF 9,72 {4,34. 21.751 -
Fator V de Leiden (heterozigoto) 2,34 {1,56. 3.51) -
Mutação do gene da protrombina 2.54 {1,52- 4,23) -
Hiper-homocisteinemia 3.49 (1.21 - 10,11) -
Pré-eclêmpsia prévia 7,19 25 (5.85- 8,83) 20-30
Doenças autoimunes 6.9 (1.1 • 42.3) -
Diabetes - 10-15
Classe B-C . 35
Classe F-R j
Tempo pequeno de
mica, agravando ainda mais o quadro.30
coabilitação sexual N essa teoria, esses p esq uisadores fo ram capazes de
com provar que ta nto os granulócitos quanto os m onócitos
estava m muito aumentados nas mu lheres com PE q uando
compa radas com as gestações sem PE e com as não grávi-
das. A lé m disso, os níveis desses leucócitos eram compara-
dos aos de pacientes sépticos q ue estava m internados cm
terapia intensiva. Eles identificara m, a inda, que mesmo na
gestação sem PE a concentração de célu las inflam atórias é
superio r à de mu lheres não g rávidas. Com isso, eles suge-
riram q ue a grav idez, por si só, já é um estado inflamatório
e que a PE poderia ser apenas uma reação exagerada, u m
Figura 25.2 1O rigens genética e imunológica da invasão
extremo dessa reação in fla matória que ocorreria fisiologi-
trofoblástica deficiente.
ca mente na gestação .31
Investiga ndo q uais seria m os fatores que poderiam
M as a PE apresenta m anifestações cl ín icas mui to va- levar a essa reação inflamatória da gravidez, as p esq uisas
riáveis, indo desde uma doença grave com início precoce preconiza m como possível responsável a apoptose das
e acometimento fetal importante, até u ma doença leve, de células da placenta com Liberação na corrente sanguínea
in ício tardio e sem comprometimento feta l sig nificativo. de mic rofragmentos de sinciciotrofoblasto, deno m inados
Além disso, a invasão t rofoblástica deficiente, apesar de pelos auto res de .. debris placentários", que podem causar
muito frequente, não é encontrada em todas as pacientes da no endoteli al e, possivel m ente, têm tam bém ação pró -
que apresentam PE. in fla mató ria. Esses" debris", g ue estão aumentados na ges-
Os estudos epidemiológicos, mais uma vez, indica ram tação normal e muito aumentados na P E, estimu lariarn a
que mulheres que apresentavam algumas doenças prévias à reação infla mató ria materna. Esses achados perm itiram a
gestaç.1o tinham risco aumentado de desenvolver PE, inde- elaboração de uma teoria que conectasse os do is tipos de
pendente mente de apresentarem invasão trofo blástica defi- PE, a placentária e a materna.11
ciente ou não, como no caso das diabéticas, das hipertensas, Segundo a hipó tese dos" dcbris placentários", a invasão
das o besas, das pacientes com SAAF (Q uad ro 25. 1). trofoblástica deficiente e doenças m aternas com acome ti-
Todas essas observações levaram N ess e Roberts a su- mento vascular levariam à perfusão placentária reduzida,
geri rem, em 1996, que existiriam dois t ipos de PE. Um de que promoveria destruição celu lar au mentad a. Gestações
origem placentária, que seria explicado pela invasão trofo- com m assa placentária aumentada, como gestações a ter·
blástica deficiente, e um de o rigem materna, que seria mais mo, gestações em mulheres diabéticas, gestações múltiplas
comum em pacientes com doenças preexistentes. Essas e gestações molares, apresentariam, por sua vez, ma is apop-
duas fo rm as de PE teriam como meca nismo comum a indu- tose das células placentárias em função do ma ior tama nho
ção da hipóxia placentária e a disfunção endotelial sistêrnica da placenta. Essas d uas situações cursa riam com ma is li-
que, por sua vez, levariam às manifestações clínicas d a PE.29 beração de "debris" estimulando a resposta in fla matória
Em 1999, Red man, Sacks e Sargent, baseados també m sistém ica, a d isfunção endo telial e, consequentem ente, a
nessas observações, concluíra m que a invasão trofoblástica PE. Os casos gue cursa m com g rave acometimento fetal
de ficiente não era fato r fundamental pa ra o desenvolvi- poderiam, nessa hipótese, ser explicados pelo estresse ox i-
mento da PE, mas apenas um poderoso fato r de risco.30 dativo placentário que acontece na gestação com placentas
Esse mesmo grupo propôs, também, que o meca nismo de ta manho anormalmente pequeno."
q ue conectava as du as condições eram a hipóxia placentá- A inda seg undo a h ipótese de q ue a PE seria uma reação
ria e a d isfunção endo tclial e que essas cond ições leva riam inflam ató ria exacerbad a, alguns autores propuseram q ue
às man ifestações clínicas da PE po r induzirem reação in- qualquer fato r gue contribuísse para desencadea r a reação
~ Hipóxia T Apoptose
CIUR Placentária L_ aumentada
Anticorpos ~--
anti-AT1
.---:-j
Disfunção - -- - - - - - ---1
I
Reação Inflamatória
Endotelial Sistêmica
- I
Manifestações
Clfnicas
A compreensão da etiopatogenia da pré-eclâmpsia me- M edidas conservadoras propiciam evolução m ais pro-
lhorou muito nos últimos anos, no entanto, ex istem muitas longada e te ndem a se associar a comprometi mentos mais
questões que permanecem sem resposta. Pré-eclâmpsia graves e à lesão de elevado nú mero de órgãos, como se ob-
e eclâmpsia provavelmente são o reflexo final de di fe ren- serva na eclâmpsia e na síndrome HELLP.
tes doenças primárias qu~ combinam a susceptibilidade D ado ma rca nte c peculiar na fisiopatologia é que, ter-
genética, a placentaç~o anorrnflll;l ii disfu nç~a l;lndotelial minada a gestação, desaparecem q uase tod as as alterações
ampla.3 provocadas pela doença e, nas suas formas puras, desapare-
cem sem deixar sequelas. As medidas clínicas usualmente
recomendadas e adotadas pouco ou nada interferem na
FISIOPATOLOGIA sua fisiopatologia ou na sua evolução.
A disfunção endotelial desempenha papel-chave na
Como tudo na pré-eclâ mpsia, sua fisiopatologia tam- fisiopatologia da pré-eclâmpsia. O aumento da permeabi-
bém ainda não está completamente esclarecida. Sabe-se lidade endotelial vai levar ao surgimento do edema e da
que a doença é multissistêm ica, capaz de compro meter o proteinúria. A agregação plaquetária aumentada estimula-
func ionamento de vários órgãos e sistemas da gestante. A da pelo endotélio disfu ncional vai levar a distúrbios de coa-
intensidade desse comprometimento e sua extensão va- gulação e à alteração na relação trornboxano-prostaciclina
riam de acordo com a forma clínica, com o tempo de evo- q ue, juntamente, com a não perda da reatividade vascular
lução da doença e, ind iretamente, com a conduta. e com o estímulo ao sistema renina-angiotensina, vão leva r
A pré-eclâmpsia se associa a vasoespasmo, a lesões vas- à hipertensãoY
culares patogénicas em múltiplos ó rgãos e sistemas, inclu- O VEGF é necessário para o reparo capilar, principal-
sive no leito vascular útero-placentário e aumenta a ativa- mente do endotélio fenestrado, que é encontrado nos glo-
ção plaquetária com consumo de plaquetas e subsequente mérulos renais, no plexo coroide e nos sinu soides hepáticos
ativaçào do sistema de coagulação nos microvasos. - órgãos intensamente afetados na pré-eclâ mpsia. 36
Alfa-fetoprotefna
IMagnésio
Cálcio
Estriol
Ferritina
lnibinaA
Transferrina
PAPP-A (protefna plasmática associada à gravidez)
AtivinaA Haptoglobina
Na ausência desses critérios de gravidade, a pré- Nossa classificação difere um pouco da proposta pelo
-eclâmpsia é classificada como leve. WC HBP - forma leve e grave - , pois acreditamos que sen-
Co ' DUTA
Co ' DUTA
Persistindo a forma leve, a gravidez pode evoluir até o
início espontâneo do parto. Na assistência pré-natal, ape- Assistência pré-nata l mais cuidadosa. Consultas ma is
nas deve-se sempre procurar identificar qualquer alteração freq uentes, entre sete e lO d ias; ava liação mais rigorosa das
na evolução da gravidez. A gestante deve ser orientad a para condições feta is e placentárias: perfil biofísica fetal e dop-
que também possa observar mo dificações como aumento plervelocimetria materna e fetal qua ndo se ju lgar neces-
do peso, edema e cefaleia. A ava liação das condições fetais sário, geralmente com intervalo de sete a dez d ias. Orien-
segue as normas usuais adotadas na assistência pré-nata l. tação clara, precisa e constante, no que se refere aos sinais
Em resu mo, na fo rma leve o que é necessário é uma boa e si ntomas sugestivos do agrava mento da doença: edema,
assistência pré-natal. ga nho de peso, cefaleia.
leve 140/90 s;0,3 g/24h leve s:400 g/semana Ausentes ~600 ml/24h I
Moderada >140/90 e >0,3g e Persistente >400 g/semana e Ausentes ~soo ml/24h
s;160/100 <3g/24 h <1.000 g/semana I
Grave >160/100 ~3 g/24 h Generalizado ~1.000 g/semana Presentes <600 ml/24h I
Eclêmpsia Qualquer <::0,3 g/24 h Qualquer Qualquer Convulsões Qualquer I
HEllP Exames laboratoriais alterados em paciente com qualquer forma de pré-eclêmpsia I
Metanálise de seis estudos com 11 .444 pacientes com- Co !CE TR AÇÕES
parando o uso do su lfato de magnésio com placebo na pre-
venção das convulsões eclâm pticas evidenciou redução de As concentrações sangu íneas fisiológicas do sulfato de
S9% no grupo estudo (RR=0,4 1 - IC9S%: 0,29 a O,S8) e magnésio oscilam entre I,S e 2,S m Eq/ L. As terapêuticas
NNT (número necessário para tratar) de IOO,ou seja, é ne- entre 4,S e 7,S mEq/ L; concentrações entre 8 e 12 m Eq/ L
cessário aplicar o MgSO 4 para 100 pacientes para prevenir determinam perda do reflexo patelar; níveis de IS mEq/ L
um caso de eclâmpsia.53 produzem parada respiratória; e de 2S m Eq / L parada car-
Qj..tando comparado a outros medicamentos, o MgSO 4 díaca (Qj..tadro 2S.S).
mostrou-se mais eficaz em prevenir as convu lsões eclâmp-
ticas do que a fenitoína (RR=O,OS - IC9S%: 0,00 a 0,84) 53, I
Quadro 2S .S Concentrações séricas do MgS04
a nimodipi na (RR=0,33 - IC9S%: 0,14 a 0,77),53 o diaze-
Fisiológica 1,5 - 2,5 mEq/l I
pan (RR=0,4S - IC9S%: 0,3S a 0,58)54 e o coquetel lítico
(RR=0,09 - IC95%: 0,03 a 0,24).55 Terapêutica (anticonvulsivante) 4,5 - 7,5 mEq/l I
Apesar do MgS04 ser eficaz, de fácil manipulação e Tóxica (perda de reflexos) 10 mEq/l I
aplicação e barato, ele não é perfeito; nem sempre evita
as convulsões e ainda pode causar intoxicação. Por isso, é Tóxica (parada respiratória) 15 mEq/l I
necessário que seja m conhecidas suas propriedades, su as Tóxica (parada cardíaca) 25 mEq/l I
Pré-eclâmpsia e Eclâmpsia 4 21
Nas crises recorrentes, Norwitz et a/. 4 recomendam 250 O primeiro dado a chamar a atenção é o aumento súbito
a SOO mg de fenitoína pela via oral ou intravenosa, repetida da pressão arterial emgestantes,nas quais os níveispressóri-
após 12 horas ou, então, diazepam na dose de lO mg/ hora cos estavam controlados, com ou sem o uso de hipotensores.
em infusão intravenosa. Cont ribuem também para o diagnóstico o aparecimen-
Nos casos mais graves, recomenda-se a transferência to da proteinúria e, principalmente, o au mento rápido de
da paciente para centros de terapia intensiva, isto após a seus níveis, ganho ponderai importante e rápido e queda
interrupção da gravidez. Na maioria das vezes, no entanto, acentuada das plaquetas. Apesar de na maioria das vezes
sendo possível mon itoração adequada das condições ma- essa superposição se manifestar mais tard iamente na gesta-
ternas, não há necessidade dessa t ransferência. ção, Rey & Couturier73 observaram que em 5% das pacien-
O Qyadro 25.9 resu me as medidas a serem adotadas tes isso ocorreu ent re 20 e 24 semanas de gestação.
em caso de eclâmpsia. Sibai33 sugere como elementos para o diagnóstico o apareci-
mento de proteinú ria, o aumento da pressão arterial, o edema e a
Quadro 2S .9J Conduta na eclâmpsia
hiperuricemia. Nas pacientes com hipertensão arterial crônica,
1. Contenção materna para evitar lesões os hipotensores não previnem a superposição de pré-eclâmpsia.
2. Decúbito lateral esquerdo para melhorar retorno venoso e A frequência foi similar nas mulheres recebendo hipotensores
evitar aspiração antes da gravidez e as que não fizeram uso (23,7 e 17,4%).
3. Máscara facial com 02 a 8-1 OL/min A superposição da pré-eclâmpsia à h ipertensão arterial
crônica aumenta a mortalidade perinatal, a prematuridade
4. Monitoração dos sinais vitais maternos (oximetria de
e o crescimento intrauterino restrito. A incidência de mor-
pulso, PA, FC)
talidade perinatal foi estatisticamente mais elevada nas
5. MgS04, na dose de ataque de 6g EV em bolus lento mulheres com pré-eclâmpsia superposta n
6. Controle da crise hipertensiva (hidralazina EV)
7. Programar parto após estabilização materna
PREVENÇÃO
8. Transferência para o CTI no pós-parto
9. Manter o MgS04 por pelo menos 24 horas Se a pré-eclâmpsia in icia-se com a implantação do tro-
PA = pressão arterial; FC= frequência cardíaca; EV =endovenoso; foblasto, como se acredita atualmente, a única maneira de
CTI =centro de terapia intensiva.
preveni r a doença seria impedindo a gravidez, o que na prá-
tica é inadmissível.
PRÉ-ECLÂMPSIA SUPERPOSTA À O que se tem tentado, sem sucesso, é alterar a evolução
HIPERTENSÃO ARTERIAL CRÔNICA da pré-eclâmpsia, reduzindo suas complicações. Medidas
as mais va riadas já fo ram propostas, adotadas e abandona-
das; em nada in fluí ram na evolução da pré-eclâm psia. Isso
Em pacientes sabidamente hipertensas podem surgir du- aconteceu com as dietas assódicas, hipossód icas e até m es-
rante a gravidez sintomas e sinais próprios da pré-eclâmpsia. mo hipersódicas; com o uso de diuréticos, hipotensores e
Em I 5 a 30% das pacientes com hipertensão arterial crô- sedativos; com o aumento da ingestão de líquidos; redução
n ica ocorre a associação com pré-eclâmpsia.A frequência da do ganho ponderai; e internações periódicas das gestantes.
superposição da pré-eclâmpsia varia de 5,2 a 18,4% na hiper- Na década de 70, estudos experimentais mostraram
tensão moderada e de 54 a I 00% na hipertensão crôn ica gra- que, na pré-eclâmpsia, em algum momento ocorrera m al-
ve. A discrepância observada na incidência pode ser explica- terações na produção de dois dos derivados do ácido ara-
da pelos diferentes critérios utilizados para o diagnóstico da quidônico - as prostaciclinas e o tromboxame.
hipertensão arterial crônica e da pré-eclâmpsia superposta 71 Essas alterações levam ao desequilíbrio da produção
A distinção entre pré-eclâmpsia superposta e o possível de prostaciclinas, p redomin ando o tromboxane A2, sabi-
agravamento da hipertensão arterial crôn ica é difícil, prin- damente vasoconstritor, agregador plaquetário e estimu-
cipalmente naquelas gestantes com assistência pré-natal lador da atividade uterina, características essas frequentes
inadequada. na pré-eclâmpsia. Diante desses fatos, acred itou-se que,
I
Quadro 2 5 .10 Evidências sobre pré-eclâmpsia/ eclâ mpsia
N1vel de G1 au de
01JJei1VO lnte1 vencao
ev1dencJa recomendaçao
Prevenção Aspirina em baixas doses reduz a incidência de pré-eclampsia em populações de risco 1A A ·,
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doença hemolítica perinatal (DHP) é ocasiona- imaturas encontradas na circulação e no fígado. Esse qua-
ETIOLOGIA
S JSrl ,\.IA RH
A DHP ocorre em função da destruiçáo ou f.1lha na
produção das hemácias fetais. Causas imunológicas, gené- O fator Rh foi descoberto cm 1940 por Landsteincr c
ticas, infeccio as e hemorrágicas já foram descritas. Wicner. Em 1946, Fisher e Race propuseram que os princi-
pais ant ígenosdo grupo Rh{D, E, c, C e c) eram codificados
por três alelos (D/-, C/c c E/e)l. Em 199 1, Chcrif-Zahar ct
CAUSAS IMUNOLÓGICAS a/. localizaram o /ows do grupo Rh no braço curto do cro-
mo omo 1.- Apenas dois genes foram identificado - RhD
O antígeno D do grupo Rh é o principal respons.\vd e RhCE, derrubando a teoria de Fisher e Race de que três
pela hemólise intrauterina. Contudo, mais de SO outros an- gene · distinto codi ficari,\m os principa is antígenos do gru-
Rh ~ Hr. Hr·= ----- - - - - --1 a placenta. Essa segunda exposição pode ocorrer com um
JAL volume m ínimo (fração de mi).''
Acompanhamento especializado
I
Figura 26. 1 Acompanhamento da gestante Rh (D) negativo pelo método tradicional.
r Acompanhamento especializado
r Aco;~nhamento habituai ]
I
Figura 26.2 Acompanhamento da gestante Rh(D) negativo utilizando os testes de determinação genética.
Uma vez que o antígeno Rh(D) está presente nas he- ANT ICO RPOS PRESE t TES NA CIRCU LAÇÃO MATER NA
mácias fetais desde a sexta semana de concepção, existe
risco potencial de sensibilização na gravidez ectópica. Pelo Não se adm inistra imunoglobulina em gestantes Rh
30
menos um caso já foi relatado. negativo com anticorpos antiRh presentes na sua circula-
Em nove das 38 (24%) mulheres com gravidez ectópica ção sa ng uínea. A imunoglobul ina, além de não proteger a
rota, entre seis e 1Osemanas de gestação, encontrou-se signi- mãe, pode aumentar a aloimu nização. Contudo, existe uma
28
ficativo número de hemácias fetais na circulação materna . exceção, quando se detecta m anticorpos em níveis muito
Recomenda-se que toda gesta nte Rh negativo não ba ixos e por meio de técn ica especial, auto-analyser; esses
imunizada, com gravidez ectópica, seja tratada com imu- a ntico rpos não representam imu nização verdadeiran
noglobulina Rh. 3 1 Gesta nte Rh negativo com ant icorpos detectados so-
mente p elo auto-analyser devem receber imunoglobulina
na grav idez e depois do parto, se o recém-nascido for Rh
NA DOENÇA T ROFOBLÁ ST! CA GESTACIONAL positivo.22
O Quadro 26.2 resu m e as indicações pa ra a aplicação
Recorrendo a técnicas especiais por imunofluorescên- da imunoglobulina antiRh(D).
cia, Goto 32 demonstrou a presença do antígeno Rh na vi-
losidade corial da placenta hu mana de gestação entre 12 e
14 semanas. A antigenicidade da hemácia aumenta com a ASSISTÊN CIA PRÉ- NATAL À
maturidade fetal.
GESTANTE I MUNIZADA
Embora haja controvérsias, recomenda-se a adminis-
tração da imunoglobulina na mola h idatiforme embrio-
nada, mas, na anembrionada, questiona-se seu emprego. Presença de anticorpos antiRh no sangue de gestante
Acredita-se que a imunoglobulina Rh não seja necessária Rh negativo significa que ela já está imun izada. Sua assis-
na mola hidatiforme; contudo, seu uso não é prejudicialn tência pré-n atal tem que ser especial, diferenciada, visando
ev itar problemas graves no feto e/ ou no recém-nascido.
NA LAQUEADURA TU BÁRIA
ANAMNESE
Mulheres Rh negativo não imunizadas, em idade repro-
dutiva e submetidas à laqueadura tubá ria pós-parto devem A anam nese, etapa inicial da assistência pré-natal, já
receber a imunoglobulina Rh(D). Existe risco de falha na la- pode fo rnecer inform ações úteis, sugeri ndo a g ravidade da
queadura ou, então, posteriormente, a mulher pode subme- imunização.
ter-se à reanastomose das trompas e engravidar novamente. Nas nulíparas, o único dado úti l é a história de transfu-
são.Jánas mu ltíparas, a história obstétrica pode ser rica e m
informações: recém -nascidos com icterícia necessita ndo
NA TRANSPU ÃO DE SA 1GUE I NCOMPATÍVEL de tratamento - foto terapia, transfusão ou exanguineo-
tra nsfusão - ou recém -nascido, nati morto ou neomorto.
A causa m ais grave de imunização pelo fa tor R h é a trans- A histó ria pode, ainda, revela r um recém-nascido com
fusão de sangue incompatível. Apesar de todos os cuidados problemas e out ro sem q ualquer complicação - certa-
adotados, transfusões incompatíveis ainda acontecem em m ente R h negativo - , o que su gere ser o pai heterozigoto.
Somente recorrendo-se a determi nados exames com- Em 1956, Bevis observou que as concent rações de
plementares se consegue avaliar as condições fetais e seu bilirrubina encontradas no líquido amniótico correlacio-
grau de comprometimento. nava m-se com a hemólise das hemácias fetais e, portanto,
0.20
Risco de morte intrauterina
ec 0.18
oU')
0.16
::!:.
ro
u
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0.14
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ro 0.06
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0.04 Rh negativo
i! não comprometido
o 0.02
000
14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
Semanas de Gestação
Anticorpos Maternos
1
Anemia ---
Óbito
ACM =artéria cerebral média; CA =contração atrial; CTG=cardiotocografia; DBVE =diâmetro biventricular externo; PSV= pico da velocidade sistólica: SV =sístole ventricular.
As taxas de sobrevida va riam de 76 a 94%. A sobrevida Em fetos não hidrópicos, geralmente são feitas duas
perinatal dos fetos não hidrópicos ult rapassa 90% e apro- transfusões em intervalo de I5 dias, para garantir a corre-
xi madamente 75% dos hid rópicos sobrevivem após o tra- ção da anemia. Depois disso, são realizadas novas transfu-
tamento." sões a cada três a quatro semanas, até 34 semanas, quando
A transfusão de sangue intrauterina é recu rso extremo a gestação é interrompida. 54
para tratar fetos gravemente comprometidos. Só deve ser A taxa de queda do hematócrito é de aproximadamente
realizada em centros de referência, por equipe médica ha- 2% por dia, após as transfusões. Depois de algumas trans-
bilitada e experiente. fusões, a maioria do sangue circulante no feto passa a ser
A transfusão está indicada se o hematócrito fetal for proveniente de doador e não dele próprio, o que diminui
inferior a 30% ou o déficit de hemoglobina superior a 5 a taxa de hemólise, reduzindo-se a necessidade de novas
mg/ dL para a idade gestacional. O tipo de transfusão mais transfusões, mas pode levar também a bloqueio na produ-
utilizado é a intravascular. Por essa técnica, a veia umbili- ção de novas hemácias. o acompanhamento neonatal,
cal é puncionada com uma agulha (20 gauge) guiada pela geralmente são realizadas transfusões periódicas até que a
ultrassonografia. Os melhores locais para a punção são a medula tenha se recuperado.
inserção placentária do cordão e a inserção no abdome do Fetos com hidropisia podem apresentar descompensa-
feto. Sempre que possível, a punção transplacentária deve ção cardíaca após a transfusão, por isso recomenda-se que o
ser evitada, pois ela apresenta altas taxas de complicações. hematócrito final na primeira transfusão não exceda 25% ou
O objetivo da transfusão intravascular é elevar o hemató- au mento de quatro vezes nos valores pré-transfusionais. Com
crito para 50 a SS%. isso, o objetivo na primeira transfusão é elevar o hematócrito
O sangue a ser transfundido é o O Rh(D) negativo e para 25%. Realiza-se a segunda transfusão em 48 horas para
negativo também para outros antígenos, caso a sensibiliza- elevar o hematócrito para 35% e a terceira em uma semana,
ção seja por antígenos irregulares, sendo também negativo para atingir os 50%, caso a hidropisia tenha dcsapa recido.5 4
para infecções. O sangue é lavado para remover os possíveis
anticorpos e concentrado para atingir hematócrito de 70
a 80%, possibilitando que menor volume seja infundido, F ENOBARBI TAL PARA A CELERAR
diminuindo-se os riscos de descompensação cardíaca fetal A MATU RIDADE H EPÁTlCA
após a transfusão, por hipervolemia. Além disso, os leucó-
citos são retirados (deleucotização) e o sangue é irradiado Após o nascimento, o principal problem,l do recém-
para prevenir uma reação do tipo enxerto versus hospedeiro. -nascido (RN) filho de mãe aloimunizada passa a ser a
O volume de sangue a ser transfundido pode ser cal- hiperbilirrubinemia, pois, enquanto ele ainda está dentro
culado com a seguinte fórmula: 53 volume para transfusão do útero, a bilirr ubina passa pela placenta e é eliminada
= 18,2 + 13,4 x hemoglobina pré-TI U + 6xiG (semanas). pela mãe. No RN pré-termo, com fígado ainda imaturo,
Acompanhamento habitual
Sim
~---------]~
Exames alterados ,...
Exames
I < 34 semanas 1 2! 34 semanas sem alteração
Profilaxia no pós-parto 18 A I
Profilaxia antenatal (28 semanas) 28 8 I
Prevenção
Profilaxia após eventos possivelmente 38 8
I sensibilizantes I
I Teste de Coombs 38 8 I
Espectrofotometria de liquido amniótico 38 8 I
Predição da anemia fetal
Doppler de artéria cerebral média 38 8 J
I Determinação pré-natal do Rh fetal 38 8 I
I Transfusão intravascular é preferível à 2A 8
intraperitoneal I
Tratamento
Transfusão intravascular é associada à 38 8
I sobrevida > 90% I
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Etiologia Conduta
Fisiopatologia Tratamento lnespecífico
Diagnóstico Tratamento Específico
Avaliação Inicial Básica Acompanhamento da Vitalidade Fetal
Avaliação Materna Acompanhamento Materno
Avaliação Fetal Prognóstico
E
a hid ropisia fetal doença caracterizada por re-
tenção ano rmal de líquido em toda a economia erada emergência obstétrica, exigindo imediata investiga-
do concepto e que se inicia por derrame seroso ção diagnóstica e, quando possível, terapêutica adequada.
ou por edema dos tecidos moles. No geral, define-se como Atenção especial deve ser dada à sequência dos eventos
hidrópico o feto que apresenta acúmulo híd rico em mais que caracterizam a hidropisia não imune, pois a ordem e
de um de seus compartimentos orgânicos (abdome, pleu- a intensidade do acometimento dos vários setores da eco-
ra, pericárdio, derme), associado ou não à polidramnia e nomia fetal podem orientar o diagnóstico etiológico, usu-
ao edema placentário. Conquanto o derrame isolado em almente difícil.
uma das cavidades do organismo fetal possa acontecer no
estágio inicial da doença, tal ocorrência, por si só, nâo car-
acteriza a hidropisia, por exibir etiologia, conduta e prog- ETIOLOGIA
nóstico próprios.
Ao contrário da hidropisia fetal imune, que decorre d a As causas de hidropisia feta l não imune são d iversas
incompatibilidade sanguínea materno-fetal e que possui e incluem numerosos distúrbios maternos, fetai s e/ ou
rotinas de acompanhamento mais bem-definidas, abor- placentários. Pode ser determinada antes do nascimento
dada em outro capítulo deste compêndio, a hidropisia nâo em 50 a 85% dos casos, 0,5 a 0,8% é classificada como
imune resulta de fatores mú ltiplos, no mais das vezes de idiopática, mesmo após a necropsia. 1 A prevalência dos
origem fetal, que cursam segundo modelo s distintos e que pri ncipais fatores etiológicos varia de país para país. As-
pedem por condutas individualizadas, frequentemente sim, a alfa-talassemia responde pela maioria dos casos da
controversas. Incide em I: I. SOO a I :4.000 partos.'·5 doença em determinadas regiões da Asia, na l nd ia e no
leste do Mediterrâneo. Já a síndrome nefrótica prevalece J á as arrit m ias não relacionadas à lesão anatómica
na Finlândia, a doença cardíaca congestiva nos Estados respondem por 32%: 25% são taquiarritmias e 7%
Unidos e a deficiência de glicose-6-fosfato na Sardenha. bradiarritmias. 14•15 Estas últimas podem decor-
A hidropisia fetal ident ificada antes de 24 sem a- rer de blo queio cardíaco completo ou de doença
nas está usua lmente associada à a neuploidia ou à insu- do tecido conectivo card íaco, como no lúp us er-
ficiência cardíaca. O Qpadro 27.1 lista as moléstias que ite matoso sistémico e na poliarterite; 11
se associa m m ais frequentemente à hidropisia fetal não causas cromossomiais: dos casos de anomalias cro-
imu ne. 6 •7 Entre elas, merecem considerações especiais as mossômicas responsáveis pela hidropisia fetal, 42%
que se seguem: são representados pela síndrome de Tu rner (45X),
Infecções congênitas: diversos são os agentes infecciosos 34% pela trissomia do 21, 9% pela trissomia do 18 e
responsáveis pela hidropisia fetal não imune. Podem 5% pelas triploidias e demais trissomias; 11 •16
acometer o concepto, diminuindo a síntese proteica causas de origem torácica e pulmonar: destacam-se a
ou causando lesão hepática, por meio da hemólise ou malformação adenomatoide cística pulmonar, o
aplasia de células vermelhas, levando à a nem ia fetal e/ sequestro pulmonar, a hérnia diafragmática direita,
ou m iocardite. O agente infeccioso mais comum é o o teratoma, as cond rodisplasias, a atresia de laringe
parvovírus Bl9 (eritrovírus-humano); 8-10 com hiperinsufl ação pulmonar, o quilotórax e o h i-
anemias: a talassemia, a deficiência de glicose- drotórax;17-20
6-fosfato desid rogenase e a aplasia primária de gestação geme/ar: nesses casos, o diagnóstico merece
células vermelhas, entre outras causas de anemia considerações especiais e a definição da etiologia
fetal, aumenta m a hematopoise hepática, compro- é fu ndamental. Em fe tos dizigóticos, a causa pro-
metendo a função do fígado, diminuindo a síntese vavelmente não se relaciona à gemelaridade, mas,
proteica e produzindo hipertensão portal e con- qua ndo monozigóticos, além de todas as causas
gestão da víscera. A talassemia responde por 55% para gestações únicas, é expressiva a possibilidade
dos casos de hidropisia não imune nas populações de síndrome de transfusão feto-fetal, em que o feto
susceptíveis à doença; 11 hidrópico pode ser tanto o receptor (insuficiência
erros inatos do metabolismo: compreende grupo cardíaca por sobrecarga de volume) como o doador
heterogéneo de doenças autossômicas recessivas. (anemia cr6nica)? 1
Decorrem da deficiência de enzimas necessárias ao
metabolismo, provocando acúmulo de metabóli-
tos em determinados órgãos com o cérebro, fígado, FISIOPATOLOGIA
coração e rins. O acúmulo desses metabólitos leva
à congestão de vísceras abdom inais, causando a Embora a etiologia da hidropisia fetal não imune seja
lesão dos órgãos, o que pode diminui r a pressão os- extremamente variada, as condições que produzem a
mótica e au mentar a hidrostática;12- 13 doença levam, por mecanismos distintos, a uma série de
doenças linfáticas: as anomalias cromossômicas, vias comuns que terminam com o acú mulo de líquido no
as fís tulas do dueto torácico e a doença li nfática organismo do concepto. A patogénese dessa alteração ai-
primária interferem na reabsorção de fluido pelos nda não está completam ente esclarecida, de maneira gera l
tecidos, produzem edema subcutâneo, derrame depende de uma das desordens que se seguem :
p leu ral e higrom a cístico; Obstrução da d renagem linfática na cavidade torá-
doenças cardíacas: as malformações estruturais do c ica ou abdominal;
coração, em especial a hipoplasia do ventrícu lo aumento da permeabilidade capilar;
esquerdo, o canal átrio-ventricular, a hipoplasia aumento da pressão venosa decorrente da falê ncia
de ventrículo direito, a estenose do forame oval e miocárdica ou da obstrução ao retorno venoso ao
a fib roelastose são respon sáveis por 40% dos ca- coração;
sos de ca rd iopat ias associadas à hidropisia fetal. redução da pressão osmótica.
Hipoproteinemia
Para avaliar o feto, deve-se realizar avaliação ultrasson- CASO DE ÓBI TO FETAL OU NEONATAL
cografia completa, conjugando-se ultrassonografia mor-
fológica, ecocardiografia fetal e dopplervelocimetria para A investigação post-mortem é de extrema importância
ava liação do pico de velocidade sistólica da artéria cerebral para definir o prognóstico de futuras gestações e segue
média (rastreio da anemia fetal). várias etapas, começando pela necropsia. O va lor da ne-
Em caso de dúvidas, pode-se utilizar a ressonância nu- cropsia não pode ser superestimado. Se for rec usada a
clear magnética (RNM) fetaL autorização para sua execução, a ressonância nuclear mag-
nética de corpo inteiro é uma alternativa aceitável para as
Realizam-se os exames relacionados no líquido am- famílias envolvidas.
niótico, obtido por amniocentese: Durante a necropsia, são realizadas medições fetai s. As
• Estudo do cariótipo; medidas do compri mento, peso e ci rcunferência do crânio
dosagem de alfa-fetoproteína; são obrigatórias. O comprimento do pé pode ser usado
• testes metabólicos (doença de Gaucher); para determina r a idade gestacionaL Outras medidas po-
cavitá rios. Em geral, quanto mais cedo se desenvolve a h i- 6. Kessel I, Makhoui!R, Sujov P. Congenita l hypothyroidism
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o I
37 38 39 40
I
41 I·-I 42
Figura 28.1 I Porcent.1gem de nascimentos por idade gcsta-
mina elevadas t<Lxas de óbito neonatal.1u 1
O ri cos materno associado à gestação prolongada são
Jumento das distócias no trabalho de parto, ri co mais elevado
de lesão pcrineal grave, ma i~ partos v,1ginais operatórios e cesa-
cional na ~ gc~taçõc a termo em 1992 e 2003.' rianas c complicações puerperais como hemorragia c infecção. 14
Oligodrêmnio
Sinais de
comprometimento fetal
Oligodr8mnio
SinaisdeC111J11R111181i~nto
~ feta
~ r-- - -- - - -- ---r
'
cesariana
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ANEUPLOIDIAS
ETIOLOGIA
A an euploidia consiste no achado de número an ormal
Historicamente, muitas causas de perda gestacional de de cromossomas. Geralmente resulta da n ão disjunção
repetição têm sido propostas, sem comprovação científica de um par cromossômico durante a meiose I, com conse-
aceitável, levando à introdução de terapêuticas com resul- quente formação d e gameta que possui esse cromossoma
tados no míni mo questionáveis. Sabe-se que a cha nce de duplicado. Após a fec undação, o ovo terá 4 7 cromosso-
resultado gestacional satisfatório (nascimento de criança mas e não 46, com a trissomia d aquele cromossoma. A
saudável) em casais com perda gestacional de repetição, não disj unção pode também estar envolv ida na o rigem
sem nenhu m tratamento específico, é de pelo menos 50%, de monossomias.
podendo alcançar índ ices de até 75%. As trissomias constituem as anomalias mais frequentes
Casais que tiveram uma p erda gestacional anterior têm nos abortamentos espontâ neos. A Figura 29. 1 apresenta ca-
duas preocupações: a causa da perda e o risco de recorrên- riótipo com trissomia do cromossoma 21. Nos abortos pre-
cia. Infelizmente, só 50% dos casos de aborto de repetição coces encontram-se as anomalias mais letais (por exemplo,
)( ·~1 ,,..
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Figura 29.1 Trissomia do cromossoma 21. Fotografia gentilmente cedida pelo GENE- Núcleo de Genética Médica.
l\
aborto em uma irmã ou nas m ães de qu alquer um dos
parceiros. 18 História fa m tliar de natimorto o u de criança
\... com anomaHa cromossôm ica tam bém parece aumentar o
risco. 19 o entanto, é importante notar que cariótipo anor-
mal cm um dos pais não é d iagnóstico fina l da origem da
perda recorrente, de modo que não exclu i a necessidade de
um a avaliação completa. 20
•-p:,!,..-- - - - ---)l-
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13 . ·~ •• ••
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13 •• 70
" 11
8 B
I
Figura 29.2 A e B Translocaçáo balanceada entre os cro-
MOSAICISMO
mos omo 2 c 13. Fotografia gentilmente cedida pelo GENE
- 1 úclco de Genética Médica. Ve,. Pmnclzn Colondn.
O mosaicismo cromossôm ico consiste na coexistê n-
cia de du as linhagens celu lares, diferindo em constitu i-
A idcnti ficaçáo desses casais, q ue é feita por meio da re- ção crom ossômica, no mesmo indivíduo, por exemplo,
al ização de estudo cromossôm ico em sangue periférico, é 4 6,XX/ 4S,X. A associação entre mosa icismo cro mossô-
importante não ó devido à alta taxa de recorrê ncia de per- m ico e perdas d e repet ição é mais controversa. Existem
das fetais nessa situação, mas também porque exi te risco estudos demo nstrando m ais frequência de mo aici mo
aume ntado de nasci mento de nat ivivos com aberrações entre casais com perdas gestaciona is de repet ição do
cromossôm icas c, portanto, com anom alias congênitas c/ q ue a encont rada na população geral. Algun s estud iosos
ou retardo mentaP·5 r consideram que o mo aicismo - principalmente quan-
Há mais cha nce de o aborto recorrente ser relacionado do envolve o cro mo om o entai -, em bora n ão eja
ao cariótipo anorm al do casal quando uma das seguintes relacionado de forma causal com as pe rdas fetais, po de
características e tá presente: mãe jovem, no segundo abor- representar ma n ifestação d e aumento de eventos de não
F
Figura 29.41 Anomalias uterinas. A - útero didelfo; B e C - útero bicorno; O e E- útero septado; F - útero unicorno.
Os defeitos da fase lútea têm sido questionados, pois não Embora a literatura tenha relacionado as doenças tireoi-
exi tem métodos acurados para o diagnóstico c não há evi- dia nas às perdas gestacionais de repetição, não cxi te qual-
dência convincente da correção com o tratamento.3•4·32 quer evidência que confirme essa associação. 1·4•9
Quadro 29.21 Resumo dos graus de recomendação sobre a perda gestacional de repetição
lntervençao N1vel de Grau de
ev1dênc1a recomendação
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Conceitos Etiopatogenia
Morte Materna Prevenção
Razão da Mortalidade Materna Planejamento Familiar
Epidemiologia Assistência Pré-natal
Assistên cia ao Parto
Assistência ao Puerpério
Assistência a Intercorrências Gestacionais
s chamad as estatísticas vitais, que incluem as ta- produção humana e estima-se que para cada morte materna
Q uadro 30.1 I Causas de morte materna obstétrica direta A34 Tétano obstétrico
de acordo com a C ID-lO B20 a B 24 Doenças causadas pelo vfrus da imunode-
CociJqo CI0 -10 CilUSéiS ficiência humana
080a084 Parto
É a morte materna corretamente registrada na declara-
085a092 Complicações relacionadas predominante- ção de óbito (DO) pelo médico, ou seja, a simples leitura da
mente ao puerpério
DO permite a classificação d a morte como materna.4
D39.2 Mola hidatiforme invasiva ou maligna I
E23.0 Necrose pós-parto da hipófise I
MORTE MATERNA NÃO DEC LARADA
F53 Transtornos mentais e comportamentais
associados ao puerpério
É considerada como não declarada quando as informa-
M83.0 Osteomalácia puerperal 'I
ções registradas na DO não permitem classificar o óbito
o o
...
o
oo o
•
o o
'
'•
o
Mortalidade Materna
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confiável, mas o resultado negativo não invaLda a possibi- fúngicas durante ;;·~ravidez. O percentual restante é causa-
lidade diagnóstica.Asorologia é inconstante e não oferece do por o utras espécies do gênero Candida, destacando-se a
a especificidade necessária para esse diagnóstico em ges- C mdida glabrata. 12
tantes.' ' Atualmente, com preço m ais acessível, as técnicas Epidem iologicamente, observa-se llue candidíase vulva-
de biologia molecular vêm paulatinamente substituindo vaginal incide preferencialmente em pacientes d iabéticas,
tanto a cultura em célul as de McCoy como a utilização de imunodeprimidas e gestantes. O au mento do glicogênio
anticorpos monoclonais para o diagnóstico laboratorial no epitélio vaginal durante a gravidez promove redução do
desse microrganismo. 19•33 pH em n.íveis infe riores àqueles considerados normais, pro-
A despeito das relações de custo/ benefício serem fa- movendo acidificação desse meio e o desenvolvimento de
voráveis ao rastreamento de gestantes portadoras de in- ca ndidíase.19
fecção clam id iana, sua implantação de forma ampliada na FeLzmente, tanto a infecção ascendente como a transm issão
rede pré-natal brasileira ainda não é realidade, principal- transplacentária da Candida albicans levando à contaminação
mente porque o custo das técnicas de biologia molecular fetal são raras. Nas duas situações, o prognóstico gestacional é
ainda é elevado em nosso mcio. 26 extremamente comprometido.''
TRATAMENTO DIAGNÓSTICO
Para o tratamento da infecção genital por Chlamydia As manifestações clínicas da candidíase vu lva-vaginal
19
trachomatis durante a gravidez, os CDCs recomendam a em gestantes geralmente é típica, caracterizando-se por
utili zação de azitromicina (1 g/ d ia, via oral, dose ún ica). A prurido genital e leucorreia espessa, sem odor. Ao exame
eritromicina (2 g/ d ia, via oral, por 14 dias) o u amoxici.lina genital detecta-se genitália avermelhada, sinais de coça-
(2 g/ d ia, via oral, por sete d ias) também podem ser utiliza- geme comprova-se a gu eixa de corri mento, observando-se
dos como alternativas. O utra opção terapêutica é o tian- leucorreia, algumas vezes fo rmando placas esbranquiçadas
fenicol (1,5 g/ dia, via oral, por sete dias). Para o recém-nas- na superfície vaginal e no colo. Ao exame colposcópio é
cido de mãe infectada, o uso do colírio de eritromicina está p ossível confirmar intensa cervicocolpite.24
for mal mente ind icado, lembrando-se de que não previne Para demonstração do fu ngo, o exame mais prático, de
pneumonia. Em alguns serviços, esse colírio é usado de baixo custo e rápido é o "exame a fresco" do conteúdo vaginal
forma a mpl iada em recém-nascidos, evitando-se a ofi:al- (KOH a I 0%), evidenciando tanto os esporos como os m icé-
m ite clamidiana e a gonocócica. lios do fungo. Coloração de hematox.ilina-eosina também
pode evidenciar o fungo, mas a sensibilidade é mais baixa.
A cultura do conteúdo vagina! tem indicação apenas em
CANDIDÍA SE VULV O-VAGIN AL casos de falha terapêutica. Utiliza-se o meio de cultura de
Sabouraud ou de Nickerson, possibilitando identificar outras
Atualmente questiona-se a infes tação vulva-vaginal cau- espécies de Candida, como, por exemplo, a Candida glabra ta e
sada por fungos do gênero Candida como de transmissão se- a Candida tropicalis. 19
Vaginose bacteriana Metronidazol400 ou 500 mg, 12/12 horas. por sete dias Metronidazol. 250 mg. 8/8 horas. via oral.
por sete dias
Clindamicina 300 mg, 12/12 horas. por
sete dias t
Tricomonfase' Metronidazol. 2 gramas, dose única (parceiro! Metronidazol. 400 ou 500 mg.
Metronidazol creme vaginal, 1aplicação 1500 mgl duas vezes 12/12 horas. por sete dias
ao dia por cinco a sete dias
Gonococcia' Ceftriaxona. 125 ou 250 mg,IM. dose única Cefotaxima, 1,0 g .1M. dose única I
Clamidfase' Azitromicina. 1 grama. VO. dose única Amoxicilina, 500 mg, 8/8 horas. por sete dias
Eritrornicina. 500 mg, 6/6 horas. por sete dias2
Candidfase Nitrato de isoconazol. 1 óvulo vaginal(600 mgl à noite. Nitrato de isoconazol. 1 aplicação vaginal
dose única à noite, por sete dias
Infecção pelo herpes Aciclovir. 200 mg. cinco vezes ao dia. por sete a 10 dias Aciclovir. 400 mg, três vezes ao dia, por
vírus sete a 10 dias
Infecção pelo HPV Eletrocauterização das lesões exoffticas Criocauterização. laser de C02 e métodos
cirúrgicos
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hipertensão arterial crônica (H AC) o u essen- Mesmo as mulheres com hipertensão crônica leve e
Hipertensão que está presente antes da gestação ou que é diagnosticada antes de 20 semanas de gestação.
Hipertensão diagnosticada pela primeira vez na gestação e não se resolve no pós-parto.
Pre·eclãmpsra
PA :!!: 140/90 mmHg após 20 semanas acomflanhada de proteinúria (:!!: 0,3 g/24 horas).
Eclâmpsra
Convulsões que não podem ser atribuídas a outras causas. em gestante com pré-eclâmpsia.
Pre·eclâmpsra sobreposta a hrpertensiln rriH1rri1
Proteinúria :!!: 300 mg/24 horas em gestante hipertensa crOnica, sem proteinúria nas 20 primeiras semanas de gestação.
Aumento súbito da proteinúria ou da hipertensão prévia.
Trombocitopenia (plaquetas < 100.000/mm3) em gestante com hipertensão crOnica.
Elevação das enzimas hepáticas (TGO ou TGPI em gestante com hipertensão crOnica.
Hrpertensão gestacroniil
Hipertensão surgida na gestação. após 20 semanas. que não se associa à proteinúria (esse diagnóstico só é possível de ser
firmado no pós-parto). •
para mãe e feto, quando a gestante, apes:~r do tratamento, do café ou álcool 30 minutos antes;
mantém a pre ão diastólica de 11 0 mm Hg ou mai , re- PA deve er medida no braço di reito;
quer múltiplos anti-hipertensivo para o controle da PA ou o braço deve e tar apoiado com a mão po 1 iona-
quando a creatinina érica está acima de 2 mg/ dL.- 10 da no nível do coração; palma da mão vi rad,\ para
A p.1ciente hipertensa com insuficiência renal crônica tem cima e cotovelo ligeiramente fletido.
alto ri co de complicaçõe . A in uficiência renal moderada c a borda inferior do manguito deve ser colocada a 4
grave tem seu cur o acelerado pela gestação. O baixo pe o ao cm acima da prega cubital;
na cer associa- c dirctamente à taxa de crcatinina plasmclti- estimar a P com base no desaparecimento do pul-
ca materna. O reconhecimento da pré-eclã mpsia upcrposta o radial;
pode c tornar difícil, já que na gestantes com lesão glomeru- o manguito deve er insuflado até o me111 co de
lar a proteinúria tende a aumentar progressivamente. - mercúrio situar-se 20 a 30 mmHg acima do valor
H ipcrtensas com história de trombose ou hemorragia ce- em que de aparece o pu lso radial
rebral, mfarto do miocárdio ou in uficiên ia ca rdíaca devem liberar o ar do manguito lentamente e, utilizando o
ser desestimuladas a engravidar em decorrência das altas ta- método de ausculta, determinar os 1° e 5° son de
xas de complicaçõe , tanto materna quanto perinatais.- Korotkoff; que correspondem a P e PD, re pecti-
A :-uperpo ição de pré-eclãmp ia à H AC (aparecimen- vamente.
to de proteinúria c agravamento da hipertensão) é compli-
cação ,ldicional do quadro, podendo de envolver hemor- Q!.1ando a p.Kicnte tem a pre ão arterial abidamente
ragia (coagulação intravascular disseminada), acidente elevada antes da gravidez, o diagnó tico de HA é óbv1o.
va cular cerebral e in uficiência cardíaca, renal ou hepáti- c sa ituaçõc , a época mai apropriada para planejar
ca.- O risco de pré-cclâmpsia sobreposta cm pacientes com a conduta clínica durante a gestação é no período pré-
HA grave chega a ' 0%. 2 -concepcional. A acuid.1de do diagnóstico de hipertensão
A insuficiência útero-placentária com crescimento in- primána ou ecundária depende de inve tigação rigoro a
trautcrino restrito e/ ou morte fetal são também observadas para detenninar a causa básica da doença. Inclui história cui-
nessa circunstância!>. O parto pré-termo é compl icação dado a, exame fí ico criterioso e completa avalia ão renal c
frequente, principalmente na hipertcnsas graves e mal- cardía a.2·-
controladas. A prematuridade, que é muitas vezes induzida Entretanto, muita mulheres de conhecem o valor de
como ún ica forma de minimizar o agrava mento materno sua prcs ão sanguínea. e a PA estiver elevada na primeira
ou rc olvcr a insuficiência placentária, contribui para eleva- metade da ge ta ão, pode-se classificar como hiperten ão
das ta xas de mortalidade neonatal, bem como determ ina preexistente, portanto, crónica.
sequela em curto c longo prazos entre os recém-na ciclos Mais de 30% das mulhcre com PA ,\cima de 140 x 90
sobreviventes.- O risco de morte perinatal aumenta trê a mmHg experimentam queda da pre ão para nívei con i-
quatro veze , comparado à população gcral. 2 dcrados normai durante o primeiro trimestre. Nessas pa-
DIETA
R E P O USO E ESTRESSE
A dieta DASH (dietary approches to stop hyperteuswu) de-
ão existe experiência comprobatória de que o repou- monstrou vários benefício à saúde, de tacando-se a redução
so seja tratamento eficaz para a hipertensão. Admite-se nos níveis de pressão .uterial. A alimentação balanceada com
que eja um do fatores integrantes do tratamento. ão verduras, fruta , legumes, cercais, tubérculos, leguminosas,
é necessá rio em todas as situações, nem é estratégia útil c:unes magra , leite c derivados desnatado c óleo vegetai
confinar a paciente no leito durante toda a gravidez, mas está associada à redução do risco de desenvolvimento de hi-
é fundamental reduzir os exccs os físico e a sobrecarga pertensão arterial pelo impacto da a ão i olada ou combinada
p íquica. Essa conduta pode ter importância destacada, fa- de eus nutrientes. É importante que esses cuidados nutricio-
vorecendo o controle da hipertcnsão.2•7 nais sejam adotados desde a infância c a adolcscéncia.4
Durante o pré-natal, é boa norma repouso físico de, Não se comprovou que regime alimentar agrave ou
pelo menos, dua hora por dia, após as refeições, cm decú- amenize o quadro hipertensivo na ge tação. Particularmen-
bito lateral esquerdo. te, a restrição de sódio é considerada positiva no tratamento
H:\ positiva relação entre e tresse emocional e aumen- da H AC em pacientes não grávidas, mas não adiciona bene-
to de pressão arterial c da reatividade cardiovascular. A rea- fício algum ao tratamento da hiperten ão no pré-natal. Ao
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Existem mai de ISO milhõe de pessoas com diabe- de e aumenta com a idade, chegando a 17% na faixa etária
te no mundo. De acordo com a O rganização Mundial de do 60-69 anos.
Saúde, a projeção par,\ o ano 2025 é que esse número du- Além da prevalência elevada, outro dado importante é
plique, chegando a 300 milhões. o Brasil, a prevalência que, apesar das campanhas para detecção do diabetes, cer-
da doença é de 7,6% na população entre 30-69 anos de ida- C,\ de 50% das pessoas que o têm desconhecem sua condi-
ção. Por isso, devido às graves com plicações causadas por DEFINIÇÃO
ele, é im portante que seja realizado o d iagnóstico precoce.
Atualmente, aproxi madamente 4% das mu lheres grá- O diabetes mellitus (DM) é uma doença crônica e evo-
1
vidas nos EUA' ão diabéticas e no Brasil são 7,6% . Des- lutiva, caracterizada po r alterações no metabolismo dos
tas, 88%apresenta m diabetes gestacio nal c as demai s tê m carboid ratos, lípides e proteínas, identificada pela presen-
diabetes tipo L c tipo 2 pré-gcstacional. Estudos recentes ça de hiperglicemia, seja no estado de jejum, pós-alimentar
sugerem que a prevalência do tipo 2 tem aumentado em ou segu indo-se a tes tes orais padronizados de sobrecarga
mulheres em idade rcprodut iva, assim como cm crianças de gl icose. H iperglicem ia e outras a Iterações bioq uIm ic as
e adolescentes. Ac red ita-se q ue essa incidência aume n- ocorrem devido à secreção ou ativ idade insul ínica re duzi-
tará progressivamente devido à elevação na detecção do da. O grau de privação insu línica determina a gravidade
tipo 2 c à sua correlação estreita com o besidade e hábitos dos sintomas da doença, os quais va riam desde a ausên-
de vida inadequado .1 1 cia de sintomas até graus extremos de gravidade, cm que
O d iabetes se reveste de m uita importância, po r ser coma e morte estão incluídos. 1
intercorrência comum na gravidez c apresentar riscos m a- o estado diabético crôn ico, há alterações característi-
ternos potencial mente letais como cetoacido ·c diabética cas c progressivas na reti na, rins, nervos peri féricos e tecido
e risco aumentado de in fecções, pré-eclârnpsia e piora das conju ntivo. Há também doença aterosclerótica acelerada
complicações d iabéticas previamente existentes, a lém de dos vasos coronários, cerebrais e perifér ico .1
consequências desfavoráveis para o concepto: elevada in-
cidência de morte fetal, distúrbios metabólicos, infecções,
parto pré-termo, malformações congên itas, SARI, além de CLASSIFICAÇÃO
obesidade c di abetes t ipo 2 na idade adu lta.3
A ntes da introdução da insulina cm 192 1, a gravidez A classificação do d iabetes mellitus atualmentc mais
em m ulheres diabéticas era incomum c frequentemen te util izada data de 1979. Fo i elaborada pelo National Diabe-
acom panhada de morte feta l e elevado risco de mortali- tes Data Group do Nationallnslilule of Health ( DDG). O
dade materna. Com o aumento da compreensão da fis io- Q!.1adro 33.1 mo tra essa ela ificação já com a modifica-
patologia do diabetes na gravidez, assim como o desen- ção precon izada pela Associaç;io Americana de D iabetes
volvimento de técn icas pa ra preven ir s uas complicações, (A DA), em 2003 .1
a mo rta lidade peri natal reduziu-se de aprox imad amente Corno todos os t ipos descritos nessa classificação po-
65% na época da introdução da insul ina para 2 a 5% na dem acometer mu lheres em faixa etária reprodutiva, as
atualidade. Essa d ramática melhora nos resultados pe- alterações metabólicas sobrepostas à gravidez tornam-se
rinatais tem ido atribuíd a aos esforços clín icos para es- bastante ind ividua lizadas, sendo descritas ma is adiante.
tabelecer melhora no controle gl icêm ico m aterno. Se o
cont role '"ót imo" é atingido d ura nte a gestação, a taxa de
mo rtal idade fetal c pcrinatal é semelhante à obse rvada DIABETES MELLITU S TIPO 1 ( DMl)
3
cm gestações não d iabét icas.
A g ravidez ind uz várias mudanças fi siológicas na mãe, H abitualmente, tem seu início na infância ou no adulto
que são benéfica para o desenvolvimento fetal. Mães pre- jovem, é um tipo de diabetes i mu nomediado po r dcstru ição
viamente diabética parecem estar sob os mesmos ajustes das célu las ~- É associado a a ntígcnos leucocitários huma-
fisiológicos d ura nte a gestação. A lém d isto, a gravidez é dia- nos específicos (H LA) no cromos o ma 6. Em caucasiano ,
betogênica, habitua lmente a partir de sua segunda metade, esse antígenos H LA são B8/ DR3 e/ou BlS/ DR4. Históri a
quando se ob crv.1 elevado grau de insulino-resistência. É fami liar de d iabetes está presente cm apenas I 0% dos casos,
nessa ocasião que o diabetes pode se manifestar pela pri- preva lência que não é diferente para não d iabéticos. Há 25 a
meira vez. As gesta ntes devem ser acompanhadas periodi- 50% de taxa de concordância cm gêmeos idênt icos.
camente d urante a gestação para o melhor ajuste metabó- A alteração patogênica encontrada no pâncreas desses
lico no intuito de dim inuir os riscos de mo rbimorta lidade pacientes é a insulite, com infiltração predom ina ntemente
maternos e fetais. lin focítica. Há ausência quase total de células sec rcto ras de
tico c elevação evidente no valores da insulina materna O crescimento do feto durante os nove meses de gesta-
em jej um, que objetiva manter os níveis de glicose dentro ção depende do transporte de quantidades adequadas de
da normal idade, sob equi líbrio. Em razão da resistência à nutrientes pela placenta.'" Essa demanda gera signi ficativo
insul ina, a gestação é caracterizada pelo nível elevado de estresse metabólico na mãe. As moléculas de glicose atra-
• • • AA Essenciais e ~
Não Essenciais -----
-....__- Ácidos Graxas Livres e
Síntese de Ácidos Graxas
FETO
Diabetes e Gravidez
519
vc ama placenta por transporte facilitado. As concentra- orientadas a realizar "estrito" controle metabólico antes de
ções de glicose fetais são 20 a 40 mg mais baixas que níveis engravidarem.
maternos simultâneos. A passagem de insulina, no entanto, Em verdade, a embriopatia diabética parece ser multifà-
é bloqueada pela placenta. O metabolismo do feto é regu- torial, dependendo não apenas de níveis elevados de gl ico-
lado pela insulina produzida pelo pàncrea fetal a partir se no período da embriogênese, mas ta mbém de concen-
da nona semana de gestação. A glicemias maternas ele- trações elevadas de beta-h idrox ibutirato, hipercetonemia,
vada têm imediato acesso à circulação fetal, estimulando hipoglicemias graves, aumento de radicais livres no tecido
a ecrcção de insulina fetal e a utilização de glicose. Desta embrionário, entre outros. 3•18•19·20·21
forma, o metabolismo da glicose no feto é regulado pela in-
sul ina produzida pelo pâncreas fetal. Essa distinção entre o
metabolismo materno e fetal da glicose e da insulina é de SEGUNDA METADE DA GESTAÇÃO
muita importância na compreensão do tratamento e das
complicações fetais do diabetes na gravidez. 14 15•1" A partir da egunda metade da gravidez, há aceleração
do cre cimento somático fetal. O papel da gl icemia mater-
na é fundamental para esse crescimento. Porém, é necessá-
METABOLISMO DURANTE A rio que o aportc de glicose ao feto se faça de forma equili-
GESTAÇÃO DIABÉTICA brada, pois se há hiperglicemia materna, há hipergliccmia
fetal, com consequente estímulo .\ hiperplasia de células
Sendo ""diabetogênica" a adaptação hormonal normal beta fetai c hipcrin ulinemia fetal, com aceleração do ana-
na gravide:t, a gestação impõe estresse significativo às mu- bolismo e do cre cimento somático fetal. 8•12 •1-
lheres portadoras de diabetes pré-gestacional. a pri meira
metade da ge tação há aumento ignificativo na rc po ta
insulínica à glicose, consequentemente, há tendência a hi- D IABETES PRÉ-GESTACIONAL (DMPG)
poglicemia de jejum c melhora do controle glicêmico, com
aumento acentuado dos episódios hipoglicêmicos. O ní- A importância do controle glicêmico materno antes
veis de glico e materna di minuem e, em substituição, há au- e durante a gestação tem se tornado evidente nas últi mas
mento da produção de ácidos graxos livres c cetonas. 14·"· 18 quatro décadas. O controle glicêmico •ótimo • durante
Durante a segunda metade da gravidez, o metabolismo o período pré-concepcional e organogêne e determina
de carboidratos é modificado pela elevação do hormô- baixo ri co de malformaçõe congenita . Por outro lado,
nios contrainsulínicos. Há elevação nos níveis glicêmicos resultados maternos c risco de macrossomia fetal são de-
materno e necessidade de aumento de do -e de in ul ina terminados pelo controle glicêmico no segundo c terceiro
ou introdução da me ma para melhor controle glicêmico trimestres.
materno.14•16 Até recentemente, a maioria das mulheres com DM PG
que engravidava m era portadora do DM I, entretanto, de-
vido a dois fenômenos sociais: aumento da idade materna
o FETO DE MÃE DIABÉTICA para a gravidez e aumento das taxas de obesidade (com
consequente insulino-re i tência), o DM 2 tem se tornado
PRIMEIRA METADE DA GESTAÇÃO o mais frequente. A preva lcncia de DM PG aumentou de
0,81% em l999 para 1,82% em 2005 cm estudos realizados
1 o período de embriogênc e, até 12 semanas de ge - nos EUA.'S,t92o
tação, é fundamental que o aporte de nutrientes se faça Avaliação e aconselhamento pré-concepcional da mu-
de forma adequada. A hipcrglicemia materna nesse mo- lher portadora de DMPG são críticos para mini mizar o
mento exerce sabida ação tcratogênica sobre o feto, sendo risco tanto para a mãe quanto para o feto. Mulheres com
fundamental o controle metabólico materno para que não controle glicêmico insatisfatório du rante a organogênc c
ocorram malformações congénitas. Desta forma, mu- apresentam alta incidência de abortamento e malforma-
lheres portadoras de diabetes tipo I ou tipo 2 devem er ções congênitas. Em adição às complicações fetais, as ai-
Diabetes e Gravidez
523
secundária às altas concentrações de glicose materna e o gravidez tende a ser acentuada no período da man hã. To-
tratamento deve ser realizado visando m anter normais es- das as gestantes devem ser estimuladas a seguir contagem
sas concentrações. 2· l,?, ls.n. 2 1 de carboidratos c, no caso de uso de insulina, saber m ane-
jar adequadamente a contagem de ca rboid ratos e as neces-
sidades de insulina rápida ou ultrarrápidaY9·13
0 1FTA EATI V IDA D E Fís i C A Adoçantes não calóricos devem ser usados com m ode-
ração, sendo recomendado pela FDA o uso de aspartame
Durante a gestação, a dieta deve ser modificada em re- ou sucralose.14
lação àquela prescrita para a mulher não grávida, uma vez A ati vidade física, especialmente aeróbica, deve ser es-
que as necessidades nutricionais e calóricas do concepto timulada, evitando-se exercícios de alto impacto ou que
devem ser atendidas. predisponham à perda de equilíbrio, exceto em pacientes
O ganho de peso considerado adequado para a gestan- portadoras de vasculopatias ou naquelas em que houver
te diabética depende da relação peso -altura da paciente ao contraindicação obstétrica para o exercício. Hiperglicemia
iniciar a gestação. Mul heres com índice de massa corporal acima de 250 mg/ dL com cetose ou acima de 300 mg/dL
(lM C = peso/ altura 1) abaixo do ideal (<19,8 kg/ m 1) devem sem cetose é cont raindicação à realização de atividade físi-
ganhar até 12,S e 16 kg; aquelas com IMC entre 19,8 e 26 ca do ponto de vista metabólico. 19
kg/ m 2 devem ganhar entre II,S e 14 kg, enquanto mulhe-
res com IMC entre 26 e 29 kg/ m 1 devem ganhar entre 7,S
e li ,S kg. Mulheres com IMC > 29 kg/ m 2 devem ganhar I NSULI NOTERAPI A
pouco menos que 7,S kg.
As modificações da dieta variam, conforme se trate de Em gestantes portadoras de DMPG, no pri meiro tri-
gestante obesa ou não. Recomenda-se que o gan ho de peso mestre, principalmente naquelas gesta ntes bem controla-
durante a gestação seja relacionado ao peso prévio à gravi- das previamente, pode haver necessidade de redução entre
dez, variando de 7 kg para mulheres obesas até 16 kg para 20 e 25% na dose de insu li na, devido à tendência à h ipo-
as muito magras. Como prescrição inicial, são sugeridos: glicemia, também comu m naquelas gesta ntes com hipere-
40 kcal/kg de peso atual para IMC < 22; mese gravídica.
30 kcal/kg de peso atual para IMC entre 22 e 27; Já o segu ndo trimestre caracteriza-se por necessidades
24 kca l/kg de peso atual para IMC entre 27 e 29; lentamente crescentes de insulina e o d iabetes torna-se
12 a IS kca l/kg de peso atual para IMC > 30. mais estabilizado ou mais facilmente controlado. Eleva-
ções crescentes das necessidades de insulina são comuns
Para gestantes obesas, recomendam-se restrições ca- durante o terceiro trimestre de gestação, exceto nas úl-
lóricas e acompanhamento cuidadoso para detecção de timas semanas, quando a redução da necessidade pode
possível cetonúria.1 acontecer. Há tendência mais acentuada à hipoglicemia,
Os esquemas dietéticas devem ser individualizados, principalmente noturna, com resolução dos si ntom as pela
com atenção especial para aquelas gestantes portadoras de redução nas doses. Quando há necessidade de reduções
obesidade, hiperlipidemia, nefropa tia e para as nutrizes. Die- bruscas c acentuadas nas doses, deve-se estar atento para
tas com altas concentrações de fibras melhoram o controle a possibilidade de insuficiência placentária e sofrim ento
metabólico, por reduzirem os níveis de glicemia c colesterol. fetaL A média de aumento na necessidade de insu lina du-
Recomenda-se que a quota calórica diária seja fracio- ra nte a gestação em mulheres com DMPG é de 114%, em
nada c m seis refeições. Os carboidratos devem contribuir comparação com SO% de aumento nos níveis de insulina
com 40 a 50% das calorias consumidas, além de 20% de em u ma gravidez no rmaL Esse aumento relaciona-se di re-
proteínas e 30 a 40% de gorduras, sendo que, destas, os áci- ta mente com o ganho de peso materno durante as sema-
dos graxas saturados devem corresponder a no máx imo nas 20 a 29 de gestação e o peso pré-gestação e relaciona-se
10%, além do acréscimo de 50 gramas ou mais de fib ras inversamente à duração do diabetes. A necessidade de in-
(IS a 30 g/ 1.000 cal). Os ca rboidratos devem ser reduzidos sulina aumentada é significativamente mais acentuada nas
no desjejum, uma vez que a insulino-resistência natural da pacientes com DM 2 que nas do tipo I.
Necessita de consideração especial na gravidez, aco- Óbito fetal ocorre com frequência aumentada entre as
metendo até 20% das gestações diabéticas e podendo ser gestantes diabéticas sem controle metabólico adequado,
responsável por hiperglicemia. A bacteriúria as intomática quando comparada com aquelas com bom controle. De
é evento comum, devendo ser rastreada com frequência e particular interesse é o fato de que mesmo aqueles fetos
tratada adequada mente quando detectada. A incidência com pe o adequado, sem macros omia evidente, com 37
total de pielonefrite nessas gestantes é estimada cm 4,3%. semanas de gestação encontram-se em risco de ofrer mor-
te intrauterina súbita, especialmente se há mau controle
metabólico materno.
CoMPLICAÇÕEs FETAIS E PER INATAIS A etiopatogenia mais aceita seria a hiperglicemia mater-
E NA VIDA ADULTA na, com hiperinsulinemia fetal e resultante hipóxia e anóx ia
fetais. A morte fetal súbita ainda é evento comum, especial-
mente para aquelas pacientes que não recebem cuidados
A taxa de mortalidade perinatal para a população não pré-natais adequados. Os natimorto têm sido ob ervados
diabética nos EUA é de aproximadamente I a 2%, en- com mais frequência a partir de 36 semanas em pacientes
quanto em filhos de portadoras de DMPG é da ordem de com complicações vasculares, controle glicêmico precário,
2a 10%. polidràmnio, macrossômicos ou pré-eclâmp ia.
Morbidade e mortalidade perinatais como morte fetal O diabetes pode produzir alterações n:1. liberação de
súbita, doença da membrana hialina, hipoglicemia, hipo- 0 2 pelas hemácias e no fluxo sanguíneo placentário. Tam-
calcemia, hiperbilirrubinemia e hiperviscosidade, hipo- bém a hiperinsulinemia fetal leva ao aumento do consumo
magnesinemia, macrossomia, polidrà mnio, infecçõe e de oxigénio sem que haja aumento na oferta do me mo.
prematuridade têm apresentado redução nos últimos anos. Essa "hipoxemia" induz a aumento na concentração de
O número de mortes secundária a malformações congé- noradrenalina e epi nefrina circulantes, elevando a pressão
nitas maiores tem se elevado proporcionalmente, pois sua sanguínea e a frequência cardíaca fetais, um do po íveis
incidência não tem se alterado significativamente com os mecanismos de morte fetal súbita. Há também estímulo à
anos, conforme demonstrado nos Quadros 33.9 e 33.10. produção de eritropoietina, com consequente policitemia
e eventos tromboembólicos fetais.
