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Aline Calixto
1. Introdução
Transtornos menstruais, como a hemorragia uterina disfuncional, o hi-
perandrogenismo, a Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) e a hiper-
prolactinemia, constituem causas frequentes de procura aos serviços
de Ginecologia. Para o seu total entendimento, apresentaremos os con-
ceitos de normalidade do ciclo menstrual e os seus respectivos desvios.
Volume de san-
gramento a cada 5 a 80mL
menstruação
- Gravidez;
- Hiperplasia endometrial;
- Pólipos endometriais;
- Pólipos endocervicais;
Miomatose uterina;
- Adenomiose;
- Endometrite crônica;
- Malformações arteriovenosas;
- Contracepção hormonal,
Coagulopatias;
- Doença tireoidiana;
Anovulação Anovulação
Coagulopatias Pólipos e mioma
Infecções Hiperplasia endometrial
Complicações da gravidez Câncer de colo de útero/endometrial
Privação de
estrogênio
Nascimento 10 20 30
A - Definição
O Sangramento Uterino Disfuncional (SUD), ou hemorragia disfuncio-
nal, é o sangramento vaginal devido às alterações nos mecanismos
neuroendócrinos que controlam o ciclo menstrual. Os sangramentos
excessivos provocados por alterações anatõmicas não fazem parte do
conceito de SUD. É, portanto, um diagnóstico de exclusão, sendo fir-
mado somente quando todas as causas orgânicas citadas são afasta-
das. Pode apresentar-se por hipermenorreia, menorragia, metrorragia
e/ou menometrorragia, além de ser, geralmente, originário de ciclos
ovulatórios ou anovulatórios e acomete qualquer período da vida da
mulher, sendo mais frequente na adolescência e no climatério.
O SUD com ciclos anovulatórios corresponde a 90% das pacientes com
SUD. São comuns nos extremos reprodutivos: imaturidade do eixo hi-
potalâmico-hipofisário-ovariano na adolescência e falência ovariana
no climatério. Manifesta-se por irregularidade menstrual, amenorreia,
metrorragia e menorragia. Muitas mulheres com anovulação apresen-
tam amenorreia de semanas a meses, seguida de sangramento intenso,
irregular e prolongado, devido ao estímulo endometrial pelo estro-
gênio sem ação da progesterona (intensa proliferação endometrial).
Nesse caso, há alteração no eixo hipotalâmico-hipofisário-ovariano.
Vale lembrar que alterações ponderais excessivas aumentam o tecido
gorduroso, que é produtor de estrogênios (ação da aromatase) e pro-
voca resistência a insulina, ambos relacionados com anovulação.
O SUD com ciclos ovulatórios acontece com ciclos normais, e a me-
norragia origina-se em falhas nos mecanismos de controle do sangra-
mento menstrual. Vasos que nutrem o endométrio apresentam menor
tônus vascular e, consequentemente, maiores vasodilatação e perda
sanguínea. Acredita-se que as prostaglandinas intrauterinas estão for-
temente envolvidas nesse processo. Compreendem aumento das pros-
HEDCEL TRANSTORNOS MENSTRUAIS 141
B - Apresentação clínica
O SUD pode ter diversas intensidades, desde leve e insidiosa até grave
e emergencial. Comumente leva à instalação de um quadro anêmico
agudo ou crônico.
Quando a hemorragia é grave, a paciente apresenta alterações hemo-
dinâmicas, como hipotensão, taquicardia, vasoconstrição periférica e
palidez cutâneo-mucosa. Nesse caso, a conduta emergencial é restabe-
lecer a homeostase. Quando o SUD tem longa duração e menor intensi-
dade, instala-se a anemia ferropriva.
Quando a causa provável é ovulatória, o SUD apresenta-se com ci-
clicidade de sangramento, podendo haver dismenorreia e alterações
comportamentais relacionadas ao ciclo. Nas formas anovulatórias, o
sangramento profuso costuma ser precedido de períodos de amenor-
reia e/ou oligomenorreia.
