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ENDOMETRIOSE

A endometriose consiste em uma doença na qual os tecidos


endometriais funcionantes são eonctrados em áreas ectópicas
(fora do útero). A endometriose é uma doença crônica
inflamatória progressiva, que resulta na formação de implantes,
retrações fibróticas, aderências e cistos ovarianos conhecidos
como endometriomas; os locais onde podem ser encontrados
implantes endometriais são ovários, ligamentos largos posteriores,
ligamentos uterossacrais, bolsa de Douglas (fundo de saco), pelve,
vagina, vulva, períneo ou intestinos delgado e grosso.

AFETA CERCA DE 10% DAS MULHERES


EM IDADE REPRODUTIVA

DISFUNÇÃO OVULATÓRIA 190 MILHÕES DE MULHERES

DOR E INFERTILIDADE

Ovários policísticos
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Geralmente a endometriose torna-se evidente nos anos
reprodutivos, quando os hormônios ovarianos estimulam as
lesões da mesma maneira que o endométrio normal. Em seguida,
as lesões começam a proliferar, depois entram em fase secretória
e, por fim, entram em decomposição menstrual; o sangramento
nas estruturas circundantes pode levar a dor pélvica, o sintoma
mais comum, e pode também formar aderências pélvicas. Além da
dor pélvica, outros sintomas podem estar associados, como
poderemos ver no quadro logo a seguir.
OUTROS SINTOMAS ASSOCIADOS
Dores genitais durante e após o ato sexual
Dor lombar
Alterações intestinais: distensão, sangue nas fezes, constipação e dor
anal no período menstrual
Alterações urinárias: disúria, hematúria, polaciúria e urgência
miccional no período menstrual

Os locais mais comumente acometidos por endometriose,


onde encontramos implantes endometriais podem se apresentar
nos ovários, ligamentos largos posteriores, ligamentos
uterossacrais, pelve, vagina, vulva períneo ou intestinos. A
localização desses implantes também é importante para a
classificação do tipo de endometriose que está presente naquela
mulher.

OVÁRIO
INTESTINO
DELGADO
INTESTINO
TUBA
GROSSO
UTERINA
SEROSA
UTERINA
PERITÔNIO

BEXIGA
SEPTO
RETOVAGINAL E
LIGAMENTOS
PREGA UTEROVESICAL
UTEROSSACRAIS

CLASSIFICAÇÃO
A endometriose pode ser classificada em dois subtipos com
base em sua histopatologia e localizações anatômicas:
endometriose superficial, infiltrativa profunda (DIE) e cistos
endometrióticos ovarianos (conhecidos como endometriomas).
A endometriose superficial geralmente aparece na superfície
ou no tecido mole subseroso do peritônio ou órgãos viscerais,
enquanto a EID envolve lesões que se estendem profundamente
na camada muscular do intestino, parede da bexiga, diafragma ou
outros órgãos.

Além da classificação histopatológica, há outro tipo de


classificação, que se dá pela quantidade de lesões encontradas;
esse método foi revisado pela Sociedade de Fertilidade Americana
e pela Sociedade Americana da medicina reprodutiva da
endometriose, sendo, portanto, um método válido de
classificação para endometriose.

O estágio I ou estágio mínimo (1 a 5 pontos) é caracterizado


por lesões superficiais, já o estágio II ou estágio médio (6 a 15
pontos) é caracterizado também por lesões superficiais, mas aqui
já denota o aparecimento de algumas lesões mais profundas. O
estágio III ou estágio moderado (16 a 40 pontos) é caracterizado
pela presença de endometriomas e pequenas adesões entre
ovário e útero.
Em circunstâncias normais, os oócitos imaturos amadurecem
sob a influência de vários hormônios, principalmente FSH, e a
ovulação, bem como a maturação final, ocorrem após a
estimulação do LH.
FATORES DE RISCO

Os fatores de risco para o desenvolvimento da endometriose


variam conforme o estágio de vida da mulher, desde a vida fetal
até a menopausa.

