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Ginecologia
e Obstetrícia
20
Sangramento uterino anormal
Sangramento uterino anormal 361
Pólipo endometrial
SE LIGA!
ou endocervical
Lembre-se de afastar contraindica- São lesões de glândulas e estroma
ções para o uso de hormônios. endometrial projetadas na cavidade ute-
rina. Prevalência de 10% das mulheres,
sendo maior em pacientes com mais
de 40 anos.
Antifibrinolítico (ácido tranexâmico)
A maior parte é assintomática. Quando
Mulheres com fluxo menstrual au- os sintomas aparecem, podem causar
mentado podem ter ativação do sistema quadros de SUA e até infertilidade (de-
fibrinolítico na menstruação, gerando vido à distorção da cavidade uterina). A
degradação do coágulo formado para menor parte tem características malignas
conter o sangramento. Logo, medicamen- ou atípicas. Esse risco aumenta nas
tos que inibem a fibrinólise contribuem mulheres pós-menopausadas.
para a redução do sangramento. O ácido Pólipos endocervicais podem ser
tranexâmico é frequentemente indicado, visualizados ao exame especular. A
sendo usado de 3 a 4 vezes por dia. lesão, na maioria das vezes, pode ser
retirada com auxílio de pinças adequadas
AINE (Anti-inflamatório não esteroidal)
ambulatorialmente.
Esses medicamentos inibem a ciclo- Para pólipos endometriais, USG pél-
-oxigenase. O aumento da inflamação vica ou transvaginal fornecem imagens
endometrial se associa a maior fluxo sugestivas. A histeroscopia diagnóstica
hemorrágico e menstrual, o que explica (ambulatorial) pode ser realizada para
o uso de anti-inflamatórios para conter confirmar a presença do pólipo através
o SUA. de visualização direta e magnificada de
O mais estudado é o ácido mefenâmi- toda a cavidade endometrial.
co, com redução de 25% a 50% do volume
de sangramento. Os efeitos colaterais Tratamento
mais frequentes são os gastrintestinais, Histeroscopia cirúrgica com ressec-
não sendo indicados em mulheres com ção do pólipo (peça encaminhada para
histórico de úlcera. análise histológica). A curetagem ute-
Vamos agora analisar todas as causas rina, por não permitir a visualização da
de Sangramento Uterino Anormal. cavidade uterina ou do pólipo, NÃO deve
ser empregada.
366 Temas em Ginecologia e Obstetrícia
Figura 3. Histeroscopia.
Fonte: O autor.
Fonte: O autor.
Fonte: O autor.
Sangramento uterino anormal 367
dos miomas são mais raros. No exame, eles podem ser do tipo compressivos
o achado é o útero aumentado ou normal (raros: insuficiência renal pós-renal
(depende do tamanho e da posição). por compressão ureteral, constipação
intestinal).
Classificação • Intramural – fica no miométrio, mas
De acordo com a posição em rela- pode ter componente subseroso e/
ção às camadas uterinas em que se ou submucoso. Pode levar a quadros
encontram, os miomas podem ser clas- de SUA e dismenorreia.
sificados em: • Submucoso – fica em íntimo contato
com a cavidade endometrial. É o mais
• Subseroso – é o mais “externo”, ficando sintomático, levando a quadros de SUA.
abaixo da serosa uterina (peritônio Por distorcer a cavidade endometrial,
visceral do útero). Geralmente, é o me- também é associado a quadros de
nos sintomático. Quando há sintomas, infertilidade.
Outra classificação dos tipos de mio- se pede nas provas, mas, dependendo
mas em relação à sua posição é a da FIGO do tamanho, pode se indicar abordagem
(Federação Internacional de Ginecologia e laparoscópica/laparotômica com mio-
Obstetrícia). Apesar de, infelizmente, ainda mectomia ou histerectomia.
ser pouco utilizada, é ótima para nos ajudar Outros tratamentos: análogos de GnRH,
a definir possíveis condutas cirúrgicas. como gosserelina (simulam uma pseudome-
nopausa), podem diminuir o volume dos mio-
Exames mas e, por reduzir o SUA, tendem a melhorar
USG pélvico (transvaginal) é funda- os níveis de Hb/Htc, sendo medicamentos
mental para a avaliação inicial. Outros muito interessantes na rotina pré-operatória
exames que podem ser solicitados: RM de pacientes com anemias graves. Porém, o
de pelve, TC de pelve, histeroscopia (para estado de pseudomenopausa também gera
os miomas submucosos). A depender da muitos sintomas e efeitos adversos, não
intensidade do SUA, podemos solicitar sendo adequado manter em uso prolongado.
Hb/Htc. Outro método realizado em centros
especializados é a embolização de arté-
Tratamento rias uterinas. Microesferas são injetadas
via radiologia intervencionista, com o
Deve ser individualizado e vai depen-
intuito de obstruir vasos que nutrem os
der dos sintomas, localização, idade e
miomas, levando à isquemia e necrose.
desejo reprodutivo.
Porém, podem levar à falência ovariana
O tratamento clínico (maioria) com
prematura (parte da perfusão ovariana
hormônios (pílulas combinadas, proges-
advém de vasos uterinos).
terona), antifibrinolítico e/ou AINE visa ao
controle do sangramento. Essas medidas
Malignidade
não reduzem o volume dos miomas!
A cirurgia pode ser realizada quando Referem-se a hiperplasias de en-
há falha de tratamento clínico. Outra in- dométrio, câncer de endométrio,
dicação seriam quadros de infertilidade. leiomiosarcoma.
É importante avaliar se há desejo repro-
dutivo. Se sim, deve-se ressecar apenas
os miomas (miomectomia). 4. Coein
O tratamento ideal da maior parte dos
miomas submucosos é por histeroscopia Atenção: vale um adendo para o ter-
cirúrgica. É o tratamento que geralmente mo “sangramento uterino disfuncional”.
370 Temas em Ginecologia e Obstetrícia
O termo vem sendo abandonado, mas, lúteo, com ciclos anovulatórios. A maior
quando usado, refere-se aos quadros parte não tem uma causa bem defini-
de SUA em que nenhuma causa tenha da. Endocrinopatias podem ser causas
sido encontrada. Na classificação atual, dessa categoria: SOP, hipotireoidismo,
geralmente enquadram-se as causas O hiperprolactinemia. Além delas: estres-
e E do COEIN. se, obesidade, anorexia, perda de peso,
atividade física excessiva, extremos de
Coagulopatia idade, logo após a menarca (imaturidade
Sintomas como epistaxe, gengivorragia do eixo) e na transição menopausal, e
e equimoses devem levantar a suspeita drogas que agem no metabolismo da
de coagulopatias, sendo a doença de Von dopamina.