HIPOGLICEMIA NEONATAL
MACROSSOMI A E CRESCIMENTO
I NTRAUTERINO RESTRITO to distúrbio metabólico mais comu m c mais bem-esta-
belecido que acomete fil hos de diabéticas. Tem sido atribu-
A macrossomia é reconhecida quando o peso ao nas- ído à hiperinsul inem ia feta l e, consequentemente, à rápida
cimento é superior ao percentil 90 para aquela idade ges- utilização da glicose por parte do concepto. E se aumento
tacional ou quando o pe o ao nascimento é superior a da insulina plasmática, por sua vez, decorre de hiperglice-
-!.OOOg. É caracterizada por organomcgalia, aumento da mia materna durante o decorrer da gestação e no pré-parto
adipo idade e da massa muscular. O tama nho despro- imediato. Pode, portanto, ser exacerbada tanto pela falta de
porcional do abdome e ombros comparado com o crâ nio monitorização adequada quanto pela ad mini tração ina-
contribui para um parto vaginal traumático, associado a propriada de Auido glicosados no momento do parto. 16
risco de distocia de ombro e mais morbidade perinatal. Esses fatores predisponentes à hipoglicem ia alertam
Ocorre em er a de 50% dos casos de DMG e em 40% das para a necessidade de avaliação frequente do níveis glicê-
gestações de mães previamente diabéticas, cndo ma i fre- micos no período neonatal. as crianças com hipoglice-
quente em paciente com cont role glicêmico inadequado mia no período neonatal não exi tem evidências de acome-
durante a gcstaçãoY ' 6 timento do sistema nervoso central em inúmero estudos
a pri meira 24-48 hora apó o parto, é nccc sária a REFERÊNC IAS
monitorização glicêmica cuidado a (a cada dua ,\q uatro
horas) para prevenção de hipoglicemia ou cctoacidosc, I. Amcrican Diabetes Association. Su mmary of Rcvt'-1011> for
thc 2009. Clinical Practicl.' Rcconllncndatton' lJtJbctC\
comun nesse período. As necessidades insulínic:~s são,
Carc. 2009;32(Suppi):S62-7.
habitualmente, menos que na gestação, c ainda menos
2. chmidt MI, Reichelt AJ. Comcn~o ~obre Dt.tbcte ~ Gcstacto
na nutrizc . nal c Diabetes Pré-gesta tonal. Arq Bra~ Fndocnnol lctah
A rcsi tência à insulina desaparece em pouca horas 1999;43: H· .
apó o parto. As necessidades de insulina diminuem até 1. 1hc Gutdcline Developmcnt Group. .\lanagemcnt of dtabc
60% cm comparação com a dose pré-ge tação. E c fato tes from preconception to 1hc poqnatal pcnod. ummary of
ICE gUtdance. BMJ. 200 :316.- 14--.
acontece pelo estado transitório de hipopituitari mo c
4. I !JIIcr MJ. Type I Diabetes Mdlttu\: cttology, prc~cnl.llton ..tnd
pela uprcssão da secreção de hormônio de cre cimento
managcment. Pediatr Clin North Am. 2005;52(6): ISS VS.
no pó -parto. o primeiros dias após o parto, ugcrc- c
S. Davtdsol1 MH. Global riskma11agcmcnt 111 pattcl11\ wtth typc
admi ni trar um terço da dose usual pré-gravide7 c fazer 2 Dtabct.: Mcllitus. AmJ Cardiol. 2007;99(suppl):411ViOR.
uplcmcntação com insulina regular ou análogo de a ão 6. Lmdsay R . Gestatio11al diabetes: cause~ a11d co11scqucnccs.
rápida, conforme a medida de glicemia capilar. As neccs- BniJ of Dtabctes Vasc Disease. 2009;9:27-31.
idadcs de insulina cm cinco a seis dias voltam às ,\lltcrio- 7. Metzger BE, Buchana11 TA, Coustan DR, Lciva A, lJungcr
rcs à gc tação. 39 Dfl, Hadde11 DR, cl ai. Summary and rccommend,lliom o(
thc fifi h i11tcrnatio11al workshop·co11fcrc11cc 011 Gc;t,tltonal
Q uase 98%da gestante portadoras de DMG apresen-
Dtahetc~ Mellitus Diabete•< Can.' 200-;30(. upp12):S2SI-60
tam nívci glicêmico dentro da normalidade após o parto,
!!. Yogcv Y, Menger BE, Hod 1. E~tablt sh mg dtag11ow. of gc,.
podendo interromper o u o da insulina e da dieta. Aquela tJitonal dtabete mellttus: lmpacl of the h)·perglycemta and
portadoras de DM 2 podem retornar ao uso de antidiabéti- adw r e prcgnancy outcome study. cmtn Fetal 1 conatal
co or.1is, porém é preferencial que a insulina seja ma ntida Mcd. 2009;14: 94-100.
durante o período de lactação. 9. llcttnttcr 'M,Solomon CG, MttchciiGF, ' kalt-Ounts , ' c
cly EW. Subclt11ic.tlt11flammatton and vascular dy~functton
A realização de testes de função tireoidiana no pós-
tn womcn wtth prcvtous gestatto11al dtabctcs mellttus.J Clm
-parto é de fundamental importância em portadoras DM Endocnnol Mctab. 200' ;90(7):39 3· .
Diabetes e Gravidez
533
Cardiopatia e Gravidez
Cezar Al encar de Lima Rczcnde
Cbúdia Maria Vila Freire
Clóvi. Antônio Bacha
A
ca rdiopatia na g rav idez é a prime ira causa alta quando comparada a dado e tatístico de centro
de mo rte mate rna não obstét rica e a qua rta inte rnacionais.3 A etiologia ma i freque nte é a reumática,
cau sa d e mo rte ma terna no gera l, vindo logo seguida da congên ita, da chagásic.t c de ou tra menos pre-
após as infecções, as hem orragias e a hipe rte nsão.' Em va len te . A relação reu mático-congén ita vem di m inuindo
nosso meio, cerca de 5 0% d as m ul here s com ca rd iopa- em todo o mundo devido à profilaxia da febre reumática c
tia tem o di agnóstico fir m ado dura nte o p ré-nata l, o que ao desenvolvimento do tratamento cirúrgico para as car-
demo n stra a impo rtânc ia da au c ulta ca rd íaca n a ava- d iopati a congénitas, propiciando que as portadoras das
liação de toda gesta nte.2 mesma atinjam idade reprodutiva. Em nos o paí , es a
A incidência de ca rd iopatia na gravidez é, em cent ros relação é de 4/ 1, porém, em algu ns paí es desenvolvido , a
de referência nacional. de até 4,2'\J, ou eja, o ito vezes ma i cardiopatia congénita já é mais freq uente que a reum ática.2
Entre as lesões anatômicas, a estenose mitral pura ou Q uadro 34.1 I Alterações cardiovasculares que ocorrem
associada é a mais frequente. 4 no decorrer da gravidez e no parto5•7•
A gravidez é um estado de alto flu xo hemodinâmico e Alteração Gr aVICicz Parto
baixa resistência, com progressiva adaptação cardiovascu-
Débito cardíaco i 30-50% i 60-80%
lar que persiste por semanas após o parto. Pacientes com
doença cardiovascular preexistente ou aquelas que desen- Volume sistólico t 30-40% t 60-80%
volvem a doença du rante a gestação têm risco aumentado Frequência cardíaca i 10-15 bpm J. 15-20bpm
de morbimortalidade materna e fetaJ.S
As evidências científicas sobre cardiopatia na gravidez Volume sanguíneo i 40-50% ! 5-15%
ai nda são restritas, fazendo com que muitas recomenda- Resistência vascular sistêmica ! 15-21% ! I
ções que são classificadas como IA (evidência de benefí- I
Resistência vascular pulmonar J.
cio baseada em ensaios clínicos random izados ou meta-
nálises) em não grávidas sejam consideradas na gestação Pressão arterial média J. discreta i 10%
como !C (evidência de benefício baseada em consenso de Pressão arterial sistólica ! 3-5 mmHg
especialistas).
I
Pressão arterial diastólica J. 5-10 mmHg !
Pressão coloidosmótica ! 14% I
ALTERAÇÕES HEMODINÂ MICAS
Hemoglobina ! 2.1 g/dl :i
FISIOLÓGICA S
*Alterações máximas em posição supina. As alterações do parto não es·
tão superpostas às da gravidez.
J. diminui; i aumenta; bpm: batimentos por minuto.
A gestação é um estado hiperdinâmico, provocando
várias alterações no aparelho cardiovascular, caracteri- Durante as contrações uterinas mais intensas, a pres-
zadas por aumento superior a 50% do volu me sanguíneo são arterial sistémica média eleva-se aproximadamente
circulante, da frequência cardíaca, do débito card íaco e do 10% e significativa quantidade de sangue (300 a SOO mi)
volume de ejeção e dim inu ição da pressão arterial diastóli- é lançada para dentro da circulação materna. O aumento
ca (devido à diminuição da resistência vascular periférica e do retorno venoso e transitório aumento na freq uência car-
à baixa resistência do leito vascular placentário). díaca resultam em aumento do débito cardíaco (IS a 20%),
O aumento do volume sanguíneo, principal fator de seguido de bradicardia reflexa. Essas alterações são mino-
descompensação da gestante cardiopata, atinge seu pico radas com o uso da anestesia de condução.2•7
máximo na 30• semana de gestação e, então, permanece em As mudanças circulatórias que imediatamente se seguem
um nível relativamente elevado até o termo (Quadro 34.1 )? ao período expulsivo são, necessariamente, influenciadas pela
A diferença relativa entre o aumento do volume plas- quantidade de sangue perdida, que é, cm média, de SOO ml ou
mático (50%) e o da massa eritrocitária (20 a 40%) é res- mais no parto vagi nal e de cerca de 1.000 ml na cesariana?
ponsável pela "anemia fisiológica" da gravidez.2•6 A pressão arteriat tanto sistólica quanto diastólica, nos
A hidratação tiss ular aumentada é considerada univer- primeiros quatro dias do puerpério tende a evoluir com acrés-
sal na gestação normal e o edema clínico é encontrado em cimo de S% dos valores do término da gestação. Por volta de
50 a 80% das mulheres grávidas saudáveis. 2 12%das pacientes normotensas antes do parto terão pressão
arterial diastólica acima de 100 mmHg no pós-parto?
As alterações no débito cardíaco, frequência cardíaca e
EFEI TOS DO TRABALHO DE PARTO volume sistólico durante o parto, sendo mais acentuadas
que durante a gravidez, impõem sobrecarga ao coração.
O Quadro 34.1 apresenta algu mas modificações do As pacientes com lesões graves, portanto, podem apresen-
apa relho cardiovascular, que ocorrem normalmente du- tar congestão e edema pulmonar, insuficiência cardíaca e,
rante a gravidez e o parto. mesmo, falecerem durante o parto e puerpério imediato 5
Cardiopatia e Gravid ez
537
Quadro 3 4.3l lndicadore clínicos dedoençacard íaca na o RX de tórax com proteção abdominal, a tomografia
grav idez computadorizada, a ressonà n ia nuclear magnét ica, o
SllltOillélS teste e rgométrico e o holter podem, eventualmente, ser
necessários.
Piora da capacidade funcional
Palpitações
REPERC USSÕES DA G E STAÇÃO NA
Hemoptise
PORTADORA DE CARDIOPATIA
Dispneia paroxfstica notuma ou ortopneia
Dor precordial ao esforço
As mod ificações da hernodi nâ mica materna poderão
Sfncope
acarretar à paciente portadora de cardiopatia aume nto da
Tosse seca notuma frequência do episódios de descompensação cardíaca
S l llél i S
que serão mais intensos e freq uentes n as portadoras de
lesões do tipo estenóticas (estenose mitral, aórtica, suba-
Cianose órtica hipertrófica) e/ o u cianogê n icas.4 Embora as sobre-
Baqueteamento digital viventes à gestação e ao pue rpério pareçam não ter suas
sobrevida encurtadas, existem ainda quest ionamentos
Distensão jugular persistente
sobre a pos ibilidade de a gestação ocasionar calci ficação
ISopro sistólico grau III/VI ou mais m ais precoce das pró te es valvu lares, agravamento de a r-
Sopro diastólico ritm ias cardíacas, alé m de favo recer o desenvolvimento
de fe nô menos tromboe mbólicos.
Cardiomegalia
A estenose mitral é a lesão anatómica mais frequente-
Arritmia persistente mente encontrada. Assim como as demai lesões com es-
tenose e as congên ita cianóticas, ela tende a cu r ar de for-
Desdobramento fixo de 82
ma desfavorável durante a gestação; ao contrário, a lesõe
Critérios de hipertensão pulmonar com regurgitação valvar e as cardiopatias congên itas não
acompanhadas de ciano e tendem a ter evolução favorável.
Mesmo pacientes h ígidas até o início da gestação po-
EXAMES COMPLEMENTARES dem ter o seu coração le ado durante e e período. A mio-
cardiopatia periparto é diagnó tico de excl usão. Trata- c
Os exames com plementa res incluem o eletrocardio- de miocardiopatia d ilatada especificamente relacionada
grarna e o ecoca rdiogram a, que não apresentam riscos à gestação que acomete a gestante ou a puérpera previa-
conhecidos para a gravidez. Alteraçõe difusas da repo- mente sadia. Gera lme nte manifesta-se um a dois meses
brização, sinais eletrocard iográfico de obrecarga de câ- ante do parto ou nos primeiros cinco meses de pós-parto.
maras ca rd íacas, o nda delta associada a intervalo P-R c ur- Um ele mento essencial no d iagnóstico é a demo nstração
to, sinais de bloqueios de ra mos e de outras alterações da de d isfunção ve ntricula r sistólica esque rda, de preferên-
condução interventricular do estímulo ca rd íaco sugere m cia, comprovada por alterações ecoca rdiográficas que in-
card iopat ia e arri tmias com elevada frequência quando cluem fração de ejeção < 45%, fração de enchimento (FE)
pre entes no estudo eletroca rd iográfico. < 30%, ou am bos, e volume diastólico final >2,7 cm / m 2
Assim como o cletrocardiograma, o ccocardiograma e intoma de insuficiência card íaca.9 O curso clínico é
é exame com plementa r que apresenta modificações com variado. Est ima-se q ue 23 a 32% dos casos evoluem pa ra
as alterações hemodinâ micas da gestação. Muitas das re- recuperação completa ou quase completa da função ven-
gu rgitações valvares detectadas no exame ecocardiográ- tricula r, nos primeiros seis meses. As de mais ou apresen-
fico, não au cultadas ao exame cl ín ico, ão fi siológicas e ta m melhora progressiva da função ventricular mais lenta,
devem ser analisada com critério. O utros exa mes, como podendo demorar um a três a nos para a regressão com -
Q uadro 34.4 1Clas ificação do risco materno asso iado a lesões cardíacas específicas'
Regurgitação valvar e outras lesões valvares, cardiopatias congênitas. arritmias e miocardiopatias não inclufdas nos grupos 11 ou
III. Cardiopatias congênitas corrigidas cursando sem cianose_Prótese valvar biológica.
GRUPO 11 MorLtlriLI(I(' r11<1Wr11a erltrP ~J I' Ei",
Estenose mitral' ou aórticabgrave. lesões valvares acompanhadas de hipertensão pulmonar<. Válwla metálica_Cardiopatias congêni-
tas cianóticas_Coartação de aorta não complicada. Sfndrorne de Marfan com aorta normal. Miocardiopatias com moderado compro-
metimento da função cardfaca" e arritmias potencialmente fatais. Miocardiopatia com grave comprometimento da função cardfaca'.
Miocardiopatia hipertrófica com obstrução acentuada do fluxo'. Arterite de Takayasu_Angina instável. lnfarto prévio do miocárdio.
GRUPO III Mort.tlr(i.rrll' lllilterna entre 15 I' 50 ,
Cardiopatia e Gravidez
539
EsTIMATIVA DE Risco DA DoENÇA infecções, hipertireoid ismo, tratamento med icamentoso
CARDÍACA E AcoMPANHAMENTO inadequado, arritmias e tromboembolismo.11
As complicações card iovasculares mais frequentes
PRÉ-NATAL
são insuficiência card íaca, arritmias, tromboem bolismo,
angina, h ipoxemia e endocardite infecciosa 4
Deve-se constitui r equipe médica composta de obs- Adotar d ieta rica em ferro c vitamina C. O uso pro-
tetras, cardiologistas, anestesiologistas e pediatras treina- filático da suplementação de ferro após 20 semanas é
dos nos cuidados a gestantes com doença cardiovascular. obrigatório nesse grupo de gestantes e é benéfica a asso-
Avaliação apropriada e aconselhamento adequado ao ciação com ácido fó lico na redução de níveis baixos de
casal, o mais precocemente possível na gestação, são de hemoglobina e da anemia megaloblástica. 11
extrem a importância. A paciente, de maneira ideal, deve O Q uad ro 34.5 apresenta a síntese dos fatores predi-
ser encaminhada a um centro de cuidados terciários. tores de complicações maternas.
O diagnóstico anatomofuncional da doença e a esti-
mativa do risco gravídico permitem estabelecer as cond i-
I
Quadro 34.5 Fatores preditores de complicações maternas
ções que se associam ao mau prognóstico.
O Quad ro 34.4 auxilia na avaliação. As pacientes Classe funcional III/IV da NYHA
com lesões cardíacas com menos gravidade (GRUPO Cianose (saturação de 02 < 90%)
I) geralmente evoluem bem durante a gestação, sendo o
Disfunção ventricular esquerda moderada/grave (FE < 40%)
prognóstico favorável tanto para a mulher quan to para
o feto. Para as pacientes do GRUPO ll seria permitido Hipertensão arterial sistêmica moderada/grave
term inar a gestação atual e um método de esterilização Hipertensão arterial pulmonar grave (PAP média > 30 mmHg)
deveria ser proposto no pós-parto. Pacientes pertencen-
tes ao GRUPO III ou em classe funcional IV no início
Obstrução do coração esquerdo
da gravidez, apesar de terapia medicamentosa adequa- Regurgitação pulmonar grave
da e em impossibilidade de tratamento cirúrgico pa ra a
Disfunção ventricular direita
cardiopatia em q uestão, são cand idatas ao abortamento
terapêutico, que deverá sempre ser d iscutido consideran- Antecedentes de eventos cardiovasculares (tromboembolis-
mo. arritmias. endocardite infecciosa. insuficiência cardíaca)
do-se a vontade da paciente. Esse só se justifica em idade
gestacional inferio r a 20 semanas, período após o q ual é NYHA = New York Heart Association
FE =!ração de ejeção
preferível tentar atingir no mínimo a viabilidade fetal, já PAP=pressão da artéria pulmonar
que a interrupção terapêutica passa a ter risco semel han-
te ao de se continuar a gestação.12
A assistência pré-natal deve obedecer à rotina habitual O tratamento da insuficiência card íaca congestiva in-
e as consultas simultâneas com o obstetra e com o cardio- cipiente é importante, mas o m anuseio do edema agudo
logista, em geral, devem ser mensais na primeira metade da de pulmão é crítico. A falência cardíaca deve ser tratada
gestação, qui nzenais após 2 1 semanas e semanais nas últi- pro nta e energicam ente, sendo indicada restrição de ati-
mas semanas. Em algu ns casos, de acordo com a gravidade vidade física ou mesm o repouso no leito, além da d igitali-
do quadro clínico, pode haver necessidade de internação zação, diuréticos, restrição de sal e prevenção e tratamen-
hospitalar pro longada. 11 to das causas agravantes e precipitantes.
Os fato res que contribuem para agravar a doença car- Quanto à alimentação, devem ser ma ntidos os ní-
díaca ou causar complicações devem ser identificados e veis proteicos e calóricas adequados pa ra a nutrição,
removidos ou, pelo menos, minimizados. Entre os fatores evitando-se o aumento excessivo de peso e a consequen-
precipitantes devem ser pesquisados: ansiedade, reten- te sobrecarga card íaca. O ganho de peso deve-se limitar
ção de água e sódio, d istúrbio elctrolítico, exercício físico de nove a li quilos. A ingestão de sódio, em geral, será
brusco, extenuante e isométrico, calor e um idade, anemia, restrita a 4 g por dia.
Cardiopatia e Gravidez
541
PREVENÇÃO DE FENÔMENOS Quadro 34.6 I Lesôes cardíacas com elevada po ibilidade
TROMBOEMBÓLICOS de trombose
Válvulas metálicas
A gravidez e o puerpério, por si só , são período que
Hipertensão arterial pulmonar
cursam com estado de hipercoagulabi lidade, favorecendo
a ocorrência de fenômeno · tromboembólicos. Além disso, Cardiopatias congênitas cianóticas
----------------~
fatore de ri co transitório , como desidratação, hiperemese, Grande dilatação de câmaras cardiacas
repou o por mais de quatro dias, infecçõe , cesariana, he-
morragias são relativamente comuns durante age tação. 1 ~· 16 Associação de trombofilias
As cardiopatias com insuficiência cardíaca são fatores Passado de fenômenos tromboembólicos
de risco independentes e au menta m esse risco em oito
Insuficiência coronariana
vezes. Outro fatore de risco para tromboembolismo ve-
no o (TEV) são: h i tória prévia de tromboembolismo não
relacionado a trau ma, mas relacionado age taçôes prévia CONDUTA NO TRABALHO DE PARTO PRÉ-TERMO
ou ao uso de anticoncepcional, trauma com imobil ização
prolongada, obesidade mórbida, índrome antifosfolípede A conduta inicial é o repouso c a observação par<~ a
e as trombofilias hereditária . confirmação de que se trata realmente de trabalho de par-
Ainda é um desafio determ inar quais pacientes devem to pré-termo. O trabalho de parto não deverá ser inibido
receber profilaxia c não lü ensaios randomizado sobre a nas paciente com cardiopatia descompensada. O trata-
profilaxia de TEV na gestação, existi ndo vários esquemas mento da descompen ação cardíaca com consequente
encontrado na literatu ra. A conduta são feitas por orien- melhora da perfusão tissula r frequentemente interrompe o
ta ão de e.Yperls, ba eadas em estudos ob ervacionai .16 trabalho de parto pré-termo. Após a compensação card í-
A uti lização de ter.lpi<~ anticoagul<~nte durante a ge ta- aca, permanecendo com contraçõe importantes, podem
ção é cercada de controvérsias. Em geral, dá-se preferência à ser utilizados como tocolíticos a indometacina ou o atosi-
heparina, devido ao risco de malformações secundárias aos ban.19 A indometaci na é empregada na dose inicial de 100
dicumarínico (embriopatia warfarínica), que ocorrem na rng, por via reta!, seguida de 25 mg, via oral, de 8/ 8 horas.
frequência de I a 'llo.1- Embora a heparina de alto pe o mole- Deve ser re trita a gestações com mcno de 32 semanas c a
cu lar não ultrapasse a placenta, existem relato que dernon - duração do uso não deve ultrapassar quatro dias (ri co de
tra m que ela pode ocasionar morbidade fetal, assi m como fecha mento precoce do dueto artério-venoso, enterocolite,
a heparina de bai.xo peso molecular. Essa última, apesar de hemorragia int raventricular e oligoidr5m nio).
atrave ar a placenta e do seu elevado custo, tem demonstra- O corticoidc, nas doses habituais para indução dn matu-
do menos efeito colaterai tanto na gestante como no feto. ridade pulmonar fetal, poderá er utilizado mesmo em pa-
Para a paciente portadora de prótese metálica, a maio- ciente di cretamente de compen ada , de de que em idade
ria do autores ainda indica o uso de anticoagulante oral, ge tacional entre 24 c 34 semanas c com perspectiva de parto
ape ar do efeitos dano o obre o feto, porque o risco de num período de 24 horas a sete dia .11 A retenção hídri a po-
trombo c de válvula nes a pa ientes é elevado.18 derá ser combatida com uma dose ma is alta de diurétricos.
Uma .1ltemativa para a pacientes portadoras de prótese
valva r metálica, buscando-se mini mizar os riscos fetais, é
utilizar a hepari na no primeiro trimestre e após 35 semanas REPERCUSSÕES SOBRE O
de gc tação. Entre 13 e 3' emanas utiliza-se o warfarin.
FETO E o RECÉM-NASCIDO
Em pacientes com fibrila ão atrial secundá ri,\ à e tenose
mitral, desde que seja po sível economicamente à paciente,
faz-se uso da hcparina em dose de anticoagulação por toda Vários fatores levam a mais morbimortalidade peri-
a gestação. A anticoagulação profilática ou terapêutica deve natal. Entre eles, a hipóxia, a utilização de medicamentos,
er empre avaliada para a cardiopatias com grande proba- a hered itariedade de certas cardiopatias e a possibilidade
bilidade de formação de trombos (Quadro 34.6). de infecção fetal pelo Trypa11ossoma cruzi. Esses fatores
Cardiopatia e Gravidez
543
As indicações da valvotomia percutànea por cateter A Figura 34.1 mostra o fluxograma para a conduta na
balão (VPCB) supcrpõcm-se às indicações ci rúrgicas, grávida cardiopata descompensada, sem melhora com o
principalmente na estenose mitral refratária ao tratamento tratamento clínico.
clínico ou impossibilidade do tratamento percutãneo por
cateter-balão. As causas mais frequentes são: insuficiência
lesão corrigível cirurgicamente lesão não corrigível
cardíaca, endocardite infecciosa, trombose de prótese val- cirurgicamente
va r e di secção de aorta.
As recomendaçõe durante o procedimento para me- Mortalidade neonatal para a
idade gestacional do momento Discutir interrupção
lhor resultado materno-fetal são: manter alto fluxo na cx-
da gestação
tracorpórea, normotcrmia, fluxo pulsátil, pressão arterial
média superior a 60 mmHg, manter o hematócrito acima Inferior a 20%• Superior a 20%
de 25%, utilizar uterolítico profilático, realizar cardiotoco-
gra fia e/ou dopplcrvclocimetria contínua: 1 Interrupção Cirurgia
A cardioversão elétrica sincronizada pode ser neces á- da gestação
ria em pacientes com taquiarritimias supraventriculares ou
ventriculares que não respondem ao uso de medicamentos Figura 34.1 J Fluxograma da abordagem clínica e cirúrgica
ou quando de envolvem instabilidade hemodinàm ica. O das cardiopatas grávidas descompensadas.
procedimento pode ser real izado com segurança em qual- ·Percentual de mortalidade fet al para ci rurgia com toracotomia.
Mais liberdade de tratamento cirúrgico para as candidatas à
quer idade gestacional e o feto pode apresentar bradicardia
dilatação valvar por cateter.
transitória, que se resolve espontaneamente. Episódios em-
bólicos podem ocorrer após reversão de fibrilação atrial, es-
tando indicado u o de anticoagulante por três semana an-
te da cardioversão e por, no mínimo, quatro semana , após. C oNDUTA N o TRABA LHO DE P A RTO
Aanestesia pode ser realizada com propofol, etomidato (alta
incidência de mioclortia), midazob n ou thiopcntal. Todos Aguardar o trabalho de parto espontâneo ao termo é
atravessam a placenta e midazolan c thiopental provocam a conduta na maioria das gestações complicadas com car-
mais sedação feta l quando comparado ao propofo(.l' diopatia materna, devendo a cesariana ser reservada para
as indicações obstétricas. Para os casos nos quais há indi-
cação de indução do parto, os óvulos de prostaglandinas
C ONDUÇÃO DA PACI ENTE INTERNADA podem ser utilizados para amadurecimento do colo ute-
COM D ESCOMPENSAÇÃO CARDÍACA ri no. Ent reta nto, a cesariana é preconizada nas pacientes
com lesões da artéria aorta com possível formação aneu-
rismática (estenose e coartação de aorta, síndrome de
Os procedimentos preconizados para as gest;Jntcs com Tabyasu e Marfan).
quadro de de compensação cardíaca são: Nas gestantes em uso de hepari na não fracionada, a
Ava liar o u o de digoxina ou cedilanide, diu réticos, mesma deve ser suspensa no início do trabalho de parto e
hepari na profi lática, oxigenoterapia (geralmente 3 reiniciada quatro horas apó o parto.
a S litros/ minuto)i os casos ind icados, deve er feita a antibioticoprofila-
elevar a cabeceira e prescrever dieta hipossódica xia para endocardite bacteriana.
(iniciada apenas após a melhora da pacicnte)i O fórcipe de alívio deve ser util izado no encurtamento
realizar rad iografia de tórax, quando necessário do segundo período do trabalho de parto e na di minuição
(utilizar o avental de chumbo para proteção fetal)i do esforço materno, minimizando as alteraçõe cardiovas-
evitar discutir a interrupção da gestação cm pacien- culares próprias desse estágio.
te dcscompensada que ai nda não se beneficiou do Nas pacientes com ca rdiopatia grave, com repercus-
tratamento medicamentoso e cirúrgico adequados sões fetais, as condições do concepto devem ser monitora-
e do repouso sob observação ho pita lar. da continuamente.
Cardiopatia e Gravidez
545
A gestação deve ser evitada quando existir alto risco Para a escolha do melhor método cont raceptivo, além
de mortalidade ou morbidade materna e, se ocorrer nes- dos fatores já relacionados (fatores intrínsecos do casal e
se grupo de m ulheres, deve ser considerada a interrupção relacionados à cardiopatia) devem ser valorizadas a eficá-
terapêutica da gravidez. Segu ndo a recomendação da cia do método, o utras contra ind icações médicas, a aces-
OMS 26•27, são classificadas como contraindicação à gesta- sibil idade aos mesm os e as interações medicamentosas
ção as seguintes situações (classe de risco 4): (substâncias que aumentam a metabolização hepática de
' · grave com area
Estenose aortJCa ' va Ivar < 1 cm2; derivados do estrogên io e da progesterona ou que reduzem
hipertensão arterial pu lmonar de qua lquer etiologia; bactérias que transformam metabólitos inativos em ativos,
síndrome de Marfan com d iâ metro de raiz de aorta reduzindo a eficácia e favorecendo gestações indesejadas). 11
>40mm; É de c rucial importância que os card iologistas que
mioca rd iopatia periparto prévia com disfunção prestam assistência à mu lher no menacme estejam aptos
ventricular residual; não só para in formar sobre os riscos de grav idez em rela-
disfunção ventricula r grave (NYHA II I ou IV ou ção à cardiopatia, como também o rientar com segu ra nça
FE <30%). qua l o método mais adequado para evitar gestações desa-
conselhadas, o q ue, infelizmente, ocorre frequentemente
A OMS inclu i como alto risco e com contraindicação à no nosso meio. Devem integrar equipes multidiscipli nares
gravidez as situações com grande obstrução no ventrículo de planejamento fam ilia r constituídas por clínicos, obste-
esquerdo, como estenose aórtica grave e estenose m itral tras, g inecologistas, anestesistas e urologistas, entre outros
27 1
grave. No entanto, na diretriz da SBC (2009)/ a esteno- especia Iistas.
se mitral grave é reclassificada como de risco intermediá- As cardiopatias de risco intermediário durante a gesta-
rio por estar associada à alta morbidade, com frequência de ção,30 consideradas classe de risco 2 ou 3 na classificação da
eventos cardíacos de 63,5% em pu blicação brasileira,4 mas OMS, são aquelas associadas a reduzido aumento no risco
sem mortalidade. A modificação do g rau de risco é justifi- de morbimortalidade materna. O risco é considerado mais
cada pela baixíssima mort alidade associada a essa doença alto quando há agravante como disfunção ventricula r, uso
na gestação e pelos bons resu ltados da intervenção percu- contínuo de anticoagulante, entre outros. São consideradas
tânea por cateter balão nos casos com deterioração clínica cardiopatias de risco intermediá rio à gestação (classe de ris-
sem resposta à terapêutica adequada 28 co 2 ou 3 da OMS) as prótesesval va res cardíacas mecân icas,
A gestação em portadoras de hipertensão arterial pul- a estenose mitral e aórtica, as cardiopatias congénitas cianó-
monar (HAP qua lquer etiologia), além de estar associada ticas, as card iopatias congén itas complexas pós-cirurgia, a
a elevada mortalidade materna, pode agravar a hipertensão coarctação de aorta não corrigida, a d isfunção ventricular
pulmonar. 26 A mortal idade materna observada na síndrome leve a moderada, a estenose pulmonar grave, a miocardio-
de Eisenmenger pode ser de até 36%, na H AP primária de patia periparto prévia sem d isfunção ventricu lar residual e a
30% e na secundária de 56%. São frequentes o abortamento necessidade de uso contínuo de anticoagulante.
espontâneo, o crescimento intrauterino restrito e a prema- As cardiopatias de baixo risco à gestação, segundo a
turidade. A mortalidade perinatal pode variar de 13 a 28%. OMS (risco l), são aquelas e m que a gestação não oferece
Na síndrome de Marfan, a gravidez é desaconselhada, ri sco maior ao da população em geral 2 7 En tre elas estão a
pelo risco materno de dissecção de aorta associada à mor- m iocard iopatia hipertrófica n ão com pl icada, as valvulo-
talidade de 22% e pelo risco de 50% de os fetos herdarem patias com lesões leves, as próteses biológicas, a síndrome
a doença.26 de Marfan sem dilatação de aorta, a coarctação de aorta
A gestação posterior ao d iagnóstico de miocardiopat ia corrigida, sem hipertensão ou aneurisma, as m ulheres
periparto pode determina r piora fu ncional de 21% nas pa- pós-transplante cardíaco, a d isfunção leve de ventrícu lo
cientes que normalizaram a função ventricu lar e de 44% esquerdo e a cardiopatia congênita corrigida e sem sequela.
naquelas q ue permaneceram com comprometimento fu n- Uma vez estabelecido o risco da cardiopatia no caso
cional residual. Estas têm mais necessidade de interrupção de gestação, é imperativa a aplicação do método de contra-
terapêutica da gravidez (25%), alta incidência de prematu- cepção q ue exige a integração de eficácia, tolerância, aceita-
ridade (50%) e risco de óbito em 25%dos casos.Z9 ção e baixo risco de compl icação.
Cardiopatia e Gravidez
547
CONTRACEPTIVOS CONTENDO desde que não apresentem lesões de alto ri sco de endocar-
DERIVADOS DA PROGESTERONA dite infecciosa, sendo a frequência de fa lha inferior a 2%
em cinco a nos.
Existem hoje disponíveis contraceptivos contendo de- Seu uso aumenta o risco de doença in flamatória pél-
rivados da progesterona na forma oral, injetável e implan- vica e não é recomendado para pacientes com vá rios par-
te. Apresentam a vantagem de não aumentarem o risco de ceiros e mais expostas a doenças sexualmente transmissí-
trombose em doses contraceptivas. 10·31 veis. Nulíparas são mais suscetíveis a fal has e expulsão. No
Os progestagênios por via oral - noretisterona 0,35 mg momento da inserção ocorre reação vagai em até 5% dos
(Micronor®); linestrenol 0,5 mg (Exluton®); levonorgestrel casos e pode ser fatal em portadoras de circulação de .Fon -
0,030 mg (NortreJ®, Minipil®) - frequentemente utilizados tan ou doença vascular pulmonar. Portanto, não é método
durante o aleitamento materno exclusivo têm eficácia redu- recomendado para essas pacientesu ;
zida em não lactantes e, por isso, não são recomendados para Pode ser utilizado em portadoras de valvulopatia não
cardiopatas de alto risco fo ra do período do aleitamento ma- complicada. As contraindicações ao seu uso são prótese
terno exclusivo, por apresentarem falha de 0,5 a lO% no pri- valvular, endocardite infecciosa prévia, cardiopatia con-
meiro ano de uso.27 O desogestrel 75 ttg (Cerazette®) supri- génita cianótica não corrigida, síndrome de Eisenmenger,
me melhor a ovulação e é mais eficaz, sendo uma opção de hipertensão pulmonar de qualquer etiologia, circulação
contraceptivo oral para quem não pode usar osAHCOs.30 de Fontan, estenose e insuficiência aórtica e insuficiência
O acetato de medroxiprogesterona (Depoprovera®) 150 mitral 2 7
mg/ampola utilizado por via 1M de 3/ 3 meses tem a vanta- O DIU de cobre pode levar à bacteremia durante a in-
gem de não afetar a coagulação e a fibrinólise. 32 Mais da meta- serção ou remoção em 13% dos casos e a literatura não é
de das usuárias apresenta amenorreia e hipoestrogenismo. Es- concordante quanto ao uso de antibiótico profilático para
tudo conduzido pela OMS não comprovou aumento de IAM endocardite infecciosa.27 A tendência é que não seja reco-
e AVC em usuárias de progesterona injetável. Em mulheres mendado seu uso roti neiro, mas também é sugerido uso
muito jovens(< de 21 anos) seu uso foi associado à redução de eritromicina SOO mg, VO, uma hora antes da inserção e
da densidade mineral óssea, fazendo com que a orientação da seis horas após, para evitar infecção pélvica.
OMS seja considerar se os benefícios superam os riscos. 11 O DIU contendo progestagênio (levonorgestrel 52mg
Os progestagênios sob forma de implante subdérmi- - M irena®) pode aumentar a incidência de cefaleia e ame-
co - levonorgestrel (Norplant®; JadelJe®) ou etonorgestrel norreia, além de depressão, perda de libido e aumento de
(lmplanon®) - possuem eficácia comparável à da esteriliza- peso. Pacientes em uso crônico de ant icoagulante sebe-
ção, mas essa eficácia pode ser reduzida se a paciente apre- neficiam do DIU com progesterona por provocar menos
sentar excesso de peso. Alguns efeitos indesejados, como sangramento uterinon
distúrbios menstruais, cefaleia, ganho de peso e acne, fazem
com que só 50% das pacientes permaneçam com o implante
ao término do quinto ano. MÉTODOS DE BARREIRA E COMPORTAMENTA IS
Durante a inserção deve ser levado em consideração o
risco de endocardite infecciosa em pacientes com lesões de Os métodos de barreira (diafragma, esperm icida, pre-
alto risco para a doença. Apesar de não haver orientação es- servativo) apresentam índices de falha bem superior aos
pecífica para o procedimento, é recomendado que se utilize métodos anteriormente citados e não são métodos ade-
cefalexina (Keflex®) 2 gramas, VO, uma hora antes da in- quados para mulheres em que a gestação imponha signifi-
serção do implante, para evitar infecção por Staphylococcus. cativo risco clínico.
Os métodos comportamentais são inócuos às cardio-
patas, p orém apresentam alto índ ice de fal ha, não sendo
DlSPOSlT IVO l NTRAUTERINO (D l U ) recomendados para essas pacientes.
O Quadro 34.8 apresenta as evidências científicas na
É uma alternativa para as mulheres cardiopatas que assistência à gestante com cardiopatia.
não podem usar contraceptivos hormonais combinados,
Pré-natal Ouso profilatico da suplementação de ferro após 20 semanas éobrigatório nesse grupo de gestante. A I
Ébenéfica a associação com acido fólico na redução de nlveis baixos de hemoglobina e da ane- A
mia megaloblastica.
A antibioticoterapia profilatica deve ser continuada durante a gestação nos casos de: febre reu- B
mática (FR) com história de cardite e/ou lesão valvular - até os 40 anos; FR com história de
cardite e sem lesão valvular- até 10 anos após o surto de FR; FR sem história de cardite e sem
lesão valvular- por cinco anos após o surto reumatico ou até os 21 anos de idade. Oantibiótico
recomendado é a penicilina Gbenzatina. na dose de 1.200.000 UI. intramuscular profunda. a cada
três semanas.
Realizar profilaxia para endocardite infecciosa nos procedimentos que provocam manipulação da B
gengiva. na região periapical dos dentes ou quando há perfuração da mucosa oral.
Otrabalho de parto não deverá ser inibido nas pacientes com cardiopatia descompensada. c
Ocorticoide. nas doses habituais para indução da maturidade pulmonar fetal. poderá ser utiliza- A
do mesmo em pacientes discretamente descompensadas. desde que em idade gestacional entre
24 e 34 semanas e com perspectiva de parto num perfodo de 24 horas a sete dias.
A retenção hldrica secundaria à corticoterapia antenatal poderá ser combatida com alta dose c
de diuréticos.
Durante valvotomia percutanea por cateter balão manter alto fluxo na extracorpórea. normoter- c
mia. fluxo pulsatil. pressão arterial média superior a 60 mmHg. uterolltico profilático. cardiotoco-
grafia e/ou dopplervelocimetria continua e manutenção do hematócrito acima de 25%.
Parto Profilaxia para endocardite infecciosa nas lesões consideradas de alto e moderado riscos no c
parto vaginal e cesáreo.
Esquemas de profilaxia para o parto com ampicilina ou amoxicilina 2.0 g IV mais gentamicina c
1.5 mg/kg IV (não exceder 120 mgl. 30 minutos antes do parto; e seis horas após administrar
ampicilina ou amoxicilina. 1,0 g por VO.
Nas pacientes com lesões da artéria aorta com possfvel formação aneurismática (estenose e c
coartação de aorta. sindrome de Takayasu e Marfanl. a cesariana é preconizada com anestesia
raquidiana ou peridural. devido ao risco de rotura da aorta durante o trabalho de parto.
Ofórcipe de alivio deve ser utilizado no encurtamento do segundo periodo do trabalho de parto e na c
diminuição do esforço materno. minimizando as alterações cardiovasculares próprias desse estágio.
Nas pacientes com cardiopatia grave. com repercussões fetais. as condições do concepto devem c
ser monitoradas continuamente.
A paciente portadora de cardiopatia grave. que tolera o trabalho de parto e com indicação de c
contracepção definitiva tem no puerpério imediato aoportunidade adequada para ser submetida
à salpingotripsia por incisão infraumbilical. Os riscos da ligadura de tubas uterinas no puerpério.
aproveitando inclusive a mesma anestesia. são muito inferiores aos de uma nova gestação. para
esse grupo de mulheres.
I
Os derivados ergotinicos devem ser evitados no controle da hemorragia pós-parto. porque po- c
dem produzir elevações na pressão venosa central e hipertensão arterial transitória.
Continua ...
Pós-parto Nas indicações de inibição da lactação (classe funcional IV da NYHA ou uso de amioda- B
rona). recomendam-se enfaixamento das mamas e bolsa de gelo. Ouso de medicamentos
como a bromocriptina (Parlodel• ) é desaconselhável porque está associado a complica-
ções como vasoespasmo, hipertensão arterial. acidente vascular cerebral isquêmico e he-
morrágico, IAM, arritmias. convulsões e psicose puerperal.
Oacompanhamento por periodo mais longo no puerpério é indicado devido ao alto risco de c
descompensação cardiaca e de fenômenos tromboembólicos.
Minimizar a quantidade de liquido administrada e indicar soroterapia só no pós-operatório c
de cesariana.
O emprego de analgésicos como o diclofenaco de sódio deverá ser institufdo apenas nos c
dois primeiros dias de pós-parto devido ao seu efeito antidiurético, sendo posteriormente
substituido por hioscina e/ou paracetamol.
Sempre oferecer encaminhamento para avaliação e controle com equipe de planejamento c
familiar.
Para as portadoras de cardiopatias de alto risco a recomendação é a contracepção de- c
finitiva, por laqueadura tubária, que deve obedecer a parametros criteriosos e ser muito
bem-analisada pelo casal. por se tratar de método contraceptivo definitivo.
Os métodos comportamentais são inócuos às cardiopatas, porém apresentam alto indice c
de falha, não sendo recomendados para essas pacientes. I
FR =febre reumática: UI= unidades internacionais: g=grama: IV = intravenosa: mg =miligrama: Kg = quilograma: VO =via oral: NYHA = New York Heart Association:
IAM = infarto agudo do miocárdio
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Cardiopatia e Gravidez
551
\ ~
í '(l~\0
35 Doenças Hematológicas
Wellington Morais de Azevedo
Lctícia Rocha Borge
gavidcz constitui sério desafio para os órgãos gestação. Com isto, garante-se ao binóm io mãe-filho toda a
nas primeiras duas semanas e depois diminui. Por consen- Gluconato ferroso 250 30 I
so, a terapia com ferro oral deve ser a primeira opção de
tratamento no primeiro e no segundo trimestres. A cons-
tipação intestinal pode ser efeito colateral especialmente ANEM I A ASSOCIADA À DOENÇA CRÔNICA
problemático e, portanto, deve-se recomendar o aumento
gradual das doses até se atingir a dose preconizada. O au- D urante a gravidez, várias doenças crônicas podem
mento dos níveis de hemoglobina é equivalente em mu- causar anemia, sendo que as mais comumente encontra-
lheres em uso de ferro oral ou de ferro parenteral. Há limi- das são doenças renais, inflamatória intestinal, lúpus erite-
tada experiência com uso de ferro parenteral no pri meiro matoso sistémico, artrite reumatoide, infecções granulo-
trimestre em relação ao potencial teratogênico ou efeitos matosas, neoplasias malignas e quim ioterapia e infecção
tóxicos para o feto. pelo vírus H IV.
As principais recomendações para tratamento são: Nesses casos, a anemia tipicamente se intensifica com
Anemiajerropriva leve a moderada (hemoglobina entre a expansão do volume plasmático em desproporção à ex-
9,0 e 10,5 g/ dL): pansão da massa eritrocitária, mas raramente a concen-
- Uso de ferro oral no primeiro e no segundo tri- tração de hemoglobina é inferior a 7,0 g/dL. A morfologia
mestres, na dose de 160 a 200 mg/dia de ferro ele- celular não está significativamente alterada, mas pode ha-
mento, segui ndo-se as mesmas recomendações ver leve microcitose e hipocromia. A morfologia da medu-
da profilaxia, como admi nistração entre refeições la óssea não está alterada e, normalmente, a concentração
ou antes de dormir, preferencialmente como tera- sérica de ferro está di minuída, a capacidade total de ligação
pia isolada; na faixa da normalidade, o índice de saturação de transfer-
- Nas não respondedoras, isto é, se não há aumen- rina normal ou diminuído e os níveis de ferritina normais
to da hemoglobina para >10,0 g/ dL em duas se- ou au mentados.
manas, considerar uso de ferro parenteral se >14 Não há tratamento específico para anemia associada à
semanas de gestação; doença crôn ica, devendo-se manter a doença de base con-
- Qyando a hemoglobina atingir nível >10,5 g/ trolada. Deve-se manter a suplementação de ferro como
dL, a dose pode ser reduzida para 60 a 80 mg/ dia citado, para evitar-se agravamento da anemia por uma fer-
como terapia de manutenção. ropenia associada.
Anemiaferro privagrave (hemoglobina< 9,0 g/ dL): O trata mento com eritropoetina recombinante hu ma-
- Uso de ferro endovenoso e >14 semanas de ges- na tem sido usado com sucesso em anemias por doença
tação em doses separadas de 200 mg até hemoglo- renal crônica, doenças crônicas inflamatórias e doenças
bina >10,5 g/dL; malignas/ quimioterapia, mas os relatos de seu uso durante
-Terapia de manutenção com ferro oral. a gestação são limitados. Um efeito colateral preocupante é
Doenças Hematológicas
557
de fato r intrínseco e de deficiência de vitamina B 12. Em deficiência, devido à redução d as concentrações sé ricas das
pacientes portadoras de outras doenças, principalmente transcobalam inas, q ue são as proteínas ca rreadoras. Aten-
anemia hemolítica crônica, essa suplementação pode ser tar para o fato de que algumas pacientes podem ter defici-
aumentada para l mg/dia. O regime de tratamento para ência conjunta de vitamina Bl 2 e folato.
a deficiência estabelecida é feito com reposição oral, sendo Se a deficiência de vitamina 812 for confirmada, o
que doses de l mg/ dia geralmente são suficientes. Doses tratamento é feito com terapia parenteral (intramuscu lar
mais altas profiláticas podem ser prejudiciais ao feto, não profundo), iniciando-se com doses de 1.000 mcg de ciano-
sendo recomendado seu uso. cobalamina ou hidroxicobalamina uma vez por semana,
durante oito semanas, e, a seguir, em intervalos mensais.
Doenças Hematolôgicas
559
morte. A história de morte perinatal em gestação prévia ou os episódios de cefaleia, pois podem ser pród romos
gestação gemelar são fatores de risco frequentemente asso- de eventos do SNC;
ciados a resultado desfavorável. Sequestro esplênico: é caracterizado pela diminuição
As complicações maternas incluem aumento dos epi- da concentração de hemoglobina~ 2 g/ dL, compa-
sódios de crises dolorosas, das infecções (trato uriná rio, rada ao valor basal, aumento de eritropoiese e esple-
pneumonia, endometrites), anemia progressiva grave de- nomegalia. D eve-se realizar exame físico no perío-
vido à gestação em si ou deficiência de ferro ou de folato do pré-parto para documentar-se a esplenomegal ia.
associadas, pré-eclâmpsia e morte. A crise de sequestro esplênico resulta em alto risco
As complicações da gestação relacionadas às doenças para mãe e fe to e deve ser tratada imediatamente
falcitormes mais frequentes são: com transfusões.
Episódios dolorosos: há aumento da frequência das
crises dolorosas durante a gestação, que exige trata-
mento adequado. D eve-se evitar tratar a crise álgi- ALTERAÇÕES DA PLACEN TA
ca com transfusão, mas naquelas situações em que
a dor não melhorar com hidratação e analgésicos, A placenta de pacientes portadoras de hemoglobinopa-
a terapia transfusional pode ser utilizada. É impor- tias é anormal, em tama nho e localização, com peso méd io
tante o diagnóstico diferencial da crise álgica provo- menor que o de gestações normais, devido, provavelmente,
cada pela doença falciforme com gravidez ectópica, ao baixo fluxo sanguíneo e oxigenação.
descolamento prematuro da placenta, pielonefrite,
apendicite, colecistite e outras situações que causem
dor e/ou anemia; ABORTAMENTO
Anemia: há piora da anemia, que está relacionada
possivelmente a perda sanguínea, hemodiluição, su- Nas pacientes portadoras de hemoglobinop atias, as
pressão da medula óssea por infecção ou infla mação, taxas de abortamento são aparentemente mais elevadas,
deficiência de vitam inas e de ferro e crise aplástica; mas, em alguns casos, são sim ilares às da população nor-
Infecções: ocorrem em aproximadamente m eta- mal. Sua etiologia é descon hecida, provavelmente devido
de das pacientes e os principais sítios são os tratos a danos na microvascul atura útero-placentária. É descrita
urinário e respiratório . A bacteriúria assintomática elevada incidência de episódios dolorosos agudos após
deve ser tratada, pelo aumento da incidência de pre- abortamento terapêutico, sendo indicada hid ratação en-
maturidade e baixo peso ao nascimento. Infecções dovenosa antes e por mais 24 horas após o procedimento.
menos frequentes são endometrite, hepatite, bacte-
remia transitória, osteomielite e colescistite aguda;
Síndrome torácica aguda (S TA): pode surgir, sendo CRESCIMENTO I NTRAUT ERI NO R ESTRITO (CIUR)
diagnóstico diferencial importante com insu fici-
ência cardíaca congestiva ou pneumonia e pode O C JUR é mu ito frequente na hemoglobi nopatia SS,
ocorrer por piora da anemia. C linicamente, a STA mas não necessariamente na hemoglobinopatia se e na$-
é mais grave que a pneumonia, com aparecimento -beta-talassemia. Vá rios eventos estão relacionados, mas os
multilobar, hipóxia intensa e rápida evolução; fatores mais importantes são hipóxia e desnutrição. A h ipó-
Doença renal: hipertensão arterial crónica e pré- xia ocorre devido à anemia, que leva à baixa quantidade de
-eclâmpsia podem potencializar doença renal pre- oxigénio na placenta - reduzi ndo o transporte de substra-
existente; tos para o feto - e a episódios freq uentes de vaso-oclusão,
Sistema nervoso central (SNC): é importante docu- que levam à hipoperfusão. O estado clín ico-nutricional da
mentar passado de convulsões ou eventos do SNC. mãe influencia, já que o ganho de peso do feto depende do
Na vigência de crises convulsivas, deve-se pensar peso materno inicial e do gan ho ponderai durante a gesta-
em trombose, hemorragia, hipoxemia, excesso de ção. Pode haver também efeito do uso de medicamentos,
narcóticos e eclâmpsia. M onitorar cuidadosamente álcool, tabaco e analgésicos na rcóticos (Q uadro 35.6).
Anemia grave
Doer1Ç,l plc~centélllél
Pré-eclampsia
Gemelaridade
IPlacenta prévia
Insuficiência placentária
Assoe rd c i:HJ d CiPS ta c ao
Doenças Hematológicas
com útero-fita e ultrassonografia seriada, para avaliar o de hemoglobina acima de 20% do nível basal da paciente e
crescimento fetal. A partir de 26 semanas, é necessário níveis inferiores a 5,0 g/ dL ou hematócrito inferior a I 5%.
realizar ultrassonografia com dopplervelocimet ria do cor- Nessas situações, o objetivo é manter a hemoglobina en-
dão umbilical, para avaliar o fluxo sanguíneo útero-pla- tre 8 g e IO g/ dL e o hematócrito em torno de 25%. Se a
centário e o perfil biofísico fetal, com intervalos semanais hemoglobina está entre 8,0 e I 0,0 gl dL e a transfusão está
ou quinzenais (Qpadro 35.8). A suplementação de ferro indicada por uma dessas razões ou existe algum risco de so-
elemento fica restrita às pacientes com ferritina baixa.10 brecarga cardíaca, a exsanguineotransfusão parcial deve ser
realizada (p.ex. sangria de 400 a SOO mi e transfusão de duas
Quadro 35.8J Abordagem inicial da gestante com hemo- unidades de concentrado de hemácias). Como já citado, o
globinopatia sangue deve sempre ser deleucotizado e fenotipado.9•11
HistOria clfnica (anamnese)
CUIDADOS NO PA RI'O
Exame ffsico detalhado
Durante o parto, nas gestantes portadoras de ane-
Estudo laboratorial: hemograma completo, contagem de mia crônica, há aumento do padrão hi perdinâmico da
reticuiOcitos. eletroforese da hemoglobina, cinética de
ferro. bilirrubinas e função renal, ácido úrico e sorologias anemia, com incremento do débito cardíaco pelas con-
trações, sendo que a função cardíaca é frequentemente
lmunofenotipagem eritrocitária para pacientes que reque-
comprometida. Complicações como pré-eclâmpsia e
rem transfusões
infecções podem au mentar o risco de insuficiência ven-
Ultrassonografia para avaliar idade gestacional e gestação tricular. Os cuidados principais são:
múltipla
Uso mais libera l dos analgésicos: a mulher deve
ser ma ntida confortável, mas não excessivamen-
As gestantes portadoras de hemoglobinopatia SC te sedada;
e S- beta talassemias, mesmo assi ntomáticas, devem ser anestesia peridural;
tratadas como as pacientes com hemoglobinopatia SS. manter boa ox igenação, avaliando-a continua-
mente com oximetria de pulso e repondo volume;
TR ANSrusõl ~ ·ANGUfNEAS monitoração fetal contínua, pois é comum ocor-
A maior dúvida no cuidado à grávida portadora de do- rer insuficiência placentária;
ença faleiforme tem sido a transfusão de sangue. Há mais a cesariana deve ser realizada somente por indi-
de três décadas, foi sugerido que a exsanguineotransfusão cações obstétricas, já que a via de parto não pa-
deveria ser usada para prevenir complicações, mas até rece representar problema. Tanto o parto normal
o presente momento a eficácia real não foi determinada. quanto a cesariana são bem tolerados.
Os resultados apresentados nos estudos são controversos,
pois a maioria dos protocolos inclui pacientes diferentes Cu 1n11 nos NO /\'1<:.-PA Rro
(HbSS, HbSC, S-beta-talassemia) e a transfusão é rea- Os principais cuidados sugeridos no pós-parto são:
lizada em diferentes tempos da gestação. Não existem Não usar heparina em baixas doses: prevenir
evidências se a melhora obtida deve-se à transfusão ou à tromboembolismo, com o uso de meias elásticas,
melhoria dos cuidados pré-natais, mas complicações rela- e deambulação precoce;
cionadas à transfusão, como aloimunização, precipitação evitar piora da anemia por perda sanguínea;
de crises dolorosas e transmissão de infecções levam à re- fazer hidratação adequada;
avaliação do seu uso profilático. A transfusão sanguínea realizar investigação neonatal para hemoglobinopatias.
profilática deve ser individua lizada e, quando necessá ria,
o sangue deve ser deleucotizado (ou lavado) e fenotipado.
A terapia transfusio nal é indicada para pacientes com TALASSEM IAS
pré-eclâmpsia, gravidez gemelar, morte perinatal prévia, sín-
drome torácica aguda, insuficiência renal aguda, bacteremia, Essas hemoglobinopatias são caracterizadas por com-
eventos no SNC, cirurgia ou angiografia, queda dos níveis prometimento da produção de uma ou ma is cadeias de glo-
Doenças Hematológicas
tal no primeiro trimestre. As necessidades de folato estão A gravidez em mulheres portadoras de deficiência de
aumentadas dev ido à dema nda da gravidez, sendo neces- piruvato-quinase é relativamente bem-tolerada, mas, em
sária a reposição com I mg/dia. As infecções devem ser algu ns casos, o estresse gerado pela gestação pode ativar
detectadas c rigorosamente tratadas. Em algu ns casos foi episódios de hemólise.
reportada aplasia de série critrocítica concomitantemente
à infecção pelo parvovírus Bl9.
D EFI C IÊNCIA DE GLICOSE-6 FOSFATO
DESIDROGENASE (G6PD)
Quadro 35.91 Anemias hemolíticas mais frequentes na
gravidez A deficiência de G6PD é das mais comuns alterações
Anem1as Hemolltlcas Herecl1tar1as metabólicas do eritrócito, sendo que ·uas manifestações
Anormalidades da membrana eritrocitária clínicas estão associadas à anemia hemolítica episódica.
Geral mente, a hemólise intr:.wascular ocorre após exposi-
Esferocitose hereditária
ção a certos medicamentos oxidativos ou após ingestão de
Deficiências enzimáticas determinados alimentos. Várias infecções, principal mente
Deficiência de piruvato-quinase as pneumonias, são associadas à hcmólisc aguda. O grau
Deficiência de G6PD de hemólise varia de quedas discretas da hemoglobina a
Anem1as Hemolltlcâs Aclqu1rllléls processo hemolftico grave com hemoglobinemiJ, hemo-
globinúria e icterícia.I.4•12
Anemias hemolfticas microangiopáticas
Na gravidez, a deficiência de G6PD está a ociada a
Pré-eclampsia - sfndrome HELLP efeitos va riados. Tem sido verificado aumento dos episó-
Sfndrome hemolftico-urêmica dios de bacteriúria assi ntomática, das taxas de abortamen-
Hemoglobinúria paroxfstica noturna tos espontâneos, dos natimortos e dos recém-nascidos de
Anemia hemolrtica autoimune (AHAI) baixo peso com icterícia neonatal.
Doenças Hematológicas
autorc contraindicam eu u o no primeiro trimc trc. Já grávida com LH estavam em estágio precoces (c tádio
no egundo e terceiro tri mestres, a quimioterapia não leva 1- 11), com sobrevida de 83% em oito anos.
à maior incidên ia de anomalias cm rela ão às gestações
norma i!.. A tox1 1dadc, tardia, devido ao pequeno número
de observações, é mcno conhecida. Estudo mostra m não LI fOMAS AO HODG h.l (L 11)
haver alterações no crc ,cimento c no dc~envolvimento
intelectual dessas crianças, mas o potencial eleito carci- Os LN Hs são um grupo hetcrog<:neo de doenças ma-
nogênico dcs cs medicamentos ainda deve ser elu idado. lignas do tecido linforrcticular, com origem de células B ou
e possível, o parto deve cr programado para duas a tres T, de etiologia ainda não claramente dcfinid,\ c que diferem
emana após quimioterapia, para evitar- e o ri co de mie- 11<1 apre cntação, estágio ao diagnó tico e prognó t1co. Al-
lo upre~ ão neonatal. guns têm cu r o indolente c outros ão tumores agressivos,
de evolução rápida. ta ge tação, c cm pac1cntc .1baixo de
- ano , parece haver número de proporCional de fenóti-
LINFOMAS pos T ou indeterminado. A incidência cstim.1d.\ durante a
gestação é de O, ca os em 100.000 mulhcrc . A maJoria
Pouco ca o de linfoma e gravidez foram regi trados das pacientes (66%) tem linfadenomegalia e :~penas 20%
na literatura, mas o li nfoma não altera o curso da gravidez. apresentam sintomas.
A terapia deve cr baseada no e tadiamento, tipo h i tológi- De modo geral, mulheres com diagnóstiCO no terceiro
co c tempo de gestação ao diagnóstico. tri mestre da gestação e aquelas em estágio micial tendem
Linfomas de baixo grau podem scrobserv,tdos até o par- a ter melhor prognó tico, ma , infeli'lmente, a maioria das
to. Para os linfomas de grau intermediário ou de alto gr:~u gestantes vai ter doença agressiva, isto é, de .tlto grau e em
diagnosticados no pri meiro trimestre, deve-se considcrc~r a estágio· avançados c, portanto a quimioter,tpia não deve
rcaliz.tção de aborto terapêutico, a não cr que o linfoma se !>e r adiada. Após o pri mei ro tri mestre, a intcrru pç.io da ges-
localize J ima do diafragma, quando pode ser realiz:tda a tação não é indicada para benefício da mãe.
radioterapia de ca mpo, acompanhada de e va7iamento ab- Outro ri co potencial é a transmi ão materno-fetal de
dominal. Quimioterapia combinada pode cr admini tra- célula maligna da mãe, sendo que existem casos de mc-
da, com l>UCc~ o, no egundo e terceiro trimcstrcs.14 tást,\Se para placenta, para o feto ou para ambo , estando,
então, recomendados estudo anatomopatológico da pla-
centa c segmento neonatal apropriado.
LI NI-01\ IA'> DE HODGKI~ (LH)
Doenças Hematológicas
Deve- e realizar anamnese e exame físico detalhados, trimestre, correspondendo a aproxi madamente um a dois ca-
com medida da pressão arterial e hemograma com análise sos de trombocitopenia para cada 1.000 gestações e aS% de
do esfregaço de sangue periférico e, em caso de suspeita de todas as trombocitopenias relacionadas à gestação. À seme-
PT I, rever a contagens plaquetárias pré-ge tacionais. lhança das pacientes não grávidas, a patogénese na gravidez
envolve atividade de anticorpos antiplaquetários (anticorpos
antiplaquetários que reconhecem glicoprotefnas). 17
P ÚRPURA TROMBOCITOPÊNICA IMU NOLÓGICA Apesar de a gravidez não ser contrai nd icada em pacien-
tes portadora de PTI prévia, as complicações maternas e
A púrpura trombocitopênica imunológica (PT I) é a fetais podem ocorrer e tratamento e terapias adicionais po-
causa mais importante de plaquetopenia grave no terceiro dem ser necessários.
Espec1f1Cll ri c~ q1 av1clet N ,w I! s p e c lf 1c d c! d ÇJI il v 1c! e 1 Especlf1c d dd \JI dVIlil!l Ndo espec 1f1cd c!d CJillVIc!ez
Hiperesplenismo !
PTI =púrpura trombocitopênica imunológica; DvW =doença de von Willebrand; PTT =púrpura trombocitopênica trombótica; SHU =síndrome hemolftico·urêmica;
CIVD =coagulação intravascular disseminada.
Plaquetopenia isolada
Doenças Hematológicas
569
Independentemente da via de parto, deve ser colhido rios clínicos e o tratamento consiste na indução do parto e
sangue do cordão umbilical dos recém-nascidos de mães na corrcção da hipoglicemia e do distúrbio hid roeletrolí-
portadoras de PT I imediatamente após o parto, para tico, assim como da coagulopatia. Podem ser necessários
contagem plaquetária, com monitoração d iária nos pri- mais de IOdias após o parto para que as alterações nas pro-
meiros quatro a ci nco dias após o parto, devendo-se ini- vas de coagulação se normalizem. A mortalidade fetal é em
ciar terapia apropriada nos casos de trom bocipenia grave torno de 15%e a materna em torno de 5%.
(<30.000/ mm3 ) . PTL não é contraindicação para o aleita-
mento materno.
TROMBOCITOPENIA ASSOCIADA À
PRÉ-ECLÂMPSIA E SÍNDROME HELLP
DOENÇA DE VON WILLEBRAND (DvW)
TIPO 2B A pré-eclâmpsia atêta mais de 4% das gestações e os
critérios diagnósticos são hipertensão e proteinúria na se-
O fator de von Willebrand é um cofator da coagulação gunda metade da gestação. Tanto a hipertensão quanto a
responsável pela interação das plaquetas com a parede vas- proteinúria caracteristicamente regridem após o parto.
cular, pela interação das plaquetas com as plaquetas e pelo Cerca de 50% das pacientes com pré-eclãmpsia de-
transporte do fator Vlll. Clinicamente, a DvW é atual- senvolvem plaquetopenia, com a gravidade normalmente
rnente um grupo heterogênco de 20 desordens funcionais relacionada à gravidade da doença de base. Trombocitope-
envolvendo alterações do complexo do fator VIII e disfun- nia pode ser a primeira manifestação de pré-eclâmpsia, às
ção plaquetária. Na DvW tipo 2B, acontece redução na vezes precedendo as outras manifestações da doença. As
síntese do fato r vW, com mais afinidade pela glicoprotcína causas da plaquetopenia não estão bem-defin idas, relacio-
Ib. A gestação pode precipitar ou agravar a plaquetopenia nando-se à destruição acelerada e/ ou destruição, devido à
c o risco de sangramento se correlaciona com a contagem aderência das plaquetas circu lantes ao endotélio lesado e
pbquetária. A evolução da gestação é boa e o parto vaginal ativado e it ativaçâo e consumo de plaquetas, como conse-
parece não aumentar o risco hemorrágico, mas hemorragia quência da ativação do sistema hemostático, ou clearance
pós-parto é encontrada em mais de 50% dos casos. Pode- das plaquetas lgG-ligadas pelo sistema retículo-endotelial.
se fazer uso de crioprecipitado ou de concentrado de fator A ativação subclínica da cascata da coagulação é referida
von Willebrand. na maioria das pacientes com pré-eclâmpsia. Uma mani-
festação da ativação de células endoteliais é que a superfície
endotelial pode mudar de um estado antitrombótico para
ESTEATOSE HEPÁTICA AGUDA um fenótipo protrombótico, mas Cl VD grave é rara na au-
sência de descolamento placentário. Há redução dos valo-
A esteatose hepática aguda atinge uma em cada 5.000 res de proteína C e antitrombina e aumento de dímero-0.
a 10.000 gestações, desenvolvendo-se tipicamente no ter- A queda nos níveis de antitrombina não acontece na P1T,
ceiro trimestre e, mais comumente, em primigestas. Clini- o que pode ser de valor diagnóstico. 18
ca mente, a paciente apresenta náuseas, mal-estar geral, dor Na síndrome H ELLP, os critérios diagnósticos incluem
no epigástrio e no hipocôndrio direito, dispneia, alterações anemia hemolítica microangiopática, aumento de enzimas
do estado mental e alterações colestáticas das provas de hepáticas e trombocitopenia de grau variável, usualmente
função hepática. Podem ocorrer diabetes insipidus; e a hi- com contagem plaquetária inferior a I00.000/ mm3, sendo
poglicemia é comum e usualmente grave. que não há definição padronizada dos critérios. Ocorre cm
Os níveis de fibri nogênio c de antitrombina são baixos cerca de 10% das mulheres com pré-eclãmpsia grave, com
e o PITa está aumentado, com evidências laboratoriais de risco de recorrência em outras gestações de aproximada-
coagu lação intravascular disseminada (CJVD) em 75% mente 3% e pode, frequentemente, ser complicada pela
dos casos. A hemólise microangiopática e a trombocitope- CIVD (coagulação intravascular disseminada).
nia são menos graves, mas 50% das pacientes preenchem A abordagem da pré-eclâmpsia e da síndrome H ELLP
critérios de pré-eclâmpsia. O diagnóstico é feito por crité- é geralmente suportiva, com o intuito de estabilizar a pa-
Doenças Hematológicas
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Trombofi lias
575
I
Quadro 3 6 .1 Trombofilias a serem investigadas ant itrombina, proteínaS e C e resistência à proteína C ati-
' Trombofr lras a serem rnvestrgadas vada) estão indicados após quatro a seis meses do fe nôme-
no tromboemból ico. O uso do anticoagulante oral inter-
Fator VIII c
fere nas dosagens das proteínas C e S, que são vitamin a K
Resistência à proteína Cativada dependentes. São necessárias no mínimo duas semanas de
Fator V de Leiden suspensão do anticoagulante oral para que essas dosagens
possa m ser realizadas com segurança. A gestação, os dois
Gene mutante da protrombina
primei ros meses do pós-parto, o uso de anticoncepcional
Homocisteína sérica oral e a terapia hormonal também interferem nas dosagens
Proteína Cfuncionallcromogênica) dos anticoagulantes naturais (antitrombina, proteína S e
Proteína S livre lantigênica) c). o uso das heparinas dim inui os níveis de antitrombina
e positivam a pesquisa do anticoagu lante lúpico. A respos-
Antitrombina lcromogênica)
ta inflamatória secu ndária ao fe nômeno tromboembólico
Anticorpos anticardiolipinas lgM e lgG pode interferir na pesq uisa de SAAF, positivando as dosa-
Anticoagulante lúpico gens das cardiolipi nas e da ~2-glicoproteína l. Estas devem
ser pesquisadas após o primeiro mês da trombose. Para
que o diagnóstico da SAAF seja confirmado, é necessário
As dosagens dos anticorpos anti-~2-glicoproteína I que os critérios clín icos e laboratoriais sejam p reench idos.
IgG e IgM são real izadas apenas nos pacientes com antico- O Quadro 36.2 apresenta a confiabilidade dos testes
agulante lúpico e anticorpos anti-cardiolipinas IgG e IgM das trombofilias mais importantes em situações clínicas
negativos e forte suspeita clínica da SAAF. específicas, incluindo a gestação.
Trombo~ l ias
577
uso de ant icoagulantes orais (anticoagulação plena) é mais dos fàmiliares em que os casos foram ident ificados dev ido
alto que o risco do primeiro evento nesses pacientes, o que ao seu passado de tromboembolismo venoso. Desde então,
torna seu uso profilático contraind icado. vários estudos vêm investigando a relação das trombofilias
congénitas com as complicações gestacionais. Entretanto, a
seguinte pergunta ainda é tema de debate na literatura: a de-
DESVANTAGENS DA PESQUISA tecção das trombofilias como causa das complicações ges-
DAS TROMBOFILIAS tacionais deve resultar em tratamento com anticoagula ntes
e/ ou a ntiagregantes plaquetários~ 14
O custo econômico dos testes é de aproximadamente
R$ 1.200,00 (SOOEuros). Os estudos vêm demonstrando
que existe viabilidade econôm ica destes nas situações de TROMBOFILIAS E COMPLICAÇÕES
alto risco. Revisão sistemática publicada em 2006 avaliou GESTACIONAIS: CAUSA OU ASSOCIAÇÃO?
quatro cenários: testar todas as mulheres antes do início
do anticoncepcional oral e iniciar apenas naquelas com o A defi nição das relações de causa ou associação é, por
estudo negativo; testar todas as mu lheres antes do in ício si, tema complicado. A associação entre duas variáveis sig-
da terapia hormona l e iniciar apenas naquelas com o estu- nifica que a probabilidade da ocorrência de uma depende
do negativo; testar todas as mulheres antes da gestação e da ocorrência da outra ou de mais variáveis. A associação
realizar profilaxia após o parto naquelas com estudo posi- estatística entre duas variáveis pode ter natureza causal ou
t ivo; e testar todos os pacientes previa mente a cirurgias or- não. A defi nição d a cau sa de uma doença é a presença de
topéd icas eletivas e realizar profilaxia estend ida naquelas um evento, condição ou característica que precede a doen-
com resultados positivos. O estudo concluiu que quando ça, sem o qual esta não aconteceria, ou pelo menos não na-
correlacionado às outras situações, apenas o segundo ce- quele momento. Entretanto, a maioria das doenças possui
nário (testagem de mu lheres antes do in ício da terapia hor- o componente de multicausalidade. A m aior evidência da
mon al) pode ser custo-efetivo, mas demonstrou também relação de causa seria um experimento em que a introdu-
que a história pregressa ou familiar de tromboembolismo ção ou a remoção do agente mudaria o desfecho. D esta fo r-
venoso é o melhor marcador de risco . Desta for ma, a ana- ma, a única m aneira de provar realmente a relação causal
mnese bem -realizada é a mel hor conduta antes das situa- seria a situação hipotética na qual uma mu lher teria uma
ções de risco de trombose. 12 "vida" com trom bofilia e outra "vida" sob as mesmas con-
O impacto psicossocial e as consequências de ser taxado dições, só que sem trombofilia e as complicações gestacio-
como portador de uma mutação genética trombofílica de- nais avaliadas.
vem ser considerados como importantes fa tores negativos da O s estudos observacionais são métodos vál idos para
pesquisa das trombofilias. Os portadores podem se sentir es- estabelecer essas relações de causalidade e estudos experi-
tigmatizados e serem discriminados pelos planos de saúde. 13 mentais random izados são absolutamente necessários para
estabelecer se as terapias são benéficas para as mulheres
com trombofi lias e compl icações gestacionais 4 ·s·14 Outro
COMPLICAÇÕES GESTACIONAIS problema que existe nos estudos é a falta de padronização
das complicações gestacionais. É extremamente comu m
Dois são os objetivos de estudar as trombofi lias nas mu- autores defin irem de maneira diferente o que é um aborta-
lheres com complicações gestacionais: definir a causa do mento de repet ição precoce, por exemplo.
evento e impedir que este se repita. As m anifestações trom- As associações entre as trombofilias tendem a ser mais
boembólicas arteriais e venosas, bem como as complica- fo rtes q uando as complicações gestacionais são m ais gra-
ções gestacionais, são consideradas manifes tações clínicas ves (abortamentos de repetição ou perdas gestacionais tar-
da SAA F Aná logas a essas m an ifestações das trombofilias d ias) e quando as outras causas são afastadas (infecciosas,
adquiridas, na década de 90 a associação entre trombofilias cromossômicas, hormonais, im unológicas e ano rmalida-
congénitas e complicações gestacionais foi descrita em estu- des anatómicas uterinas).
