Você está na página 1de 12

ELETROCARDIOGRAMA

1. DERIVAÇÕES
Derivações bipolares

 D1 que vai do braço esquerdo ao direito (com positividade para a


esquerda)
 D2 que vai do braço direito à perna esquerda (positividade na perna
esquerda)
 D3 que vai do braço esquerdo à perna esquerda (positividade na perna
esquerda)

Derivações unipolares

 aVF é positiva para baixo


 aVL é positiva no braço esquerdo
 aVR é positivo no braço direito

As seis derivações juntas formam um


sistema hexaxial.
 O eixo cardíaco normal vai
de -30º até +90º. Qualquer
eixo fora disso é
considerado desviado.

 Se estiver entre -30º até


-90º, o eixo está desviado
para a esquerda.

 Se estiver entre +90º até


180º, o eixo está
desviado para a direita.

 Se estiver no quadrante
superior entre 180º até -
90º, o eixo é chamado de
noroeste ou extremo.
 Dentro do semicírculo delimitado
por uma derivação vai ser positivo.
 Toda derivação tem a
sua perpendicular: DI e
aVF, DII e aVL, DIII e aVR

Então para calcular o eixo analisa-se primeiramente D1 e aVF.

Exemplo 1: D1 e o aVF tem QRS positivos. Qual é o eixo?

Traçando a perpendicular de D1, que no caso é


aVF, vimos que ele é positivo no quadrante à
esquerda do coração e negativo no quadrante à
direita do coração.

Traçando a perpendicular de aVF, vimos que ele


será positivo no quadrante inferior do coração e
negativo no quadrante superior.

Após analisar DI e aVF, buscamos derivações mais próximas fora do


quadrante do eixo.
Exemplo 2: D1 negativo e aVF positivo.
Então o D1 vai estar no quadrante
à direita e o aVF no quadrante
inferior, ou seja, entre 180º a 90º.
Como há um quadrante com eixo
normal e outro anormal, devemos
analisar outra derivação, nesse
caso DII.

Em DII o QRS é positivo. Traça a


perpendicular em aVL. DII é
positivo de -30º à +150º. A
interseção será entre +150º a
+90º. O ideal é que esteja numa
faixa de 30º.
 V1 - 4º espaço intercostal direito (EICD)
colado no esterno.
 V2 - 4º EICE colado no esterno.
 V3 - entre V2 e V4, no 5º EICE na linha
hemiclavicular.
 V5 - linha axilar anterior no 5º espaço
intercostal à esquerda
 V6 - 5º EICE na linha axilar média.

Resumindo:

Se V1 e V2 estão à direita, estando mais distante do ventrículo esquerdo, sua


deflexão é predominantemente negativa. V3 é meio positivo e meio negativo. Já
em V4, há uma transição positiva, está mais para cima do que para baixo. V5 e
V6 estão positivos. Os vetores que estão mais próximos do ventrículo direito vão
ser predominantemente negativos. O V3 e o V4 estão meio a meio e V5 e V6
são positivos por estarem próximos ao ventrículo esquerdo;
Então vamos lá, se o D2 da Maria estiver positivo, ela vai estar no
quadrante de 0º até -30º, ou seja, normal. Se ele estiver negativo, ela vai estar
depois da perpendicular (de -30º no sentindo anti-horário até +150º), ou seja, ela
vai estar anormal. Então quando você tiver dúvida, após olhar aVF e D1, você
olha o D2.

Vamos ver outro paciente, a Joana. A Joana tem o D1 negativo e o aVF


positivo. Se o D1 está negativo, ela só pode estar nos quadrantes do lado
esquerdo, pois a Joana tem que estar depois da perpendicular de D1, pois o D1
está negativo. O aVF da Joana está positivo, então ela está nos quadrantes
inferiores. Qual é o quadrante da Joana? No quadrante que vai entre +90º até
+180º. Se eu falar para vocês que a Joana tem 70 anos e fuma desde os 20
anos, eu dei o diagnóstico para vocês? Está normal o eixo dela? Não. Ele está
mais para direita do que para a esquerda. Se eu falar que ela tem 50 anos de
fumo, eu dei o diagnóstico? Sim. Cor pulmonale. Ela tem, muito provavelmente,
um DPOC, aumentou a pressão pulmonar, teve hipertrofia do ventrículo direito
e, assim, o eixo pode ficar para a direita.