FATORES DE RISCO DE ACORDO COM O ESTÁGIO DE VIDA


Vida fetal e rescem nascidas
Etnia asiática ou causasiana
Malformação uterina
Nascimento prematuro
Baixo peso ao nascer
Alimentação com fórmula em detrimento da amamentação
Exposiçãoao dietilestilbestrol
Infância e adolescência
Menarca precoce
Baixo IMC
Abuso físico e sexual

Vida adulta
Ciclo menstrual curto
Fluxo menstrual excessivo
Nuliparidade
Baixo IMC
Baixa relação cintura-quadril

FISIOPATOLOGIA
A exata etiologia da endometriose é ainda desconhecida e
várias hipóteses e teorias procuram explicar a origem dessas
lesões endometriais dispersas, que caracterizam a endometriose
e afetam várias mulheres no mundo.
Teoria da regurgitação ou implantação
Essa teoria sugere que o sangue menstrual contendo
fragmentos de endométrio é forçado a subir pelas tubas uterinas
até a cavidade peritoneal; esse evento denominado fluxo
menstrual retrógrado não é um fenômeno considerado incomum,
e acredita-se que os fragmentos endometriais podem aderir-se
em regiões ectópicas. Na realidade ainda não está claro por que
as células endometriais implantam-se e proliferam em algumas
mulheres, mas não em outras; o problema é que a teoria da
menstruação retrograda não consegue explicar o porquê algumas
mulheres com a menstruação retrograda não a desenvolvem
endometriose e também não explica os casos em que ocorrem as
lesões profundas, ou lesões fora da cavidade peritoneal.

Teoria metaplásica (metaplasia celômica)


Propõe que elementos celulares imaturos inativos que estão
espalhados por uma área ampla durante o desenvolvimento
embrionário persistem até a idade adulta e, em seguida, são
diferenciados em tecidos endometriais.

Teoria das células tronco extrauterinas


As células tronco epiteliais encontram-se na camada basal do
tecido endometrial e são responsáveis pela regeneração do
epitélio de camadas funcionais em resposta ao estrogênio; já as
células tronco endometriais estão presentes na área perivascular
da camada, e são responsáveis pela geração do estroma funcional.
Durante a menstruação, essas células saem pelos vasos linfáticos
e retornam a circulação, onde encontram novos sítios para
diferenciação e adesão.

Teoria genética da endometriose


Diz que algumas alterações genéticas podem estar associadas
a modificações no ambiente peritoneal, que podem levar a maior
expressão de fatores inflamatórios, imunológicos e hormonais.
ADESÃO DAS CÉLULAS ENDOMETRIAIS

É bem estabelecido que o estrogênio tem um importante


papel relacionado a angiogênese, neurogênese e a inflamação, o
que pode levar a um aumento de sintomas relacionados a dor.

HSD17B2
Estradiol Estrona Progesterona

ER-alfa
PRA
ER-beta
PRB

GREB-1
PAEP
Proliferação Efeito
ER-alfa PRA
antiinflamatório e
MYC celular do tecido
ER-beta antiproliferativo PRB
endometrial TOB1
COND-1

O estrogênio nas células endometriais são reconhecidos pelos


receptores beta de estrogênio, que, no núcleo, ativam fatores
transcricionais para a proliferação celular; no endométrio
saudável, há uma fina regulação dos níveis de estradiol pela
enzima HSD17B2, que fará a conversão do estradiol em estrona
(um estrogênio menos “potente”.)

Além disso, a ação do hormônio progesterona nos receptores


ativa os fatores PAEP e TOB1, que são responsáveis pelos efeitos
antiinflamatório e antiproliferativo, evitando um crescimento
anormal e reações inflamatórias no tecido saudável. No caso da
endometriose, o tecido endometrial ectópico não apresenta a
enzima HSD17B2, o que aumenta os níveis de estradiol.
Não obstante, há redução da atividade dos receptores de
progesterona, havendo o desencadeamento de uma resistência à
progesterona, reduzindo seus efeitos antiinflamatório e
antiproliferativo. É imprescindível citar que nas células
endometriais são encontrados os fatores transcricionais SF1 (fator
esteroidogenico 1), responsável por favorecer a expressão da
enzima aromatase, que é responsável pela conversão de
androstenediona para estrona e testosterona para estradiol; e
isso aumenta ainda mais os níveis de estradiol noorganismo. Essa
concentração elevada, juntamente ao aumento da atividade dos
receptores de estrogênio alfa e beta, irão ativar genes como
GREB1, MYC e CCND1, que regulam a mitogenese, reduzindo a
apoptose, aumentando a adesão e proliferação celular mediados
por IL-1beta.

