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2.

O CICLO ESTRAL DA VACA

2.1 Fases do ciclo estral da vaca


É o período compreendido entre dois estros apresentando fases bastante evi-
dentes e caracterizadas por modificações da genitália assim como do comportamen-
Estro ou cio:
to da fêmea. Dentro do ciclo estral ocorrem as fases luteínica e folicular. comumente
referido
A fase luteínica dura em média 13 dias em todas as vacas e compreende o como dia
zero do
período em que há presença do corpo lúteo, o que caracteriza grande parte do
ciclo estral,
ciclo estral. A fase folicular é o período entre a regressão do corpo lúteo até a é o período
ovulação. A duração do ciclo estral das vacas varia entre 17 e 24 dias (média de da fase
reprodutiva
21 dias), sendo que esta duração está relacionada ao número de ondas foliculares do animal
que ocorrem durante o ciclo, pois quanto maior o número de ondas foliculares no qual a
fêmea apre-
maior será a duração do ciclo estral. Geralmente, o ciclo estral de vacas apresenta senta sinais
de duas a três ondas foliculares. O gado de leite, em especial os da raça Holandesa, de receptivi-
dade sexual,
apresentam duas ondas foliculares em 30% dos casos e três ondas foliculares em seguida de
70% dos casos, e excepcionalmente, podem apresentar até 4 ondas foliculares. ovulação.

Somente na última onda folicular, ocorre a ovulação. As outras ondas foliculares


funcionam como se fossem ensaios antes de ocorrer a ovulação.

O ciclo pode ainda ser dividido em 4 outras fases que estão inseridas nas
fases folicular e luteínica, são elas: o proestro e o estro (cio) também chamadas
de fases estrogênicas ou proliferativas; e o metaestro e diestro conhecidas
como fases progesterônicas ou secretoras. Nessas fases, a vaca apresenta
algumas características típicas que permitem a diferenciação entre elas e estão
representadas na tabela 1, mostrada a seguir.

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Tabela 1: Fases do ciclo estral e suas características

Agora vamos entender como ocorre a ovulação,


a preparação do útero para a gestação e o que
ocorre com a vaca caso não haja fecundação!

O processo da ovulação é regulado por algumas substâncias denominadas


hormônios. O aumento nos níveis do hormônio estrógeno da fase pré-ovulatória
(antes da ovulação) estimula a hipófise (glândula localizada no cérebro) a liberar
alta frequência de picos de LH (hormônio luteinizante) na corrente sanguínea,
hormônio responsável pela ruptura do folículo ovariano e ovulação. O pico de LH
ocorre de 18 a 19h antes da ovulação. Em fêmeas taurinas, a duração do cio é de
18 a 19 horas e em fêmeas zebuínas, dura de 13 a 16h, sendo que a duração do
cio varia de uma fêmea para outra.
O cio ou estro é o período em que a fêmea aceita a monta, pois sua
identificação é um dos fatores indispensáveis para sucesso do manejo reprodutivo.
Este comportamento acontece por causa de um aumento significativo nas
concentrações do hormônio estrogênio produzido por um folículo pré-ovulatório
e a ausência de um corpo lúteo. O comportamento estral alerta o macho para
o acasalamento. Sobre efeito do estrogênio, a fêmea fica inquieta, caminha,
interage com seu companheiro e aceita a monta de outra fêmea (comportamento
homossexual). Além disso, o estrogênio faz com que o útero fique túrgido, com
inchaço dos órgãos genitais externos (vulva, principalmente) e produção de
muco na cervix (Tabela 1).

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Caso não haja fecundação, o útero não identificará a presença de um
embrião e dessa forma, ele mandará um sinal, o hormônio prostaglandina
que será responsável pela luteólise (quebra do corpo lúteo). Desta maneira,
o fator inibitório para as fases finais do crescimento dos folículos desaparece,
permitindo que o folículo se mature por completo. Isto leva a um novo cio e ao
início de um novo ciclo. No caso de uma prenhez positiva, o útero e o embrião
produzem hormônios como a progesterona que ajudam na manutenção do
corpo lúteo. De fato, um nível relativamente alto de progesterona é necessário
durante toda a gestação, fator que estimula secreção contínua de progesterona
pelo corpo lúteo e placenta, eliminando o cio e a ovulação.

Por que devemos conhecer o ciclo estral da vaca?

O conhecimento do ciclo estral e da


dinâmica folicular é necessário para fazer bons
protocolos de sincronização de cio, de ovulação
e superovulação. É fundamental para a implantação
de protocolos um bom manejo nutricional, com o
acompanhamento da condição corporal das fêmeas. Além disso, todas as práticas
de manejo se combinam e permitem ao animal expressar seu potencial genético.

2.2 Fertilidade
Fertilidade é a capacidade dos indivíduos de se reproduzirem com finalidade
de manutenção da espécie. Uma vaca é fértil quando é capaz de emprenhar já no
início de sua maturidade sexual, levar esta prenhez até o fim, produzir crias sadias
e viáveis, produzir um bezerro por ano e, assim, sucessivamente até o momento de
ser substituída. A fertilidade de um rebanho é medida através de sua produção para
cada cem vacas em idade reprodutiva. A fertilidade pode ser traduzida pela soma de
alguns fatores, sejam eles: índice de inseminação, porcentagem de não retorno a 1ª
inseminação, porcentagem de gestação, porcentagem de parição e intervalo entre
partos. Todos estes índices serão abordados e discutidos nos capítulos seguintes.

