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Fisiopatologia do ovário

Estrutura histológica

Função: Produção de hormônios (estrógeno e progesterona); Produção de oócitos; Permitir por meio do
equilíbrio de hormônios e oócitos a formação de uma nova vida.

Ciclo:
Quando a mulher chega na puberdade tem-se alterações na frequência e intensidade dos pulsos
hipotalâmicos, liberando assim o GNRH, o qual é responsável por liberar gonadotrofinas atuando na hipófise
e, consequentemente, liberando FSH e LH.

Ao longo dos ciclos menstruais esses pulsos de GNRH são alterados e assim determinam diferentes
concentrações de hormônios hipofisários. Assim, no início do ciclo tem-se maior FSH do que LH permitindo
assim o desenvolvimento dos folículos ovarianos. Com o desenvolvimentos dos folículos um deles se torna
folículo dominante e assim produz-se cada vez mais estrógenos; Conforme esse folículo vai crescendo, a
quantidade aumentada de estrogênio faz com que se tenha proliferação celular do endométrio,
caracterizando a fase proliferativa, preparando-o para a gestação.

O pico e FSH e LH determina a ovulação, porém com o aumento do estrógeno tem-se a queda do FSH e
confirma ele diminui, os folículos que não são dominantes passam a entrar em atresia.
● Aumento de estrógeno → diminuição de SH (folículos não dominantes entram em atresia).

O folículo dominante entra em processo de luterização, formando o corpo lúteo que é responsável por
produzir progesterona. Dessa forma, a progesterona age no hipotálamo e inibe a produção do GNRH,
ocorrendo a diminuição dos pulsos hipotalâmicos; Além disso, a progesterona também vai ser responsável
por realizar a secreção, caracterizando a fase secretora que irá preparando-o para a gestação.
Se a gestação for para frente o corpo lúteo vive um pouco e depois a placenta assume as funções. Entretanto,
se não ocorre a gestação tem-se a regressão do corpo lúteo e ocorre a menstruação, descamando o
endométrio.

Importante: se a mulher tem descontrole hormonal no início não irá ocorrer o aumento de estrógeno e,
consequentemente, a ovulação. Assim, os folículos que começam a se desenvolver e não conseguem
continuar devido a falta de estrógeno formam cistos foliculares. Isso pode acontecer de forma aleatória ou
devido à condição da síndrome do ovário policístico.

Centro: oócito que irá ovular e depois ser fecundado


Redor: células da granulosa
Redor da granulosa: células da teca

Células internas da teca: sob o estímulo do LH produzem andrógenos


Células da granulosa: sob estímulo do FSH se multiplicam e convertem os andrógenos em estrógenos. A
conversão ocorre através da enzima aromatase.

Produção de progesterona!
Cistos ovarianos
São estruturas revestidas por células epiteliais com um conteúdo líquido por dentro.

Cistos foliculares
● Muito frequentes em idade fértil
● Se desenvolvem a partir do ciclo normal de folículos ovarianos que não rompem
● Geralmente pequenos (0,5 – 1,5 → 5,0 cm!)
○ Se passar de 5 cm pode começar a comprimir estruturas adjacentes
■ Compressão de bexiga e intestino
● Achados acidentais
● Únicos ou múltiplos
● Superfície lisa, conteúdo seroso (as vezes hemorrágico)
● Geralmente assintomáticos (achado)
● Podem causar sintomas se muito grandes (desconforto abdominal, dor)
○ Raro
● Podem ser funcionais – produção de estrógenos → menorragia, ciclo menstrual irregular
○ Continua produzindo estrógeno em grande quantidade
● Tendem a regredir espontaneamente (acompanhamento)
● Rompimento: sangue cai na cavidade pélvica → peritonite
● Morfologia
○ Homogêneo
○ Regular
○ Liso

No ultrassom pode se aparentar como uma neoplasia, morfologicamente.


Entretanto, uma neoplasia teria projeções papilares para o centro do
cisto… entre outras características.