Trombo~ l ias
579
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loss a !.)'Stcmat•c rcv1cw.j 'lhromb Hacmo't. 2010; ·26.\
s eventos trombocmbólicos são causas im- do ao risco em mulheres não g ráv idas.' A incidência de
pressivo da artéria ilíaca direita sobre a veia il íaca esquerda. Figura 37.1 I Locais mais comuns de TVP.
Por isto, a incidência de TVP isolada da veia ilíaca é mais
alta na gestação, o que dificulta o diagnóstico c aumenta
a chance de embolização. 6 A prevalência de trombose pél- TROMBOFILIAS
vica é responsável por cerca de 10% dos casos de TVP na
gravidez e puerpério, sendo muito rara fora da gestação ou Trombofilias são estados de hipcrcoagulabilidade con-
cirurgia pélvica (Figura 37.1).' gênitos ou adquiridos. Sua prevalência depende da popu-
Alguns fatores de risco, além da própria gestação, estão lação estudada, va riando entre 0,1 c 7,0%. Cerca de 50%
associados à incidência ainda mais alta de trombose veno- dos fenômenos tromboembólicos (FTE) na gravidez estão
sa nesse período: associados a esses estados. Entretanto, a trombofi lia, isola-
História de fenômeno tromboembólico prévio; da mente, mesmo na gravidez, não resulta necessariamente
gravidezes múltiplas ou por reprodução assistida; em tromboembolismo. Alem disso, a raridade de um FTE
idade acima de 35 anos; na gravidez e a elevada incidência de trombolilias hereditá-
operação cesariana- especialmente quando cmcr- rias não justificam o rastreamento dessa doença.8
gencial; A gestação é estado predisponente a algumas trombo-
obesidade; fi lias corno, por exemplo, a resistência à proteína C, que é
infecções; um anticoagulante natural. A trombofi lia está associada
uso de contraceptivo oral no pós-parto; a duas principais ocorrências adversas na gestação: FT Es
hi tória de cirurgia abdomi nal ou pélvica prévia, venosos e complicações associadas ao infarto placentário,
fraturas, trauma; tais como o crescimento intrauterino restrito (CIU R), a
repouso prolongado (> 4 dias); perda fetal, a pré-eclâmpsia, o descolamento prematuro
emanas; membro
cp• ódio de trombo e veno a, em fatore de m. o
Peso no membro Dispneia
apa rente ; inferior Apreensão
trombo c cm locai pouco usuais, como cm veia - - ---:
Tosse
me entérica ou veia cerebral;
Sfncope
• hbtória familiar de fenômenos tromboembólico . - ---
Hemoptise i
--
As anormalidades laboratoriais que estão associ.ltbs ao Sinais Sinal de Homan Cianose
trombocmbolismo recorrente são .1 deficiência congênita r-
de antitrombina 11 1 (AT 111), de proteína C, de proteína
Edema ipsilateral Taquipneia _ j
ou de pl.t minogênio. Mulheres a intomáticas, com defi- Palidez e/ou verme- Febre
lhidão do membro Estertores
ciência ongênita de AT 111, proteína C e proteína têm, acometido Taquicardia
cerca de cinco vezes mais chance de ter tromboembolismo Veias colaterais Segunda bulha
na graVIdez. O ri co ab oluto, porém, não é muito dcvado superficiais hiperfonética
(aproximadamente 4,1'\J). A hiper-homocisteinemia e ní- F1ebite
veis clev.tdos de .tnticorpo antHo folípides são associados
.10 aumento do FTE .
A re istência congênita à proteína C ativada por mu- T ROMB O SE VENOSA PROFUN DA
tação do fator V (fator de Leidcn) carreia aumento de
nove vezes no ri co de FTE na forma heterozigóti a e de Abu ca diagnó tica inicia-se com a anam ne e c exame
34 vezc na forma homozigótica. Alguns estudos apontam clínico cuidadosos. A baixa confiabilidade na mani festação
incidência de 60'\J de fator V de Lcidcn em mulhcrc que clínica e a implicaçõc , tanto da tcrapêutic.1 anticoagu-
desenvolvem FT E na gestação. A mutação do gene da pro- lante prolongada desncccs ária quanto da não util i7ação
trombina (G202 10A) também eleva o ri co de TEV na for- do anticoagulante, demandam exames objcti vos para a
ma hctcrozigótica cm etc vezes e na forma homo7igótica con fi nnação d iagnó tica. Além d isl>o, deve-se Iem bra r que
em 26 vczes. 10· 11 12 a morte úbita é comum cm gestantes com sinais c into-
ma compatívei com FTE. A im, essa!. paciente~ devem
er obJelrva e raprdamerrlc inve tigadas. erca de .)O<Jg da
DI AG NÓSTI C O pacientes com sinais clín icos compatíveis com trombose
veno a apre entam venogramas norma i , por outro lado, é
O diagnó tico clínico da TVP c da embolia pulmonar frequente encontrarem-se pacientes sem sinais clín1cos de
é pouco prcci o, tanto na gestação como fora dela. Edema T P c com venograma alterado ." O Qj.Jadro 7.2 lista
e dor nos membros inferiores (mimeti zando TYP) c dor os exames complementares utilizados para o diagnóstico
torá i a c di~pncia (m imetizando emboliJ pulmonar) são da trombose venosa profunda.
Uma abordagem prática diante da suspeita de trom- advento de novos testes diagnósticos como a angioresso-
bose venosa profunda inicia-se com a utilização da ul- nância magnética (A R.M) e a venografia por tomografia
trassonografia de compressão do membro acometido. computadorizada (TC), a flebografia vem sendo muito
A análise da compressibilidade das veias por meio da pouco utilizada para diagnóstico de TVP, especialmente
ultrassonografia (US) apresenta sensibilidade de 96% e na gestação. Deve-se lembrar que a tomografia computado-
especificidade de 98% para o diagnóstico de trombose rizada, como a venografia, também expõe o feto à radiação,
venosa acima do joelho e um pouco mais baixas para as mas tem quase a mesma sensibilidade c especificidade para
tromboses abaixo do joelho, mas, mesmo nestas, a chance o diagnóstico de TVP que a US. A AR.M não expõe o feto
diagnóstica é substancial. 14 à radiação, porém o seu papel no diagnóstico da TVP ainda
O duplex-scan, isto é, a combinação da ecografia bidi- precisa ser mais bem-avaliado.s· 16•1-·18. 19
mensional com o doppler em tempo real, é capaz de mos- A dosagem do dímero-0 está cada vez mais presente
trar outras alterações que firmam outros diagnósticos tais no algoritmo diagnóstico dos FTEs. Na gestação, sua do-
como hematomas, cistos poplíteos e outras causas de sinto- sagem mostra aumento no decorrer da gestação, contudo,
mas nos membros inferiores. Se o teste é positivo, confirma- a sensibilidade do teste é de I 00%, especificidade de 60%e
-se o diagnóstico e inicia-se imediatamente o tratamento; valor preditivo negativo 100%.20 A interpretação varia de
caso seja negativo e a paciente permanece com sintomas, acordo com o teste utilizado. Um teste de dímero-D nega-
deve-se repetir o exame a cada três a sete dias e iniciar o tra- tivo não descarta necessariamente TEV, ele deve ser usado
tamento quando o diagnóstico se confirmar. em combinação com outros testes, especialmente a US. 21
A ultrassonografia venosa seriada é segura para utiliza- No caso de toda investigação ser negativa, deve-se pro-
ção na gestação e, apesar da necessidade de mais estudos curar outra causa para o quadro clínico da paciente.
para sua melhor validação, é o método de escolha para o
diagnóstico de T VP na gestação.15 Para o diagnóstico de
trombose ilíaca cm gestante, situação em que a US não é EMBOLIA PULMONAR
de boa resolução, deve-se utilizar a ressonância magnética
A pletismografia de impedância seriada foi rigoro- Os exames de eleição são a cintilografia pul monar de
samente avaliada na gestação e é segura, entretanto, sua ventilação e perfusão (V/ Qj ou angiotomografia pulmo-
sensibilidade c especificidade são mais baixas do que a nar. inicialmente, na busca do diagnóstico de embolia
ultrassonografia c, atualmente, é pouco utilizada. Com o pulmonar, pode-se solicitar a US de compressão, apesar de
US de compressão US de compressão
..,. J
I I I I
Negativo Positivo Positivo Negativo
Asma
Dosagem Dlmero . O Continuar HBPM RXtórax
T
Positivo
I Negativo
ou outras
Normal
< 50 I 70 +200 4 I
50-59 o + 100 4 I
60-80 o o diário I
~--
81-99 o -1 00 4 )
I > 100
I o
TVP = trombose venosa profunda. PTTa = tempo de tromboplastma parcial auvado
I -200
I 4 I
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o di cutir infecção do trato urinário (ITU) c do- As ITUs repre entam a forma mais frequente de in fec-
Embora exi ta ,1 po ibilidadc de anemia hemolítica via or,1l quando existe remissão do quad ro clínico agudo
cm recém-nascidos com deficiência de glicose-6-fo~fato por ma i de 48 hora , podendo receber alta para completar
-dc idrogena e que utilizaram nitrofurantoína até o termo, o tratamento cm seu domicílio. O tratamento da pielone-
o risco c timado é inferior a 0,0004%. A:.sim, o ob tctra frite deve se e tender por lO a 14 dias." A escolha do antibi-
deve avaliar o risco-benefício da utilização da medicação. ótico, inicialmente, deve ser orientad.1 pela microbiologia
Em metanáli c realizada em 2008, o u o de quinolo- local c pelos dado de u ceptibilidade. Os beta-lactâm ico
na (norfioxacina) não se mostrou a sociado a alto risco de parcnterais são os agente de e colh.1.
malformações maiores, partos pré-termo ou recém-nasci- A eficácia dos bcta-lactâmicos loi demonstrada cm
dos de baixo peso.!6 Entretanto, devido ao alto custo desses en ·a1o cl ínico no qual 179 gc tantes com pielonefrite di.lg-
agente c ao elevado número de patógenos com rc i tência nosticada antes de 24 emanas foram ra ndomizadas para
a e cs antibiótico , as fluorquinolona não ão antibiótico tratamento, utilizando-!>c um do seguintes esquema : cc-
de primeira linha para tratamento de ITU na gestação. fazoli na cndoveno a; ampicilina e gcntamici na cndoveno-
Age tante deverá Í:llcr urocultura de eguimento en- sa; ccftriaxona intramuscular. :io foram encontradas di-
tre uma e duas semanas .1pós o tratamento, para confirmar fcrcn as na re ·po ta linica ou no rc ultado perinatal com
a erradi ação da bactcriúria/ infecção. qualquer dos três esquemas uti lizados)4 •
Deverá ser institu ída terapia uprc iva nas pa ientcs O antimicrobiano mais indicado estão demomtra-
cuja bactcriúria/ infccção persi ti r após dois ou mais ciclo dos no Q uadro 38.2.
de tratamento. ormalmente, utiliza-se nitrofurantoína na
dose de -oa 100 mg/dia durante o restante da gravidez. O Qu:1dro 38.2 1Antibioticoterapia para pielonefrite na grav1dcz
emprego de cefàlexina 2 -o a -00 mg/dia é alternativa para Med1 c dlllCil!O Dose Vld ele lnt ervd lo ele
a terapia supressiva. lmq\ aclmllllstrdcao liSO lhorcJsl
Cefuroxima
I 750 Venosa 8/8 I
PJ LLO LfR I TI:. ~eftriaxon;-+ 1.0~0 Venosa 24/24
J
Aztreonam 1.000 Venosa 6/6
O tratamento da pielonefrite du r.1ntc a gravidez deve
ter abord.1gcm diferenciada, levando- c em con idera :io
Cefazolina 1.000
-- t-
Venosa 8/8 l
o risco elevado de complicações. Portanto, recomcnda-~c
a ho pitalinção para monitorização dos si nais vitais, in-
Sulfametoxazol/ 320/ 1600
Trimetoprim
Norfloxacina
-- -
400
1---
Oral
Oral
- --
24/24
12/ 12
_I
clumdo débito uriná no. O controle d.1 dor e da febre pode I
ser necessário c é obtido com analgésicos, antitérmicos e
antic pasmódicos. Antiemético ão indicado no casos Aztreonam deve er indicada para casos de alergia aos
com exuberância de náuseas c vômitos. A terapêutica anti- bcta-lact:i micos, pois apresenta menos probabilidade de
microbiana é iniciada por via parenteral, só passando para rcaçõc de sensibilidade cruzada.
Elevações da pressão arterial nessas gestantes devem A pesqu isa de infecção do trato urinário deve ser di-
ser corrigidas precoce c rigorosamente, uma vez que o seu ligente e a sua confirmação requer trata mento rigoroso e
agravamento ou mau controle são os fatores de pior prog- imediato. Junta , a hipertensão arterial ma !controlada e a
nóstico na progressão da doença. Muitas vezes será neces- in fecção do trato uri ná rio são os dois marcadores de pior
sário trocar o anti-hipertensivo utilizado antes da gravidez, prognóstico para gestantes com doença renal.
principalmente os inibidores da enzima de conversão da A correção da a nem ia deve ser observada com rigor nes-
angiotcnsina (inibidores da ECA), que incrementam a sas pacientes. Sob regime dialítico, a transfusão de sangue
São as seguintes:
Pacientes que faze m hemodiálise devem aumentar CONTROLE DA ANEMIA
50% a du ração das seções, de quatro para seis horas.
A frequência passa a ser de cinco a seis vezes na se- As pacientes d ialisadas usualmente são anêmicas e, na
mana. N a prática, isso q uase nunca é possível pela gravidez, a anemia tende a se agravar. A transfusão de san-
recusa da própria paciente; gue será quase sempre ma ndatória nas pacientes que não
ma nutenção da ureia nitrogenada abaixo de 50 faze m uso de eritropoeti na. No entanto, ela pode exacerbar
mg/ dL ou do clearance de creatinina acima de I 5 a hip ertensão e dificu ltar o controle da sobrecarga circ ula-
m i/minuto melhora o prognóstico obstétrico, evi- tóri a. O perigo pode ser m ini mizado se o sangue for trans-
ta ndo o surgimento de polidrâ mn io; fund ido dura nte a seção de d iálise.
evitar h ipotensão durante as seções, pois di mi nu i Além d isso, deve-se utilizar suplementação com fer ro
o fluxo útero-placentário. A hipotensão é mais fre- e ácido fólico. Embora a segurança do emprego do ferro
quente no final da gravidez, qua ndo o útero au men- venoso não esteja estabelecida, sua uti lização é ampla. No
tado de volume reduz o retorno venoso. Além d isso, entanto, existem dados mostrando que o ferro pode ser
a remoção aguda de líqu ido que ocorre d urante a desproporcionalmente transferido para a o feto e causar
diá lise pode agravar o quadro. Essa complicação intoxicação aguda. Assim, ao optar por seu uso, p recon iza-
pode ser evitad a uti lizando-se baixa taxa de ultra- -se a ut ilização d e pequenas doses. O n ível de hemoglobina
filtração do sangue; não deve estar abaixo de 10 a li g/d L e, cada vez mais, tem
evitar flu tuações rápidas no volume intravascular, sido preconizad a a utilização da eritropoetina huma na re-
restringindo o aumento de peso ent re as seções a combina nte. Esta pode eleva r o hematócrito cerca de 3096,
aproximadamente um qui lo até o fi nal da gravidez; além de não mostrar efeitos negativos sobre m ãe e con-
reduzi r o volume e aumentar o número de trocas cepto, um a vez que estudos em animais demonst raram
no fi nal da gestação; que ela não atravessa a placenta. Normalmente, é preciso
veri fica r o surgimento de contrações uterinas, uma aumentar 50 a I 00% a dose utilizada fo ra da gravidez com
vez que elas podem desencadear o trabalho de par- a finalidade de aumentar o hematócrito de 33 para 36%.3q
to pré-te rmo. A in ibição deve ser realizada utiliza n-
do-se, preferencial mente, os beta-agonistas;
util izar calcitriol (vitam ina o) e cálcio no ba nho NUTRIÇÃO
d ialítico, pois a paciente com doença renal crô -
n ica apresenta hiperparati reoidismo secundário. A necessidade de ingestão de proteínas em urna mulher
Portanto, é impresci ndível o controle dos níveis de adu lta sadia é de 0,9 g/ kg/ dia; na gravidez, há demanda
cálcio plasmático, pois a paciente pode desenvolver adicional de 15 g/ d ia. Ingestão proteica deficiente é fre-
hipercalcemia. quente nas pacientes em d iálise, pa rticularmen te nas que
se submetem à CAPO, em cujo processo existe perda con-
tínua de proteína no dialisado, aumentando drasticamen-
CONTROLE DA HIPERTENSÃO te a sua demanda. Vários autores sugerem que a ingestão
diária de proteínas deve ser de 1,5 g/ kg para paciente em
A pressão arterial tende a ser lábil e a h ipertensão é co- hemodiálise e de 1,8 g/ kg para as pacientes em CA PD.
mum, afeta ndo 80% das pacientes em d iálise. Os níveis A ingestão de água deve restringi r-se a 750 e 1.500 m i/
pressóricos elevados podem ser controlados com di álise e d ia. A dieta ta mbém deve conter 1.500 mg de cálcio, 50
uso de hipotensores. A pressão d iastólica deverá ser man- mmol de potássio e 80 mmol de sódio por dia. Deve-se au-
tida entre 80 e 90 m m H g. A d iálise ajuda no controle da mentar a oferta de vita m inas dia lisáveis como vitam ina C,
hipertensão, removendo adequada mente o excesso devo- tiam ina, riboflavina, niacina, B6 e fola to.38
ào do feto, ma leucopenia, normalmente, não é problema Por razões de segurança, n.io existem estudo controla-
p.1ra o recém-nascido, se a contagem de leucócitos materna do utiliza ndo micofenolato em ge tantc . Estudos em ani-
to r mantida .1cinu de 7. -00 célula / mm. Algumas anoma- mai mo traram ação teratogênica, cau ando reabsorção
lia cromo sômica têm sido relatadas em crianças expos- fetal e malformações. Na literatura existem vários relatos
tas intraútcro à azatioprina. de malformação fetal re ultantc de cu emprego durante a
A avaliação da função hepática é neccs :iria nas pa- gc!.tação, principalmente cm mu lhcrc~ pós-transplantadas
ciente!> em u o de azatioprina devido ao cu efeito hc- (categoria D da FDA).
patotóxico. Em ca o de alteração, deve-se reduzir a dose 'c a paciente estiver u ando algum Inibidor da calci-
da droga. neurina a ub tituíção do medicamento deve er individu-
alizada, devido ao risco de rejeição do rim transplantado.
GRAUS DE RECOMENDAÇÃO
AMAME NTAÇ ÃO
O Quad ro 38.7 apresenta as evidências sobre o apa re-
A a m amentação é compatível para a m aioria das lho urinário na gestação.
puérperas portadoras deLES. Informações dispo níveis
Alterações Ocorre aumento do FRP de 50 a 80% e do RFG em torno de 50%. Oaumento do RFG leva à D
fisiológicas na redução dos níveis de creatinina e ureia durante a gravidez. I
gestação
Oaumento do RFG leva a mais excreção de aminoácidos. vitaminas. sódio, potássio, o
cálcio, protefnas e glicose. I
Infecção do trato Patógeno mais frequente (80% dos casos): Escherichia coli c I
urinário (ITU)
Complicações maternas mais frequentes. decorrentes de ITU: pielonefrite; insuficiência c
respiratória transitória; choque séptico.
I
Complicações perinatais mais frequentes. decorrentes de ITU: prematuridade; RN de baixo c
peso; rotura prematura de membranas; CIUR; paralisia cerebral ou retardo mental; óbito. I
Caracterfsticas epidemiológicas preditoras de ITU na gestação: história prévia de ITU; B
ITU na gestação atual, antes do início do pré-natal.
I
Urina rotina não é o exame ideal para rastrear ITU c I
Gram de gota é o melhor teste rápido para rastrear ITU, mas não supera a urocultura. o I
continua ...
Pacientes em Não há razão para a troca de uma forma de diálise por outra apenas por causa c
tratamento dialítico da gestação. Se houver necessidade de iniciar diálise durante a gestação. sabe-
-se que a diálise peritoneal tem mostrado resultados satisfatórios.
f--
I
A diálise deve ser iniciada precocemente (ureia nitrogenada acima de 100 mg/ c
dl) nas pacientes com doença renal crOnica que se encontram em tratamento
conservador e intensificada naquelas que já se encontram em programa dialitico.
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s doenças do aparelho digestivo na gravidez po- de letalidade evoluíram satisfatoriamente, graças aos mé-
Grdvrrlc; ectoprca 110 ligado Figura 39. 1 I Eritema palmar cm gestante. Ver pra11cha
colorula.
EXA Mt S COMPLEMENTARES
HEPATOPATIAS EXCLUSIVAS DA GRAVIDEZ As aminotransferases podem encontrar-se elevadas,
com predomínio da ALT, atribuídas à lesão da membran a
H IPEREMESE CRAVÍD ICA e não à necrose de hepatócitos. Qyando os níveis são eleva-
dos, impõe-se o diagnóstico diferencial com hepatites viró -
Náusea e vômitos ocorrem em 75% das gestantes no ticas. A hiperbilirrubinemia é moderada, à custa d a fração
primeiro trimestre da gravidez. A hiperemese é a presença di reta. A determinação dos ácidos biliares em jeju m parece
de vômitos intensos, levando à desidratação, às vezes à ce- ser o teste mais específico. A síntese da GGT é reduzida pe-
tose, em 0,3 a 2,0% dos casos. Alterações hepáticas são mo- los hormônios da gravidez. A fosfatase alcalina e 5-nucleo-
deradas e de evolução favorável, como elevação das amino- tidase são inespecfficas, pelas alterações gravíd icas. A ativi-
transferases e das bilirrubinas, e é descrita associação com dade de protrombina é diminu ída e, consequentemente, o
hipertireoidism o. A hiperemese é observada com frequên- R N l é elevado na dependência do grau da colestase, o que
cia nas gestantes magras e tabagistas e não são observadas pode ser corrigido p ela administração de vitam ina K.
alterações histológicas. É importante o diagnóstico com A ultrassonogra fia é inespecífica, salvo ao demonstrar
enferm idades intercorrentes como hepatites. A etiologia cálculo biliar, achado freque nte. A histopatologia mostra
é discutível, sendo enumerados fatores hormonais e psi- trombos biliares e ausência de necrose.
cológicos. O tratamento é sintomático e, nos casos graves,
recomenda-se hidratação e correção eletrolítica. O uso de PATOGÊNESf
corticoides é controverso. O quadro pode se repetir em no- É complexa e interligada a fatores genéticos, hormo-
vas gestações?·8 nais, exógenos e a infecções que agravam o quadro. Conti-
nua indefi nida e, como chamo u Reyes, enigmática.A Figu-
ra 39.2 sintetiza a patogênese da C IG Y- 10
C O LESTASE I NTRA-H EPÁTICA DA GRAVIDEZ (C IG)
fFatores genéticos
Acomete a gestante no segundo e terceiro trimestres da
gravidez. C aracteriza-se por icterícia colestática e prurido.
Epidemiologia (fatores familiares)
Este, alg umas vezes, está presente na ausência de icterícia e
é denominado prurido da gravidez. A evolução é benigna
para a mãe, entretanto, pode ocorrer restrição do cresci-
Disfunção do estrogênio /ou progesterona
mento fe tal, parto pré-termo ou morte do concepto.
A microscopia, em material corado pela HE, mostra mi- Uma vez diagnosticada a EAG, a gestação deve ser mo-
cro e macrove ículas c balonamcnto dos hepatócitos. O nitorizada. O término da gravidez interrompe o curso da
achado dominante é infiltração gordurosa microve icular. enfermidade. A monitorização permite avaliar a viabilida-
O nú lco do hepatócitos é denso c central e, por vezes, de fetal e interromper a gestação no momento oportuno,
ob~crvam-~e corpúsculo acidófilos, necrose e infiltrado pois a incidência de parto pré-termo, feto morto e morte
inflamatório, scmelh.tntcs à hepatite virótica. A colestase materna, embora redu zida com os cuidado gerais, é, ain-
tem sido descrita cm grau va riáveis, às vezes formando da, preocupante. A certeza de morte fetal com.titui indi-
trombos biliare , que alertam para o fato de outras causas cação imediata de esvaziamento uterino. O ca o grave
de colcsta c. Hipertensão portal, ascite e varizes e ofagia- exigem internação em CTI para tratamento da!. com-
nas são achado raros. pl icações, especialmente hemorragias e hipogliccmia, c
A micro copia elctrônica mostra alterações do retículo também diálise na insuficiência renal. Em casos extremos,
cndopla mático c mito ondriai plcomórficas. Em muitos e gotada todas as medidas con ervadora , estando em
ca os a infiltração gordura a microvc icular é encontrada ri co a vida da paciente, indica- e a interrupção da gravi-
no coração, rins c pâncreas. dez. O tr.tnsplante hepático é, também, medida uti lizada
Os métodos de imagens, como US, TC e RM, são úteis. com sucesso.26 Após a recuperação, o prognóstico é bom
A U c a RM apre entam como v.111tagem a ausência dera- c a recidiva, antes negada pela maioria dos autore~, é hoje
d1açõe ionizante . ão fatore que dificultam o diagnóstico: aceita. O prognó tico, inicialmente considerado ombrio,
Evolução benigna, às ve7e não e pensando na com morte de cerc,\ de 80% de feto c 70% das mães, me-
doença; lhorou bastante, à medida que evoluíram os cuidados in-
impossibilidade de biópsia pelas alterações da coa- ten ivos c o conhecimento da doença. A estatísticas mos-
gulação; tram que a mortalidade fetal caiu p.1 ra 25% e a materna
a biópsia não foi indicada, cm vista do de apareci- para, aproximadamente, I -%.26·2 8
mento da sintomatologia, ou realizada tardia mente,
cm fa e de recuperação;
não utilização de coloração específica para lipídio ROTURA H EPÁ IICt\
( udan III, mi orl, carlat R). A presença de c tcatose
no fígado do feto natirnorto foi descrita em alguns Decorre de diversas etiologi,ls. A mais freq uente é a
ca o. rotura de hematoma subcapsular, formado na síndrome
H ELLP e pré-cclâmpsia. Outras causas podem ser ade-
A uperpo ição de ina is e internas de pré-ecl.'tmp ia, noma, hemangioma e EAG. Ra ramente pode ocorrer
cclâmp ia, HELLP c EAG é referida por quase todos o rotura espontânea ou secundária a absces o hepático. O
autores. Minakani considera as sínd romes como tendo si ntoma principal é a dor no hipocôndrio direito. A ro-
a me ma origem. Outros autores, como I ak e Rolfcs, tura pode levar a choque hipovolêmico. Os método de
negam .1 emelhança anatomopatológica, embora se re- imagem (US, TC e RM) mostram o hematoma antes da
~iram ,\as ociação do quadro clínico. Riely considera as rotura. Esta é confirmada quando do diagnóstico de he-
síndrome H ELLP, EAG e rotura hcp.\tica (RH) doenças mopcritônio.
associadas à pré-ecllmp ia. Muitas paciente portadoras O tratamento, no início, é expectante; na rotura, é ci-
de H ELLP apresentam esteato c, sem, entretanto, ati ngir rúrgico. Preconiza-se, também, a crnbolização arterial.
é confirmado pela positividade do anti-H VA lgM no soro. Responsável pela maioria das hepatites pós-transfu-
Sabendo-se da existência, embora rara, de fo rma fulminan- sionais em usuários de drogas. É mínimo o risco de trans-
te, aconselha-se a vaci nação na grávida anti-H VA lgG ne- missão materno-fetal. O risco de transmissão é aum entJ.do
gativo. O anti-H VA IgC positivo traduz infecção pregressa quando a mãe apresenta vi rem ia elevada ou, na coinfecção,
e imunidade. em gestantes H IV positivo. As manifestações clínicas são
pouco evidentes: a icterícia tende a ser ondula nte e a bio-
HIPA/lfEB química é semelhante às demais hepatites. O marcador so-
O contágio materno se faz por diversas vias e o vírus rológico é o anti-HVC e/ ou a detecção do RNA do víru .
pode ser tra nsmitido ao feto de ma nei ra vertical, através do Não existe vacina.
cordão ou durante o parto ou pelo sangue das lacerações
do canal de parto. As mães portadoras de H BsAg, quando l i EPATITF E
apresentam HBe e/ ou DNA positivos, têm a possibilidade Semelhante à hepatite A cm sua epidemiologia e evo-
de transmi são ampliada. Embora a hepatite B possa ser lução, já foi registrada no Brasi l. É grave nas gestantes,
mais grave na gestante é, também, auto!imitada e o poten- quando 30 a 40% evoluem para a fo rma fulminante, espe-
cial evolutivo para cronicidade e ci rrose não é acirrado pela cialmente no terceiro tri mestre, impondo-se o d iagnóstico
gravidez. O diagnóstico na fase aguda é confirmado pela diferencial com esteatose agudJ. dJ grJ.videz. O dügnósti-
sorologia (HBsAg e anti-H Bc lgM positivos). A pesquisa co é confi rmado afastando-se as hepatites A, B, C e D, pela
do H BsAg, mesm o na ausência de hepatite aguda, é impor- negatividade dos marcadores específicos e pela presença
tante, não se limitando ao grupo de risco. Uma vez confir- de anti-HVE no soro.
mado que a mãe é portadora do vírus B e, especialmente,
HBc e/ ou DNA positivos, o recém-nascido deverá receber OuTRAs I rFT'ATITF\
globuli na hiperimune para a hepatite B (0,5 mi/TM) na A hepatite G é de descrição recente, apresentando ain-
sala de parto ou nas primeiras 24 horas, seguindo-se a va- da controvérsias, sem relatos de acometimento na gestante,
cina para hepatite B (dia do nascimento, um c seis mese com escassos trabal hos e transmis ão materno-fetal.
Doença que acomete a mulher, podendo ocorrer cm Na doença de Wilson, o prognó tico é reservado, de-
dois momentos: adolescência e menopausa. O quadro vendo-se manter o uso de penicilamina.
clínico é de hepatite crónica, que pode se manifestar de As síndromes de Gilbcrt c Rotor, pela benignidade,
forma aguda, com marcadores próprios e diagnóstico di- não requerem cuidado e pedais. a síndrome de Dubin-
fíci l, às vezes, nas síndromes de superposição. ão raro, ·Johnson, o nível de bilirrubina direita aumenta nos trau-
está associada à amcnorreia com infertilidade. A resposta mas e nas infecções, sem relato de ação lesiva para o feto.
à terapêutica com azatioprina e corticoide é satisfatória c a ão existem medidas terapêuticas específicas.
supressão do medicamentos pode levar à agutização. Os Na cirrose biliar primária, o prurido c a colestase são
medicamentos não são tidos como teratogênicos e muitos elementos fundamentais no diagnóstico, devendo ser feita
pacientes apresentam melhora da doença com a gravidez. a disti nção com a colestasc intra-hepática da gravidez.
O prognóstico é reservado, pelo potencial evolutivo para A colangite esclerosante primária não apresenta impor-
cirrose c distúrbios da coagulação. tância, por ser rara na mulher.
a porfiria, quando o quadro é agravado pela ocorrên-
cia de cri e materna du rante age tação, pode ocorrer res-
C t RRO ·r: L H r rrRTC 'SÃO PORTAL trição de cre cimento fetal
ÜUTRAS ALTERAÇÕES DO
TRANSPLANTE HEPÁTICO APARELHO DIGEST I V O
HEMORROIDAS
ÚLCERAGASTRODUODENAL
Enfermidade causadora de desconforto, prurido e san-
Na vigência de sintomatologia intensa, é ind icada gramento, fe nômenos acentuados pela constipação, espe-
gastroscopia para di ferenciar a úlcera iatrogênica, ligada cialmente no últi mo trimestre.
Complicação temida durante a ge tação. Lembrar que, 18. Shcchan II L. Thc pathology of acute yellow atrophy and de·
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F I SIOLOGIA E FUNÇÃO vezes mais mu lheres que homens e seu curso pode ser afe-
TIREOIDIANA MATER NA tado por alterações imunológicas que se verificam na gra-
videz e no período pós-parto.
No início da gravidez, há significativa mudança no pa-
A gravidez exerce efeitos radicais na fi siologia tireoidia- drão de secreção de hormô nios tireoidianos, devido prin-
na. Ocorrem alterações no metabolismo do iodo, na ativi- cipalmente ao aumento da globulina carreadora de ti roxi-
dade da glândula tireoide, no transporte dos hormõ nios na (TBG), efeito estimu latório do hCG nos receptores de
tireoidia nos e no metabolismo periférico da tiroxina (T) e TS H e au mento do clareamento renal de iodo secu ndário
J
da tri-iodotironina (T Essas mudanças exercem acentu- ao au mento da taxa de filtração glome rular. A glândula
ada repercussjo no diagnóstico e tratamento das doenças ti reoide norma l é capaz de compensar essas demandas,
da tireoide na gestante, conforme demonstrado no Q ua- ,\Umentando a secreção de hormônios ti reoidianos e man-
dro 40.1. Desta for ma, é recomendável que as mulheres tendo normais os níveis dos hormônios livres. Ent retanto,
com doenças crônicas da tireoide planejem suas gestações. em situações nas quais há anormalidades prévias ou sub-
As doenças autoimunes da tireoide acometem cinco a oito clínicas na função da tireoide, os mecan ismos de compen-
sação podem estar omprometidos, colocando cm risco a a implantação do ovo, a concentraçõc én as de hCC
progre ão da gravidez} E as alteraçõc. erão d1 cutida elevam- c rapidamente, dobrando a cada dia até atingir um
eparadamente a seguir. pico de concentração no fi nal do primeiro tnmc trc. Apó
es e período, há redução de S a 10'\l até o fi nal da primeira
Quadro 40.1 I Re ultados do testes de função tireoidiana metade da gestação. Durante esse período, as concentra-
na mulher grávida ções das formas livre de T3 e T4 elevam- c discretamente,
Testt~ EIP1to usualmente dentro da fai xa superior d.1 normalidade, en-
quanto o TSH tem seus níveis reduzidos par.t os li mites
T4 total Aumentado l inferiores da normalidade. Ao me mo tempo cm que as
T41ivre Inalterado • 1 concentrações de hCG caem, há sub tituição por formas
TJ total Aumentado mais isonegativa , com meno potência tireotrópica. De ta
I
forma, o efeito e ti mulante da tireoide é máxi mo no pri-
TSH Inalterado • I meiro trimestre da gestação. Na maioria das gestações nor-
Tireoglobulina Aumentada I mais, esse efeito c timulatório da hCG sobre a tireoide é
de curta duração c, geralmente, não detectável. Para ser cli-
• Os resultados são listados como inalterados quando comparados com
valores de referência para mulheres não grávidas. Nem sempre rsto acon· nicamente aparente, os nívci circulante da hCC devem
tece. mas os valores referem-se ao que é mais comum estar acima de .,00.000 m iU/ mL e \C nuntercm elevado
du rante período ma i prolongados. '
DETERMINAÇÃO DE ANTICORPOS
ANTITIREOIDIANOS A PLACENTA E A FUNÇÃO TIREOIDIANA
A presença de anticorpos antitireoidianos isoladamen- A adm inistração de T SH à mul her grávida não estimu-
te não parece afe tar a taxa de concepção, mas tem sido la a função t ireoidiana fetal, indicando que a placenta é im-
associada à elevada taxa de abortamentos recorrentes, permeável ao T SH porém o mesm o não acon tece quando
aproximada mente duas vezes mais frequentes que nas mu- se administra TRH, havendo, nessa situação, aumento de
lheres com anticorpos antitireoidianos negativos. secreção de horm6nios tireoid ianos fetais (Qpadro 40.2).
nalmente, os níveis de T4livre podem estar no rma is ou no Crise tireotóxica Pequeno para a idade
limite superior da normalidade, sendo necessária a ava lia- gestacional I
ção do T3l ivre. É importante mencionar que aproximada-
Abortamento Prematuridade !
CAUSAS
HIPOTIREOIDISMO E GRAVIDEZ
O hipoti reoid ismo na gestação é habitualmente d iag-
A prevalência de hipotireoidismo durante a gestação nosticado antes da gravidez e se deve, geralmente, à ti reoi-
é de 0,3 a 0,5% na forma manifesta e de 2 a 3% na forma dite de Hashimoto, doença autoi mu nc cm que há pro-
subclínica (em que há níveis pouco elevados de TSH e dução de anticorpos que inibem a síntese de hormônios
níveis normais de T4livre) e é habitualmente leve, pois as tireoidianos, levando à destruição progressiva da tireoide;
formas mais graves se associam comumente à infertilidade passado de tireoidectomia; ou, ainda, com uso de radioio-
e a abortamento. Em regiões iodoprivas é relatada alta inci- do para tratamento da doença de Graves. Em algu mas regi-
dência, porém faltam estudos conclusivos. Os anticorpos ões do mundo, uma importante causa do hipotireoidismo
antitireoidianos estão presentes em S a I 5% das mulheres ainda é a deficiência de iodo al imentar.
em idade reprodutiva e a tireoidite crônica autoimune é a
causa mais comu m de hipotireoidismo. 17·22
O hipotireoidismo não é uma barrei ra completa à con- D IAGNÓST ICO CLi ICO
cepção, mas há di minuição da ferti lidade, de tal forma que a
associação entre hipotireoidismo e gravidez era considerada O diagnóstico clínico do hipotireoidismo pode ser
extremamente rara. As primeiras descrições de gravidez as- extremamente difícit pois na maioria das vezes é assin-
sociada ao hipotireoidismo datam de 1943. As gestantes sem tomático. Sinais c sintomas inespecíficos como letargia c
tratamento apresentaram risco aumentado de aborta mento fraqueza podem estar presentes, assi m como ganho exage-
espontâneo, parto pré-termo, mortalidade perinatal, reper- rado de peso e hipersensibilidade ao frio, edema (mixede-
cussões no desenvolvimento in fantil e anomalias congénitas. ma), queda de cabelo e pele seca e fria, relatados com mais
A partir da década de 80 surgiram estudos sobre o se- frequência na gestação. 17•22
guimento de gestantes hipotireóideas. As gestações com- Devem ser avaliadas quanto à função ti reoidiana ges-
plicadas pelo hipoti reoidismo, além do alto risco de abor- tantes com:
ta mento, passaram a ser associadas a outros resultados si nais e sintomas de hipoti reoidismo;
adversos: desordens hipertensivas, anemia, descolamento bócio;
futur.l, poi o hipotireoidismo nc sa condição é potencial- 13. Pop V, 13rouwers EP, Vader li L, Vu l ~m.t T, Van B.1ar AL, De
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hormone, thyrotropin, and thyroglobultn conccntrations
vários casos de tircoidite pós-parto pcrnuncccrJ.o não
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rológica entre todas as doenças estudada pela clínica mé- bém rotineiramente aferida pelos laboratório ) c outras
dica. Os achado clínicos e laboratoriais não tem especifi- proteínas, menos frequentemente solicitadas, como muco-
cidade, podendo cr encontrados em várias doenças, mas proteínas, cd -glicoprotcína .kida, antitripsi na, ccru loplas-
:dguns deles, como :1 lesão cutâneJ em "asa de borboleta" mina e macroglobulina.
c o encontro de altos títulos séricos de anticorpos anti D-
NAn ou anti-Sm, sugerem fortemente o diagnóstico. O s
quadros clínicos nem empre são clássicos ou "completos", A L 10.\ " li( ORI'O '\
podendo muitas vct.c apresentar, cm determinado mo-
mento, número insuficiente de critérios necessários p:1ra o Autoanticorpos contra antígcnos nucleares (A A) e
diagnóstico. citopbsmáticos ocorrem com urpreendente variedade
Os sinais e sintomas do LES são, em ·ua maioria, inespc- no LE , sendo sua detecção de representativo significa-
cíficos e comuns, como, por exemplo, a artrite reu matoidc, do, não ó para o diagnóstico, como também parJ defini r
esclerose sistemica, dermatopoliomiosite, doença indiferen- subgrupos de pacientes. Sua sensibilidade e especificidade
Ciada do tecido conjuntivo e com diversas outras síndromes, variam mu ito, mas alguns podem ter mais significado p:1ra
como as vasculitcs, a sarcoidose, as doenças infecciosas o diagnóstico: anticorpo antiD An e anti-Sm, na forma
como a hanscnía c, a tuberculose, a SI DA, infecções vi róti- idiopática; anti-hi tona, nas forma induzidas por drogas;
cas, neoplasias, doenças endócrinas e hcmatológica . anti-SSA/ Ro e anti-S B/ La, no lú pus neonatal, no lúpus
cutâneo subagudo e formas associadas à síndrome de Sjo-
gren; anticardiolipina e anticoagulante lúpico associados
ALTERAÇÕES LABORATORIAIS aos aborto de repetição (Quadro 41 .2). Embora úteis, ge-
ralmente não c prestam ao acompanhamento da ativida-
O achado de alterações imunológica é mais marcante dc da doença, poi os título podem permanecer alterados
em relação às alterações de imu nidade hu moral, que são as por muitos anos, retornar ao normal ou mesmo desapa re-
m:J is conhecidas no LE , traduzindo-se por hiperga ma- cer sem qualq uer intcrfcrênciJ externa ou relação com a re-
globu lincmia, detecção de autoanticorpos c imunocom- missão da fase aguda da doença - cxccção para o antiO A
plcxos. A imunidade celular também está al terada no LES nativo, cujo valor quantitativo pode er um parâmetro de
e pode caracterizar-se por linfopenia e monocito e. atividade renal da doença.
O teste laboratorial mais simples e útil para o diagnós-
tico do LES é a pesquisa de autoanticorpos por imunoAuo-
ExAMeS LABORATORIAl ~ DE ROT I NA rcscência indi reta que, embora não seja específico, é mu ito
sensível. Teste positivo cm títulos superiores a 1:80 (usando
Podem-se encontra r alterações no hcrnograma, como célu las Hep2 como substrato) é altamente sugestivo para
citopcnia (leuco e/ ou linfopcnia, trombocitopcnia, ane- o diagnóstico, enquanto teste negativo cm paciente que
mia), aumento das c cória~. alterações no cdimento uri- não esteja recebendo corticosteroidcs torna o diagnóstico
nário, no clarcamento de creatinina e protcinúria. São exa- alta mente im provável, mas não o inviabi liza. Em algu m.1
mes muito si mples que podem dar pistas importantíssimas pacientes com LESa pesquisa convencional pode ser reite-
Cutâneas
A gravidez deverá ser planejada e deve-se considerar a Articulares
atividade e a gravidade da doença, além da toxicidade dos Hematológicas
medicamentos em uso. Poderá ser contraindicada em ca- Fatores de 11sco de aumento ela atiVIdacle do lupus
sos de nefrite cm atividade.9· 12
O LES interfere na evolução da gravidez em três pontos Doença ativa nos seis meses que antecedem a concepção.
Vários perfodos de ativação da doença nos anos que ante-
principais: aumenta o risco de perda fetal por hipertensão cedem a concepção.
ou insuficiência renal (IR) maternos; pode causar bloqueio Descontinuação da hidroxicloroquina.
cardíaco no concepto; au menta o risco de aborto e rotura
Adaptado de Clowse 12007).9
prematura de mcmbranas. 10
O risco de aborto é mais alto, mesmo em pacientes sob
controle clínico, e torna-se especialmente elevado naquelas A gestação nas pacientes com LES deve ser considera-
com sínd rome do anticorpo antifosfolípide (SAF),9.12·13 hi- da de alto risco e necessita de acompan hamento multidis-
pertensão arterial ou insuficiência renal. A taxa de morte fe- ciplinar até o puerpério. Na mulher grávida podem ocorrer
tal intrauteri na é cinco vezes mais alta do que na população eritema palmar e facial, artralgias e elevação da velocidade
geral. Doença renal ati va e hipertensio arterial da mãe são, de hemosscdimentação, dificultando o diagnóstico dife-
por si sós, fatores pred itivos de perda fetal e de resultado ges- rencial com a atividade do LES. A gravidez pode induzir
tacional desfavorável.9-11 A prematuridade poderá ocorrer trombocitopenia, simulando atividade do LES, e não será
em 33%das gestações e pré-eclâmpsia em mais de 20%. Há útil para diferenciar entre as duas cond ições. .I: importante
aumento da incidência de crescimento intrauterino restrito a pesquisa dos anticorpos antifosfolípides e do anti-Ro/
(C! U R) e diabetes. Hipertensão, uso de corticoide à época SSA e antiLa/ SS B, devido à possibilidade de sínd rome an-
da concepção, doença ativa durante a gravidez, proteinúria tifosfolípidc c lúpus nconatal, respectivamcntcY- 10
nefrótica e presença de SA F estão associados à prematuri- A maior dificuldade surge quando é necessário diferen-
dade. São f.1tores de risco independentes para perda gesta- ciar a atividade do LES de pré-eclâmpsia. Hipertensão arte-
cional a protcinú ria, trombocitopenia, hipocomplemente- rial, proteinú ria e trombocitopen ia poderão ser constatadas
nemia e hipertensão no primeiro trimestre.9 ' 12 em ambas as situações. Proteinúria discreta (até 300 mg/ 24
As alterações nos mecan ismos de controle da coagula- horas) pode ocorrer em gravidez normal, sem que isso indi-
ção que ocorrem durante a gravidez vão manter a paciente que doença. Todavia, aumento significativo na proteinúria
em estado de hipercoagulabilidade, predispondo aos fenô- é sinal de alerta, especialmente diante de hipertensão.9• 1 ~
L ESÕES CARDÍACAS
LÚPUS NEONATAL
As alterações cardíacas exigem eguimento mais de
Lúpus neonatal (L ) é uma sínd rome que acomete perto c inspiram mais cuidado . A incidência estimada de
o recém-nascido, desencadeada pela passagem transpla- bloqueio cardíaco congénito (BCC) na população geral é
ccntária de anticorpos maternos do tipo IgG, anti- SA/ de cerca de I/ 20.000 na cimentos (0,005%). A incidência
Ro e/ou anti-SSB/ La e, mais raramente, antiU I RN P. Ma- cm filhos de pacientes com LES varia de 0,6 a 2,7%, en-
nife ta- e por lesões cutâneas, bloqueio cardíaco congêni- quanto em filhos de pacientes lúpicas com anticorpos anti-
to (BCC), citopenias e doença hepatobi Iiar.16·17 -Ro/ A va ria de I,S a 259o, em média, em torno de 7,2"o.
o momento do diagnóstico do LES neonatal, en- O risco da recorrência de bloqueio átrio-ventricular (BAV)
tre 33 e 50% das mães que tiveram filhos com L são em uma gravidez subsequente é de 12 a 16%. 17
assintomáticas. Apresentam anticorpos circulantes sem O BAV total (BAVT) pode erdetectado ainda intrall-
doença. O utras, porém, podem exibir doenças reumáti- tero e está associado a au mento de mortalidade e morbida-
cas autoimunes: síndrome de Sjogren (20%), L.E (18%), de. Aproximada mente IOa 30% dos neonatos com BAVT
uperpo ição LES/ Sjogrcn (7%), doença do tecido con- morrem antes do nascimento ou duran te o trabalho de
juntivo não definida (18%) c artrite reumatoide associada parto e, dos demais, a maioria va1 requerer marca-pa o.
Doenças Reumáticas
657
FISIOPATOLOGIA DA PLACENTA MULH ERES COM ANTECEDE TES PR ÉVIOS
DE ABORTAMEN TO DE REPETIÇÃO NO
Em relação às perdas fetais, acredita-se que o mecanismo PRIMEIRO TRIMESTRE
principal seja a trombose de vasos placentários. A. perda fetal
na SA.F é preced ida por crescimento intrauterino restrito, oli- Ind ica-se o ácido acetilsalicílico (A.AS) 100 mg/ d ia
godrâmnio e sinais de hipóxia fetal. Todas essas alterações são isoladamente para as pacientes que não preencham es trita-
causadas por insuficiência útero-placentária atribuída à vascu- mente o critério de ab ortamento de repetição (três ou mais
lopatia que envolve os ramos terminais das arteríolas espirala- perdas consecutivas de primeiro trimestre). Se a gestante
das que nutrem o espaço interviloso da placenta. Há restrição apresentar antecedentes de abortamento, mesmo em uso
ao Auxo sanguíneo materno para o espaço interviloso, que de AAS em ba ixa dose, indica-se a associação de hepari na
limita a troca gasosa, e de nutrientes entre os compartimen- não fracionada 5.000 UI, por via subc utânea, a cada 12 ho-
tos materno e fetal. Todavia, não há quadro histopatológico ras, diariamente, a partir do teste de gravidez positivo, até
específico e patognomônico de SA.F. As artérias da decídua pelo menos o final do pri mei ro trimestre.
apresentam d iâmetro reduzido, com espessamento da ínti ma,
necrose fibrinoide, infiltrado mononuclear e trombose intra-
luminal, associado à vasculopatia das arteríolas espiraladas. MuLH ERES coM A ncoRPO Pos i TIVO,
Não há evidência de trombose intravascular no feto 26 A TECEDENTES PRÉV IOS DE PERDA FETAL
Mecanismo alternativo proposto seria o deslocamento DE SEGU DO OU TERCEIRO TRLMESTRE OU
de anexina V de seus sítios de ligação nos fosfolípides pla- GESTAÇÕES COM EVOLUÇÃO ADVERSA
centários. A anexi na V - que pode ser classificada como
um cotàtor placentário - é um anticoagula nte natural pre- Indica-se AAS 100 mg/ dia e 5.000 U I de heparina
sente na placenta. Os AFLs compet iria m com a anexina V não fracionada, subcutâ nea, a cada 12 horas, durante
pela ligação com os sítios placentários. 23·24•26 todo o período gestacional. É importante confirmar q ue
as complicações adversas da gestação anterior ( prema-
tu ridade, p ré-eclâmpsia, crescimento in trauterino restri-
ABORDAGEM TERAPÊUTICA to e outras) sejam consistentes com a SAF, evitando-se
tratamentos desnecessários. Se for usada a enoxapari na,
O aconselhamento ao casal em relação a riscos clínicos recomendam-se 40 mg/ d ia até a 12• semana e, a partir
e obstétricos é muito importante, informando que o trata- daí, 40 mg de 12 em 12 horas o u deltaparina 5.000 UI,
mento adequado da SAF durante a gravidez pode melho- no mesmo esquema. O tratamento deve ser iniciado após
rar de forma significativa a evolução da mesma tanto para a confirmação da gestação e deve con tinuar até 4 8 h o-
a mãe quanto para o feto. Admite-se que o risco de perda ras antes do parto programado (para permitir bloqueios
fetal em pacientes com SA.F não tratada durante a gravidez anestésicos). Rei n iciar quatro horas após o parto e manter
esteja em torno de 80%Y por ma is seis semanas.
O tratamento tem como objetivos: preven ir trombose e
suas complicações: melhorar o Auxo placentário; e reduzir
o risco de perda fetal. O tratamento de escolha para a SA.F MULHERES COM ANTECEDENTES PR ÉV IOS DE
é a anticoagulação. Está indicada durante a gravidez p ara TROMBOEM130LISM O EANTLCORPO POSITIVO
mu lheres com história prévia de perda fetal atribuída à SAF.
Não deve ser utilizada no tratamento profilático de indiví- Para todas as gestantes com antecedentes prévios de
duos assi ntomáticos, mesmo na presença dos AFLs. 23•28 fenôme nos tromboembólicos indica-se o uso de AA.S 100
Em casos refratários ao tratamento com o esquema citado, mg/ dia e 5.000 U I de heparina subcutânea a cada 12 ho-
o uso de imunoglobulina endovenosa tem sido ponderado, ras, até seis semanas pós-parto.
sempre associado à terapia antiagregante e anticoagulante. 28
Pode ser usada na dose de 2 g/ dia du rante toda a gesta- A gravidez é expressamente proibida durante o uso do
ção, mas requer uplcmentação com :ícido fólico. medica mento e até dois ano apó ua ~u pen ão. A mu-
lher em uso de leAunomida e que engr:tvida, ou que deseja
engravidar, deve interromper o uso do medicamento e se
I I JDROÀICL.OROQLII ::\A submeter a procedimento que elimine de nuneira mai rá-
pida o metabólito ativo. Indica-se o uso de colesti ram ina, 8
Seu uso não tem sido associado a malformações congê- g três vezes ao dia, por li dias ou até que os níveis pia má-
nit.ts, nem a anormalidades em longo prazo da visão, audi- ticos do medicamento se encont rem em valores seguros.
ç;io, cre cimento ou das funções mentais nas crianças que Essa recomendação ta mbém vale para homens que quci-
ti veram exposição intraú tero. Reduzidas quantidades do r.tm se tornar pais c estejam cm u o de letlunomida. Deve
medicamento são tran ·feridas ao leite materno e tem 'lido ~er evitada também durante .1 ama mentação.
consideradas cgura para uso ne sa fase.
Doenças Reumáticas
tentes a outras formas de trata mento. Pouco e tudado du- ça ou ao inibidore do fator de necrose tumoral. ão há
rante a gravidez, não se conhece muito bem seu efeito sobre dados publicados na literatura relatando experi~ncia com
o concepto. Sugere-se à paciente que manten ha contracep- os mesmos durante a gestação. H á inforrnaçõe de que ta i
ção durante o u o. A amamentação deve ser de estimulada. medicamentos atravessam a placenta e recomenda-se sua
desconti nuação pelo menos I O sem anas antes de planejar
a gestação.
ABATA EPT E 1:. RITU X IM BE O Quadro 41.7 apresenta os medicamentos anti rreu-
m áticos q ue não devem ser utilizados dura nte a gestação e
São u ados e m paciente com art rite reum atoide refra- o Quadro 41.8 mostra as categorias desses med ica mentos,
tária aos medicamentos modificadores do curso da doen- de acordo com a Food and Drug Admil1istration ( FDA).
Q\ladro 41 .7 1 Med icamentos que NÃO deve m ser adm inistrados durante a gravidez
Med1camentu Tux1c1ddde Recomencaçdo
A Estudos controlados sem evidência de risco fetal no primeiro trimestre Acido fólico. vitamina O
I ou depois.
--- - I
B Estudos animais sem risco fetal sem estudos controlados em humanos Acetaminofeno. AAS. sulfassalazina,
OU estudos animais com risco que não foi comprovado em humanos no agentes antiTNF,
primeiro trimestre (sem evidência de risco mais tardiamente).
c Estudos em animais revelaram efeitos teratogênicos e não existem Certos AINHs/0, inibidores de COX-2/0.
estudos controlados em humanos. ou estudos em animais e humanos prednisona. prednisolona/0. hidroxiclo-
não estão disponíveis. São substâncias que só devem ser utilizadas se roquina. ciclosporina. gama globulina
os benefícios potenciais justificarem os potenciais riscos para o feto. endovenosa I
o Evidência positiva de risco humano fetal. Usada se os beneffcios forem Azatioprina. penicilamina, AINHs (3° I
consideráveis apesar do risco (risco de morte). trimestre). micofenolato mofetil, ciclo-
fosfamida. warfarin (2° e 3° trimestres)
~ -- -
X Anomalias fetais em estudos com animais e humanos. Ouso não Metotrexato. leflunomida
justifica qualquer benefício possível. Contraindicado em mulheres com
possibilidade de se tomarem grávidas.
AAS =ácido acetilsalicílico; AINHs = anti-inflamatórios não hormonais.
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Etiopatogenia Tratamento
Rastreamento e Diagnóstico do Lesões Pré-invasoras d o Colo Uterino
Neoplasia Cervical Invasora
Câncer do Colo Uterino na Gestação
Sintomato logia Aspectos Relevantes
C itologia O ncótica Atraso no Tratamento Versus Inte rrupção da Gestação
Colposcop ia Escolha da via de Parto
Bióp sia Com pro met imento Fetal
Con ização Resultados Neonatais
Implicações Legais e bticas
Estadiamento
Considerações Finais
A infecção pelo papiloma vírus humano {HPV) exer- Os sinais e sinto mas do câncer de colo uteri no na ges-
ce papel central na carcinogênese do colo uterino, relacio- tante dependem do estadiamento e tamanho da lesão. A
nando-se tanto à neoplasia intraepitelial cervical (N IC) maior parte das pacientes com estád io 1é assintomática ao
quanto ao carcinoma invasor.6 Outros Fatores relacionam- diagnóstico. O s sintomas mais comuns são o sangramen-
-se com o vírus, de form a a potencializar sua ação na célula to, em I 5 a 87% dos casos, e a secreção vaginal.8·20 Esses
hospedeira e a facilitar o desenvolvimen to dos processos sintomas podem ser atribuídos à própria gravidez, oca-
de imortalização e carcinogênese.9·10 sionando atraso no diagnóstico. A duração média entre o
Existem mais de 100 subtipos de HPY, dos quais 40 surgimento dos sintomas até o diagnóstico é de 4,5 meses.8
podem infectar o trato genital. A detecção do H PV, por Em estádios ava nçados e na doença metastática, várias são
meio de técnicas de biologia molecular, é evidenciada em as manifestações clínicas, incluindo dor pélvica, dor abdo-
95 a 100% das pacientes com carcinoma de células esca- minal, obstrução intestinal, insufi ciência renal por obstru-
mosas (CCE), 80 a 92% daquelas com adenoca rcinomas ção ureteral c anem ia.
de colo uterino e cm 16% das mulheres assinto máticas. 11 • 13
Estudo caso-controle salientou taxa semelhante na de-
tecção do HPV por PC R em mul heres grávidas (13,9%) e CITOLO GIA ONC ÓTICA
não grávidas (1 5, 1 %). 1 ~ A tipagem do HPV realizada tri-
mestralmente mostrou variações na distribuição em rela- Estudos sugerem que a citologia oncótica (CO) consti-
ção ao trimestre de gestação e tendência à dim inuição na tui método de rastreamento eficaz na gravidez. A incidên-
taxa de detecção 20 semanas após o parto ( 1,2%). O utro es- cia de CO anormal na gravidez é de 5 a 8%, que é idêntica
tudo do HPV na gestação avaliou a presença de ,1nticorpos à da população não gráv ida.21 Em torno de 1,2% dessas
contra o HPV 16.15 Esse estudo mostrou prevalência de citologias o ncóticas anormais é diagnosticada uma neo-
28% na detecção do HPV em grávidas, que é semelha nte à plasia invasora do colo uteri no 22 A concordância do exa-
de não grávidas. Os fatores de risco para detecção do H PV me com o diagnóstico final é de 55,6%, o que não difere
em grávidas foram: cinco ou mais parceiros sexuais, início da sua uti lização em pacientes não grávidas. 2 \ o entanto,
das atividades sexua is há mais de seis anos, baixo nível de o citopatologista deve ter conhecimento de que se trata de
escolaridade e infecção por Neisseria gom10rrhoeae. paciente grávida, tendo em vista o risco de supcrcstimação
De forma semelhante às pacientes não grávidas, o tipo de achados fisiológicos da g ravidez, como a hiperplasia das
histológico mais comum das neoplasias cervicais invasivas células endocerv icais e a metaplasia esca mosa, que podem
que se originam do colo uterino é o carcinoma de células ser interpretados como displasia.14 Apesar de se obterem
escamosas(> 80%) e o restante são adenocarcinornas. 16•17 melhores resu ltados com a uti lização da escova cndocervi-
cal para a coleta de amostras, a sua util ização cm grávidas é
motivo de controvérsias devido ao risco teórico de sangra-
RASTREAMENTO E DIAGNÓSTICO mente e/ ou abortamentos. 25
DO CÂNCER DO COLO UTERINO
NA GESTAÇÃO
COLP O SCO P I A
A assistência médica à gestante durante o pré-natal O utro método propedêutico é a colposcopia. Pacien-
representa ótima oportunidade para o rastreamento do tes com achados anormais na citologia oncótica devem
câncer do colo do útero, permitindo o diagnóstico pre- ser encaminhadas para a colposcopia com o objetivo de
coce dessa neoplasia. A comparação das grávidas com as afastar carcinoma invasor e di recionar biópsias. Algumas
não grávidas mostra estádios mais precoces nesse primeiro alterações fisiológicas da g ravidez ocorrem no colo uteri-
grupo, aumentando de duas a três vezes a chance de a pa- no ocasio nando peculiaridades do exame colposcópico
ciente ser diagnosticada em estádios c irú rgicos. 18•19 da grávida. A cversão da mucosa endocervical favorece a
CONlZAÇÃO
TRATAME N T O
A rea lização da conização, convencional (bistu ri frio)
ou CAF (cirurgia de alta frequência), constitui conduta de Apó o estadiamento da gestante com câncer do colo
cxceção na gestante.29 Apresenta altas taxas de ma rgens uterino, para a defi nição terapêutica é necessária uma pri-
cirú rgicas comprometidas e doença residuaJl8 e taxa ele- meira abordagem à gestante, incluindo avaliação minucio-
vada de complicações, como hemorragia em até IS% das sa da gestação, com definição correta da idade gestacional e
pacientes, perda fetal em 25% delas e desencadeamento de exame ecográfico fetal detallu do, com o intuito de rastrear
trabal ho de parto pré-termo em 12%.26·28 possíveis anomalias. 30
llla Otumor envolve o 1/3 inferior da vagina, sem extensão à parede pélvica
lllb Otumor se estende à parede pélvica e/ou causa hidronefrose ou insuficiência renal
Estad1o IV O tumor 1nvade a mucosa da bex1ga ou reta e/ou ultrapassa a pelve verdade1ra
IVa Disseminação tumoral aos órgãos pélvicos adjacentes
O adiamento no tratamento das lesões pré-invasoras na A conduta no câncer do colo do útero na gestação
grav idez é possível em virt ude de ser rara a progressão da depende da idade gestacional ao diagnóstico, do estádio/
NIC para carcinoma invasor nesse p eríodo.26•27·29 Durante exten são da doença, do desejo da gestação e do desejo da
a gravidez, deve-se realizar o controle por meio da citologia paciente de preservar a fertilidade. 21
oncótica e colposcopia a cada 6-8 semanas (Figura 42.1). Com raras exceções de lesões iniciais d iagnosticadas
Biópsias são raramente necessárias, sendo indicadas na sus- precocemente, o trata mento definitivo do câncer de colo
peita de progressão para carcinoma invasor. No caso de sus- do útero leva à esterilização, seja por exérese ou dano irre-
peita de microinvasão, deve ser realizada a conização pro- versível do órgão reprodutivo fem ini no. A gestação, consi-
pedêutica (bisturi frio ou CAF) 2 1 As pacientes devem ser deran do a presença do feto intraútero, dificulta a tom ada
reavaliadas no pós-parto: confirmando-se NIC 2 ou 3, está de decisão e o in ício do tratamento.
indicada a conização seis a oito semanas após o parto. 20•21
NIC
Microinvasão
Neoplasia invasora
Estadiamento e tratamento
Em pacientes que não de ejam preservar ua ferti lida- Apesar da complexidade do dilema que envolve a abor-
de, a h i terectomia extrafa cial é o tratamento de escolha. dagem do câncer do colo uterino na gravidez, é consenso
A linfadenectomia pélvica está dispensada, pois a frequên- que abaixo de 20 semanas de ge tação, ou eja, em feto não
cia do acometimento ga nglionar é baixa. A ooforectomia é viável, a e colha é tratar a paciente, com o objetivo de im-
opcional e não deve ser feita em mulheres joven .'0 pedir a progre são da neopla ia, e não pre erva r o concepto
as gestantes que optam por tratamento imediato, po- (Figura 42.3). 10
de-se realizar a histerectomia com feto intraútero ou realizá- Nas gestações com fetos com idade gestacional acima
-la apó a interrupção da gestação e o esvaziamento uterino. de 20 semanas, a defi nição do melhor momento do início
As indicações tradicionais de conização em pacientes do tratamento é polêm ica. A prematuridade fetal c a matu-
não grávidas, como já referido, não são aplicáveis na ges- ridade pulmonar devem ser consideradas na deci ão, en-
tação. cs c caso, a única indicação ab oluta é confirmar do aceitável individualizar cada caso e postergar o início do
ou excluir neoplasia invasora, pois e se diagnóstico pode- tratamento até 32 semanas, sem que haja repercussões na
rá alterar o momento dare olução da ge tação c a via de morbi mortalidade materna. 29
parto. 22 Ca o contrário, esse procedimento com intenção N os estádios IB I ou liA com lesõe ' menorc que 4
terapêutica será adiado e realizado apenas no pós-parto?9 cm as opções são a qui mioirradiação com braquiterapia e
O tratarncnto conservador em gestantes estadiada como teleterapia a saciada à quimioterapia com cisplatina ou a
FIGO la I que desejam preservar o futuro reprodutivo pode histerectomia radical com linfadcnectomia pélvic.1 bilate-
ser adotado ca o o tipo histológico eja o carcinoma de células ral e para-aórtica. 8•31 •32 Uma da va ntagens do tratamen to
escamo a . O adcnocarcinoma são geralmente multifocais, ci rúrgico é a possibilidade de realização do exame hi to-
o que limita a definição anatomopatológica sobre o compro- patológico da peça cirúrgica, importante na indicação de
metimento de margens cirúrgicas (Figura 42.2). 10 terapia adjuvante e no estabelecimento do prognó tico4 . A
Sim
Paciente deseja continuar a gestação? ~-------------. Interrupção da gestação: Cesariana
Corticoterapia antenatal se imaturidade pulmonar
Não j
Paciente deseja preservar
~------,
o futuro reprodutivo Paciente deseja preservar
o futuro reprodutivo
Não
Histerectomia simples
Sim Sim I Não
Sim
Paciente deseja continuar a gestação? r - - - - -- - - -- Interrupção de gestação:
Não I
Histerectomia radical
Cesariana + Histerectomia radical
Corticoterapia antenal se imaturidade pulmonar
Sim
Quimioirradiação
Avaliar quimioterapia Quimioirradiação
neoadjuvante
Avaliar esvaziamento uterino se
ausência de abortamento espontâneo
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mbora muito se tenha avançado no que d iz res- problemas de o rdem clínica, ética e p icológica, assim como
Benignos Paredes regulares. finas Homogêneos. regulares Fortes refringências da parede posterior
Limites nftidos Sombra lateral I
RESSONÂNC I A MAGNÉT ICA secretor nas células ductais (ácinos) epiteliais dos lóbulos.
As complicações das biópsias por agulha podem aconte-
A ressonância nuclc:u magnética não é recomendada cer quando njo se respeitam as normas relativas à correta
no diagnó tico, devido ao eu alto custo, à incapacidade técnica de execução. Relativa mente frequentes são as com-
de detectar microcalcificações e à incerteza em relação aos plicações hemorrágicas como hema toma e equimoses. As
efeito da exposição do feto a campos magnéticos intensos complicações infecciosas são excepcionais. O pneumotó-
e ao Gadolfnio.4 rax é raro, mas de mais gravidade.'
A punção aspirativa por agulha fina (PAAF) possibilita A biópsia de mama "a céu aberto" é frequentemente
o diagnó tico imediato dele ão cística e galactocele , bem necessária. Pode ser realizada nos ca os em que os outro
como a retirada de células das lesões sólidas para exame ci- métodos meno invasivos, já descrito anteriormente, não
tológico. As complicações mais frequente da PAJ\F ão: forem conclusivos. O risco de complicações devido ao
hematoma, infecção e pneumotórax. Qyando a punção é procedimento ser realizado cm pacientes grávidas deve ser
realizada antes da mamografia, pode produzir falsa ima- enfatizado. Está aumentado o risco de hematomas no pós-
gem sugestiva de malignidade.5·6 -operatório, atribuído a mais vascularização das mama na
ge tação, devendo er realizada rigoro a hemostasia duran-
te o pro edimento, bem como a utilização de drenes, que
BIÓPSI A PERCUTÂN.EA são úteis para a prevenção de hematoma e/ou seroma no
pós-operatório imediato. t mais alto o risco de infecção da
A bióp ia percutânea geralmente é um método bem ferida operatória, principalmente c a mãe estiver amamen-
tolerado, pode ser realizada por meio de vário dispositivos tando, urna vez que o leite materno é excelente meio de cu1-
e pedais: Vim- ilvermann, Tru-Cut, Forage e pistola de tura para bactérias, o que podere ultar no desenvolvimen-
Core-Biopsy. Todos esses métodos reti ra m pequenos frag- to de uma n tula mamária. A técnica anestésica de no a
mentos para exame anatomopatológico, levando ao diag- preferência é o bloqueio intercostal, tendo como objctivo
nó tico definitivo. Possui indicação formal cm tumores reduzir os riscos para o feto bem como permitir excelente
maiores. Deve-se lembrar de informar ao patologista que o abordagem da mama.8•9
material enviado trata-se de um fragmento de mama de pa-
ciente gestante, devido à possibilidade de confusão do lau-
do anatomopatológico pela alterações decorrentes da ge - E STADIAMENTO
ta ão. Os mai ignificantes efeitos morfológicos durante a
ge tação são observados nos lóbulos. O número de ácinos O cstadiamento para o câncer de mama segue o ente-
por lóbulo aumenta significativa mente na gestação. A ativi- rios da classificação T M com base em parâmetros clíni-
dade proliferativa está aumentada durante as primeiras 20 cos e cirúrgicos (Quadros 43.2 e 43.3). Devem ser realizados
emanas da gestação, refletida pela existência de numerosas anamne e c exame clínico detalhado. A avaliação sanguínea
figuras de mitose. Pode ocorrer, ainda, acúmulo de material consiste de: hemograma completo, bilirrubinas, tran am i-
L111fonodos Reg1ona1s lN I
pNx j Linfonodos regionais não podem ser avaliados (p.ex.• previamente removidos ou não removidos para patologia)
pNO Nenhuma metástase de linfonodo regional histologicamente. nenhum exame adicional para células de tumor isoladas
(ITC)0
pNO(i-) - Nenhuma metástase de linfonodo regional histologicamente, IHC negativo
pNO(i+)- Nenhuma metástase de linfonodo regional histologicamente. IHC positivo. sem indicação de IHC maior que 0.2 mm
pNO(mol-)- Nenhuma metástase de linfonodo regional histologicamente. achados moleculares negativos (RT-PCR)E
pNO(mol+)- Nenhuma metástase de linfonodo regional histologicamente, achados moleculares positivos (RT-PCR)E
pNlmi Micrometástase (maior que 0,2 mm, nenhuma maior que 2 mm)
pNl Metástase em um a três linfonodos axilares e/ou nódulos mamários internos com doença microscópica detectada por
dissecação de linfonodo-sentinela, mas não clinicamente aparenter
pNla- Metástase em um a três linfonodos axilares
pNlb- Metástase em nódulos mamários internos com doença microscópica detectada por dissecação de
linfonodo-sentinela, mas não clinicamente aparenteFG
pNlc- Metástase em um a três linfonodos axilares e em linfonodos mamários internos com doença microscópica
detectada por dissecação de linfonodo-sentinela. mas não clinicamente aparenter
pN2 Metástase em quatro a nove linfonodos axilares ou em linfonodos mamários internos clinicamente aparentesAna
ausência de metástase em linfonodos axilares
pN2a - Metástase em quatro a nove linfonodos axilares (no mfnimo um depósito de tumor maior que 2 mm)
pN2b - Metástase em linfonodos internos mamários clinicamente aparentesA na ausência de metástase em
linfonodo axilar
pNJ Metástase em 10 ou mais linfonodos axilares ou em linfonodos infraclaviculares ou em linfonodos mamários internos
ipsilaterais clinicamente aparentesAna presença de um ou mais linfonodos axilares positivos ou em mais de três linfa-
nodos axilares com metástase microscópica clinicamente negativa em linfonodos mamários internos ou em linfonodos
supraclaviculares ipsilaterais
pN3a- Metástase em 10 ou mais linfonodos axilares (no mrnimo um depósito de tumor maior que 2 mm) ou metás-
tase para linfonodos infraclaviculares
pN3b - Metástase em linfonodos mamários internos ipsilaterais clinicamente aparentesAna presença de um ou
mais linfonodos axilares positivos ou em mais de três linfonodos axilares em linfonodos mamários internos com
doença microscópica detectada por dissecação de linfonodo-sentinela. mas não clinicamente aparentar
pN3c - Metástase em linfonodos supraclaviculares ipsilaterais
Metastase drstante IMI
Ml IMetástase distante
I o Tis NO MO
I ns NO MO
--
liA TO N1 MO
ns N1 MO
T2 NO MO
---
118 T2 N1 MO -1
T3 NO MO
IIIA TO N2 MO
ns N2 I MO
T2 N2 MO
T3 N1 MO
T3 N2 MO
1118 T4 NO MO
T4 NO MO
T4 N1 MO
T4 N2 MO
--
III C QualquerT N3 MO
- - --
I IV QualquerT Qualquer N M1
AJCC = Ameocan Joint Commmee on Cancer.