Fertilidade da vaca

A fertilidade da vaca depende de muitos fatores. A idade dos animais


tem uma forte influência na fertilidade. Novilhas e vacas na segunda lactação
são normalmente mais férteis que vacas de primeira lactação e vacas maduras.
A fertilidade é maior nos meses mais frios do ano, e quando as vacas não

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apresentam doenças reprodutivas, problemas relacionados ao parto, problemas
de desbalanço nutricional — especialmente para animais magros ou muito
gordos na ocasião do parto. A fertilidade também é alta quando as vacas param
de perder peso e começam a repor as reservas corporais alguns meses depois do
parto (recuperação pós-parto).

Fertilidade do touro

Assim como na vaca, a fertilidade do touro possui algumas características


como, por exemplo, a circunferência testicular que está relacionada com a fertili-
dade. Touros maiores e mais velhos (que provavelmente tem maiores testículos)
normalmente produzem mais esperma que touros menores e mais jovens. A secre-
ção das glândulas acessórias contribui, em média, em até 80% do volume total do
ejaculado. Um touro jovem produz somente 1 ou 2 mL de sêmen por ejaculação,
porém, um touro maduro pode produzir de 10 a 15 mL de sêmen por ejaculação.
A ejaculação diária durante um extenso período de tempo não diminui
a fertilidade, porém, isto varia com a idade e a maturidade sexual, nutrição
adequada, doenças sexualmente transmissíveis e libido. No caso de inseminação
artificial, a fertilidade do touro também pode ser afetada pela diluição do sêmen,
sistema de produção, cuidados no armazenamento e manejo deste até sua
produção até a deposição do sêmen no trato reprodutivo da fêmea.
Em geral, quando um touro ejacula pela segunda, ou mesmo pela terceira vez
em sequência, o volume do ejaculado não diminui, mas a concentração espermáti-
ca tende a diminuir. Ejaculações frequentes normalmente não afetam a fertilidade
de um touro adulto, mas um touro jovem deve ser utilizado com mais cuidado.

Para que um bezerro seja gerado é necessário que ocorra a união do ÓVULO da
vaca com o ESPERMATOZOIDE do touro. Essa união é conhecida como Fecundação.

Exercícios
Parabéns!
Questão 1 - Qual é o conceito de folículo ovariano?
Agora ( ) Estrutura que abriga o óvulo e permite que ele possa crescer e
responda as
questões e amadurecer.
registre-as ( ) É o músculo do útero.
nos testes
da sua Aula ( ) É uma estrutura que produz espermatozoides.
Interativa.
( ) É o local de deposição do sêmen.

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Questão 2 - Os testículos são os órgãos sexuais do touro. Possuem
como funções:
I. produzir espermatozoides viáveis e férteis;
II. produzir hormônios masculinos;
III. produzir espermatozoides com defeitos;
IV. produzir óvulos.
( ) As alternativas I e II ( ) Todas as alternativas
estão corretas. estão corretas.
( ) As alternativas III e IV ( ) Todas as alternativas
estão corretas. estão erradas.

Questão 3 -Qual é a função do corpo lúteo?


( ) Produzir o hormônio progesterona, responsável pela manuten-
ção da prenhez.
( ) Produzir óvulos.
( ) Liberar espermatozoides.
( ) Maturar os ovários.
( ) Causar ruptura do folículo ovariano.

Questão 4 - Assinale a alternativa em que todas as características são


manifestadas pela vaca durante o cio.
( ) Inquietação, olhar vivo, anorexia, urina com frequência, não
aceita a monta.
( ) Tranquila, olhar vivo, anorexia, urina com frequência.
( ) Olhar morto, monta em outras vacas, tranquilidade, urina pouco.
( ) Inquietação, olhar vivo, anorexia, urina com frequência, aceita a
monta.

Questão 5 - A ovulação pode ser definida como:


( ) união do espermatozoide com o óvulo para formar o zigoto;
( ) divisão do zigoto para formar o embrião;
( ) liberação do óvulo do folículo ovariano;
( ) quebra do corpo lúteo.