Willebrand a mais comum delas (o fator
Endometriais
de Von Willebrand – vWF – é necessário
para a agregação plaquetária). Esse Desordem do endométrio, alterando
diagnóstico geralmente é realizado nos mecanismos que regulam a homeostase
primeiros anos após a menarca, que é o endometrial. Diminuição da produção de
primeiro grande desafio para o sistema vasoconstritores, aumento da produção
de coagulação da mulher. Exames iniciais de vasodilatadores.
incluem contagem de plaquetas, tempo
de protrombina, tempo de tromboplastia Iatrogênico
parcial ativada e antígeno vWF. O trata- Sangramento uterino anormal de-
mento pode ser feito com Desmopressina; corrente do uso de anticoncepcionais
Anti-Fibrinolíticos; Estrogênio; fator de hormonais orais (podem gerar spotting,
vW recombinante, a depender do grau sangramentos imprevisíveis em borra de
da doença e controle do sangramento. café) e também após inserção de DIU
Sangramento por uso de anticoagu- (habitualmente o DIU de cobre, mas pode
lantes também entra nessa categoria. ocorrer spotting com o DIU hormonal de
levonorgestrel).
Disfunção ovulatória
Sangramento imprevisível no tempo Não classificadas ainda
e também no fluxo. Aqui entra a maior Causas raras ou não bem definidas
parte dos “sangramentos disfuncionais”. na literatura, como malformação arterio-
Há uma ausência da produção cíclica venosa uterina e hipertrofia miometrial.
e previsível de progesterona pelo corpo
Sangramento uterino anormal 371
Referências
1. Hoffman BL et al. Ginecologia de Williams. Bleeding. Rev Bras Ginecol Obstet. 2017;
2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. 39: 358-68.
2. Munro MG, Critchley HO, Broder MS, Fra- 4. Halimeh S. Menorrhagia and bleeding
ser IS; FIGO Working Group on Menstrual disorders in adolescent females. Hamos-
Disorders. FIGO classification system taseologie. 2012; 32(1): 45-50.
(PALM-COEIN) for causes of abnormal 5. Higham JM, O’Brien PM, Shaw RW. As-
uterine bleeding in nongravid women of sessment of menstrual blood loss using
reproductive age. Int J Gynaecol Obstet. a pictorial chart. Br J Obstet Gynaecol.
2011; 113(1): 3-13. 1990; 97(8): 734-9.
3. Benetti-Pinto CL, Rosa-E-Silva Acjs, Ye-
al Da, Soares Jr Jm. Abnormal Uterine
SANGRAMENTO
UTERINO ANORMAL
Principais causas de sangramento
uterino anormal na menacme Idade Reprodutiva
C oagulopatia Excluir Gestação
P ólipo O vulatória Causas Investigação
Causas NÃO
A denomiose anatômicas E ndometrial anatômicas Anamnese, EF,
estruturais estruturais
L eiomiose I atrogênica Ex. complementares,
hormonais e definitivos
M alignidade e Hiperplasia N ão classificadas
Anamnese Exame Físico β-HCG
Excluir Gestação Estado geral/ sinais vitais, Primeiro exame lab
DUM, atividade sexual e contracepção Abd, exame especular, no sangramento
toque vaginal e outros sinais uterino anormal na
Tempo de história, ciclos menstruais,
menacme
sintomas associados, comorbidades Exames Complementares
e medicações.
β-HCG, Hemograma Coagulopatias
TRATAMENTO e USG Pélvico
Investigar em pacientes
Fase Aguda Coagulograma, TSH, PRL, Exs jovens com SUA + epistaxes
Hormônios, Anti-Fibrinolítico e AINE p/ SOP, RNM e histeroscopia e hematomas
Causas + comuns
Hormônios Estrogênio, Uso de
Progesterona e E + P. (verificar anticoagulantes
contraindicações ao E)
Ovulatória Doença de von
Anti-Fibrinolítico ácido tranexâmico:
Fibrinólise Sangramento Sangramento imprevisível : Willebrand
AINE Prostaglandinas Sangramento Fluxo e duração
fator vW
Endometrial e Agregação
DIU de cobre Anovulação Crônica plaquetária
Homeostase
+ assoc. sang. Xcorpo lúteo
Endometrial Quadro clínico
Uterino anormal Xprogesterona
Prostaglandinas, 1ºs anos após
e dismenorreia Endométrio estrogênico
vasoconstritores e menarca, epistaxe,
instável Sangramento
vasodilatadores hematomas e
Não uterino anormal
Classificadas gengivorragia
Não usar termo Causas
Causas Raras Sangramento Exames
SOP, hipotireoidismo,
Ex. MAV disfuncional Plaquetas, TP/ TTPA
hiperprolactinemia,
Uterina Causas O-E e fator de vW
obesidade/estresse, extremos
Iatrogênica da menacme e drogas que Tratamento
agem na DOPA Desmopressina,
Hormônios e DIU
Anti-Fibrinolíticos,
Tratamento Estrogênio e fator de
Hormônios, Anti-Fibrinolíticos e Tto da doença de base vW recombinante
SANGRAMENTO
UTERINO ANORMAL
Pólipo Adenomiose
10% mulheres em > 40 anos Aumento difuso e global do útero dismenorreia e SUA
DX Definitivo histologia e Endométrio ectópico Miométrio
excluir malignidade. 20 – 35% das mulheres na menacme + associada com paridade.
Malignidade Pós-menopausa Assintomáticas, dismenorreia, sangramento uterino, dor
e sangramento. pélvica crônica, dispaneuria e infertilidade.
EF Normal ou útero com aumento difuso e dor à palpação
TTO Histeroscopia Cirúrgica
Avaliação da cavidade endometrial Tratamento DX Definitivo
e estudo histológico. Histologia. DX
Clínico Controle dos
presuntivo – Exs de IMG.