• Clinicamente aparente é definido como detectado por estudos de representação (e~c eto linfocintilografia) ou por e~ame clfnico.
8 T1 1nclui T1 m1c
t Esta classificação é baseada em d1ssecação de linfonodo a~ilar com ou sem dissecação de linfonodo-sentinela. A classificação baseada exclusivamente em disse·
cação de linfonodo-sentinela sem subsequente dissecação de linfonodo axilar é designada (sn) para nódulo sentinela. Por exemplo. pNO(i')(sn).
°Células de tumor isoladas (ITC) são definidas como células de tumor únicas ou pequenos grupos de células não maiores que 0,2 mm. geralmente detectadas so·
mente por métodos moleculares ou imuno1stoquímicos (I HC). mas que podem ser verificadas pelo método da hematoxllina e eosina.ITCs geralmente não evidenciam
ativ1dade metastática (p.ex .. proliferação ou reação estromal).
1
RT·PCR. reação em cadeia transcriptase-polimerase reversa.
r Nãoclinicamente aparente é defimdo como não detectado por estudos de representação (exceto lmfocintilografia) ou por exame clínico.
G Se associados a mais de três hnfonodos a~ilares positivos. os nódulos mamários internos são classificados como pN3b para refletir a gravidade aumentada do tumor.
O trata mento do d ncer de mama na gravidez deve A mastecto mia radical modificada é a abordagem lo-
considerar a idade da gestação e o estádio da doe nça. Em cal preferida para a pacientes com câ ncer de mama as-
linha gerais, o tratamen to segue os me mos princípios sociado à gravidez. A princip al limitação para a cirurgia
e orientações que os casos fora do período gestacio nal, conservadora consiste no risco de da nos fe tais relaciona-
pois não há evidência de que o câ ncer de mama e m ges- dos à radiote rapia. A anestesia geral durante a gravidez
tantes seja biologicamente diferente daquele em mulhe- deve ser realizada com cuidado, pois vários fatores devem
res não-gráv idas na p ré-menopausa. A interrupção da ser lembrados, incluindo au mento do volume sang uíneo,
gravidez não melho ra a sobrevida c o aborto em nosso do débito cardíaco, d a contagem de plaquetas e níveis de
meio só encontra amparo médico -legal nos casos de ris- fibrinogênio, h ipotensão cm posição supina, d im inuição
co de morte materno comprovado. Além disso, o possí- da capacidade pulmona r funcional residua l, elevação do
vel risco teratogen ico da terapêutica, isolad amente, não diafragma, esvaziamento gástrico prolongado e hiper-
justifica a interrupção. 1112 vascu la ridade da m ucosa do sistema respiratório. O risco
QUIMIOTERAPIA
HORMONIOTERA P IA
A quimioterapia adJuva nte deve ser adiada, de preferên-
cia, até o término do primeiro trimestre, sendo considera- A gravidez pode diminu ir o nívei de rcccptore hor-
da ótima terapia si têmica a partir do segundo trimestre e, monai no citoplasma da células do càncer de mama, cul-
mesmo assim, o uso de anti metabólitos como mctrotexato minando cm resultados fal o-negativos, porque os altos
c 5-fluoracil deve ser evitado. Como regra geral, os guidelines teores de estrogênio circulante nas gestantes causam trans-
de administração de terapia sistémica a pacientes não-grávi- locação dos receptores no núcleo c ocupam todos os cito-
das podem -er adaptado para pacientes grávidas. Por isso, plasmáticos. A dificuldade de definir se o tumor é receptor
mulheres que têm doença linfonodo positiva, com tumores hormonal positivo ou negativo é mais um entrave à hormo-
maiores ou iguais a 1 cm, pouco diferenciados, devem ser niotcrapia, pois não se sabe e o tumor rc ponderá ou não à
candidatas à terapia sistémica adjuvante. Aquelas com tu mo- ma nipulação hormonal. Em pacientes jovens, independen-
re maiore , ou seja, maiores que 5 cm ou aquelas com status temente da gravidez, os tumores são geralmente indiferen-
axilar clínico N2 devem ser candidatas à terapia sistémica ciadas e receptores hormonais negativos. O uso do tamo-
ESTÁ DIO I F ll
GRAVI DEZ APÓS CÂNCER DE MAMA
São tumores operávei . A mastectomia é uma opção
apropriada, ma o tratamento conservador pode ser ofe- A gravidez após o tratamento do câncer de mama não
recido se o diagnóstico for feito próximo do termo. A qui- está cont raindicada. Recomenda-se aguardar dois ano
mioterapia adjuvante poder:i ser admi nistrada, quando após o tratamento para ultrapassar o período de alto risco
houver indicação oncológica, preferencialmente a partir da de recidiva da neoplasia. A gravidez durante o uso dotamo-
20• semana e sem agentes antimetabólicos.21 xifeno não é recomendada. 2 ~
São tumores localmente ava nçados ou doença sisté- A interrupção da gravidez não melhora o prognóstico
mica. O tratamento inicial é clínico, com quimioterapia. A da doença se o trata mento adequado for instituído e está
cirurgia indicada, mastectomia ou tumorectom ia, depen- indicada apenas nos casos de risco de morte materna. 16
derá da resposta ao trata mento clínico. 13
DATA DO PARTO
EFEITOS SOBRE O FETO E A GESTAÇÃO
Quando a paciente está em tratamento quimioterápico, a
O período embrionário dura até a nona semana de data do parto deve levar em consideração seu estado imuno-
gestação e a partir da lO• semana inicia-se o período fetal. lógico, visando diminuir os riscos de infecçõe perinatais 2 '
Agravos à gestação durante o período embrionário resul-
tam em abortamento espontâneo ou malformações im-
portantes, enquanto que no período fetal predominam as C ONCLUSÕES
alterações de crescimento e de envolvimento. A suscepti-
bilidade a drogas teratogênicas e à rad iação di minui com Durante muitos anos o mau prognóstico do câncer de
a evolução da gr,widez e torna-se mínima após a organogê- mama durante a gravidez foi ressaltado como decorrente
nese. As metástase para o concepto são ra ras. Os estádios de :~Iterações específicas que ocorrem du rante a gestação.
l e li não interferem na evolução da gravidez, já nos casos Acreditava-se que os altos índices hormonais, a vasodila-
avançados e metastáticos pode haver agravamento do esta- tação sanguínea e linfática e a imunodeficiência própria da
do geral, podendo comprometer o crescimento int rauteri- gestação fossem responsáveis pelo prognóstico ombrio em
no. O tipo de parto não interfere na evolução da doença e a muitas situaçõe . Atua lmente, sabe-se que o prognóstico
indicação da via de parto é apenas obstétrica.25 não depende da gravidez em curso, mas sim do estad ia-
menta da doença e da idade da paciente ao diagnó tico. O
exame clínico das mamas deve ser realizado rotineiramente
LACTAÇÃO pelo obstetra e, em caso de su peita clínica, a investigação
nunca deve ser postergada. Propedêutica de imagem pode
ão há evidências de que a supressão da lactação melho- ser utilizada, sendo a ultrassonografia o método de esco-
re o prognóstico de pacientes com câncer de mama na gravi- lha nessa fase. Os métodos invasivo podem ser úteis, en-
Incidência Melanoma
Aspectos Gerais do Diagnóstico Câncer Colorretal
e Tratamento Câncer da Tireoide
Linfomas Fertilidade e Gravidez em
Lin foma de Hodgkin Sobreviventes ao Câncer
Linfom a não Hodgkin Preservação da Fertilidade em
Leucemias Pacientes Oncológicos
Mieloma Múltiplo Conclusões
O
câncer é doença ligada a modificações compor-
tamentais das células, que tem como causa alte- alizados, obstetras e oncologistas devem oferecer, si mu ltane-
rações genéticas. Dentre as características adqui- amente, a terapia ideal à mãe e o melhor bem-estar possível ao
ridas pelas células malignas, destacam-se a perda do controle feto. O manuseio des ta delicada situação deve, portanto, ser
de sua replicação e a capacidade de metastatização. conduzido por equipe multidisciplinar de excelência.
Q uase toda célula pode se tornar cancerosa e mais de O diagnóstico e estadiamento desses tu mores devem
250 tipos diferentes de cânceres humanos já foram iden- se limitar a procedimentos que não coloquem em risco a
tificados. Estudos epidemiológicos indicam que a maioria saúde do feto. Especialmente du rante o primeiro trimestre
dos tumores resulta da exposição a fatores ou agentes am- da g ravidez, apenas investigações radiológicas absoluta-
bientais (como tabaco, dieta, irradiação, atividades profis- mente necessárias são justificadas. Biópsias, endoscopias,
sionais, comportamento sexual e estilo de vida). A chance punção lombar, mielograma e biópsia de medula óssea
de desenvolver câncer depende também de outros fatores são exem plos de procedi mentos que podem ser realizados
como idade, sexo, história fam iliar, constituição genética e com segurança, observadas as necessárias precauções.
estado imunológico, entre outrosY Os médicos envolvidos no tratamento dessa condição
Câncer durante a gravidez representa um paradoxo filo- devem ter sempre em mente o benefício da vida materna,
sófico e biológico, um dos eventos mais dramáticos na vida tratando tumores tratáveis, protegendo o feto e o recém -
da mulher, de seu parceiro e de sua família. O diagnóstico e -nascido dos efeitos deletérios da terapia e buscando pre-
abordagem terapêutica são especialmente difíceis porque en- servar o sistema reprodutivo da mulher, sempre que possí-
volvem duas pessoas, a mãe e o feto. Embora as modal idades vel, para gestações fut uras.
Alguns agentes quimiotcrápicos podem ser segura- Não existem dados suficientes no que diz respeito à te-
mente administrados durante o segu ndo e terceiro trimes- ratogenicidade da maioria dos agentes citotóxicos, embora
tre da gravidez, enquanto a radioterapia deve er evitada quase todos tenham demonstrado efeitos teratogcnicos no
durante toda a gestação; contudo, determinadas situações modelo animal.3 Vi to que e a ubstàncias ão geralmente
requerem sua utilização ante do parto. estes casos, tu- utilizadas em combinação, a maioria dos relatos advém do
mores distantes da pelve podem ser adequadamente trata- uso de poliquimioterapia, o que torna difícil avaliar o efeito
do com radiação ionizante fundamentada em cuidadoso exato de cada medicamento. O potencial efeito tcratogênico
plancjamento. O mesmo não é verdade para cânceres pél- de qualquer agente antiblástico utilizado durante a gravidez
vicos, que não podem er irradiados sem graves ou, mais depende da dose total c do estádio de desenvolvi mento do
provavelmente, fatais consequências par,\ o feto. feto à época da exposição. Q.Jimioterapia du rante o primei-
Ci rurgia sob anestesia geral é normalmente egura du- ro t ri me~tre pode aumentar o ri co de abortamento, morte
rante o trê trimestre . fetal c malformações maiorcs.5·6•7 Malformações dependem
Evidências acumuladas na últimas décadas sugerem da idade gcstacional de exposição c o embrião é cxtrcmante
não er a gravidez uma variável independente de pobre vulnerável no período de duas a oito semanas (quatro a IO
prognóstico para a sobrevida dessas pacientes, sendo esta semanas de amenorreia), cm que ocorre a organogcnese. \.~
semelhante para pacientes grávidas e não grávidas porta- Após esse período, diverso órgão como olhos, genitália, sb-
dora do mesmo câncer. tema hematopoiético e sistema nervo o central permanecem
A célula tumorai da mãe podem cr transmitidas vulnerávci à quim ioterapia. 1·~ A exposição fetal a citotóxicos
verticalmente para a placenta e para o feto, fenômeno raro, no primeiro trimestre está associada a aproximadamente
mais comumcnte descrito em melanoma. Exames ma- lOa 2096 de risco de malformaçõe maiores,8 sendo os an-
cro cópicos e histológico da placenta, assim como exame tagonistas do folato os mais fortemente implicados. Além
citológico do sa ngue do cordão umbilical devem er reali- desse efeito, os agentes antiblá ticos podem afctar a gravidez
t.ado de rotina. de várias outras formas, provocando abortos espontâ neos,
Por se tratar de evento dramático, de profundo impacto restrição do crescimento intrauterino e baixo peso ao nasci-
na vida da paciente, de ua família e dos profi ionai envol- mento. Efeitos maternos como náu cas/ vômitos c citopcnias
vidos na assistência, diversos aspectos médicos, psicológi- (com risco de infecção) podem, ind iretamcntc, ,\Cometer o
cos, religiosos, sociais c éticos contribuem para a decisão feto, requerendo uso de anticméticos, fatores de crescimento,
final e o estabelecimento de uma relação de confiança pa- hemotransfusões e antibióticos. A placenta pode ta mbém ser
ciente-médico-fam ília é imperativo. O trata mento des a afetada como, por exemplo, inibição da migração e prolife-
pacientes envolve elevada carga emocional por parte de ração de células trofoblásticas durante o primeiro trimestre
toda a equipe multidisciplinar, a quem deve também cr à exposição à 6-mercapto-purina.9 Q.Jimiotcrapia durante o
oferecido suporte p icológico. segundo e terceiro trimestre de gravidez não está associada
0!-Jando se planeja tratar pacientes grávidas com qui- a efeitos teratogênico , mas aumenta o risco de re trição do
mioterapia, é importante que se considerem as mudanças crcsci tnento intrautcrino e de baixo peso ao nascimento, não
fisiológicas normais que ocorrem durante a gravidez, inclu- associados a compiicações em longo prazo, podendo o u o de
!>ive o au mento do volu me plasmático (cm cerca de 5096) e poliquimioterapia, nes e período, er benéfico para a mulher.
do clareamento renal das drogas, o terceiro espaço criado Existem diversas situações que merecem especial con-
pelo líquido amniótico e mais rapidez de oxidação hcpáti- sideração, uma vez que a administração de quimioterapia
ca.3 Es a muda nças podem reduzir as concentrações ati- pode ser mais flexível c individual izada, de acordo com as
vas dos medicamentos comparativamente à mulheres não circunstâncias. Por exemplo, qua ndo um câncer inicial é
grávidas com mesmo pe o corporal. diagnosticado no fina l do primeiro trimestre, pode-se consi-
A maioria das substâncias com massa molecular infe- derar adiamento da quimioterapia sob cuidado a vigilância
rior a 600 Kilodaltons (KDa) cruza a pia enta. Uma vez clínica. Ao início do egundo trimestre, poliquimiotcrapia
que a maioria do agente citotóxicos tem massa molecu- adequada poderá então ser administrada. Em casos raros,
Ltr entre 250 e 400 KDa, virtualmente todos atrave sam a como linfoma de Hodgkin estádio I restrito a linfonodos
placenta e chegam ao feto. 4 cervicais, radioterapia loca l criteriosa pode ser considerada
Mama 298 26 I
desenvolver c promover método que permitam um leque para pacientes jovens não candidatas à estimulação ovaria-
de opções p.tra paciente sob cuidado multidi cipli nare na ou ai nda não preparada para toma r a decisão qua nto,\
até que o tratamento oncológico sejam essencialmente criação de um embrião como, por exemplo, na f.tlta de par-
direcionados às células tu morai (terapia alvo-específica). ceiro ou de doador de ua c olha. O utra op ão emergente
Agente alquilantes (p. ex. ciclofosfam ida) são basta nte é a fertilização 111 vitro a parti r do ciclo natural, em que os fo-
tóx icos para o ovários, particularmente para o folículo lículo ão a pirado em cxpo ição a estímulo hormonal
primário , que rcprc enta m a re erva ovariana. Embor,l o exógeno. Contudo, o sucesso dcs a técnica é in ·ati fatório
impacto do regimes quimioterápico sobre a fertil idade c pode requerer adiamento ter:tpêutico, dependendo do e -
dependa da rescrv,t ovari:Jna inicial, o efeitos .tdver~o!t t.ídio do ciclo cm que :1 paciente se encontra.' 11 11 2
tornam-se p.uticularmentc pronunciado à medida que 0 Finalmente, ante que qualquer paciente oncológica ten-
pacientes c aproximam do -+O ano. de idade_l 00 un te engravidar por meio de téc nicas de reprodução assistida,
Os testes mais sensíveis pred itivos de reserva ovari.tna é fundamental que se submeta à completa avali:Jçào clínico·
cm paciente tratada com quimioterapia incluem do .1- -oncológica que permita definir se ela está livre de ncoplasia.
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132-agonistas de Salbutamol Sem evidência de Broncodilatador Usados para alívio dos sintomas (de
curta duração Fenoterol risco significativo demanda) e em altas doses nas crises.
Terbutalina Preferir salbutamol4 Uso na grávida como na não grávida.
--
Cefalosporinas Sem evidências Boa B
Macrolideos Sem evidências; informações menos precisas para Boa Eritromicina: B
azitromicina e claritromicina Azitromicina: B
Claritromicina: C
Aminoglicosfdeos Sem relatos de nefropatia fetal após o uso materno. Potencial nefropatia e ototoxicidade. D
Eliminação renal do feto depende da idade gestacional. Monitorizar níveis séricos. I
~
--
Sulfonamidas Pode causar kemicterus se usadas no final da Evitar o uso. c
gestação; 5.5% de malformações Risco teórico de defeitos centrais.
--
Ouinolonas Artralgias e tendinites em adultos. não observados Evidência atual insuficiente c
após exposição na gravidez
- - ---
Tetraciclinas Uso no segundo ou terceiro trimestre causa altera- Deve-se evitar o uso. especialmente D
ção da coloração dentária e retardo reversivel do a partir da 12• semana
crescimento dos ossos longos
Metronidazol Dados conflitantes quanto ao aumento do risco de Desconhecida B
malformações. prematuridade e baixo peso ao nascer I
Antrvrrars
Anfotericina B Relatos de toxicidade fetal: anemia, acidose e Uso sugerido em situações de risco da B
uremia transitórias. insuficiência respiratória infecção. Alto risco de toxicidade fetal.
Toxicidade materna presente
---
ltraconazol Teratogenicidade em animais. Em humanos: 3.2% Evitar o uso. Fabricante recomenda c
de malformações maiores: 1° trimestre contracepção por um mês após
término do uso
Fluconazol Teratogênico em altas doses em animais. Em huma- Evitar o uso c
nos: múltiplos defeitos congênitos relatados. efeito
dose-dependente.
• Categorias de evidências de risco (ver capítulo 9- Medicamentos)
FDA = Food and Orug Admtmsrrarion
Quadro 46.1 I Sinais de alerta que podem sugerir M1grânea com aura t1p1ca
cefaleia secundária A. Pelo menos 2 ataques preenchendo os critérios de B a O
Pr1me1ra ou p1or dor
B. Aura consistindo em pelo menos um dos seguintes sintomas:
Dor grave de inicio súbito
1. Sintomas visuais completamente reversíveis incluin-
Dor grave e recorrente do sintomas visuais positivos (espectro de fortificação,
escotomas cintilantes) e/ou sintomas negativos (perda
Dor progressiva
de visão)
Dor crõnica e intratável 2. Sintomas sensitivos completamente reversíveis
incluindo sintomas positivos (agulhadas e fisgadas) e/ou
Dor atípica sintomas negativos (parestesia)
Dor associada a trauma 3. Sintomas completamente reversíveis de disfasia
Mudanças nas características da dor (freqüência, intensida- C. Pelo menos dois dos seguintes sintomas:
de ou sinais clínicos associados)
1. Sintomas visuais homõnimos e/ou sintomas sensitivos
Alteração no exame neurológico unilaterais
2. Pelo menos um sintoma de aura desenvolvendo
Dor associada à doença sistêmica (febre. rigidez de nuca. gradualmente por mais de 5 minutos e/ou auras com
rash cutâneo) sintomas diferentes ocorrendo em sucessão com tempo
Sintomas que não preenchem aura típica maior que 5 minutos
3. Cada sintoma com duração de 5 a 60 minutos
O. Cefaleia preenchendo os critérios de Migrânea sem aura
Os critérios adotados para o diagnóstico das cef:.~ leias
e que começa durante a aura ou segue a aura até o limite
primári:Js e das secundárias m:Jis comuns na Obstetríci:J de 60 minutos
são l ist:.~do no Q!Jadro 46.2.
E. Sintomas não atribuídos a outra doença
Quadro 46.2 I Critérios da I HS para diagnósticos d:.~s Cefale1a t1po tens1onal ep1sod1ca
cefaleias A. Pelo menos 10 episódios ocorrendo em frequência menor
M1grânea sem aura que 1 dia ao mês em média ou menor do que 12 vezes ao
ano em média e preenchendo os critérios de B-D
A. Pelo menos 5 ataques preenchendo os critérios de B a O
B. Cefaleia durando de 30 minutos a 7 dias
B. Cefaleia durando de 4 a 72 horas
C. Cefaleia com pelo menos duas das seguintes
C. Cefaleia com pelo menos duas das seguintes características características:
1. Unilateral 1. Bilateral
2. Pulsátil 2. Pressão/aperto (não pulsátil)
3. Intensidade moderada a grave 3. Leve ou moderada
4. Agravada por atividade física rotineira como andar ou 4. Agravada por atividade física rotineira como andar ou
subir escadas subir escadas
O. Durante a cefaleia pelo menos um dos seguintes sintomas: O. Ambos dos seguintes:
1. Náusea e/ou võmitos 1. Ausência de náusea ou võmito (pode ocorrer anorexia)
2. Fotofobia e fonofobia 2. Não mais de um: fotofobia ou fonofobia
----------------------~
E. Sintomas não atribuídos a outra doença E. Sintomas não atribuídos a outra doença
Continua ... continua ...
A. Cefaleia com pelo menos uma das caracteristicas abaixo A. Cefaleia que piora dentro de 15 minutos após colocar a
e preenchendo os critérios Ce 0: paciente assentada ou em pé e que melhora dentro de 15
minutos após deitar com pelo menos uma das caracterfsticas
1. Bilateral abaixo e preenchendo os critérios C- 0:
2. Pulsátil
3. Agravada por atividade tisica 1. Rigidez nucal
2. "Tinnitus"
B. Gravidez ou puerpério (até 4 semanas pós-parto). e
3. Hipoacusia
pré-eclâmpsia definida por dois de:
4. Fotofobia
1. Hipertensão (>140/90 mm Hg) documentada em duas 5. Náusea
medidas com pelo menos 4 horas de diferença entre elas I
B. Paciente submetida a punção lombar
2. Excreção urinária de proteína de >0.3 g em 24 horas
1
C. Cefaleia que se desenvolve dentro de 5 dias após punção
C. Cefaleia desenvolve durante períodos de hipertensão
lombar
D. Cefaleia resolve dentro de 7 dias após o tratamento
O. A cefaleia se resolve:
efetivo da hipertensão
1. Espontaneamente dentro de uma semana
E. Exclusão de uso de toxinas vasopressoras. medicamen-
2. Dentro de 48 horas após tratamento efetivo (geral-
tos e feocromocitoma
mente blood patch epidural)
Cefale1a utr1bu1da a eclârnps1a
A. Cefaleia com pelo menos uma das características acima MIGRÂNEA OU ENXAQUECA
e preenchendo os critérios Ce 0:
1. Bilateral A doença neu rológica q ue majs comu mente complica
2. Pulsátil a gravidez é a enxaqueca. Ma is comum nas mul heres, e -
3. Agravada por atividade tisica pecia lmente em idade reprodutiva (frequência aprox imada
B. Gravidez ou puerpério (até 4 semanas pós-parto). e de 19%), na maioria das vezes, mas não sempre, ela melhora
pré-eclâmpsia definida por dois de: co m a gravidez. A lgu mas pac ientes ( 1,3%) têm o pri meiro
ataque m igranoso d u rante a gravidez. Parcela sign ificativa
1. Hipertensão (>140/90 mm Hg) documentada em duas
medidas com pelo menos 4 horas de diferença entre elas (60 a 70%) das mul heres com m igrânea sem aura e m igrâ-
2. Excreção urinária de proteína de >0.3 g em 24 horas nea relacionada à menstru ação apresentam melhora dos
3. Presença de crise convulsiva sintomas durante a gravidez. Geralmente, se a m igrânea
C. Cefaleia desenvolve durante periodos de hipertensão não melhora até o final do primeiro t rimest re, é pouco
provável que vá melhora r até o final da gravidez. As pacien-
O. Cefaleia resolve dentro de 7 dias após o tratamento
tes q ue piora m durante a gravidez geral mente são aquelas
efetivo da hipertensão
d iagnosticadas com m igrânea com au ra.2•1
E. Exclusão de uso de toxinas vasopressoras. A enxaqueca pode ser limitante para mu itas pacientes e
medicamentos e feocromocitoma
o d iagnóstico di ferencial de m igrânea por out ras afecções
F. Exclusão de acidente vascular cerebral q ue ocorrem na gravidez é de su ma importância. Segundo
continua ... a literatu ra, não há risco aumentado de defeitos congénitos
em fi lhos de mu lheres enxaquecosas, no entanto, a migrâ-
nea pode ser fato r de risco para complicações gravíd icas,
como, por exemplo, aumento do risco de pré-eclâmpsia,
eclâmpsia, descola mento prematuro da placenta, convu l-
sões e ac idente vascu lar cerebral.u
Doença de Huntington
A corcia gravidarum requer tratamento medicamento-
Doença Huntington-/ike
Neuroacantocitose so apenas quando sua intensidade é acentuada o suficiente
Sfndrome de Mcleod para interferi r nas atividades habituais da gestante.
Coreia hereditária benigna As medicações utilizadas são as bloqueadoras da dopa-
Doença de Wilson mina, como pimozida, risperidona e haloperidol.
Outras
A CG não é indicação para interrupção da gestação ou
Causas não genetrcas de Cor era de cesariana. Não há relato na literatura, até o momento,
Vascular de óbito da mãe e/ ou do feto relacionado di retamente aos
Autoimune movimentos involuntários. Entretanto, por estar frequen-
Drogas temente relacionada à febre reumática, avaliação cardioló-
Metabólicas gica deve ser realizadaY
Infecciosas
Nervo mediano (STC) C6-T1 Parestesia e disestesia no polegar. 2°, 3°dedos e anular.
Fraqueza tenar.
- -- --
Radiculopatia lombo-sacra L4-S3 Fraqueza em perna, coxa e dedos.
Parestesia e dor em glúteos, coxa e perna.
-
-
Meralgia parestésica
(do nervo cutAneo lateral da coxa)
L2-L3 Dor e parestesia na região antero-lateral da coxa
--- - -
_j
Neuropatia femoral L2-L4 Fraqueza para a flexão da coxa e extensão do joelho
-
Neuropatia do obturador L3-L4 Dor na porção medial da coxa e fraqueza para adução da coxa
- -- -- -- --
Neuropatia fibular L4-S1 Pé caldo
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O
sofrim ento psíquico feminino durante a determinação do papel dos hormônios gonadais na
gestação e o puerpério é descrito desde os modulação do funcionamento do sistema nervoso
tempos da Grécia Antiga. O crescente in- central (SNC);
teresse, nas últimas décadas, pelos transto rnos afetivos evidências nos exames de imagem do efeito does-
na gravidez e no puerpério, pelas alterações psicológicas tresse e dos traumas sobre o funcionamento cere-
relacionadas à menopausa e pelos efeitos psíquicos da bral e endócrina.
exposição feminina ao trauma e à violência resultam
dos esforços de organismos multilaterais, de governos Os modelos biológicos atuais demonstram complexa
e setores sociais interessados na m elhoria de qualidade interação neuroendócrina, que determi na o fino equilíbrio
de vida das mulheres. das funções psíqu icas. Sabe-se, por exemplo, gue o estro-
Existe, certamente, a necessidade de individualizar a gênio tem efeito ansiolítico e antidepressivo por interação
atenção à saúde mental oferecida às mulheres, por suas es- com o eixo hipotálamo-pituitária-adrenal e por ação trófi-
pecificidades: ca também em am ígdala e hipocampo.1
Diferenças de gênero na estrutura, no funciona- Visto que os determ inantes de saúde mental nas mu-
mento, na farmacocinética e farmacod inâmica lheres requerem esforços de promoção e prevenção, é
cerebral; importante relembrar que as mulheres vivem mais que
os homen , ma não gozam de mai aúde. Em países po- Também a família pode negligenciar o sinais c sin-
bre como o Brasil, ,b causa de morte e morbidade e tão tomas apresentados pela gestante ou puérpera, por pre-
relacionadas a pro cs o fi siológico inerentes à função de conceito, medo ou insegurança. É difícil admitir que a
dar a vida, sendo que as taxas de morbimortalidade asso- esposa, mãe, fi lh a ou irmã esteja em sofrimento com a
ciadas a gravidez, aborto, parto c puerpério (inclu indo as maternidade.
hospitalizaçõc p iguiátricas) permanecem elevadas. Isso Esse mesmo preconceito pode invadir o:. profissionais
demonstra a iniquidade ao acesso à saúde, tendo em vista que atendem mulheres gr,\vidas, e pecialmente aqueles
gue a distribuição desses males cst.l relacionada ao sfalus sem formação, obre como abordá-las c ãs ua fà mílias
socioeconômico e ao nível cducacion.1l. nessa situação.As dificu ldades e os sofrimento psíquicos
Não se pode dei xa r de agregar a c cs determinantes são visto quase como um tabu c geralmente são negligen-
de saúde mental o estresse elevado das mulheres gue in- ciado , não relatados pela mulheres, tampouco, interro-
gressam no mercado de trabalho, com repercussão, dife- gado pelo médico.
rentemente dos homens, obre o funcionamento do eixo O médico, por sua vez, encontra- c envolto em mu-
hipotálamo-pitu itário-adren:~l, omado à expectativa de danças sociais gue refletem a insati hção das mul heres
vida mais long.1, cm contexto freguente de olidão, pobre- com o seu papel social c com a sua saúde. r or lidar cons-
za, falta de poder e de representatividade. tantemente com situaçõe de obrcc.1rga emocional c de
O sofrimento p íquico fem inino durante a gc tação e o trabalho, ele acaba se tornando vulnedvcl ã impcrícia c
puerpério pode ter rcpercu sõcs devastadora na vida de to- à má-prática, por não ter tempo, du rante a consulta, pa ra
das as pessoas envolvidas: a própria ge tante, o feto, o recém- permitir que a mãe, geralmente carregada de culp:1 e ver-
na cido (R ), o outros fi lho , o companheiro, enfi m, toda gonha, fa le sobre o seu sofrimento.
a fa mília que dependa do humor materno para o ·eu bcm- Sabe-se que, em todo o mundo, mcno de 2-%do obs-
-c tar. Depre ão no pós-parto signific.1 mãe em desc pcro, tetras perguntam sobre J saúde mental da gc~ta ntc. Isso ·e-
cm energia, com sentimentos dcv.1 tadores, silêncio, absti- ria muito Hcil, bastando somente uma intcrrog.1ção: como
nência do significado da vida, a noite da alma, a exti nção d:~ vocc se sente?
chama. Se isso é percebido pelo RN "como uma nuvem que O risco de o profis ional pouco trein:1do enfrent:1r :1
esconde o sol, não sabemos, somente podemo im.1ginar.. .". 2 ansiedade d:1 sua prática diária, com atitude de ccn ura
Investir na saúde mental da mães ·ignifica inve tir na ou e tigmatização às queixa psiquiátrica de u:1 cliente ,
saúde mental das gerações futura . f: importante, portanto, é alto, :1 im como a generalização de ua experiência pe.-
conhecer os aspectos gerais dos tran tornos p iquiátrico na soai c a imposição de eus próprio valorc podem levá-lo
gravidez c no pós-parto, no sentido de facilitar a identificação a ignorar achados p íquico cli nicamente signi ficativos.
de p,Kiente de risco, a intervenção e o tratamento precoce. r ode também negligenciar pergunta Oll orientações obre
Avaliarediagno ticar os tran torno mentai feminino, a função cxual, conceito e opções sexuai , di funções ·e-
durante a gravidez e o puerpério, torna- e mais difí ii por xuai ccundária ao uso de fármacos, violência doméstica
Jlgumas circun t:lncia gue neces itam de atenção espe ia!, e protcção contra doenças sexualmente transmissíveis.
tanto por parte da paciente e sua família, guanto do médico. Frequentemente, a coleta adequada da história sexual e
A dificuldade diagnó ticas relacionadas à mulher reproduti va pode alertar para reações patogênicas a even-
ocorrem quando ela não apre enta uas gueixas. Estar tos da vida mágoas c culpas não resolvidas - que estabe-
mentalmente perturbada, ansiosa ou deprimida é .1lgo de lecem associação entre gueixas e sintomas psiguiát ricos c
difíci l aceitação pela paciente e pela sociedade. Toda mu- eventos sexuais c reproduti vos recentes ou passados.
lher se sente obrigada a, uma vez constatada a gravidez, ze- Também os provedores de cuidados neonatais têm
lar por ela c cntir-sc plena e feliz durante toda essa etapa. A relacionamento único com as mães e a oportu nidade para
gravidez, por ser período de intensas modificações físicas identificar intomas e promover suporte ou referência adc-
e hormonais, con. titui o evento de vida mais complexo da guada, j.í gue um dos grande · de afios é o tãto de o ofri-
experiência humana. A gravidez e a maternidade ainda são mcnto psíquico fem inino ser, ncs a fase, ba tante ma cara-
vistas como motivo de extrema alegria para a mul her e a do. Estima-se gue mai de 50% dos guadros de depre são
fa mília, mas, infelizmente, não é sempre este o caso. 3 pós-parto permaneça m cm dctccção.4
de reconhecer ou relatar sinais do trabalho de parto. Algu- Alogia Pensamento e fala com fluidez e produti-
mas podem ter sua capacidade parental comprometida. vidade diminuídos
~----~---
Mulheres com doenças psiquiátricas graves apre en- Avolição/apatia Dificuldade de iniciar atividades com ob-
tam forte tendência a deixar que seus fi lhos sejam cuidados jetivo definido, diminuição da motivação.
por outros ou que sejam adotados. Quando se comprova, do interesse ou da energia
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A
gestante experimenta importantes modifica- ALTERAÇÕES CUTÂNEAS
ções no eu organismo para melhor adaptação
FISIOLÓGICAS DA GRAVIDEZ
ao período gestaciona l. E sas modificações são
influenciadas por vá rios fatores, que podem ter sua origem
no sistema endocrinológico, imu nológico, metabólico e, As alterações cutâneas fisiológicas do período gesta-
também, cm alterações comporta mentais.1 endo assi m, cional podem ser discretas, a ponto de passa rem desper-
para fins d idáticos d ivid imos as alterações cutâneas ocorri- cebidas, ou podem se torn ar constrangedoras do ponto de
das no organismo materno cm trê categorias: 2 vista e tético. Em algumas sit uações essas alterações po-
Alteraçõe cutânea fi iológicas; de m fo rnecer algu ma con tribuição no que tange ao d iag-
afecçõe dermatológicas e tumores cutâneos altera- nóstico de gravidez. No Quadro 48. 1 estão su marizadas
dos peb gr,widez; as pri ncipais alterações fisiológicas do tegumento c anexos
dermatoses específicas da gravidez. encontradas na gravidez. l l
Quadro 48.1 I Alterações dermatológicas fisiológicas da gravidez
Pigmentação IMelasma
Linha nigra
Linha de demarcação pigmentar
Hiperpigmentação (aréola, áreas de dobras. cicatrizes anteriores. nevos. pós-inflamatória ou residual)
Vasculares Aranha vascular (angioma spider. telangiectasia, hemangioma estelar)
Instabilidade vasomotora
Cutis marmorata (livedo reticular fisiológico)
Eritema palmar (localizado ou difuso)
Hiperemia/hiperplasia gengival
Hiperemia vaginal (sinal de Jacquemier-Chadwick)
Granuloma da gravidez (granuloma piogênico. granuloma gravidarum hemangioma lobular capilar)
Púrpura de membros inferiores
Varizes. hemorroidas
Edema fisiológico (edema não depressiva!) I
1
Anexos Hirsutismo leve
(pelos e unhas) Eflúvio telógeno
Alopecia padrão androgenético
Fragilidade ungueal /onicólise
Sulco de Beau (sulco transverso)
Hiperceratose subungueal
-------t
Tecido conectivo Estrias
Acrocórdon (molluscum fibrosum gravidarum
Outras alterações Diminuição da atividade sudoripara apócrina
Aumento da atividade sebácea
I Aumento da atividade sudorfpara écrina (exceto palmas)
DISTÚRBIOS VASCULARES
Figura 48.1 I Divisória linear na região posterior do mem-
bro inferiores. Ver pra11chn coforidn.
Ao longo do período gestacional observam-se hipercmia
fisiológica e tendência a proliferações vasculares cutâneas oca-
HlPERPIGMLNTA(,:ÃO FISIOLÓG ICA sionadas, na maioria das vezes, pela instabilidade, distensão e
neoformações vasculares, assim como acentuado aumento
A interação de fatores biológicos, endocrinológicos de- da pressão venosa intra-abdominal associada às alterações
vido às secreções hormonais ovarianas e hipofisárias, cons- hormonais inerentes a esse período.3 Sinais de instabilidade
titucionais c psíguicos (estimulando a autoescoriação) é vasomotora também são frequentes e manifestam-se por pa-
responsável por quadros frequentes de hiperpigmentação lidez, rubor facial, acentuação do fenómeno de Raynaud pree-
da pele da gestante. O aumento localizado da pigmenta- xistente e dermografismo, sendo olivedo reticular fisiológico
ção pode ser explicado pela diferença na concentração de (wtis marmorata) manifestação referente à resposta exagerada
melanócitos nas diferentes regiões do tegumento devido ao frio. Clinicamente, a pele mostra rendilhado critêmato-
ao efeito estimulante de estrogénios e progestagênios.5 É -viol:íceo mais freguente em membros inferiores.'
manifestação precoce c extremamente frequente na grávi- Ainda no primeiro tri mestre podem surgir aranhas vas-
da, principalmente nas aréolas, formando, assim, as aréolas culares, telangicctasia ou angiomas spider, sem qualquer cor-
secundárias, bem como nas virilhas, axilas, áreas de dobras relação com algum tipo de hepatopatia. Manifestam-se cli-
e agudas áreas sujeitas à fricção 6 A vulva pode mostrar áreas nicamente com a existência de uma arteríola central pulsátil,
de hiperpigmcntações localizadas, denominada melano- finos ramos radiados e leve eritema ao redor (Figura 48.3).9
se vulvar, sendo importante o diagnóstico diferencial com Podem surgir em áreas drenadas pela veia cava superior, mais
lesões névicas. Também acontece com muita freguência a freguentemente na face, nas proximidades dos olhos, par-
Distúrbios Dermatológicos
te superior do tórax, região cervical e membros superiores.
Gera lmente tendem a desaparecer no pós-parto, com reapa-
recimento mais precoce em gestações subsequentes. Assim
como as aranhas vasculares, o eritema palmar é de apareci-
mento precoce e freq uente em gestantes brancas. Pode apre-
sentar dois padrões distintos: um difuso acometendo toda a
região palmar e um localizado nas eminências tenares e hi-
potenarcs, articulações e extremidades dos dedos. Regridem
na sua totalidade no pós-parto. A incidência dessas alterações
é de aproximadamente 70 a 90% nas gestantes de pele clara.7
Distúrbios Dermatológicos
769
mula r a re posta de élu las T e a produção de anticorpo , S,1be-se que a depleção da imu nidade celular está cor-
enquanto proge terona e androgênios inibem a rcspo ta relacionada com infecção sistémica ou local por Candrda
de células Te diminuem a produção de anticorpo . A in- sp. Tal microrgani mo atua como patógeno oportunista.
fecçõe cau ada por organismos int racclulares ou aquela Embora ainda faltem dado sobre a história natural da
causadas por qued:t da imu nidade cclubr podem iniciar, vulva-vaginite por andrda em mulhere contaminadas
recorrer mais frequentemente ou começar de form .1 mais pelo H IV, tem-se observado que ela é das manifcst,lÇÕc ·
grave du rante a gravidez.s.l clínicas mais comuns nessas mulheres e cursa com nívei
relativamente altos de C D4. 22
Para as vulvo-vaginitcs por Caudida sp nas gestante~, in-
dicam- c orientaçõe higiénicas gerais, aeração dos genitais,
controle d,1 condições clínicas predisponente (hábitos sc-
O período crítico para a gestante com hansení,1se é xuai ·,diabete ) e o tratamento local com antifúngicos (creme
compreendido entre o último tri mestre e o período de lac- vagi nal por ete dia ou óvulos em dose única). O tratamento
tação, quando a imunossupre são atinge eu ápice. luitas com antifúngico i. têmico é contr,1indicado na gravidet. 20
vezes o f:ttor dcscnc:tdc.tntc é o parto. Aproximadamente
30% das gestantes com hanseníase mostm m exacerbação
da doença durante a gestação até o eis primeiros meses HERPc~ GLN I I'AL
de pó -parto. Há urgimcnto de nova lc ões, infecções
subclínica que e evidenciam pela primeira vez na gra- A doença herpética genital é produzida por um vírus
videz, recrudescência daquelas que estavam bem cont ro- cujo material genético é composto de DNA de dupla fita,
ladas e aumento na frequência de reaçõe . eurite é uma exi tindo doi tipo ·, o H V- I e o H. V-2. O H V -2 é con-
complicação da gravidez e parturição, tendo em vi ta que siderado de transmi ão sexual, embora a lesõe genitais,
significativo nú mero de mulheres pode sofrer lesão ner- meno frequentemente, possam ser cau adas pelo H V- I.
vosa associada à gravidez c à lactação. O ideal seria que a É frequente du rante a gravidez, podendo surgir ou recor-
gravidez fo se plancjada para a época em que a hanseníase rer. Existe particular interesse, devido à morbimortal idade
e tive e bem controlada! 9 fetal. '- A infecção herpética genital au menta em até cinco
vezes o ri co de transmissão sexual do H I V. 21 A frequência
de transmissão do vírus do herpes simples para o recém-
CA N DIDÍA<.,t- V U I VO-\ A(,(i\A L na ciclo é de cerca de 50% para infecção primária da mãe e
S9o para infecção recorrente. Mai da metade da crianças
Várias espécies de Ca11dida podem ser responsáveis por na cida de mães com evidência clínica de lesões vaginais
causar vul vo-vaginite, porém a Cmrdida albicm1s é a mais podcd adqui ri r infecção neonatal pelo vírus do herpes
prevalente.1°Candidíase vulvo-vaginal é lOa 20 vezes mais simples c um nú mero expressivo apresentarem complica-
freq uente durante a gravidez. A gravidez, por ser situação çõc gr.wes. Herpes neonatal pode manifestar- e de forma
de hipcrc trogeni mo, determina alto nívci de glicogênio. localizada ou dissemi nada, apresenta ndo também lesão
ConSC<.JUCntemente, verifica- c aumento na quantidade de ocular, do si tema nervoso central e de múltiplos órgãos.
substr.1to nutricional dos fu ngos, f.worecendo seu proce so A encef.11ite herpética é frequente na doença disseminada.'
de adesão c germinaç:io. A tran mis ão nconatal pode se o momento, alguns autores adotam a eguinte con-
dar dura nte o parto, qu.mdo a mãe apre enta colonização dut,l em relação à vi.1 de parto cm gc tante :
vaginal. Em decorn!ncia da exposição aos altos níveis de Para gestante sem le ões genitais ativas a via de par-
cstrogênio intraútero, pode haver persistência da coloniza- to é a vaginal, pois não há programas que sustentem
ção ncon.ltal por CallCiida aluicmrs nas primeiras semanas citologias nem culturas virai para cont raindicarcm
de vida, po ibilitando o desenvolvi mento da candidí:tsc a via vaginal nestes casos;
vuko-vaginal nas criança . Todavia, a ma i comum é a in- para gestantes com lesões geni tais ativas, nos casos
fecção orogenital dcs e recém-nascidos, que pode afetar, de membranas íntegras, indica-se a via abdom i n:~l
inclu ive, a amamentação. 22 1 para resolução da gravidez. Se existe rot ura de mem-
ACNE VULGAR
Assim como 131ack ct a/., temos observado alguns casos de que 18% das gestações ão complicadas por prurido c
de lesôe pápulo-pú tula folicula re em base~ critemato- 10%da população são atópicas. Desse modo, cspcrHc que
sas, de aspecto monomórfico, distribu ídas no tronco, mais ambos coexistam em 2% das gcstaçõc , incidência próxi-
intensamente no dor o, mas podendo e e tender para ma do prurigo da gravidez. A imunoglobulina E pode estar
membros superiores. Porém, na experiência própria, cm .lllmentada e não é infrequente históna pe soai ou familiar
algu ns ca o tendem a regredir mesmo antes do término de atopia.14·"
da gestação ( Figura 48. 11 ). H.r O diagnóstico é eminentemente clínico c a histopato-
logia inespecífica, mostrando infiltrado inflamatório celu-
lar crônico. A imunofluore cência é negativa, auxiliando
:tpcnas quando se tem a necc~ idade de diagnóstico dife-
rencial com outras dermato e . Tem como principal diag-
nó tico diferencial o prurigo e trófulo, seguindo a colctase
intra-hepática, ent re outras. Não tende a recorrer nas gcs-
taçôe ub equentes e o prognó tico materno e fetal não
está afetado. 37
A dermatite papular da gravidez, descrita por Spangler
et a/., em 1962, repre enta provavelmente um quadro ma i
grave de prurigo da gravidez.'
O tratamento é sintomático com emolientcs, antipru-
riginoso tópico corticoide tópico c oca ional mcntc
Figura 48.11 I Pápulas e pústulas folicul.tres distribuídas 1
no membro superior. Ver pm11cha colonda. anti-histamínico oral. Hipercromia residual é uma com-
plicação comum ne a dermato e, daí a necc 1dade de se
evitar a autoescoriação.
Como tratamento, algun estudos preconizam o uso de
peróxido de benzoíla a 101\! a ociado à hidrocortisona 1%
com boa resposta.~· r Essa dcrmato c é autolimitada e aco- COLESTASE INTRA-HEPÁTICA DA GRAVIDEZ
mete grande cxtcn~jo do tegumento c o peróxido de ben-
zoíla é classificado pela Food DrugAdministratioll (FDA) na Ao longo do anos recebeu as cgu intes denom ina-
categoria C para u o na gc tação. Desta forma, preferimo ções: cole!>tase da gravidez, pru rigo gmvidar11111, icterícia
não u ar tal medicação, empregando apena emoliente , recorrente da gravidez, prurido da gravidez.•
antiprurigino o tópicos c, raramente, corticoide tópico, A colestase intra-hepática da gravidez (C IHG) mani-
tendo tido boa resposta, as ociando- e à orientaçôe para fe ta-se por prurido inten o, pcrsi tente, generalizado, que
evitar a autoe cori.tçào. quase sempre piora .\ noite. A incidência vari,l entre 0,02
Distúrbios Dermatológicos
777
e 2,-1-% da gravidctc ; é mais comum no Chile, Bolívia e A história familiar é positiva em SO% dos casos. Are-
Escandin;ívia, atingindo 3 a l..J.l\1 das gestações c is o é atri- corrência em gestação subsequente é a regra, mas ta mbém
buído a fatore dietéti o~. A incidência é aumentada em pode recorrer com o uso de contraceptivos orai . O prog-
gravidczc múltipla .1- nóstico materno geralmente é tã vorável, embora a icterí-
t con iderada uma forma de colestase reversível, levan- cia possa ser complicada por esteatorreia subcl ínica, com
do a intenso prurido. É dependente do estrogênio e com conscllucntc dc~ci ~nci J de vitamina K c prolongamento
herança genética. A predisposição genética é sugerida pela no tempo de protrombina, elevando, assi m, o risco de he-
presença na C IHG de mutação no gene 3 c J7 12deiT, para morragia no pós-parto imediato. O s ri co · fetais são de
resistência a multidrogas, bem como na associação aos H LA, prematuridade, mortalidade pcrinatal c sofri mento fetal. 42
subtipos A3 1c B8. A patogénese não é totalmente entendida O tratamento da pele na C IHG é feito com cmolien-
e uma hipótese é que relativa queda do Auxo sanguíneo he- tes e agente antiprurigino os tópico c geralmente os
pático durante a gravidez leve à redução na elimi nação de to- anti-hi tamínico ão pouco eficazcs. 1 O utro fá rmacos
xinas e estrogênios. Há decré cimo do cleanmce de c trogc- incluem a cole tiramina, fenobarbital c fototcrapia, que
nios, quere ulta cm aumento da ecrcção c concentração do têm indicações e resultado controversos. Em casos de
colesterol biliar c também prejudica a capacidade do fígado colestase prolongada, a ad min istração de vitam ina K
de transportar ânions, como a bilirrubinas c o sais biliares. pode ser nece sá ria. Apesar de não er licenciado para
Tem sido po tu lado, também, que o e trogênio regulam as uso na gestação, o ácido ursodeoxicólico (U DCA) tem
moléculas de actina, que agem intracelub rmentc para me- sido relatado por alguns autores como sendo o que me-
diar a excreção da bilc. 19 lhor resultado apre cnta, tanto cm relação ao prurido,
Tem início no egundo e terceiro trimc tres de gcst,tção, quanto ao prognóstico fetal, com diminuição significa-
ma há ca o de ocorrência mai precoce c esses estão ge- tiva da prematuridade, do sofrimento fetal c da mortali-
ralmente a ociado à mais gravidade do quadro. Clinica- dade per inata I.'".4 2
mente, há prurido inten o, persistente, inicialmente palmo- Em conclusão, prurido no último trimc trc d.1 gravi-
-plantar para, em seguida, generalizar-se, notando-se quase dez sem lesão dermatológica primária nunca deve cr nc-
sempre piora noturna. O exame físico da pele não mostra gligenciado.42 A monitorização materna e fetal intensiva é
lesões cutâneas primárias, exceto escoriações secundárias mandatória. Em todas as situações a relação risco/ benefí-
ao ato de coçar. Nletade das gestantes apresenta colúria c cio deverá ser avaliada e individualizado o ca os. bom
.1colia fecal, mas somente 20% desenvolvem icterícia clínica enso médico norteará, junto à paciente c cus fa milia rc~. a
usualmente duas a quatro semanas após o in ício do prurido. melhor dcci ão.1
O achado bioquímico típico é o de níveis ignificati-
vamente elevado de ácidos biliares séricos totais. Outro
achados ão níveis elevados de gama-glutamiltran fera -c ECZEMA ATÓPICO DA GRAVIDEZ
(gama GT), to fatasc alcalina (FA) e, moderadamente,
elevados de bilirrubina érica conjugada. A transamina- É o estado patogénico da pele em que predominam
scs hepática c tão apenas ligeiramente elevadas; nívei condições inAamatórias caracterizadas por eritema, ede-
ignificativamente alto de transaminases indicam que a ma, vcsicular;:io, secreção, pápulo-vesiculação, infi ltração,
causa provável da icterícia é uma hepatite infecciosa. A crostas, escama e liqucnificação, associados ·cmprc ao
anornu lidadc!> ~érica não estão diretamcnte relaciona- prurido, cm intensidades variáveis. Os eczcmas podem ser
da om o risco fetal, endo utilizadas somente para au- divididos cm três tipos que ficam na dependência do eu
xiliar o diagnó tico. Os Jchados ultrassonogrãficos do cstado evolutivo: l 8
fígado são normai . É um diagnóstico de exclusão após Eczema .1gudo, quando há predominància de erite-
afastarem- c hepatites viróticas, hepatites por drogas e ma, edema, vc iculação e secreção;
outra c.lLIS,\S de coles ta c autoimune. A C ! HG é entida- subagudo, quando apresenta os sinai agudos, mas
de associada a prurido, alteração da função hepática, prin- ,\ secreção resseca-se, formando as cro ta ;
cipalmente dos ácidos biliares, e com efeito adverso sobre crônico, quando predomi nam re secamente e lí-
o prognóstico lc tal.d.,o.r quen ificaçao.
FoTOPROTEÇÃO
Distúrbios Dermatológicos
779
HIDRATANTES fase àqueles produtos mais antigos, que sejam mais fam i-
liarizados e que tenham aceitável perfil de segu rança. Não
A pele é uma barreira importante, que deve ser ma n- existem, até o momento, comprovações da qua ntidade mí-
tida íntegra para ter funcionamento adequado. Q ualquer nima que pode ser uti lizada sem afetar o bem-estar do con-
tipo de agressão que remova água, lipídios ou proteínas da cepto. Por outro lado, quase sempre há uma mistura desses
epiderme altera a integridade dessa barreira e compromete produtos, perdendo-se, assim, qualquer referência de qual
sua fu nção. substância está sendo formada e qual é a quantidade absor-
Os hidratantes têm por objetivo restabelecer o grau de vida desse produto.
umidade da pele normal, preservando o manto lipídico, e O utra informação que se deve ter em mente é que,
são indicados na xerose cutânea. Assim, a hidratação é feita virtualmente, todo produto é passível de ultrapassar a pla-
pela reposição conjunta de diversas substâncias que se com- centai e quando algu m deles é absorvido pela gestante,
plementam e vão restabelecer a integridade da pele. Essas dois indivíduos estão sendo expostos (mãe e filho). Sabe-
substâncias são oclusivas (como a lanolina, petrolatum, -se também que a resposta fetal à absorção de produtos ou
propilenoglicol c ceras), umectantes (como ureia, pantenol, fármacos é diferente da reação da mãe, pois a toxicidade
lactato de amónio) ou emolientes (como a ceramida, dime- é mais alta devido à maior permeabi lidade sanguínea ce-
ticona). O tipo de hidratante deve va riar de acordo com o rebral e deficiência da função enzimática de conjugação
tipo de pele e o local a ser usado. Na pele com tendência ao hepática. Por isso, é preciso ter a devida cautela no tocante
ressecamento está indicada a emulsão água cm óleo (A/ O), às informações repassadas à gestante. Sendo assim, com
que forma uma película oclusiva na superfície cutânea, di- as informações obtidas na literatura científica, não se tem,
minuindo a evaporação da água pela pele, enquanto na pele hoje, qualquer segurança em liberar o uso de tais produtos
normal ou oleosa está indicada a emulsão óleo em água durante a gestação.
(0/A). 44 Gestantes com a pele ressecada podem ter mani- O saber médico é terreno fe rtil que está sempre em
festação de pru rido ou ardor. Durante a gravidez, verifica- transformação. Conforme novas pesquisas e estudos fo-
-se aumento do Auxo sanguíneo em diferentes regiões da rem surgindo, norteará nosso conhecimento no sentido de
pele, havendo mais absorção de produtos tópicos aplicados. fornecer informações adequadas e perti nentes a cada ges-
Desde outubro de 2005 existe na legislação brasileira uma tante, beneficiando, assim, cada vez mais, mãe c fil ho.
restrição ao uso tópico da ureia na pele de gest.111tes. Devido
à sua forte absorção e potencial teratogênico nessa f.1se, pro-
dutos de uso tópico contendo ureia na concentração acima CONCLUSÃO
de 3%estão contra indicados na gravidez.4 '
A boa relação médico-paciente e o apoio psicológico são
fundamentais para o sucesso do tratamento das dermatoses
TINTURAS, ALISANTES OU na gravidez. Por sua vez, o reconhecimento das alterações de
PERMANENTES E SIMILARES pele orienta o médico, tranquiliza a gestante e permite esta-
belecer condutas adequadas. Embora o prurido seja o prin-
cipal sintoma cutâneo na gravidez, a própria coceira não tem
Até o momento, na literatura científica, os estudos so- peso diagnóstico. Assim, é essencial a obtenção da história
bre segurança de ti nturas, permanentes, alisantes e simi- e do exame clínico completo para que seja confirmada ou
lares em gestantes são poucos, inconclusivos c controver- excluída a possibilidade de qualquer dermatose. Qualquer
sos. Na maioria das vezes as pesquisas de biossegurança que seja a etiopatogênese do prurido, ele se agrava com o
em grávidas são feitas em modelos ani mais, sendo poucas estresse emocional e melhora mediante conduta de relaxa-
realizadas em humanos. Na gestante, por motivos éticos, mento. Em se tratando de dermatoses da gravidez, a gesta-
geralmente não se tem estudo duplo-cego controlado. As ção é única, não existe padronização de conduta e a decisão
investigações fornecem, na maioria das vezes, informações terapêutica deve ser compartilhada entre dermatologistas e
obtidas de dados epidemiológicos e acompanhamentos obstetras. O Q!.tadro 48.2 sintetiza as evidências c os graus
populacionais, com análise crítica retroativa, dando ên- de recomendação para os cuidados da pele na gravidez.
Melasma Ouso rotineiro de filtros solares de amplo espectro (que protejam contra os raios UVA j c
e UVBI pode prevenir ou pelo menos atenuá-lo I
---- --- - -- - - - - - -
Estrias Não há evidência cientifica de que loções hidratantes ou óleos possam evitá-las ou c
atenuá-las, mas uma pele com as funções de barreira preservadas é de suma impor- I
tância. principalmente em áreas onde há maior distensão da pele. Além disso. esses
produtos melhoram a xerose e ajudam no alívio do prurido
- -- -- !
Hiperpigmentação Os cuidados com a pele e a prevenção de autoescoriações podem diminuir a sua ocor- D
pós-inflamatória rência na gravidez
c
-
Pitiríase rósea Émais frequente durante a gestação e sua importância reside no fato de ser diagnós-
tico diferencial importante de sífilis secundária
-- -- -- - - -
_j
Nevos melanoclticos Podem aparecer, crescer e se tornar mais pigmentados. Quanto à incidência de malig- D
nização. os dados são inconclusivos
---
I
- - - - - - --
Granuloma piogênico É mais frequente na gestação. geralmente não necessitando de tratamento. sendo
-
D
-
que a maioria tende a regredir no pós-parto
- - - -
Colestase intra- Há risco de prematuridade. sofrimento fetal e mortalidade perinatal D
hepática da gravidez
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4-l. Co\t.l A, Ah·cs G, Azulay L. Denmtolog1a e Gravidez. R1o de
Janwo: Elsev1er; 2009.
Os mecan ismos na gênese do EAP estão, mu itas vezes, Edema pulmonar secundário à disfunção sistólica
relacionados às mod ificações hemod inâm icas fisiológicas pode ocorrer em pacientes com hipertensão grave, leva ndo
da gestação. As alterações hemod inâ micas, anatómicas e a au mento súbito da pós-carga ou doença card íaca subja-
homeostáticas da gestação por si só tornam a grávida uma cente, como a m iocardiopatia periparto ou card iomiopa-
paciente com alta pred isposição a apresentar edema pul- tias anteriores à gravidez. O desenvolvimento de edema
monar quando submetida à sobrecarga hemodinâmica pulmonar, nesses casos, é facilitado pela q ueda no gradien-
(Quadro 49. 1). O mecanismo básico do desenvolvi mento te de pressão oncótica-h idrostática. A d isfu nção d iastólica
de edema pul monar é regido, geralmente, pela pressão co- foi descrita em gestantes obesas, h ipertensas crôn icas com
loidosmótica do plasma e pelo gradiente de pressão capilar pré-eclâmpsia grave sobreposta.5•6
pulmonar. 3·6
Na gestação c puerpério existe queda acentuada da
pressão coloidosmótica do plasma: 23,2 mmHg no pri- MANIFESTAÇÕES CLÍN ICAS E DIAGNÓSTICO
meiro trimestre; 21,1 mm H g a termo; 16 mmHg após o
parto. A q ueda é ainda mais acent uada nos casos de pré- Nas fases in iciais, a identificação cl ínica do EAP re-
eclâmpsia. A pressão capilar pulmonar pode estar elevada quer elevado grau de suspeita, sendo caracterizado por
por d isfunção vent ricular esquerda, infusão excessiva de taqu icardia persistente, associada a agitação, taquipneia
fl uidos intravenosos ou o fenôm eno de autotransfusão ob- e ocasion ais roncos e sibilas à ausculta pulmonar. Com
servado com cont rações uteri nas no trabalho de parto e a evolução d o q uad ro, h á o aparecimento de hipoxcm ia
no pós-parto imed iato. 3 caracterizada clinicamente por acentuação d a d ificuldade
O utros fa tores associados são o dano endo telial capilar respirató ria, cia nose, uso da musculatu ra respiratória aces-
(justi ficando casos em que há m ín ima d isfu nção hemo- sória e crepitações à auscu lta pulmo nar.s·6
A epsc grave dura nte a gravidez é rara, ma potencial- É a epse a sociada ,1 disfunção orgânica, htpopcrfusão
mente fat,tl. E tt ma- e que aproximadamente 8'\l da gc - ou hipotensão, descrita a eguir: 1 ~
t,tntes apresentem bacterem ia, endo que, ent re e ta , 12tlo a) Vcmtivczs de disfimçtio orgrl11rca
podem de~envolvcr sepse grave.11 H ipoxemia arterial (Pa0/ Fi02 < 300);
O diagnósti o e as diretrize terapêuticas que atual- oligúria aguda (débito uri nário < O,S mi/kg/ h);
mcnte são empregados para pacientes não grávidas devem crcatinina > 2,0 mg/d L;
er aplicados na abordagem du rante age tação." altcraçõc da coagulação ( R I > I, S ou Pl ra >
Existe pouca evidência direta pa ra validar .1 extrapo- 60 ), plaquetopcnia (plaquetas < 100.000/ mm);
lação de alguma modalidades de tratamento da ep c de Hiperbilirrubincmia (BT > 2,0 mg/d L).
outra populaçõe de paciente não gestantes. o entanto,
o diagnó tt o precoce e preciso e o tratamento agressivo b) Variáveis ele perfusiio tccrdual
adequado ão c tratégia que podem melhorar ignifica- Hiperlactatemia (> 2 mmol/L).
tiva mcnte o de fecho. Abordagens como as orientaçõe
11nnvmg cpsrs Campazg11 não foram testadas cm gestantes, c) Vnnáveis lremodi11tlmicas
ma a comprovação científica na melhora do resultado em Hipotensão arterial (PA < 90 mmHg, PA 1 < 70
pacientes ,tdulto justifica sua aplicação em Obstctrícia.1'· 14 ou queda na PAS > 40 mm Hg).
O pilar do tratamento agudo do choque éptico compre- A evolução do choque séptico pode er r:ípida e fulmi-
ende a expan ão volêmica e a correÇ<io da ab oluta ou relativa nante. Portanto, o tratamento anti microbiano empírico
hipovolemia. A pressão arterial, a frequência cardíaca, o débi- deve ser iniciado precocemente. A hcmocultura pode aju-
to urinário e o hematócrito são, convencionalmente, usados dJr na selcção da antibioticotcrapia em algu ns casos.
para indiretamente avJiiJr o volume intravascular. Embora A terapia empírica deve cobrir ampla variedade de bac-
e ses critério sejam adequados para a iniciação da ressus- térias aeróbi.ls c anaeróbias (gram-negativo e gram-posi-
citação volêmica, eles não são bons padmetros para guiar a tivo). Um esquema sugerido é ampicilina (I a 2 gramas a
manutenção do tratamento c o uso de drogas inotrópicas. cada quatro a seis horas) associada à gentamicina (1.5 mg/
O cateter de artéria pulmonar (cateter de Swan-Ganz) kg em dose única diária) c clindamicina (600 a 900 mg a
é a melhor técnica para monitorar a terapia, pois a pressão c,1da oito hor.1s) ou mctronidazol (15 mg/ kg inicialmente
venosa centr::d (PV' ) é menos precisa na gestante c não c então 7,5 mg/ kg a cada seis horas).
permite a determinação do débito cardíaco e das vari:íveis
relacionadas com o débito e utilização peri férica de oxigê-
nio. Estudo multicêntrico de gestantes com scpse tratada · TRA rAMI- ro CIRúRG I CO
com monitorizaç.io baseada na cateterização da artéria
pulmonar demonstrou que as alterações hcmodi n.lmicas c No abortamento infectado, o esvaziamento uterino
os fatores de melhor prognóstico nessa população não dife- deve ser cfctuado logo após o início da antibioticotcrapia.
ria m dos parâmetros util izados 11;1 população não obstétri- Nos casos graves, com persistçncia das alterações sistémi-
ca, ou seja, a normalização da resistência vascular sistêm ica cas e/ou suspeita de perfuração uterina, a laparotomia ex-
e melhora da capacidade funcional do ventrículo esquerdo. ploradora está indicada.
Na corioam nionitc, o parto é o pilar da terapêutica
inicial. Prefere-se o parto vagi nal nas gestantes hemod in:i.-
A<,E TL~ l OTRÓI'ICO~ L A~OAl l\'0~ micas est:íveis c nas situações de inviabilidade fetal. A cc a-
riana só deve ser indicada em benefício fetal ou diante da
a hipotensão persistente e se houver necessidade de necessidade de rápida remoção do foco infcccio o.
melhor,lr o débito e o consumo periférico de oxigênio (de- A histerectomia será indicada se forem identificados
nomi nado de 00 1) , o uso de suporte inotrópico c de ami- rn icroab cesso no miométrio ou se houver evidência de
nas vasoativas está ind icado. Uma combinação terapêutica deterioração clínica, apesar do tratamento anti microbia-
utilizada atualmcntc é a associação de dobutamina c um no e clín ico adequados, c na pos ibilidade de miometrite
agente vasoativo, como a norad rcnalina. necrotizantc por Clos/ridiu111 (hcmólisc, hemoglobi núria,
insuficiência renal c gás cm tecidos pélvicos).
Pacientes sépticas apresentam aumento da demanda Deve ser realizada o mais rápido possível e fin alizada
metabólica por oxigénio e reduzid.1 capacidade de utiliza- nas PRIMEIRA SEIS HORAS: n 16
ção periférica, resultando em hipóxia tissular. Metabolis- Solicitar lacta to ·érico e hemoculturas (duas amos-
mo anaeróbico c progressivo déficit de oxigénio levam a tras) antes da ad ministração de antibióticos;
acidose lática, disfunção orgânica e morte. O uso do cate- iniciar antibióticos de amplo espectro dent ro das
ter na artéria pulmonar permite a avali.1ção c cálculo dos primeiras horas do diagnóstico;
parâmetros relevantes para o débito e consumo periférico caso haja hipotensão ou lactato > 4 mmoi/ L, iniciar
de oxigénio. A oferta de oxigénio deve ser au mentada até infusão de líquidos com bolus de 20 mi/kg de cris-
que o níveis de ácido lático retornem ao normal. taloidcs ou equivalente de coloides; as reinfusões
O tratamento, cm li nhas gerais, não difere d,1 paciente O conceito de parada cardiorrc piratória (PCR) é .1
não grávida. Os objetivos principais são:1- cessação súbita de ati vidade mcdn1ca cardíaca, resultando
Evit,tr a obrccarga de volume c a complicaçõe cm .1u ência de pul o cent ral, em mdivíduo não portador
c,trdiovasculares associada ; de doença term inal. É considerado evento raro no ciclo
prcvcn ir e tratar as compiicaçõcs metabólicas, corno gravídico-pucrperal, ma de con equênci.ls graves para o
hipcrpotasscmia c acido e; binómio materno-fetai.1Y
tratar a hipertensão; Nas pacientes cm monitorização clctrocardiográfi ca,
evitar dano renal adicional por medicamento (an- a PCR pode manife ta r-se por fibrilação vcntri ular (FV),
ti-inflamatórios, ami noglico rdeo ); taquicardia ventri ular (T ), assi toli:t e atividadc clétrica
fazer nutrição balanceada: adequada ingc tão caló- sem pu lso (AESP) - definição para os traçados cletrocar-
rico-proteica e redução de sódio e pot:\s io; diográfico cm atividade mecânica (idiovcntricular, di -
avaliar o bcm-c ta r fetal; sociação, bradiassistol ia). 1011
interromper a gravidez, quando indicado; a a sistência à gesta nte com P R, além dos princí-
realizar o tratamento dialítico, quando indicado. pios básicos do uporte bá i o c avan ado de vida, quatro
ponto fundamentai devem ~c r obedecidos, ba~cados na
O Quadro 49.4 apre enta, de forma sintética, o trata- alterações fi iológicas da gc taçjo:
mento da IRA . deslocamento uterino para a c qucrda;
E tá indicada diáli c peritoneal nas seguintes ituaçõcs:1- abordagem precoce c enérgica da~ v1a aérc.1s;
Sobrccarga de volume refrat.íria; parto dentro de cinco mi nutos de PCR c, se houver
acidosc metabólica refratária; viabilidade fetal, realizar cesariana perimortem de ime-
hipcrpotas emia rcfratária; diato, con idcrando que e e pro cdimcnto é p.ute
ureia acima de SO mg/dL; das manobras de ressuscitação;
crcatinina aci ma de 6 mg/ d L; reposição de volume ir ulantc c controle ambiental
urcmia intomática - incluindo alteração mental, pcn ando cm cau a e pecificamente relac1onadas à
neuropatia, pericardite. gravidez e/ ou ao trabalho de parto c parto.11
A maneira mais comum de promover circu lação artifi- Dados de estudos observaciona is com bo ns resultados
cial durante a PCR é por meio da massagem cardíaca exter- após rea nimação e cesariana mostram que a ext ração fetal
na, apoiando as mãos sobrepostas sobre a região esternal, d urante os primei ros cinco minutos de PCR pode mel ho-
três dedos acim a do apêndice xifo ide, com os membros rar o progn óstico feta l e materno, provavelmente por faci li-
superiores retificados. No terceiro trimestre da gestação tar as manobras de ressuscitação. 21•22
esta é a técnica mais adequada devido às modificações Na falta de perfusão cerebral adequada, a anóxia pode
torácicas, com o desloca mento do eixo cardíaco no senti- levar à lesão irreversível do sistema nervoso central. Pre-
do superior. Utilizando a a rticulação do qu adril, joga-se o coniza-se, por isso, a realização de cesaria na no intervalo
peso do tronco sobre o tóra x da paciente, em movimentos de até c inco minutos após a PC R, sobretudo na gestante
ritmados, na frequência de 80 a 100 por m inuto. Na ges- q ue permanece sem pulso após as medidas de rea nimação.
tante, após a segunda metade da gravidez, a realização de Estudos observacionais enfati zara m também a melhora do
massagem ca rdíaca em decúbito dorsal tem sua eficácia prognóstico materno, fazendo com que a cesa riana fosse
O prognóstico fetal depende do intervalo entre a PCR 9. Afessa B, Oeen B, Delke I, Koch K. Systemic lnAamma-
e o momento da extração, observando-se morte fetal na tory Response Syndrome, Organ tailure, and Outcome in
Critically III O bstetric Patients Treated in a n !CU. C hest.
maioria dos casos em que a PC R ocorreu há mais de 15 mi-
200 1;120 :127 1-7.
nutos. Ainda que haja sobrevida neonataC após esse inter-
10. Campbell LA, Clocke R. Update in Nonpulmonary Criticai
valo a taxa de sequelas pode atingir cerca de 70%. 19•20 Esses Care lmplicatio ns for the Pregnant Patient Am j Respir Crit
dados podem ser mais bem-visualizados no Q!ladro 49.5. Care Med. 200 1;63: IOS I-4.