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3. PERÍODO DE GESTAÇÃO
3.1 Fecundação e transporte dos gametas
A fecundação é o processo pelo qual os gametas, espermatozoides e óvulos
se unem para formar o zigoto, a célula a partir da qual ocorre desenvolvimento de
um novo indivíduo. A fecundação começa com a penetração do espermatozoide
no óvulo e termina com a junção dos dois conjuntos de cromossomos haploides
(junção dos pro-núcleos) conhecido como singamia.
Haploides:
que possui
um único
conjunto
completo de
cromosso-
mos, como
é caracte-
rístico dos
gametas;
monoploide.
Higidez:
estado
salutar, boa Para que ocorra a fecundação, é necessário que os gametas encontrem
saúde física condições de higidez tanto no ambiente por onde sofrerá o trânsito assim como
e mental.
no sítio da fecundação (na região denominada de ampola). O espermatozoide
é lançado no fundo do saco vaginal e deverá percorrer o canal cervical, corpo e
corno do útero e oviduto até a região da ampola. O óvulo tem um trânsito muito
menor do que o espermatozoide. Além disso, deve-se considerar a duração da vida
fecundante do óvulo que está entre 6 e 8h e do espermatozoide entre 24 - 36 horas.
Transporte dos espermatozoides
Espermatozoides obtidos diretamente dos testículos são funcionalmente
imaturos, incapazes de fecundaro óvulo. No epidídimo, os espermatozoides
sofrem alterações na motilidade, morfologia e metabolismo, conferindo a
capacidade deles em fecundar. Esse processo é conhecido como capacitação e
dura de 7 a 8h. Durante a capacitação ocorre remoção de substâncias do plasma
seminal (sêmen) e do líquido epididimário além de ativação de algumas enzimas
que permitem que os espermatozoides penetrem na parede do óvulo; e também
ocorre um aumento da motilidade progressiva do espermatozoide (aquela que
produz deslocamento, movimento).
Durante o acasalamento natural, a ejaculação ocorre na vagina e são depositadas
centenas de milhões de espermatozoides suspensos no plasma seminal, o último é,
basicamente, as secreções das vesículas seminais e da próstata. Depois da ejaculação,
o transporte dos espermatozoides é favorecido por contrações uterinas e vaginais

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que ocorrem durante e após a relação sexual e pela presença dos mucos presentes na
vagina e na cérvix. Durante o transporte de espermatozoides, a mobilidade individual
é importante para que eles alcancem o local da fecundação.
Com a penetração do espermatozoide no óvulo, é ativado um mecanismo
de bloqueio da entrada de outros espermatozoides, por esse motivo cada vaca
produz um bezerro de cada vez.

3.2 Embrião, placentação e gestação


Transporte do óvulo
A ovulação é o processo pelo qual o óvulo é libertado do folículo como
já mencionado anteriormente. Essa secreção ocorre perto do início do estro e
mantém uma relação temporal com a ovulação. Após essa liberação, o ovócito é
capturado pelas fímbrias, (parecem “pequenos dedos”, são “cílios”), do oviduto
por movimentos ciliares, e transportado até a ampola onde se encontrará com o
espermatozoide e ocorrerá a fecundação.
Formação e implantação do embrião
Logo após a fecundação, a estrutura
gerada passa a ser chamada de zigoto, em
seguida, começa a dividir-se em várias
células, iniciando o desenvolvimento de
vários órgãos e tecidos, recebendo então
o nome de embrião, que se desenvolve
formando o feto. O embrião entra no
útero 2 a 3 dias após a fecundação, mas
não se adere na parede uterina (implantação)
antes de 28 dias.
O tempo de transporte do embrião, através
do oviduto, é de 3 a 4 dias e é dependente
da musculatura do útero (endométrio) e das
secreções do oviduto. Para que o embrião fixe na
parede do útero, é preciso que ocorra um diálogo entre
eles, que é feito por meio da secreção de várias substâncias. Essa fixação, chamada
de implantação, consiste na formação de 80 a 100 estruturas, onde o tecido
fetal (cotilédone) e o tecido materno (carúnculas) se aderem. Depois do parto,
se as carúnculas e o tecido fetal falham em se separar, a placenta não pode ser
expelida, causando a retenção da placenta. O processo de implantação também
consiste na formação do cordão umbilical, permitindo a troca de nutrientes e
excretas entre o tecido materno e fetal. A implantação geralmente se completa
com 45 dias de prenhez.

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Placentação e Gestação
A placenta é formada pelos tecidos do óvulo, embriologicamente derivada
do córion. Através da placenta o feto respira (ocorrem as trocas de oxigênio e
gás carbônico), alimenta-se (recebendo diretamente os nutrientes por difusão do
sangue materno) e excreta produtos de seu metabolismo (excretas nitrogenadas).
A placenta é também órgão endócrino importante na gravidez, envolvida na
produção de diversos hormônios. Juntamente com a placenta, outros anexos
embrionários são formados e participam do desenvolvimento do embrião e
futuramente do feto (tabela 2).

Tabela 2: As funções dos anexos embrionários no desenvolvimento do embrião e do feto.

Após 9 meses de gestação, ocorre o parto e o nascimento do bezerro!

Esquema demonstrando desde a formação


do embrião até a geração da prole.

Agora que já conhecemos os conceitos


básicos de reprodução, daremos início a
alguns conceitos fundamentais para que o
manejo reprodutivo das vacas e dos touros
possa ocorrer da melhor forma possível.