Leiomioma sintomas Contraceptivos
Hormonais, DIU de
Tumor benigno monoclonal levonorgestrel, AINE, antifibri- Investigação USG TV
células de músculo liso nolítico e análogos de e RNM. volume
Dependem de hormônios GnRH. uterino difuso,
Estrogênio e progesterona. miométrio heterogêneo,
70-80% das mulheres e + áreas císticas e zona
Cirúrgico Histerectomia
comum em negras juncional espessada.
Falha do TTO clínico.
Classificação
Dentro
DX Definitivo histologia Dx presuntivo –
Exs de IMG
Investigação USG pélvico, RNM e
Quadro clínico Assintomáticas (70%), histeroscopia.
sangramento uterino anormal + comum,
dismenorreia, infertilidade, massa pélvica
e sintomas compressivos. Miomas + Mioma submucoso
Submucoso + sangramento associados com histeroscopia cirúrgica.
e infertilidade infertilidade
EF normal ou útero Submucoso Outros TTOs análogos de
GnRH ou embolização de art.
Tratamento Uterinas (cuidado com
Controle dos sintomas insuficiência ovariana)
Individualizado Sintomas, Contraceptivos hormonais,
local dos miomas, idade e anti-fibrinolíticos, AINE e
desejo reprodutivo. Cirúrgico miomectomia ou
análogos de GnRH (reduzir
Assintomáticas + mioma histerectomia.
sangramento e não pode
pequeno seguimento Vias laparoscopia,
deixar por muito tempo)
clínico. laparotomia e histeroscopia.
374
PALM – COEIN
Se exames negativos,
seguir a investigação
Caso clínico
Laura, 33 anos, casada, G1P0A1. Há cerca de 1 ano tem aumento de volume de
sangramento e duração das menstruações, além de muitas dores. Percebe também
polaciúria, redução da capacidade vesical e incontinência urinária de esforço. Ao
exame clínico, além de sinais evidentes de anemia, ela apresenta aumento volu-
métrico do útero, que está irregular.
Tarefa
• Termine o atendimento da paciente, dê o diagnóstico e respectiva conduta.
Checklist
Parcialmente
Adequado Inadequado
adequado
1 Sem restrição
Use o método
2 Benefícios superam riscos
4 Risco inaceitável
Fonte: WHO4.
Trombofilia conhecida
Hipertensão arterial sistêmica descompensada (sistólica ≥ 160 mmHg ou diastólica ≥ 100 mmHg)
Múltiplos fatores de risco para DCV (idade avançada, tabagismo, DM, HAS)
Enxaqueca sem aura + idade > 35 anos para continuar em uso do AHC
Diabete mellitus complicada com nefropatia, retinopatia ou outra vasculopatia ou mais de 20 anos de doença
Puérpera não lactante, com fator de risco para TVP, nos primeiros 21 dias
Fonte: WHO4.
• Condom/Preservativos/Camisinha: São
• Tabelinha: Dos métodos comportamen-
estruturas de látex ou poliuretano que
tais, aquele que com mais frequência é
recobrem o pênis ou a vagina, coibindo
cobrado em provas é este! Nesse mé-
o contato do espermatozoide com o
todo, a mulher deve registrar a duração
canal vaginal. O preservativo masculino
do seu ciclo menstrual por, no mínimo,
deve ser colocado durante o intercurso
seis meses, observando a diferença
sexual, com o pênis ereto, e o pênis deve
entre o ciclo mais longo e o mais curto.
ser retirado da vagina logo após a ejacu-
Caso essa diferença seja muito grande
lação, evitando assim que o conteúdo
(superior a 10 dias), o método não pode
espermático escape do preservativo com
ser utilizado. Subtrai-se 18 do ciclo
a diminuição da ereção. O preservativo
mais curto e 11 do ciclo mais longo,
feminino pode ser inserido até 8 horas
encontrando então o período fértil da
antes da relação sexual.
mulher (período em que o casal deve
permanecer em abstinência sexual).
• Lactação: Outro método compor- SE LIGA!
tamental que você provavelmente
verá em alguns exames e as vezes O uso de condom deve ser encoraja-
no cotidiano. Pois, além de não ter do a todos os casais, pois, além de
custos, promove inúmeros benefícios bastante eficaz, é o único método que
para a mulher e para o bebê. Além oferece proteção contra infecções
disso, o método não tem contraindi- sexualmente transmissíveis. A única
cações, desde que a amamentação contraindicação é a alergia ao látex,
seja exclusiva. No entanto, sabe-se no caso do preservativo masculino.
382 Temas em Ginecologia e Obstetrícia
Mastalgia Fadiga
Irritabilidade Acne
Dispositivos intrauterinos
SE LIGA!
Os dispositivos intrauterinos constituem,
No Brasil, o implante subdérmico
junto com o implante subdérmico, o grupo
disponível (Implanon) é uma haste
de métodos contraceptivos reversíveis de
de acetato de etileno medicada com
longa duração (LARC). No Brasil, há clas-
68 mg de etonogestrel, que deve ser
sicamente dois dispositivos disponíveis:
inserida por profissional habilitado
no membro superior não dominante
• DIU de Cobre e DIU de levonorgestrel
da paciente em qualquer momento
(progesterona) 20 mcg (Mirena). Ambos
do ciclo menstrual, desde que haja
NÃO são anovulatórios e têm ação local,
a certeza da ausência de gravidez
tornando o ambiente inóspito para esper-
(em geral, recomenda-se associar
matozoides e óvulos, além de interferirem
um método de barreira nos próximos
Planejamento familiar 385
Referências
Contracepção de emergência
Levonorgestrel 1,5mg dose única ou 12/12h Contraindicações
+ usado
Até 5 dias após a relação ideal em até 72h,
quanto antes metlhor! DIU de cobre: Alterações da cavidade
endometrial, DIP atual, 48h a 4 semanas após
Dispositivos Intrauterinos o parto, Sangramento uterino inexplicado.
Fluxograma
Método reversível de curta ação Método reversível de longa ação Método definitivo (Cirúrgico)
Avaliar contraindicação
Avaliar contraindicações ao
ao Hormonal Combinado Avaliar condições necessárias
Progestagênio Isolado (SIU-
(COC, Adesivo, Anel Vaginal para procedimento
LNG e Implante) e ao DIU
ou Injetável Mensal)
Se contraindicação ao
progestagênio: optar por
método de Barreira ou
sugerir uso de DIU-Cu
390 Temas em Ginecologia e Obstetrícia
Figura 1. Dispositivos.