Quando a causa é um distúrbio de outra glândula, outros sinais podem
estar presentes, como galactorreia na hiperprolactinemia; hirsutismo,
acne e obesidade, na SOP; e sinais de hipoestrogenismo, na insuficiên-
cia ovariana. Deve-se estar atento à necessidade de descartar as prin-
cipais doenças que causem SUA antes de diagnosticar SUD (diagnóstico
de exclusão), por meio de anamnese, exame físico e exames comple-
mentares. Tais doenças encontram-se relacionadas na Tabela 3.
- Gravidez/abortamento: caracterizam atraso menstrual, e solicita-se
beta-HCG. Trata-se do principal diagnóstico diferencial nos casos de
sangramentos excessivos;
- Moléstia inflamatória pélvica aguda: corrimento vaginal possivel-
mente presente ou ausente + dor abdominal 4. dor à mobilização do
colo uterino e à palpação dos anexos; Importante
- Mioma uterino: afastado pelo exame físico + USG + exame da cavi- O exame padrão-ouro
dade endometrial (histeroscopia ou histerossalpingografia) na sus- para avaliação da ca-
peita de mioma submucoso;
vidade intrauterina é a
- Câncer de colo uterino: afastado pela colpocitologia onática e col- histeroscopia.
poscopia com biópsia (se necessário);
142 SIC GINECOLOGIA HEDCEL
C - Conduta
- Anamnese e exame físico;
- Avaliação de doença sistêmica subjacente (renal, hepática, he-
matopoética e tireoide) e uso de medicações (hormonais, an-
ticoagulantes, outras medicações que possam alterar o eixo
hipotalâmico-hipofisário-ovariano);
- Laboratório: beta-HCGehemograma(avaliaranemia etrombocitopenia);
- A paciente está ovulando?
Sangramento menstrual infrequente, irregular imprevisível e varia-
ção no fluxo e duração, sem síndrome pré-menstrual importante e
sem anormalidade visível ou palpável no trato genital: sangramento
anovulatório;
Sangramentos mensais regulares, intensos e/ou prolongados: san-
gramento por lesão anatômica ou por disfunção hemorrágica;
Sangramento intermenstrual (no meio do ciclo): doença intrauterina,
fazer USG transvaginal e/ou histeroscopia;
Se, pelo padrão de sangramento, não for possível definir ciclos ovu-
latórios ou anovulatórios, deve-se dosar a progesterona na fase Iú-
tea do ciclo (do 22° ao 24° dia do ciclo). Se >3ng/mL, há ovulação.
- Para pacientes anovulatórias:
TSH;
Tratamento empírico das pacientes com anovulação.
MEDCEL TRANSTORNOS MENSTRUAIS 143
- Cultura cervical;
- Contagem de plaquetas,
- Tempo de protrombina;
- Tempo de sangramento,
- Hemograma completo;
- HCG;
- Prolactina;
Função tireoidiana;
Função hepática.
•
Gestação Doença Normal Alterações em Alterações em vulva, vagina
sistêmica útero ou anexos ou colo
Beta-HCG + 4
USGTV Exames de <40 anos Colpocitologia oncotica,
sangue
4 vulvoscopia, biópsia, perfil
de secreção vaginal
Conduta 4 Tratamento SUD
obstétrica (3 meses)
Tratamento da
doença de base • Tratamento específico
+ tratamento de
SU A
Alteração Alteração Alteração
Normal
anexial ute rina endometrial
USGTV: ultrassonografia trans vaginal
SUD: Sangramento Uterino Disfuncional
SUA: Sangramento Uterino Anormal Propedêutica e tratamento específico
D - Tratamento
Dependendo da gravidade do caso, pode ser clínico ou cirúrgico.