Gente isso aqui, no início, vocês acham que é difícil demais, depois
vocês acham fácil demais e isso não é assim, vamos tomar cuidado.

Vamos ver um último exemplo: Marcelo tem D1 negativo e aVF negativo.


Se D1 do Marcelo é negativo ele só pode estar no lado esquerdo, se o aVF é
negativo ele pode estar, somente, para cima.
Então o Marcelo está em qual quadrante? De +180º até -90º. Se eu falar
que o Marcelo tem o fígado para a esquerda, eu dei o diagnóstico? Sim. Muito
provavelmente ele tem dextrocardia. Isso pode ser o eletro de quem tem
dextrocardia, o coração voltado para a direita ele pode aparecer nos quadrantes
do lado esquerdo.

Vamos fazer alguns eletrocardiogramas agora: Onde está o eixo? Quero


saber em graus.

- Primeiro eletrocardiograma do slide (não foi mandado): D1 negativo e


aVF negativo.

Se D1 é negativo, o eixo só pode estar do lado esquerdo. Se o aVF é


negativo, o indivíduo só pode estar nos quadrantes de cima. Ou seja, esse
paciente tem o eixo de +180º até -90º. Vamos continuar dando uma olhada nesse
eletrocardiograma. O que nós temos de interessante? aVR positivo. O que mais?
aVL e aVF, V1 e V2 negativo. V3 está mais positivo do que negativo. Além de
V5 e V6 negativo. O que aconteceu com a onda R? Não aumentou e a onda S
continuou. O que acontece de V1 até V6? O “R” aumenta e o “S” diminui, isso
acontece no eletrocardiograma normal. O que que está acontecendo nesse
caso? O contrário disso. O “R” diminuiu e o “S” continuou grande. Esse
eletrocardiograma é de que? É o eletrocardiograma clássico de dextrocardia. Ele
está todo invertido, exatamente o contrário do que era de se esperar, está tudo
para a direita.

Aluno: Se o paciente tiver dextrocardia eu faço o exame ao contrário?


Léo: Você pode sim. Mas você faz o eletrocardiograma normal para mostrar que
ele tem dextrocardia. Isso é eletro normal para quem tem dextrocardia, agora se
eu fizer isso em mim e der para direita é porque eu errei o eletrodo. Esse é o
eletro normal para dextrocardia, se ele tiver um infarto vai aparecer, se ele tiver
uma alteração de potássio também aparece, porém invertido, pois ele tem
dextrocardia.

Vamos outro exemplo:

- Segundo eletrocardiograma do slide (não foi mandado):

Começa sempre onde? De D1. D1 está positivo, então só pode ser nos
quadrantes do lado direito. O aVF está negativo, então só pode estar para cima.
Então, nesse caso, vamos ter que olhar D2, como que está D2? Negativo. Então,
qual vai ser o laudo desse eletrocardiograma? De -30º à -90º. É o
eletrocardiograma de uma pessoa que tem um desvio do eixo à esquerda, o eixo
está mais para esquerda do que deveria estar. Dentro da esquerda o eixo ainda
tem um espaço, mas acima de -30º já é um desvio do eixo para a esquerda. Se
eu falar para vocês que esse paciente tem hipertensão arterial sistêmica há 40
anos o que você pode pensar? Se ele é hipertenso há 40 anos eu posso pensar
que esse indivíduo tem uma hipertrofia do ventrículo esquerdo. O ventrículo
esquerdo desvia o eixo para a esquerda, e quando ele está hipertrofiado, vai ser
maior ainda o desvio.

Outro sinal no eletro de hipertrofia de ventrículo esquerdo é o V5 e o V6


muito alto. O V5 está puxando mais a agulha do que V4, isso porque tem muito
musculo. Isso gente, eu estou dando exemplos, nós não estamos aprendendo
isso, eu não estou ensinando o eletro de hipertrofia do ventrículo esquerdo, eu
só estou dando exemplos para decorar, decorar no sentido de colocar uma
plantinha.

