Você está na página 1de 8

ACRETISMO PLACENTÁRIO

Acretismo placentário é a implantação placentária na


qual há aderência anormalmente firme à parede
uterina, em consequência da ausência
total ou parcial da decídua basal (a camada
maisprofundado endométrio) e do desenvolvimento
imperfeito da camada fibrinoide.
Quanto à profundidade da penetração da vilosidade
corial, a placentação anormal pode ser classificada em:
acreta, increta e percreta. O acretismo placentário pode
ser total ou parcial.

EPIDEMIOLOGIA

A incidência da placenta acreta é de 1:2.500, e


ela é a mais comum. Nos últimos 50 anos, a
incidência de acretismo placentário aumentou.

CLASSIFICAÇÃO
Placenta Acreta: as vilosidades penetram mais
profundamente no endométrio, até a camada
esponjosa, e ficam mais aderentes. Na placenta
acreta, a conduta é a retirada manual da
mesma,seguida de curetagem. Em caso de insucesso,
a histerectomia deve ser indicada. Se não houver
desejo reprodutivo, a Histerectomia Total Abdominal
(HTA) é o tratamento padrão-ouro.

Placenta acreta: endométrio.


Conduta: retirada manual da placenta,seguida de
curetagem.
FATORES DE RISCO PARA PLACENTA ACRETA:
1. Idade materna maior que 35 anos.
2. Multiparidade.
3. Defeitos endometriais (síndrome de Asherman).
4. Leiomiomas submucosos.
5. Tabagismo.
OBS: Mulheres que apresentam duas ou mais cesarianas com
placenta prévia anterior ou centro-total têm 40% de risco de
desenvolver placenta acreta.
Placenta Increta: as vilosidades penetram até o
miométrio. Não há plano de clivagem para o
descolamento manual, que é impossível. As tentativas
de extração manual não são bem-sucedidas, e está
indicada a histerectomia.
Dependendo da localização da placenta, remove-se
todo o útero ou parte dele. Sempre que possível deve
ser realizada HTA.

Placenta Increta: miométrio.


Conduta: histerectomia.

Placenta Percreta: as vilosidades alcançam a serosa


chegando a perfurá-la, e causam muitas vezes
hemorragias intraperitoneais. Na placenta
percreta, as vilosidades coriônicas penetram na serosa
uterina e podem invadir órgãos adjacentes. Conduta:
está indicada a histerectomia. Dependendo da
localização da placenta, remove-se todo o útero ou
parte dele. Mas sempre que possível deve ser
realizada HTA.
Na placenta percreta: serosa uterina
Conduta: histerectomia.

FATORES DE RISCO
1. Placenta prévia.
2. Implantação no segmento inferior do útero.
3. Implantação sobre uma cicatriz de cesariana
prévia (mais comum) ou outras incisões uterinas.
4. Após curetagens uterinas de repetição.

QUADRO CLÍNICO
Hemorragia profusa, que ocorre no momento da
tentativa de descolamento placentário. Parte ou
toda a placenta permanece fortemente aderida à
cavidade uterina, e nenhum plano de clivagem se
desenvolve.
A placenta percreta com invasão vesical pode causar
hematúria durante a gestação.A invasão miometrial
por vilosidades placentárias no local de uma cicatriz
de cesariana prévia pode levar a rotura uterina
durante o trabalho de parto ou mesmo antes.
CONFIRMAÇÃO DIAGNÓSTICA
 O acretismo placentário não é diagnosticado no
pré-natal, seu diagnóstico se dá pela dificuldade
de extração placentária e pelo estudo
anatomopatológico, que determinará o grau de
infiltração placentária.
 Achados na USG em torno da 20ª até a 24ª
semana de gestação. Entretanto, a visualização de
toda interface placentária é frequentemente
difícil, principalmente nos casos de inserção
posterior e central.
 Dopplerfluxometria: é complementar à USG. A
placenta prévia acreta possui achados específicos
na dopplerfluxometria colorida. Estes sinais
incluem: fluxo lacunar placentário
intraparenquimatoso focal e difuso;
hipervascularização da bexiga (serosa uterina) e
perda de sinais vasculares subplacentários. No
caso da placenta percreta, destaca-se o achado
de neoformação vascular entre o útero e a bexiga.
 Ressonância Magnética:em casos de diagnóstico
incerto.É muito útil para avaliação da extensão
miometrial, parametrial e o envolvimento vesical.
 Alfafetoproteína Sérica Materna elevada, sugere
placenta acreta.

MANEJO PRÉ-OPERATÓRIO
Cuidados pré-operatórios preconizados:

• Comunicar à paciente a suspeita diagnóstica e as


suas possíveis complicações (hemorragia,
necessidade de hemotransfusão e histerectomia
cesárea).
• Programar a interrupção eletiva da gestação a termo
por via alta. Os partos planejados
associam-se com uma menor morbidade materna.
• Contactar o banco de sangue para reserva de sangue
para a cirurgia.
• Reservar vaga em UTI para o pós-operatório.

O tratamento cirúrgico preconizado é a histerectomia


total abdominal.
Se houver a invasão de órgãos adjacentes, mais comumente
da bexiga, a placenta não deve ser
retirada para evitar sangramento maciço, procedendo-se a
ligadura do cordão próximoà implantação na placenta, com
uso posterior de metotrexate.

ABORDAGEM CONSERVADORA
Manobras cirúrgicas na tentativa de controlar a
hemorragia, tais como: oclusão arterial seletiva,
curetagem ou ressecção em cunha do miométrio
seguida de reparo do defeito miometrial. A terapia
complementar inclui o uso de antibióticos e ocitocina.

COMPLICAÇÕES
A hemorragia maciça é a complicação mais comum
da placenta acreta. Sequelas potenciais da hemorragia
intensa incluem Coagulação Intravascular
Disseminada (CID), Síndrome da Angústia Respiratória
do Adulto (SARA), falência renal, iatrogenias cirúrgicas
(ligadura do ureter, formação de fístula)e até mesmo
morte.

Você também pode gostar