Todos esses acontecimento irão corroborar para que a via da


COX-2 tenha suas ações aumentadas, o que irá trazer processos
de inflamação e produção das prostaglandinas de série E2, que
por sua vez promove inflamação e faz com que haja o aumento
dos fatores transcricionais SF1. O resultado de todas as alterações
citadas até o momento, é o aumento na proliferação do tecido
endometrial.

TRATAMENTO
A endometriose deve ser abordada como uma doença crônica
e merece acompanhamento durante a vida reprodutiva da
mulher, momento no qual a doença manifesta seus principais
sintomas; o principal objetivo do tratamento clínico será o alívio
dos sintomas e a melhora da qualidade de vida, não se esperando
diminuição das lesões ou cura da doença, mas sim o controle do
quadro clínico. Diversas estratégias podem ser utilizadas visando
levar a melhora dos sintomas relatados por mulheres com
endometriose, e a alimentação perfaz um desses pilares.
TRATAMENTO CIRÚRGICO

O tratamento cirúrgico consiste na remoção de todos os focos


de endometriose, restaurando a anatomia e preservando a função
reprodutiva, e deve ser realizada preferencialmente por
videolaparoscopia.

O outro tratamento possível é o tratamento clínico, então


devemos portanto, saber em quais situações o tratamento clínico
ou o cirúrgico são indicados.

Suspeita de
endometriose

TRATAMENTO CLÍNICO
Estratégias farmacológicas
Os anticoncepcionais consistem na principal estratégia
farmacológica utilizada para o tratamento clínico da
endometriose; o uso contínuo de prostagênios isolados ou
combinações de estrogênios e prostagênios, resulta em bloqueio
ovulatório, contribuindo para a redução dos sintomas de dor
pélvica da endometriose.

Além dos anticoncepcionais, os chamados inibidores de


aromatase também podem ser utilizados, pois são eficazes no
tratamento de câncer de mama inicial e avançado em mulheres
pós menopausa. A inibição da aromatase levará a uma redução da
conversão de testosterona em estradiol, o que irá, portanto,
reduzir os níveis sanguíneos de estradiol e consequentemente a
desão e proliferação celulares.
EXERCÍCIO FÍSICO

Na endometriose, a dor é uma consequência que resulta em


dor pélvica crônica (DPC); quase metade das mulheres afetadas
com endometriose tem DPC, enquanto em 70% da dor ocorre
durante a menstruação.

Na prática clínica, as alterações posturais são frequentemente


observadas em mulheres com DPC; a avaliação postural pode
levar à detecção precoce de posições irregulares, encurtamentos,
posturas antálgicas e tensões. Embora essas alterações posturais
possam não ser a causa primária do quadro clínico, elas podem
contribuir significativamente para o agravamento da dor.

QUADRO RESUMO Ensaio clínico

Awad et al., 2017 teve como objetivo determinar o efeito


do execício físico na dor pélvica e na postura associada à
endometriose.
20 MULHERES DIAGNOSTICADAS POR LAPAROSCOPIA
DURAÇÃO: 6 MESES
SEM UTILIZAÇÃO DE ANALGÉSICOS
IDADE: 26-32 ANOS

Tratamento hormonal
Acetato de medroxiprogesterona
100mg/mês

Após 8 semanas de realização do programa de exercícios,


houve redução estatisticamente significativa na intensidade da dor
e no ângulo da cifose torácica dos pacientes em comparação com
o pré-tratamento; em última análise, foi comprovado que oito
semanas de um programa de exercícios é muito eficaz na
diminuição da dor e anormalidades posturais associadas à
endometriose.
Intensidade da dor
ÂNGULO DE CIFOSE
(média)

Pré exercícios 43,1 4

Quarta semana 43 1,5

Oitava semana 39,6 1

Como podemos observar acima, houve uma melhora nos


parâmetros associados a correções posturais e intensidade da
dor.