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3.3 Escrituração Zootécnica – Metas para alguns
Índices Reprodutivos
Ao se implantar a assistência técnica na fazenda leiteira, algumas metas
ou pretensões devem ser inicialmente determinadas. Uma vez discutidas e
estabelecidas as metas gerais, ou seja, o quê (leite), com o quê (tipo de gado),
como (manejo a ser utilizado) e quanto (litros/dia) se deseja produzir em
um período fixado, caberá se definir o número de animais no rebanho, o que
dependerá diretamente do potencial de produção de alimentos e das condições
de manejo possíveis de serem oferecidas.
Para se conhecer a situação reprodutiva inicial
do rebanho, todos os animais aptos para a reprodução
(vacas e novilhas acima de 340 kg de peso vivo) devem
ser submetidos a exame ginecológico. Com base nesses
resultados, os animais podem ser separados em grupos, de
acordo com a condição reprodutiva e produtiva de cada
um. Esses grupos serão discutidos nos capítulos seguintes.
Com relação às anotações de campo, existe um
mínimo necessário de informações a se coletar, independentemente do sistema
de controle (fichas individuais e/ou coletivas ou sistemas informatizados). As
anotações mais importantes encontram-se na tabela abaixo.

Anotações importantes que devem ser realizadas em uma


propriedade de criação de gado de leite.

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Como último passo, definidas as potencialidades de cada propriedade,
deve-se implementar as medidas que busquem uma melhoria constante na
eficiência reprodutiva. Um bom programa de controle reprodutivo deve se basear
em um conjunto de atividades que visam maximizar a performance reprodutiva
de um determinado plantel, dentro das suas características próprias. É importante
não acreditar em fórmulas pré-fabricadas que podem ter funcionado em outra
situação ou propriedade.
Finalizamos mais uma lição do nosso curso. Vimos aqui sobre a fecundação
e o transporte dos gametas, compreendemos a formação e implantação do
embrião, conhecemos a placentação e a gestação e, por fim, vimos as metas para
o índice reprodutivo.

Exercícios
Você está Questão 1 - Assinale a alternativa que diferencia fecundação de
indo muito fertilidade.
bem!
Responda ( ) Fertilidade é a união do óvulo com o espermatozoide;
as questões
Fecundação é a liberação do óvulo do folículo ovariano.
desta lição
e registre as ( ) Fecundação é a habilidade em se reproduzir; Fertilidade é a
respostas
na sua Aula capacidade do animal em produzir leite.
Interativa. ( ) Fecundação é a capacidade dos indivíduos de se reproduzirem com
finalidade de manutenção da espécie; Fertilidade é o processo pelo qual
os gametas, espermatozoides e óvulos se unem para formar o zigoto.
( ) Fertilidade é a capacidade dos indivíduos de se reproduzirem com
finalidade de manutenção da espécie; Fecundação é o processo pelo qual
os gametas, espermatozoides e óvulos se unem para formar o zigoto.

Questão 2 - Assinale a alternativa que apresenta as funções da placenta:


( ) proteção do touro;
( ) respiração da vaca e nutrição do feto;
( ) excreção da vaca e do touro;
( ) respiração, nutrição, excreção do feto e produção de hormônios.

Questão 3 - Porque motivo cada vaca produz um bezerro de cada vez?


( ) Com a penetração do espermatozoide no óvulo, é ativado um
mecanismo de bloqueio da entrada de outros espermatozoides.

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PROCESSOS DA REPRODUÇÃO

1. ESTAÇÃO REPRODUTIVA OU ESTAÇÃO DE MONTA

1.1 Introdução

No módulo 1 aprendemos todas as partes do trato reprodutivo da vaca e


do touro. Com essas informações, ficou fácil de entender como ocorre a ovulação,
o transporte do óvulo e dos espermatozoides no trato reprodutivo da fêmea
para que ocorra a fecundação, e quais as transformações e comportamentos
que a vaca demonstra nas diferentes fases do seu ciclo reprodutivo. Além disso,
pudemos compreender como o touro reconhece esse comportamento para que
a monta natural possa acontecer ou para que o produtor reconheça o momento
ideal para fazer a inseminação artificial. Todo esse processo de entendimento é
fundamental para que possamos observar o quanto a reprodução é delicada e
precisa ser tratada com muito cuidado. Qualquer falha durante alguma etapa
pode fazer com que a vaca ou o touro não sejam capazes de se reproduzir.

No módulo 2 vimos como devemos ser cautelosos na escolha dos animais a


serem utilizados na reprodução e a importância da escolha do pastejo e das raças
mais adaptadas às condições de clima e solo do Estado de Goiás. Mais importante,
aprendemos que todos os animais escolhidos para reprodução devem estar
saudáveis, bem alimentados e em idade reprodutiva!

Neste módulo estudaremos quais são as estações reprodutivas das vacas e


novilhas, a importância da observação diária do cio dessas fêmeas e as formas de
deposição de sêmen no trato reprodutivo da fêmea, seja naturalmente pelo touro
ou artificialmente pela técnica de inseminação artificial. Além disso, veremos
também algumas formas de facilitar a detecção diária de cio desses animais.

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1.2 Estação Reprodutiva ou Estação de Monta
A Estação Reprodutiva ou Estação de Monta é o
período do ano em que as matrizes capazes de
se reproduzir, são destinadas ao acasalamento,
também chamado de coito ou cópula.
Este acasalamento é realizado pelo próprio
touro por meio da monta natural ou da monta
natural controlada ou pelo homem por meio da
inseminação artificial.