I I. Tollinson M, Caruthers T, WhittyJ E, Gonik B. Does delivery
Qyadro 49.5 I Prognóstico fetal relacionado ao período improve maternal conditionin the respiratory-compromised
entre a PCR e a cesariana22 g ravida? Obstct Gynecol. 1998 ;91: 108- 11.
12. Jcnkins TM, Troiano N H, Graves CR. Mechanical ventila-
Tempo após a Sobreviventes lntegndade do
tion in an obstetric population:Characteristics and dcl ivery
PCR (m1n) (n) SNC (%)
rates. Am J Obstet Gynecol. 2003; 188:549-SS.
I 6 a 15 18 83 ~
' ring pregnancy. C rit Carc Med. 200S;33(S):S86-93.
14. Hotch kiss RS, Karl I E. Thc pathophysiologyand treatment of
I 16 a 25 9 33 ! sepsis. N EnglJ Mcd. 2003;348: 138-SO.
peritônio parietal anterior, posicionando-se posteriormen- a gravide:t inicial: gravidez cctópica, corpo lútco he-
te ao útero gravídico. essa ituação, os sinais de 1rritação morrágico, alpingite aguda c hipcrcmc!>e gravídica. a
desse pcritómo ó c ma nifc tarão qua ndo e in talar peri- gravidez ava nçada: pielonefrite, colcci tite e pancreatite
tonite difu ·a, podendo se apre cntar extremamente atípi- agudas. Pós-parto: tromboflcbitc pélvica, vólvulo cecal c
cos ;\ doença, como na fos ,1 ilíaca esquerda ou cpig,lstrio síndrome de O'Gilvic (p cudo-obstrução inte tina!).
(o local mccrto onde o processo infla matóno cm expamão
,\tingir o pcritônio parietal anterior). 2 4 I R I l t\.\ 11 ,'(('()
A ldcr~ descreveu uma manobra para distinguir a dor de Sempre que houver u peita diagnó ti a importante, a
origem uterina da dor cxtrJutcrina na gravidez mais avan- cirurgia deverá ·er indicada sem demora. Ad mite-se erro
çath . O examinador localiza o ponto de máxi ma dor c, en- diagnóstico em 30 a S09o dos caso~ operados. Durante .1
qua nto o mantém pre ionado, olicita àge tante que c vire gravidez, é mcno maléfica a laparotomia ou !aparo copia
cm decúbito lateral. A dor diminui ou de aparece quando bra nca do que as con cqucncias do atraso de uma cirurgia
a ongem é uterina, pois esse órgão e afàsta dos dedo~. • e o na apendicite aguda. 2 4
procc o for cxtrautcrino, peritoneal, a dor não c modi fica.~ A !aparo copia é con idcrada cgura 11.1 gc tação, de -
as fase · iniciai da apendicite aguda, a temperatura de que alguns cuidado sejam tom.1dos, como: gestante
tende a !>Cr normal. Po teriormcntc, haverá febre que geral- cm decúbito lateral c qucrdo de 15 grau , pa agem do
mente n.1o ult rapa a o ~ grau , cxccto cm fà c avança- primeiro trocartc ob visão di reta 11.1 ge taçõc em que o
das da doença. tamanho do útero o coloque cm ris o de lesão pela agulha
Cunn ingham constatou que o toque reta! possibi lita de Vercss, prc ão intraperitoncal entre IOe I5 m H, no
cncont r.1r dor restrita à direita em 0% das gc tantes com máximo e monitorização fetal intraopcratória. 1
apendici te.' Q\Janto ,i via de acesso lap.1rotôm ica, nos caso típico
O volume ocupado pelo útero gravfdico no abdome re- c iniciai , rccomcndd-sc inci ão tra n vcr~a no ponto de
du, a cfic.lcia do omento maior em bloquear a região apcndi- nlJis sensibilidade. Em c:~-;o de dúv id.1 quan to ao d iagnós-
cular, fi ando a ge~tante mai u ceptível à pcrito111tc d1fusa. tico ou cm gestantes com mdíc1o de 1nfccção d1fusa, mdi-
o pucrpério 1med1ato, a apendicite poderá cur ar ca- e inci ão longitudinal. Em caSO\ de penton1te difusa c
com pouca ma nifc taçõcs cl ínicas, geralmente ocorrendo feto viável, deve-se considerar a possibilidade de se praticar
d1stcmao abdommal e dor difusa devido à peritonite, om cc arian.1, po1 o feto c tá cm elevado risco dcv1do ao mal-
ténue smais de irntação peritoneal e agrava mento clínico -c~tado clínico da gestante. 2 '
geral da puérpera.
PROIJ\;()\T/L(J
I\ \.\11 't .(} \ fi'J f \11 \ 1'\RF\. A mortalidade fetal no casos n.io compli ados é de
Leucograma: embora o número de leucócitos até I,S%, atingindo 35,7% na peritonite difu a. A mortalidade
12.000/ mm3 seja considerado normal na gravidez, m.ttcrna é míni ma nos dois primeiro trimc trcs, atingin-
aproxi mad,tmente 20,6%da gesta ntes com apendi- do 7,39o no terceiro.
Cite aguda apresentam até 10.000 leucó itos apenas.
A realização de leu ograma criado poderá eviden-
ciar leucocitose c desvio à esquerda progre si vos;
exame de urmn rol ma: é geralmente normal, embora
o pro cs o inflamatório apcndicular próximo do ·ua incidcncia está cm torno de um ca~o a cad.1 1.000
trato uri nário po sa alterá-lo; a 3.000 gravidezes, embora seja m relatadas c.tsuísticas de
ultmsso111: tem valor no diagnósti o diferencial com até 1/ 11.467 nativ1vos. A metade da mulherc que apre-
colec1 ti te aguda e poderá cviden iar o proccs o in- ·cntam pancrcatite aguda ante de 30 ano de idade está
flamatório apcndicular; grávida. Cerca de 50% dos c.1sos ocorrem no terceiro tri-
laparoscopw: útil em ca os clecionado , pri ncipal- mest rc c 36,9% no pós-parto. 2 4 '
mente cm gravidezes iniciais.
Na gravidez, os fatores etiológico mais comuns :..io: Ião modifica na gravidez. sendo, a princípio, clím o.
colclití3sc (67 a IOOilo), pré-cclâmpsi3, uso de fármaco Inclui:
(tinídico e tetraciclina) e álcool e cirurgb abdomi nal. Internação cm CT I;
c~t abilização hemodinàmica com admini. tração
\' \ ~ \( l \ de Au1do ;
Algunus paciente~ poderão relatar sintoma ou mesmo correção de distú rb1o hidroclctrolítico c da h1pcr-
diagn tico de doen a biliar prcgres a. A pancreatite aguda gli cmia;
na gravidez manifesta-se bru camcntc com dor epigástrica jejum e ondagem na ogástnca;
violenta, progre iva, acompanhada de n:\u ca c vómitos analgc ia;
persistentes. A dor se irradiará posteriormente em 50% dos 3ntikidos;
ca ·o . Ao exame, comumente e encontra febre baixa, dis- suporte nutricional, com indi ação mais precoce
tensão abdominal e redução do peristalti mo. as formas de nutrição parenteral a grávidas cm que se preveja
leve , manife tam- e apenas náu eas, vómitos e de onforto período prolongado de JCju m;
epig.btnco.Já no ca os grave , a gc tantc apre cnta c ta r gra- antibJoticoterapia cm casos sclecionados;
vemente cnfcrma,cm cst.1do de choque e com sina i de irrit.l- diagnóstico c tr.ltamcnto cirú rgico oportunos de
ção peritoneal difusos. Também poderá ocorrer icterícia. 1· 1 \ complicaçõe , como absces o pancre:\tico, obstru-
ção biliar, perfuração do trato gastrointe tina!. O
LxA \I' r \I \ tratamento cirúrgico ta mbém c tará indicado cm
Leucogmma: leu ocito e de 20.000 a '0.000; casos de má-evolução clínica.
Wllilase: nornulmcntc se eleva progre ivamente
.lté a 2"• emana de gravidez, tendendo a declin3r f>~'(l(, \0.\ 1/l ()
após, m3s 3ind.1 pcrm3necendo acima de valorc · A mortalid3de fetal atinge li a 20\lo c a materna 2I'\'.
pré-gravídico . Apó a pancrcatite, retorna a valore ·
normais em torno de cinco di3s. A .tmilasc é pouco
específica, endo que valorc elevado podem ocor-
rer cm ca o de úl era perfurada, i quem ia me en- ABDOM E AGUDO OBSTRUTIVO
té rica e colecistitc aguda;
lrpase: é mais específica que 3 amib c c per iste ele- Ons 1RU<,' AO I!\ rrSJIN \L
V3d3 por mais tempo. Valores norm3is até 60 U/ L.
t considerada mai e pecífica no di3gn ti o de ua mc1dência vem aumentando, atingindo até um a
pancrcatitc 3guda na gravidez que 3 amibse; trê c.1 os a cada 10.000 gravide7cs, podendo oca ionar
rdaçdo cmu/asr/ clea rance de crealllltllcl : é te te importante mortalidade materno-fet.1l.
n1.1i específico no diagnóstico (94%) que a do-
sagem isolada de amilasc (58%). O valor normal f'lttl/ )(, '
é de I a 4\lo, estando geralmente acima de a 69o .cr.tlmente relaciona-se a aderênci.1s (609o), devido
na pancrcatitc;6 a cirurgi.l ou infecções prévia . O crc ci mento uterino,
hipocalcemi;~ c hiperglicemia nos C3 o graves; levando a de locamento e d istorções de Jlças prcvi.1-
ultmssom: permite evidenci.tr cdem3 pancreático c mentc Jderida , poder:.\ ocasionar obstrução intc tina!,
colelitía c. que gcrJ imente ocorre na primeira gravide? apó o
evento c.tu ador das .1dcrências. Veritic.1-se alta incidcn-
l>t \(.,\'(l\//("0 Dili Ri \ol/ \/
cia de obstrução quando o útero se torna abdom ina I
Inclui a dor cpigástric.1 da pré-eclâmpsi.t, obstruç.io (quarto ou quinto mê ), no terceiro trimestre (SO%) c
inte tina!, úlcera perfurada, colecistite agud3, hep3litc, in- no puerpério imed iato.2
farto agudo do miocá rdio c aneuri ma di ecante da aorta Por outro lado, qua c 2 llo da~ ob truçõc intc tmai!. na
abdomin.1l. gravidez se devem a vólvulo, pela ordem de frequência, do
Inclui o trabalho de parto, gastroentcrite, pielonefrite É ci rú rgico, devendo a paciente ser devidamente pre-
aguda, descolamento prematuro de placenta e a pscudo- parada cl inicamente ante do início da aneste ia, tal com
ob trução intestinal. descrito no tratamento da obstrução intesti nal.
início da quarta décad:l de vida, geralmente no terceiro A mortalidade materna é de 70% c a fetal de 77'1o.
trimestre da ge tação, que se inicia abruptamente com dor
epigá trica ou no hipocôndrio direito, irradiando p:1ra o
ombro, acompanhado de náuseas e vômitos. Ao exame, TRAUMAS ABDOMINAIS
nota-se leve dolorimcnto no hipocôndrio direito, que se DURANTE A GRAVIDEZ
intensifica com o evoluir do processo, associando-se o
choque hipovolêmico. Frequentemente h.í sinai de pré- Os traumatismos ocorrem em 6 a 706 das gravidczc c
ecl.i mpsia. O exame obstétrico geralmente é normai. 2·- são a principal cau a de morte materna não obstétrica du-
0casionalmcntc a rotura hepática poderá ocorrer cm rante a gravidez, repre entando 22%dos ca os. Q ua c S0°o
dois tempos, isto é, ocorre a rotura apenas após ter se for- dos traumatismos na gravidez se devem a acidentes auto-
mado um hematoma subcap ular, que permanecerá conti- mobilísticos.
do por tempo variáver o início do primeiro trimestre, o traumatismo rara-
mente influenciam no cu r o da gravidez, chegando a oca-
L' 1.\11' l o.\11'11.\ll,\ IANI\ sionar ,\bortamento. Por outro lado, quando o fu ndo c.lo
Ultrassom: poderá revelar o hematoma subcapsular, útero ultrapassa a borda da pelve, e pri ncipalmente no final
antes que se rompa. Ocorrida a rotu ra, mostrará da gestação, ele se torna mais vulnerável ao traumatismos.
alteraçõe de textura na região subcapsular, com Por sua vez, o feto e tá bem protegido das contusõe , pelo
li mite impreciso e líquido livre na cavidade; líquido amniótico que o envolve c que absorve parcial-
parncenlese: dependendo da idade ge tacional e do mente os impactos.8 11
quad ro clínico, poderá ser útil na confirmação de
hemoperitôn 10 .
TRAL i\t A '' "'"tos A nnm..t ll\A I S PLN FTRA Nn"
Dlll• \(l'f/( (l Dll LRI \ l i \I
Dor epigástrica da pré-eclâmp ia, pancreatite aguda, FI RI \ f i ' fll\ I'OR -\R \r'' I li 1-'nt.o
colccistite aguda, gastrite e infarto agudo do miocárdio. Ao ocupar localização central no abdome, o útero c
torna o órgão abdomi nal mais susceptível à lesão nesse
'l/:\\11\rr\IO
tipo de traumatismo. Corno o útero não é vital à paciente,
É cirúrgico, com o objetivo de hemostasia e interrup- sua lesão isolada se associa a baixa morbidade materna c
ção da gravidez em que há pré-edâmp ia a ociada. e a mortalidade praticamente nula. Contudo, verifica- c lesão
situação, estando o feto vivo, a operação deverá ser inicia- feta l em 59 a 80%do ferimentos uterino por arma de fogo,
da com o tamponamcnto temporário da lesão hepática o que determina mortalidade perinatal de 41 a 7 1%.s 10
com compressas, seguida pela cesariana. Após a cesariana
é que serão tratada definitivamente a le ões hepáticas. fR \I ~ \ri \ I(}
Para tanto, o trata mento de eleição é a utura das lc õcs
Embora o trajeto do projétil de arma de fogo no interior
hepática , associada .l epiploplastia e drenagem. Porém, do corpo humano po sa ser imprevi ívcl, a identificação
A
heterossexuais com história de hcmotransfusão, entre mu-
foi descrita como uma nova entidade clínica em lheres c, finalmente, em dezembro de 1982, foram descritos
1981, quando o Centers of Diseasc Contrai and os primeiros casos de transmissão perinata l, com o surgi-
Preventio11 (C DC) relatou casos de pneu mon ia causada mento de crianças infectadas. A identificação de retrovírus
pelo P11eumocystis carinii (PPC) e de sarcoma de Kaposi en- como agente etiológico da AIOS ocorreu cm 1983, quase
tre homossexuais. 1 simultaneamente, por cientistas franceses e amcricanos. 2
As pesquisas iniciais indicavam que se tratava de doença A infecção pelo vírus da imunodcficiência humana
infecciosa transmitida através do ato sexual. A seguir, foram (HlV) induz imunossupressão progressiva, que resulta
descritos casos entre usuários de drogas injetávcis e entre em profundo desequilíbrio da imunidade celular, levando
ao aparecimento de in fecções oportuní tica , neopla i.1 c 1980 e junho de 2009 foram registrada 21-.091 morte em
outra~ manife.,taçõcs clínica~. como demência c caqucxia. decorrência da doença. Entre elas, SS<lo estão na fai xa etária
A AID · é a nunife~tação clínica avançada de ,t mfecção. de 20 .129 ano . Entre 2000 e 2009 foram notilicad.wr .- os
gestantes in fectadas pelo HI V no Brasil. Anual mente, três
milhõe de mulheres dão à lu7 no BraSil. Em 2004, nu ma
ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS pcst]uisa com ,\mostra reprcscnt.lliva J c partunentc de I
a 49 anos de idade, de toda~ as regiões do pa ís, .1t.1xa dl· pre-
O Program.l das Nações Unidas par:t o HI V/AIOS valência de mulheres portadoras do H IV no momento do
{U AIO ') c~t imou que, no fi nal de 200R,33,4 milhões de parto foi de 0,42%, o que corresponde à cstim :~ ti v:1 cm torno
pc o:ts viviam com o vírus da imunodcficiênci.t hununa de 12.644 p.1rturicnte infectada. .s
{H IV) cm todo o mundo. De te total, cerca de metade (apro-
xi mada mente 15,7 milhões) eram mulherc .1 C tlcuiHc que
S'\J dcl.1\ c tav.1m em 1dade rcprodutiva, o que duma c pc- HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA
cial atenção p.m o ri~ o de transmi ão vertical do H I . Es-
se dado tém, amda, m,1ior rclcvâ nci:t quando e onsidcr.1 Exbtem vária fases no procc~so da docnç.1 pelo HIV,
que, dos ca ·os novos de infecção pelo H IV, quase 200u ocor- desde a infecção até o de envolvimento da AIO. :q 14
rem cm crianç.t\ abaixo de I5 anos, sendo 90'\J dcl.1 conta- Na infecção rctroviral aguda, a pc so.t de envolve
minada durante a gr.widez, parto ou amamentação. doença cl inicamente cmclhante ã mononucleose
Percebe- c .1 muda nça no padr.1o de tr.111srn i~~ão do cm até 70% do ca os. O tempo decorrido entre a
H IV Atualmcntc, a v1.1 cxual (homo ou hetero) é a pnn- cxposi ão e o início da smtomatolog1.1 v,nia entre
cip.ll vi.1 de intêcção, sendo respons.ível por cerca de 80% dua c quatro semanas. E ·a fa c é de alta viremia,
dos novos ca o.,. podendo durar uma a quatro scm.1nas;
A cxp.tnsão da epidcmi:t tem, na via hetcros cxual, im- a soroconvcrsão ocorre ci a 12 cm.tnas .1pó
port.ultc aliado: as doença cxualmcntc tran mi íve i ~ o evento responsável peb transmiss;io do I II V
(DST ). Têm- c observado incremento no~ diagnóstico Atualmcntc, utilizando- c os te.'>tc~ orológico de
de gonorre1a c 1fil i c de outra D T . Por outro lado, os rotina, mai de 95°o dos pacientes apresentam soro-
adolc ·ccnte c t.to iniciando ,·ida cxual ma i precoce- po itividade no decorrer dm e1 me c seguintes à
mente e sabe- c que rclaçõe exuai precoce!> a~~o iam-se exposição;
a múltiplm parcc1ro , aumentando o risco de trammi ão na tàsc de infecção a intomática, .1s pcs oas não
das D Ts, mclumdo- c o H I . exibem outros achados, além de linfàdcnomeg.tlia
Ainda não se ~abe e a menor sobrevida após a infecção generalizada e persistente cm doi <, ou m.11s ítios cx-
ent re as mulheres deve-se ao gênero c a possíveis v.1riáveis tr.tinguinais. Os linfonodos têm altas conccntraçõe
biológica ou .1 diferente acc o ao istcma de saúde. 1 ' do vírus em c t.1do latente, pois o tecido linfoidc fun-
Problema complcment.u à transmissão heterossexual c ciona como cu principal rc crv.ttório. Es'a fàsc pode
que expõe sobremaneira .1 mulheres é que .1 transmis ão durar, em médi.1, lO anos;
do vírus é ma is eficiente do homens para as mulheres, a infecção sintomática ini ia I inici.t- c com sina i~ e
quando de rela oes exua1s sem protcção. . 1ntoma~ constitucionais que ocorrem cm deficiên-
Outra~ situa ões contribuem para mai vulncr.tbilidade cia imu nes de forma geral. Ta i m.m 1 fc~taçõe ap.1-
das mulhcrc~ ao I II :o .lUmcnto do u o de droga ln)etã- rcccm cm pacientes com contagem de linfócitos T
vei ; o crescimento do comércio exual; o empobrecimento C D4 ·entre 200 e -00 célula!. mm 1• Es .1 fase inclui
da população; c a precariedade dos serviços de atenção à condições cl ínicas existentes, ma · aind.t não indi-
saúdc.6 O Brasil cguc as característica mundi.1is da epide- cadora de AIO , tais como cand1d íasc orofarin-
mia. egundo dados recentes do Mini tério da , aúdc, cerca gcal e/ou vulvo-vaginal. di p!J!tia ervica l, hcrpe!t
de 630 mil pes oas vivem com o HIV no Bra 11. O numero Zo ter, doença inflamatória pélvtca c outr.ts;
é estimado, pois ão notificados apenas o casos de soropo- a AIOS, como doença totalmente m.1nifcsta, carac-
itivos que tomam medicamento antirretrovirai!.. Entre teriza- c por contagem de linfócito~ T C 04' ab.tixo
TRANSMISSÃO DO VÍRUS
ASPECTOS BIOLÓGICOS E
PATOGÊNESE DO VíRUS O vírus pode ser transmitido por três vias: sexual, san-
guínea e, na mulher grávida, da mãe para o feto.
A transmissão sexual é, atualmentc, a via mais impor-
O H IV é um RNA-vírus da família dos retrovírus. Pos- tante de disseminação do HIV. A transm issão sanguínea
sui envelope lipídico externo que contém diversas glicopro- ocorre por transfusões com sangue contaminado ou seus
teínas estruturais (gpl20, gp4 l, pl7/ 18, p24/ 2S) envolven- derivados ou pelo compartilhamento de seringas contami-
do o núcleo central (core) cilíndrico, que contém as proteínas nadas, quando da in fusão de drogas por via endovenosa.
estrutu rais, o RNA e as enzimas transcriptase reversa e pro- A tra nsmissão vertical pode se da r em três momentos:
tcase. Foram descritos dois subtipos capazes de levar â sín- no período pré-parto (intraútero), em qualquer momento
drome de imunodeliciência adquirida, o HTV-1 e o HIV-2. da gestação; no período periparto, durante o trabalho de
O primeiro é o subtipo mais prevalente no Brasil e o último parto ou ao nascimento; no período pós-parto, através do
é identificado em diferentes regiões do mundo, mas sempre aleitamento materno.
SEXUAL
PERINATAL
Desde as primeiras investigações sobre a nova doença
e seu agente etiológico, as práticas sexuais foram identifica- Já está bem-estabelecida a transmissão do Hl V da mãe
das como importante via de transmissão do HIV Estudo para o feto no decorrer do ciclo grávido-puerperal, seja atra-
realizado em 1992 indicou que aproximadamente 75% das vés da placenta, no parto ou aleitamento. A possibilidade de
infecções por HIV ocorridas no mundo todo relaciona- transmissão materno-fetal varia entre I 5 e 40%, dependendo
va m-se às práticas sexuais. 14 de fatores materno-fetais, eventos obstétricos e característi-
Está bem-estabelecido que qualquer forma de relação cas do vírus; risco adicional de transmissão após o parto por
sexual em que haja troca de fluidos entre os parceiros repre- meio do aleitamento materno é estimado entre 7 e 22%. 16
senta risco de transmissão do vírus, com diferentes graus de
infectividade, na dependência das diversas práticas sexuais.
O sexo anal desprotegido tem sido referido como a prática DETERM INANTES E FATO R ES DE R ISC O
de mais alto risco, tanto em homens como nas mu lheres. 12•15
O vírus é encontrado em mais concentração no sêmen No Q!Jadro 51.2 estão listados os principais fatores de
do que nas secreções vaginais. Por outro lado, a mul her risco que possibilitam alta taxa de transmissão do vírus du-
expõe grande superfície de mucosa bem vascularizada rante o ciclo gravídico-puerperal.
durante o ato sexual, tanto da cérvice uterina quanto da Uma série de publicações vem demonstrando diversos
vagi na, o que pode explicar a grande fac ilidade de trans- fatores de risco que aumentam a taxa de transmissão peri-
missão do vírus do homem para a mulher. Estudo europeu natal do HIV. Entre os fatores obstétricos, especial atenção
apresentou resultados que sugerem a transmissão homem- deve ser dada à rotura das membranas. Verificou-se que
-mul her duas vezes mais signi ficativa do que a transmissão mais tempo de rotura se associava a elevada taxa de trans-
mulher-homem. 16 missão perinatal do vírus, com aumento de 2% a cada hora
Estudos prospectivas realizados em diferentes países tra nscorrida.18 . 21
em casais sorodiscordantes têm mostrado eficácia de pro- Vários estudos têm demonstrado que a carga vira! ma-
teção contra a infecção em praticamente 100% dos parcei- terna está diretamente relacionada à alta ou baixa probabi-
ros soronegati vos quando os casais usam o preservativo lidade de transmissão vertical do vírus. Apesar de não estar
em todas as relações sexuais. Estudo nacional, multicêntri- estabelecido o nível de viremia plasmática materna capaz de
co confi rmou essa assertiva. 15 predizer individualmente o risco de transmissão, esse parâ-
Vá rios estudos têm demonstrado a importância de di- metro é considerado o principal determinante na transmis-
versos fatores e cof~1tores que faci litam a transmissão hete- são vertical do HIV. 22' 24
rossexual do vírus: 1- O estudo WITS (Women and lnfan ts Transm ission Study
Doenças sexualme11te transmissíveis (DST): ulcerativas Group), analisando 552 grávidas seropositivas, reportou
(mais frequência de transmissão) e não ulcerativas; percentuais diferenciados de transmissão peri natal do ví-
na injecção pelo H IV: fase aguda ou avançada da rus, na dependência da carga virai materna ( RNA). Ql1an-
infecção (pela maior vi remia), baixa contagem de to mais expressiva a carga virai, mais alta a probabilidade de
linfócitos T CD4+, não adesão aos antirretrovirais, transmissão do HIV. Para as grávidas com virem ia abaixo
homozigosidade para o receptor CCR5; de 1.000 cópias/ mi, não houve transmissão peri natal. 2s
Entre 14 e 28 semanas de Assintomática, com contagem de LT Profilaxia com TARV combinada (associação de três ARVs)
gestação CD4+ :<!:350 céls/ mm3
Após 28 semanas de Assintomática. sem contagem de LT Coletar sangue para contagem de LT CD4+ e CV, iniciar
gestação CD4+ disponfvel imediatamente a profilaxia com TARV combinada
(associação de três ARVs). independentemente do
resultado de LT CD4+ e CV I
< 14 semanas e contagem Assintomática, com contagem de LT Introduzir TARV após a 14' semana de gestação
de LT CD4+ próximo de 350 CD4+ entre 200 e 350 céls/mm 3
céls/mm 3
< 14 semanas e contagem Assintomática. com contagem de LT Introduzir TARV e manter após o parto
de LT CD4+ próximo de 200 CD4+ entre 200 e 350 céls/mm3
céls/mm3
Independentemente da IG Assintomática, com LT CD4+ <200 Introduzir TARV, mantendo após o parto. Introduzir
céls/mm3 quimioprofilaxia para infecções oportunistas
Independentemente da IG Sintomática Introduzir TARV. mantendo após o parto. Introduzir I
quimioprofilaxia para infecções oportunistas
TARV = terapia antirretroviral(esquema trfplice); ARV = antirretroviral; CV = carga virai; LT = linfócitos T; IG=idade gestacional.
Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde.30
Quadro SIA IAnt irrctrovi rais, Cc~tegorias de Ge ·taçâo do FDA e passagem tran placentária
Alil i llt'I'O\ I' di [d!t'ljlJI I ,I~ dt• Gt•Stdl olll ild FDA P.~sso~qc111 pe l e~ p l d< t'll\.1
IFood diH~ Or uq klilll l lll~t r ,lt•t J III
llrll)l{ilJit~s lit~ trdnscrrptdst~ reversd dll.tloqos dt~ Hrclcosrdt>os e de nucleot1dt!OS IITRN e IT RNtl
:
I Abacavir c Sim(ratos) !
~
Tenofovir B Sim(humanos) I
Oarunavir Ignorado
Fosamprenavir c Ignorado
lndinavir c Sim (humanos)
l opinavir/ritonavir C!B Sim (humanos)
ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL
Quadro 51.6 j Medicamentos e esquemas para iniciar
Na a sistência pré-natal à grávida soropositiva, deve-se TA RV na ge tação
levar em consideração, em primeiro lugar, a época do diag- Grupo Prrrnerril Seçjtrrldn escolhél
nóstico. A abordagem da paciente diagno ticada recente- ldrmacologrco escolha
mente difere cm alguns a pecto da grávida já portadora
crônica do vírus. Os pontos fundamentai e a diferenças
21TRN IAZT+3TC- - +ddl-EC- +3TC ou d4T + 3TC
na abordagem e tão sumarizado no Quadro ' 1.7. lP I LPV/r SQV/r
ITRNN NVP•
AZT = zidovudina; ddl EC = didanosina entérica; 3TC = lamivudina.
A PR I ME I RA CONSU LTA d4T = estavudina; NVP = neviraprna
LPV = loprnavir. r= ritonavir como adjuvante farmacológico. SOV = saqurnavir
' A NVP deve ser usada com cautela em mulheres com lrnfócrtos T CD4+
Deve- c obter a história atuai e prévia abra ngendo- c os O!250 céls./mm1 devido ao risco elevado de hepatotoxicidade.
aspectos cl ínicos c obstétricos da paciente, principalmente
Vacina para tétano e difteria Indicado o reforço caso a última dose tenha sido administrada há mais de 5 anos. Se a gestante
(dT) não for vacinada ou o estado vacinai for desconhecido, indicar três doses (esquema-padrão).
Vacina para hepatite B Recomendada para as gestantes suscetíveis (Anti·HBs negativo). em situação de risco. A dose
deve ser o dobro daquela recomendada pelo fabricante: momento O, 1, 2 e 6 ou 12 meses.
lmunoglobulina humana para Recomendada para as gestantes suscetíveis (anti-HBs negativo). as usuárias de drogas que com-
vírus da hepatite B(HBIG) partilham seringas e agulhas, aquelas que tenham tido contato sexual desprotegido com pessoas
HBsAg positivo ou em caso de vítimas de violência sexual. Deve ser iniciada ainda nos primeiros
14 dias de exposição.
Vacina para hepatite A Recomendada para as gestantes suscetíveis (anti-HAV negativo) coinfectadas com hepatite Bou C.
! Realizar duas doses com intervalo de 6 meses.
lnfluenza Recomendada anualmente para os infectados pelo HIV, antes do período da influenza. Vacina
inativada trivalente, 1 dose anual, pode ser feita na gestação. i
!
lmunoglobulina para vírus da Recomendada para as gestantes suscetíveis (antiWZ negativo), após exposição em ambiente
varicela-zoster (WZ) doméstico. hospitalar ou com vizinhos próximos. l
Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde.JO
,A.CTS
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Odds fta110
Figura 51.1 I Estudos de coorte de mães soropositiv.ts, mostrando a protcção da ce ariana eletiva na transm is~ão do H I
durante a ge~taçâo.
4~
Fonte: 1l1e lnternational Pcrinatal H IV Group.
Embora os dados atuais ainda ejam limitados, acre- AZT ENDOVENOSO NO TRABALHO DE
dita-se que o benefício adicional da cesariana clctiva na PARTO E ANTES DA CESARIANA ELET IVA
prevenção da tran mis ·ão vertical com nível de carga
vira i i ndetcct~vel cja irnprovávcl. 49 Baseado em estudo Toda gc tante oropositiva para o H IV deve receber
internacionais, o 1inistério da aúde recomenda o par- AZT cndovcno o no início do trab.tlho de parto até o
to por cc ariana eletiva em toda as mulhcrc com carga nasci mento do recém-na cido, independentemente do
virai igual ou superior a 1.000 cópias/ mi, determinada a esquema antirrctroviral utilizado no pré-m tal e do nível
parti r de 34 semanas, ou naquela · cm que esse parâmetro da carga vir.tl.
laboratorial não e tiver d i ponível. Para mulheres com Os antirrctrovirais que a gestante estiver usando du-
carga virai inferior a 1.000 cópias/ mi, aferida a parti r de ra nte o pré-natal devem ser mantido no período da in-
34 emana de ge tação, a via de parto é por indicação ternação para o parto, independentemente do período
obstétrica.lo de jejum e do uso de AZT injetável, para maximizar o
A incidência de complicações pós-operatórias cm pa- efeito de protcção da transmissão vertical c reduzir o ri~
cientes seropositivas parece ser mais alta do que na popula- co de desenvolvimento de resi tência ao antirrctrovirai .
ção obstétric.t cm geral. Existem algu ns estudos retro pccti- Se os medicamentos forem interrompidos após o parto
vos c outros prospectivas, mostrando elevadas taxas de febre, (TARV para fin profilático ), toda~ a droga devem cr
endomctritc, infecção da ferida operatória e pneumonia nas uspen as conJuntamente, cxccto os esquemas contendo
pacientes H 1V positivo submetida à cesariana (eletiva ou ncvirapina ( V P), no quai e ta deverá cr retirada ini-
de urgência), quando comparadas às que tiveram parto por cialmente, mantendo-se AZT c 3T por um pcrfodo de
via vaginai.'IS.w Estudo realizado em Belo Horizonte com- uma a duas semanas, para evitar resistência à VP. Ca o
parando a morbidade de puérpera portadora (n=82) c a gestante esteja utilizando cstavud ina, esse medicamen-
não portadoras (n= 123) do H 1V, com segui mento .lté suas to deve ·er interrompido ante da administração de AZT
semanas apó o parto, mo trou que a morbidade é muito endovcno o. 30
semelhante, apesar do risco au mentado de endomctrite no Em gc tante que forem ubmetida à ce ariana clcti-
grupo portador do vírus.'1 v,t, a infusão de AZT deve ser iniciada três horas an tes da
~
80 kg 16ml 39 tical nesses casos;
ob erva r o padrõc de segurança já conhecido. ao
90 kg 18 mi 39
util izar farmaco · que aumentam a atividade uteri-
Mdlllltençao llm\Jik\J/horal em1nfusao con t Jntlil na, apesar destes não estarem contra indicados;
40 kg 4ml 35 I
não us:~r procedimento invasivos (escalpo cefáli-
I 50 kg
- -
5ml 35 I
co), que e ·tão cont ra indtcado , a im como fórcipe
e vácuo-extrator;
l_ 60 kg
70 kg
80 kg
6ml
7ml
8ml
35
36
36
-1 I
ma nter a bolsa íntegra, sempre que possível, até o
período expulsivo;
clampar imediatamente o cordão após a cxpul ão
- fet:~l;
90 kg 9ml 36 I não isolar a paciente portadora do H IV, tendo o cu i-
Fonte. BRASIL Ministério da Saúde.30 dado de lhe rc crvar banheiro privativo.
MEDIDAS GERAIS
EFEITOS ADVERSO S
A puérpera deve ser adequadamente orientada sobre os DOS ANTIRRETROV IRA I S
riscos da transmissão do vírus através do leite e da contrain-
dicação do aleitamento materno.
A equipe deve estar atenta para ina i de depressão e/ O s antirretrovirais (ARV) recon hecidamente trazem
ou baixa autocstima que possam surgir nesse período, diver o efeitos colaterais, principalmente com uso pro-
principal mente pela proibição da lactação, oferecendo longado. As alterações fisiológicas que ocorrem durante
sempre apoio psicológico e social. a gestação podem afetar a cinética da absorção, distribui-
Para a pacientes que não necessitarem da manutenção ção, biotransformação e eliminação dos medicamentos,
da TARV após o parto, deve-se ter cuidado especial caso alterando potencialmente a susceptibilidade da gestante à
o esquema adotado inclua a nevirapina. Nessas situações, toxicidade aos diferentes fármacos.
como já sugerido anteriormente, a suspensão da nevirapi- A maior parte das informações referente!> à segurança
na deve anteceder a suspensão dos outros nucleosídcos em dos medicamentos na gestação é oriunda de estudos reali-
uma a duas semanas. Essa medida tem como objetivo di- zados em animais, relatos de caso c registres de dados de en-
minuir o risco de resistência vi rai devido à maior meia-vida saios clínicos. Os dados pré-clínicos não se correlacionam
da nevirapina. necessariamente com os eventos adversos em humanos.
É fundamental que seja garantido o retorno da paciente Entre os antirretrovirais disponíveis, a zidovudina é a que
à maternidade (ou ambulatório) entre sete e lO dias após o mais apre enta dados relativos à segurança na gestação; as
parto, além da revisão puerperal habitual no pucrpério tar- informações sobre os outros antirretrovirais ão limitadas. 10
dio. Como as puérperas infectadas pelo H I V têm a lactação
inibida, a introdução de método contraceptivo deve ser dis-
cutida já na alta hospitalar, podendo ser iniciados os contra- SOBRE A MÃE
ceptivos hormonais orais ou injetáveis quat ro semanas após
o parto. A puérpera deve er orientada sobre a importância t bastante conhecida a pancitopenia que pode ser cau-
do método de barreira associado à contracepção escolhid:1. sada por.AZT dura nte a gravidez, levando a grave anemia e
linfopenia em algumas mulheres. A frequência de anemia
observada em gestantes cm uso de zidov udina para profi-
INIBIÇÃO DA LACTAÇÃO laxia da transmi são vertical do H IV varia de 2 a 40% nos
diferentes estudos, incluindo esquema profilático usados
O enfaixamcnto das mamas deve ser realizado logo por períodos muito va riáveis. Ela deve ser interrompida
no pós-parto imediato, com o objetivo de inibir a lactação. quando a hemoglobina e tá abaixo de 8 g/ dL ou quando
Essa medida clínica res ulta cm inibição efetiva da lactação os neutrófilo estão abaixo de 1.000 células/ mm 1.
cm cerca de SOOu da pacientes. O enfaixamento deve ser O fenômeno da toxicidade mitocond ria l, provoca-
mantido por período de etc a lOdias, tomando-se o cuida- da pelos inibidores da transcriptase reversa nuclcosídco
do de orientar a puérpera para não promover manipulação (ITRNs), também foi registrado em algu mas gestantes.
nem estimulação das mamas. Alguns investigadores têm levantado a hipótc c de que a
Ql.Jando necessário, nos casos de insucesso do enfai xa- toxicidade mitocond rial seja mais comum nas grávidas do
mente contínuo na inibição da lactação, pode-se recorrer que nos outros paciente que usam esses medicamento 9 ·40
Qj1adro 51.121 Efeitos colaterais primários maternos associados aos antirretrovi rais
Class1f1cação e
t1pos de Efe1tos colaterais pnmános e tox1c1dade
ant1rretrov1ra IS
- - - - ----------- ~-- - - - -
Zidovudina (AZT) Anemia. neutropenia. náusea, cefaleia. insônia, dores musculares e astenia I
Lamivudina (3TC) Dores abdominais, náusea, diarreia. rash e pancreatite I
Estavudina (d4T) Neuropatia periférica; cefaleia, diarreia, náusea, insOnia, anorexia, pancreatite, provas de função hepática
aumentadas; anemia e neutropenia
Didanosina (ddl) Pancreatite. acidose lática, neuropatia, diarreia, dores abdominais e náuseas I
Abacavir (ABC) Náusea. diarreia. anorexia, dores abdominais, fadiga, cefaleia. insônia e reações de hipersensibilidade !
ln1b1dores da Transcnptase Reversa não Nucleosídeos (ITRNNs)
Nevirapina (NVP) Rash (incluindo síndrome de Stevens-Johnson), febre, náuseas, cefaleia, hepatite, e provas de função
hepática alteradas
Delavirdina (DLV) Rash(incluindo síndrome de Stevens-Johnson). náuseas. diarreia. cefaleia. fadiga e provas de função
hepática alteradas
Efavirenz (EFV) Rash (incluindo síndrome de Stevens-Johnson), insônia, sonolência. tontura. distúrbio de concentração e
anormalidades do sonho
ln1b1dores de Protease (IPs)
Ritonavir (R1V) Astenia, diarreia, náuseas, parestesia perioral. alterações do apetite e aumento de colesterol e triglicerídeos
Saquinavir (SOV) Diarreia, dores abdominais. náuseas. hiperglicemia e provas de função hepática alteradas
I
Amprenavir (AMP) Náuseas. diarreia. rash. parestesia perioral. alterações do apetite e depressão I
Lopinavir/ Ritonavir Diarreia, fadiga, cefaleia, náuseas e aumento de colesterol e triglicerídeos I
I
~adro' 1.1 , Grau de recomendação para a intercorrências gestacionai e a profilaxia da transmi ão vertical do H IV
_ Grau de
CaracterJStlcas Ev1denc1as d -
recomen açao
Transmissão heterossexual j A transmissão do vírus é mais eficiente dos homens para as mulheres. quando
do vírus de relações sexuais sem proteção. j B
Quadro 51.13 1Graus de recomendação para as intcrcorrências gestacionais c a profilaxia da transmissão vertical do H IV
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A
s infecções maternas contribuem de forma fetai c iniciar, guando possível, o tratamento durante a
importante para o aumento da morbimor- gestação, a fim de diminuir o risco potencial de acome-
talidadc perinata l. Seu rastreamento tem timento fetal. Neste contexto, as infecções perinatais
como objctivo diagnosticar precocemente as infecções causadJ pelo toxopla ma, Treponema pallidum, citomc-
galovírus, herpesvírus e pelo vírus da rubéola ocupam Os anticorpos IgA são detectados no fina l da primeira
lugar de d estaque, tanto pela sua frequência quanto pela semana após o contato com o toxoplasma. Na toxoplasmo-
gravidade do acometimento fetal. As infecções pelo se aguda, os anticorpos IgM e lgA au mentam em paralelo,
Streptoccocus do grupo B e pelos vírus da hepatite tam - sendo que estes últimos persistem, em média, por três a
bém serão abordadas pelas suas possíveis complicações q uatro meses após a infecção. D essa forma, a p resença de
no recém-nascido. lgM associada a anticorpos IgA é ind icativo de infecção
recente (Figura 52.1).
Os anticorpos IgE parecem ser os primeiros a serem
DIAGNÓSTICO DA INFECÇÃO MATERNA produzidos após o contato com o toxoplasma. Sua cinéti-
ca é semelha nte à da IgM. Altas concentrações desses an-
Nas infecções congenitas, o exa me laboratorial assume ticorpos podem ser observadas nos primeiros dois meses
papel fundamental, uma vez que a maioria dessas infecções após o contato com o pa rasito e não são mais detectadas
são assintomáticas e, quando apresentam sintomas, estes após quatro meses. Sua utilização prática no diagnóstico
são normalmente inespecíficos. Dessa forma, é funda- da toxoplasmose aguda ai nda não foi estabelecida, um a
mental, ao trabal har com rastreamento de infecções con- vez que esse isotipo é menos estudado q ue os precedentes.
genitas, conhecer não só a cinética dos diferentes tipos de Tem sido utilizado atualmente como método auxi liar no
anticorpos, mas também dominar a técnica utilizada pelo diagnóstico de reativação da toxoplasmose em gestantes
laboratório de referência, para identificação dos mesmos. imunodeprimidas (Figura 52.1 ).
Os anticorpos IgG são detectados entre du as e três se-
manas após a infecção, atingindo sua concentração máxi-
CI NÉT ICA D O S ANTICORPOS MATERNOS ma após dois meses, quando seus valores se estabil izam em
A PÓ S UMA I NFECÇÃO AGUDA NA GESTAÇÃO um platô por um período méd io de três a q uatro meses, de-
crescendo a partir daí até atingir concentração variável se-
Durante a fase aguda da infecção, altas concentrações gundo os indivíduos, ma ntendo -se positivos durante toda
de anticorpos lgM específicos são detectados no plasma a vida, como testemunha de infecção antiga (Figura 52.1).
materno. Em infecções causadas por protozoários, parti-
cularmente no caso da toxoplasmose, duas outras classes
de imunoglobulinas podem ser detectadas na fase aguda
da doença: os anticorpos lgAe lgE.Já na fase crônica, a IgG
é a imunoglobulina predominante, embora eventualmente
possam ser encontrados anticorpos IgM residuais.
Os anticorpos IgM são detectados entre sete e I 5 dias
após a infecção, atingindo seu pico um mês após a con- '
--- r-A·-------------------
tami nação, quando sua concentração começa a diminuir 1
Eg Limiar de detecção
progressivamente. Sua detecção é mais prolongada con- o2 4 2 4 6 21 2 3 4 5 6
forme a técnica laboratorial ut ilizada. N as décadas de 70 ----.--------~~---------·
e 80, quando se utilizava a técnica de imunofl uorescência Semana rv'eses Anos
para pesquisa de IgM, acred itava-se que esses anticorpos Figura 52. 1 J Cinética dos anticorpos.
permaneciam positivos entre três e seis meses após a in-
fecção. N o entanto, a pa rti r do in ício dos anos 90, com
o desenvolvimento de técnicas de captura de IgM como D I A GNÓST ICO LABORATORI AL
ELFA (Enzyme Linked Fluorescent Assay) e ELISA (En-
zyme Linked lmmunosorbent Assay), pôde-se observar a Uma vez compreendido como o organismo materno
persistência desses anticorpos por um ano ou mais após responde aos processos in fecciosos em geral, é necessário
a infecção inicial, sendo denominados de IgM residuais conhecer os métodos laboratoriais que se encontram dis-
(Figura 52.1). poníveis para detectar a presença desses anticorpos.
Atualmente, o d iagnóstico da conta mi nação feta l é A incidência da toxoplasmose aguda na gestação varia
realizado pela aná lise do líquido a mniótico utilizando- entre 0,2 e 1,0%. A transmissão fe tal encontra-se direta-
-se a técnica da reação em cadeia da polimerase (P C R). A mente relacionada à idade gestacional na qual o correu a
análise do sangue fetal tem pouca utilidade, sendo em pre- infecção materna, aumentando de l S para 60%entre o pri-
gada somente nos centros q ue não têm acesso à bio logia meiro e o terceiro t rimestres. Se a infecção é adqu irida nas
molecu lar. últim as sem anas de gestação, o risco de transmissão pode
A PCR baseia-se na am pl ificação da sequência de ge- chegar a 90% (Quad ro 52.1),2
nes do patógeno em estudo. Teoricamente, a par tir de um
único patógeno na amostra, a PC R permite obter m ais de
I
Q pad ro 52. 1 Risco de transm issão fetal e gravidade da
toxoplasmose congên ita segu ndo o momento da infecção
1.000.000 de cópias de um fragmento de geno m a de al-
materna6
g umas centenas de pares de bases. Rápida e simples, essa
técn ica pode ser realizada no líquido a mnió tico a partir Infecção R1sco de Grav1dade relat1va
materna transm1ssão da doença
de 18 semanas de gestação para o diagnóstico da toxo-
(tnmestre) fetal(%)
plasmose e da rubéola e 21 sem a nas pa ra o d iagnóstico
do citomegalovírus. I Primeiro 17 Grave
I
No entanto, por ser muito sensível, essa técnica de am -
plificação de DNA pode apresentar resultados falso-posi-
I Segundo 25 Moderada I
tivos, pri ncipal mente por conta m inação com produtos de l Terceiro 65 Leve ou assintomática
ampli ficação. A fim de evita r esse problema, as etapas de
realização do exa me são efetuadas em locais estritamente Por outro lado, a possibilidade de o feto desenvolver
separados e utilizando material descartável. doença grave é inversamente proporcional à idade gesta-
Resultados falso-negativos são me nos freq uentes cional. Se a infecção materna é adquirida precocemente na
e encontram-se associados à presença de ini bidores da gestação, a infecção fetal pode provocar perda fetal precoce
reação de a m plificação na mesma a most ra analisad a, ou tard ia ou, ainda, doença fetal grave. E ntretanto, quando
principalmente sangue e heparina. Por isso, a coleta d o ocorre tardiamente, o resultado usual é o parto de recém-
material deve ser realizada de for ma menos traum ática nascido com in fecção subclínica.'
possível a fim de evita r-se contaminação com sangue
materno.
A sensibil idade da técnica da PCR para d iagnóstico EPIDEMIOLOGIA
de infecção fe ta l varia na literatura de 62,5 a 97,4%I· 1 Sua
uti lização permite diagnóstico rápido, podendo ser rea- Avaliações epidem iológicas em todo o mundo têm
lizada no segu ndo e terceiro trimestres d a gestação, be- dem onstrado q ue a prevalência da toxoplasmose é bas-
neficia ndo o feto e o recém-nascido com um tratam ento tante va riável, entre 50 e 90%. A lguns países apresentam
específico. ba ixa prevalência da doença, com índices inferiores a 40%,
Avaliação trimestral
em imunodeprimidas
Tratar a gestante
Encaminhar para
propedêutica fetal
Tratar a gestante Tratar a gestante
Encaminhar para Encaminhar para
propedêutica fetal propedêutica fetal
Figura 52.2 1Rotina pré-natal da toxoplasmose conforme resu ltado da sorologia materna.
G ESTA TES APRES E tTANDO lGM P OS IT I VA forte estímu lo à resposta humoral general izada, portanto, é
comu m encontrarem -se reações falso-positivas em vá rios
Os anticorpos IgM podem ser detectados laboratorial- testes sorológicos, inclusive IgM fa lso-positivas.
mente entre sete e IS dias após a infecção, atingindo seu Atualmente, com a utilização rotineira de métodos
pico aproximadamente um mês após, a pa rt ir de qua ndo diagnósticos cada vez m ais sensíveis, tornou-se frequente,
sua concentração diminui progressivamen te até a nega- du rante os exames de pré-natal de rotina, a detecção de
tivação dos testes, em três a seis meses. Na maioria dos lgM em baixas concentrações. Esta pode perma necer por
pacientes, esses anticorpos encontram-se ausentes na f:1se meses ou mesmo anos após o episód io agudo inicial. Logo,
crônica/ latente da doença. Entretanto, em 5% dos casos a presença d e IgM pode não ser um indicador seguro de
podem persistir por alguns meses ou mesmo anos, sendo fase aguda nesses casos. Por isso, diante de uma gesta nte
denominados de anticorpos IgM residuais. Nesses casos, apresenta ndo lgM +, deve-se pensar em várias possibilida-
sua concentração no rmal mente é baixa, sempre acompa- des diagnósticas:
nhados dos anticorpos lgG em quantidades estáveis. Infecção aguda já com produção de lgG;
OJ.•ase 2% das mul heres apresentam lgM positiva du- lgM residual;
rante a gestação. É importante ressaltar que a gravidez é u m IgM falso-positiva.
infecções Perinatais
Por isso, a positividade para anticorpos lgM impõe reações cruzadas com anticorpos pertencentes
a realização de exames adicionais para esclarecimento ao repertório imune natural (imunoglobulinas
diagnóstico: naturai ).
Repetição do exame pelo mesmo método e no
mesmo laboratório, para avaliar níveis de anticor- Nesse caso, a conduta indicada varia de acordo com a
pos, sempre com pareamento de amostras: resgate idade gestacional:
da primeira amostra de sangue examinada em pa- IG ~ 16 semanas: real izar nova sorologia entre IS e
ralelo com a segunda (os laboratórios conservam 20 dias após o primeiro exame para verificar se há
as amostras em soroteca por até seis meses). Um viragem dos an ticorpos lgG:
aumento de no mínimo quatro vezes é sugestivo de Se lgG- e lgM+= IgM falso-positiva: propor
produção ativa de anticorpos. Títulos estáveis indi- orientações higiênico-dietéticas
cam o contrário. Se IgG+ e IgM+= infecção aguda. Iniciar tra-
Pesquisa da avidez de anticorpos lgG: trata-se de tamento e encam inhar gestante para prope-
uma reação de ELISA e baseia-se no conhecimento dêutica fetal
imunológico no qual, na fase aguda, os anticorpos
apresentam menos afinidade funcional/avidez pelo Uma outra opção é solicitar dosagem de lgA:
antígeno e essa avidez aumenta com a cronifica- Se lgA- = lgM falso-positiva: Propor orienta-
ção da doença. Assim, numa gestante com perfil ções higiênico-dietéticas
lgG+/ IgM+, um resultado de baixa avidez (avidez Se lgA+ = infecção aguda. Iniciar tratamento e
< 30%) reforça a hipótese de que a infecção ocorreu encaminhar gestante para propedêutica fetal
nos últimos quatro meses; e aquele de alta avidez lG >16 semanas: considera r infecção aguda. Deve-
(avidez > 60%) a afasta. Em nossa casuística, mais -se iniciar o tratamento e encaminhar gestante para
de 99% das gestantes assintomáticas que são sub- propedêutica fetal.
metidas ao teste são portadoras de lgM residual,
portanto, refletindo apenas a alta sensibilidade dos /( ;(; I· /(,i\( [ \J.\1/ 11' \ S
métodos atuais para lgM. Ressalta-se que, para ex- Aproximadamente I% das gestantes apresenta esse
cluir a ocorrência de infecção aguda durante uma perfil sorológico. Considerar a idade gestacional:
gestação cm andamento, o teste de avidez deve ser lG ~ 16 semanas: nesses casos, para diferenciar
realizado preferencialmente até 16 ou 18 sema nas infecção aguda de anticorpos IgM residuais, a me-
de gestação. Além desse tempo, fica impossível dis- lhor opção é solicitar o teste de avidez da lgG, que
criminar se a infecção aguda aconteceu antes ou deve ser interpretado conforme descrito anterior-
durante a gestação. mente.
IG >16 semanas: considerar infecção aguda. Deve-
/(, (_; \'I t ;A I 11'11 F /( ; AfJ >ml ri\ ~-\ se iniciar o tratamento e encaminhar a gestante
Aproxi madamente 1% das gestantes apresenta esse para propedêutica fetaL
perfil sorológico. Anticorpos lgM na ausência de anticor-
pos IgG podem sugerir duas situações:
byecção aguda: como os anticorpos lgG tornam-se ACOMPANHAMENTO DA
positivos somente no final da segunda semana após TOXOPLASMOSE NA GESTAÇÃO
a infecção, pode tratar-se de quadro infeccioso ini-
cial, no qual os anticorpos IgG ai nda não puderam O acompanhamento da toxoplasmose na gestação é
ser detectados; fonte freque nte de dúvidas, tanto na terapêut ica a ser ins-
IgM falso-positivo: os testes laboratoriais utilizados tituída à gestante, quanto na propedêutica para a pesquisa
atual mente para o rastreamento da toxoplasmose da infecção fetaL A seguir sintetizamos as principais reco-
são m uito sensíveis, apresentando alto número de mendações baseada em evidências científicas atuais. Vide
resultados falso-positivos, pela possibi lidade de algoritmo na Figura 52.3.
1 !
' PCR -: Manter PCR +: Iniciar tratamento
.. l
espiramicina (g/
3 dia r com pirimetamina (50 mg/dia) I
ln1c1ar
Espiramicina
+ sulfadiazina (3 g/dia) +
ácido folinico (15 mg/2 vezes/semana)
(3 g/dia)
Reduz a
transmissão
fetal
rigura 52.3 [ Algoritmo para diagnóstico e tratamento da toxopbsmose na gestação (adaptado de Gilbert6) .
PCR= Reação de cadeia de polimerase; + = positiva; - = negativ,L
1~ E J APA: ToxoPLASMOSE MA Jt· RNA sença de parasitos na placenta) de 95 para 80%. A tra ns-
A<.un,\ Co ' rtRMADA missão fetal cai de 60% (em pacientes não tratadas) para
239o (com uso de espiramicina). No e ntanto, a ação da cs-
Após a con fi rmação do d iagnóstico da infecção mater- piram ic ina tem sido questionada, colocando em dúvida
na, deve-se in iciar o uso de cspiramicina na dose de 3 g/ dia sua eficácia na diminuição da transmissão da toxoplas-
(2 comprimidos de SOO mg - 1,5 m U, de 8 em 8 horas). A mose ao feto. Cont udo, até o mo mento, não existe m evi-
espi ram ici na ati nge altas concentrações na placenta e possui dências científicas que just ifiquem a suspe nsão da sua
ação parasitostática obre o T gondil. Dessa fo rma, caso haja uti lização c, sendo assim, a espiram icina deve continuar
rotura de a lgu m cisto placentá rio, as altas concentrações de a ser prescrita a todas as ge tantes portadoras de toxo-
cspiramicina na placenta impedirão a replicação do taquizo- plasmo e aguda.
íto, permitindo que os mecanismos imunológicos da placen- É necessário ressaltar que a espiramicina pode prevenir
ta atuem de forma mais eficaz. Por isso, deve ser uti lizad a de a infecção fetat mas não permite tratar fe to já infectado .
forma contínua até o final da gestação. Sua utilização reduzi- Por isso, todas as gestantes devem ser encamin hadas para a
ria em 50 a 60% o risco de contam inação fetal. rea lização do diagnóstico pré-natal da infecção fetal, a par-
Estudos mostram que o tratamento com espiramicina tir do qu al os fetos serão divididos em dois grandes grupos,
cm gesta nte infectadas reduz a infecção placentária (pre- c uja condu ta e acompanhamento são diferenciados.
Infecções Perinatais
2a ETAPA: D IAG ÓST ICO PR É-NATA L DA nas células hematopoiéticas da medu la óssea. Após sete a
I Nf'ECÇÃO FETAL 10 d ias de tratamento, pode-se observar o apa recimento
de trombocitopenia, anemia macrocítica e leucopenia, às
O diagnóstico d a contami nação fetal é rea lizado a par- vezes, até agranulocitose.
ti r d a análise do líquido am niót ico utiliza ndo-se a técn ica A su lfadiazi na é ut ilizada com m ais frequência as-
da reação em cadeia da polimerase (PCR), que tem sensi- sociada à pirime tamina. In ibe de forma competitiva a
bilidade de 62,5 a 97,4% para diagnóst ico de infecção fetal. d ihidrofolato sintetase, enzima responsável pe la síntese
A PCR, reali zada a p artir de 18 semanas de gestação, ao de- do ácido fólico. A diminuição da concent ração de ác ido
monstrar infecção fetal, possibilita trata mento específico.• fól ico no interior do parasito in ibe a formação de coenzi-
mas necessárias à síntese de pu ri nas, piri midinas e outras
fi l O NÃO I NFFCTADO (J>CR ,\ 'FGA Tr\ 'A) substânc ias necessárias ao crescim ento e reprodução do
esse caso, deve-se manter a espiramicina na mesma parasito. Bem absorvida após ad m inistração o ral, é larga-
dose até o final da gestação e realizar controle ult rassono- mente di stribu ída por todo o o rganismo, atingindo con-
gráfico mensal até o parto. centrações importantes no líquido céfalo-raquidiano. Sua
meia-vida plasmática varia de 10 a 12 horas e sua excreção
Frm l Nr ECTA no (PCn Poç1m·A) é essencialmente urinária.
Qyando o d iagnóstico pré-natal evidencia infecção A associação da sulfadiazina à pirimetami na aumenta
fetal, procede-se imediatamente à substituição da terapia. seis vezes a sua eficácia no com bate à toxoplasmose, o q ue
Deve-se suspender a espiramici na e iniciar tratamento permite a utilização de doses não tóxicas para a espécie hu-
com pirimetamina (50 mg/ dia- 1 comprimido de 25 mg mana. No entanto, verificam-se m uitas reações adversas.
de 12 em 12 horas) e sulfadiazina (3 g / dia - 2 compri mi- Sintomas como náuseas, vômitos c perda de peso são fre-
dos de SOO mg de 8 em 8 horas) associados ao ácido fo- quentes com o uso da med icação. Além disso, existe o ri sco
línico ( IS mg/ duas vezes por sem ana) até 36 semanas de de icterícia do recém-nascido, pelo fenô meno de competi-
gestação. As pacientes devem ser a compa n h;~clas q uinze- ção da sul fadiazina com a bilirrubina, que pode ser evitado
nalmente com hemograma completo em fu nção do risco interrompendo-se o tratamento três seman as antes do par-
de pancitopenia induzido pelo tratamento. A medicação to, quando possível. Para facilitar, pad roniza-se a interrup-
deve ser suspensa em caso de trombocitopenia (plaquetas ção do tratamento com 36 sema nas de gestação, quando se
< 90.000/ mm 3), leucopcnia (leucócitos< i.OOO/ mm3) ou deve utilizar apenas a espiramicina.
anem ia (hemoglobina < 9 g%). Além disso, recomenda-se O ácido folín ico atua como coadjuva nte no trata me n-
ultrassonografia quinzenal para monitoração fetal. to. Sua associação previne o u corrige os distúrbios he ma-
A pirimetamina constitui o medicamento de escolha tológicos ocasionados pela pirimetamina no organismo
para o tratamento da toxoplasmose. Ela inibe a síntese materno, a parti r da intermediação da tra nsferência de
de nucleoproteínas por competição com a dihidrofolato- carbonos para a síntese de purinas e pirimid inas. Admi -
-redutase, impedindo a redução do ácido fólico em ácido nistrado por via oral, é abso rv ido no duodeno e porção
folínico pelo parasito. Essa ação determina no parasito superior do jej uno com o auxílio de e nzima presente na
falha da divisão nuclear. A piri metamina atua apenas na me mbrana dessas células. U ma vez absorvido, é rapida-
fo rma de replicação do parasito (taquizoíto), não possuin- me nte transportado para os tecidos. O taquizoíto não
do qualquer ação sobre os cistos. A pirimetamina atraves- possu i m eca nismos de transporte ativo em sua me mbrana
sa a barreira hematoencefálica, perm iti ndo o tratamento q ue permitam a absorção do ácido folínico e, portanto, seu
da doença neurológica fetal. Após a administração oral, é uso não diminui o efeito da sulfadiazina e pirimetamina
completamente absorvida. É fortemente ligada às prote- sobre o parasito.
ínas plasmáticas (87%), com meia-vida variando de 35 a G raças à instituição sistem ática desse tratamento trípli-
175 ho ras. É metabolizada pelo fígado e sua eliminação é, ce, a gravidade d as sequelas da toxoplasmose congên ita fo i
principalmente, uri nária, pode ndo ocorrer por várias se- to talmente modificada, observando-se o desaparecimen-
manas após uma única dose. Nas doses utilizadas para o to progressivo das in fecções neonatais graves juntamente
tratamento da toxoplasmose, sua toxicidade se manifesta com o aumento das infecções subcl fnicas.
Infecções Perinatais
risco de transmissão pelo leite materno, a amamentação não lágri mas, secreções cervical e respiratória, além do trato
deve ser suspensa, pois seus benefícios superam os riscosw·11 gastrointestinal, duran te meses. 10
A prevalência da infecção materna é de 50 a 85%, va- A incidência de reativação é de difícil avaliação, pelo seu
riando em função do local de domicílio, nível socioeconô- caráter assintomático, manifestando-se clinicamente por
mico e atividade profissional. Em populações de baixo ní- meio da excreção virai por secreções biológicas ou, laborato-
vel socioeconômico, a prevalência é alta (próximo de 85%) rialmente, pelo aumento da concentração dos anticorpos IgG
e a incidência de infecção primária também (4%). Em po- em pacientes imunes. Estudos recentes indicam que, embora
pulações de nível socioeconômico elevado, cerca de 50% em títulos baixos, anticorpos lgM podem ser produzidos du-
das mulheres são seropositivas e a taxa de soroconversão rante os episódios de reativação, sendo identificados por até
na gestação é de aproxi madamente 1,6%. seis a nove meses. O papel da imunidade humoral no controle
No Brasil não existem dados oficiais a respeito da infec- da reativação é mal-conhecido, embora se saiba que a produ-
ção congénita pelo CMV. No entanto, projetando-se inci- ção de anticorpos séricos não é suficiente para impedir reati-
dência média de 0,5% e taxa de nascimentos de 3.000.000 vações. No entan to, os anticorpos maternos parecem proteger
de crianças/ano, estima-se que cerca de I 5.000 crianças o feto de infecção maciça com acometimento e dano sistemi-
nascem anualmente com sintomas da infecção, das quais co grave, uma vez que a maioria dos fetos contaminados após
1.800 (12%) morrem no primeiro ano de vida e as sobre- um quadro de reativação materna são assintomáticos.
viventes apresentarão sequelas em médio e longo prazos.
Além disso, outras 2.100 crianças que apresentam infecção
subclínica ao nascimento desenvolverão déficits mentais e RASTREAMENTO PRÉ-NATAL
auditivos em um período de até sete anos. Nos Estados Uni-
dos, onde nascem em torno de 40.000 crianças infectadas/ A necessidade do rastreamento sorológico universal na
ano, estima-se que o gasto público para custear o tratamen- gestação ainda é controversa. Em verdade, essa discussão
to dessas crianças chegue a 1,86 bilhões de dólares/ ano.10 15 reflete a dúvida da sociedade científica: por que estudar e
diagnosticar uma doença que não pode ser tratada? Dife-
rentes propostas de monitorização do CM V na gestação
INFECÇÃO MATE R NA AGUDA têm sido desenvolvidas, mas nenhu ma tem sido oficial-
mente adotada por qualquer sistema público de saúde.
A infecção aguda pelo citomegalovírus ocorre em 0,7 Dessa forma, o rastreamento de rotina na gravidez não
a 4,4% das gestações. Após o contato com o vírus, segue- é consenso, sendo desaconselhado na maioria dos paí-
-se período de incubação que varia de 28 a 60 d ias, com ses, inclusive no Brasil. Serviços especializados em países
média de 40 dias, quando se desenvolvem os primeiros como Itália e Bélgica têm proposto d iretrizes para o rastre-
sintomas da doença, que podem persistir por vários dias amento pré-natal do citomegalovírus. No entanto, ainda
ou semanas e incluem febre, fadiga, mialgia, fari ngite, tos- não foi possível estabelecer com precisão o impacto desse
se, náusea, diarreia e cefaleia. O sinal físico mais impor- rastreamento no prognóstico de longo prazo. As opiniões
tante é a adenomegalia cervical. A disseminação do vírus nesse sentido são divergentes, porque:
se faz por via hematogênica, infecta ndo, principal mente, Os exames laboratoriais são onerosos;
os polimorfonucleares, linfócitos T e B e as células en- os mecanismos de transmissão virai não estão to-
doteliais. A infecção das células retículo-endoteliais dos talmente esclarecidos;
capilares e das células epiteliais dos canais glandulares não há tratamento pré-natal eficaz até o momento;
provoca lesões de vasculite obliterante e isquêmica, além a imunidade materna prévia à concepção produz
de focos inflamatórios no tecido glandular. Após a infec- proteção substancial, mas não total, contra a infec-
ção aguda, o indivíduo pode elim inar o vírus pela saliva, ção grave pelo CM V.
Infecções Perinatais
I Gestantes de nivel Gestantes de baixo
socioecon6mico elevado nfvel socioecon6mico
Oa1%das
crianças infectadas
Oa 1% das crianças
pode apresentar
infectadas pode
doença clinicamente 1Oa 20% dascrianças infectadas 80a00% apresentar doença
aparente ou sequelas podem apresentarsintornas clfnicos das crianças infectadas clinicamente aparente
da doença (moderadose graves) são assintomáticas ou sequelas
5a15%
desenvolvem sequelas•
sequelas•
por diagnóstico laboratorial, qua ndo o acompa- ção. De a forma, tem-se observado alta taxa de re-
nhamento orológico regular é realizado durante a ultado fa l o-negativos quando a anál ise do líqui-
ge taçâo. do é realizada precocemente. Por isso, atualmente
preconiza-se que a pesquisa da infecção fetal pela
Embora o CM V possa ser transmitido ao feto tanto du- PC R. seja realizada apenas a partir da 2 1• semana.
rante a infecção .tguda quanto cm casos de recorrência, o
diagnóstico pré-natal invasivo atualmente é proposto ape- Embora a identificação do víru no líquido am niótico
nas às gestantes que apresentam infecção aguda. Devido seja o teste mais sensível e específico para o diagnóstico
à sua alta sensibilidade c especificidade, o isolamento do da infecção congênita, d e não é capaz de identificar a
CM V no líquido amniótico é considerado o método de re- gravidade da lesão fetal. Por is o, dian te de um re ultado
ferência para o diagnó tico pré-natal, sendo a pre ença do positivo, a ultrassonografia fornece informações adicio-
vfru pc qui ada pela PCR. Entretanto, dois fatores devem nais a respeito da gravidade da lesão fetal. Alterações feta is
ser considerados ante da realização da amniocentcsc: associadas à infecção congênita pelo CM V incluem cres-
É necessário aguardar entre seis e nove semanas cimento intrauteri no restrito, a cite, anasarca, dilatação
.tpós a infecção materna para que o víru po · a ser ventricular, polidràmn io ou oligoidr.i mnio, calcificações
encontrado no líquido am niótico; hepáticas, microcefalia, espessamento placentário, calcifi-
o feto excreta o vírus na urina c a diu rese fetal ó se cações periventricu la res, óbito intrautcrino, h iperecogcni-
estabelece plenamente após a 2 i-' semana de gesta- cidadc intesti nal.
Infecções Perinatais
medidas de prevenção primária. Uma da intervençõe grupo populacionais revelaram ·oroprevalência média cm
mais importantes é leva r as pacientes a compreender que a mulhcre de lO a 21 anos de 68:%. Um estudo realizado cm
citomegaloviro c é uma doença exual mente tra nsmissível Belo Horizonte mo trou soroprevalência de 76,296, endo
e que a promiscuidade sexual aumenta significati vamente ma i alta nas gestantes com menos de 2' ano de idade.
o ri co individual de adquiri r a infecção. Por isso, mulhe-
re que po suem múltiplo parceiros devem ·cr orientadas Qu.1dro -2.2 1Alterações observadas nos fetos expostos ao
quanto ao u o de pre ervativos. Outra medida importa nte vírus da rubéob conforme a idade gcstacional
é a orientação de mulheres com ri co de adqui rir a infec-
ção, como profc oras, babá , as que trabal ham cm creches
e berçários, enfermeiras e pediatras c mães de crianças pe-
Risco de infeccão e de malforma-
qucn.ls sobre o risco de adquirir a infecção c que medidas
ção fetal grave varia de 50 a 90%
·implc de higiene são suficientes para evitar o contágio.'; ~-------------+-
13-18 Acometimento menos grave. mani-
festado exclusivamente por surdez
---l-
RuBÉOLA > 18 Não foram observadas alterações
fetais
A rubéola é doença virai normalmente benigna, cau a-
da por um víru RNA da família Tognvírus, que apresenta E ·c dado mo tram que um número ainda impor-
alta infectividade. A infecção congênit.l pelo vírus da ru- tante de gestantes é suscetível à rubéola, provavelmente
béola foi pri meiramente de crita cm 1941, por Norman devido à falta de orientação a respeito da importância da
Grcgg, tendo ido a primeira evidência de tcratogenicidade vaci n:tção antes da gestação ou no puerpério imediato.
decorrente de infecção virai. O pico de incidência ocorre
entre cinco e nove ano de idade, raramente evolui ndo
com ~cquelas graves, como envolvimento do istema ner- MAN I FESTAÇÕES C LÍN ICAS
voso central c trombocitopcnia. 1ô
Aporta de entrada para o víru é o trato respi ratório ~upc
rior. Após a exposição, ele c propag.1 através do vasos linfi-
EPIDEMIOLOG IA ticos até os linfonodos regionais, onde ocorre sua replicação.