Caso clínico
Você está no ambulatório de GO e recebe uma paciente primigesta de 36 se-
manas que vem tirar dúvidas sobre a anticoncepção pós-parto.
Checklist
Complete a anamnese respondendo as perguntas da paciente:
Adequado Inadequado
5. Vacinação
6. Alterações do exame
A vacinação é prevenção primária!
citopatológico do
É constituída por partículas de vírus
colo de útero
Figura 1
Figura 3.
Figura 7. Colposcopia anormal – 1) área acetorreagente. 2) área iodo negativo ou Schiller positivo.
Fluxograma 1: ASCUS
402 Temas em Ginecologia e Obstetrícia
Fluxograma 2: ASC-H
Fonte: Diretrizes brasileiras para o rastreamento do cancer do colo do utero / Instituto Nacional de
Cancer Jose Alencar Gomes da Silva. Coordenacao de Prevencao e Vigilancia. Divisao de Deteccao
Precoce e Apoio a Organizacao de Rede. – 2. ed. rev. atual. – Rio de Janeiro: INCA, 2016.
406 Temas em Ginecologia e Obstetrícia
Estágio I:
O carcinoma é totalmente restrito ao cérvix uterino (extensão para o corpo deve ser desconsiderada).
IA Carcinoma invasivo que pode ser diagnosticado pela microscopia, com invasão máxima < 5mm*.
IA1 Invasão do estroma <3mm em profundidade
IA2 Invasão do estroma >3mm e <5 mm em profundidade
IB Carcinoma invasivo com invasão do estroma mais profunda que 5 mm
(maior que o estágio IA), lesão limitada ao cérvix uterino.**
IB1 Carcinoma invasivo >5 mm em profundidade de invasão do estroma e <2 cm na maior dimensão.
IB2 Carcinoma invasivo >2 cm e <4cm na maior dimensão.
IB3 Carcinoma invasivo > 4cm na maior dimensão.
Estágio II:
O carcinoma invade além do útero, mas não ultrapassa o terço inferior da vagina ou da parede pélvica.
II A Envolvimento limitado dos terços superiores da vagina, sem acometimento do paramétrio.
IIA1 Carcinoma invasivo < 4cm na maior dimensão.
IIA2 Carcinoma invasivo > 4cm na maior dimensão.
IIB Há envolvimento do paramétrio, mas não da parede pélvica.
Estágio III:
O carcinoma acomete o terço inferior da vagina, e/ou se extende até a parede pélvica, e/ou causa
hidronefrose ou disfunção renal ou acomete linfonodos pélvicos ou para-aorticos***.
IIIA O carcinoma acomete o terço inferior da vagina, não atinge a parede pélvica.
IIIB Há extensão até a parede pélvica e/ou hidronefrose ou disfunção renal (excluindo outras causas).
IIIC Envolvimento dos linfonodos pélvicos e ou para-aorticos, independente do tamanho ou extensão do tumor.
IIIC1 Metástase acometendo apenas linfonodos pélvicos.
IIIC2 Metástase acometendo linfonodos para-aorticos.
HPV e câncer de colo uterino 409
Estágio 4:
O carcinoma se extende além da pelve verdadeira ou já acometeu a mucosa da bexiga ou do reto (comprovado
por biópsia). Edemas de outras origens não permitem categorizar o acometimento como estágio IV.
IVA Acometimento de órgãos adjacentes.
IVB Metástase para órgãos distantes.
* Exames de imagem e patologia podem ser utilizados, quando disponíveis, para complementar
informações sobre tamanho e extensão do tumor em todos os estádios.
** O envolvimento linfático ou vascular não altera o estadiamento. A
extensão lateral da lesão também não é mais considerada.
*** Exames de imagem (r) ou patologia (p) devem ser indicados para classificação em subtipos
do estágio IIIC. Por exemplo, se exames de imagem indicarem metástase para linfonodo
pélvico, a classificação deve ser IIIC1r, e, se confirmado pelo exame patológico, deve ser
IIIC1p. O tipo de exame de imagem e a técnica do exame patológico utilizados sempre devem
ser documentados. Em caso de dúvida o estágio mais baixo deve ser atribuído.
Fonte: Adaptado de Bhatla N, Aoki D, Sharma DN, Sankaranarayanan R. Cancer of the cervix uteri.
Int J Gynaecol Obstet. 2018 Oct;143 Suppl 2:22-36. doi: 10.1002/ijgo.12611. PMID: 30306584.
IB3 >4cm
3-5mm
5mm – 2cm 2cm – 4cm
Estádio II
Histerectomia radical
IIA2 / QRT Nesse tipo de histerectomia, remo-
IIB / QRT vem-se o colo uterino, o corpo do útero, a
IB3 / QRT parte da vagina proximal e os paramétrios
IIIC / QRT
bilaterais. Essa técnica ainda envolve
a dissecção de linfonodos pélvicos.
Estádio III
Como os ovários não são fator de risco
IIIA / QRT.
para o câncer de colo uterino, podem
IIIB / QRT.
ser preservados (exceto nos casos de
Estádio IV
adenocarcinoma ou células claras, em
IVA / QRT. que os ovários devem ser removidos
IVB / QRT paliativa. devido ao maior risco de metástase).
Fonte: Adaptado de Bhatla N, Aoki D, Sharma DN,
Sankaranarayanan R. Cancer of the cervix uteri.
Int J Gynaecol Obstet. 2018 Oct;143 Suppl 2:22-
36. doi: 10.1002/ijgo.12611. PMID: 30306584.
Tratamento sistêmico
A base do tratamento é a radioterapia
propriamente dita, tanto pélvica externa
(teleterapia) quanto braquiterapia. A
quimioterapia é baseada em cisplatina
concomitante à radioterapia e tem como
função somente a potencialização do
efeito da radioterapia.
Mesmo nos casos em que houve indi-
cação cirúrgica, pode existir necessidade
de realização de terapia adjuvante com
radioterapia.
As principais complicações são de-
rivadas da ionização da vagina (retite e
cistite actínica), fístulas e atrofia vaginal,
levando à disfunção sexual.