QUADRO RESUMO Ensaio clínico

Zhao et al., 2012 explorou os efeitos do treinamento de


relaxamento muscular progressivo na ansiedade,
depressão e qualidade de vida de pacientes com
endometriose sob terapia com agonista de GnRH.

87 MULHERES DIAGNOSTICADAS POR LAPAROSCOPIA


DURAÇÃO: 12 SEMANAS
IDADE: 18-48 ANOS

Grupo controle Grupo PMR


Leuprorrelina 11,25 mg Leuprorrelina 11,25 mg + PMR

Esse estudo levou em consideração que durante a última


década, os agonistas de GnRH, que causam uma down-regulation
sobre a hipófise e indiretamente sobre os ovários, têm sido
comumente usados ​como alternativas para o tratamento de
endometriose; porém, como já era esperado, esses
medicamentos possuem efeitos colaterais relevantes.
Os principais efeitos colaterais desses medicamentos são
causados ​pelo estado hipoestrogênico, causando rubor, sudorese,
dor de cabeça, secura vaginal e, às vezes, diminuição da libido e
alterações de humor; embora o agonista de GnRH seja eficaz na
supressão dos sintomas da endometriose, ele está associado à
ansiedade e depressão em pacientes durante o tratamento. Esse
contexto negativo leva a procura por técnicas para a melhora
desses efeitos colaterais; as denominadas técnicas de
relaxamento têm se mostrado uma terapia adjuvante eficaz
quando aplicadas em pacientes com ansiedade e depressão.

O relaxamento muscular progressivo (PMR) é utilizado para


alcançar um estado profundo de relaxamento e demonstrou
melhorar a ansiedade e a depressão em uma variedade de
doenças

O estudo acima nos mostra que ambos os grupos


apresentaram melhora significativa na qualidade de vida (QV),
porém,, apenas o grupo PRM apresentou melhora significativa nos
parâmetros relacionados a ansiedade e depressão após a
intervenção. O estudo sugere, portanto, que o treinamento de
PMR é eficaz na melhora da ansiedade, depressão e QV de
pacientes com endometriose sob terapia com agonista de GnRH.
SUPLEMENTAÇÃO
Curcumina
A curcumina é um componente natural da Cúrcuma longa L.,
uma planta herbácea, possui uma série de benefícios terapêuticos
que podem ser utilizados no tratamento de diversas doenças. No
que concerne aos seus efeitos, podemos atribuí-los à efeitos
antioxidantes, anti-inflamatórios, hipoglicemiante, antitumoral,
regulador hormonal, anti-angiogênico, anti-mutagênico. Esta pode
ser, portanto, utilizada como adjuvante para o tratamento da
endometriose
Acredita-se que se utilizada associada a outros nutracêuticos,
como o resveratrol, poderá ter efeitos potenciais como agonistas
de efeitos anti-angiogênicos.

QUADRO RESUMO Revisão sistemática

Vallée et al., 2020 teve como objetivo resumir a ação


potencial da curcumina na endometriose atuando na
inflamação, estresse oxidativo, invasão e adesão, apoptose
e angiogênese

Na endometriose, a via do NF-κB, é um dos principais


marcadores de inflamação, pois regula processos relacionados a
proliferação, apoptose e inflamação do endométrio; no
endométrio normal, a via NF-κB é regulada negativamente, já na
endometriose, a expressão de NF-kB é aumentada. Além disso, na
endometriose, a ativação da via NF-κB está associada a uma
melhor sobrevivência celular, crescimento e processos
inflamatórios; muitos estudos já demonstraram que a
administração de curcumina pode reduzir a atividade da via NF-
κB. Em paralelo, a curcumina pode regular negativamente a
expressão de TNF-α, COX-2, IL-6 e TGF, fatores associados a
inflamação. A curcumina é, portanto, um importante aliado paa
reduzir a inflamação de pacientes com endometriose.
Ações da curcumina na endometriose.