Entre o sétimo e o l l0 dia, o vírus atinge acorrente sanguínea,
a idade rcprodutiva, aproximadamente 75 a 85% da alcançando vá rios tecidos, inclusive a placenta. Entre o nono
população é imune à rubéola devido principalmente a e o 11 ° dia, inicia- e a excreção virai pela nasofari nge, a sim
infccçõe subclínicas. o Brasil, e tudos realizados em corno urina, colo do útero c trato ga trointe tina I. O pico da
algun grupos populacionais revela ram oroprcvalência virem ia ocorre lOa 17 dias apó a expo ição, imediatamente
média cm mulheres de lO:1 21 anos de 68,5%. Entre 1997 antes do aparecimento do msh, e o vírus pode er i olado 11.1
c 2000 foram notificado 876 casos su peitos de sínd rome orofaringe sete dias ante do rash cutàneo. 16 !o
da rubéola congénita no l3rasil. Deste -, 132 foram confi r- Os primeiros si ntomas da doença, quando pre ·entes,
mado , com manife tações clínica cm criança menore · surgem apó período de incubação de aproxi madamente
de um ano, como cardiopatia c catarata. Estima-se que em 16 dias, com apareci mento de rash cutâneo ca racterístico.
uma população com 90% de mulheres imunizadas, a inci- O exantema, de aspc to máculo-papular, inicia-se na face
dência de rubéola congênita cja de -t/ I 0.000 ge rações, c po sui distribuição centrífuga pelo corpo, acompan hado
cuja frequência e gravid;~dc do acometimento cmbriofe- de prurido intenso. o adulto, a erupção é comumcntc
tal vari;~ m conforme a idade gcstacional da soroconvcrsão precedida por período prodrômico caracterizado por febre
m;~tcrna (Qpadro ' 2.2).' baixa, cefaleia, anorexia, conjuntivite, odinofàgia, artralgi.l,
Até o final da década de 80 era descon hecida a verdadcir.l linfadenopatia suboccipital, retroauricular e cervical. Es-
magnitude do problema da rubéola na maior parte do paí e ses sintomas sistémicos inespecíficos normalmente dim i-
da América Latin.1. o Bra ii, estudos realizado · cm algun nuem rapidamente com o apareci mento do rasii.
----- -
~ ... 3a6semanas
Infecções Perinatais
TRANSMI SS ÃO FETAL ocorreu a infecção fetal, levando à alteração na embriogê·
nese de órgãos específicos. A infecção congénita caracte·
t. durante o período de vi remia materna que o vírus pode rí tica é representada pela tríade malforma ão cardíaca,
infecta r a placenta e, posteriormente, o feto. A idade gestacional catarata e surdez. A alterações fetai mai · comumente
no momento da infecção é o maior determinante dJ transmi · detectadas são:
ão intrauterina e do acometimento fetal. Adoença é mais grave Crescimento intrautcrino restrito;
c apresenta mais tendência a envolver múltiplos órgão quando micrognati mo;
adquirida nJs primeiras oito semanas. Durante as primeira~ 12 reti11opatia: é o sinal ocular mais comum e ocorre
emanas, mais de 80% das infecções matcrn.1s por rubéola são devido a um distúrbio de crescimento do leito pig·
tran mitida ao feto, com ri co de abortamento de 2011u. Equan· menta r da retina. Catarata bi lateral é observada cm
do agc tação pros cgue, o risco de malformação congénita grave 50% das crianças infectadas, muitas vetes as ocia·
é superior a 9011u. O ri co de tran mi ão fetal diminui progre · da à microftalmia;
1vamcntc apó 12 emana e o risco de malformação é pratica· nricrocejalia: retardo mental c motor ão comun c
mente nulo apó I ' emanas.16 estão di reta mente relaCionada com mcningoence·
Embora o~ rnecani mo re pon ávei pelo efeito tera- falite, que e tá presente em IO a 209o das criança~
togénico do vírus da rubéola não sejam conhecidos, dois infectadas ao nascimento;
dele de empenham importante papel no de envolvimen· 111a![ormação cardi01mswlar: as lesões mais comu m
to da embriopat1a:16 são (cm ordem decrc ccntc): per istência do ca1ul
A capaCidade do víru de provocar resposta infla- arterial, estenose da artéria c válvula pulmonar, co·
matória cm determinados órgãos, levando a qua- arctação da aorta, comu nicação interatrial e inter·
dros de angiopatia com vasculitc fetal e placentária, ventricula r.
alem de comprometer ocre cimento celular e levar
à necrose tccidual c dano celular; Caso a ultra sonografia esteja normal, devc-~e prossc·
o efeito inibitório do víru na multiplicação de cé· guir a propedêutica com a realinção de cordoccntese p.1ra
lula hu manas, levando à interrupção da mitose cm pesqui ·a de sinais de comprometimento fetal istemi o,
determinado grupos celulares. com aumento do níveis de fo~fata e alcalina, tran a mina·
ses (ALT e AST), LDH e crGT, além de anemia, trombo·
Outros defeitos observado em células infectada croni· citopenia, leucocito e e pe qui a de lgM e pecífica. E e
camcnte c que poderiam explicar o mecam mo do defeitos sinab, mesmo com ultrassonografia normal, indicam in-
congénitos incluem quebras cromossômicas, di minuição do fecção multis i têmica com comprometimento fetal grave
tempo de multiplicação celu lar e aumento da produção de e prognóstico normalmente rc crvado.
um inibidor de proteína, que levaria à parada da mitose cm
certo tipos de células.16
PREV ENÇÃO
Infecções Perinatais
Qjladro 52.3 1Fatores de risco de sepse neonatal precoce Em bora as ta xas de colonização não apresentem
Idade gestacional inferior a 37 semanas; variações na gravidez, sabe-se q ue 4 a 7% das mu-
lheres que apresentam cu ltura vaginal e reta! nega-
Febre durante o perlodo do parto (temperatura acima de 3B°C);
ti va no segundo trimestre possuem cult ura positiva
Rotura de membranas acima de 18 horas; no pa rto e aprox imadamente 33% das que tiveram
culturas positivas durante o segundo trimestre têm
Ocorrência de sepse por estreptococos em gestações
anteriores; culturas negativas no pa rto. Por isto, a cult ura do
materia l deve ser realizada até q uatro semanas an-
Bacteriúria por estreptococos do grupo 8 durante a gesta-
tes do parto.
ção, independente do tratamento adequado da infecção.
A cultura requer período de tempo p rolo ngado
para se obter o resu ltado, uma vez q ue o material
Mulheres colon izadas possuem risco 25 vezes mais deve ser incubado por 18 a 2 4 ho ras c, então, sem e-
elevado de terem recém-nascido com sepse neonatal pre- ado em placas de ágar-ága r. A demora na obtenção
coce. A colonização materna durante o perío do intraparto do resultado do exame é um obstáculo para sua uti-
é o fator mais importante na transmissão peri natal da in- lização durante o trabal ho de parto
fecção e a transm issão vertical ocorrerá após a rotura das
membranas ou in ício do trabalho de parto. A colon ização
pode ser crón ica, tra nsitória ou interm itente. Por isso, mu- PREVENÇÃO DA SEPSE PERINATAL PRECOCE
lheres colon izadas no início da gestação ou cm gestação
prévia devem ser novamente testadas para con firmar a pre- O pilar d a prevenção da sepse perinata l precoce é a
sença do agente no momento do parto. adm inistração de antibioticoterapia durante o parto, que é
A in fecção pelo estreptococo pode ser adquirida no realizada com base em dois tipos de est ratégias:n. 24
útero, por via ascendente. Entretanto, na maio ria dos casos, A parti r do rastreamento un iversal, com coleta de
a contaminação ocorre durante a passagem pelo ca nal de material utilizando swab reta! e/ ou vaginal. A pes-
parto. Cerca de 50% dos neonatos de mães colon izadas quisa do estreptococo é feita po r meio de cultura do
apresentarão colon ização de pele e mucosas e 2% destes material em meio específico entre 35 e 37 semanas
desenvolverão doença sintomática.21•22 de gestação.
A partir da identificação de fatores de risco para
sepse perinatal em gestantes (~adro 52.3). Diante
RASTREAMENTO PRÉ-NATAL de qualquer um desses fato res, ind ica-se automati-
camente a antibioticoprofilaxia durante o parto.
A gestante coloni zada pelo estreptococo é, via de regra,
assi ntomática. Sendo assim, a única forma de realiza r o d iag-
nóstico da colonização materna é por meio de exames labo- QUl M IO PROI' I LA X IA I TRAPART O :
ratoriais. O teste considerado padrão-ou ro para o rastrea- ESQ UEMAS DE A TIB IÓTICOS R ECOME N DAD OS
mento pré-natal é a cultura. Algumas caracterís ticas desse
exa me são importantes e serão detalhadas a seguirY ·23 A penicilin a é considerada o antibió tico de escol ha
As amost ras devem ser obtidas da vagina (introito) para a profilaxia, por apresentar meno r espectro de ação
e reto (através do esfí ncter anal). C ulturas cervicais e, consequentem ente, reduzida seleção de flora bacter ia-
não são recomendadas, pois apresenta m positivida- na. Não há resistência comprovada co m o u so da penici-
de inferior a 5%. lina, mas o em prego da ampicili na pode selec io nar um a
Deve-se utiliza r meio de cultura seleti vo com pro- cepa de E. coli resistente. As pacientes a lé rgicas devem ser
priedade de in ibir o cresci mento de bactérias gram tratadas com m ed icam entos a lternativos. Aquelas q ue
negativo como o meio de Todd-H ewitt. A não uti- possue m hi stória de reações de hipersensibilidade ime-
lização de meios seletivos pode resu ltar cm 50% de d iata, como an afi laxia, angioedem a e ur ticárias, asm a ou
res ultados falso -negativos. ou tros f.1tores agravantes, são consideradas de alto risco
Quadro 2.5 I 01agnó tico da fa c da infccçao pelo víru~ da hepatite B, cgundo a anã h ·c do exame) )Orológicos
01dCJilUS!ICU HBsAg Allti-HBs Ar1t1 HBr lqM Ant1-H8c lqG HBeAq Ant r HBc
Infecções Perinatais
TRAi'- M ISSAO h T .\L portadoras crônicas (H BsAC positivo) apresentando
anti-HBe: o risco de transmissão é in ferior a 20%,
A incidência de infecção neonatal é mais alta quando a mas, sobretudo, o risco de infecção crónica no
mãe adquire a hepatite aguda durante age tação (48%) do recém-nascido é considerado nulo. As infecçõc
que quando ela é portadora crónica (20%). t importante transmitidas aos recém-nascidos manifestam-se
lembrar que a tran missão ocorre no momento do parto. A por soroconversão anti-H Bs assi ntomática;
tr,lnsmissão tra n placentária do V H Bé considerada nula.7•25 portadoras crônicas apresentando H BeAg e anti-H Be
As consequências da hepatite B aguda na gestação mgativos: nessas pacientes, o risco de transmissão
incluem: da infecção é de 10%.
Abortamento: como a maioria dos casos de hepatite
ocorre no 2° e 3° trimestres, ,1 a ociação com abor- Várias formas de transmis ão são possíveis, sendo rara
tamento é fraca (3,6%); a por via transplacentária. A tran missão peri natal apre en-
prematuridade: alguns autores acreditam que não ta mais relevância, podendo ocorrer pela inge tão de san-
há associação. Outros, no entanto, sugerem que a gue, urina, fezes ou secreção vagi nal no momento do parto.
prematuridade é mais comum quando a hepatite
ocorre no final da gestação (27%);
mortalidade perinatal: 11% - a prematuridade expli- R \'i'l RI \ ,\ I C'\ ro D\ Ht· PA tt rr B
caria a maior parte desses óbitos.
O objetivo primário do ra treamento é identificar a
O risco de transmissão vertical da hepatite B crónica gc tante · portadoras do víru da hepatite B e prevenir sua
está relacionado aos seguinte marcadores sorológico : transmissão ao recém-nascido. Em mais de 90% dos casos,
Portadoras crônicas apresentando HbeAg positivo: o as gc tante ão portadoras crónicas assintomáticas do
risco de transmissão ao feto/ recém-na cido é pró- H B c são identificada apenas com a realização do rastre-
xi mode90%; amento sorológico (Figura 52.6).
HBsAG
I
Negativo Positivo
!_
HBeAg - HBeAg +
Asífil is é infecção sistémica causada por um cspiroq ue- Entre duas e oito semanas após o aparecimento do can-
ta, o Treponema pallidw11. Trata-se de microrga nismo gram cro, surge o rash cutàneo. São lesões maculares discretas que
negativo, móvel e e piralado. É extremamente frágil, sendo medem entre 3 e lO mm de diâmetro, podendo er encon-
facil mente inativado fora do hospedeiro. A maioria dos ca- trada em todo o corpo, endo mais comuns na palma das
sos de sífilis é transmitida por contato sexual. No entanto, mãos c planta dos pés. Dura nte esse estágio de rápida multi-
também pode ser adquirida por transfusão sanguínea.r ·29 plicação c disseminação dos espiroquetas, alguns sintomas
A infecção durante a gestação está as ociada a trabalho podem estar presentes, incluindo febre, mal-estar, faringite,
de parto pré-termo, natimorto e infecção congénita. o anorexia, artralgia e linfadenopatia generalizada, além de
Brasil, estima-se que ocorram mai de 900.000 casos no- dor articular, perda de peso e perda de cabelo. Essas lesões
vo a cada ano, que 4% das gestantes atendidas na rede pú- evoluem para pápulas avermelhadas e em algu ns pacientes
blica são positivas para o teste orológico e que pelo menos progridem para pústulas. Quando os folículos capilares es-
40% dos seus recém-nascidos são gravemente acometidos. tão envolvidos, pode-se desenvolver alopécia temporária.
DIAGNÓSTICO
TESTES TREPO 1ÊM ICOS
A sífilis raramente é diagnosticada por isolamento do
organismo causador da doença, uma vez que o Treponema São testes gue empregam anticorpos específicos e são
não pode ser cultivado in vitro. Dessa forma, a utilização de utilizados para confirmar reações positivas para o VDRL.
testes sorológicos é o único meio para o diagnóstico da do- Os testes treponêm icos podem se tornar positivos antes dos
ença. Há dois tipos de testes utilizados com essa finalidade, não treponêmicos na sífilis precoce, permanecendo positi-
que são biologicamente não específicos (testes-não treponê- vos guando os não treponêmicos já se tornaram negativos.
micos) e específicos (testes treponêmicos). O teste mais utilizado é o Fluorescent Treponemal Antibody
Absorption (FTA-ABs). A micro-hemoaglutinação (MHA)
e o teste rápido para sífilis também podem ser utilizados.
TESTES NÃO TREPONÊMICOS O FTA-ABs é o teste confi rmatório na sífilis. Torna-se
positivo antes do VDRL. Entretanto, não é utilizado em
Avaliam anticorpos lgM e lgG desenvolvidos contra li- larga escala para rastreamen to da sífilis e não reflete doença
pídeos de células lesadas durante o estágio inicial da doença. em atividade. É o teste mais sensível e mais específico para
O antígeno utilizado nos testes não treponêmicos é a car- o diagnóstico da sífilis. Devido à possibilidade de cicatriz
diolipina. O Venera/ Disease Research Laboratory (V DRL) é o sorológica, o teste positivo não significa doença ativa e o
teste não treponêmico mais utilizado. Équantitativo, de alta aumento da titulação do V DRL deve ser pesqu isado para
VDRL
11 consulta do pré-natal
I
Repetir VDRL: L
3" trimestre (30 sem) Negativo Positivo
No parto
FTA-ABS FTA-ABS
Encaminhar recém-nascido Negativo positivo
para acompanhamento especializado
Não tratar
Tratar gestante
Fazer exame clínico detalhado
Solicitar VDRL ou tratar o parceiro
Solicitar ultrassonografia para avaliação fetal
Cicatriz sorológica
Verificar se a gestante possui anti-HIV e HbsAg
Não tratar
Encaminhar recém-nascido
para acompanhamento especializado
Se gestante infectada
Penicilina benzatina IM 7,2 milhões de unidades divididas em três doses. com intervalo de 7 dias
pelo HIV
IM = intramuscular; EV = endovenosa; HIV = vfrus da imunodeficiência humana.
Considera-se que o tratamento é inadequado quando: após o trata mento. Em 70 a 909o dos casos o VDRL é ne-
Utiliza-se qualquer medicamento que não a penicilina; gativo após um ano.
é incompleto, mesmo tendo sido utilizada a penicilina;
a do e não é adequ.lda para a fase clínica da doença;
é realizado menos de 30 dias antes do parto; HERPES SIMPLES
observa-se elevação dos títulos do VDRL após o
tratamento; A prevalência da in fecção genital pelo herpes simples
o(s) parceiro(s) não foi(ram) tratado(s) ou foi(ram) (HSV) tem aumentado no mu ndo c, como consequência
tratado(s) inadequadamente ou não se tem essa in- disto, h.í aumento na incidência do herpes neonatal ( H ).
formação disponível; As manifestações da H N vão desde quadros leves, com in-
Há ausência de documentação do tratamento ou fecção de pele, olhos e boca, à encefalite e quadros dissemi-
da queda dos títulos após tratamento. nados da doença, que podem ser fatais se não tratado!>. A in-
cidência da HN varia de I/ 7500 a I/ 30.000 nascido vivos.
Conceituaimente, o H 1 é diferente do herpes congénito
ACOMPA l i AM!:. TOAPÓSOTRATA M E TO (HC). O H ocorre quando o recém-nascido é exposto .w ví-
rus do trato genital materno no momento do parto, enquanto
a sífil is precoce, os títulos de VDRL refletem a ativi- que a HC é uma rara forma de infecção fetal, adquirida intraú-
dadc da doença. A eficácia do tratamento tem sido defini- tero no momento da p,lrasitcmia materna. Ainda existe outra
da como J diminuição de duas ou mais diluições após o forma de infecção do recém-nascido, pelo contato di relo com
tratamento. Os títulos di minuem mais rapidamente cm lesões orais c genitais, chamada de herpes pós-natal.
pacientes nos estágios precoces da infecção, em pacientes
com tít ulos baixos e naquelas sem história prévia de sífilis.
Após o tratamento, todas as gestantes devem ser acom- INF ECÇÃO M ATERNA
panhadas por meio de exames clínicos e testes sorológi-
cos. O VDRL deve ser repetido mensalmente durante os Existem dois subtipos do HSV: HSV I, responsável
primeiros seis meses após o tratamento e trimestral mente principalmente pela infecção orofaríngca, c HSV 2, agente
durante o segundo ano ou até a sua negativação. O sucesso da infecção genital e nconatal. A infecção genital materna
do tratamento da sífi lis primária e secundária resulta cm é mais comum com o vírus do tipo 2, entretanto a infecção
diminuição de quatro vezes na titulação do VDRL em até pelo tipo I tem aumentado. Os dados referentes à infecção
seis meses c de oito veze , 12 meses após o tratamento. a pelo herpes simples na gest.lção são limitados. 19· 12
sífilis primária e secundária constata-se queda dos títulos A prevalência de anticorpos para o H VS 1 varia de 60
cm duas diluições após três a quatro meses.Já na fase laten- a 80% c para o HVS 2 de 9 a 32%. A infecção materna é
te da doença, a expectativa de queda é de seis a oito meses adqu irida pelo contato direto entre as vesículas e a mucosa
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assistência ao parto, para atingir seu objctivo Em rel ação à pa rturie nte o q ue se c pcra é que apó!>
Assistência ao Parto
871
Períodos do parto
Período
...,_ Período preparatório _ _ . dilatatório
cm
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a Expulsão'
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a Príodode
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Fases da dilatação
Ela é mais curta nos partos de início espontâneo do de 3% dos casos dimi nui o risco de infecção no recém-nas-
que nos induzidos. cido e o uso de antibióticos.2
Ela é mais curta nos partos hospitalares conduzidos
por equipe obstétrica experiente do que naqueles fll' RI I \'0\
[RICO 1 0.\1/A. llO\ 1'11 (}\
cm que não se intervém na sua evolução. Em parturientes portadoras de pelos pubianos, a trico-
tomia - tonsura- feita na sala de pa rto faci lita a antissepsia
dos genitais e a realização de epissiotomia e da epissiografia.
NORI\IA'i PAR·\ A Co:-.~ou~Ao no PrR!ODO 01: DILATA<,. Ao A tricotomia não reduz, no entanto, o risco de infecção
da ferida operatória (RR: 1,52; IC9S%: 0,79 - 2,90).3
Na condução do parto no período de dilatação, algu-
mas medidas gerais, adotadas quase como rotina no passa- AI I.\ fi \TI<, 10
do, são hoje questio nadas e até mesmo abandonadas. Toda parturiente é candidata à anestesia, que traz me-
nos complicações quando o estômago está vazio, por isso
/:.\' IIIW( LI\.\ H L'\'I·.\1.1 ()L LII'A(,I \I 1.\'IT.\ I/,\ lf recomenda-se evitar a ingestão de alimentos durante o
É prescrito logo após a ad missão da parturiente. Seu trabalho de parto. A hidratação, quando necessá ria, o que
objetivo é evitar a eliminação de fezes no período expulsi- raramente acontece, deve ser pela via intravenosa.
vo, momento do puxo, situação constrangedora para a par- A Associação Americana de Anestesia recomenda je-
turiente e passível de contaminar o campo operatório e o jum de pelo menos duas horas para a real ização de proce-
recém-nascido. Saliente-se, no entanto, q ue se contraindica dimento anestésico em caso de ingestão de líq uidos claros
essa medida em traba lhos de parto ma is avançados - d ila- e oito horas em caso de ingestão de alimentos sólidos. 4
tação acima de 6 cm e bolsa das águas rota - , pois passou o
momento próprio para se fazer o enteroclisma. f'0\/1., IOIU f'IR rt'R/1 \H \'0 fltR/0/H) fll l>ll ·\/H, 10
Metanálise de dois estudos com 594 pacientes mostrou Pode adotar a conduta que mais lhe convier, desde que
tendência não significativa à redução da infecção pucrperal no não existam razões médicas que exijam sua permanência
grupo que recebeu o enema (RR: 0,66; IC9S%: 0,42 - 1,04).1 no leito: uso de medicamentos pela via intravenosa; doen-
Beghella et a/., a nalisando o estudo citado, afirma m que ças sistémicas graves que imponham repouso no leito; bol-
o enema provoca desconforto na parturiente, aumenta o sa das águas rota com polo cefálico móvel; e parturientes
custo do parto e seus benefícios são limitados: em menos em uso de anestesia epidural contínua.
PARTOGRAMA
Dia de inldo
Hora Real
Hora de
1 2 3 4 5 6 7 8
Registro
180
160
FC F
140
(botlmin)
120
100
80
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OCITOCINA
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Figura 53.31 Modelo de partograma.
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Vulva
Tempo (llcnl)
Figura 53.4 1 Partograma mostrando no eixo Y a dilatação cervical à esquerda (cad a quadrado representa I cm) e a altura da
apresentação à direita (cada quadrado representa um plano). No eixo X cada quadrado representa o tempo em horas. A linha
de alerta foi traçada I hora após o primeiro registro da di latação (Ã) e a linha de ação 4 horas após a lin ha de alerta. O símbolo
(O) ind ica a altura da apresentação.
160
140
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80
1-19
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Figura S3.S I Partogra ma mostrando o registro da frequência cardíaca fetal (parte superior) e as contr,lçõc uterina~ (parte
inferior).
Assistência ao Parto
875
te informa que as cólicas são fracas. N a palpação do útero, a velocidade do gotejamento não pode ultrapassar
registra-se baixa inte nsidade e duração das contrações. No 60 gotas por m inuto;
exame pélvico, não se evidencia m modificações no canal na solução preparad a d essa ma neira, 20 gotas eq ui-
cervical. O bserva-se a parturiente por algum tempo, cer- valem a I mi ( 10 mU); portanto, 60 gotas corres-
ca de duas horas, e, repetindo-se a palpação abdomi nal e pondem a 3 m i/m inuto. O tempo-lim ite para a
o exa me pélvico, conclui-se pela hipoati vidade uterina, au- infusão da solução é de ap roximada mente seis ho-
sência de modificações no colo. Se não se corrigir essa di s- ras, va riando de acordo com a velocidade do goteja-
tó cia, o parto será muito demorado. Adotam-se algu mas mento. In icia-se com lOgotas por m inuto (S m U) e,
med idas visa ndo estimu lar as cont rações: se necessá rio, a cada IS m inutos aumenta-se o gote-
Enteroclis111a: se ainda n ão foi feito, recome nda-se jamento cm lO gotas (S m U) até atingir o máximo
realizá-lo. Ele aumenta o peristaltismo intesti nal, de 60 gotas (30 mU). O tempo-l imite para que isso
o que pode contribuir pa ra melho rar o padrão das aconteça é de 75 m inutos.
contrações;
descolamento das membrm1as anmióticas: já se de- Shyke n c Pctric7 recom enda m com o dose inicial 2
monstrou que, ao descolar as membranas de sua m U/ min (4 gotas/ m in), acrescida d e m ais 2 m U/ m in a
inserção no segmento inferior do útero e do colo, cad a 30 min utos até consegui r-se o resu ltado desejado
ocorre a liberação de substâncias - prostaglandi- ou então atingi r o máx imo d e 40 m U/ m in. A ocitocina
nas, enzimas, citocinas, protease, interleucinas -, em d oses mais baixas (2 m U/ min) ou m ais altas (4 a 6
que se .Ku mulam na interface entre a membran as m U/ m in), no prazo de aproximad am ente d uas horas,
e o útero. Essas substàncias têm a propriedade de ou alca nça seus o bjetivos no rmal izand o as contraçõcs
esti mular as contrações; ou então deve ser interrompid a. A ocitocina após 40
mnniotomia: após a mobilização das membranas m inutos alca nça níveis sa nguíneos estáveis com a dose
c do polo fetal, geralmente forma-se a bolsa das adm inistrada. Em razão di sso, se houver necessidade de
~\guas. Perfura ndo essa bolsa, ocorre a saíd a do alterar a dose, isso deve ser realizado e m inte rva los de 20
líq u ido am n iótico. Qya ndo o volume que sai é a 40 m inutos.
grande, entre 200 e 300 m i, acontecem m odifica- O uso simultâneo da ocitoci na c da a m niotom ia pro-
ções na cavidade uterina q ue esti mu lam as cont ra- duz melhores resultados, em tempo mais curto. A outra
ções. Os efeitos da am nioto m ia surgem em torno m aneira de usar a ocitocina é em bolus, assim ela atua de
de 60 minutos; forma m ais pul Mil, repetindo o que acontece natural-
administração de ocitocina: é, certame nte, o recurso m ente: é liberada no lobo posterior de h ipófise, em pulsos.
ma is util izado pa ra estimular as contrações ute- A inda não ex iste exp eriência clínica suficie nte para se reco-
rinas. Ela exige, sempre, o controle rigoroso das mendar esse tipo de ad ministração de oci tocina.
contrações, pois pode provoca r h iperatividade,
sofrim ento fetal e até rot ura uterina. A ocitocina Co.-...:rR I<, c)/' IITPT RHI\As
deve ser admi nistrada sempre pela via intraveno- Nesta d istócia existem h ipersistol ia e taq uissistolia.
sa, com controle rigoroso do goteja mento. Inicia- A in tensid ade e a duração d as contrações ultrapassam
-se com doses baixas e au menta-se p rogressiva- o considerado norm al: ativid ade M ontevidéu está aci-
mente, de acord o com a resposta, até se atingir a m a de 250. C lin icam ente, comprova m -se cinco o u m ais
d ose máxim a perm itida. contraçõcs c m lO m inutos, com du ração igual o u supe-
rio r a 50 seg undos. Essa d istócia pode levar a sofri m ento
Numerosos são os esq uemas existentes para a ad m inis- ou mo rte fetal, so frimento mate rno, descolamento da
tração de ocitoci na. p lacenta o u à rot ura uterin a. C lin icam ente, o d iagnóstico
O 'D riscol et a/. 6 apresentam normas rígidas a serem baseia-se nas queixas da pa rturiente: contraçõcs m uito
sempre segu idas: seguid as, sem interva lo e mu ito dolorosas. Palpa ndo-se
Prepara-se a solução acrescenta ndo-se lOun idades o útero percebe-se a h iperton ia: p rat icamente não existe
de ocitocina a I litro de dextrose a S%; a fase de relaxamento.
A dilataç:io completa do colo é indi pcnsável para que Anormalidades na cont raçõe ou na dilatação cervi-
ocorra o de prcndimento tran pélvico do feto. Ela de- cal podem exigir número mais elevado de exames pélvicos.
pende das contrações uterinas e, também, das condições Isto se justifica quando se pretende tomar alguma decisão
anatómicas e funcionais do colo. O canal cervical começa para corrigir distócias, como ou o da ocitocina, amnioto-
a se modificar antes do início do parto, no chamado perf- mia e/ ou analgesia.
odo pré-parto. I o acontece principalmente nas nulíparas, Para a construção do partograma, o exame pélvico
com o apagamen to do colo: a distância entre o orifícios deve ser realizado a cada duas horas na fase de dilatação
externos e interno se reduz. O colo apresenta consistência inicial e com mais frequência quando necessário.
Assistência ao Parto
877
Mo l TORAÇAO E R EG ISTRO Nas gestações e pa rtos de alto risco, o ideal é o emprego
DAS CoND IÇõEs F ETAJS de métodos biofísicos ou bioquímicos para acompanha men-
to das condições fetais (capítulo IS - Ca rdiotocogra fia).
D urante todo o trabalh o de parto as condições fetais O utro recurso clínico para mon itorarem-se as con-
são monito radas periodica mente. Fetos em condições nor- dições feta is é a o bser vação da cor do líqu ido am niótico,
mais apresentam frequência cardíaca em to rno de 140 bati- q uando este se exterioriza pelos genitais da parturiente.
mentos por minuto. Alterações nessa frequência, taquicar- Normalmente sua cor é clara, esbra nqu içada. A elim ina-
dia (acima de 160 bpm), bradicard ia (abaixo de 110 bpm) e ção de líqu ido esverdeado, na apresentação cefálica, sign i fi-
arritmias (osci lações constantes) sugerem sofri mento fetal. ca presença de mecônio, o q ue sugere sofri mento fe tal.
A auscu lta da frequência cardíaca fe tal se faz com in s- O sofrimento fetal int rapa rto, sofi·imento agu do, decor-
trumento próprio, o estetoscópio de Pinard ou o sonar- re de causas con hecidas: h iperati vidade uteri na (hipersis-
doppler. Recomenda-se realizar essa ausculta antes, d uran- tolia e taq uissistolia); descolamento de placenta intraparto,
te e após as cont rações. Geralmente, n o pico m áximo das problem as com o cordão umbilical - prolapso, circu lar,
cont rações ocorre queda nos batim entos ca rdíacos, fato nó - rotura uterina ou hipotensão materna. O sofrimento
considerado fisiológico e que recebe a denom inação de de- crônico precede o parto e relaciona-se a doenças maternas,
saceleração precoce (D IP tipo I) (figura 53.6 -A). fe tais ou à insuficência placentá ria.
Quando essa q ueda é tardia, acentuada e não volta de
imediato aos valores anteriores, considera-se como patológi-
co e sinal de possível sofri mento fetal, caracterizando acha- MONlTORAÇ ÃO DAS COND IÇÕ ES M ATERNAS
mada desaceleração tardia ( DlP Tipo li) (Fig ura 53.6-B).
O trabalho de pa rto representa sempre para a partu-
riente muitos esforços físicos e emocio nais. Daí a necessi-
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Assistência ao Parto
879
ção, a rotura artificia l da bolsa das águas ou a analgesia pe- para acomodação dos tecidos pélvico , ocorrendo de cida
ridural podem favorecer a evolução normal do parto. os e expulsão do feto de modo abrupto. O parto taquitócico
c.1 os de membrana rotas, a deambulação não é recomenda- pode ser espontâneo cm multíparas, sendo mais raro em
da. A resolução por cesárea deverá ser indicada quando es es primíparas. Também pode acontecer em decorrência de
procedimentos não forem eficientes para corrigirem a evolu- iatrogenia pela admini tração exce siva de ocitoci na. les-
ção anormal da cérvico-dilatação ob ervada no partograma. te caso, deve-se suspender a infusão de ocitocina até o re-
torno a um padrão adequado das contrações.
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J>-\R HH ,)/ ( l ,\"1>.\R/ \ 0.\ Df'\C/DA Também é importante na assistência ao parto a deter-
Considera-se que há parada secundária da progressão minação do momento adequado para encaminhar-se a
da apresentação quando ocorre cessação da descida por parturiente para a sala de parto; muito cedo ou muito tarde,
pelo menos uma hora após o seu início, estando a dilatação geralmente acompanha-se de problemas ou complicações.
completa (Figura 53. 11). Deve ter pronta correção. Há ne- Muito cedo, implica na sua permanência na sala de par-
cessidade de se reavaliarem as relações feto-pélvicas, pois a to por tempo prolongado, em ambiente nem sempre aco-
causa mais frequente desse tipo de distócia é a desproporção lhedor, longe de seus familiares, gerando ansiedade, apreen-
céfalo-pélvica relativa ou absoluta. A desproporção absoluta são, temor e impondo, ai nda, a presença junto à parturiente
requer a indicação de cesárea. r a vigência de desproporção de toda a equipe encarregada de seu atendimento: obstetra,
relativa, com polo cefálico profundamente insinuado e dila- neonatologista, anestesista, enfermeira e auxiliares.
tação completa, é válida a tentativa de fórcipe de tração ou Por outro lado, retardar sua admissão no cent ro obsté-
rotação, dependendo da variedade de posição. Ocorre mais trico acarreta problemas mais graves: nascimento no leito,
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comumente em pacientes submetidas à analgesia.
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Figura 53.11 I Partogr.lma mostra ndo parada sccundári,l da descida.
CATETERISMO V ES ICAL
CONTROVÉRSIAS NA CONDUÇÃO
DO SEGUNDO PERÍODO AT UAÇÃO DO ÜBST ETRA
Algumas das medidas usual mente adotadas na con- Simplesmente passiva assistindo à expulsão fetal ou ati-
duç.lo do segundo período do parto são, na atualidade, va, de modo a reduzir a duração do período expulsivo? Em
motivo de controvérsias, de questionamento: qual o ver- alguns centros obstétricos o período ex pulsivo é acompa-
dadeiro papel dessas medidas nos resultados perinatais. nhado por obstetras que apenas o assistem. Continuamos
Por meio de estudos estatísticos tenta-se afastar algu mas acreditando na participação ativa do obstetra na condução
dessas dúvidas. do período expulsivo.
O que seria mel hor, deitada, recostada, sentada ou na Na condução ativa, compete ao obstetra decidi r pela
posição de cócoras? Não existe consenso, contudo, acredi- realização ou não da cpisiotomia. Entre as décadas de 50 e
tamos que deva ser a mais confortável para a parturiente c de 80, a episiotomia foi real izada quase que de roti na. Nas
que ao mesmo tempo permita ao obstet ra realizar quais- duas últi mas décadas voltou-se a questionar a utilidade
quer manobras que se fizerem necessárias, como proteger dessa intervenção obstétrica.
o perínco e aj uda r o desprendimento fetal. Alguns autores acreditam que não existem evidências
de que a episiotomia de roti na reduza os riscos de traunu
perineal grave, mel hore a cicatrização perineal, previna
Cu1 DADOS DEA ssE PSI A EA TJ SSEPS JA traumatismos fetais e d imi nua o risco de inconti nência
urinária. 17 Esse grupo prega que o uso da episiotomia de
O período expulsivo é o momento de risco de infec- rotina deve ser abandonado e que não se justi fica m índi-
ção e, portanto, o parto deve ser realizado em am biente ces superiores a 30%. 18
ANESTESIA
A B
Figura 53. 16 J Inspeçào da placenta. A - Face materna; B- Face fetal.
Fase de Dilatação A presença de pessoal de suporte melhora a satisfação materna. diminui a necessidade A
de analgésicos e a incidência de cesariana
A amniotomia precoce acelera o trabalho de parto. mas pode levar a aumento na inci- A
dência de cesariana
A conduta ativa do trabalho de parto diminui a incidência de trabalho de parto prolongado B
A analgesia peridural precoce diminui a duração da fase de dilatação A
A analgesia peridural não aumenta a incidência de cesariana. mas aumenta a necessi- A
dade do uso de ocitocina e o número de partos operatórios I
Período Expulsivo A episiotomia deve ser utilizada de maneira seletiva. e não de rotina A I
A adoção de posições mais verticalizadas diminui a incidência de partos operatórios e a A
duração do período expulsivo (± 4 mini. mas está associada à perda sanguínea um pouco
mais acentuada
Dequitação A conduta ativa do terceiro período diminui a incidência de hemorragia pós-parto A
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D
INCIDÊNCIA
o feto está cm situ.tção longitudma l c o
polo pélvico na área do estreito uperior da A mcidência da apresentação pélvtca varia conforme a
b,H:ta ó~<.c,1 materna. idade gc~taciona l que se considera : é m:ti · alta na3 fases in i-
A identificação d.1 apre~entação pélvica é import,llltc ciais d.t gravidez; is o c justifica porque ncs~a t:1 c o polo
t.111to na gravidez como no início do traba lho de parto. Na pélvico é menor que o polo cefálico e a tendência é c-.te
gravtdcl, porque e pode, quando indicado, tran fo rmar ocup;u a região ma i~ ampla da c,wtdade uterina, o corpo.
.1 .tprc~cntação pélvica cm ceHlica, r~:al iza ndo-sc ,1 versao .1 mct,tde da gcstaç,1o, o~ volumes do dois polos tet.us se
externa. o in ício do tr.1bal ho de pa rto, p.H,l que l>C possa equ iv.tlcm c existe pouc,t Jibença n.1 apresentação: t.lllto
decidir qua l a melhor vi:t pa ra o nasci mento do fe to: t rans- pode se r cef.ilica como pé lvica. Já por volta da O• sc m.l-
pélvtc,t ou transabdommal. na e daí para frente o polo pélvico torna-~e mais volu moso
que o cefálico e, por cau a di o, o feto muda a apre enta- APRE ENTAÇÃO PÉLVI C A IN C OMPLETA
ção: cu polo pélvico muda para a região fúndica do útero,
ocorrendo a chamada cambal hota espontânea do feto. I o Varrcdadc ncldcgas - rrádega pura: os membro in-
acontece na maioria da veze , ma não em toda . Ao final feriores fetai estão estendidos sobre seu abdome
da gc t.tção, 3 a 4%dos feto não mudarão de apresentação, c tronco, apenas as nádega c tão próximas da ba-
permanecendo em apre entação pélvica. cia; (Figura 54. 1 B)
variedade dos joelhos: as pernas fletem-sc sobre as
coxas e, em consequência, os joel ho se postam na
ET IOLOG I A região da bacia; ( Figura 54.1 )
variedade dos pés: os doi:> membros infcriorc do
Por que nem todos os fetos ao fi nal da gravidez não feto c tão completamente estendidos: os pés pe-
c ·tão na apresentação cefá lica, a mais favorável ao par- netra m pri meiro na bacia. ( Figura 54.1 D)
to transpélvico? Porque existem fatores que impedem a
cambalhota fetal no momento em que e ta deveria acon-
tecer. Esse!> fatores podem estar relacionados ao próprio
feto- fatore fet.tis; aos cus anexos fatore anexiai ; ou
ao útero - fatore uteri no .
f-atores fetms: ,~norm alidade anatômicas c funcio-
A c
nais no feto contribuem para que este permaneça
na apresentação pélvica: hidrocefalia, anencefalia,
tumores abdominais;
Fatores mrexwrs: alterações no volume do líquido
amniótico - oligoidramnia ou polidramn ia; na
lo alização da place nta - placenta prévia; c no cor-
dão umbilical circular, cordão curto;
Fatores uterinos: modificaçõe na conforma ão ute-
rina - malformaçõe , miomato e c a multiparidadc.
O d iagnóstico correto da apresentação pélvica é in- Na atualidade, o recurso laboratorial mais utilizado no
dispensável: durante a gravidez para que se possa tentar diagnóstico da apresentação pélvica é a ultrassonografia;
transformá-la em cefálica realiza ndo-se a versão externa; e ela confi rma os achados do exame clínico e fo rnece out ras
no início do trabalho de parto para que se decida qual a via informações como a variedade de apresentação e o peso
mais adequada ao nascimento do feto. aproxim ado do feto. Contudo, necessário se faz lembrar
Esse diagnóstico, como todos, deve se basear na anam ne- que exa mes ultrassonográficos feitos dura nte a gravidez
se, no exame físico específico - exame do abdome e pélvico necessitam de confi rmação no momento do parto: o feto
- e, quando necessário e possível, em exame complementar. pode mudar de apresentação.
O diagnóstico da apresentação, obrigatoriamente, tem
que ser confi rmado no momento da admissão da pa rtu riente.
ANA MN ESE
DESPRENDIMENTO DO
EXAME PÉLVICO D I ÂMETRO BIACROMIAL
A partir do fu ndo-de-saco posterior da vagina conse- O d iâmetro biacromial com os membros superiores do
gue-se identificar o polo fetal. ~ando já existe d ilatação feto dispostos sobre o seu tórax penetra na bacia também
cervical, identi fica-se o diâmetro bitrocantérico, sulco in- nu m dos diâmetros oblíquos; desce rodando c, ao chegar
terglúteo e os membros inferiores do feto. no estreito in ferior da pelve, após a rotação interna feta l,
Acontece quando, .1pós a exteriorização do mem- Até a 33• emanJ de gestação, a conduta é expectante:
bro inferiore e do abdome, traciona-sc o feto visando aguarda-se que ocorra a cambalhota fetal - mudança es-
desprender seu tronco. Essa tração pode determ inar a pontânea da apresentação pélvica para cefálica. A partir
dcflcx:io de seus membros superiorc ; eles sobem, ficam dessa idade gestacional, essa mudança torna-se cada vez
de um lado c de outro do polo cefálico, impedindo odes- mais improvável; justifica-se, então, tentar realizá-la arti-
prend imento dessa estrutura fetal. Quando i so aconte- ficial mente por meio da chamada versão externa cefálica.
ce, ncccs ita- e volta r o membros superiores à posiç:io
anterior. Para tan to, introduzem-se dois dedos junto do
tronco fetal até atingir a região da clavícu la e, mobil izan- Vt- R ~ÃO LX T ERNi\ C I" I'Á LI C o\
do o dedo sobre o tronco, chegar até a região e capular e
fletir c extrair o membro superior desse lado. A mesma Muito realitada no passado c dcpoi esquecida, voltou
coi ·a se fàz com o outro bdo. Trata- c de manobra pe- a ~er recomendada na atualidadc. Reconhecendo-se .1 difi-
rigosa: pode determi n,u frat ura da clavícula. Contudo, culdade de ensinar e aprender a fazer o parto na apre enta-
é a única solução para reverter a deflexão dos membros ção pélvica c ao mesmo tempo o desejo de não aumentar
superiores do feto. ainda mai a taxas de cesariana, a altcrn.ltiva é tentar rc-
A condução do parto pélvico exige vigilàn ra con~tantc O dc~prcndimcn to espontâneo do feto é possível c
de ua evolução no período de dilatação e, ainda ma i , no frequentemen te acontece. Contudo, qua c cmpre é de-
período expu! ivo. morado e com ri co de complicações com o recém-nas-
cido. o parto hospitala r, na maioria das vezes, o ob tctra
participa realizando ma nobr.ts que permitem o despren-
CO NDUÇÃO NO PERÍODO DE DILATAÇ ÃO di mento mai rápido do feto. Realizada corretamcnte,
cL!s influenciam positivamente nos resultados perinatais.
t prati ,1mentc a mesma adotada na ondução na Essa m:tnobras têm por objetivo ajudar no desprendi-
apre entação cefálica. A diferença ão: não se deve fà1cr men to dos d iâmetro. bitroca ntérico, biacromial e polo
amn iotomi,t c n,t distócias de contração e de di!Jtaçjo cefál ico do feto.
ccrvrcal njo e deve tentar corrigi-las; é mais prudente in-
terromper .1 condução e extrair o feto pela vra abdomin.tl.
Gera lmente o período de dilatação é mai demorado do Dt-<.,J>Rl. '\ D i tll E:-\. I ODODI ,\~IIIRO
que na cef51ica. 131 rRO C Ai TLRI CO
Apresentação Pélvica
901
Mmrobrn de RoJtlS: apó~ o desprendimento do dià·
metro bitrocantérico e realização da .tlça do cordão
umbilical. com a dua m:lo roda- c o leto da c ·
querda par:t o centro, segurando-o pelo abdome e,
com ligeira tração para baixo, de prende-se um dm
seus membros s u pcriore~. A cguir, rod.t·sc o feto
d.t d ircit,l para o centro c, ab.tixando o corpo fetal,
desprende- c o out ro membro (figura S4.. J.).
Manobra de Dcllwlcr-Mucllcr: a maneira de segurar
o feto é a mesma da manobr.t anterior. ' omplctada
a rotação do diâmetro biacromi,tl, aba1xa-se o feto
para de prender o ombro antcnor c, a egu ir, eleva-
-o para desprender o ombro po\tcrior.
Figura 54.3 1 Dc~prcndunento do diâmetro bitro .mtéri o. l O.\ fl'lll ,,, 1n \i!> J)r \I'R I \1>1 \ fl 'ro nu
L>r 1 \li r Ro Hr \l Polir H
DI '>I' R I DI \I L i\ I o DO DIA~tCTRO Bl \l RO.\ IIA l A complicJção mais comu m é .1 dc ncxão dos membros
superiores - obem c e colocam junto do polo cef:1lico
Contraçõc~ efiCientes e esforço materno pu xo - , tornando impo ívd o desprendimento do feto; isso só
oricnt,tdo c correto 5o uficiente , cm ign1 fic:tt1vo núme- .Kontecc quando c f:1Z tração do feto.
ro de c.1 os, par.t determi nar J cxterioriz:tç:lo do diâmetro A correção des a distócia é difícil, exige que c introdu-
biacromiJI. Contudo, quase cmprc e e de prcndimcnto zam dois dedos até a região da clavíc ub fetal c levem-se os
é dcmor:tdo. No parto :tssistido, o ob ·tetra :ttu:t de maneira dedos até os ombro para c con ~egu i r dcHctir o membro
a Jnteci p~ lo, rc.tlizando manobra próprias; as mai indi- superior do feto; isso tem que ser feito nos dois membros.
cadas são :ts de crita por Rojas e Dcventer-Mücllcr. A parturiente terá de cr a neste iada e a manobra deve ser
Apresentação Pélvica
903
de parto vaginal de 31,2%. Com base no estudo, os autores
concluíram que quando o critério rigoroso é seguido antes
e durante o parto, o parto vaginal planejado em apresenta-
ção pélvica é opção segura e deve ser oferecido à gestante. 6
As estatísticas demonstram que o parto vaginal em
apresentação pélvica é seguro cm gestantes rigorosamen-
te selecionadas e atendidas por profissionais competentes.
Contudo, como se torna cada vez mais difícil aprender a
conduzir o parto com o feto cm apresentação pélvica c,
ao mesmo tempo, há tendência global em se reduzirem
as taxas de cesaria nas, diante dessas tendências a solução
Figu ra 54.7 I Aplicação do fórcipe de Pi per. seria realiza r a versão externa cefá lica, que reduz em mais
de 50% a incidência de fetos em apresentação pélvica na
hora do parto.
CoNcLusõEs
risco de mortalidade pcri natal e de morbidade neonatal 3. Muhuri PK; Macdorman M F; Menacker F. Method or de-
livery and nconatal mortality among very low birth weigh
grave no nascidos de cesariana planejada quando com- infants in Unitcd Statcs. Matern Child Health j. 2006; 10:47-
parados com os nascidos de parto vaginal planejado: 1,6 c S".
S,O% (p<OOOI). Salienta-se, no entanto, que no nascidos 4. Hannah ME, Hannah WJ, Hewson SA, Hoonett ED, Saga iS,
por cesariana planejada ocorreram também complicações Wiliian AR. Pla nned caesa rean scction l'crsus planed vaginal
graves, como um caso de fratura de base de crânio4 O u- birth ror brecch presentation at tcrm: A Randomiscd Multi-
centre Trial. Lancct 2000; '56: 1375-83.
tro dado importante sobre esse estudo é que seus autores,
S. Whyte H, Hannah ME, Sa igal , Hannah WJ, Hcwson S,
quatro anos depois, publicaram o resultado do acompa-
Amankwah K cl a/. Term Breech tria l Collaborativc Group:
nhamento por dois anos de 920 crianças que nasceram Outcomes ofchildren at 2 Years aftcr planned cesarcan birth
por cesariana plancjada e por parto vaginal planejado e não versus pl,mncd vaginal birth for breech prc cntation .ll tcrm:
encont rara m diferença no desenvolvimento neu rológico 1l1e lntcrnational Randomizcd Term Brccch Trial. Am J
Obstct Gynccol. 2004; 191 : 864-71.
entre os dois grupos.s
6. Goflinct F, Carayol M, Fo1dart JM, Alcxander S, Uzan S, Sub-
Gofli net et a/. relatam os resultados de estudos prospec-
til O, etal.ls planned vaginal delivery ror brccch prescntaliOn
ti vas observacionais de 8.105 gestantes com feto ún ico em at tcrm still an optionl Rcsults of an observational prospec-
apresentação pélvica atendidas em 138 maternidades na tive survey in Francc and Belgium. i\m J Obstet Gynecol.
França e em 36 na Bélgica. A taxa de cesariana foi de 68,8 e 2006; 194: 1002 - 11.
A
indução do t rabalho de parto é a estimulação e
a implementação artificial das contrações uteri-
nas características do processo, com di latação A indução de trabalho de parto é processo complexo,
cervical progressiva. A decisão de indução do parto de- que leva em consideração vários fatores pa ra o seu sucesso.
pende da ava liação dos riscos materno-fetais de continuar O tamanho, o peso e o bem-estar fetal, as cond ições do colo
ou não a gravidez e, em última análise, de haver finalidade uterino (índice de Bishop) e da pelve materna, como tam-
terapêutica. bém a escolha do método de indução são fa tores que mere-
O colo uterino ou cérvice é constituído por muscula- cem análise cuidadosa. A adm inistração de fármacos na in-
tura lisa, colágeno e tecido conectivo em proporções va ria- dução de parto deve ser cuidadosa, exigi ndo monitorização
das. A musculatura lisa varia de 6 a 25%, sendo menor no da atividade uterina e da frequência card íaca fe tal, para iden-
segmento inferior. tificar a taquissistolia uterina, bem como o sofri mento fetal.
Nas ú ltimas sem anas de gestação, o processo de am a-
durecim ento do colo uterino apresenta mudanças no colá-
geno e no tecido conectivo, promovendo seu m aior a mo- PROPO RÇÃ O FETO -PÉLVICA
lecimento e distensão. Esse processo favo rece o trabalho
de parto e é fator importante no sucesso da indução do A determinação da prop orção ent re o feto e a bacia ós-
I
mesmo. sea m atern a é fundamental. Para isso, recorre-se ao exame
fís1co (manobras de Lcopold, útero-fit.l, pclvimetri:t clini-
Cl, .waliação da altura da apre entação fetal), ao emprego
d.1 ultra onograh.l c, csporadica1T1cnte, da radiologia e/ ou
rc onânci.1 magnética, para determi nar o volu me e o pc o
lct.1l. 'a certeza ou su peita de de proporção, a melhor
conduta é não induzi r o parto.
COLO U T ER I NO
,, /,oi'Ro\1()/ (J>(;r J
As prostagland inas são hormônio!> produzido por Recentemente, tem !>ido muito uti lindo o mi opro -
vários órgão . Tem como prccur oro ácido araquidónico to!, .ll1:ílogo sintético de prostaglandina EI (PG E1), para
Indução do Parto
911
Quadro SS .S I Evidências sobre os métodos e técnicas de
22
Segundo o protocolo do ACOG, prepara-se a so-
lução com 200 un idades de ocitocina (40 ampolas) em indução do traballio de parto
SOO mi de soro fi siológico ou ringer. O gotejamento deve lntervençao Grau de
ser de 50 mi/ hora (20.000 mU/ hora), o que resu ltará recomendação
numa dose aproximadamente 10 vezes ma is alta que a Ocitocina é efetiva na indução do parto A I
dose máxima preconizada para a indução do parto com
Prostaglandina é efetiva no amadureci- A
o feto vivo ( 1.800 mU/ hora). A indução d eve ser precedi-
menta e na indução do parto I
da da avaliação da dosagem de Na+ sérico. O achado de
hiponatremia contraindica o uso desse esquema. Além Descolamento das membranas aumenta A
as taxas e a velocidade do parto vaginal
disso, antes de iniciar o uso das altas doses de ocitocina,
deve ser testada a sensibilidade uterina às doses habituais Estimulação mamária pode aumentar a A
de S-6 mU/ minuto. taxa de parto no prazo de 72 horas
O risco de intoxicação h ídrica é mais alto com altas Acupuntura tem fraca evidência no ama- A
doses de ocitocina e a paciente deve ser monitorada com durecimento e na indução do parto
dosagem de íons diária, enquanto estiver recebendo esse Cateter de balão e laminaria têm fraca A
regime. evidência no amadurecimento e na
indução do parto
Cateter de balão no amadurecimento e A
COMENTÁRIOS FINAIS na indução do parto aumenta as taxas
de infecção materna
A indução do parto, principalmente nas gestações de Amniotomia tem fraca evidência para a A
alto risco, representa estratégia importante para a redução indução do parto ~
das taxas de cesariana, que aumentaram progressivamente Indução do parto não aumenta significa- A
nas duas últimas décadas na maioria dos países e, cm espe- tivamente a morbidade perinatal I
cial, no Brasil.
A indução do parto em gestações com mais A
Atualmente, têm-se disponíveis vá rios métodos alter- de 41 semanas reduz o risco de cesariana
nativos de preparação da cérvice uterina para a indução
do trabalho de parto, além de con hecimentos baseados
em evidências científicas. Assim, a indução deve ser seria- REFERÊNCIAS
mente cogitada na atenção obstétrica como opção para a
resolução do parto. I. Uldbjcrg N, Ekman G, Malmstrom A, Olsson K, Ulmstcn
V. Ripcning of thc human utcrinc cervix related to chJngcs
Contudo, apesar da segurança atual dos métodos de
in coiiJgcn, glycosaminoglycans and collagenolyt ic activi ty.
indução, eles somente devem ser empregados quando fo r Am Obstct G)•necol. 1983:147:662-6.
absolutamente necessário que o parto ocorra antes de ser 2. Bishop EH. Pclvic scoringfor eletive induction. Obstet Gync-
desencadeado espontanea mente, com indicação clínica e/ col. 1964;24:266-8.
ou obstétrica para tal. 3. Watson WJ, Stevens D, Weltcr S, Day D. Factors predicting
Fi nalmente, a indução do traba lho de parto somente succssfu l labor induction. Obstct Gynccol.l996;88;990-2.
deve ser realizada em locais apropriados e com profissio- 4. Hatficld AS, Sanchez-Ramos L, Kaunitz AM . Sonographic
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nais e instalações adequados pa ra a necessá ria vigilância
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Indução do Parto
913
Parto Vaginal Operatório
Mário Dias Corrêa
Fórcipe Vácuo-extração
Função Versão Interna e Extração Podal
Classificação Condições para Realização da Versão Interna
Modelos Indicações
Condições para Aplicação Técnica
Indicações
Distócia de Ombro
Técnica
Complicações Mate rnas
Prognóstico
Complicações Neo natais
Co nduta
O
parto vaginal espontâneo, o desejável, acon- preparado para realizar o parto vagi nal operatório: mu ito
tece na maioria das gestações de evolução utilizado no passado, hoje sua incidência é baixa.
normal. Não raro, no entanto, surgem pro- No mundo ocidental, em aprox imadamente um em
blemas - distócias - no período expulsivo que tornam cada lO partos recorre-se ao parto vaginal operatório.'
o desprend imento fetal espontâneo demorado, difícil e No Brasil, atualmente, ele é pouco ensinado, pouco
perigoso para o feto. Nessas circunstâncias, a solução é aprendido e, consequentemente, pouco utilizado. Contu-
sua extração por meio de manobras que ca racteriza m o do, acredita-se q ue, em livros de Obstetrícia, esse assunto
denominado parto vaginal operató rio; a extraçâo do feto deve ser amplamente analisado.
se faz com o auxílio de fórcipe, do vácuo-extrator ou da
versão interna.
Ind icado para solucionar problemas que surgem no FÓRCIPE
período expulsivo, real izado quase sempre em regime de
urgência, o parto vagina I operatório envolve riscos de com- O fórcipe, instru mento idealizado e utilizado visa ndo
plicações. Cont udo, indicado e realizado corretamente, aj udar o feto na sua passagem pelo canal de parto, é em-
seus benefícios superam seus possíveis riscos. pregado desd e o século XVI I. Nessa longa história de uso,
Como não se pode prever quando vão surgir distócias muitas alterações ocorreram. Em passado bem distante,
no período ex pulsivo, o desejável é que se esteja sempre era a solução para todos os problemas obstétricos, cxccp-
cionalmente se realizava cesariana. A partir da década de Fó RU PI:. M ÍJ) IQ
60 do século XX, a situação inverteu-se: di minuiu o em-
prego do fórcipe e aumentou o da cesariana. Ressalta-se, O polo cefálico já ultrapassou o estreito méd io, mas
no entanto, que o fórcipe continua sendo instrumento ai nda não ati ngiu o estreito in ferior; encontra-se nos pla-
úti l; bem indicado e, se realizado corretamente, beneficia nos +I ou +2 de De Lee. O fórcipe médio tem como fu n-
o Feto e a parturiente. ção: completar a descida do polo cefálico até o estreito
O fórcipe, para atingir seus objetivos- proteger o feto in ferior (plano +3); completar a rotação interna; rodar 45
e a parturiente -, exige não apenas que se respeitem suas graus nas variedades de posição oblíguas (O EA; ODA;
indicações, mas que se conheça exatamente suas funções, OEP; ODP); e rodar 90 graus nas variedades de posição
que existam condições próprias à sua realização e, acima transversas (OET e ODT). Finalmente, ele faz a deflexão
de tudo, que se saiba teórica e praticamente como realizá- do polo cefálico.
-lo. Dificuldades no seu ensino e, consequentemente, no
seu aprendizado são os responsáveis pela redução do seu
emprego na atualidade. FóRC JPJ: BA IXO
Muitos jovens professores que ensinam Obstetrícia
nos cursos de residência médica não têm experiência com O polo cefálico já desceu inteiramente na bacia; encon-
o uso do fórcipe.2 tra-se no plano +3 de De Lee c, também, já houve toda a
rotação interna: as variedades de posição são OP ou OS;
falta apenas a deflexão. O fórcipe baixo- profilático ou de
FUNÇÃO alívio - tem por objetivo reduzir a du ração do período ex-
pulsivo, beneficiando o feto e a parturiente.
O fórcipe foi ideal izado e é empregado com o objeti-
vo de ajudar na passagem do polo cefálico pela bacia óssea
materna, ou seja, realizar integralmente ou apenas parcial- MODELOS
mente o mecanismo do parto quando este não acontece de
forma espontânea. Não se sabe exatamente guantos modelos de fórcipe já
foram criados. Admite-se a existência de mais de 200. De
todos eles, na prática, basta reconhecer três: SIMPSON,
CLASSIFICAÇÃO KIELLAND e PIPER. Com esses três modelos conse-
gue-se sempre fazer a aplicação do aparelho.
Conforme a altura do polo cefálico fetal na sua relação Todos os fórcipes, qualquer gue seja o modelo, são
com os estreitos da bacia óssea materna, classifica-se o fór- constituídos de dois ramos, cada um composto de um
cipe em alto, médio e baixo; essa é a classificação mais sim- cabo, u ma haste e uma colher. O gue va ria é o taman ho
ples, mais prática e mais útil. de cada um dos seus componentes e o modo como os dois
ramos se articulam. O gue caracteriza essencialmente o
modelo SIMPSON (Figura 56.1 - A e B) é que sua arti-
FóRC IP[ ALTO culação é fixa : existe um encaixe próprio dos dois ramos.
Já no modelo KIELLAN D ( Figura 56.1 - C e D) a arti-
O polo cefálico encontra-se acima do estreito médio: culação é móvel, permitindo gue um ramo deslize sobre o
planos -I, -2 ou -3 de De Lee: o poJo cefálico está móvel. outro. O modelo PIPER (Figura 56.1 - E e F) apresenta
Nessas condições o fórcipe terá que realizar toda a desci- articulação fixa, porém as hastes são maiores e com dupla
da, toda a rotação interna e, fi nalmente, a deflexão. Muito curvatu ra e as col heres também são mais encurvadas.
utilizado no passado, hoje inteiramente contraindicado: é Tudo isso fàcil ita sua aplicação sobre o polo cefálico na
difícil e perigoso. apresentação pélvica.
I N DI CAÇÕES fETA IS
I
Figura 56.10 Extração fetal com o vácuo extrator.
CONDUTA
COMPLICAÇÕES MATERNAS
D iante de um caso de distócia de ombro, é imprescin-
Em decorrência da necessidade de realização de ma- dível a participação de, pelo menos, dois auxiliares habilita-
nobras e do prolongamento do período expulsivo, existe dos nas manobras obstétricas. Deve-se evitar q ualquer tra-
alto risco de hemorragia pós-parto secu ndária a h ipo- ção feta l fora do período das contrações, pois isso só agrava
tonia uterina, rotura uterina, lacerações do canal de par- a compressão dos nervos braquiais, aumentando o risco
to e infecção puerperal. Na dependência das manobras de lesão. Também está contraindicada a pressão no fundo
utilizadas para extraçâo fetal, a vigência e gravidade das uterino, pois, ao pressionar o ombro impactado contra a
complicações maternas variam, sendo que a m anobra de sínfise púbica, aumenta-se a probabilidade de rotura ute-
Zavanelli é certam ente a que se associa à maior morbidade rina. Além disso, é ind icada episiotomia ampla. Vá rias são
materna. 5·6 as manobras descritas para a resolução da distócia de om -
bro. Os estudos sugere m que a conduta in icial de associar
a pressão suprapúbica à ma nobra de M cRoberts mel hora
COMPLICAÇÕES NEONATAIS os resultados, com sucesso e m m ais de 50% dos casos.5•6·8
I
Figura 56.11 Pressão supra-púbica, ou manobra de Rubin L Note o posicionamento da mão do auxiliar que pressiona a
flexão do ombro fetal. A pressão deve ser lateral e o auxiliar que a executa deve se posicionar do lado do dorso do feto.
Figura gentilmente cedida pelo Dr. Álvaro Luiz L age Alves.
Figura 56.1 2 1Posição das pernas durante a manobra de Denomi nada manobr:.1 de Jacqucmicr, consiste n:.1
McRoberts A. Associa-se esta manobra ~ de Rubin I B- remoção do braço po ·terior. Indicada nos caso de dis-
para desprender o ombro an terior. tócias grave~ que não foram resolvida com as manobras
Figura gentilmente cedid.1 pelo Dr. Álvaro Luiz Lage Alvc . anteriores. Para sua execução é necessária a penetração
A
terotomia). Essa concepção do termo não inclui a extração
da mai antigas ciru rgias na história da fetal d:1 cavidade abdominal, como acontece na rotura ute-
Medicina. Há longa data tem sido o proce- rina completa e nas ge tações abdominais.
dimento cirúrgico de porte mais freque nte no mundo.
A melhoria nas técnicas anestésicas, n.1 antibioticoterapia
c na técnica cirúrgicJ propriamente dita tornou o procedi- INCIDÊNCIA
mento de baixo ri co materno, o que estimula !.ua indicação.
A discu ão das restriçõe!> à cirurgia tende a se resumir Impossível estatuir a incidência atual da operaçao ce-
n.1s consequências para futuras gestações e partos, com au- SJrianJ, tão variado o · índices, conforme a origem de onde
mento na incidência de complicações como: placenta prévi,l emanam. É crescente, entretanto, em todo o mundo. Muitos
c acretismo placentário. fatores são responsáveis por essa mudança substanci.1l, sendo
os principais a melhoria nas técnicas operatórias e anc tésicas
e as mudanças cultu ra i do mundo moderno. Além disso, atri-
CONCEITO bui-se a ela proteção contrJ a incontinência urinária ao esfor-
ço , incontinência anal c algum distúrbios sexuais. A reduç:io
Ce ariana é o parto que ocorre por dupla incisão, a pri- do risco de comprometimento fetal e a conveniência médic.1
meira abdomi nal (laparotomia) e a segunda uterina (his- são também importante fatores que elevam a taxas de cesJ-
ria na. As taxas muito variáveis no mundo refletem o incontro- Apresentações anômalas: pélvicas, córmicas e defletidas.
lável montante de fatores que interferem na sua determ inação. Macrossomia fetal.
Tentativas de se definir ou até impor a taxa ideal são fúteis e Gestações múltiplas.
devem ser abandonadas. A cesariana atingiu as culminâncias Aloimunização feto-materna.
de seu aperfeiçoamento técnico. Os riscos da intervenção se Placenta prévia centro total/acretismo placentário.
amenizam dia a dia, manifestados em resultados insuperáveis. Oligoidrâmnio.
A prática da cesariana recebeu, nos últimos anos, indicação Prematuridade extrema.
outrora insólita, polêmica, hoje admitida: a cesariana a pedi-
do. A informação consentida, que obriga o médico a acatar a
decisão da paciente, é sinal dos tempos, da subversão que mo- CA USAS MATER NA S
lesta a ética tradicional da nossa profissão e envolve desafios
outros que nos mantêm atônitos. As críticas que se elevam Tumores prévios, obstrutivas.
aqui e ali contra os elevados índices de operação cesariana de- Doenças maternas:cardiopatias, síndrome HELLP,
correm, em sua maioria, de motivos subalternos. doenças infecciosas, herpes genital.
Cicatriz uterina prévia.
Cesarianas prévias.
INDICAÇÕES Correção de incontinência anal, urinária e fístulas.
Preservação do assoalho pélvico.
As indicações da operação cesariana são maternas, fetais Cesariana a pedido.
e anexiais e podem ter caráter absoluto ou relativo. A tendên-
cia atual da assistência obstétrica é incrementar o número de
indicações relativas, visando atender na plenitude o conceito TÉCNICA PREFERENCIAL
de saúde, tanto para a mãe como para o produto conceptual.
Relacionando apenas as indicações mais constantes, Nos nossos dias, a cesariana atinge as culminâncias de
vale enumerar: seu aperfeiçoamento técnico. Ato de urgência, urgência ex-
tremada muitas vezes, a operação cesariana se cristalizou em
CESARIANA DE EMERGÊNCIA técnica de simplicidade requintada, a demandar, cont udo,
execução primorosa. Não se iludam, porém, aqueles queima-
Sofrimento feta l. ginam ser este o campo adequado para neófitos. Esse proce-
Síndromes hemorrágicas agudas: descolamento dimento, aparentemente singelo, requer tocólogo experiente,
prematuro de placenta e placenta prévia. hábil e com domín io completo de cirurgia abdominal.
Iminência de rotura uterina.
Cesariana post-mortem.
Prolapso de cordão umbilical. PREPARO
Distócia funcio nal.
Desproporção céfalo-pélvica. A anestesia de escolha é a de condução: raquidiana,
Acidentes de punção (amniocentese/ cordocentese). peridural ou duplo-bloqueio. A anestesia geral é medida de
Eclâmpsia. exceção, na dependência do quadro clínico da gestante.
Nas cesarianas eletivas, todos os preceitos cirúrgicos
devem ser obedecidos, desde o jejum até as correções dos
CESARIANAS ELETIVAS distúrbios orgânicos eventualmente presentes. A tricoto-
mia suprapúbica em sala, a degermação de todo o abdome
CAUSAS fETO-ANEX IA IS e a sondagem vesical de demora são medidas protocolares.
Enquanto se aguarda o início da cirurgia e antes que
Malformações fetais: gemelaridade conjugada, hidro- ocorra a extração fetal, o anestesista manterá o corpo ute-
cefalias, espinha bífida, onfalocele, gastrosquise. rino desviado para a esquerda, com o objetivo de evitar a
INCISÃO PElA
U NHAM.;DIA
Cesariana 929
Procede-se, então, ao afastamento dos músculos retos
abdomi nais c pir,umdat da linha média por divulsão digi-
tal ou om auxílio de uma te oura.
A fásci.1 transversal c a gordura pré-peritonial ão então
dts c ad.1 , atingindo-~c o peritônio parietal. Este é aberto em
u.1parte uperior (para evitar Ic :lo ve td), pinçando-sc com
dua\ pinça de Kclly c ~eccionando- e com tesoura curva de
dissecção. Épreciso ter cuidado com adcrcncia de alça · inte -
tin:tis ou do gr:tndc cpiplon durante esse ato (Figur.l 57.4).
Cesariana 931
urinárias e intestinais observad as especia lmente n as ce-
sarian as iterativas.
HEMORRAGIAS
Lesões do trato urin.í rio c intestinal são raras. A., lesões REFERÊNCIAS
de bexiga podem cr cv1t.1das com a sondagem vcsical de
demora, abertura cu1dado a do peritônio parietal a partir Amcn an CollcgcofOb-.~etnCtan and Grnccolog1st. Placcn
1.1 accn:t,t. ACOG Comm1t1cc Opm1on.ln1j Cynccol Oh-te\
da vcriticaç.1o da tr,111sparcncia antes de cort:í-lo c cuicb do 2002: ~7; -, 8.
n.1 histcrorrafi:t, principalmente nas paciente!> com ccsa· 2. Ayrc' JWT, Morlcy GW ~urgJCalmct'>lon for cc~arc.1n ~cc·
ri.1nas prévi,1s. O diagnóstico e reparo imediato no intrao- t1on. ObMcl Grnccol198-; -o:-06-8.
peratóno são fundamcntab para prevenir sequela ~ c sérias .t Berghella V, Ba"xlerJ K, Ch.1uh.1n SI'. Ev1Jcncc-b.t-.cJ ~urgcry Úlr
cc~arca n dclívcry. AmJ ()b,tCI.11ld Gynccol. 2005; 191: 160- I~
complicaçôcs. As peguenas lesões de bexiga podem sem
4 Cun nmgham FG, Lc,cno KJ Rloom SI .. I !au1h JC. Gd•.~rap
repa rada., por sutura com lio absorvível em doi pl.1no ,
li! I C. \\'enstrom KD. CtC'-JrCan dd1\Cr) anJ pcnpartum
com manutenção da sondagem \'C ical de demora por in- hy~tcrcclomy. \\'ilham~ oh\lelncs, 22 J I:.J "" York: l\(-
co a '>etc d1a . P.ua lc õc ma1ores e possível acometimento graw-hd i 200S; pS 7-606
urcteral, o auxílio do urologista torna-se imperativo. S. G1.1cal on~ PL, Daurc' J P, V1gnal J, I fcnsson C. Hcdon B,
Latfargue F. Plànncmucl vcr'u' 1\ I.1)'IJrd 111C1\1011 for cC\.IrC·
Nos c:tsos sem compli :tções, :1 dieta ólid,1 pode cr
an dclívery: a randonlllcd wn1rollcd tn.1l Obstet Gynccol.
oferecida oito horas :tpó a cirurgia. Entretanto, .1lguns 2002; 99:- .JS-SO
.1'>0 podem evoluir com íleo adinàmico. O. sintomas in- 6. I lema K R,Johanson R. Tcdtll1lJIIC~ for pcrform111g cac-.arcan
lucm d i~tcnsão abdomin.1l, cólica intestin:tl c diGcukbde ~cc 11on . Bc~t
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Cesariana
933
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ESTADO FÍSICO
O tr:tbalho de parto caracteriz:t-se pelo aparecimento
As gestantes apresentam ao termo condição sistémica das contraçõe · uteri nas, geralmente dolorosas, suficiente-
que inAuencia c modifica todo o corpo, dificultando ua mente cfctivas c frequente para dilatar a cérvix uterina,
condução ancstésica e au ment:tndo o ri co ancstésico-ci- permitindo, assi m, a pass.1gcm do feto pelo canal vaginal.
rú rgico. Um:t ela ificação de e tado fí ico foi propo ta, cm O trabalho de parto é dividido cm quatro c t:ígio dilata-
1941, por aklad, rebc1onando a mortalidade cm decor- ção, expulsão, dequitação e observação.
rência da ane te ia c as condiçõe clínicas pré-operatórias. Cada um do estágio do trabalho de parto po sui im-
E sa ela ificação, apre cntada no Qu,\dro 58. 1, foi adotada plicações anestésicas peculiares, perm itindo a técnic,\ mais
pela Americnn Society oj Anestheswlogisls (ASA) c é ampla- adcquad:t da :tnalge ia de parto.
mente aceita cm todo o mu ndo. A percepção dolorosa é vari,ível de acordo com o es-
tágio do trabalho de parto, havendo basicamente quatro
Q.ladro - .I I Cla ilicação da Amencm1 . oc1cty ~( Allestilc- componente :
swlog,sts (A A) Dor abdominal devido à contraçõe~ uterina ;
Cate\JOIIil s Alte1 açao dor lombar durante as contra ões utcn na ;
dor lombar contínua devido à dilatação do colo
ASAI Paciente sadia, que apresenta apenas a
Idoença cirúrgica
---r---
uterino;
dor pcrineal dura nte a fase de expulsão do feto.