A escolha da estação de monta depende de diversos fatores, tais como, condições


climáticas, disponibilidade de pastagens, mão de obra, época adequada para
o nascimento dos bezerros e finalidade da produção, isto é, se serão utilizados
animais puros ou mestiços. Levando em consideração esses quesitos, é muito
mais fácil trabalhar a favor da natureza. A implantação de uma estação de monta
na propriedade tem por objetivo melhorar a atividade reprodutiva tanto no
aspecto biológico como prático.

O objetivo principal da estação de monta é aumentar a eficiência reprodutiva


do rebanho, pois o que se pretende é sincronizar o período de maior requerimento
nutricional da vaca, que é o período de lactação.
O início da estação reprodutiva vai depender de qual época sedeseja que
aconteçam os nascimentos e a desmama.

Uma vez que a gestação da vaca tem duração


em torno de nove meses e meio, ela deve ter
seu início programado por igual período antes
da primeira parição. A estação reprodutiva
deve-se concentrar nos períodos de melhor
fornecimento de alimentos, uma vez que as
exigências nutritivas para reprodução são altas, ou
seja, a vaca precisa estar bem alimentada.
9 meses e meio de gestação.

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Para facilitar o entendimento, a implantação da estação de monta pode ser
dividida em etapas. Vejamos!
A) Avaliação da condição corporal das matrizes e o estado sanitário do rebanho.
B) Preparação dos touros para a estação de monta.
C) Implantação da estação de monta para as diferentes categorias animais.
D) Preparar os pastos que irão receber os bezerros desmamados.

A seguir, vamos conhecer cada uma das etapas separadamente.

A) Avaliação da condição corporal das matrizes e o estado sanitário do rebanho

As vacas que parem em boa condição corporal e no início da estação de


nascimento não necessitam de nenhum manejo especial. Já aquelas que pariram
com baixa condição corporal devem receber algum manejo adicional como a
desmama temporária, restrição das amamentações para uma vez ao dia, entre
outros, com o objetivo de antecipar o primeiro cio fértil, de forma que ele apareça
antes de 75 dias do parto.

Gestação = 290 dias


Cobertura – 350 kg
Ganho diário de 0.3 kg/dia
Parto – 437 kg

O ideal é que as vacas tenham 350 kg no momento da cobertura para parir


com 430 kg. Já para as novilhas o peso ideal para serem selecionadas ao programa
reprodutivo, está por volta dos 300-320 kg/vivo, dependendo da alimentação
fornecida, a partir dos 16-18 meses de idade.

De forma geral, tanto vacas quanto novilhas necessitam parir com 3,5
pontos de condição corporal, em uma escala de 1 a 5. Na medida em que a
pontuação vai sendo obtida, as fêmeas são apartadas em lotes de manejo
nutricional diferenciado: lote que não necessita ganhar peso, lote que necessita

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ganhar 0,5 ponto, 1,0 ponto e assim por diante e conforme as disponibilidades
da propriedade. Entretanto, aquelas que o fazem mais tardiamente dentro
da estação não terão tempo de exibir cio fértil antes da retirada dos touros e
certamente serão as futuras vacas falhas.

FAZENDA B
Gestação = 290 dias

Ganho diário de 0,3 kg/dia Parto 437kg


Cobertura 350 kg
Peso ideal da vaca à cobertura e no momento do parto, mostrando o ganho diário de peso durante a
gestação.

Além de apresentar boa condição corporal, as fêmeas devem estar ciclando


(apresentando cio) normalmente e livres de doenças que comprometam a fertilidade.
Além disso, deve ser realizado o exame físico do úbere (a “mama” da vaca) para
identificar a possibilidade de disfunção dos quartos e tetos.

A mastite bovina pode ser um problema no pós-parto, diminuindo a oferta de


leite para o bezerro, depreciando a qualidade nutritiva deste, e podendo infectar o
bezerro com algum agente infeccioso. Na maioria das doenças da esfera reprodutiva,
o sinal mais frequente é a repetição de cio e, bem menos observado, o aborto, em
consequência do tamanho dos pastos e do sistema de manejo extensivo.
Outra doença que deve ser controlada é a brucelose,
pois, a vaca contaminada libera a bactéria no leite e
em descargas uterinas e fetos, podendo contaminar as
pastagens e as agua por vários meses o que é considerado
como fonte de infecção para o rebanho.
Para evitar essa contaminação com a brucelose, é importante lembrar que as vacas
que vão para a estação de reprodução já devem ter sido vacinadas contra brucelose
conforme recomendação. Os machos não devem ser vacinados. O médico veterinário
deve ser contratado para acompanhar e fazer
os testes necessários para avaliar a saúde
reprodutiva desses animais. O módulo 5 do livro
abordará com mais detalhes essas doenças do
trato reprodutivo da fêmea.

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B) Preparação dos touros para a estação de monta

Para começar, os touros devem ser adquiridos com antecedência (40 dias
antes) para que não haja estresse da viagem e para que eles possam se adaptar ao
novo ambiente. Feito isso, deve-se realizar o exame andrológico do touro antes
de cada estação de monta. Para isso, um médico veterinário deve ser contratado
para que esse procedimento seja realizado. Esse exame certifica que o touro tem
espermatozoides saudáveis e férteis para fecundar uma vaca.

Após a realização de exame andrológico e identificação dos touros inférteis ou doentes,


realiza-se o descarte e aquisição de novos touros, pelo menos 40 dias antes do início da
estação de monta, tempo suficiente para a adaptação dos outros touros adquiridos.