a) Clínico
Diversas classes de medicamentos podem ser empregadas:
Anti-inflamatórios não hormonais: inibem a síntese de prostaglandi-
nas, sendo mais eficazes na menorragia (mioma, DIU) do que nos san-
gramentos anovulatórios;
Progestogênios: decidualizam e diminuem a espessura endometrial;
podem ser usados isolados em sangramentos anovulatórios, mas não
são eficazes na menorragia. Quando utilizados para o tratamento de
ciclo anovulatórios, são usados por 2 semanas ao mês. O uso cíclico de
progesterona oral leva a sangramento após a sua interrupção (cure-
tagem clínica ou química). Seu uso contínuo provoca amenorreia;
Danazol: derivado da testosterona, tem ações antiestrogênica e anti-
gonadotrófica e deve ser usado por curto período, para não aumentar
os riscos de osteopenia/osteoporose;
- Anticoncepcionais hormonais combinados: atrofiam o endométrio,
sendo eficazes nos sangramentos anovulatórios e em alguns casos de
miomatose. Introduz-se 1 comprimido, 2 a 3x/d, por 7 dias. O sangra-
mento (curetagem química) ocorre após 2 a 5 dias da suspensão. Rein-
troduz-se 1x/d, no 59 dia de fluxo, por 21 dias, com pausa de 7 dias, e
mantém-se por, no mínimo, 3 meses;
HEDCEL TRANSTORNOS MENSTRUAIS 145
b) Cirúrgico
- São indicações do tratamento cirúrgico:
Causas estruturais e neoplasias;
Falha no tratamento clínico;
Miomas grandes >3cm, submucosos, distorção da cavidade endome-
trial: embolização da artéria uterina, miomectomia por histerosco-
pia ou abdominal, ou histerectomia.
Ablação endometrial (Figura 4): remoção do endométrio em toda a
sua espessura e extensão por meio de histeroscopia, ou não. Nesse
caso, pode ser feita por meio de balão térmico, crioablação, micro-
-ondas ou outros menos utilizados; promove redução do fluxo seme-
lhante ao obtido pelo DIU liberador de levonorgestrel (Mirena®);
Gestantes;
Endométrio tratado
Ovário
Útero
Cérvice
Ressecção endoscópica do
endométrio
Vagina
c) Na Emergência
- Reposição volêmica:
Repouso;
Estrogenoterapia intensiva: estrogênios conjugados 2,5mg VO a
cada 4 horas, até cessar o sangramento ou até 3 doses. Em situa-
ções de menor sangramento, pode ser prescrito 1,25mg de estrogê-
nio conjugado por 7 a 10 dias. A terapia estrogênica deve ser seguida
de progesterona. Pode ser associada a terapia antifibrinolítica por
curto período de tempo;
Em hemodinamicamente instáveis, pode-se optar por estrogênio
equino conjugado 25mg a cada 4 horas, até o sangramento desa-
parecer, por até 24 horas. Realiza-se terapia hormonal com proges-
terona posterior. O estrogênio intravenoso provoca proliferação
endometrial, ocasionando a sua estabilização. Consequentemente,
a paciente interrompe o sangramento;
O tratamento com altas doses de estrogênio aumenta notavelmente
o risco de tromboembolismo;
A curetagem uterina é utilizada, se necessário, para estancar a he-
morragia. Deve-se sempre solicitar exame anatomopatológico do
produto obtido para diagnóstico etiológico;
Tratamento hormonal de manutenção com progestogênio na 2g fase.
4. Hiperandrogenismo
A - Definição
O hiperandrogenismo é o excesso da concentração ou da ação dos an-
drogênios na mulher, produzidos a partir do colesterol pelas glândulas
MEDCEL TRANSTORNOS MENSTRUAIS 147
Androgênios Produção
Sulfato de deidroepiandrosterona
Suprarrenal (100%)
(DHEAS)
B - Etiopatogenia
Diversos fatores podem levar ao hiperandrogenismo. Os mais impor-
tantes são:
- Aumento da produção de androgênios ovarianos (por exemplo, tu-
mores de ovário, SOP - hiperandrogenismo funcional) e suprarrenal
(como síndrome de Cushing);
- Uso de substâncias androgênicas (anabolizantes; progestogênios de-
rivados da 19-nortestosterona);
- Diminuição da SHBG com aumento das taxas livres de androgênios
circulantes. Exemplos: obesidade, hiperinsulinemia;
- Diminuição do catabolismo e depuração dos androgênios;
- Aumento da resposta do tecido-alvo.