HPV E CÂNCER DE
COLO UTERINO
COLO DO ÚTERO HPV
Achados citológicos
Achados citológicos normais em 2 exames
anormais anuais consecutivos
Temas em Ginecologia e Obstetrícia
Rastreio a
cada 3 anos
significado indeterminado
Repetir Repetir
citologia citologia
em 03 anos em 06 meses
HPV e câncer de colo uterino 417
Caso clínico
Paciente, 28 anos, tem relacionamento parceiro único há um ano e vida sexual ativa
desde então. Vem para consulta de rotina. Nunca realizou exame de Papanicolau.
Tarefa
Colete a colpocitologia oncótica desta paciente.
Parcialmente
Adequado Inadequado
adequado
Solicitou espéculo.
Marca de mordida,
Externa equimose por sucção,
equimose e escoriação
Cervical
Trauma laríngeo, alteração
Interna na voz (rouquidão, disfonia)
e dificuldade de deglutição
Equimose (especialmente
nos antebraços e mãos);
Membros superiores
lesões de defesa, escoriação,
edema traumático e fraturas
Equimose, escoriação,
Mãos
edema traumático e fratura
Equimose (especialmente
nas faces mediais das
Membros inferiores coxas); lesões de defesa,
escoriação, marca de mordida
e edema traumático
Equimose, escoriação,
Anal edema traumático,
laceração e dilatação
Fonte: O Autor
deverão ser numerados pela ordem • Vestes e objetos com possível presen-
de coleta, sendo que o 1° e 2° serão ça de sêmen e/ou fluidos biológicos:
destinados para exame de DNA e o Se for constatada ou houver relato
3° e 4° deverão ser destinados para de presença de sêmen e/ou outros
teste de triagem para a detecção de fluidos biológicos com vestes e/ou
sêmen e pesquisa de espermatozoides. objetos trazidos pela vítima, estes
• Sêmen, secreções e/ou fluidos depo- deverão ser coletados.
sitados na pele ou em outras regiões • Células da mucosa oral: O material co-
do corpo: Nessas situações, o proce- letado da mucosa oral da vítima servirá
dimento será o mesmo anteriormente como padrão genético de comparação
mencionado, com a utilização de swab com o vestígio encontrado no seu
previamente umedecido com soro corpo. A coleta deverá ser realizada
fisiológico 0,9%. Os swabs deverão utilizando-se, pelo menos, dois swabs
ser passados levemente na região esterilizados, de haste longa e flexível.
onde puder ser visualizado o mate- O procedimento consiste em friccionar
rial ou, se não houver a visualização, o swab contra as paredes internas de
onde houver o relato de deposição cada bochecha em movimentos gira-
de material. Caso a coleta ocorra tórios nas superfícies. Recomenda-se
na cavidade oral, não é necessário que se friccione o mesmo swab dez
umedecer previamente o swab. vezes em cada uma das bochechas.
• Vestígio subungueal: Em casos de
suspeita ou relato de luta corporal O armazenamento dos swabs de-
entre a vítima e o agressor, deverá verá ser feito sob congelamento em
ser coletado material subungueal dos embalagens plásticas apropriadas às
dedos da vítima a fim de se buscar condições de temperatura e umidade
detectar material biológico do agres- que impeçam extravasamentos. Caso
sor. A coleta deverá ser realizada não seja possível o congelamento ime-
utilizando-se, pelo menos, dois swabs diato, o armazenamento deverá ser feito
esterilizados. sob refrigeração (média de 4° C) por, no
• Cabelo e pelo: Se durante o exame máximo 48 horas, e, após esse período,
físico for constatada a presença de deverão ser congelados.
cabelo(s) e/ou pelo(s) com carac- O armazenamento do material cole-
terísticas diferentes dos da vítima, tado exige mecanismos de segurança
o médico deverá coletá-lo com a apropriados. Apenas pessoal autorizado
utilização de pinça esterilizada. deve ser encarregado do material. Como
428 Temas em Ginecologia e Obstetrícia
Posologia
15 mg/kg/dia, divididos
500 mg, 4 comprimidos, VO,
Tricomoníase Metronidazol* em 3 doses/dia, por 7 dias
dose única (dose total 2 g)
(dose diária máxima 2 g)
Na indisponibilidade da Na indisponibilidade da
TDF + 3TC
apresentação coformulada: apresentação coformulada:
Fonte: Brasil.
2
0,75 mg de
levonorgestrel
Oral 2 comprimidos Dose única
por comprimido
LEVONORGESTREL
Primeira escolha
1,5 mg de
levonorgestrel Oral 1 comprimido Dose única
por comprimido
Profilaxia de tétano
Incerta ou menos
Sim Não Sim Sim
de 3 doses
3 doses ou mais,
última dose há Não Não Não Não
menos de 5 anos
3 doses ou mais,
última dose há Sim Não Sim Não
mais de 10 anos
(*) 5.000 unidades de SAT (soro antitetânico) via IM após realização do teste de sensibilidade.
Aos alérgicos ao SAT, indicar imunoglobulina humana dose única de 250 unidades.
Fonte: Brasil.2
pelo departamento IST/Aids que são 1. local, dia e hora aproximada do fato;
distribuídos pelo Ministério da Saúde. 2. tipo e forma de violência;
Deve-se realizar a testagem inicialmente 3. descrição dos agentes da conduta,
com um único teste rápido. Caso o resul- se possível; e
tado seja negativo, o diagnóstico estará 4. identificação de testemunhas, se
definido. Caso seja positivo, deverá ser houver.
realizado um segundo teste rápido para a A segunda fase dá-se com a inter-
conclusão do diagnóstico. É importante venção do médico, que emitirá parecer
destacar que a realização de um teste técnico após detalhada anamnese, exame
anti-HIV nos serviços de emergência físico geral, exame ginecológico, avalia-
deve ser feito após aconselhamento e ção do laudo ultrassonográfico e dos
consentimento verbal. demais exames complementares que
porventura houver.
Três integrantes, no mínimo, da equipe
de saúde multiprofissional subscreverão
Abortamento legal o Termo de Aprovação de Procedimento
de Interrupção de Gravidez, não podendo
A legislação brasileira permite a interrup- haver desconformidade com a conclusão
ção da gravidez em caso de estupro, risco do parecer técnico. A equipe de saúde
à vida materna (por exemplo, cardiopatia multiprofissional deve ser composta, no
cuja gestação potencialmente causaria mínimo, por obstetra, anestesista, enfer-
descompensação clínica grave) e gestantes meiro, assistente social e/ou psicólogo.
portadoras de fetos com anencefalias. A terceira fase perfaz-se com a assi-
natura da gestante do Termo de Respon-
Violência sexual sabilidade ou, se for incapaz, também de
seu representante legal.