Os testes de diagnóstico para algumas doenças


como a brucelose, campilobacteriose e tricomonose
devem ser eleitos como os principais no controle
Campilo-
das doenças que podem influenciar na capacidade
bacteriose:
reprodutiva dos touros, mas também devem ser doença
lembradas outras doenças importantes, como as bacteriana
infecciosa
causadas por vírus: rinotraqueíte infecciosa bovina reprodutiva
(IBR) e diarreia bovina a vírus (BVD). O touro é um foco de infecção importante, que gera a
infertilidade
principalmente os mais velhos que alojam o parasito no pênis, geralmente sem temporária
apresentar sintomas clínicos evidentes. As empresas rurais que não examinam de vacas
devido à
anualmente seus touros costumam ter elevadas proporções de inaptos à repetição de
reprodução. Geralmente estas doenças atingem 20% do lote e em alguns casos cio e aborto.
50%. Em outras empresas que já adotaram o exame andrológico como rotina, Triconono-
se: doença
estas porcentagens geralmente estão abaixo de 10%. parasitária,
infecciosa e
Não podemos esquecer que o controle dessas doenças deve ser sistemático sexualmente
e 60 dias antes da estação, e orientado por um profissional médico veterinário, transmissível
que acomete
pois a convivência com essas doenças durante a estação de monta prejudica os bovinos.
diretamente o desfrute do rebanho, resultando em um número maior de vacas
com retorno ao cio, processos de aborto, nascimento de bezerros pequenos e um
maior número de bezerros nascidos no final da época de parição. A brucelose é

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uma doença causada pela bactéria Brucella abortus que acarreta subfertilidade
ou infertilidade no touro. O tratamento tem custo elevado e com pouco sucesso,
sendo recomendado o descarte dos animais positivos ao exame sorológico. Essas
e outras doenças serão abordadas com mais detalhes no capítulo 5.

Outro aspecto importante é o planejamento e a execução de uma relação


touro/vaca adequada, sem excesso de touros, o que reduz muito os problemas
negativos da interação social. Isto porque o aumento da pressão de vacas em cio
sobre os touros costuma reduzir os efeitos da dominância.

Deve-se destacar que dominância não é sinônimo de fertilidade e que um touro


muito dominante dentro de um lote em monta múltipla pode prejudicar a fertilidade
geral. Assim, antes da formação dos lotes é de interesse identificar a capacidade de
serviço e a dominância de cada reprodutor. Os muito dominantes não devem compor
um lote com outros menos dominantes. A relação touro/vaca ideal é a de 1 touro para
cada 25 ou no máximo 30 vacas na monta natural e de 1 touro para cada 100 vacas na
monta natural controlada.

C) Implantação da estação de monta para as diferentes categorias animais

VACAS

Pode-se manter o touro com a vaca


durante o ano todo, porém os resultados
são melhores com uma estação de
monta curta, como modelo ideal, de
aproximadamente 90 dias (3 meses),
sendo os mais recomendados entre
novembro, dezembro e janeiro. Neste caso,
o período entre o parto e o primeiro cio fértil não
deve ultrapassar 75 dias (no caso de gestações de 290 dias), o que daria tempo
para que as vacas de parição mais tardia exibissem pelo menos um estro antes
da retirada dos touros.

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Para os produtores que estiverem começando, a estação de monta deve
ser implantada inicialmente com no máximo 180 dias (6 meses) e, a cada ano
deve-se diminuir 30 dias, desde que o índice de fertilidade se mantenha bom,
até atingir os 3 meses ideais. Terminada a estação de monta, os touros são
separados das vacas, e só voltam ao acasalamento na próxima estação. É
aconselhável que se faça o diagnóstico de gestação durante a estação de monta,
para separar as vacas gestantes e remanejar os touros para outros lotes de vacas.
Em estações de 90 dias de duração, 50% dos nascimentos devem ocorrer nos
primeiros 21 dias, atingindo-se pelo menos 70% até o final de 40 dias de parição.
Esta concentração de nascimentos nos primeiros 40 dias indica que a estação
de monta está adequada, pois garante que a maioria das matrizes apresentem
mais do que 70 dias de paridas quando os touros começam a trabalhar. Esta
concentração é fundamental para que a estação de monta mantenha-se estável
dentro dos meses escolhidos.

Já na estação reprodutiva com a inseminação artificial associada ao repasse


com touro, costuma-se utilizar os primeiros 25, 45 ou 65 dias apenas com a
inseminação artificial (a fêmea tem condições de apresentar 1 ou 2 ou 3 cios),
e após este período, as matrizes são colocadas com touro para os chamados
repasses, por períodos também variados.