C - Apresentação clínica
- Aspectos fenotipicos relacionados ao hiperandroge-
nismo ("maçã") e mulher normal ("pera")
O hiperandrogenismo leva tanto à redução dos caracteres essencial-
mente femininos (desfeminilização) quanto à virilização. Os principais
sinais são:
Alopecia androgenética;
Aumento da massa muscular;
- Aumento da gravidade da voz;
148 SIC GINECOLOGIA HEDCEL
- Aumento do clitóris;
Alterações menstruais: de ciclos oligomenorreicos a amenorreia - ci-
clos anovulatórios;
- Esterilidade por fator ovulatório;
- Abortamentos de 19 trimestre por insuficiência lútea;
Hirsutismo;
- Acne;
Obesidade centrípeta;
- Acantose nigricans - marcador de resistência a insulina.
1 2 3 4
1 2 3 4
1 2
1 2 3 4
111
4)
1 2 3 4
2 3 4
MIM
A"-
4,
1 2 3 4
1 2 3 4
21-hidroxilase Hiperplasia de
ou 11-hidroxilase
—0> Cortisol —Po ACTH
suprarrenal
4
Aumento de
androgênios
4
SDH EA,
androstenediona,
testosterona
Aldosterona e cortisol
séricos normais
17-hidroxiprogesterona
60 minutos após
estimulação com teste
ACTH
Hiperplasia Hiperplasia
Portador congênita de congênita de
suprarrenal não suprarrenal
clássica clássica
Síndrome de Cushing
- Trata-se do resultado da exposição prolongada a níveis elevados de
glicocorticoides exógenos ou endógenos. São manifestações clínicas:
disfunção menstrual, acne, hirsutismo, obesidade centrípeta, dislipi-
demia, intolerância a glicose, fácies "em lua cheia", estrias abdominais,
gordura com distribuição central, perda da força muscular nos múscu-
los proximais, facilidade para desenvolver hematomas;
150 SIC GINECOLOGIA HEDCEL
c) Androgênios exógenos
Pacientes que fazem uso exógeno de androgênios podem evoluir com
sinais e sintomas de hiperandrogenismo.
B Etiopatogenia
Sua etiopatogenia exata não está definida, mas é aceitável uma desor-
dem no processo normal de maturação folicular e ovulação, passando
pelos seguintes processos basicamente:
Disfunção na produção de androgênios;
Anovulação;
- Hiperinsulinemia;
- Obesidade.
Há uma disfunção primária na enzima CYP17 e no citocromo, com alte-
ração na produção de androgênios, levando a atresia folicular prema-
tura e anovulação. Portanto, não há pico na taxa de progesterona na
fase lútea, e há manutenção na produção estrogênica ovariana, culmi-
nando com alterações na produção de GnRH e aumento na produção
de LH. O LH encontra-se aumentado em relação ao FSH (relação >2:1).
Há aumento da produção androgênica pela hiperplasia das células te-
cais sob estímulo do LH. Os níveis relativamente baixos de FSH inibem
a maturação folicular adequada e o fenômeno de dominância folicular,
persistindo folículos em estágios iniciais da maturação e folículos atré-
sicos, o que forma o aspecto policístico.
HEDCEL TRANSTORNOS MENSTRUAIS 151
Aumenta Disfunção
androgênios primária na
produzidos pela enzima CYP17 e
teca citocro mo
Estimula GnRH
1`LH Aumenta
androgênios
progesterona;
manutenção da
taxa de estrogênio Atresia folicular
prematura
Resposta ao
estímulo do LH
00
-----.
Folículo
pré-ovulatório
9,5 mm
Ymm
Insulina
C - Hiperinsulinemia
Ciperinsulinemia por
aumento da resistência
periférica
Figura 10 - Insulinemia
Ligação do
receptor
de IGF
Redução de Aumento
SHBG de LH
4
Aumento de
androgênios
PRL;
17-hidroxiprogesterona;
Avaliar estigmas de Cushing - cortisol urinário de 24 horas.