Para os casos de violência, são ne-
A quarta fase se encerra com o Termo
cessárias quatro fases.
de Consentimento Livre e Esclarecido,
A primeira é o Termo de Relato Cir-
que obedecerá aos seguintes requisitos:
cunstanciado: deverá ser assinado pela
gestante ou, quando incapaz, também por
1. o esclarecimento à mulher deve ser
seu representante legal bem como por
realizado em linguagem acessível,
dois profissionais de saúde do serviço,
especialmente sobre:
e conterá:
Violência sexual e abortamento legal 433
Referências
Gonorreia Ceftriaxona
Metronidazol tem vários efeitos colaterais, entre
Infecção por eles náusea e êmese. A paciente vai receber
Azitromicina diversas outras medicações, pode ser postergado
clamídia
para quando terminar a profilaxia para o HIV,
Tricomoníase Metronidazol para não piorar o quadro.
VIOLÊNCIA SEXUAL E
ABORTAMENTO LEGAL
PROFILAXIA PARA TÉTANO
ABORTAMENTO LEGAL
“A legislação brasileira permite a interrupção
Há permissão legal para abortamentos da gravidez em caso de estupro, risco de vida
nos casos de violência sexual sem materna e em gestantes portadoras de
necessidade de qualquer fetos com anencefalia”.
documento ou alteração.
Profilaxia do HIV
PEP-HIV
não sim
Esquemas secundários:
Impossibilidade de TDF: Lamivudina (3TC) + Zi-
dovudina (AZT) e Dolutegravir (DTG).
Impossibilidade de DTG: Tenofovir (TDF) + Lamivudina
(3TC) + Atazanavir/Ritonavir (ATV/r) durante 28 dias.
*
Não está indicada se penetração oral sem ejaculação; Uso de preservativo durante toda agressão; Agressor HIV negativo;
Violência sofrida há > 72 horas; Abuso crônico pelo mesmo agressor. Individualizar decisão em caso de penetração oral com
ejaculação.
Violência sexual e abortamento legal 439
Caso Clínico
Você está no seu primeiro plantão no Pronto-Socorro de Ginecologia: plantão
de 12h e atende umas 2 fichas por hora.
Chega Carla, de 24 anos de idade, queixando-se de ter sofrido violência sexual.
Refere que foi um agressor desconhecido, que houve penetração vaginal e anal,
sem uso de preservativos, há cerca de 6 horas. Encontra-se consciente e orientada.
A paciente nega comodidades, desconhece seu status vacinal. Refere ciclos
menstruais regulares de 28 dias, e se encontra no 12° dia do ciclo, e não usa mé-
todos contraceptivos.
Exame Físico
• Geral: orientada, corada, anictérica, acianótica, hidratada, com escoriações leves
nos membros inferiores.
• PA 90 x 50 mmHg, FC 120 bpm, FR 24 icpm, Sat O2 97%.
• Ginecológico: discreta laceração com crosta sanguínea em grande lábio vulvar
esquerdo.
• Especular: bastante sangue coletado em fundo de saco. Após limpeza local,
viu-se sangramento ativo vindo de laceração de fundo de saco.
Tarefas
Parcialmente
Adequado Inadequado
adequado
Pré-eclâmpsia e suas
Hipertensão arterial
complicações Hipertensão
Hipertensão gestacional crônica com pré-
• Eclâmpsia arterial crônica
eclâmpsia sobreposta
• Síndrome HELLP
Fonte: O autor.
Fonte: Febrasgo9.
Irmã com PE
Irmã, mãe ou avó com eclâmpsia
Fonte: FEBRASGO9.
• nulíparas
• antecedente de PE, especialmente • obesas
se desfecho adverso • história familiar de PE
• gestação múltipla • idade maior que 35 anos
• diabetes tipo 1 ou 2 • desfecho adverso em gestação anterior
• doença renal • intervalo intergestações maior que 10 anos
• doença autoimune – lúpus, síndrome • pacientes afrodescendentes
do anticorpo antifosfolípide • pacientes com baixo nível socioeconômico
• história pessoal de baixo peso ao nascer ou PIG
O AAS deve ser iniciado entre 12-28 do fluxo plasmático renal, intensifica a
semanas (preferencialmente antes da 16ª natriurese e, consequentemente, diminui
semana de gestação) com o objetivo de os níveis de pressão arterial e melhora
circular antes da 2ª onda de migração o fluxo uteroplacentário.
trofoblástica na formação placentária, As gestantes com pré-eclâmpsia apre-
e deve ser mantido até 36 semanas. A sentam resposta vascular lábil perante as
suplementação de cálcio (1 g/dia) só alterações emocionais e, para diminuir as
tem evidência de reduzir risco de doença oscilações pressóricas, recomenda-se a
hipertensiva na gravidez nas pacientes sedação. Podem ser oferecidos calmantes
que têm baixa ingesta. naturais à base de passiflora incarnata
(Sintocalmy® 600 mg, VO, 1 vez ao dia ou
Tratamento 300 mg, VO, 12/12 horas), por exemplo,
O objetivo do tratamento é diminuir antes de serem prescritos psicotrópicos.
as complicações maternas, como AVC, A terapêutica medicamentosa da
e a morbimortalidade por eclâmpsia. hipertensão promove proteção materna
Sabemos que o tratamento definitivo e fetal, e deve ser iniciada quando as
é o parto, mas alcançar o controle da medidas anteriores forem insuficientes
doença reduz as taxas de prematuridade. para diminuir os níveis pressóricos e eles
O tratamento não medicamentoso se mantiverem maiores ou iguais a 150
inclui o afastamento das atividades mmHg em PAS e/ou 100 mmHg em PAD
profissionais, a redução dos afazeres em duas ou mais medidas.