Antioxidantes
O complexo sistema antioxidante do corpo é influenciado pela
ingestão dietética de antioxidantes não enzimáticos, como
manganês, cobre, selênio e zinco, betacarotenos, vitamina C,
vitamina E, taurina, hipotaurina e vitaminas do complexo B; por
outro lado, o corpo produz várias enzimas antioxidantes, como
catalase, superóxido dismutase, glutationa redutase, glutationa
peroxidase e moléculas como glutationa e NADH.
A glutationa, um tripeptídeo, é produzida celularmente e
desempenha um papel crucial na manutenção do equilíbrio
normal entre oxidação e antioxidação. O NADH é considerado um
antioxidante em sistemas biológicos devido a sua alta reatividade
com alguns radicais livres, suas altas concentrações intracelulares
e o fato de possuir o maior poder redutor de todos os compostos
biologicamente ativos. Os sistemas antioxidantes enzimáticos e
não enzimáticos eliminam e desativam os radicais livres
excessivos, ajudando a prevenir danos às células.

QUADRO RESUMO Ensaio clínico

Santanam et al., 2013 avaliou se a suplementação de


antioxidantes melhoraria os sintomas associados à
endometriose

59 MULHERES COM HISTÓRICO DE DORES OU INFERTILIDADE


DURAÇÃO: 8 SEMANAS
IDADE: 19-41 ANOS

Grupo 02
Grupo 01
Vitamina E (1.200 UI/dia)
Placebo
Vitamina C (1.000 mg/dia)

O estudo indicou que o tratamento de dois meses de


administração de antioxidantes (vitaminas E e C) em mulheres com
endometriose não só baixou marcadores inflamatórios peritoneais
(que podem ser responsáveis ​pela geração de moléculas indutoras
de dor), mas também resultou em redução dor pélvica crônica
nessas mulheres. O uso de vitaminas E e C também tiveram uma
melhora clinicamente significativa relacionada a dismenorreaie e
dispareunia, apesar de que essa melhora, não tenha sido
estatisticamente significativa.
Resveratrol
O resveratrol é um fitoquímico encontrado em grandes
concentrações em uvas, vinhos, jaboticabas e outras frutas, sendo
muito utilizado no tratamento e prevenção de doenças
metabólicas degenerativas.

A expressão da aromatase no endométrio eutópico parece


ser crucial não apenas para o desenvolvimento da endometriose,
mas também para determinar a agressividade do curso clínico
desta doença; em doses farmacológicas, o resveratrol inibe a
atividade da aromatase nos níveis de transcrição enzimática e
gênica.

QUADRO RESUMO Revisão sistemática

Maia Jr et al., 2012 investigou o efeito do resveratrol no


tratamento da dor relacionada à endometriose.

42 MULHERES COM ENDOMETRIOSE


DURAÇÃO: 2 MESES

Grupo RES
Grupo CON
Etinilestradiol + drospirenona +
Etinilestradiol + drospirenona
30mg resveratrol
A adição de 30 mg de resveratrol ao regime contraceptivo
resultou em uma redução significativa nos escores de dor, com
82% dos pacientes relatando resolução completa da dismenorreia
e dor pélvica após 2 meses de uso. A inibição da expressão de
aromatase e ciclo-oxigenase-2 foi significativamente maior no
endométrio eutópico de pacientes usando terapia combinada de
drospirenona + resveratrol em comparação com o endométrio de
pacientes usando contraceptivos orais isolados. Esses resultados
sugerem que o resveratrol potencializa o efeito dos
contraceptivos orais no manejo da dismenorreia associada à
endometriose, diminuindo ainda mais a expressão de aromatase
e COX-2 no endométrio.

Vitamina D
O interesse sobre os efeitos da vitamina D na endometriose
vem crescendo, uma vez que estudos anteriores demonstraram o
papel da vitamina D como modulador do sistema imunológico. Em
particular, vários estudos in vitro demonstraram os efeitos anti-
inflamatórios, antiproliferativos e anti-invasivos da vitamina D em
várias patologias, como artrite reumatóide, psoríase e cânceres

QUADRO RESUMO Estudo observacional de coorte

Ciavattini et al., 2016 avaliou uma possível correlação entre


as dimensões dos endometriomas ovarianos e os níveis
séricos de vitamina D.
49 MULHERES COM ENDOMETRIOMA
DURAÇÃO: 2 MESES

Nas mulheres que participaram do estudo, o nível sérico


médio de 25-OH-D3 foi de 22,0 ng/ml, e 42 das mulheres foram
diagnosticadas com hipovitaminose D.
Nas mulheres com hipovitaminose D, o diâmetro médio dos
endometriomas ovarianos foi de 40,2, enquanto nas mulheres
com nível sérico normal de vitamina D foi de 26,7 (p = 0,1);
portanto, foi encontrada uma correlação linear significativa entre o
nível sérico de 25-OH D3 e o diâmetro dos endometriomas
ovarianos.