- Gonadotrofinas:
FSH;
LH;
Relação LH-FSH.
- Exclusão de diabetes e pré-diabetes:
Razão glicose-insulina de jejum <4,5: resistência a insulina;
Glicemia de jejum/HbA1c/Teste de Tolerância a Glicose Oral (TTGO)
de 75g.
Intolerância a Diabetes
Normal
glicose mellitus
Jejum 5100mg/dL 100 a 125mg/dL ?-126mg/dL
Níveis de glicose em jejum elevados 2100mg/dL ou farmacoterapia para níveis de glicose elevados
* As diretrizes para circunferência abdominal variam entre as populações e países específicos devem ser utilizados.
Os valores aqui apresentados referem-se aos dos Estados Unidos.
Fibratos e ácido nicotínico são os fármacos mais empregados para triglicérides elevados e HDL reduzido. Pre-
sume-se que os pacientes tratados com esses agentes tenham níveis de triglicérides elevados e HDL baixo.
6. Hiperprolactinemia
A - Definição
A PRL é um hormônio polipeptídio secretado pela adeno-hipófise. Sua
secreção é controlada por meio da constante inibição exercida pela
dopamina. Há um fator estimulador da secreção de PRL, que é o TRH
(fator liberador do hormônio tireotrófico). A ação da PRL difere na ges-
tante e na não gestante. Durante a gestação, seus níveis crescem cons-
tantemente até o termo, mas não ocorre lactação, devido à inibição
exercida pelos estrogênios nos receptores mamários de PRL. Quando
ocorre a dequitação (saída da placenta), há a liberação da ação da PRL
na mama, permitindo a lactação.
Na não gestante, a PRL está diretamente relacionada aos ovários, atu-
ando no crescimento folicular e na dominância folicular com papel sinér-
gico às gonadotrofinas. Se a PRL está elevada, determina um bloqueio
da ação da aromatase, um bloqueio da ação do FSH em seus recepto-
res e, ainda, atresia folicular por bloqueio da maturação. Além da ação
direta nos ovários, a hiperprolactinemia pode inibir a secreção pulsátil
do GnRH. Todos os mecanismos descritos alteram a função ovariana.
B - Apresentação clinica
Os sinais e os sintomas da hiperprolactinemia são:
- Galactorreia: ação direta do aumento de PRL na mama;
Amenorreia: alteração da função ovulatória;
Esterilidade: alteração da função ovulatória;
- Acne: alteração da função ovulatória e hiperandrogenismo;
- Hirsutismo: principalmente, hiperandrogenismo;
- Distúrbios visuais: se a etiologia é tumoral, há aumento da hipófise e
compressão do quiasma óptico, levando a hemianopsia bitemporal;
- Sinais de hipoestrogenismo;
- Outros distúrbios menstruais: oligomenorreia, insuficiência lútea;
Diminuição da libido.
MEDCEL TRANSTORNOS MENSTRUAIS 157
C - Etiologia
a) Uso de medicamentos
Psicotrópicos;
- Antidopaminérgicos (clorpromazina, haloperidol, metoclopramida,
veraliprida, alfametildopa, reserpina);
- Estrogênios;
Progestogênios;
- Antidepressivos triciclicos;
- Opiáceos;
- TRH;
Cocaína.
- Antidepressivos ansiolíticos:
Alprazolam;
Buspirona;
lnibidores da monoaminoxidase;
lnibidores da receptação da serotonina.
- Antidepressivos triciclicos;
Metoclopramida;
- Octreotida;
- Sumatriptano;
Anti-hipertensivos:
Atenolol;
Metildopa;
Verapamil.
Ranitidina;
Hormonais:
Estrogênio + medroxiprogesterona;
Medroxiprogesterona injetável;
Contraceptivo hormonal combinado.