domésticos e o repouso em decúbito A metildopa é a droga de primeira
lateral esquerdo, pois promove o aumento escolha, com dose inicial de 250 mg
Doenças hipertensivas na gestação 447
por via oral, duas vezes ao dia, com au- associada a sintomas e pode ser con-
mento de 250 a 500 mg/dia, até controle trolada com medicação via oral como
pressórico adequado (dose máxima a nifedipina
de 2 g/dia). Essa droga pode provocar Na emergência hipertensiva, quando o
hipotensão postural e, eventualmente, pico hipertensivo é associado a sintomas
aumento sérico das enzimas hepáticas e já existe lesão de órgão-alvo, a droga
(TGO e TGP). de escolha para redução imediata de
Como segunda opção, ou em caso de níveis pressóricos é a hidralazina EV, que
necessidade de associar outro hipoten- deve ser utilizada apenas em pressões
sor, a nifedipina, que é um bloqueador maiores ou iguais a 160 x 110 mmHg.
dos canais de cálcio, também pode ser
utilizada na dose de 20 a 60 mg/dia por Parto
via oral, em apresentação de liberação Gestantes diagnosticadas com PE e
lenta, em duas a três tomadas ao dia. abaixo de 34 semanas de gestação devem
Somente associa-se uma nova droga ser acompanhadas clinicamente com
quando se chega à dose máxima das o objetivo de reduzir a prematuridade
drogas que já estão em uso. No máximo, iatrogênica. A internação hospitalar deve
associam-se três drogas hipotensoras na ocorrer para todas as formas graves e
dose máxima. Na eventual necessidade para pacientes com formas leves e inca-
de introdução de uma terceira droga, pazes de manter seguimento semanal.
podem ser utilizados betabloqueado- Segundo orientações da ACOG, toda
res (metoprolol ou carvedilol) ou ainda paciente com idade gestacional ≥ 37
hidralazina por via oral. semanas, mesmo que nas formas leves,
A pré-eclâmpsia grave requer in- deve ser internada para monitorização
ternação imediata, vigilância clínica, e parto programado preferencialmente
tratamento com sulfato de magnésio e por indução ao trabalho de parto. As
resolução da gestação. Essa medicação pacientes com menos de 34 semanas
deve ser iniciada a partir do diagnóstico de gestação e PE grave podem ter a
de pré-eclâmpsia grave (somente grave) interrupção postergada caso o binômio
e mantida até 24 horas após o parto. permaneça em bom estado.
Quando o diagnóstico ocorre a partir
Conduta na Crise Hipertensiva
da 37ª semana, a recomendação é a
A urgência hipertensiva é quando há resolução da gestação através de parto
risco de lesão de órgão-alvo. Não está programado, cuja via será definida por
448 Temas em Ginecologia e Obstetrícia
indicação obstétrica. Essa conduta, ape- a paciente ou o feto fecharem algum dos
sar de controversa para as formas leves diagnósticos descritos no quadro abaixo,
de PE, é atualmente recomendada pela o parto deve ser realizado.
Febrasgo e ACOG. Se em algum momento
Síndrome HELLP
PA sem controle apesar das medicações Doppler venoso com onda A patológica
Cr sérica > 1,5 mg/dL ou oligúria (< 500 mL/ mL/24 h) Morte fetal
Fonte: FEBRASGO9.
Complicações
Vários exames laboratoriais servem
para fornecer o diagnóstico diferencial
e acompanhamento de complicações.
Clínica
Exames laboratoriais
Por ser uma entidade de caráter evo- eclâmpsia, eclâmpsia e síndrome HELLP. A
lutivo, pode complicar em 2 a 8% dos pré-eclâmpsia grave se caracteriza na pre-
casos e progredir para formas graves sença de uma ou mais das complicações/
de pré-eclâmpsia, como a iminência de condições mostradas no quadro abaixo.
Fonte: FEBRASGO9.
Eclâmpsia Tratamento
Ataque: 4 g EV
Zuspan
Manutenção: 1-2 g/h EV
Ataque: 6 g EV
Sibai
Manutenção: 2-3 g/h EV
Fonte: Zugaib
Fonte: Zugaib
Referências
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456 Temas em Ginecologia e Obstetrícia
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DOENÇAS HIPERTENSIVAS
NA GESTAÇÃO
Fisiopatologia
Investigação de proteinúria
Má placentação imunológica (primiparidade, Proteinúria de 24h, prot em fita ou
nova gravidez e intervalo interpartal longo), estresse razão prot / creatina urinária (> 0,3)
oxidativo (doenças sistêmicas, SAAF, extremos de Proteinúria NÃO é mais critério
idade, gemelaridade e mola), genética (negra , de gravidade! Não é mais
história familiar de DHEG e passado de DHEG). essencial para o Dx
Cr >1,1, oligúria (400 mL/ dia), cefaleia, epigastralgia e transtor- Hipertensão arterial
nos visuais (tríade da iminência de eclâmpsia ), Cianose e/ou PAS > 140mmHg / PAD > 90
edema pulmonar, sd HELLP, eclâmpsia e TA > 160x110 mmHg. mmHg, Proteinúria (> 300 mg/24h)
ou lesão de órgão-alvo
Pré-Eclâmpsia Sobreposta
Exames de Gravidade
Novas disfunções, piora hemodinâmica, ácido úrico, CIUR
(rotina DHEG)
e oligohidramnia . Valorizar disfunções orgânicas
Hemograma, Cr, neurológico,
Cr > 1,1 mg/ dL, plaquetas < 100.000, transaminases 2x
hemodinâmica, bilirrubina total
acima, edema agudo de pulmão e sinais de iminência.
e frações, DHL, TGO e TGP.
Hemólise
Mg > 30 PCR
LDH > 600
HAG e pré-eclâmpsia
Ambulatorial Labo, CTG Alto risco Moderado risco Bilirrubina > 1,2
semanal, doppler, corticoide História de PE Nulíparas
TGO > 70 HELLP
< 34 sem, anti-hipertensivo Parcial
e parto c/ 37 sem. Gemelar Obesidade
Plaquetas < 100.000
HAS História familiar
Pré-eclâmpsia grave PE
Internação Laboratório, DM prévio Conduta na síndrome
Raça negra
CTG diária, Doppler, corticoide HELLP
(mandatório), magnésio terapia Doença renal
ou autoimune Idade > 35 anos
(no Dx , antes do parto e mantém ou CIUR em Internação estabilização
até 24h após o parto), anti- gestações (evitar complicações),
hipertensivo e parto com 34 sem. passadas magnesioterapia (mandató-
rio), corticoide (não para ↑
Prevenção de pré-eclâmpsia plaquetas) e parto (< 30 sem
Eclâmpsia AAS a partir de 12sem, 100mg/dia, = cesária, pode induzir,
Estabilização,magnesioterapia pacientes de risco (1 fator de alto anestesia (se plaquetopenia
risco ou 2 de moderado – tabela)
Parto . Obs Não fazer corticoide não pode raqui, fazer geral)
Carbonato de cálcio a partir de
SE persistência da convulsão 12sem, 1,5 a 2g/dia, pacientes com e incisão (infraumbilical
HIDANTOINA 15 mg/kg baixa ingestão de cálcio. mediana sangra menos).