N-acetilcisteína
Consiste na forma acetilada da cisteína, e está naturalmente
presente em algumas substâncias como alho. Possui a capacidade
de exerções funções antiproliferativas e antioxidantes, e podem,
portanto, ajudar na melhoria dos sintomas relacionados a
endometriose.

A ação do NAC não envolve a indução de morte celular e nem


se deve a um efeito tóxico inespecífico; ao contrário, é devido ao
estabelecimento de uma complexa via de diferenciação, incluindo
a ativação de vários mecanismos moleculares, todos convergindo
para um interruptor de proliferação para diferenciação que
implica em diminuição da proliferação celular e diminuição do
comportamento locomotor celular, que é particularmente
relevante na endometriose. Além disso, o NAC também regula
negativamente a atividade da proteína inflamatória e a expressão
gênica.
QUADRO RESUMO Estudo observacional de coorte

Porpora et al., 2013 comparou a evolução dos


endometriomas ovarianos em pacientes tratados com
NAC e não tratadas.
92 MULHERES DIAGNOSTICADAS POR ULTRASSONOGRAFIA
DURAÇÃO: 3 MESES

Suplementação
Controle
NAC 600mg 3x/dia - 3 dias
Não utilizaram NAC
consecutivos na semana

Após 3 meses, o diâmetro médio do cisto em pacientes


tratados com NAC foi ligeiramente reduzido (-1,5 mm) versus um
aumento significativo (+6,6 mm) em pacientes não tratados.
Percebeu-se que, durante o tratamento com NAC, mais cistos
reduziram e menos cistos aumentaram seu tamanho; não
obstante, 24 pacientes tratados com NAC cancelaram a
laparoscopia programada devido à diminuição/desaparecimento
de cistos e/ou redução relevante da dor. Podemos concluir
portanto, que a NAC realmente representa um tratamento
simples e eficaz para a endometriose, sem efeitos colaterais.

Palmitoiletanolamina
A palmitoiletanolamina (PEA) é um análogo estrutural da
anandamida com efeitos anti-inflamatórios, imunossupressores,
analgésicos, neuroprotetores e antioxidantes. É considerado um
mediador lipídico bioativo semelhante ao endocanabinóide (eCB)
pertencente a família das amidas de ácidos graxos N-
acetiletanolamina (NAE).
Acredita-se que a PEA seja produzida como uma resposta
protetora pró-homeostática à lesão celular.
Seus efeitos pleiotrópicos atividades anti-inflamatórias,
analgésicas, anticonvulsivantes, antimicrobianas, antipiréticas,
antiepilépticas, imunomoduladoras e neuroprotetoras.

QUADRO RESUMO Ensaio clínico randomizado

Hesselink et al., 2011 avaliou a eficácia da associação entre


N-Palmitoiletanoamina e transpolidatina no manejo da dor
pélvica crônica relacionada à EMS.

61 MULHERES DIAGNOSTICADAS POR LAPAROSCOPIA


DURAÇÃO 12 SEMANAS

Grupo 01 Grupo 02
Grupo 03
PAE + Transpolidatina Celecoxib
Placebo
(400mg + 40mg - 2x/dia) (200mg 2x/dia por 7 dias)

Observamos que houve uma diminuição acentuada na


dismenorreia, dispareunia e dor pélvica no grupo com associação
entre N-Palmitoiletanoamina e transpolidatina, sendo muito mais
eficaz do que o placebo; além disso, o tratamento com Celecoxib
resultou em uma diminuição da dor pélvica mais efetiva que a
associação N-Palmitoiletanoamina e transpolidatina ou placebo.