ASA li Paciente com doença ou condição sistêmi-
ca leve ou controlada
:-- ----t Diversos fato re obstétricos estão relacionados com a
ASA III Paciente com doença ou condição sistêmi- intensidade da dor du rante o trabalho de parto:
ca leve. porém não controlada. ou doença
Panrlade: as nu lípara , principalmente as adolescen-
grave
tes, parecem experimentar dor mais intcn a que as
ASA IV Paciente com doença sistêmica grave que
I ASAV
apresenta risco à sua vida
---
multípara ;
varrcdade de posição fetal: as posteriores tem ~ido re-
Paciente moribunda. que não possui ex- lacionadas à dor de ma i inten idade;
pectativa de sobreviver sem a intervenção gestantes com histórico de dismenorrcia;
cirúrgica
ASA VI
-
Paciente com diagnóstico de morte cere-
preparo e apoio psicológico du rante o período pré-
natal para o trabalho de parto.
bral e cujos órgãos estão sendo extraídos
para doação
Durante o trabalho de parto, a dor tem participação de
componente vi cera! c somático. O componente visceral
emprc que o procedimento for emcrgcncial, deve ser c relaciona principalmente com a di ten ão da cérv1x c do
acre cida a letra E à elas ificação. segmento inferior do útero, podendo envolver todo o útero
>
.:
N ervo femor?<=utãneo
Nervo pudendo
postenor
Ligamento Nervo
hemorroidário Nervo labial
sacroespinhoso
inferior posterior
Plexo
Plexo
h i pogástrico
superior
Plexo pélvico
Nervo pudendo
I
Figura 58.1 As vias somáticas e visceral da dor associada ao traba lho de parto.
RIOQliiOP\R\UR\1< \I
A a na lgesi::~ ·istêmica foi a primeira modalid.1dc de O bloqueio paracervical deve ser realizado durante o
analgesia de parto empregada. Era realizada pela vi,\ inala- primeiro período do trabal ho de parto, com di latação do
tória, usando- c agente · anestésicos gerais, como clorofór- colo uterino de no máximo 9 cm. Com au xílio de espé-
mio c éter. Atualmcntc, a analgesia de parto inalatória foi culo vagi nal, realiza-se a injeção de 3 aS rnl de lidocaína
abandonada c mesmo,\ analgesia sistêmica venosa pa ·sou em epinefrina na po ições de trê c nove hora da sub-
a cr técnica de exceção, em virtude do efeito colatcrai , mucosa paracervical. A agulha não deve ser introduzida
tanto obre a mãe, como obre o feto. Deve ser indicada mais que 5 mm, para não haver punção da artéria uterina.
quando não é possível a realização de anestesia regional. Esse bloqueio está associado à hipotonia uterina, quando
São utilizados basicamente tres medicamentos: realizada injcção intr,tmiometrial do anesté~ico local. O
Aleperulma: é o analgé ico mais empregado por via is- bloqueio está contraindicado nos casos de insuficiência
têmica. Administra-se por via intramuscular, na dose placentária crónica e evidências de doença preexisten-
de 50 a I00 m~ ou por via veno a, na dose de 20 a -O te no feto.
mg. Pode provocar náuseas e vómito , sendo aconse-
lhável admini trá-lo JUntamente com um anticmético. Ht OQUI(I /)() .\'J R\ o Pt /)/ \J)()
Pode, aind.1, causar depressão ventilatória dose-depen- O bloqueio bilateral dos nervo pudendo deve ser rea-
dente. Trata- e de fármaco relativamente eguro para o lizado no início do segundo período do trabalho de parto.
feto quando respeitadas as doses c ad ministrado, pelo Pode ser feita abordagem tra nsvagi n::~l ou transpcrineal. A
menos, 60 minu tos antcs do nascimento; ,1bordagem tr.111svaginal con i te na introdução de uma
Jenlaml : trata-se de analgésico opioidc intético, 100 agulha 2' x 7 protegida entre o dedos até ating1r a espi-
vcze ma1 potente que a morfina. Em virtude de nha isquiática. Depois de tocá-la, deve ser recuada ' mm e
sua grande potência, provoca dcprc são rcl> pirató- redirecionada para trá . A pira- e, para evitar inJeção intra-
ria com mai frequencia e mai intcn idade que a va cular, e injetam- e lO mi de olução de lidocaína a 2'\l,
mcperidma. É eguro para o feto, quando adminis- sem epinefrin a.
trado por via parenteral na dose de 25 a 50 mg; A abordagem transperineal deve cr preferida quan-
ketamma: anestésico não opioidc, admi nistrado por do o feto já e encont ra no canal vaginal. Localizando-se
via intramuscular (5 a mg/ kg) ou venosa (0, - a a espinha isguiática com o segundo c terceiro dedos pelo
1,0 mg/ kg). as doses habituais, possui efeito anal- togue vaginal, introduz-se agul ha 25 x 7 cm ua dircção.
gésico intenso, porém induz efeito sedati vo que, Q!.1ando tocad.1, deve cr recuada c rcd irecionada para
frequentemente, é acompanhado de .1lucinaçõcs c trás, procedendo- e à as pi ração c à injcção de IO mI da
pesadelo . Provoca, também, estimulação adrcnér- mesma solução. Proporciona anestesia de duração de cer-
g1ca com taquicardia, hipertensão c ialorrcia, além ca de 90 minu tos.
de l>er muito cmetizante. É eguro para o feto. O bloqueio do nervo pudendo c tá a!.sociado à distó-
remrfeutaml: diferencia-se dos demais opioides por cia de rotação devido ao relaxamento da musculatu ra do
apresentar alta potência, baixa latência (90 segun- as oalho pélvico (aumentando a incidência de parto com
dos), meia-vida curta (tres minutos) c cr mctabo- instrumentação). ão provoca hipotensão arterial, hipo-
l1zado por c tcrases pia máticas c tcciduais. ão há ton ia uteri na ou bradicardia fetal. Pode ocorrer toxicidade
relatos de depressão respiratória materna. A depres- sistêm ica, devido à injeção intravascular do ane té ico lo-
são respiratória neonatal após a administração do cal, verificando- c excitabilidade, convul õc e até p.1rada
remifentanil é geralmente rápida c de fácil rever ão. cardíaca. Em razão dessa possibilidade, todo o aparato de
cccssita de bombas de infusão para sua utilização. reanimação cardiorrespiratória deve cst.1r presente.
exc ução do bloqueio, além de relatos de problemas neu- A analge ia pcridural é mai!> flexível c dur.1doura guc a
rológico prccxi tente . A principais contraindicaçõcs raqurane tcsia, porém é tecnicamente ma i~ difícil e sujeita
ão: rccu .1 da paciente, hipovolemia, infecção no local da a mais complicações, destacando-se:
punção, cpsc, hipertensão intracraniana, coagulopatias l~tpoterrstio arlerrnl: acontece devrdo ao bloqueio
ou trombo itopcnia. Pacientes cm u o de anticoagula ntes simpático, semelhante ao da raquianc!>tesia, porém
devem er analisada com cautela e ind ividualmente. com menos intensidade. Também neste ca o deve
cr feito diagnó tico d iferencial com compres ão
I'\ I ,, I " l I aortocava;
A analgesia pela técnica peridural contínua é a mais uti- peifumção i11advertrda da d11m-má/er: complicação
lizada c difundida no Brasil. É técnica muito eficaz para to- pouco ma i frequente no grupo obstétrico que nos
dos O'> estágio~ do trab.1lho de parto, podendo ser utilizada, dcm,lis pacientes, devido à maior dificu ldade técni-
Vias de infusão: duas vias de grosso calibre (cateter 14G) Nos casos em que não existe alteração hemod inâmica
importante, na ausência de coagulopatia, com hemorragia
Hemoderivados
controlada e reposição volêm ica eficiente, pode ser indica-
Repor voltrr rw da a anestesia regional raqui ou peridura l, dependendo da
Cristaloides rapidez com q ue se precisa extrair o feto.
Na vigência de instabilidade hemodinâmica, a aneste-
Coloides
sia geral é obrigatória (Quadro 58.5).
O sofrimento fetal deve ser rapida mente assistido com: ArON IA UTERIN A
a) deslocamento lateral esquerdo do útero; b) aumento da
fração inspi rada de oxigénio; c) correção da hipotensão ar- A fu nção do anestesiologista na atonia uteri na é auxi-
terial materna; d) redução da atividade uterina, pela inter- liar o obstetra na correção da hipovolemia, da coagulopatia
rupção de ocitócitos. e nas intervenções invasivas. Utiliza-se anestesia local sob
~
RL 500ml
I
ANESTESIA
RL = Ringer lactado: PVC = pressão venosa central; Sp01 = saturação da pressão de oxigênio; PCP= pressão capilar pulmonar
Caso a paciente apresente hipotensão arterial antes da plaquetas e no tempo de sangramento, que deve ser fei ta de
extração fetal, é mais oportuno, mais dpido e mais seguro forma padronizada.
ad ministrar pequenas doses deva opres or (efedrina), em A pad ronização para a realização do tempo de angra-
a sociação a quantidades moderadas de volume. menta é necessária para que se tenham informações confi-
áveis. A punção do lobo da orelha deve ser feita com lanceta
própria, que produza incisão padronizada de 3 mm de pro-
AVALIA(,AO DA li !:.MO<;TASIA MA I"ERNA fu ndidade e a gotas de sangue devem er absorvidas com
papel de filtro, sem fricção. e a quantidade de plaquetas está
As pacientes graves e, sobretudo, as pacientes portado- abaixo de SO.OOO/ mm 3 (tempo de sangria upcrior a lO mi-
ras de síndrome H ELLP podem apresentar plaquetopenia nutos), a ane tesia regional está contraindicada. c a quanti-
intensa, com alterações do tempo de sangramento, cons- dade de plaquetas está entre SO.OOO e I OO.OOOmm \o tempo
tituindo contraindicação para a anestesia regional. Nossa de angramento normal definirá a favor da anestesia regional
conduta em relação a esse a pecto ba eia- e no número de e o tempo de sangrarnento anormal a contraindicará.
-
pulmonar
Hipertensão
pulmonar
Cardiomiopatia
Hipertrófica
N
N/0
N/A
D
Geral
Geral
1 l:
normais, podem signifi car sobrecarga ventilatória adicio-
nal. Além disso, mascaram os sintom.1s de piora da doença,
dificultando o diagnóstico precoce das crises asmáticas.
A avaliação c cuidados pré-anc tésicos sjo de mu ita
importância para a obtenção de informaçõe a re peito
- das características e dJ gravidade da doença. Informações
--
ShuntE-D N N Geral l relativas dos fatores agrava ntes ou precipitante do bronco-
ShuntD-E N N Geral espasmo em cada paciente, das med icações cm uso com
Coronariopatia N N/D Regional(?) respecti va resposta individual e sobre o curso clínico da
doença influem di retamcnte na técnicJ e nos cuidados
FC = frequência cardfaca; CC = contratlhdade cardfaca; N =normal;
O= d1mmufda; A= aumentada. anesté ico . Deve-se investigar cuidadosamente ou o pré-
vio de corticoide por via oral, pela ncces idade de repo i-
ção pré, intra e pós-operatória na ge tantes que a utilizam
A técnica de anestesia regional de eleição para essas cronicamente. A hidrocortisona, 100 mg por via venosa a
paciente é a ane tesia peridural contínua. O cateter pcri- cada oito horas, parece suficiente para suprir qualquer ne-
dural deve ser mantido no pó -parto imediato, pois, ca o cessidade adicional de corticoides que possa haver du ran te
,1 paciente desenvolva sobrecarga volêmica, poderá er uti- o trabal ho de parto e puerpério imediato.
lizado para desenvolver o bloqueio simpático. oca o das
miocard iopatias dilatadas, a preferência é pela anestesia su-
bar.lcnóidea, já que grandes massas de anestésico local po- T(:c I CA A EST ÉSI CA
dem determinar prejuízo da função do músculo cardíaco.
Ca o a anestesia geral eja indicada, a técnica utilizada O proced imento anestésico na gestante asmática Jpre-
deve garantir boa estabilidade hemodi nâmica, devendo senta peculiaridades próprias da doença, do estado fisioló-
er previ ta a po sibilidade de sobrecarga cardiovascular gico da paciente e da interação entre ambos. A princip.1is
apó a extração fetal e no puerpério imediato, já que não medidas desejáveis para a conduta anestésic.l cm partu-
se poderá contar com os efeitos protctorcs da anestesia re- rientes asmática consi tem em:
gional. Além das contraindicações da anestesia regional, as O tirnizar as condições respiratórias ante da Jne -
pacientes anticoaguladas também constituem cont raindi- tcsia;
cação formal à prática do bloqueio e pinhal, ob risco de evitar agente capazes de desencadcJr broncocs-
desenvolverem hematoma espinhai . pasmo (fármacos que liberam histamina);
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E
indiscutível o progresso da assistência ao -se, o mais possível, fazer com que tenham possibilidade
recém-na ciclo (R ), particularmente para os de uma vida útil. Estudos vêm sendo de envolvidos para
que necessitam de cuidados especiais. Há não proporcionar não só assistência médica adequada às sua
muitos anos, o pediatra (não existia o neonatologista) era equelas, mas também à manutenção de estado nutricional
obrigado ,1 improvisa r estufas, cercar os RNs prematuros ou adequado, que possa as egurar bom desenvolvimento não
de baixo pe o com algodão, manter a temperatura através de 6 físico, mas também mental.
lâmpadas elétricas e o oxigénio através de tendas rud imen- Há algum tempo, também, a assistência imediata ao
tares ou de cateteres nasais. I to ocorria em locais não muito R era prestada pelo obstetra, mu itas vezes pela parteiras
longe dos grandes centro , os quais, diga- e de passagem, e outro tanto por "curiosas· e amigas. Com a introdução
tam bém não eram possuidores de expressivos recursos te- do parto hospitalar e das unidade neonatais, surgiu a ne-
rapêutico . A mortalidade daqueles recém-nascidos era alta. cessidade da assistência ao RN pelos então pediatras, agora
Felizmente os tempos mudaram e hoje se vê o R de neonatologistas. O melhor atendimento gerou elevado nú-
extremo baixo pe o mantido vivo e podendo apresentar mero de casos mais complexos e o desenvolvimento de no-
desenvolvimento satisfatório, em função das medidas te- vo recu r o técnicos. É preciso ficar bem claro, entretanto,
rapêuticas atualmente disponíveis. Há, entretanto, muita que a melhoria técnica exige, também, mais cuidado com a
preocupação com o futuro de tai · crianças, procurando- hu manização da Medicina.
H oje, a assistência ao RN de risco exige local que d is- óbito fetal: é a morte de produto da concepção, antes
ponha de recursos adequados. Q\.tanto ao R normal, da expulsão ou da extração completa do corpo da
torna-se necessá rio apenas o conheci mento das medidas mãe, independentemente da duração d a gravidez;
iniciais rotineiras. indica o óbito o fato de o feto, depois d a separação,
O acompanhamento pré-natal requer o trabalho con- não respirar nem apresentar qualquer out ro sinal
junto de obstetra e pediatra, sendo necessária, mu itas vezes, de vida com o batimentos do coração, pulsações do
a presença de outros profissionais de saúde, principalmente cordão umbilical ou movimentos efetivos dos mús-
nas gestações de alto risco. Esse conjunto de profissionais culos de contração voluntária;
pode ser também importante pa ra a atenção ao RNs que peso ao nascer: é primeira medida de peso do feto ou
apresentem problemas mais sérios. recém-nascido obtida após o nascimento, preferen-
Na abordagem pediátrica feita neste capítulo, pretende- c ialmente durante a primeira hora pós-nascime nto;
-se trazer apenas aqueles conhecimentos c informações idade gestacional: é a duração da gestação calcu-
julgados necessários para o obstetra. Qj.1ando for preciso lada a pa rtir do primei ro dia do ú ltimo período
acompanhamento para situações mais complexa do RN, menstrual. É defi nida cm dias o u em se m anas
o respo nsável pelo tratamento deverá proc urar em livro completas. Quando a data do último período
especial izado a terapêutica indi cada para o problema cm me nstrual não é dispo n ível, a idade gestaciona l
que tão. deve ser basead a na melho r estimativa clínica,
que poderá ser obtida pela u ltrassonografia rea-
lizada nas primeiras 20 sema nas, exame clín ico-
TERMINOLOGIA APLICÁVEL AO -obstét rico ou após o nascimento pelo exa m e de
PERÍODO PERINATAL matu ridade física e neurológica do recém-nasci-
do. O m étodo mais utilizado pelos pediatras é o
Ne11' Bnllard (Figura 59.1 A c 59.1B);
A pad ronização de conceito , méto dos e c ritério de período neonatal: corresponde aos primeiros 28 dias
utilização de bancos de dados é condição essencial pa ra de vida pós-natal (zero a 27 dias de vida);
a anál ise objctiva dos indicadores de saúde perinata l pa ra coeficiente de mortalidade peri11alal: é o número de
a tomada de decisões baseadas cm evidências. A utili - óbitos fetais (a pa rtir de 22 ·emanas de gestação)
zação de modelos de históri a clínica codificados para a acrescido dos óbitos neo natai precoces (zero a
análise computadorizada das info rmações permite a ca- seis dias) por 1.000 nascimentos totais (óbitos fe-
racterização da população atendida e o estudo de fatores tais mais nascidos vivos) em determ inado período
de risco, pos ibilita ndo a m elhoria da assistência intra c e local;
interi nstitucio nal.u coeficiente de mortalidade r1eonata/: é o nú mero de
As seguintes defi nições foram adotadas pela Assem- óbitos neonatais por 1.000 nascido · vivos em de-
bleia Mundial de Saúde e enunciadas no CID-IOJ term inado período e local. As mortes neonatai
Nascido llll!O: é a expulsão completa ou extração, do podem ser subdi vididas em mortes nconata is pre-
corpo da mãe, independentemente da duração da coces (do momento do nascimento até seis dias, 23
gravidez, de produto de concepção que, depois da horas e 59 minutos) e mortes neonata is tard ias (dos
separação, respire ou apresente q ualquer outro sina l sete aos 27 d ias, 23 horas e 59 minutos).
de vida, tais como batimentos do coração, pulsa-
ções do cordão umbilical ou mov imentos efetivo Outros coeficientes poderão ser ca lculados (mortali-
dos músculos de cont ração voluntá ria, estando ou dade neonatal hospitalar, proporcional por grupos de cau-
não cortado o cordão umbil ica l e estando ou não sas, por limites de peso e outras), indicando :~ frequência
desprendida a placenta; de resultados adversos por períodos e grupos específicos
da população.
Postura
cQ=: ~ « c?t cÇt
Ângulo do
punho
[ ct ~ ~ [
Recolhimento
do braço
~ ~ ~ o(}
180" 140" a 180" 11 0" a 140" 90" a l i O"
ir < 90"
Ângulo
poplilco ~ cú â5 có ~ ~ có
180" 160" 140" 120" 100" 9()- < 90"
Manobra
~ - ~ - Ôv - ~
-ª -a
®~
calcanhar!
orelha ~ eiS' &3 @ a:i;; I
-
E.scotr tot'ill d.l rn.1t11rid.KI~ neuromu!l'cul.tr
---_j
(a)•
--
Figura 59.1 A IAva!.ação da idade gesta 1onal pelo método ew Ballard (maturidade neuromuscular).
[Sinal de-
maturidade -I o
-
I
Escore
2 3 4 5
Registro
do escore
l
Pele Pegajosa. Vermelha. llomogenea· Rash ou I issuras fApcrgaminha<b. EnnJectda.
\ I~SD. gelounosa e mente rosca c !P<'elilrg superfictats. 1endêncao a enrugada.
fnóvcl c tratblúctda \ elOS \I iVCIS superficial e Arcas páhdas e fissuras profun- fi ura
1mnsparen1e poucns vetas mms \ Ctas kJas e nchum profundas
visive•s VtSÍVCIS vaso vislvcl
Lanugem Auscnle Escasso Abundamc Rarefeito Areas sem IMatona
lanugem sem lanugem
Figura S9.1 B I Avaliação da idade ge taciona l pelo método cw Ballard (maturidade fís1ca).
Assistência ao Recém-nascido
955
INSTALAÇÃO DE SERVIÇO DE administração do surfactante ao~ recém-nascido~
AS SISTÊNCIA AO RECÉM-NASCIDO pré-termos com a doença d.1 membrana h1.1lina
imediatamente após a sua mdicaç.io clím a;
controle de condiçõc b:ís1c.l de .1údc materna no
A redução da morbimortalidade pcrinatal, om conse- pré-natal para prevenção de evento adver o ao
guente rcduç;io nas taxas de mortalidade infantil, requer o ll .l ~ci mc nlo;
controle de fatores que atuam desf.woravdmcntc na gr.wi- adequado controle nutricional, atravé~ da nutrição
dcz c no na cimento, rc ·ultando em baixo pe o ao na~ccr enteral mín ima c parenteral.
devido a prcm.1turidadc e/ ou desnu trição fetal, sínd romes
asfix iante , infecções crónicas e aguda e anomalias congé- As distorçõe de qualid.1de da as i tência pcri nata l ele-
nita~. E sas condições estão vi nculadas, cm grande parte, va m as taxas de mortalidade e a~ sequelas no recém-na -
às cau a prcvcnivcis, determinadas principalmente pelo ciclo~ que sobrevivem, inclutndo .1~ ncuropsicomotoras, m
a c ~o c utilização do serv1ço de aúdc, além da qualida- distúrbio de aprendizagem, cegueira, urdcz, deficiência~
de da assi tên iJ àgestante no pré-natal c parto c ao recém- de cre cimento, di tú rbios respiratório\ crónico~, negli-
-na CJdo. gência c mau trato , entre outro . A .1 1 tência pennatal
o~ imlicadores epidemiológicos c assistcnciai para deve er c truturada cm rede com intcgr.1ção do cuid.1do
av.1li.tção da aúdc pcrinatal no 13rasil indicam a impor- obstétricos c neonatai , ambulatoriai\ c hospita lare~. com
tância de açõc para .1 melhoria da atenç.io pcrin.1tal. Os definição de critério de respons.tbilizJç.io ad ministrativa
últimos dados oficiais disponibilizados pelo Ministério da c técnica.
aúdc / Secretaria de igil.!n ia cm Saúde / Departamen- O Progr.una de Humanizaç:io do Pré-n.1tal c a~
to de An.11isc c Situaç:io da aúdc- Si~tcm a de lnforma- ci mcnto (PH P ), propmto pelo Mini tério da Saúde, é
çõc obre Mortalidade - 1M referentes .10 ano de 200 importante estratégia de reorgan1za .'lo e qualific.1ção da
mo tram que a · afecçõe perinatai foram re~pon'>:í,•ei .1 i tência pcrinatal c tem como objetivos:
por 58,8(\odas morte em menore de um ano c que 68,4!l.o C.tptação precoce da~ ge\tantc~;
do óbito infanti ocorreram no período neonatal. A di ponibiliza ão de, no mínimo, ei~ con ulta de
taxas de mortalidade materna continuam muito alt,ls na pré-natal c oito ex.1mc b.1sicos;
m.1iona das regiões brasileiras c não são compatíveis com vinculação da gestante desde J atenção pri má na até
o grau de de envolvimento do país, refletindo msat isfató- o níveis mai elevado~ de complexidade de assis-
ria prestação de serviços de saúde a es c grupo. ' De .1cordo tência, de forma rcgionalitada c hierarquizada.
com a Funda :io EA DE ( istema E tadual de An.\li c de
D.tdos/ ' P), 71% das mortes neonatai eriam prcvcnívci& As cgura a melhoria do aces~o, da cobertura c da quali-
por açõc& no pré-nat.1l, parto, a i tência no período neo- dade do acompanhamento pré-natal, da ,1 i tênci.1 ao par-
natal c parceria com outro ctorc . to e na cimento, da ,1 si tência ao período nconat.tl c pucr-
Também .1 otimiz.1ção da obrevida do~ recém-nasci- pério. O JSPRE ATAL é o i tcm.1 inforn1.1ti'l.1do que
do pré-termo~ com redução de equela requer .1 avalia- po ibilita o cada troco acompanhamento da gc tantes c
ção da utilizaç.io de tecnologias pcrinatais disponíveis c de puérperas, faci litando a gestão do programa.
comprovada efidCJa, omo: O ' i~tema de Registras de Informação Ambulatorial
Regionalização e hierarquização da as istência pe- c Hospitalar é importante estratégia de qualificação da a -
rinatal, provendo o cuidado no nível de complexi- ~~~tencia perinatal. O cartão perinatal que .1companha a
dade adequado; gestante durante todo o pré-natal incorpora o conceito de
u o do corticoide antenatal no ca o de partos pré- rede ao disponibilizar as me ma~ informaçõe .uquivada~
-termo para induzi r a maturidade fetal, prevenir no erviço ambulatorial, no lug.u c no momento que dela~
ou diminuir a gravidade d.1 doença da membrana se neccs ita. Durante a intcrnJção ho pital.tr o partograma
hiali na c a ocorrência de hemorragi.1 pcri c intra- é instrumento de acompanh.1mcnto ao traba lho de parto,
ventricul~u; de comprovada eficácia na tom.llÜ de Jeci ~õc no trab,1lho
tr.ltamcnto adequado da corioamnionitc; de parto e parto.
Assistência ao Recém-nascido
957
Portanto, além dos aspectos med n icos c bioquímicos, que A anam nese pré e intrapa rto é útil para se prever o nas-
são aba e das ma nobras de reanimação, o tema deve ser cimento de RN deprimido ou asfixiado. Situações poten-
inserido nu m contexto maior que enfoque a organização cialmente geradoras de depressão no RN estão descritas
integra l da assistência biopsicossocial à mãe, ao parto, ao no Qpadro 59.J.
recém-nascido e à fa míl ia.
Aproximadamente 5 a lO% dos R vão necessitar de
,\lgu m tipo de reanimação ao nascimento e em torno de I a ASSISTÊNCIA IMEDIATA AO
I 0%dos nascimentos hospitalares vão evoluir com situações RECÉM-NASCIDO NA SALA DE PARTO
clínicas que exigem ventilação assistida. Embora frequente-
mente a reanimaçao possa ser prevista, várias circunstân- ANTES DO PARTO
cias que levam à necessidade de medidas de rea nimação
surgem repenti namente. É possível otimizar a assistência em A equipe deve apresentar-se à mãe e à fam ília antes do par-
sala de parto com equipamento c pessoal adequadamente to e tomar conhecimento da história clínica perinatat para ava-
treinado para atuar na reanimação neonatal. Pelo menos liar o grau de risco da gravidez c do parto. Procurar informar-se
uma pessoa habilitada a iniciar a reanimação deve estar pre- sobre: condições clínicas antes c durante a gestação (diabetes,
sente a cada nascimento e outra também habilitada deve es- hipertensão, doenças autoirnunes, doenças genéticas c doen-
ta r disponível para atuar cm caso de necessidade.2 6·- ças infecciosas passíveis de transmissão ao feto); caractcrís-
l !llcldtl.> 011 (0111 -\aoChllltJ~,· Rcct'lll lltlictclo co111 /~,··'/'IIIIÇcl<l lrn~~rdtu: H. ... 100 HP.\ I
Não necessitam de medidas especiais de reanimação. Se- Wlll ( .ltlllt>.'t (;t:/ICitlft_tldtl
guir o procedimento para recém-nascido em boas condições. Estímulos táteis com piparotes nas solas dos pés ou es-
A acrocianose é comum e não é reflexo de má-oxigenação. fregando uma compressa no dorso do RN no máximo por
Exame sumário, com especial atenção para a ectos- duas vezes podem desencadear movimentos respiratórios
copia (defeitos externos, malformações múltiplas, efetivos. Oferecer oxigênio inala tório durante esses proce-
inais de má-nutrição fetal e permeabilidade dos dimentos.
orifícios natu rais), ausculta pulmonar c cardíaca,
palpação abdomi nal (abaulamentos, ma a c vis- Rlll.\1 · :\ \\Lll>OUl\1 f-L < /tlt!JW.\1 Ol l \1 \P\11\0l
ccromegalias), genitália, sistema nervoso (tõnus l 0.\f RI \/'IR I<,..Ül /N.I{/l.l I \ R I LI \.\0\1 <.ll I i~\()
muscular); 1\1 \P<l\'lll \1 \(l 0\/l,/ \lO/\ \1 \ICll·'/(1/ I ,1/\ll/ ()\I\ I
Assistência ao Recém-nascido g 61
que não respondem a estímu lo tátil ou, ainda, na presença dequada insuflação pulmonar ou hipoxem ia grave e pro-
de cianose persistente, deve-se iniciar ventilação compres- longada. O passo mais importante, portanto, é manter boa
são positiva (VPP) com balão e máscara. Após 30 segun- oxigenação por meio de ventilação eficaz. Medicamentos
dos de ventilação positiva a criança deve ser reavaliada. só serão utilizados naqueles casos de FC igual a zero e nos
Caso a cria nça melhore (FC superior a lOO bpm), a casos em que, apesar de adequada ventilação com oxigên io
pressão e a frequência d a ventilação deverão ser progressi- em concentrações próximas de 100% e compressões torá-
vamente diminuídas até recuperação da respiração espon- cicas tecnicamente bem realizadas, a frequência cardíaca
tânea, quando se fará a retirada completa da V PP, manten- persistir abaixo de 60 bpm.
do-se oxigênio inalatório. Os medicamentos e os expansores de volume são uti-
Se, apesar das manobras de ventilação adequadamente lizados para estimular o coração, melhorar a perfusão teci-
instituídas não houver melhora do quadro clínico e a fre- dual e restaurar o equilíbrio ácido-básico.
quência cardíaca estiver abaixo de 60 bpm, conti nuar com O prim eiro fármaco administrado geralmente é a adre-
a ventilação assistida, iniciando compressões esternais e nali na. Comercialmente encontrada na concentração de
intubação traqueal. 1:1.000, deve ser d iluída para 1: lü.OOO (I m i de adrenalina
Essa criança necessita de imediatas e eficazes mano- e 9 mi de água bidestilada) e adm inistrada pelo tubo tra-
bras de rean imação. Os objetivos dessas manobras são o queal ou na veia umbilical na dose de 0,0 1 a 0,03 mg/ kg
restabelecimento de permeabilidade das vias aéreas, da (O, La 0,3 mi/kg), podendo ser repetida a cada três a cinco
ventilação adequada, da circulação e, finalmente, terapêu- m inutos se não houver resposta adequada (aumento da
tica defin iti va do processo que desencadeou a asfixia. frequência cardíaca acima de I 00 bpm). Estudos têm utili-
Após verificar que as vias aéreas estão permeáveis, zado megadose de adrenalina (0,2 a 0,3 mg/ kg) nos casos
mantém-se a ventilação já em curso com balão e máscara que não respondem às doses habituais; no entanto, não há,
ou intubação traqueal. ainda, evidências clín icas que confirmem essa prática na
Após ventilação adequada por 30 segundos, o próximo reanim ação neonatal.
passo vai depender da FC. Durante a reanimação, volta- Na evidência ou suspeita de sangramento agudo ou
-se a verificar a FC periodicamente a cada 30 segundos, com sinais de choque hipovolêmico (palidez persistente
tomando-se a decisão de manter ou interromper a ação: após oxigenação, pulsos fracos, má-perfusão periférica e
FC < 60 bpm: iniciar imediatamente as compres- má-resposta à reanimação), deve ser indicado o uso de ex-
sões esternais, mantendo-se a VPP; pansores plasmáticos. Em nosso meio, o mais utilizado é a
FC entre60 e 100 bpm: interromper as compressões ester- solução de cloreto de sódio a 0,9% (soro fi siológico). lnfu-
nais e manter a VPPaté a FC atingir I00 bpm ou mais; dir 1Omi/kg, em cinco a 10 minutos, podendo ser repetido
FC> 100 bpm: avaliar movimentos respiratórios es- caso p ersistam os sinais de hipovolemia.
pontâneos. Se presentes e eficazes, a pressão e a fre- Não há dados su ficientes para recomendar o uso ro-
quência da ventilação deverão ser progressivamente tineiro do bicarbonato de sód io na reanimação neonatal.
diminuídas até a suspensão completa da V PP. Após Seu emprego deve ser desencorajado nos proced imentos
essa suspensão, oferecer oxigênio inalatório; de reanimação rápidos. Utilizá-lo somente dura nte para-
FC persistentemente abaixo de 60 bpm após 30 segun- das prolongadas, não responsivas às outras man obras de
dos de ventilação e massagens cardíacas eficazes: me- reanimação e após certifica r-se de que a ventilação e as
d icamentos só serão utilizados naqueles casos em compressões esternais estão sendo eficazes. Geralmente, é
que, apesar de adequada ventilação com oxigênio encontrado na concent ração de 8,4%, devendo ser di lu ído
em concentrações próximas de 100% e compres- para 4,2% (10 mi de bicarbonato de sódio a 8,4% e IOmI de
sões esternais tecnicamente bem real izadas, a fre- água bidestilada), antes de ser utilizado na reanimação de
quência cardíaca p ersistir abaixo de 60 bpm. recém-nascidos. A dose indicada é de 2 a 4 m i da solução/
kg de peso (1 a 2 mEg/ kg) administrados lentamente em
Raramente será necessário usar medicamentos em re- no mínimo dois minutos (1 mEq/ kg/ min).
an imação neonatal. É importante notar que a disfunção O naloxane será utilizado no caso de depressão respira-
m iocárdica e o choque, no recém -nascido, se devem à ina- tória com história de adm inistração de opioides à mãe, nas
Assistência ao Recém-nascido
apropriado, com conforto e cuidado pal iativos. Esse cui- os sinai e sintomas da principais doença que acome-
dados incluem nut rição, ambiente térmico e alívio da dor. tem os neonatos, pois, ao acompanhar todo o pré-natal c
Os pai devem ter a oportunidade de tocar e ficar junto do realizar o parto, estarão capacitado para melhor entendi-
seus filhos durante e se período. mento do processo de de envolvimento do recém-na!>cido
A Figura ' 9.2 apre enta o fluxograma da reanimação no primeiros dia de vida. O obstetra é valioso auxiliar do
na sala de parto. nconatologi ta, seja fornecendo a informaçõe~ da hi tória
obstétrica, seja discutindo cada caso e, pri ncipalmente, na
tran missão de informaçõe sobre a aúde do recém-nas-
EXAME DO R ECÉM- N ASCIDO cido aos pais, sendo, nesse momento, o profissional mais
envolvido com o binómio mãe-filho e a família.
O exame físico do R po ui características e peciais O exame clínico deve !>er constituído pelos seguintes
que devem ser do conhecimento de todo pediatra, mesmo tópico!>: conhecimento da hi tória da gestação, ht tória
que não cja nconatologista. Os ob tetra também devem detal hada do parto, classificação do R com avaliaçao da
dominar a técnica de ex,\ me do recém-nascido c conhecer idade gestacional c do exame físico istcmatizado.z
>100
<100
Avaliar FC
I I
! Cianose
Rósea ou
acrocianose
<60 60 a 100 >100
Continuar aVPP Continuar VPP e reavaliar Se respiração
Iniciar compressões periodicamente a FC a espontanea.
0 2 inalatório Observar e
estemais cada 30 segundos suspender ventilação monitorar
Hipovolemia?
Expansor volume
..--IFC < 100
Reanimação prolongada
Acidose metabólica?
10mlJI(g NaHCo 3 2meq/Kg
do. Líguido meconial sugere sofrimento fetal com risco É o que tem a idade gestacional (IG) menor que 37
de aspiração e hipóxia. Líquido com odor fétido sugere semanas completa . A prematuridade é fator de ri co para
corioam nionite. síndromes asfixia ntes, imaturidade pulmonar, hemorragia
A e cala de Apgar fornece dados acerca das condições pcri c intraventricular, encefalopatia bilirrubinêmica, in-
do recém-nascido nos primeiros minutos de vida e deve es- fecções, distúrbios metabólicos c nutricionais, retinopatia,
tar presente em toda papelet,L atraso do desenvolvimento neurop icomotor e outros.
O pediatra que deu assistência ao recém-nascido em A C ID-1Oclassifica dois subgrupos:
sala de parto deverá fazer relatório detalhado sobre o parto P07.2: imaturidade extrema, determi nada por IG
c as condições do recém-na ciclo que deverá ser consulta- < 28 semanas de gestação;
do antes de se iniciar o exame físico. P07.3: outros R.Ns de pré-termo, ou seja, R de 28
a 36 semana de gestação.
lidade neonatal p.tra ações preventivas. Os critérios utili- São os que nascem com IG ~ 42 semanas de idade ges-
zados ão peso ao nascer, idade gestacional, relação peso e tacional. Os eventos indesejáveis associados ao nascimen-
idade gestacional e estado nutricional. to pós-termo decorrem da possibilidade da ocorrência de
insuficiência placentária, principalmente síndromes a fi-
xiantes. A codificação na C ID-lO é P08.2.
Assistência ao Recém-nascido
967
apresentam alterações significativas na função cardiopul- ao ortopedista. A palpação do o so é medida roti neira
monar. A frequência cardíaca é normalmente entre 120 e para afastar a possibilidade de fraturas principalmente nas
160 batimento por minuto. Algu n recém-na cido a ter- clavículas.
mo apresentam frequências card íacas abaixo de 100 bpm. Orelhas e condutos auditivos devem ser exJmi na-
Normalmente, qu.wdo estimulados, esses recém-nascidos dos com rigor. A boca e a muco a oral também devem er
voltam a apre cntar frequência acima de 100 bpm e, nes- detalhadamente examinadas.
te c,l o , não há nccc idade de profundas investigações. A forma e o aspecto do crânio são observados e o ta-
O pulsos femorai devem ser palpados. Se houver al- manho e a tensão da fontanclas deve rão ser anotados no
guma dúvida, a pressão arterial nos membros superior e prontuário. Avaliar o pescoço c a glândula tireoide.
inferior deve er verificada. Os olhos são examinados para detectar qualquer anor-
malidade do tipo mancha branca no cristalino, sangramen-
to conjuntiva!, suspeita de glaucoma e rnicroftalm ia.
ABDO.t\11- O exame neurológico é iniciado pela avaliação da
postura, do tônus ati vo e pa sivo e, fi nal mente, do reflexos.
Inicia- e o exame físico do abdome pela ob crvação, Paraii ias por lesões de plexos nervosos também precisam
venficando- c c c tá abaulado ou e cavado, se é simé- er avaliadas.
trico, se está distendido e com circulação colateral ou se
apresenta hérnia umbilical ou inguinal. A palpação super-
ficia l deve ser delicada e palpa-se o fígado com facilidade PARTICULARIDADES DO EXAME FÍS IC O
cerca de 2 cm Jbab:o do rebordo co tal direito. O baço
normalmente não é palpado nos recém-nascidos. A palpa- P111:
ção profunda é possível em função da delicadeza da pa-
rede abdominal c os rins são normalmente palpados nos Na avaliação da pele podem ser detectados:
primeiros dias de vida, podendo se avalia r seu tamanho, Erile111a tóxico: é lesão critematosa, mk ulo-papu-
l.Ua forma c ua po ição. lar, cmclhante à picada de inseto, podendo conter
pequena vesícula cm ua parte central. É de cará-
ter migratório, aparecendo em algumas partes do
CI'\IT\11\ corpo enquanto se de vanecc cm outras. Pode
coaie cer e, às vezes, estender-se por todo o corpo.
O exame da gen itália masculi na inclui a avaliação do A etiologia é de conhecida, provavelmente relacio-
formato c ta manho do pênis, a posição do oriflcio uretra I, nada a irritação por roupas e sabonete . De apare-
o c croto c J palpação dos te tículos, avaliando-se seu ta- ce espontaneamente ao final de alguns dias, não
manho c con i tência. a genitália feminina ob ervam- c nece sitando de cuidados especiais.
os grandes c pequenos lábios, o orifício h imen ia I, o aspecto Manchas mongó/,cas: são manchas de coloração
da mucosa v.1ginal c corrimentos ou cistos. arroxeadas que c localizam principal mente na
região sacra! e nas nádegas. Não tem signi ficado
clínico c desaparecem espontaneamente nos pri-
Cl R.\L meiro anos.
Mancha sal111ão: caracteriza-se por le õc plana ,
Rotineiramente anotam- ·e peso, estatura e perímetros róseas ou avermelhadas, muita vezes telangectási-
cefálico, torácico e abdomi nal. cas, de localização preferencial na nuca, pálpebras,
Os linfonodos podem cr palpados em cerca de 30% glabela e região nasolabial. Es a le õe são presu-
dos RNs, geralmente pequenos e nas regiões inguinais c mi vel mente composta de capilarc dérmico ectá-
cervical. sicos, que regridem espontaneamente no primeiro
A articulações devem ser todas pc guisadas e, na ma- ano de vida. As lesões localizadas na nuca podem
nobra de O rtolani po itiva, o R deverá er encami nhado persistir até a vida adulta.
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usar .tmíni ma dose c pelo míni mo tempo possível; rics. lntcrnational Guiddmc~ for Nconat.1l Rcsuscnauon : An
u ar medicamento com o qual j:í se tenha ex periên- Excerpt from Nconatal Rc-.u~crtauon : 20 10 Arnerican Ht•art
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cia e que eja m,tis seguro para a criança; Emcrgcncy Cardiovascular Care. D1sponrvcl cm http: W\\ " ·
ou o do medicamento logo após a m:tmada (prin- pcdratncs.org cg1 contenl full 126. ) cl400
cipalmente quando se sabe que o período de sono 7. Bloom RS, Cropley C. Tcxtbook of 'conatal Rc~u~cuatron.
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gular, e~~a técnica pode não fu ncionar, .1ssim como mentes c outras ~ ub'>t.tn cl .l \ . Br.1~1h.1 · ~ecrct.m.t de Politicas
para substâ ncias de ação c liberação prolong.tdas; de Saúde. Area T~cn1ca de Saúde da ri.uwa. Mini>téno da
·aúdcdoBra il;2010.
ão existe período de mais folclore e segredos puerpério tardio: entre o li o c o 40° dia após o parto;
sar. Nessa fase a gestante cumpriu ua função e agora se Ao fi nal desse período, nas puérper:ls que não amamen-
transformará cm nutriz. Várias atividades deixam de ser ta m o orga nismo reassume todas as suas funções, incluindo
exercida · e ncce sitam er desativadas c outras tantas se- a ovul,tção e a menstruação.
rão de envolvida . E sas modificações extrema c rápidas,
algumas vezes, trazem alterações não compreendidas ade-
quada mente por quem as observa. É necessário, portanto, MODIFICAÇÕES DO ÜRGANISMO MA-
ter conheci mento do assunto para que não se intervenha TERNO NO PUERPÉRIO
de forma de ncccs ária, ou mesmo inadequada, durante o
pucrpério. Entretanto, ainda ão poucas as orienta õe ba-
eada cm cv1déneta . MAMA E ALEITAMENTO
Com poucas divergência , classifica-se o pucrpério em
três fases:1 Durante a primeira metade da gestação, o duetos lactí-
puerpério imediato: do período de observação até o feros proliferam formando lóbulo c se preparando para e -
10° dia após o parto; tarem apto à produção de leite apó o parto. Depois de e
período, a proliferação diminui e o epitélio se diferencia cm sozimas. O volume de leite maduro sccrctado ati nge a
epitélio ccrctor, as ociando-se a aumento da trama vascu- média de 600 mi/dia. Mostra-se isotónico com o plasma
lar, tecido conjuntivo c gorduroso que, ao fi nal da gestação, materno. As mais importantes proteínas encontradas são
fazem com que a maioria das glândulas ma márias pratica- a alfa-lactalbumina, a beta-lactoglobulina c a ca eína. Pos-
mente duplique ou triplique seu volume inicial. sui, ainda, boa quantidade de interleucina-6 c vitamina ,
O estrogênio e a progesterona, que participam ativamcn- com cxccção da vitamina K, que deve ser admi nistrada ao
te do período de mamogênese, serão inibidos pela prolacti- recém-nascido logo após o nascimento. O leite materno
na e esse declín io é fundamental para a adequada lactação. A contém pequena quantidade de ferro c os depósitos mater-
administração de cstrogênios durante a fase de implantação no desse elemento parecem não ser afctados pela lactação.
da lactação (lactogênese) levará à diminuição da produção Entre todas as oricntaçoes de cuidados com a mama na
láctea. O hormônio lactogênio placentário também exerce hora da amamentação, a mais efi caz para prevenir fi ssuras
função inibitória sobre a prolacti na, enquanto a insuli na e os mamárias parece ser a adequada pega labial do recém-nas-
glicocorticoidcs são estimulantes da lactogênese. cido, abocan hando toda a aréola e não somente o mamilo.
Estabelecida a amamentação, inicia-se o período de ga- t de suma importância que essa orientação seja passada no
lactogênese, no qual ainda os hormônios exercem a sua período do pré-natal e, de preferência, com aulas prática ·.4
ação, mas o principal fator mantcncdor da lactação passa a As demais orientações, como tomar sol nas mamas, passar
ser o reflexo da sucção. 01Janto mais a puérpcra ama men- pomadas c atritar a aréola durante a gestação ão mcno
tar o recém-nascido, mais forte ser:í o reflexo neuronal com importantes. Se as fissuras se instalam, existem no merca-
liberação de ocitocina c inibição da dopami na. A dopa- do pomadas cicatrizantes como alternativa terapêutica. A
mi na é in ibidora da liberação de prolactina. Sendo assim, aplicação deve ser cm pequena quantidade de modo a não
a inibição da dopamina permite a manutenção de níveis ser necessário retirar o exces o posteriormente.
elevados de prolactina, essencial para a manutenção da a mama ingurgitada, a região da aréola deve ser esva-
lactação. Q uando se de eja inibir a lactação ne ·se período, ziada manualmente antes de ser oferecido o peito à criança;
a primeira atitude é inibir a ucção e produção láctea pelo caso contrário, a sucção não será feita de forma adequada c
cnf::1ixa mento das mamas, pois a medicação dopaminérgi- apenas o mamilo será apreendido, favorecendo o apareci-
ca, apesar de eficaz, não é isenta de efeitos colatcrais. 2 mento de lesões. Para o esvaziamento mamário, quando
O istema nervoso central também modula ,\ liberação necessário, utiliza-se a ordenha manual ou o esvaziamento
de ocitoci na e fatores externos, como ansiedade c depres- durante o banho. Deve ser evitado o uso das bombinhas de
são, que podem atuar de forma desastrosa nesse período, ordenha, que trau matizam a mama. Bicos de silicone são
endo importante a participação das pessoas que rodeiam úteis para nutrizes com mamilos invertidos ou para min i-
a puérpera na criação de ambiente adequado para essa fase. mizar a dor durante a cicatrização das fissuras mamárias.'
A gestante, na hora da amamentação, deverá procura r o A maioria dos medicamentos é compatível com a ama-
ambiente mais calmo e confortável possível. O cotovelo mentação. Em caso de dúvida, o leitor deverá consultar o
deve esta r apoiado, evitando-se, assim, dores nos ombros capítulo 9 - Medicamentos. Pacientes H IV positivo não
c fissuras por tração na parte superior do mamilo. A higie- deverão amamentar.1 ·6·;
ne da .1réolas é desnecessária e passa a ser prejudicial se A insegurança quanto à amamentação é dos principais
feita rotineiramente antes de cada mamada, por retirar a fatores para que a mesma não ocorra de forma adequada.
camada de células queratinizadas que protegem a mama, A gestante deve ser orientada a respeito da importância da
favorecendo o apa reci mento de fissuras. 1 amamentação para o recém-nascido, da capacidade nutriti-
Comparado com o leite maduro, o colostro contém va e imunitária do colostro, dos inúmeros benefícios do leite
ma•~ minerai , proteínas, globulinas, porém, menos açú- materno, inclusive mais capacidade intelectual das crianças
carc c gorduras. Sua secreção persiste por cinco dias e, amamentadas em relação às que não receberam o leite ma-
gradualmente, é substituído pelo leite maduro. lmu noglo- terno ou foram amamentadas por curto período. Amamen-
bulinas do tipo A protegem o recém-nascido de infecções tar deve ser, sobretudo, um momento de intimidade e troca
intestinais. Fornecem proteção extra os complementos, de carinho entre mãe e fil ho c a adequada orientação pode
macrófagos, linfócitos, lactoferina, lactopcroxidase c li- ser a diferença entre ser ou não um momento de prazer.
Puerpério Fisiológico
977
A região perineal deverá ser lavada com água e sabão, glomerular e do débito ca rdíaco, como pela desidratação
sem necessidade de out ros cuidados locais. As duchas va- devido às perdas sa nguíneas, ao esforço físico da pacien-
ginais são proibidas, embora os banhos de imersão sejam te e ao período de jejum. Proteinúria moderada e fisio-
perm itidos. Em partos mais traumáticos, como os realiza- lógica é encontrada em até 50% das pacientes durante o
dos a fórcipe, utilizam-se compressas de gelo para diminuir puerpério imediato. Ocorre também elevação da uremia
o edema local e o desconforto da paciente.5 e potassemia (secundárias ao trauma tissular) e interrup-
ção da glicosúria.
DIGESTIVAS
CIRCULATÓRIAS
Pacientes que receberam aplicação de enema no início
do trabalho de parto rara mente apresentarão fu nciona- Verifica-se aumento do volume sanguíneo circulan-
mento intestinal nas 48 horas subsequentes. O ambiente te durante a gestação, em média, de quatro para seis litros.
hospitalar e o medo de dor e de contaminação da região Esse volume voltará à normalidade aproximadamente três
perineal também colaboram para a dificuldade no esvazia- semanas após o parto. Grande parte dessa perda (cerca de
mento intestinal. Geralmente, a simples orientação resolve 1/ 3) se dá durante o parto, mais 1/ 3 até o final da primeira
o problema, mas, quando necessário, pode-se fazer uso de semana e o restante é decorrente do processo de amamen-
supositórios à base de glicerina. tação, que chega a extrair do organ ismo materno um litro
A alimentação após parto vaginal pode ser restabeleci- de líquido por dia. A retirada da placenta (um leito de baixa
da imediatamente. Caso a paciente tenha sido submetida resistência) e a interrupção de produção de substâncias va-
à analgesia com peridural, o ideal é que se aguarde uma a sodilatadoras pela mesma reduzem o leito vascular mater-
duas horas após o parto p ara restabelecer a alimentação. no em torno de 15%.
N o pós-operatório de cesárea, esse tempo deverá ser de Embora o volume sanguíneo materno decline no pós-
quatro a seis horas. Nesse caso, nas pri meiras 24 horas, o -parto, o hematócrito só acompanha essa queda quando
ideal é que se util izem dietas líquidas, à base de sopas, com o parto tiver sido cesáreo. A suplementação de ferro no
poucos resíduos, com o objetivo de evitar a distensão ab- puerpério é desnecessária para as pacientes nas quais o san-
dominal por gases. gramento não ultrapassou a normalidade e que não apre-
A hidratação, venosa a princípio e oral posteriormente, sentaram anemia durante a gestação. A perda de sangue
também é importante p ara o bom funcionamento intesti- estimula a medula óssea e se observará reticulocitose. O
nal e fundamental para a amamentação. mesmo estímulo será um dos responsáveis pela leucocito-
No puerpério remoto, com o objetivo de retorno ao se e trombocitose observadas nesse período. No puerpério
peso ideal, a utilização apenas de exercícios físicos não foi imediato, o leucograma é de pouca valia, já que leucocitose
suficiente para ocasionar significativa perda de peso. O de até 30.000/ m m 3 poderá ser fisiológica.3•11
contrário o correu quando se utilizaram dietas, associadas O débito cardíaco no puerpério fi siológico geral-
ou não à prática de esportes. Essas práticas não interferi- mente decai em 20% dos níveis gestacionais. Isso se deve
ram na amamentação. 10 à diminuição da frequência cardíaca e à involução uterina.
Portanto, a observação de taquicard ia no p ós-parto deve
suscitar a possibUidade de anormalidades, como perda
URINÁRIAS sa nguínea excessiva ou descompensação cardíaca. O débi-
to cardíaco tende a se normalizar ao final da segu nda se-
O traumatismo vesical decorrente da compressão mana. Entretanto, a hipertrofia do miocárdio induzida pela
do poJo cefálico e passagem de sonda poderá ocasionar gestação demora mais tempo para regredir.11 •12
disúria e algúria. A dilatação do siste ma pielocalicial A pressão arterial, tanto a sistólica quanto a diastólica,
e dos ureteres po de persistir até o terceiro mês de pós- nos primeiros quatro dias de puerpério tende a evoluir com
parto. A diurese geralmente se encontra reduzida, não acréscimo de 5% dos valores do término da gestação. Qua-
só pelo progressivo retorno à normalização da função se l2% das pacientes normotensas antes do parto terão
Puerpério Fisiológico
979
O puerpério é o período adequado para serem prescri- pacientes vacinadas para rubéola, esses raramente causam
tas vacinas. Puérperas não imunizadas previamente deve- manifestações com importância clínica no recém-nasci-
rão receber vacinas para hepatite B, dupla-adulto e rubéola. do.16 Pacientes Rh negativo, quando indicado, deverão re-
Às pacientes grávidas, assim como no puerpério, deve-se ceber imunoglobulina antiD (Rh). 17
ofertar a vacina para gripe durante o inverno. Embora ví- O quadro 60.1 sintetiza as principais evidências sobre
rus atenuados possam ser detectados no leite materno de o puerpério.
Lactação Quando se deseja inibir a lactação nesse período, a primeira atitude é inibir a sucção 8 I
A higiene das aréolas é desnecessária e passa a ser prejudicial se feita rotineiramente antes c
de cada mamada
A amenorreia da lactação não se mostrou mais frequente quando foi utilizada orientação 8
de amamentação com horários regulares em comparação quando se amamentava sem a
preocupação com os mesmos. A sua utilização como método anticoncepcional isolado é
questionável
A adequada pega labial do recém-nascido, abocanhando toda a aréola e não somente o B
mamilo. Éde suma importancia que essa orientação seja passada no período do pré-natal e.
de preferência, com aulas práticas
Hemorragia A utilização de ocitocina intramuscular no pós-parto imediato com o intuito de minimizar a A
pós-parto ocorrência de hemorragia puerperal mostrou-se tão eficaz quanto a ergotamina
Perda de peso Apenas exercícios não são eficazes para a perda de peso. o contrário ocorre quando se B
da puérpera utilizam dietas, associadas ou não à prática de esportes. Essas práticas não interferem na
amamentação
Medicação Opuerpério é o período adequado para serem prescritas vacinas. Puérperas não imuniza- A
das previamente deverão receber vacinas para hepatite B. dupla-adulto e para rubéola. Às
pacientes grávidas, assim como no puerpério, deve-se ofertar a vacina para gripe durante
o inverno
Pacientes Rh negativo, quando indicado, deverão receber, imunoglobulina antiD (Rh) A
Tempo de A alta precoce deve ser preconizada. Embora o único beneficio demonstrado tenha sido o A
internação de mais prevalência de amamentação, por outro lado não foi detectado malefício materno
ou neonatal, como necessidade de reinternação, infecção ou mortalidade materna e/ou
I neonatal18·19
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E
xi tem vá rias definições para a hemorragia pós-
-parto (H PP). A maioria dos autores a defi ne pondendo a cerca de 125.000 mortes ao ano. Em países em
como uma perda angufnea estimada superior desenvolvimento, a cada 1.000 partos uma mulher morre
a SOO mi após parto vaginal e 1.000 mi após cesariana. 1 de HPP.3 A HPP ta mbém é importante causa de morbida-
Como a e timativa da perda sangufnea no pós-parto é de materna, estando associada a choque hipovolêmico, co-
pouco precisa, algu ns defi nem HPP como a perda san- agulação intravascular dissem inada (CI VD), insuficiência
guínea suficiente para causar queda de 10% nos níveis de renal, hepática e/ ou respiratória, hemotransfusões e sua
hemoglobina ou hcmatócrito e sintomas de hipovolemia complicações e perda da ferti lidade. 2 Uma complicação
ou necessidade de hemotran fusão para seu tratamento.1 rara, porém grave, da H PP é a síndrome de Shechan, pan-
A H PP é classificada como primária ou precoce qua ndo -hipopituita rismo permanente causado por necrose ava -
ocorre nas primeiras 24 horas apó o parto e secu ndária cular da hipófise anterior, que re ulta em au ência de lac-
ou tardia e for diagnosticada entre 24 horas e seis sema- tação, amenor reia, hipotireoidismo e insuficiência adrenal,
nas após o parto. 1 instalada no período pó -parto.4 A prevenção, o diagnósti-
A HPP ocorre cm 6% dos partos, sendo importante co precoce e abordagem si~tematizada são fundamentais
causa de morbimortalidade materna. É rc ponsável por para di minuir seu impacto.
FATORES DE RISCO Quad ro 61.2J Etiologia, fatores de ri co e tratamento das
hemorragias uterinas relacionadas às anormalidades de
Os principais fatores de risco para HPP estão listados contração uterina (tõnus)
no Q!.1adro 61. 1.5 Também são considerados fatores de ris- Anormalidades de contração utenna (tónus)
co a obesidade, idade materna avançada e gestações com
Et1olog1a Fatores de r1sco Tratamento
fetos constitucionalmente grandes. Partos cirúrgicos, es-
pecialmente cesarianas de emergência, elevam o risco de Hiperdistensão Polidrâmnio Massagem e
uterina Gestação múltipla compressão uterina
sangramento pós-parto.6
Macrossomia Medicamentos
uterotônicos
Quadro 61.1 I Fatores de risco para hemorragia pós-parto~ Fadiga uterina Trabalho de parto
acelerado
Fator de r1sco Odds rat10 Trabalho de parto
Terceiro estágio prolongado 7.6 prolongado
I Multiparidade
Pré-eclâmpsia 5.0 I Infecção Rotura prolongada Antibióticos I
Episiotomia médio-lateral 4.7 I intra-amniótica de membranas Massagem e
Febre compressão uterina
Hemorragia pós-parto prévia 3.5 I Medicamentos
Gemelaridade 3.3 t uterotônicos
Parto acelerado 1.7 '! Alteração Miomatose uterina Massagem e
funcional ou Placenta prévia compressão uterina
Uso de fórceps ou vácuo extrator 1.7 I Medicamentos
anatômica do Anomalias uterinas
Episiotomia mediana 1.6 I útero uterotônicos
Tratamento
Nuliparidade 1.5 I cirúrgico
E TIOPATOGENIA
que corresponde a 80% dos casos 1 Na presença de contra- Placentação anômala Oequitação Extração
ção uterina adequada, a H PP primária deve-se principal- Retenção de incompleta manual
mente ao trauma e placentação anômala.2 Os distú rbios cotilédones Cirurgia uterina Curetagem
de coagulação são causas incomuns de H PP pri mária e Placenta sucenturiada prévia uterina
Acretismo Medicamentos
normalmente ocorrem como consequência de significati-
uterotônicos
va perda sanguínea 1 A HPP secundária é causada pri nci-
palmente por retenção de produtos, subinvolução do sítio Retenção de coágulos Atonia uterina Medicamentos
uterotônicos
placentário e infecção uterina.1•2
OJ!adro 61.5 I Etiologia, fatore de risco e tratamento das hemorragias uterinas relacionadas aos distúrbios de coagubç:lo
(trombina)
D1sturiJ10S de coagulaçao (tromblna\
Hemorragia Pós-parto
gBs
a menos efeitos colaterais.9.12 As doses recomendadas são: IO CONTROLE DA
unidades intramuscular (IM) ou 20 unidades diluídas cm HEM O RRAGIA Pós-PARTo
SOO mi de solução fisiológica em bolus intravenoso (lV). 13
O mi oprostol por via oral ou sublingual deve er usado
quando outros agentes uterotônicos não estiverem di poní- O tratamento da H PP pode variar dependendo da etio-
veis? Adose de 400 ~teg está associada a menos efeitos cola- logia do sangramento e opções terapêuticas disponíveis
terais e parece ser tão efetiva quanto 600 !lcg. 14 (Quadros 61.2, 61.3, 61.4 e 61.5).2
DIAGNÓSTICO ANORMALIDADE DE
CONT R AÇÃO UTER I NA (TôNUS)
O obstetra deve monitorizar a paciente após o parto c
e tar atento para os sinais de angramento exces ivo e de O diagnóstico de atonia uterina é feito por meio do exa-
choque hemorrágico. me pélvico bimanual após o cateterismo vesical. A compre -
são ou massagem uteri na podem diminuir o sangra mento
até que outras medidas sejam instituídas (Figura 61.1 ). 1
ABORDAGEM INICIAL A ocitocina c os alcaloides de crgot são considerados
agentes de primeira linha no tratamento da HPP (Quad ro
Veri fica ndo-se HPP, medidas suportivas gerais devem 61.6).9•16 A dose recomendada é de 20 A 40 UI diluídas em
ser adotadas, incluindo acesso venoso calibroso, infusão de I L de solução fisiológica a 250 mi por hora.9
cri taloide e coleta de amostra de angue para exames la-
boratoriais e reserva de hemoderivado .1
Os !tios preferenciais de punção venosa são os antebra-
ços c as fossas antecubitais. A utilização de acesso venoso
central (veia subclávia ou jugular interna) pode ser útil para
a monitorização da pressão venosa central ou em caso de di-
ficuldade na punção de acesso periférico. o entanto, não se
presta de forma adequada para a infusão rápida de grande vo-
lume de líquidos. As melhores opções para esse fim são cate-
teres periféricos curtos e calibro o (mínimo de 16 gaugc). 15
Inicialmente deve-se solicitar hemograma comple-
to com contagem de plaquetas, coagulograma e dosa-
gem de fibrinogênio. 1 Figura 61.1 I Manobra de compressão uterina.
Hemorragia Pós-parto
987
EMBOLIZAÇÃO DA ARTÉRIA UTERINA (Figu ra 61.4). Essa técnica promove significativa di mi nui-
ção do fluxo sanguíneo uterino, permitindo, ainda, apre-
A cmbolização da artéria uterina é eficaz cm até 90% servação do útero c a ma nutenção da fertil idade. Apresenta
das vezc no controle da H PP. 6·- 1- 18 É realizada em centros como desv:~ ntagens mais dificuldade técnica e risco de le-
de hemodinâmica por meio do catctcrismo da artéria ute- são da veia ilíaca e do urcter. A taxas de uces o variam de
rina via artéria femoral e ilíaca internal 9 O procedimento 42 a I00%.6 -
tem duração de uma a duas horas c deve ser realizado em
pacientes estáveis hemodinamicamente, com sangramcn-
to persi tcnte. 1 Apresenta como va ntagens a preservação
uteri na, não necessitar de anestesia geral, menos interfe-
rência nos fatore de coagulação, além da po ibilidadc de
er repetida no caso de recorrência do sangramentoY 18· 19
INTERVENÇÕES CIRÚRGICAS
HtSTI-RFCTOJ'v!IA PFRII'ARro
É a modalidade de tratamento mai comu m quando laparotomia quando a condições clínicas da paciente o
a HPP nccc sita de intervenção cirúrgica. ua incidência pcnn itirem.
varia de sete a 13 por I0.000 nascimentos, sendo mais ele-
vadas após cesarianas.6·" A técnica utilizada é a clampagem,
ccção e ligadura, sendo mai frequentemente realizada a CHOQUE HEMORRÁGICO
h i tercctomia subtotal devido ao menos tempo cirúrgico c
mcno perda sanguí nea. É procedimento de uso rotineiro Choque pode ser defi nido como anormalidade do sis-
entre os ginecologistas c obstetra , tornando e sa técnica tema circulatório, que rc ulta cm perfusão e oxigenação
bem fa mi Iia r e de fâci I execução. 21 tcciduai inadequadas. Hemorragia é definida como perda
aguda de volu me sanguíneo ci rc u l a nte.'~
Hemorragia Pós-parto
g8g
Q uadro 61 .7 1C la sificação e tratamento do choque hemorrágico"
~
FreqUência cardíaca (bpml < 100 100- 120 > 120< 140 > 140
-
Pressão arterial Normal Normal Diminuída Diminulda
~
~
Amplitude de pulso Normal Diminuída Diminuída Diminuída
Frequência respiratória (irpml 14-20 20 - 30 30-40 > 40
Débito urinário (mi/hI > 30 20 - 30 5-15 Mlnimo I
--
-
Estado de consciência Ansiedade leve Ansiedade moderada Ansiedade e confusão Confusão mental, torpor e
mental letargia
--
Tratamento Cristaloides Cristaloides Cristaloides e Cristaloides.
Ocasionalmente hemotransfusão hemotransfusão e cirurgia
I hemotransfusão
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Hemorragia Pós-parto
991
62 Infecção Puerperal
William Schneider da C ruz Krettli
M aria Am élia Sarmi ento Dias da Silva
Mário Dias CorrêaJúnior
enom ina-se in fecção puerperal qualquer infec- Febre baixa nas primeiras 24 horas após o parto, sem
I
Quadro 62.1 Bactérias mais encontradas nas in fecções puerperais
Bacter1as Aerob1cas
Infecção Puerperal
995
A curetagem está indicada apenas quando há d iagnós- endomiometrite pós-cesariana. Entreta nto, essa combi-
tico de retenção de restos placentários, seja pelo exame clí- nação não é eficaz contra enterococo, devendo-se associar
nico ou com o auxílio d a u ltrassonografia. ampicili na na suspeita de infecção por esse germe.
O tratamento antimicrobiano é baseado no con heci- Algu ns autores referi ram que a monoterapia com am-
mento dos possíveis agentes etiológicos. Os esquemas te- picili na/ sulbacta m para o tratamento de endomiometrites
rapêuticos mais comu ns são: tem taxas de sucesso entre 80 e 90%.8
Endometritepós-parto vaginal: A permanência da febre por período superior a 72 horas,
Em pacientes com infecção restrita ao útero sem a despeito do manejo correto dos antibióticos, pode indicar
comprometimento sistémico, pode-se utilizar falha terapêutica, devendo-se fazer novo exame clínico cui-
amoxicilina SOO mg, VO, de 8/ 8 horas por sete d ias. dadoso e pesquisar resistência bacteriana, abscesso pélvico,
Em caso de infecção mais grave, com comprometi- focos infecciosos extragenitais, assim como tromboflebite
mento do estado geral, tratar como na endometrite séptica pélvica. Nesses casos, as culturas, caso tenham sido
pós-cesariana. realizadas, podem acrescentar dados para o raciocín io clín ico.
Endometrite pós-cesariana:
Recomenda-se antibioticoterapia endovenosa de
amplo espectro (conforme esquemas a seguir), que PARAMETRITE1 ANEXITE E
deve ser mantida até que a paciente permaneça 48 ABSCES SO PÉLVICO
horas afebril. Após a suspensão da antibioticoterapia,
a paciente será monitorada com curva térmica rigo- Caracterizam-se pela propagação d a infecção para os
rosa por 24 horas e, na ausência de picos febris, será ligamentos (fleimão parametrial) e anexos uteri nos, com
considerada tratada, recebendo alta hospi talar sem possível formação de abscessos. Ao togue vagi nal, pode-
medicação. Hager et ai., em 1989, demonstraram não se perceber dor à palpação dos anexos. A ultrassonografia
haver diferença na morbidade entre pacientes que pode evidenciar abscessos.
receberam ou não antibioticoterapia via oral após o O tratamento é feito com antibióticos por via endove-
tratamento parenteral. Os esquemas mais comuns de nosa, de maneira semelhante ao da endom iometrite.
antibioticoterapia endovenosa para o tratamento da Em casos de abscessos pélvicos não responsivos ao
endometrite ou endomiometrite pós-cesaria na são: tratamento clín ico, deve-se ava liar laparotom ia para a dre-
Esquema duplo: nagem dos mesmos. Em casos de abscesso retrouterino, a
Clindam icina 600 mg, EV, de 8/ 8 horas, drenagem poderá ser realizada por via vaginal.
+
Gentamicina 5 mg/ kg de peso, EV, em dose única
diária. PERITO NITE
Esquema tríplice:
M etronidazol SOO mg, EV, de 6/ 6 horas, Como consequência de endometrite não d iagnostica-
+ da e não tratada, pode ocorrer quadro grave com propaga-
Gentamicina 5 mg/ kg de peso, EV, em dose única ção para os anexos e formação de abscessos. A rotura dos
d iária, abscessos causa peritonite. O quadro clínico é semelhante
+ à peritonite não puerperal, exceto pelo fa to de a rigidez ab-
Penicilina cristalina S m ilhões de unidades, EV de dom inal ser menos proemi nente, devido à distensão abdo-
6/ 6 horas, minal da gravidez.' A febre costuma ser alta (temperatura
ou axi lar .2:39°C) e a dor abdomi nal é in tensa, com irritação
Ampicilina 2 g, EV, de 6/ 6 horas. peritoneal, acom panhada de sinais de comprom etimento
sistêm ico (pulso fino, palidez, queda do estado geral).
Estudos que compararam vários esquem as terapêuti- O tratamento é feito por meio de antibioticoterapia endo-
cos consideraram o antibiótico duplo com gentamicina e venosa de amplo espectro (esquemas semelhantes aos da en-
clindamicina o padrão-ouro para o tratamento da endo/ domiometrite) e exploração cirúrgica, com limpeza exaustiva
gia nu nca deve ser adiada pela instabilidade da paciente, heparina não fracionada cm doses terapêuticas - heparina
poi a intervenção cirúrgica pode ser exatamente a med ida EV, 20.000 a 30.000 UI por dia cm infu ão contínuaw En-
nece sária para a reversão do quadro.10 tretanto, trabalhos mais recentes mostrar,1m que a adição
Após :1 cirurgia, a paciente deve ser acompanhada cm uni- de heparina à terapia antibiótica para tromboflcbite pélvica
dade de tratamento intensivo até a melhora do c tado geral. não melhorou o resultado nem acelerou o te mpo para a re-
missão da febre ou alta hospitalar. Portanto, o tratamento
atual consiste na manu tenção da antibioticotcrapia até o
fASCIÍTE NECROTIZANTE desaparecimento da febre.11 ·12
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Infecção Puerperal
999
- ,___- -----
63 Anticoncepção no Puerpério
Amaury Teixeira Leite Andrade
]o é Paixão de ouza
Anticoncepção
no Puerpério
Amamentação Não Amamenta
Exclusiva (LAM)
.-
~ . -
-
.