Aluna: Essa sequência de 3 é sempre 3?


Léo: Você pode pedir mais. Geralmente a gente pede um eletro com 12
derivações com D2 longo. Depois iremos entender isso.

- Vamos lá para o próximo:

D1 está para cima e para baixo, mas ele está mais para baixo do que
para cima, então ele é negativo. Então D1 pode ser um dos quadrantes do lado
esquerdo. O aVF é positivo, portanto o indivíduo está nos quadrantes de baixo.
Então qual é o laudo do nosso paciente? Entre +90º e +180º.

Eu preciso de D2 ainda? Não. Já definimos. Entre +90º e +180º é


doença. Tem mais coisas nesse eletro, por exemplo: V1 positivo, isso não é
normal. Vocês concordam que a progressão da onda “R” está diferente? A onda
R está surgindo, mas ela surge de forma diferente. No dextrocardia a onda “R”
não aparecia hora nenhuma, neste caso ela está aparecendo, porém de forma
irregular, onde ela deveria estar pequena, ela está grande (V1). O que isso
sugere? Isso sugere dextrocardia? Não. Se o V1, que vê mais o ventrículo direito,
na pessoa que o ventrículo direito é menor que o ventrículo esquerdo o V1 fica
normal, agora na pessoa que o V1 está anormal podemos pensar no seguinte:
ele deve ter tido uma hipertrofia do ventrículo direito.
Se ele nasceu normal e isso foi adquirido, talvez seja por uma
hipertensão pulmonar. Se eu falar que ele tem esquistossomose dá o diagnóstico
para vocês? Sim. Esquistossomose é a maior causa de hipertrofia do ventrículo
direito no mundo. Se ele tem esquistossomose e hipertensão pulmonar, ele pode
ter cor pulmonale que é uma hipertrofia do ventrículo direito causado por pressão
pulmonar, no qual existem inúmeras causas, entre elas a esquistossomose.
Então isso pode ser um eletro de alguém que tem esquistossomose, pois onde
V1 deveria estar negativo, ele está positivo e o eixo que era para estar à
esquerda, está para a direita.

Um eixo para a direita, com sinais de hipertrofia do ventrículo direito


sugere um aumento da pressão pulmonar e isso tem várias causas. A hipertrofia
do ventrículo esquerdo não sugere um aumento da pressão arterial sistêmica?
Sim. Isso se ele for adquirido não é verdade? Pois tem cardiopatia congênita que
a criança já nasce com o ventrículo direito hipertrofiado. Mas se a pessoa nasceu
normal e o ventrículo direito hipertrofiou, isso até que se prove o contrário é uma
hipertensão na artéria pulmonar, vai dar hipertrofia do ventrículo direito.

A hipertrofia do ventrículo esquerdo é consequência de uma hipertensão


arterial sistêmica e não pulmonar.

Aluno: Uma pessoa que nasceu com o ventrículo direito hipertrofiado


ela teria cardiomegalia?

Léo: Não necessariamente. A cardiomegalia vai acontecer depois que o


coração começar a dilatar. Só a hipertrofia do ventrículo direito, geralmente, na
imagem do raio X é normal, ele só vai ficar grandão quando ele perder o
mecanismo de Frank-Starling e as fibras começarem a degenerar e dilatar. O
Serginho do São Caetano, por exemplo, ele tinha hipertrofia do ventrículo
esquerdo e o raio X de tórax dele era normal, tanto que ele jogou futebol a vida
inteira, os clubes fazem exames. Ele tinha hipertrofia do ventrículo esquerdo,
que foi piorada com o futebol. Ele tinha miocardiopatia hipertrófica.
Vamos encerrar com um exemplo do alterado dentro da normalidade:
Imaginem gente, por esse método você só sabe onde está o quadrante. Na aula
que vem nós veremos onde está o eixo certinho, dá para saber. Vamos supor
um paciente que o D1 está positivo e o aVF está positivo. O paciente está entre
0º e +90º. Mas ele pode estar a 40º, 45º, 60º, dá pra saber qual ele está? Sim.
Mas vamos deixar isso para a aula que vem. Mas vamos supor que o nosso
paciente tem um eixo a 30º, ou seja, está normal.