ALIMENTAÇÃO

Dieta mediterrânea
Estima-se que cerca de 10% dos cânceres endometriais
incidentes poderiam ser evitados se as populações ocidentais
pudessem mudar sua dieta para a tradicional dieta mediterrânea.
A dieta do mediterrâneo pode trazer benefícios no tratamento da
endometriose devido a combinação de alimentos ricos em
antioxidantes, fibras, fitoquímicos e gorduras insaturadas.
QUADRO RESUMO Revisão sistemática

Filomeno et al., 2015 avaliou a eficácia da dieta


mediterrânea e seu impacto no tratamento de câncer
endometrial

3 CASOS CONTROLE FORAM ESCOLHIDOS

O estudo forneceu evidências de um papel benéfico da dieta


mediterrânea no risco de câncer endometrial, sugerindo um efeito
favorável de uma combinação de alimentos ricos em
antioxidantes, fibras, fitoquímicos e ácidos graxos insaturados.

Contraindicação para o consumo de álcool


Tem sido sugerido que o álcool pode aumentar o risco de
desenvolver doenças dependentes de estrogênio, como o câncer
de mama, por exemplo; na realidade, já foi demonstrado que a
ingestão de álcool aumenta o nível de estrogênio biodisponível
circulante e acredita-se que este seja um dos mecanismos
subjacentes à associação entre consumo de álcool e doenças
estrogênio-dependentes. Ademais, o álcool aumenta a atividade
da aromatase, ou seja, a conversão da testosterona em
estrogênios.

QUADRO RESUMO Revisão sistemática com metanálise

Parazzini et al., 2013 avaliou os dados disponíveis sobre a


relação entre ingestão de álcool e risco de endometriose.
15 ESTUDOS RELACIONANDO ÁLCOOL AO
DESENVOLVIMENTO DE ENDOMETRIOSE
A meta-análise acima forneceu evidências de uma forte
associação entre o consumo de álcool e o risco de endometriose,
apesar de não ter ficado claro se a associação deu-se apenas com
relação ao desenvolvimento da doença ou se também houve
associação com relação a gravidade da doença.

Frutas, vegetais e crucíferos


Atualmente tem-se inevestigado se existe uma associação
entre a ingestão de frutas e vegetais e o risco de endometriose
confirmada por laparoscopia. O que se sabe atualmente é quea
maior ingestão de frutas, principalmente frutas cítricas, está
associada a um menor risco de endometriose.

QUADRO RESUMO Estudo de coorte prospectivo

Harris et al., 2018 investigou se a ingestão de frutas e


vegetais foram associados a iincidência de endometriose
70.835 MULHERES PRÉ-MENOPAUSA
QFA A CADA 4 ANOS
DURAÇÃO: 1991 A 2013

Observou-se uma associação inversa entre maior consumo de


frutas e risco de endometriose; essa associação inversa foi
particularmente evidente para frutas cítricas. As mulheres que
consumiram ≥1 porção de frutas cítricas/dia tiveram um risco de
endometriose 22% menor, em comparação com aquelas que
consumiram <1 porção/semana. Não foi observada associação
entre a ingestão total de vegetais e o risco de endometriose; no
entanto, as mulheres que consumiram ≥1 porção/dia de vegetais
crucíferos tiveram um risco 13% maior de endometriose em
comparação com aquelas que consumiram <1 porção/semana.
Risco relativo ao P
consumo <1/sem
Frutas cítricas
>1x/d
22% menor 0,004

Vegetais totais Não observou-se relação -

Crucíferos 13% maior 0,03

Ademais, deve-se citar que, de todos nutrientes examinados,


apenas a ingestão de beta-criptoxantina foi significativamente
associada ao menor risco de endometriose.

Os vegetais crucíferos são fontes de FODMAPS; estes por sua


vez são fracamente absorvidos no intestino delgado e chegam ao
cólon preenchido pela microbiota. Sua atividade osmótica leva ao
aumento da retenção de água dentro do lúmen do intestino
delgado e cólon,e esse aumento do volume de água pode levar a
dor abdominal e na ausência de reabsorção de água no cólon,
pode resultar em diarreia. Não obstante, FODMAPS são
substratos para a fermentação bacteriana do cólon, o que resulta
na produção rápida de gás e distensão abdominal consequente.
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