- Alguns fitoterápicos;
- Antipsicáticos;
- Clorpromazina;
Ciclobenzaprina;
Danazol,
- Domperidona;
lsoniazida;
- Ácido valproico;
Opioide.
b) Tumores
- Adenoma de hipófise (prolactinoma): os microadenomas são tumo-
res hipofisários menores de 1cm, e os macroadenomas são tumores
de 1cm ou mais. Ambos podem ser secretores de PRL. Suspeita-se de
adenomas quando a dosagem de PRL está acima de 10Ong/dL;
Outros sítios: carcinoma broncogênico e hipernefroma.
158 SIC GINECOLOGIA HEDCEL
Alterações fisiológicas
Alterações fisiológicas do sono e do exercício físico, gravidez, lactação,
situações de estresse, coito e manipulação mamária.
Doenças endocrinas
- Hipotireoidismo;
- Hiperplasia adrenal;
- Insuficiência hepática.
D - Diagnóstico
A hipótese de hiperprolactinemia deve ser investigada sempre que a
paciente apresenta queixa de alteração menstrual, principalmente se
tende a oligomenorreia ou mesmo amenorreia e, também, galactorreia
e esterilidade. Inicia-se com anamnese completa, afastando-se outras
possibilidades, como o uso de medicações e gestação atual. Devem-
-se, também, pesquisar doenças que possam explicar as manifestações
apresentadas, como hipotireoidismo, alterações hepáticas etc.
Roteiro diagnóstico: dosagem de PRL + dosagem de TSH para afastar
hipotireoidismo.
- Se PRL <25mg/mL: normal;
- Se PRL >100mg/mL: provável etiologia tumoral que deverá ser inves-
tigada mais profundamente com radiografia de sela túrcica, TC de crâ-
nio, RNM (melhor exame) e avaliação de campo visual;
- Se PRL entre 25 e 100mg/mL: procurar causas diversas, desde uso
de medicamentos a outras doenças endócrinas e doenças da parede
torácica.
E - Tratamento
O tratamento está indicado para sintomáticas ou pacientes com tumor de
hipófise de grande extensão (macroadenoma hipofisário). Já as pacien-
tes com microadenomas de hipófise assintomáticos não têm indicação
de tratamento, mas deve-se realizar acompanhamento clínico. Quando
há indicação, o tratamento pode ser clínico, cirúrgico ou radioterápico:
- Clinico: o mais indicado inicialmente, com boa resposta terapêutica na
maioria dos casos. As drogas mais utilizadas são a bromocriptina, com
posologia diária e efeitos colaterais como tontura, cefaleia, náuseas,
depressão, alucinações, hipotensão ortostática, e a cabergolina, com
posologia semanal e menor incidência de efeitos colaterais;
- Cirúrgico: ressecção transesfenoidal seletiva, reservada aos casos de
tumor de hipófise extenso (macroadenoma) refratário ao tratamento
clínico, ou a pacientes com intolerância à medicação. Pode trazer
complicações como meningite, diabetes insipidus, fístulas liquóricas e
pan-hipopituitarismo;
- Radioterapia: reservada aos casos de recidiva de tumores após res-
secção cirúrgica, para tentar reduzir tumores irressecáveis refratá-
rios à medicação e para os casos de tumores mistos. Seus resultados
são menos eficientes do que o tratamento cirúrgico, com resposta
lenta e insatisfatória na maioria dos casos.
MEDCEL TRANSTORNOS MENSTRUAIS 159
Tabela 13 - Comparação para o diagnóstico dos diversos transtornos menstruais e diagnósticos diferenciais
Síndrome de Cushing Dosar fração livre do cortisol urinário e teste da supressão do cortisol.
Resumo
Quadro-resumo
- Origem: possivelmente, ciclos ovulatórios ou anovulatórios. Estes últimos (90%) são comuns nos extremos repro-
dutivos: imaturidade do eixo hipotalâmico-hipofisário-ovariano na adolescência e falência ovariana no climatério. O
SUA, devido a ciclos ovulatórios, acontece por produção inadequada de estrogênio e progesterona;
Diagnóstico: afastar quaisquer patologias orgânicas por meio de anamnese/exame físico e exames complementares;
- Tratamento: clínico (anti-inflamatórios não hormonais - progestogênios: danazol; anticoncepcionais hormonais com-
binados - análogos de GnRH: SIU medicado com progesterona); cirúrgico (ablação endometrial, curetagem uterina,
histerectomia).