.
v
d~
lnjetável Trimestral
Tabela
Muco Cervical AOC
Condom Masculino lnjetável
Condom Feminino Transdérrnico
Diafragma Anel Vaginal
CH Implante
DIU DIU
Figura 63. 1 I Anticoncepção no puerpério.
LAM = método da amenorreia da lactação: CH =contracepção hormonal; AOC= anticoncepcional oral combinado; DIU=dispositivo intrauterino.
nas do parto. Segundo orientação da OMS, o DIU de co- SIU ~ sistema intrauterino levonorgestrel
PROGESTAG ÊNIO
Estudos de evidência em métodos contraceptivos no
Os outros métodos que usam somente o progestagê- pós-parto são muito escassos.
nio, como o implante de etonogestrel ou o injetável tri- Levantamentos da MEDLI NE e Pré-MEDLINE e
mestral de depomedroxiprogesterona, podem também ser Cochrane Library publicados entre 1980 e 2005 para o
iniciados seis semanas após o parto. método implante subcutâ neo de etonogestrel sugerem
Q!lando a mulher já está amamentando há mais de que não há efeito adverso nos implantes de etonogestrelna
seis meses ou está usando a minipílula e/ ou quando não lactação e no desenvolvimento do recém-nascido.
amamenta (Figura 63. 1), podem estar presentes duas situ- Estudos completos da Cochrane Librarf sobre DIUs
ações: apenas querer espaçar os filhos ou não querer ou não revelam:
poder ter mais fil hos. Na primeira situação (espaçamento São os métodos reversíveis mais usados em todo o
de filhos), qualquer método poderia ser utilizado, até mes- mundo;
mo os chamados naturais ou comportamentais. tanto os Dl Us de cobre como o sistema intrauteri-
No entanto, na segunda situação - quando considera no de levonorgestrel apresentam altíssima eficácia;
sua famíl ia completa ou quando nova gravidez seria risco inserções imediatas após parto e aborto são seguras
de morte -, apenas os métodos de alta eficácia devem ser e eficazes.
utilizados. Se a mulher é jovem, os métodos temporários
devem ser preferidos, como os diversos métodos hormo- Evidência baseada em estudos sistemáticos e testes
nais (Quad ro 63. 5) ou os dispo itivo intrauterinos de co- cont rolados para mulheres no pós-parto também reve-
bre ou sistema intrauterino de levonorgestrel. lam gue os DIUs são seguros e eficazes métodos para esse
Para o casal com idade reprodutiva mais avançada período7.
(mu lher aci ma de 35 anos, homem acima de 40 anos) ou Estudos de evidência da C ! R E (Continuous Jdent!fica-
quando a gravidez representar alto risco para a saúde da tion ojResearch Evidence), da PubMed e da Cochrane Libra-
mulher, também os métodos cirúrgicos (ligadura tu bária ry feitos pela OMS entre 1966 e janei ro de 2008, conside-
ou vasectomia) podem ser considerados. rados alguns dos pilares daquela entidade, indicam:
Infecção puerperal 4 4
SIU-LNG é categoria 1 em não lactante~ e 3 em lactantes no pós-parto; COC =contraceptivo oral combinado; CIC =contraceptivo injetável combinado; T=
transdérmlco. R= anel vagmal. POC = pllula de progestagêmo; OMPA =acetato de medroxiprogesterona depot. NET-EN = enantato de norestisterona; DIU·
·Cu= diSPOSitivo lntrautenno_de cobre. SIU-LNG = sistema intrauterino de levonorgestrel. PS= pressão SIStólica. PD= pressão diastólica: TVP = trombose
venosa profunda. EP =embolia pulmonar. OMG =diabetes mellrtus gestacional.
PS 140-159 ou PO 90-99 2
PS ~ 160 ou PO ~ 100 4 2 3
História de TVP/EP 4 4 4 2 2 2 2
TVP/EP agudo 4 4 4 3 3 3 3
TVP/EP em anticoagulação 4 4 4 2 2 2 2
História de OMG
Sem vasculopatia 2 2 2 2 2 2 2
3/4 3/4 3/4 2 3 2 2
Doença falciforme 2 2 2 2
COC =contraceptivo oral combinado; CIC = contraceptivo injetável combinado; T = transdérmico; R= anel vaginal; POC = pllula de progestagênio;
DMPA =acetato de medroxiprogesterona depot; NET-EN = enantatode norestisterona; DIU-Cu= dispositivo intrauterino de cobre; SIU-LNG =sistema
intrauterino de levonorgestrel; PS= pressão sistólica; PD = pressão diastólica; TVP = trombose venosa profunda; EP =embolia pulmonar; DMG =diabetes
mellirus gestacional
Anticoncepçào no Puerpério
1005
Quadro 63. 81Catcgori7.ação do métodos contraceptivos em situ,tçôcs clínicas c pcciais
;?: 35 anos
< 15 cigarros/dia 3 2 3
;?: 15 cigarros/dia 4 3 4
Obesidade UMC > 30 kg/m2) 2 2 2
COC =contraceptivo oral combinado. CIC =contraceptivo 1n1etável combinado; T= transdérmico. R= anel vaginal, POC = pllula de progestagênio.
OMPA =acetato de medroxiprogesterona depot. NET-EN = enantatode norestisterona. DIU·Cu =dispositivo lntrautenno de cobre. SIU·LNG = s1stema
mtrauterino de levonorgestrel; PS= pressão sistólica. PO =pressão diastólica. TVP = trombose venosa profunda; EP =embolia pulmonar: OMG =diabetes
mellrtus gestacional
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Quadro 64.1 I Principais desenhos de estudo utilizado na pe ·qui a clínica e sua re pectivas finalidade , evidências, cu to
e duração
Desenho Fl11dlldJdP Ev1denc1a Custo Ouraçao
+
++
+
++
+
Relato de caso Doenças novas +
- - - 1-
+ +
I I
Fonte Quadros et ai.'
Evidênc1a validade e confiabihdade nos resultados do estudo
Custo· valor estimado para se realizar o estudo.
Duração: tempo necessário para se realizar o estudo.
(+/++++1 escala de magnitude
~
1.1 - 8.7 Significante (não inclui a unidade) a década de 1970, lan Chalmers, que, coincidente-
Impreciso (I Cgrande)
mente, era obstetra c trabalhava com Cochra ne, perceben-
~
1.2 1.1 -1.3 Significante (não inclui a unidade) do a rapidez da evoluçjo tecnológica da Medicina perina-
Preciso (IC estreito) tal e a ausência de dados que pudessem manter a prática
atualizada, desenvolveu um istema de registro perinatal
de c tudo clínicos randomizados com o objetivo de for-
COLABORAÇ ÃO COCHRA NE necer aos clínicos o acesso às melhores evidências dispo-
níveis na Medicina perinatal, permitindo, assim, decisões
A história da Colaboração Cochrane teve início nos clínicas adequadas?
anos 70, quando Archie Cochrane, preocupado com os Durante as décadas de 1970 e 1980, Chalmer trabalha-
custos extraordinários da saúde na Inglaterra, sugeriu que lhou exaustivamente revendo c classificando todo os estu-
Study o r subgroup Trnt• tnt Control Ptto Odds Ratio Wtight Ptto Odds Ratio
n/N n/N Ptto. Fixtd.,SX CI Ptto.Fixtd.,SX CI
I lntnvtntrlcular hum orrhagt diagnostd li autopsy
AIJCK\NjO U72
DORAN USO
GAMSU UU
6/182
l/80
0/130
14/1 56
2/60
4 / 132
• 65.8"
I 0 .2 X
13., "
0.36 I 0.15. O.U I
0.37 I 0 .04. 3.731
0.131 0 .0 2. o." I
TAIJESCH U7' 0/ 54 31" I 0.2 X 0.16 I 0 .02. 1.631
Subtotal (95'.1(, Cl)
Total tvtnts: 7 CTrntm tnO. 23 (Controll
446 417 1 00.0 " 0.29 1 0.14, o.u I
Htttrogtntíty: Chi' • 1.1 O. di • 3 (P • 0.78); I' : O.OX
T tst for ovtrall tfftct: Z = 3.2, (P = 0.001 0)
2 lntravtntrlcular humorrhagt diagnostd by ultruound
GAAITE I , 2 I /30 "36 , .3" 0.1' I 0.05, 0.731
KAAII ,4 '"5 18"4 • 24 .5" 0.41 I 0.18, 0., 3 1
MO RAlES I ' "
SILVER 1"5
Subtotal (95" Cl)
13/121
25/54
300
33/124
17/42
• • 40.7"
25.5"
0.35 I 0 .1 ' · 0.6 7 I
1.26 I 0 .56, 2.84 I
296 ~ 100.0 " 0.41 I 0. 32, 0.72 I
Total tvtnts: 47 CTrnt•tnO. 77 (Control)
Htttrogtnt íty: Chi> • 8.35. df • 3 <P z 0 .041: I' =64X
Ttst for ovtrall tfftu: Z • 3.53 (P = 0.00041)
Ttstlor subgroup difftrtncts : Chi' • 1.34. df =1 (P. 0.251. I' •25X
Figura 64.3 1Hemorragia intr,\Ventricular nos recém-nasc1dos prenuturo~ comparando o uso profi lát1co de cort1coide com
u o de placebo ou nenhum tratamento.
•
•
Bangladuh 1998 5/100 26/100 0.19 I 0.08. 0.48 I
Collab Trlal 1995 60/453 125/452
' 0.48 [ 0.36. 0.631
Egypt 19n 0/59 0/46 o.o I o.o. o.o I
lndla 2001 0/60 2/40 'I I 0.13 I 0.01 . 2.731
Malaysia 1994 0/6 0/5 o.o I o.o. o.o I
Zi11 babwt 1990 5/24 7/27 0.80 I 0.2 9. 2.20 I
Zimbabwt 1998 1/lS 2/34 0.4 9 I 0.05. 5.11 I
0.1 0.2 0 .5 2 5 10
MgS04 btntr diaupa• bt n tr
Figura 64.41 Comparação entre sulfato de magnésio c diazepam para prevenir recorrência de convulsões cm mulheres
cclãmpticas.
Rtview:. Vaglnalll lsoprostol for cuv lcal riptnlng and induction of labour
Co11pans on: 3 Mlsoprostol versus plactbo/no trutment: ali womtn. lntact •utbranu unfavourablt ctrvix
Outcomt: 7 Uttrlnt hyptrstimulation without FHR changu '
Study or subgro up misoprostol plact bo Rlsk Ratio Wtight Ris k Ratio
n/N n/N M-H.Fixtd. 95" C1 M· H,Fixtd. 95" Cl
••
02 5 Stittly 2000 1/27 0/33 3.64 I 0.1 5. 85.9 7 I
30.1 "
100C Flttchtr 1993 1/24 0/21 35.5" 2.64 [ 0. 11. 61 .541
1 OOC Srisomboon 1996 12/32 0130 34.4 " 23.48 I 1.4 5, 380.0 2 I
0 .1 0.2 0 .5 2 5 10
Favours 11 isoprostol Favours plact bo
Figura 64.51 Comparação entre o misoprostol vaginal vcrs11s placebo ou não tratamento na ocorrência de hi pcrcstimulação
uterina sem al ter.1ções na frequência cardíaca fetal.
u.n
32.5 (4.4)
4)
21
35 14)
37., (2.1)
32.9 (3.7)
+---
---,-~
5.3"
31.8"
6.3"
1.00 1· 1.11. ] .11)
0.80 I · 0.01. 1.61 l
-0.40 [ -2.40. 1. 60 l
lar•on UU 57 35.6 65 35.5 0 . 2)
E
(3.7) 16.6" 0.10 1·1.14. 1.34)
Papauonls 1 U7
Wurakul 2002
'5
45
33.4 (4.5)
'o 32.1 14.1) 16.5" 1.30 I 0.06. 2. 54 l
35.67 IUl 44 34 .., (3.07) 16.4" 0.71 [ -0.4,. 2.02 l
·lO ·5 5 10
hvours Othtr toco I. hvours Ca++C8
Figura 64.61 Comparação entre os bloqueadores de canal de cálcio e outros tocolíticos, na inibição do parto pré-termo.
Rtvitw: Ma.gnuiu• sulph1.tt for prtvtnting prttt r• birth in thrnttntd pnttr• labour
Co• puison: 1 Magnuiu• sulphatt versus c o• p:arison group . :l iI includtd trllls
Outco•t: I Binh <48 hours lfttrtril l tntry
Study or subgroup Trtl.tM t nt Control Risk Rl tio Wt lght Risk Rltio
n/ N n/N N ·H, Rlndoii, ,SX (I N -H. Random,,5ll: (I
0. 01 0.1 10 100
Fav ours tre:u• tnt h.vours contro l
Figura 64.71 CompM.lÇào entre o sulf:1to de magnésio e outro tocolíticos, plJccbo ou não tratamento, na redução da ocorrencia
de parto pré-termo, até -t hora~ de início do trata mento.
Por ua vez, é importante considerar quat nívet e grau Fnedland DJ , GoA~ . Davorcn J 13.1\ ledKma R.1>cada cm Eva-
dênca,t s: uma estrutura para a prática danaca. rrad. A1cvedo
de evidencias estão cmb,\sando nos a prática clínica no
I F. Rao de Janearo: Koogan, 2001.231 p.
momento. É necessário lembrar, também, que o processo
2. Ft·brasgo. Obstetriua Baseada em F\ldênca.l\ .\ lanual de
da 1\rl BE inicia- c pela formulação de uma questão clínica O ncntaç,io. Atall.th 1A, Soarc\ BO, ~OULJ I V, Bar,lCat EC.
de mtere e. Um,\ boa pergunta é o primeiro c mais impor- antosJ FK,. ,a,~ . S.ao Paulo: Fcbra ~go c Centro Cochranc
tante pa o para o iní io de uma pc quisa de evidências, do 13ra~ il ; 2001. 159p.
pot · di minui a po ibtlidadc de erros (vte e~) durante a 3 Flet her RH, Flctch~:r ~W. Wagner EH. Epademaologta Cla-
mca: elemento\ C\\CI1t:IJIS. 4' cd. Trad Duncan BB, Schmadt
cl,1boração, pbncjamcnto, análi e estatí tica c a conclusão
,\ 11. Porto Alegre· Artc'> .\lédaca\; 2006. 2 p.
de um projeto de pesquisa. Uma boa pergunta consi te cm
+. Quadros LGA, CJ\tdo Filho A, Baracat EC. Avaliação cnli-
quatro iten fundamentai :1- CJ da Literatura 1\ k d1ca: mtrodução .1 Medacma Ba~eada cm
A situação clímca: qual é a docnç.1 ,\ cr inve tigada; Evtdências. Femm.a 2000;28:311 -1S.
a ill fervwçtio: qual é o tratamento - ou tratamento ) . A~\OCI.IÇão 1\lédaca Br.tsileira. Protelo Dirctritc . Di ponívd
- de intcrc1.~e a ser(cm) testado(\); em· hllp: "" 1\ .prot~:todm•tnze .org.br
qual é o gmpo-c01zlro/e (placebo, nenhuma interven- 6. lluckcr SB 1\leta Analym for thc Prawcmg Ob~tctnuan
- Gyn~:cologa\t. 'lm Obstei G) ncwl 1998;41 2-.S- I.
ção ou outra intervenção);
o desfecho cluuco. Hu llry SB. Cummmg' SR, Browncr WS, Grady D, HcaN ,
Newman TB. Del111cando ,, Pc~qlll~.l Clínu.:a uma aborda-
gem ~:pad ~:amológaca Trad. Machad Schm1dt Ounc.1n c An.a
E a propo!>tção de omo formula r uma pergunta clí- Rtt.t Pcrc'> 2• cd. Porto Alegre· Artrn~:d ; 2006 r4 p.
nic,\ de interc c está bem estruturad,1 na proposta deno- <. Dackersan K, Manhcuner E. ·lhe Cochranc Collaborat10n.
minada PICO, recomendada pelo Projeto Oiretrize , da Evaluatton of Hcahh Care and Cr\'accs u~mg )'>temallc
Rc\'ll!W~ of thc Rc\uh., ofRandomJL~:J Control Tnals. Clrn
A ociação Médic.1 Bra ileira. As guestõcs podem serre-
Ob; td Gync ol. 1998;-1 1:315-31.
la ionada a tratamento, diagnó tico, prognó tico ou ctio-
9. H1ggin, J PT, ' l h omp~o n SG, DccbJJ. Ahman DG. lcJ
logza, para a mesma ituação clín ica. Para que a dúvida cja sunng m con'>l~tcncy in mct J -JI1.1 I y~c Briti;h Mcd J 200 ~:
dcvtdamente organtzada, deve cr cotwertida cm e1.traté- 32-:ss- 6o.
Índice Remissivo
1031
Card iopatia Cariótipo, 153 (ClVD), 624, 983, 985, 987
aconselhamento pré-gestacional, 539 Cavalgamento de Suturas, 969 Cocaína, 65, 101
alterações hemodinâmicas fisiológicas, 536 Cefa leia(s) Colesrase Intra-H epática da G ravidez (CIG),
efeitos do trabalho de parto, 536 epilepsia (ver Epilepsia), 729 623
sinais cardiorrespiratórios na gravidez migrânea ou enxaqueca, 727 Concent rações H ormonais, 7
normal, 537 tratamento abortivo das crises. 728 Cond iloma Acum inado, 492, 771
sintomas cardiorrespiratórios na gravidez tratamento, durante a gestação, 728 Constipação, 631
normal, 537 tratamento preventivo das crises, 728 trata mento, 63 1
assistência no pós-parto, 545 pós-parto, 728 Contracepção, 257, 258
avaliação clínica, 537 primárias, 725 Cordão Umbilical, 307
anamnm, 537 secundárias, 725 anomalias (ver Anomalias do Cordão). 307
exame/fsico, 537 Céfalo-hematoma, 969 Cordocentese, 163, 217
ava liação diagnósrica, 537 Cerclagem, 378 complicações, 218
exames complementares, 538 Aquino-Salles, 254 época de realização, 218
cardioversão, 543 McDonald, 254 indicações, 217
cirurgia cardiovascu lar, 543 Cesariana, 792 técnica, 218
condução da paciente internada com descom- conceito, 927 Coreia, 732
pensação ca rdíaca, 544 etiologia, 733
dificuldades, acidentes e compl icações, 932
conduta no trabalho de parto, 544 patogênese, 733
complicações para futuras gestações, 933
anestesia, 545
complicações urindritu e intestinais, 933 prognóstico, 733
conduta no trabalho de parto pré-termo, 542 embolismo, 933 rraramento, 733
estimativa de risco e acompanhamento pré- extração fetal difícil, 933 Corticoide, 378
natal, 540 hemorragias, 932 Cort icosteroides, 356, 559, 57 1, 662
controle de infecção, 541 infecção, 932 Crescimento I ntrauterino Restrito (CIUR),
esquemas de profilaxia para endocardite trombose venosa, 933 385, 560
infecciosa, 541 incidência, 927 classi ficaçáo, 389
prevenção de fenômenos tromboembólicos. indicações, 92 8 tipo /, simétrico, 390
542
causas maternas, 928 tipo li, assimétrico, 390
prevenção tÚ infecção, 541
c~sariana de em~rglncia, 928 tipo III, intermediário ou misto, 390
med icamentos, 543
cesarianas elnivas, 928 complicações neonarais, 396
métodos anticoncepcionais, 545
Perimortem, 792 conduta, 393
definitivos, 547
técnica preferencial, 928 gestações abaixo de 30 Semanas, 394
reversíveis, 547
abertura, 929 gestações entre 30 e 33 umanas, 394
morbimorralidade perinatal, 542
~xtraçdo fetal, 931 gestações acima de 34 semanas. 394
repercussões da gestação, 54 2
ftchammto, 931 interrupção da gestação, 393
na portadora de cardiopatia, 538
preparo, 928 quandn inurromJ,r?, 393
noftto, 54~
variantes, 932 d iagnóstico, 391
no recém-nascido, 542
Cesariana Perimorrem, 792 cardiotocografia, 392
Cardiopatias, 67
C hedw ick dopplervelocimetritt, 392
Cardiorocografia, 378, 527
sinal de, 76 exames invasivos, 392
anteparto, 221
C hoque, 243, 244, 246 perfil bioflsico fetal, 392
basal, 222
hemorrágico, 786, 989, 990 sequéncia dos exames, 392
estimulada, 224
intraparro, 224 hipovolêmico, 284, 285, 292, 478 ultrassonografia, 391
séptico, 595, 616, 788, 789, 997 erioparogenia, 386
alterações da variabilidade da Linha de base
da FCF, 226 Ciclo Menstrual, 7 circulação deficiente na face fetal da pla-
aplicação prática da monitoração, 230 Cirrose, 629 centa, 388
desacelerações ou D!Ps, 226 Cistite, 597 circulação deficiente na face materna da
monitoração eletrônica da atividade uterina, C itomegalovírus, 96, 841 placellla, 388
224 d iagnóstico pré-natal, 843 desnutrição materna, 387
monitomção eLurônica da frequéncia epidemiologia, 842 lesão direta sobre o foto, 388
cardíaca fetal (FCF), 225 infecção materna aguda, 842 mau-funcionamento placentário, 388
padrão normaL da frequéncia cardíaca fetal, patogénese, 841 placenta estruturalmente deficiente, 388
225 prevenção, 845 fases do desenvolvimemo fera!, 388
padrões anormais da frequrocia cardíaca rastreamento pré-natal, 842 fisioparologia, 390
fetaL, 226 reativação, 84 2 prevenção, 395
metodologia de interpretação do padrão dos sorologia, 96 primária, 396
BCFs, 228 transm issáo materno-fetal, 843 secunddria, 396
categoria 111 (traçado anormal), 228 tratamento fera!, 845 sequelas em longo prazo, 396
categoria 11 (traçado atípico), 228 C lamidíase Genital, 489 Crise H ipertensiva, 507
categoria I (traçado normal}, 228 compl icações fera is, 489 cromossoma X, 149
monitoração inrraparto, métodos comple- complicações maternas, 489 Culdocentese, 263
mentares d iagnóstico, 490 C uretagem, 256, 257, 996
eletrocardiogra.fia foral, 229 tratamento, 490
monitoração bioquímica, 228 C la rk D
oximerria fetal de pulso, 229 sina l de, 292
prognóstico, 231 Coagu lação l ntravascula r Dissemi nad a Decídua, 17, 326, 404, 658 , 890
Defeitos do Tubo Neura l, 69
1032
Noções Práticas de Obstet rícia
Depressão, 749 pr~vcll(áo dns malformaçón conginitas t: Distúrbios Dcrmarológicos, 765
pós-pano, 757 abortammto rspomânro, 521 acne vulgar, 772
Dermarire, 48, 777 pano. decisão quamo ao. 53 1 acroderma1 ire c meropárica, 773
D ermatose, 48, 774, 776 pós-pano, 532 afecções alteradas pela gravidez, 769
D escolamenro Prernaruro d a Placenra , 282, pós-pano e lactação, 532 alrcraçõcs curânea.s fisiológicas da gravidez,
499 ripo I (DMI). 512 765
compl icações. 284 ripo 2 (DM2), 513 candidíase vulvo-vaginal, 770
diagnóstico, 283 rraramemo para gesranrcs com DMPG e colesrase imra-hcpárica da g ravidez, 777
fa tores de risco, 282 DMG, 523 co méricos, 780
fi siopawlogia , 282 acompaniJOmtmo laboratorial. 526 alisanw ou ptrmanmw. 780
incidência, 282 arompanhammto oftalmológico, 526 IJidratttnw, 780
prognóstico, 285 anridirrbtricos orais, 525 timuras para cab~lo, 780
ripos clínicos, 283 dieta r ruividarl~ ftsim, 524 dermarofibromas, 774
rraramemo, 284 imulinourapia, 524 dermaro es específicas d a gravidez, 774
D espro porção Céfalo-pélvica, 91 , 879, 88 1 Diabetes Mellirus (DM ), 512 d istúrbios da pigmcnraçáo. 766
Desproporção Fero- pélvica, 898 Diabetes Mellirus Gesracio nal (DMG), 514 disrúrbios dos anexos (pelos e unhas), 768
Devenrer-Müdler acompanhamento ambu larorial da geMa nre distúrbios dos tecidos conectivos, 769
diabérica, 522 disr(arbio~ vasculares, 767
manobra de, 902
acompan hamemo laboratorial, 526 d oenças in fcccio as, 769
Diabercs Mellirus, 66, 157, 511
acompanhamcnro oftalmológico, 526 eczema a tópico da gravidez, 778
acompa nhamento Jmbularorial da gesranre
avaliação do bcm-estar fera I. 526 erircma nodoso, 774
d iabér ica, 522
classificação. 521 erupção pol imórfica da gravidez, 776
avaliação do bem-esra r fe ra I, 526
classificação. 512 critérios diagnósricos, 515 ptipultu urticariformes, 776
pruonizodos pt:la A DA , 515 placas urticarifomm, . li
Diabn~s M~llims gmacional (v~r Diabnu
pruonizodos pr/a OM , 516 fo liculire prurigino~a da gravidez, 776
M~llirm gmarional (DMG)). 5 14
preconizados paa SBEM, 516 foroproreç:io, 779
Diabnu M~llirus ripo I (DMI), 512
urilizodos 110 1/ospiral das Clfniras da h a nscníase, 770
Diabuu Mdlirus ripo 2 (DM2), 513
UFMG, 5 17 herpes genital, 770
classificação do diabetes na gravidez. 52 1
defi n ição, 514 lciomiomas, 774
complicaçóe fera i e perinarais e na vida
fato res de risco, 514 manifestações cm áneas
adulra, 529
crncimeuto intrrwrerino rutrito, 530 fisioparolog ia, 514 !li pus uimnatoso sistimico, 773
monitorização glicêmica, 523 sfndromt rmrifos[olfpidr., 773
hip~rbilirrubinunirt, 531
o rientação pré-concepcio nal, 521 m ela no ma, 77 1
bip~rviscosidad~. 530
pr~vmrão dm romplicaróes mrut:mas, 522 neurofibromas, 774
bipocalamia, 531
pr~v~nrão dos malfonnarórs ronginitas, 521 nevos mdanocíricos. 771
hipoglimnia II~OIIollll, 530
hipomagnnilumia. 531 prt:vmrrio do abortamt:/1/o ~spomân~o. 521 ourros distúrbios, 769
prevalência, 514 papilomavírus (HPV), 771
macrosso111111, 530
rraramemo. 523 penfigoidc gesracional, 774
ma/formnrón co11ginitrlJ, 529
obnidad~ ~ DM 2 1111 vidaadulca, 531 rmtidiabbicos orais, 525 hupes gmocio11ttl. 774
óbito foral, 529 t1ti11idade físico, 524 pên fi go vulgar e foli:lceo, 772
dina, 524 piri ríasc rósea, 773
policiumitt, 530
sfndrom~ do dnconforto rnpirarório (SDR).
insulillott:rapia, 524 prurigo da grav id e~. 777
531 Diaberes Pré-gesraciona l (DMPG), 520 psorfasc. 772
trombociropmia, 530 acompa nhamemo laboratorial, 526 qucloides, 774
complicações maternas, 527 a o mpanhamemo ofta lmo lógico, 526 ru mores cur.lneos alterados pela gravidez.
rnoacidou dittbitica. 528 rraramemo, 523 769
distúrbios lnpl'rUIIJiiiOJ, 528 amidiablticos omis, 525 Diuréticos, 140, 543
bipoglimnitt, 527 atividade flsira, 524 Doença d e G raves, 640
inftcrão do rraro urinário, 529 dina, 524 Doença de von Willcbrand (DvW) ripo 2B,
nifroptttia diabt'tica, 528 imulinotcrapio, 524 570
minoptttio rlittbitica, 528 Diag nóstico d e Gravidez, 73 Doença do Refluxo Gasrroesof:ígico, 630
contracepção, 532 d efinições. 73 etiologia, 631
crirérios diagnósticos do DMG, 515 d iagnóstico clín ico, 73 rraramenro. 631
decisão quanro .ao pano, 531 111101111/CU, 74 Doença H emolítica Perinaral, 427
definiç:io, 512 ~xanu flsico, 75 assi~ rcncia à gestamc não imunizada, 431
d iabetes pré-gcsracional (DMPG), 520 diagnóstico laboratorial, 76 assistC:ncia ao casal com incompatibilidade
fero de mãe diabética, 520 diagn6stico diftmrrial, 80 Rh, 43 1
gcsraciona l (DMG), 514 diagnóstico ulrmssonogrrljico, 19 assistência ao pano, 433
d~finirrío, 514 idmtijicacrio do hCG na urimr, 77 assistência pré-natal, -13 1
fiuom d~ risro. 514 idmtijicacrío do !JCG no soro, 78 assisrl:ncia pré- n a tal ~ gesramc imun izada ,
jisioparologirr. 514 Die té ticas, ituaçócs Espec ia is, 126 436
pnvalincia, 514 Dispositivo lnrrau rerino (DIU), 258, 259, 11111111/IUU, 436
lactação, 532 548 rmtiRh: prova d~ roombs indireta quantilll-
mcraboli mo, 520 Disrócia(s) til'll , 437
monitorização glicémica, 523 canal cervical, 869 alllrlia(rio não illvaJÍI'fl da anmria foral, 439
orienraçáo pré-concepcional, 521 conrraç:io, 869, 878 estudo do 11111gu~ foral, 439
pr~vmclío dm complicncó~s mournas, 522 ombro, 922, 923 examrs compl~mnrtar~s. 437
Índice Remissivo
1033
líquido amniótico, 437 fu nção renal mod cradamem e d i mi nuída, 603 gram dt gora, 596
conduta, 442 gra us de reco mendação, 616 lu moculwm, 596
twist(nrin no parto t'spomtinl!o a ttrmo, 442 nefr ire lúpica, 6 14 hrmograma, 596
inurruppio prmlllfllrn da gravida, 442 jiuom prognóm ros, 615 ttsm bioquímicos, 596
rraramt'IIIOimrnuurino, 442 ncfropatia diabé cica , 6 11 urina rotina (uri1111 tipo I), 596
etiologia, 428 orienraçáo pós-parto, 605 ttromlmrn, 596
fisioparologia . 429 paciemes cm cratarnemo, d ialít i o , 60 5 infecção do rrato urin.irio , 595
incidência, 429 parto, 610 compliraçõu mau rnru associadiiS II I T U, 595
prevenção d:c ,cloimunizaç:io R h, 433 pa no e doença renal, 605 complicnrõcs p~rina trris OJsoriadas à ! TU,
abortamm to r aml!ti(Odt' ttbortammto, 435 rccomc ndaçóc~ pa ra o com role d a gesra nrc 595
amicorpos pmm u s na circularão mauma, em rrata memo dialírico, 607 triologia, 595
436 conrrolt' da an~mia, 607 quadro clín ico, 597
domra rrofobldsrim gm acional, 436 com rol~ da hipt'rtm sõo, 607 bt~ctcritíria assintomdticll, 597
Jilbo d~ nuí~ Rb positivo, uoria da Avó, 435 1/lltri(ÕO, 607 cisriu, 597
gm vidn, 434 cra nsplantc re nal, 608 pielonifrire, 597
gravidtz rrtópim, 436 Do enças Autoi mccncs, 67 trarn me mo. 598
imlicar6rs. 433 D oenças d a Tireoide, 63 5 bacu ritíria rmimomt!tica - cisriu , 598
l11quradura tubdria, 436 aco nscl hamcm o pré-co ncepciona l, 645 romrolt: dr rum dfl / TU simomrítim , 600
om ros ttpos di! bt!morragia anuparto, 435 biputirl!oidismo sob rmtammro, 645 pielomfrilt', 599
pós-p11rto. 433 bipotirl!oidismo sob trntammto, 646 quimioprojilaxill, 600
rrchn-niiScido, uxo ftminino Rh nrgarivo, tir~oidiu rrónica em parimu rutircoid(ll, Doenças d o C o lo U1crino , 277
435 646 Doenças G e nét icas, 148
trnnsfusiiO dr sangtu inrompmlvrl, 436 tratammro p11ssndo com radioiodo para classificação, 149
sistema Rh, 428 carânoma da tireoidi!, 646 aurossómicas domi11anus. 149, !56
Doença Inn amaró ria l ntcsrinal, 63 2 trntammro pamrdo com radioiodo para aurossómiciiS rl!cessir•as, 150. 158
Doença Rena l C ronica (D RC), 600 domra de grrwl!s, 646 rromossómicas, 152
acompanhamenro da pacieme, 600 bócio, 645 cromossómicas i!Struwrais, /52
acompanhamcnro dura nte a g ravidez, 6 13 càncer d a ci rcoidc. 645 cromossómica.s mmririciiS, !52
aconselhamcnco pré-concepcio nal, 600 fisiologia e função li rcoid iana ma terna , 635 lu ran(J1 complexo, ! 51
dcido tín ro. 60/ amirorpos amirrl!ri!ptorl!s de TS/1, 637 monogtnims. 149
biópsia rmal, 602 11mirorpos amitireoidi11nos, 637 multifiuoriais, 15 1
dmrnncr dt' rrratinina, 601 COIIWI/raçóes de tiroxina (T4), 637 poligtnicas, 151
o :amrs pd -conrt'prionllis, 600 conw u ra(Õt!s de tri-iodotironinn (73), 6.'37 rumivn.s ligrrdas ao aomossomo X. 150, ! 56
mt!düia d11 pmsáo arurial, 602 COIIftiiiTfl(ÓeJ dt T. //, 637 D oenças H e marológ i as, 553
prouimíri11 dr 24 borm. 601 mimulndorrs riri!oidianos, 636 D oenças H c mo líri :t5 , 630
srdimmto urinário, 601 mt't11bolismo do iodo, 636 D oenças H iperrensiva s, 500
wrrs dt' av11liii(IÍO dn fimrno rmal. 601 prou lnOJ ligfldorns di! tiroxina, 636 cl a~~ ifi ca ção, 500
a lciramcnco , 6 11 função ti rcoidiana fe cal , 638 D oe nça s In fecc iosas, 6 8
a mamenc ação, 616 nód ulos ti reoid ianos, 645 D oenças M aternas, 66
ava liaç:io fetal, 604 placenta c funçáo ri reoid ia na, 637
Docn Ç<Js eurológi as, 725
ourros ruidados, 604 ti rcoidite pós-pa rto, 646
afeccócs ncu ro lógicas, 735
aval iação pré-concepcional, 6 12 D oenças d a Tireoide c G ravid ez, 63 8
coreia (ver Coreia), 732
avaliação pré-concepcional c scguimemo hipcrti reoidismo c gravidez, 639
d oença cérebro-vascular, 738
pré-na tal, 615 Cfl/ISIIS, 640
forom di! risco, principtris, 738
w ndiçóes ide:cis p.tra a g ravidC7 , 608 complicafÕN, 641
esclerose mt'•ltipla, 736
11zmioprina, 610 diagnóstico cl!nico, 639 trarammro, 737
ronrroiJ. pri-natal d11 gNtllnU tra11Splamada, diagnóstico laboratorial, 641
m iclopatia aguda, 732
609 domça de gravrs, 640
principais causas, 732
inibidoru d11 mlciluuril/(t, 610 domça trofobldstim grstacional, 640 síndrome(s)
micoftnolato moftril. 610 hiputireoidismo i11duzido pt!la gonadorrofina
pru lnisolltl, 609 pernas inquüras, 737
coriôllicn, 640
t racolwms, 61O IIÍIIi!l do m rpo. 735
trntammro. 642
liSO dt' 1111111/0SSIIpri!SSOrt'S, 609 D o enças Psiq u iát ricas, 68
hipoc i rcoid i~ m o c gravidez, 643
consu lc as, 604 D o enças Pulmo na res na G ravidez , 70 7
11rompanbamruto, 644
comrolt! da fimrao rmal, 604 asma, 708
Cfli/Sas, 643
controlt' da prmtio rtrlt'rial, 604 avaliarão f unciotllll, 709
di11gnóstico rlíniro, 643
conr raccpçáo pó -parco, 61 1 diagnóstico, 709
di11gnóstico laboratorial, 644
co nrrolc pré-naca l, 603 monitori=çõo foral, 7 10
trntammro, 644
doença rcnalccrmina l, 603 rratnmmto da criu, 7 12
Doe nças d o Apa relho U riná rio, 593
cfeiros da gravidC7 obre a nefro pad a d iabé- trata/llt'l/{0 dt lllai/UIUI(IÍO, 7 1/
aheraçóes fi siológi as, 594
ck.c. 6 12 trnt111nn uo nudimmt moso, 7 11
f/1/ltiO/l/Ítl rl!tltr/, 594
cfcicos da nefrop.ccia diabética sobre a gravi- d iagnóscico
i!lnrólilos I! dgu11, 594
dc-t , 611 clínico, 7 15
equilíbrio drido -bdstco, 595
evolução da g ravidc-L. 602 exames romplnnnuart'S. - 16
hmtodillfimictt, 594
função re nal a cncuadarnentc d imi nuíd a, radiológico, 715
d iagnóstico. 596
603 fisiologia rcspiraró ria, 707
ex11mes di! imagem, 597
função renal levemente d im inu ída, 602 pneumon ias, 7 13
J unção m111l, 596
diagnóstico, 715
Índice Remissivo
1035
dnrrmimi(IÍO da idadt' gmarional, 459
ci"ou biliar primária, 629 G
colangirt tsclrrosanu primária, 629 etiologia, 458
colmast lntrn-Htpáticn da Gravidrz (CIG), Galacto rreia, 80 incidência, 457
623 C11 rdnrr~l/a vagin11lis, 486 interrupção d a ge ração, 460
domra d~ Wilson, 629 Ga kin 11rompanhamuuo inrrapnrro, 460
rclt1mpsia, 624 n1.1nobra de. 925 prevenção da gravide?. prolongada. 460
mmrosr aguda d11 gravid~z (EAC), 624 Gc nét ica, Aspccros Básicos, 147 Gestações Monoamn ióticas. 379
lupa riu alcoólica, 629 aconselhamento pré-concepciona l, 156 Gonadotrofina H uma na, 262
IJtpllliU autoimllltf, 629 anoma lias congênita.s. 158 Gonococo, Infecção Genital pelo, 488
lupamt crónica ativn, 629 anomalias múltiplas, 157 complicações feta is, 488
lupatiw virais, 627 cardiopatia congênita, 157 complicações marernas, 488
biprmnru grnvldicn, 623 c:~ r ió tipo, 153 diagnóstico, 488
bipmrnsáo porra/, 629 colcta de células femis, 162 tratamento, 48?
injimo lupárico, 628 Diabetes Mdlitus. 157 Goodel
outras luparopatias, 629 diagnóstico pré-naral. 160 sinal de, 76
porfiria, 629 doenças genéticas, 148 G ravidez, 535. 869
pri-~cld mpsia, 624 fechamento do tubo neural, 157 a termo, 870
rortmr btpdrica, 626 hcrcdograma, 163 pós-termo, 869
sfndrom~ d~ Budd-chillri, 628 idade materna elevada. 157 pré-termo. 869
síndronu d~ Dubin-jolmson, 629 impon ã n ia das anomalias congênita , 148 G ravide2 Abdom inal, 267
slndromrdr Cilbar, 629 perdas ge>tacionais, 157 G ravidez Ectópica, 259, 266, 268
síndromr dr Roror. 629 retardo mental cm parenre próximo, 156 cervical. 268
sínrlromr H ELLP, 624 te;te bioqu ímicos, 159 cicatriz de cesaria na prévia. 268
hcpatopatias por drogas. 629 te>tcs de triagem. 158 cornual, 268
litíase biliar, 628 dopplrrvaorim ttria, 159 etiologia, 25?
tramplame hepático, 630 mrdidtl d11 ITIIIIS!ucbrcia num/, !58 fatores de risco, 259
tumores ultrmsonogrdjirn do osso 11ma/, 159 fatores funcionais. 259
bmignos, 628 GEPERT farores tubários. 259
malignos, 628 manobra de, 922 ovaria na, 266
Fisiologia Feta l, 15 Gestação Mtdtipla. 363 rubária, 260
aspectos imunológicos. 29 complicações fetah, 367 1/1/a/IIII~St', 261
circulação, 21 flllomalias fir11is, 311 conduta rxpurnnr~. 265
rrrmrurísricas tmnrómiras, 22 condur11 1111 STFF; 369 ruldortmmr. 263
h~modint1mica, 22 cr~scimmto imrnuurino rmrito (C! UR), tli11gnóstico, 261
cresci memo, 20 367 diagnósrico difirmcifll, 263
asprrtos gm i ticos, 20 disrordrl11ci11 d~ rrrscimmro, 367 dos11gm s dt' progmaon11, 263
111puros nurricionnis, 2 1 moru unifiral, 310 t!osagms uriat!ns de gonadorrojimr humarur
dnmvolvimmro dr brônquios, 25 slndrom~ acifalo-flctirdico, 370 mbrmrdadr bna (J3 -hCC). 262
dn mvolvimmro dos p ulmórs, 26 slndrom~ da p1'rfi1S1ío arraial rtvusa rxa m~ físico, 261
fiuorN homronai.s, 2 1 (TRAP), 310 t'Xal/us romplmumarrs, 262
Jarorn maumos, 2 1 s!ndrom~ dr transfusão firo-fitai ( TI-r}, laparoscopia. 263
jiuom rírero-placmrrlrios, 2 1 367 llltlrClltlorrs hormonais, 262
fluido pulmonar, 27 conduta no pré-nata l, 376 lrlllamm/O, 264, 265
surfircranu, 21 crtsrimmto immutrrino restrito (CIU R) mr u!trassonograjia, 262
embriologia, 15 um dos foros, 319 G ravidez Mtdripla, 959
organoghmr, 18 orimtllfórs báJiclfJ, 376 Gravidez ormal , 518
primrira um11na dt dtunvolvimmro, 15 diagnóstico, 365 ajusres metabólicos maternos, 518
srgrmda u m11na dt dtsmvolvimmto, 16 clínico, 365 mnaboliJmo duranu 11 g~sltlft1o nonrut!. 518
uraira u mana d~ d~smvolvimmro, 11 ultrOJsonográjico. 365
quarta à oitfiVfl snmmtJJ dr dtullvolvim~nto, etiopatagenia, 364
/8 H
rorioniridodr. 365
nutrição, 28 zigosidtide, 364 Hegar
>i>tema respiratório. 24 gemclaridade imperfeita, gêmeos siameses, si nal de, 76
Fo lí ulo(s), 4
375 velas de, 254, 256
a natomia, 4 gestaç.io multi fetal , 373 Hemoglobinopatias, 559
pré-ovubtório, 4 incidência. 364 conduta , 561
Fontanela, S2, 56, 57 momcnro do pano. 380 cuidados durt/1/tr o prt-mual. 561
rórc ipc, 888, 903, 904, 9 15, 9 17 prognóstico materno-feta l, 372 cuidados no pnrro, 562
alto, 916 redução fetal , 375 cuidados 110 pós-parto, 562
baixo, 916 gtSifi(IÍO IIIOI/Oamni61iCII , 315 l mflsfwoes JtmgulnrlfJ, 5 62
Kiella nd, 9 16, 9 17 via de parto, 380
méd io, 916 Gc raç~o Prolongada, 457
hcmoglobinopatias ' se ou ·- ~-
Pipcr, 904, 9 16, 91 7 talas;cmia, 559
complicações, 458
'impson, 916. 91 7 abort11mmto, 560
con cito, 457
Fosfatidilg licerol, 27 tJ!u rarõn dtr p larrma, 560
con lusóes, 460
complicarórs, 559
Frommel condut a, 459 rrrscimmro immuurino rrstriro (CIUR).
sinal de, 292 al'flliaráo d11 vi(fl/idade fitai, 459
560
Índice Remtssivo
1037
1-f iporensão, 44, 244 , 508, 787, 788, 789, complimçõrs maumas, 493 L
940 diagnóstico, 493
1-fipotircoidi mo, 646 rraramt'IIIO, 493 Lac tação, 115, 117, 119, 126. 143, 532, 684.
l-li terectomia, 273, 275, 672, 987, 989 rricomoníase, 487 823,980. 1002
I Ii rerotomia. 933 romp/imçól's fi rais, 48- Lac togên io Placentá rio Huma no (hPL), 32
III V (ver Vírus d a l munodeficiência l-lu- complicnçóes maurnns. 487 Lam in:l ria , 256, 908
ma na (H I V)), 805, 806 diagnóstico, 487 La ndin
H olzapfcl ou preensibilidade uterina trnrnmmro, 488 sinal de, 76
sinal de. 76 vagino:.e bacteriana, 486 La pa ro copia , 263
Huma n P.apillomavírus (HPV), Infcc~ão complirnçórs forais, 486 Lcopold
.enital pelo, 492 romplimçüs mnumns, 486 m.tno bra de, 870
complicações feraiç, 493 diagnóstico, 486 Leucemias, 566, 696
complicações maternas. 493 tratnmrmo, 487 agudas, 567
d iagnó>r ico, 493 In fecções Perinatais, 831 crõn icas, 567
tratamento, 493 ciromcgalovfrus. 84 1 Lin foma(s), 566, 694
diagnóstico da infecção feta l, 834 H od gkin (LH ). 566, 695
I diagnóstico da infccçlo materna , 832 mfrndiafrngmtltiro ou nvtlll(lldo. 695
estreptococos do grupo B. 849 lom/izndo, 695
Ic terícia , 531, 621, 623
hepatites vi rais, 851 primúrn lllt'tadr da gmvidr<.. 695
Idade G c racional, 869, 966
lupntitr A. 851 ugundn mnadr da gravidrz. 695
lgG, 832. 833. 838
brpatiu R, 852 não llod gkin (LN H ), 566, 695
rem de avidez, 833, 838
lupnriu C, 855 Líquido Amnió tico, 295
l g ~l . 832
herpc imples, 860 circu lação, 296
IM C (fndicc d e M assa o rporal), 68. 69,
rubéola, 846 composição. 295
87. 91
sífilis, 856 formação. 296
l munoglobulina, 29, 107, 433, 434 , 437
gma(lio. 858 reabsorção, 296
l munog lobulina G (lgG), 29
Inc isão, 927, 929, 930, 933 coxoplasmo.c, 834 volume, 297
abdomi nal {laparotomi.t). 927 Insu fi c iência crvical, 254, 255 f/ llllliOCrtiUII!, 298
Dührssen, 886 l n uli na, 2 1, 33, 38, 39, 140,5 12, 513 nt•aliaçáo, 297
em J, 933 aspan . 140 ultrnssonograjia. 29-
em T , 9.)3 deremir, 140 Líquido M econial. 1)')')
infraumbil ical, 545 glargina, 140 Liríase Bilia r, 628
Joci-Cohen (transversa reta), 929 li:.pro. 140
Lom balg ia , 104
longitudinal, 798 l mulilla-likl' (IGF), 7, l i
Lo mba lg ia (ver D oenças Reumát icas), 660
mediana. 929 Isoimu niza áo, Rh. 257, 269
Lúpus Erire maro so istêmico ( LES), 650,
peritônio parieral , 930 773
Pfannenstiel (arciforme), 929 J acompanha mem o pré-natal, 654
transver a, -98
J acquemier, 76 altera ões laboratoriais, 651
uterina (h isteroromia), 927
manobra de. 924 diag nóstico di ferencial, 650
fndi e de Apgar, 961
sina l de, 76 evolução da gravidez. 653
lndom cracina, 139, 30 1, 302,331,337,339,
Jeju m , 93 infertilidade, 653
369, 378
65 lúpus nconara l, 655
ln fecçõe Gen ita is c G ravidez, 485 CCIOSC,
ma nifestações clíuicas, 650
ca ndidíasc vulvo-vaginal, 490 glicem ia , 93. 94. 513, 516
diagnóstico, 490
trarammro, 491 K M
cla midíase genital, 489 M aconh a, 101
romplimrõrs ftraiJ, 4H9 Keil , 430
a nrígenos, 430 Macrossomia Fetal , 186, 527, 965
romp/imrors maurruu, 489
M ãe D iabét ica, 520
diagnóstico, 49 0 Ke lly, 930
fero, 520
trarammto, 490 pinças de, 930
M agnésio
Gonococo. 488 Kern icre rus, 137, 444 , 598. 7 18
sulfaw de, 7 11, 728, 947, 1020, 1021
romplrmrot's ftrai.J, 488 Kcra mina, 939, 946
M a nch a a lm ão, 968
romplicarõrs marunns. 488 Kidland
Mancha Mongólicas. 968
diagnóstico, 488 fó rcipe. 916. 917 Manobra(s),
rraramrnro, 489 Klt'bsil'lia, 595, 994 Brachr . 903
herpes genital. 491 Kle iha uer, 434 Deventcr- lüeller. 902
romplirar/Jrs fitais, 491 prova de. 434 exrraçáo do ombro posterior, 924
complimrors maum as, 491 Kl inefel rer, 69, 153 Gaskin , 925
tliagnósflco, 491
>Índrome de, 69. 153 GEPERT, 922
m olufiiO da gravidu .. 492
Kluge Jacqucm icr, 924
rrnrammto, 492
Í>inal de, 76 Lcopold . 870
l luma n Papi llomavírus (H PV). 492 Mauri e;tU, 898, 903
Korotkoff, 500, 503
romp/irarõrs forais, 493 McRobcns, 923, 924
~om de, 87, 412
rechaço, 897
fn dice Remissivo
1039
p índice de risco, tocólise. 335 indica(Óts, 922
predição do risco, 326 tiCitica, 922
Pancreatite, 631 aluraçón dos marmdort>s bioqulmicos, 327 Parvovirosc, 449, 454
Parada Cardiorrespi ratória (PCR), 416, 791 anamni'Jt', 326 PCR (Parada Cardiorrespiratória), 79 1
Paralisia(s), 970 exam~ foico , 327 PCR (Reaçóes em adeia da Polimcrase),
braquia l, 970 fibronmina foral. 327 489
cerebra l (PC), 231 outros marcadores bioquímicos. 328 Pelve, 18 1, 901
Erb-Duchenne, 923 rtgistro gráfiro da fllividndt uurina, 327
Perda Gc tac ional de Reperição, 253, 463
facial, 970 ulrrassonograjia mdovnginal. 329
aspectos genérico~. 464
Paramctrirc, 996 primei ra etapa, prevenção, 329
nnmploidias, 464
Parasiroses, 628 ndministrnrtio dt nudicnnuntos, 332 nnomnliOJ I'SiruturnÍJ, 465
Parro,379.53 1,569, 867, 870,897, 905 amibióricos, 332
anolllfllias utrrintU, 467
complicações, 911 fllividadt' foicn, 331
mosairismo, 466
cond içõcs favoráveis à induçáo, 905 tliminação dos forom dt risco, 330
causas infecciosas, 470
apr~umação foral, 906 gravidtz gmular, 33 1
doenças auroimunes, 469
colo uurino, 906 hábitos dt> vida, 332
eriologia, 464
condiçó~s firais, 906 mcompttincia arvical, 330
farores endócrinos, 468
idad~ gmacional, 906 inficçõts, 331
dtftiros da fou lríua, 468
proporção firo-pi/vim, 905 inurvnlo mtrt partos, 330
diabrw mtllinu, 468
contraindicações. 907 polidrtimnio, 331
dúfunrõts da rir~oidt, 468
indicações, 907 ~cgunda etapa. inibição, 333
slndromt dos ovários policísticos, 468
indução tkriva, 907 terapêutica in ibitória, 335, 340
sem C.1lasa aparente, 47 1
indução, 905 aruagonistOJ dos rtuprorts dt oâtoâna, 331
síndrome dos anricorpo , amifosfolípides,
induçiio do pano de feto mon o, 9 11 amibiorirourapia projiláricn. 340
469
mérodos cirúrgicos, 907 associação de progmerona, 339
rrombofi lias hercdir:lrias, 470
amnioromia, 907 bloqtuadoru dos canais dt cálcio, 338
outros fo rorts imunológicos, 470
métodos fa rmacológi co~, 909 corticoidts, 340
Perfil Biofísico Fetal (PBF), 189
dinoproston~ (PGE2), 909 doador~s dt óxido nítrico, 339
dopplcrvclocimctria, 194
m rogênios, 909 ucolha do toco/Ir ico, 339
interpretação, 193
misoprosrol (PGEI), 909 tstim ultldor~s dos rtctptores bna-adrmirgi-
norma l c alterado, 19 1
oritocina, 910 ros, 336
parâmetros, 189
outros mitodos, 911 fánnacos inibidor~s da arividnd~ romrátil
resposta adaprariva fera! à hipóxia, 190
prouaglandintu, 909 uterina, 336
Períneo, 35, 977
métodos mecânicos, 908 inibidom da síntese. 337
liberação dns prosraglandinaJ. 337 Periwnitc, 996
cauur dt balão. 908
mrdicammros, 340 Pi per
dt>scolammto dOJ mtmbranOJ, 908
mrdidas guais, 336 fórcipc, 916, 9 17
mimuÚJção mamária, 909
mlforo dt magnb io, 338 Pirosc, 103
laminária ou di/arador higroscópico, 908
riscos. 9 11 terceira cto~pa, condução, 34 1 Piskacck o u Braun-Fernwald
técnicu de indução, 907 prevmção da inftcção nronatal pr/o srrtpto- sinal de, 76
Parto Cesário {ver Cesariana), 927 cocctu do grupo btta, 341 Placenta, 307
Partogra ma, 873 via de part o, 34 1 anomalias {ver Anomalias da Placcnra), 307
distócias, 879 condução do parto p~ln via rramabdomina/, Placenta Prévia, 285
fost ativa prolongada, dilatação, 879 342 complicações, 290
parada ucundária da dtscidtr, txpulsivo, 879 condurão do parro pr/a vin tm111pllvira, 342 acrttismo pwcmrário, 290
parada unmdária dn dilatação. 879 Pa n o Vagi na l, 938 diagnóstico. 287
parto prtripitado, dilatação, 879 Parto Vagina l Operató rio, 915 diagnóstico diferenc ial, 288
pulodo txpulsivo prolongado, txpulsivo, 879 distócia de ombro, 922 arompanbammto da gmação, 288
preenchimento, 874 complicaçóts maumas, 923 fisiopawlogia, 286
Parto Pré-termo, 32 1 complicaçõts llf'Onatais, 923 importância, 285
conceito, 322 conduta, 923 incidênc ia e fatore de risco, 286
conduta, 329 manobra dr f'Xtrarão do ombro poslf'rior, 924 profi laxia da isoimuni1.açáo R h, 290
diagnóstico de traba lho de pano, 333 manobra dt Gaskin, 925 rotura do seio margina l, 293
aushrcia dt contraindicnçóts à inibirão, 334 manobra dt M cRobars, 924 rotura uterina, 291, 292
idadt gmacional, 334 manobra dt Rubin /, 923 clttnijicação. 292
etiologia, 323 outras manobras dt roração, 924 rriologia. 286
anuadmw ginecológicos, 325 fórcipe, 9 15 tratnmrmo, 292
nmutdmus obsrhricos, 325 dOJsijicarão, 9 16 vasa prévia, 292
condiçõts cu/rurais, 325 condiçóts para aplicação, 917 rotura, 292
condiçóts soriotconomictU, 325 f unção, 916 via de pano, 290
forores f/Jsisunciais, 325 indicaçóts, 9 17 Planos
for ores dmrográficos, 324 modtlos, 916 De Lee, 59
fororts iatroginicos, 325 prognóstico, 921 Hodcge, 60
hábitos d~ vida, 324 ticnica, 918 Pneumo nias (ver Doenças Pu lmonares na
iruucorrências gruarionais, 325 vácuo-cxtração, 921 Gravidez), 7 13
fisiopatologia, 325 versão interna e extração podal, 922 Polidrámnio, 298
incidência , 322 condiçóts para rcaliztJ(ão, 922 condu ta, 301
1042
Noções Práticas de Obstetrícia
controvérsias na condução do segundo tabagismo, 755 dtftitos metabólicos. 575
período, 886 tratammlo, 756 diminuição dos anticoagultmtes lllllurais,
atuação do obstetra, 886 aspecros psicopatogênicos da infertilidade, 575
cnuurismo vtsical, 886 762 disfunção dos amicoagulamts natllrnis, 575
ruidrtdos dtnsSI!psia e amisupsia, 886 aspectos psicoparogênicos do abortamento, mommto idt'al, 576
tpisiotomia, 886 762 por qur invl'stigar?, 577
posição da parturimtr, 886 depressão, 749 trombofilias adquiridas, 575
d iagnósdco, 868 quadro dfnico, 749 mulheres investigadas, 574
t/1/ttmll~se.
868 riscos para o foro, 751 por que investigar
~xamrfisico, 868 trtllamtmo, 751 rttzóes para pesquisar, 577
examts complmumarrs, 869 efeitos da gravidez na saúde mental da Trombo Aebire pélvica séptica, 997
dilatação cervical, 873 mulher. 743 Trombose, 3 11 ,313
moniroração, 871 esquizofrenia , 753 Trombose Venosa Profunda, 581
rrgistro, 877 quadro clínico, 753 Tuberculose, 7 17
di latação. primeiro período, 871 tmtammto, 754 cuidados preventivos, recém-nascido, 723
distócia. 878, 888 hiperemese gravídica, 746 d iagnóstico, 7 17
COI/I rafáO, 888 tratammto, 746 bttciloscopia, 720
i11urçáo anómala da placmta , 890 medica memo(s), 759 dlnico, 717
enca minhamento, sa la de parto, 881 pseudocicse, 745 outros mttodos di' diagnóstico, 721
a/rum do polo foral, 882 tralttmrmo, 746 u ste wberctdlnico , 720
co11diçót!s das mmtbra11as amnióricas, 882 transtorno afcrivo bipolar, 752 profilaxia, 723
co11dições dos gmitais, 882 tratamento, 752 tratamento, 72 1
padrão dt contraçõrs. 882 rransrornos alimentares, 754 Tumor Trofoblásrico Gestaciona l (TTG),
paridttde, 882 trlltltmento, 754 274
tipo dr mususia, 883 transtornos ansiosos, 747
cpisioromia. 886
técnica, 887
agorrifobill, 747
ansiu lttde gmeraliwda, 748
u
~qui pe obstétrica, 885 estresu pós-trtlumático, 748 Úlcera Gasrroduodenal, 63 1
estática fetal, 869 fobia simples, 747 Ultrassom Obstétrico, 526
evolução, 87 1 fobill soci11l, 747 Ulrrassonogralia , 167, 262, 376
fórcipc, 888 hipocondrlacos, 748 alterações do desenvolvimento, 172
idade gestacional, 869 obsessivo-compulsivo (TOC). 748 anatomiafttal, 172
incisões de Oiihtssen, 886 pânico, 747 comprimmto m bi'ÇII-nádega (CCN), 172
in ibição, 869 somatiwrão, 748 frequt ncia cnrdíacn fotlll, I 72
medidas obstétricas, 873 vulnerabilidade femini na, 743 avaliação do crescimento feta l, 185
normas. 868 Transrornos Psiquiátricos no Pós-parto, 756 aval iação ultrassonográfica do colo uterino,
participação da parturiente, 885 blues puerperal, 757 186
partograma. 873 depressão pós-parto, 757 crescimento inrrauterino restrito, 185
diltgnóstico, 878 psicose pós-parto, 758 época da realização, 168
distócia. 879 Traumatismos de Parto, 969 indicações, 167
prunchimmto, 874 Tricomoníase, 4 87 marcadores ecográficos de cromossomopa-
períodos clínicos, 871 , 872 complicações fetais. 487 tias, 173
primeiro período, 883 complicações maternas, 487 dueto VI'IIOSO, 176
contro11irsias na cont!uráo, 883 d iagnósrico, 487 osso nasal, 175
primeiro período, di latação. 87 1 rraramenro. 488 tmmlucêncittnucal (TN), 173
muroclisma, uuma ou lavagem intestinal, T rofoblasro, 12, 16, 17,422 ,890 morfolog ia fetal , 178
872 Tro mbociropenia(s), 567 primeiro tri mestre, 169
normas para a condurão, 872 doença de von Willebrand (DvW} tipo 2B, cordão umbilical, 17 1
tricotomia dos pelos pubianos, 872 570 gemelnridadt', 170
proporção fero-pélvica, 870 estearosc hepática aguda, 570 placmta, 171
prova de trabalho, 870 púrpura rrombociropênica imunológica , 568 sonoembriologia, 169
prova, 54, 59, 60 pú rpura tro mbociropênica trombórica, 57 1 segundo c tercei ro trimestres, 178
rc istência dos orgãos gcn itai, 885 síndrome hcmolírico-urê mica (S HU), 571 acrnismo placentário, 184
segundo período, ex pulsivo, 884 trombochopcnia gestacional, 567 artlria umbilical única, 181
rquipr obstétriat, 885 via de pa rro, 569 circular di' cordão, 181
p uxo, 885 Tromboembol ismo Pulmonar, 58 1 cisto di' cordão, 181
rrsistt ncia dos orgãos gmitais, 885 cordão umbilical, 180
Tromboli lias, 573
sina I de parto, 868 descolamemo de placenta, /84
complicações gestacionais. 578
terceiro período, dequitaçáo, 888 tstimativa do volume do liquido amniótico,
desvantagens da pesquisa, 578
Translud:ncia Nucal, 174 evidências com a terapia anticoagulante, 579 185
Transtornos Psiquiátricos na G ravidez e trombofilias 11dquiridlls, 579 graus da plaunta, 182
Puerpério, 74 1, 74 4 trombojilias congénilm, 579 insrrçáo, 182
abuso de álcool e drogas ilícitas, 754 investigação, 575 liquido amniótico, 184
dlcool, 755 llnornwlid11des do sistema jibrh10lltico, 575 movimentação fttal, /80
cocafna, 755 11umuuo 1111 produção de protelnas plamuíti- plaunta, 182
nuuonha, 756 CIIS pró-coagulantes, 575 placmta privia, 183
opiduos, 755 como in vestigar. 577 vasa privitt, /84
1044
Noções Práticas de Obstetrícia
Pranchas Coloridas
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Pranchas Coloridas II I
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F1gura 11.1 2 1 C,>rt.: tr.ln\\ cr''' Lb pch e n.lL}ll.ll \), \llt>1 d''PI'k-r ~' 1hL' .1r!L'n.1 umbJ!Jc.llunKa c dupl.1, rl''l'''dl\ .1111\'llll'.
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.1nd \ ,l\cul.n no .llW\ll u'rl''' lute,, 11\l O\ .llll'L' gr.n 1dL'/ tuh.m.l 1p,tl.ltt:rJI I t'l I'"S'"'' 2112
Pranchas Colondas
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Figura 20.3 I Corioamnionite aguch Supcrfkic fetal Figura 20.4 1Âmnio nodoso. Mú ltiplos nódulos presentes
mo~tr.mdo perda difus.t da transp.1rénci.1 c cspc-,.;,tmcnto c difus.tmcnte 11.1 superfície dl) im nio ~m ca-.o de .tgenesi.t re1ul
coloração cwerdead.1do .'tmn1o. Ver págllla311. bilater::tl. \lcrpâgllw311.
Figura 20.5 I Cistm coriô nico~ múl tiplos, de conteúdo claro Figura 20.6 llnfartos placentários recentes (avc rmclh.tdos) c
antigos (br.tncos), vistos na superfície de corte d,t pl.tcenta cm
ou hcmorr.ígico, cm c,tso de crescimento fct.tl restrito.
c.t~o de pré-eclàmpsia/ eclàmpsia. Vn· prígllla 312.
h·r pâgllla 311.
Figura 20.71 Henutonu rctropl.Kcnt.irio. Notar extensa Figura 20.8 l l n~crç.io vc!Jmentosa. O cordão se insere .t alguns
dcprcss.io cr.ltcrifi.1rmc deix.td.t pelo volumo~o hcm.t tonu centímetros da bord.t placentária e os VJSO<; percorrem trJjeto na<;
visto .10 l.tdo d,t pl.tccnt.t. Ver pcígllla 312. membr.mas .mtes de alcanç.1r o di<;co placentário. Ver pâgr11a 312.
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Fígura 29.21 B J,."''''''·l~.h' b.tl.ln.t'.hl.ll'lltrl' ''"'''11"''
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Figura 48. 1 l i) 1 ' n lrk:r 11.1 rl·~r.w ~''''ll'rh>r ,j,, lll<'lll Figura 48.2 11Ir!'''', n >1111.1 1'"' 11111.! m.ll••rr.l ( ,,.,,,Ju.d l l'll1
\(\\ 11'< "' I t'IJ'II,!:IIIII-6-: Ver pag11111 767.
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< , ,, .,.,,. ,k• d,•,,,\111,1\ ,l\1. I ~·r /'.ígtllll ---1
11,
"''''ttf.t, ,. b,,Jh.t,,tllll'~r.l' l'l'lll,l' .Kt'llll'll'thl,,,, tl'~lllll<'lll•'
u'lll r.ll.l' tlh,1, ,1.: I'' k t1llllll.ll \ (r/'•1811111 --•.;
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Figura 48.1 O l\1pul.1' L' pi.lCJ.' u rtJc.ml~1rme' '>l1brcpo11· Figura 48. 11 ll\ípul.ts e pu,tu iJ.s fi.llicul.lre' distnhuídJ'>
dl) ·" c'>lrl.l'> c pl~up.1 11do .1 rcgi;\ll pcriumbdic.ll m~ nwmbw '>llf'enor \ ;., P•lgllld ---
\ ;-, 1'"-~111<1 --6.
Figura 48.121 P.ipul.l' liqul'I1Jhc.ld.\\, h1perpguncnt.1Lb, e Figura 48.13 li ocm.l\ .ltOf'llLl cm m.11n.1 de gest,111tl'.
L'\(Orl,l\ÓL'>. \ t'l /'tlgll/il --9. \r r pâgtncl --9.
Pranchas Coloridas
XI
Sumário
PC Pranchas Co lo rid as
02 Fisiolog ia Fet al
A lnn . 1/i·,·., /),·1111t111 ..\ f,mol )tcl' l 'onút /lllltor _ __ _ __ _ _ ______ I S
07 Assistência Pré-natal
J)L:&orctlt nemda::::o Barbosa de i\laga!ltcie~. Estt:f;illia Barbosa i\lagallub, Uvia ,\ furta 'f i u~t~rc - --83
08 Nutrição Materna
jotio Caln·lf:l Marques Fonseca, lvleírcia 1\ochet Pem::i - -- - ---- - -- - - - 115
09 Medica mentos
_ ______ ___ _ _ _ _ ___ 13 1
1\egillcl i\n1élia Lo1Je.' Pcs..;oa de Aguwr
11 Ultrassonografi a
Cw Tard.w J\..la:::o11i ]1Íniln; Hevcrton Neves Pcllcrscll, Murcos Murilo de /,inw J7ana ~-----1 67
13 Doppler
_______________________ 199
1/mnque \'tlor Lote. Calmei Co_,lct O:eltlc/11
15 Cardiotocografia
i\ lclllllcl Muurício c:ol/çalvc..;, Frederico josL: 1\/ll ~dd H1rct _______ _ _ _ _ _ 22 1
23 Gestação Múltipla
A1arcos ,\I urdo de L1111cl h ma, 1-fnnton Ncl't'.' Pchef.'(ll ----------- - - - - - - 363
25 Pré-eclâmpsia e Eclâmpsia
Aluno /)tas Corn!a ]tínun; Mcíno 01a.\ Conú t ------------------------ 401
28 Gestação Prolongada
,\lema /tílict \'inrct de Ohl'circt, Regina A111éhct LOJ'CS lh ..;oct de Aguiar - ------------- 457
30 Mortalidade Materna
1\ cgtllll ;\mdut Lopes lh soa de Ag111ar, Su:::a11a Manct Pire..; do Rio _______________ 475
35 Doenças H em atológicas
I \'clll!lglon A/orai.' ele A::cl'cdo. l.ctícicl Roclw Borges ------------------- 553
36 Trombofi lias
Dtmtel D111.' Rdll'l/'0, ,-\ 11c1 Ueíl'lel Lconemli TibiÍrcw Ribeiro --------------- - - 573
41 Doenças Reumáticas
Crislrllel Coslu I )uartc Lm111el,1\ fa ria \litória l%/ua de Quintcro, I \fc dtcr Sou:e1 Barbo..;a _ _ _ 649
46 Doenças Neurológicas
Scmr/1 Tcixt'im Ct~lllellgos, Dc.:/10/'cl Pullllrl Alcllcl, Fmnci:it'O I:cluardo Costa Cardoso -------- 725
47 Transtornos Psiquiátricos na Gravide z e Puerpério
(;r.,lcllc Cri..;fillcl \ ;dc7dc1rC:i. 1-'ctlwício Cu1Tc.:a Durcio, Lucitlllcl \ 'alt~clare5 Ferrcirc1, ;\/igurl ( ;rossi hllw _ 741
48 Distúrbios Dermatológicos
,\ lt!rlll de Lourdcs l~ lbnro de Can'cl!lw, HmncfiiC \'Jtor Leite --------------------- 765
49 Urgências C línicas não Obst étricas
f-'l·t'dtTJco/os,· :\ lllcdce l'crd --------------------------------- 783
52 Infecções Perinatai s
/ulw Cc.'clr c/,· Ftll'ltl Couto. fuhtllltl ,\ loy.,,._, l.nlc. Quc~1t1 '/ ;lllltll'tl ,\ lm111lc 1-',·,.,-cll'tl \ 'tlltilllll ____ 83 1
Seção 6 - Parto
53 Assistência ao Parto
1\ Itino D1c15 Conúl, ,\Ir~ no {)ltl.' Conú1/111110r - - -- - - -- - ---- 867
54 Apresentação Pélvica
1\ I r~ no Dlc/S ( 'orrêt1 ~------------------- 895
55 Indução do Parto
Anlo111o \ ·,,·m1 ,\ lc~t'h,1do ----- -- - - -- - - - -- - - 905
56 Parto Vaginal Operatório
.\ (,uw D1t1.' Corr,:tl ------------------------------- 915
57 Cesariana
.\ l,u·,·,·/o /ug,,b, I I ;,_l!,lltT R.oclngucs 1 /,·m,llld,·: - - - -- -- - - -- --- 927
58 Ana lges ia c Anestesia cm Obstetrícia
f>cllllo Cc_,, /I' d,·Al>rm Sr~lc.-;, ,\','11'/vn '/ t'I.\'Cirtl 1-'t-.u1co ---------------------- 935
59 Assistência ao Recém -na scido
1-'111110 Lctio, ,\-lantl !\lhcrlllltl Sllllfiii,I!.OI~cgo, f:'tllltlrdo c·clrlos -, ;ll'tii"CS, Lili:,\ lcgr~lc --------- 953
Seção 7 - Puerpério
6 2 lnfecção Puerperal
Wi//ia /11 Scllllcidcr da Cruz Krettli, Maria A111élia Sannicnto Dias da Sil11a,
M1írio Di11s Corrêa júnior ---------------------------- 993
63 Anticoncepção no Puerpério
Alilmuy 'f t'l.mra Lc1lc Andmde, José Paixâo de Sou:::a ______________________ 1001