NOVILHAS

Após o parto, todas as fêmeas, tanto vacas como novilhas, passam por um
período chamado de anestro puerperal, em que ocorre a involução do útero.
Esta fase dura de 30 a 45 dias e neste período não há manifestação de cio. Este pe-
ríodo de anestro sofre interferência de inúmeros fatores como condição corporal
ao parto, oferta de alimento, sanidade, clima, potencial leiteiro da vaca e princi-
palmente a presença do bezerro. No caso de novilhas, além destes aspectos, o

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período de anestro é naturalmente mais problemático porque esta fêmea com
primeira cria ao pé ainda está se desenvolvendo. Isto impõe uma maior exigên-
cia nutricional, já que as necessidades de manutenção e lactação são acrescidas
pelas exigências de energia e proteína para o crescimento. Para contornar este
maior tempo, a duração da estação de monta de novilhas deve ser sempre 30
dias menor que a das vacas, iniciando 30 dias antes e terminando também 30
dias antes da das vacas.

A idade de puberdade em fêmeas é avaliada pelo primeiro cio fértil. É


necessário que o criador dê oportunidade à novilha para que esta característica
seja expressa, utilizando duas estações de monta curta, a primeira no outono
denominada “desafio da fertilidade”, quando as novilhas estão com 16-18
meses de idade. A estação reprodutiva de outono pode ser aconselhada somente
para novilhas que não atingiram desenvolvimento para a estação reprodutiva
de primavera-verão, e que ficariam “passadas” para a estação seguinte onde o
criador pode “ganhar” alguns meses.

O produtor deve ter em mente que a utilização de duas estações em datas


diferentes de manejo, aumenta a mão de obra e despadroniza os lotes. A vantagem
reside no fato de que as novilhas vazias nessa primeira estação de monta teriam
uma segunda chance na estação de monta normal na fazenda e as prenhes dessa
primeira estação de monta formariam um núcleo precoce de seleção, parindo
fora da época normal da fazenda e chegando a segunda estação de monta com o
primeiro bezerro desmamado e com uma melhor condição corporal, resolvendo
dessa forma o grande problema de emprenhar uma vaca primípara.

Primípara: De acordo com essas metas, as novilhas estarão parindo e iniciando a


vaca de primeira lactação com idade entre 24 e 27 meses, e terminando a mesma ao
primeira cria.
completarem 3 anos de idade.

Como última observação: como as novilhas


deverão entrar em reprodução mais cedo que as
vacas, na mesma estação reprodutiva, deverão ser
trabalhadas em pastos separados.

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PRIMÍPARAS

As produções brasileiras apresentam um problema na reprodução das


primíparas (vacas de primeira cria), que geralmente obtêm baixas taxas de
concepção. Como já foi falado, elas estão em pleno desenvolvimento corporal,
tendo que, além de se desenvolver, levar a gestação a termo, parir em bom estado,
apresentar cio fértil e desmamar bezerro saudável. Nesse cenário, a tecnologia da
nutrição aparece como fator decisivo para melhor desempenho desses animais,
uma vez que a obtenção do peso crítico de acasalamento para as novilhas é
medida prioritária para o sucesso reprodutivo desta categoria. Nesse sentido, a
estação de monta deve ser igual à realizada para as novilhas, porém com uma
alimentação mais energética.

A maioria das propriedades brasileiras, no entanto, não cumpre tais


exigências nutricionais das primíparas, gerando a queda dos índices reprodutivos,
ao influenciar nos seguintes fatores:

• queda no índice de prenhez geral da propriedade;

• diminuição do número de bezerros produzidos / ano;

• aumento do número de descartes de fêmeas nas propriedades;

• as fêmeas que não emprenharam comeram o ano todo e não produziram


bezerros;

• as primíparas geralmente concebem no final da estação de monta e


consequentemente parirão mais tarde.

Por isso, produtor, não se esqueça de alimentar muito bem as fêmeas de


primeira cria!

Como última etapa, os pastos devem estar preparados para receber os


futuros bezerros.

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2. FORMAS DE EMPRENHAR A VACA E NOVILHA

2.1 Monta natural e monta natural controlada

Monta natural
Ocorre quando o macho e a fêmea realizam o coito em liberdade, sem a
interferência do homem. Apresenta como vantagens a economia de mão de obra
e um melhor aproveitamento dos cios. A permanência do touro com as vacas vai
depender da estação de monta escolhida para a propriedade como já explicado
anteriormente. A monta natural apresenta algumas desvantagens, entre elas:
a dificuldade em se anotar o dia da cobertura; menor vida útil do touro pelo
excesso de montas; aumenta a possibilidade de acidente com o touro; favorece
a transmissão de doenças da reprodução; utiliza baixo número de fêmeas por
reprodutor, que serve aproximadamente 30 vacas por ano. Deve-se ter cuidado
também com o tempo que o reprodutor permanece na propriedade para evitar
que ele fecunde suas próprias filhas, pois isso pode gerar nascimentos de bezerros
mal formados ou até mesmo abortados.

O uso de touros para a monta natural ainda é muito comum, mesmo em regiões
onde a inseminação artificial esteja dando bons resultados. Muitos fazendeiros
acreditam que as taxas de prenhez são maiores com o uso de touros comparado à
inseminação artificial. Porém, quando a detecção de cio é eficaz e a inseminação
artificial é feita corretamente, esta diferença não existe.