Digamos que você é o cardiologista desse paciente, você fez o eletro


dele em janeiro e o eixo estava 30º. Ou seja, normal, tchau sr. José que é
fumante, diabético e hipertenso. Em abril, o sr. José sentiu uma dor no peito
intensa, irradiado pelo braço, a enzima alterou, deu supra de ST e aí o médico
foi fazer o eletro. O médico viu que o eixo estava a 60º, ou seja, em abril não
estava em 30º mais, estava em 60º. Ou seja, continua normal, mas houve uma
mudança no eixo dentro da normalidade. Isso indica um problema gravíssimo.
Nem sempre o que é anormal é o problema, talvez o normal é mais grave.

Um coração para a direita acontece o que com a pessoa? Se for só o


coração para a direita? Nada. Essa mudança de eixo, ainda dentro da
normalidade indica um problema gravíssimo, indicou que o paciente infartou.
Porque que essa mudança de eixo continua normal e indica um problema grave?
Olha só, o eixo dele, em poucos meses, desviou um pouco para a direita. O que
que isso diz? Se a parte esquerda do ventrículo morrer por um infarto, você vai
ter menos cargas positivas à esquerda e isso desvia, automaticamente, o eixo
para a direita e pode ser, ainda, dentro da normalidade.

Então uma mudança do eixo, ainda dentro do normal pode indicar um


problema. Principalmente um infarto. A gente vai ver que existem outros. Vamos
supor que você está no hospital, você não tem a enzima e o eletro está te dando
dúvida, aí você lembra que ele fez um eletrocardiograma há 5 semanas, aí você
pega e vê que o eixo era 30º e hoje está 60º, com dor no peito, isso é um infarto.
Aí, então, você tem um eletro com eixo normal, porém, o paciente infartou.

Aluno: Existe alguma possibilidade de somente com 1 eletro você ver


que o paciente está infartando?
Léo: Com análise do eixo não, mas sim com o supra de ST. Tem duas
coisas que você vai ver infarto agudo, nós vamos aprender no decorrer do curso.
Uma é a supra de ST, do segmento ST. Ou então ele teve um bloqueio de ramo
esquerdo. O paciente que não tinha bloqueio de ramo esquerdo e agora tem
pode estar infartando. Uma mudança súbita no eixo também pode indicar, mas
você só vai saber se você tiver um eletro antigo.

Então gente quais são os parâmetros para calcular o eixo pela forma dos
quadrantes? D1 e aVF. Se cair no quadrante superior direito, você precisa de
D2. Se D2 estiver positivo, ainda é normal. Se tiver negativo, já indica
anormalidade. Qual anormalidade? Você pode ter dicas no eletro. As vezes o
eletrocardiograma já te dá uma dica, mas você sempre vai precisar da clínica do
paciente.

Só para programar para a próxima aula: D1 e aVF positivo. Então o eixo


está entre 0º e +90º. Mas tem como eu saber exatamente onde está o eixo? Tem
muito próximo, uma segunda regra:

- Você vai pegar a mais alta de todas, dentro do quadrante normal. Qual
que é a mais alta? aVF. Se você conseguir achar a mais alta, ela é muito próxima
do eixo exato. Então pela regra da mais alta é muito próximo de aVF.

- A segunda regra: dentro das regras do quadrante, se você achar a mais


isodifásica (o que está para cima é muito parecido com que está para baixo),
nesse caso, D1. Se você conseguir achar a mais isodifásica, o eixo estará
perpendicular a ela. Então vocês concordam, que o eixo vai estar quase em cima
de 90º? Sim. Então se eu colocar esse eletro (slide) na prova e pedir um eixo,
você coloca +90º e acertou. O eixo desse paciente está muito próximo de +90º.
Ele pode estar 89º, mas está próximo. Ainda tem métodos mais precisos.

Você também pode gostar