Hiperandrogenismo
Trata-se do excesso da concentração ou da ação dos androgênios na mulher, produzidos a partir do colesterol pelas
glândulas suprarrenais e pelos ovários, em grande parte (80%) ligado à SHBG ou albumina (19%), restando pequena
fração livre no plasma (1%);
- Diversos fatores podem levar ao hiperandrogenismo. Os mais importantes são aumento da produção de androgê-
nios ovarianos e suprarrenal, uso de substâncias androgênicas, diminuição da SHBG com aumento das taxas livres
de androgênios circulantes;
- Apresentação clínica: alopecia androgenética, aumento da massa muscular, engrossamento da voz, aumento do
clitóris e alterações menstruais - de ciclos oligomenorreicos a amenorreia, esterilidade por fator ovulatório, aborta-
mentos de 1° trimestre por insuficiência lútea, hirsutismo, acne, obesidade centrípeta, acantose nigricans;
- Há aumento na produção androgênica, devido a hiperplasia das células tecais sob estímulo do LH que está
aumentado em relação ao FSH (relação LH-FSH >2:1). Os níveis relativamente baixos de FSH inibem a maturação
folicular adequada e o fenômeno de dominância folicular, persistindo folículos em estágios iniciais da maturação
e em atresia, o que oferece o aspecto policístico aos ovários;
160 SIC GINECOLOGIA HEDCEL
- O tratamento envolve perda de peso, drogas antiandrogénicas (o acetato de ciproterona é o mais utilizado), metfor-
mina (quando houver resistência periférica a insulina) e citrato de clomifeno (indutor da ovulação) nas pacientes que
desejem engravidar.
Hiperprolactinemia
A PRL é secretada pela adeno-hipófise. Sua secreção é controlada por meio da constante inibição exercida pela
dopamina. Há um fator estimulador da secreção de PRL, que é o TRH;
A PRL atua no crescimento e na dominância folicular com papel sinérgico às gonadotrofinas. Se a PRL estiver eleva-
da, determinam-se bloqueio da ação da aromatase, bloqueio da ação do FSH em seus receptores e atresia folicular
por bloqueio da maturação. Além da ação direta nos ovários, a hiperprolactinemia pode inibir a secreção pulsátil do
GnRH, alterando a função ovariana, indiretamente;
- Os sinais e sintomas são galactorreia (ação direta do aumento de PRL na mama), amenorreia, esterilidade, acne,
hirsutismo, distúrbios visuais, sinais de hipoestrogenismo, outros distúrbios menstruais (espaniomenorreia, oligo-
menorreia, insuficiência lútea) e redução da libido;
- O roteiro diagnóstico compreende dosagem de PRL + dosagem de TSH para afastar hipotireoidismo:
Se PRL <25mg/mL: normal;
Se PRL >100mg/mL: provável etiologia tumoral que deverá ser investigada mais profundamente com radiografia
de sela túrcica, TC de crânio, RNM (melhor exame) e avaliação de campo visual;
Se PRL entre 25 e 100mg/mL: procurar causas diversas, desde uso de medicamentos, outras doenças endócrinas e
doenças da parede torácica.
- No tratamento clínico, a droga mais utilizada é a cabergolina. O tratamento cirúrgico consiste na ressecção tran-
sesfenoidal seletiva, reservada aos casos de tumor de hipófise extenso (macroadenoma) refratário ao tratamento
clínico, ou a pacientes com intolerância à medicação;
- A radioterapia está reservada aos casos de recidiva de tumores após ressecção cirúrgica, para tentar reduzir tumo-
res irressecáveis refratários à medicação e para os casos de tumores mistos.
Resposta
da questão do capítulo
1. D