O uso continuado de monta natural pode ser visto como um absurdo devido
às vantagens genéticas do uso da inseminação artificial. Todavia, em algumas
situações o uso de monta natural pode ser indicado:
• quando os empregados da fazenda não estão dispostos ou mal treinados
para realizar a detecção do cio e a inseminação artificial, o que pode levar a
baixas taxas de prenhez;
• quando o ganho genético de longo termo não é importante;
• quando as condições locais não fornecem a infraestrutura necessária
para a implementação da inseminação artificial (acesso a sêmen, nitrogênio
líquido e tanque para estoque de sêmen e nitrogênio, telefone, etc.).

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Os fazendeiros que mantém touros na propriedade nunca podem se
esquecer de que existem relatos de casos fatais após um ataque de um touro.

Isto representa um risco real (especialmente


quando se acredita que o touro é manso) e
precisa ser manejado com segurança,
porém com extrema cautela. Além
disso, os touros podem espalhar
doenças sexualmente transmissíveis
(campilobacteriose e tricomoníase). Vacas infectadas podem se tornar inférteis
por até quatro meses; ou, se as vacas conceberem, uma morte embrionária (uma
forma de aborto) pode acontecer.

Monta natural controlada

A monta controlada ocorre quando há interferência do homem, que leva


o macho à fêmea em cio para acasalamento programado. O macho permanece
separado do rebanho. Apresenta como vantagens a facilidade de anotação
do dia de cobertura, aumenta a vida útil do touro, diminui a possibilidade de
acidente com o touro, possibilita o controle de reprodução, com a programação
das coberturas e parições, e maior identificação de problemas reprodutivos,
possibilita melhor aproveitamento do touro que serve aproximadamente 100
vacas por ano.

Como desvantagens podemos citar: o aumento de gastos com mão de


obra; maior perda de cios, pois o macho deve ser levado à fêmea apenas quando
esta apresentar o cio (depende da detecção pelo observador) e maiores gastos
com instalações.

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2.2 Inseminação artificial (IA)
Consiste na deposição do sêmen previamente processado por meio
de instrumento adequado no trato genital da fêmea, no local e no momento
propícios para a fecundação.

A INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL (IA) apresenta algumas vantagens quando


comparada com a monta natural e monta natural controlada, são elas:
• melhoramento genético: melhoramento do rebanho em menor tempo
e a um baixo custo pela utilização de sêmen de reprodutores comprovadamente
provados superiores para a produção de leite;
• controle de doenças: pela monta natural, frequentemente o touro pode
transmitir às vacas algumas doenças e vice-versa;
• padronização do rebanho: utilizando-se poucos reprodutores em um
grande número de vacas obtém-se homogeneidade dos lotes;
• uso de touros após a morte: com a possibilidade de congelamento e
estocagem do sêmen é possível utilizar o sêmen de reprodutores após seu fale-
cimento;
• redução da dificuldade em partos: através da utilização de touros que
facilitem o parto reduzem-se os problemas, principalmente em novilhas;
• aumento do número de descendentes de um reprodutor: isso significa
que, considerando 4 anos a vida reprodutiva de um touro, e que anualmente ele
cobre 100 fêmeas, teremos um total de 400 crias por animal, durante sua vida útil.
Com a IA, é possível que um mesmo touro tenha mais de 100.000 filhos;
• controle zootécnico do rebanho: através da IA e utilização de fichas
de controle é possível a obtenção de dados precisos de fecundação e parto,
facilitando a seleção dos melhores animais do rebanho;
• prevenção de acidentes com a vaca: muitos acidentes podem ocorrer
durante a cobertura de uma vaca por um touro muito pesado;
• prevenção de acidentes com o funcionário: a inseminação artificial
evita acidentes com o pessoal, que são comuns quando se trabalha com animais
de temperamento agressivo;
• uso de touros incapacitados para monta: touros com problemas
adquiridos e impossibilitados de efetuarem a monta, em razão de idade avançada,
afecções nos cascos, fraturas, aderência de pênis e artroses podem ter seu sêmen
utilizado para a IA.

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QUANDO INSEMINAR?
A fêmea deve ser inseminada na puberdade, porém apenas quando possuir
desenvolvimento corporal que a torne capaz de sustentar de forma eficiente uma
gestação a termo, ou seja, quando o animal atingir peso vivo ideal para cobertura.
Abaixo seguem os pesos ideais para iniciar a inseminação nas diferentes espécies:
350 kg de peso vivopara raças de grande porte (Holandesa);
320 kg de peso vivopara raça de tamanho médio (Girolanda);
250 kg de peso vivopara raças de tamanho pequeno (Jersey).
Esses pesos são especialmente importantes para as novilhas de primeira cria
como já foi falado anteriormente neste módulo.
Por quê?

É necessário que a novilha tenha oportunidade de crescer e ganhar peso, pois o


peso do animal ao parto está positivamente relacionado com a produção de leite, e
caso ela não atinja o peso ideal pode sofrer problemas no parto (distocia) e pós-parto.
A fórmula ideal para se alcançar sucesso com a inseminação artificial é:

MANEJO + SÊMEN + ASSISTÊNCIA TÉCNICA + INSEMINADOR = BOM RESULTADO

Alguns critérios devem ser seguidos para que possamos ter uma boa
inseminação artificial:

1. controle zootécnico;
2. programa sanitário;
3. programa nutricional;
4. meio ambiente favorável;
5. assistência técnica.

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