Cistos de Corpo Lúteo


● Originam-se a partir de hemorragias dentro do corpo lúteo
● Pequenos (a partir de 2,5 cm)
● Únicos (um folículo ovula - formação de um corpo lúteo)
● Cavidade antral que sobra no corpo lúteo pode ser repleta de
sangue ou acúmulo de outro líquido
○ Corpo lúteo que não regrediu de forma espontânea
● Funcionais: produção de progesterona → não cai o corpo lúteo → atraso no ciclo menstrual
● Pode romper → hemorragia abdominal (dor)
Cistos Endometrióticos
● “Cisto de chocolate”
● Cisto originado a partir de endometriose
ovariana
● Respondem aos estímulos hormonais durante
os ciclos menstruais
● Normalmente múltiplos
● Sangra e sangue se acumula até dar origem a
um cisto endometriótico
● Dor, infertilidade

Torção ovariana e inflamação

Torção Ovariana
● O peso do cisto favorece uma torção no eixo,
obstruindo a drenagem venosa e, consequentemente,
ocorrendo acúmulo.
● Acúmulo → aumento de pressão → congestão → edema

Ooforite
● Ooforite – rara, secundária à inflamação das tubas
uterinas (Doença inflamatória pélvica)

Síndrome dos ovários policísticos


● Distúrbio ENDÓCRINO e metabólico, comum de mulheres na idade reprodutiva (até 10%) – mais
frequente em jovens
● Não há uma causa bem definida, mas sim diversas condições que cursam com os sinais e sintomas
dessa síndrome, cuja fisiopatogenia permeia:
● Produção aumentada de andrógenos no ovário (células da teca), ou reduzida conversão para
estradiol pelas células da granulosa (aromatase)
● Desregulação da produção de hormônios na hipófise (↑LH e ↓FSH) → alteração no desenvolvimento
dos folículos
○ Mais LH → mais andrógeno circulante
● Resistência periférica à insulina – impacto no controle de gonadotrofinas, estímulo das células da teca,
redução na produção da SHBG (Proteína ligadora de hormônios sexuais)
● Hiperandrogenismo e resistência à insulina
○ Um agrava o outro
○ Não se sabe onde o problema começa
● Dislipidemia → resistência à insulina
● Tratamento: controle de andrógeno e insulina
● Resistência à insulina: receptores não respondem e não conseguem colocar glicose para dentro da
célula, assim se produz mais insulina → alta quantidade circulante
● Adrógeno que apesar de circulante está com uma proteína que não deixa ele ter ação
○ Andrógeno livre
● Melhorar qualidade de vida
○ Atv física
Hiperandrogenismo: desregulação de LH e FSH → excesso de produção ou nao conversão dos andrógenos

Risco de desenvolver câncer de mama e de endométrio

Diagnóstico historicamente baseado em diferentes critérios clínicos (critério de Rotterdam):


● Oligomenorreia ou anovulação crônica
● Hiperandrogenismo
● Ovários policísticos ao ultrassom

É importante a exclusão de outras causas desse sinais (hipotireoidismo, Síndrome de Cushing) e o controle
deve ser realizado devido maior risco de adenocarcinoma endometrial (estrógeno sem contraposição da
progesterona)
Neoplasias Ovarianas

Generalidades
● Frequentes, podem ser benignas, malignas ou borderline (malignidade intermediária)
○ 5º lugar de câncer nas mulheres
● Normalmente é diagnóstico tardio, pois demoram para ter manifestações clínicas.
○ Maioria benigna (80%) - 20 a 45 anos de idade
○ Malignas – 45 a 65 anos – Alta letalidade (diagnóstico tardio)
● Estimativa de casos novos: 6.650 (2020 - INCA)
● Número de óbitos: 3.879 (2017 - SIM)
● Origem de acordo com a frequência:
○ Origem do epitélio superficial (65-70%)
○ Origem de células germinativas (15- 20%)
○ Origem do estroma e cordão sexual (5-10%)
○ Metástases (5% - Tumor de Krukenberg – células em anel de sinete – diferencial de tumores
mucinosos)
● Marcadores tumorais – CA-125 (epiteliais), AFP, Beta-hCG (germinativos)

Fatores de risco
● Histórico familiar
○ Associado à mutações nos genes BRCA1 e BRCA2
○ Maior risco de desenvolvimento de câncer de ovário e mama
● Outros fatores genéticos
○ HER2
○ PTEN
○ BRAF
○ KRAS
● P53
● Nuliparidade
● Fator protetor
○ Uso de contraceptivos orais

Neoplasias epiteliais benignas de ovário


● Compõem 80% das neoplasias

Cistadenoma seroso de ovário


● Neoplasia benigna de origem epitelial
● Faixa etária reprodutiva (30 – 40 anos)
● Normalmente assintomático (depende do tamanho)
● Geralmente císticos, conteúdo seroso, superfície lisa,
podem ser multiloculados
● Tamanho variados
○ Só causam manifestações quando estão muito
grandes
○ Pode provocar torção do ovário, ventre cheio,
comprimir intestino e bexiga.
■ Incontinência
● Apresenta cavitações
Cistadenoma mucinoso de ovário
● Neoplasia benigna de origem epitelial
● Qualquer faixa etária, média de 45 anos
● Geralmente císticos e multiloculados, revestidos
por epitélio mucossecretor → conteúdo
mucinoso
● Podem atingir grandes dimensões

Modelo Teórico de Neoplasias Malignas

- TIPO I
● Cistadenocarcinoma de baixo grau
● A partir de um tumor borderline
● Mutações de KRAS (+mucinoso) e BRAF, PTEN (endometrioide)
● Crescimento mais lento

- TIPO II
● Cistadenocarcinoma de alto grau
● Associado ao carcinoma seroso intraepitelial tubário (CSIT)
● Mutações no TP53 – até 100%
○ Células da tuba uterina que caem no ovário e geram adenomas
○ Pode acontecer de cair no peritônio também
● Mais agressivos, pior prognóstico
● Mutações nos genes BRCA1/2 – 17%
● Resistência à quimioterapia com cisplatina

Cistadenoma seroso de ovário


● Mais comum neoplasia maligna de
origem epitelial do ovário
● Pode ser do tipo I ou tipo II
● Faixa etária mais avançada
(acima dos 50 anos)
● Podem causar dor pélvica, ascite
(implante na cavidade peritoneal)
● Podem ser bilaterais (60%)
● Projeções papilares - histologia
● Disseminasse na cidade do peritônio, causando dor e formação de ascite.
Cistadenoma mucinoso de ovário
● Aumento do volume abdominal
● Faixa etária 35 – 45 anos
● Menos agressivos do que os serosos
● Implantes peritoneais – pseudomixoma peritonei (pode
ter origem de outros tumores mucinosos)

Neoplasias de células germinativas


● Teratomas
○ Maduros (benignos)
○ Imaturos (malignos)
● Disgerminomas
○ Células germinativas
● Coriocarcinoma
○ Marcador: Beta-hCG
● Tumor do seio endodérmico
○ Marcador: AFP

Teratoma
● Teratoma cístico maduro
● Neoplasia benigna frequente
● Idade reprodutiva (média 30 anos)
● Menor idade
○ Maior chances de ser maligno (imaturo – linhagem
neuroectodérmica)
● Cístico, parede fibrosa, presença de pelos, cartilagem, ossos,
dentes
● Struma ovarii – tecido tireoidiano (funciona– hipertireodismo)
● tumor de células germinativas maligno

Disgerminoma
● Crianças e jovens
○ Pode ocorrer em adultos
também
● Lesão sólida, lobulada, coloração
● brancacenta ou acastanhada
● Células grandes, arredondadas,
formando massas e ninhos divididos por
septos fibrosos
○ Lembra células germinativas
● Sensível à radioterapia
○ Tratamento bom se diagnosticado cedo
Tumores do estroma e cordões sexuais
● Podem ser neoplasias funcionais
○ Produzir hormônios e marcadores
○ Produzem estrógeno → hiperestrogenismo
■ Sempre investigar mulher com hiperestrogenismo
● Mais frequentes na idade adulta, mas podem ocorrer em qualquer idade
● Tumor de células da granulosa
○ Produzem também inibina (marcador)
● Tumor de células da teca (Tecoma)
○ Grande quantidade de estrógeno
● Luteomas
○ Pode ocorrer durante a gestação e normalmente regride após a mesma
● Fibromas
● Tumores de Sertoli-Leydig (Androblastoma)– produção de andrógenos
● (masculinizante)

Tumor de células da granulosa


● Corpúsculos de de Call-Exner
○ Lembram folículos organizados
● Não é tão frequente
● Produzem inibina
○ Facilita diagnóstico
● Volumoso, lobulado, coloração amarelada

Tecoma
● Coloração amarelada (lipídeos)
● Funcionantes (estrógenos)
● Células da Teca

Fibroma
● Esbranquiçado, firme
● Não funcionante
● Fazem Síndrome de Meigs)
○ Leva a ascite e derrame pleural
○ Ainda não se tem explicação

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