458
Fluxograma
Proteinúria ou 1 Proteinúria ou 1
critério de Disfunção critério de Disfunção
de órgão alvo de órgão alvo
Controle da PA até a
12ª semana pós-parto
sem uso de medicações
anti-hipertensivas
≥1 critério de Disfunção Convulsão tônico-
de Órgão Alvo e / clônica generalizada ou
ou PAS≥ 160 e/ou Coma (Na ausência de
PAD ≥110 mmHg patologia convulsiva)
sim não
Considerações importantes:
• Proteinúria: ≥ 300 mg/24h ou ≥ 1+ na fita reagente sem evidência de infecção ou proteinúria/creatinúria ≥ 0,3 em amostra urinária
• Disfunção de Órgão-Alvo: Fotopsia e escotomas, cefaleia severa (refratária a analgésicos, referida como a “pior dor de cabeça sentida”),
dor epigástrica e em hipocôndrio direito não responsiva a medicamentos, transaminases elevadas 2x o limite superior do valor normal de
referência, plaquetas <100.000/mm³, Cr ≥1,1 mg/dL ou o dobro da sua concentração (na ausência de doença renal), edema agudo pulmonar.
• Algumas pacientes ultrapassam a 20ª semana sem o diagnóstico de Hipertensão
Crônica por conta da hipotensão típica da gravidez;
• Pré-eclâmpsia sobreposta à hipertensão arterial crônica ocorre quando, após 20 semanas de IG, há surgimento de proteinúria, ou
piora da proteinúria já detectada na primeira metade da gravidez, ou quando gestantes com hipertensão arterial crônica necessitam
de associação de anti-hipertensivos ou incremento das doses terapêuticas iniciais ou na ocorrência de disfunção de órgãos-alvo;
Doenças hipertensivas na gestação 459
Caso clínico
Natália, 37 anos, está na 31ª semana de gestação, primigesta, e se apresenta
ao PSF com queixa de dor de cabeça, manchas na visão e inchaço nas pernas.
Exame físico: PA: 180/120 mmHg,
Edema de membros inferiores.
Exames complementares: Plaquetas 100,000, Creatinina 1,4 mg/dL, Proteinúria
500 mg/24 h.
Tarefa
Termine o atendimento da paciente, dê o diagnóstico e a respectiva conduta.
Checklist
Parcialmente
Adequado Inadequado
adequado
Recebe a paciente, cumprimentando-a
e identificando-se como médico
Solicita cartão da gestante
Realiza anamnese demonstrando atenção
com a paciente (cefaleia a 1 semana, no
cartão apresenta a última PA de 130/80).
Identifica a cefaleia como queixa
relacionada à pré-eclampsia.
Identifica o edema de membros inferiores
como sinal relacionado com a PE.
Identifica a Hipertensão arterial como
achado relacionado com a PE.
Interpreta corretamente os exames
complementares, destacando o comprometimento
renal incipiente e a plaquetopenia.
Informa a suspeita do diagnóstico de pré-eclâmpsia.
Explica adequadamente a paciente a sua condição,
que se trata de uma patologia do último trimestre.
Indicou sulfato de magnésio e indicou um dos
esquemas de aplicação (Zuspan, Pritchard, Sibal).
Prescreveu hidralazina para hipertensão.
Encaminha a paciente para atendimento em
serviço com emergência obstétrica
25
Hemorragias do período
gestacional
Hemorragias do período gestacional 463
Espontâneo
Intenção
Provocado
Fonte: Zugaib.
Cólicas e
Pouca ou pode haver
Dor Ausente Ausente Cólicas Cólicas
ausente sinais de
peritonite
Fechado Fechado
OI do colo Fechado Fechado Fechado Aberto
ou aberto ou aberto
ẞhCG + - - - - +
Embrião Presença
Embrião sem Restos
USG e BCE Útero vazio Variável ou ausência
BCE (morto) ovulares
presentes de BCE
Tipos
variável resultante da separação do tecido
• Mola Hidatiforme molar da decídua subjacente. Náuseas e
Pode ser completa ou parcial, sendo vômitos são sintomas comumente refe-
diferente quanto aos aspectos genéticos, ridos e podem evoluir para hiperêmese
histológicos e clínicos, e ocorre 1 a 2 de difícil tratamento, e o hipertireoidismo
casos a cada 1000 gestações. pode ocorrer em torno de 5% dos casos,
» Mola Completa: Se mostra macros- mas normaliza-se com a regressão do
copicamente como uma massa de hCG e cura da doença molar.
vesículas transparentes, de tama-
Diagnóstico
nhos variados. Nesse caso, não
há desenvolvimento de embrião, Valores séricos elevados de hCG,
membranas e cordão umbilical. especialmente acima de 200.000 mUI/
Por causa da maior proliferação mL, são altamente sugestivos de mola
trofoblástica, a mola completa completa, mas, nos casos de mola par-
apresenta níveis mais elevados de cial, a concentração de hCG raramente
hCG e maior taxa de complicações ultrapassa 100.000 mUI/mL. A ultras-
clínicas quando comparados à sonografia é o exame mais utilizado
mola parcial. no diagnóstico da gestação molar, e
» Mola parcial ou incompleta: Há as imagens encontradas vão depender
algum elemento do tecido fetal e da idade gestacional e do tamanho das
alterações hidatiformes focais e vesículas.
menos avançadas. Pode ser ob- Conduta
servada a presença de embrião ou A conduta na mola hidatiforme com-
feto com inúmeras malformações, preende tratar complicações, realizar
associada à placenta aumentada esvaziamento molar e seguimento. Ava-
em tamanho e com várias vilosi- lia-se inicialmente o grau de anemia,
dades. Pode progredir para forma sangramento, sinais vitais e estabilidade
maligna em cerca de 5% dos casos. hemodinâmica, volume uterino e se há
Quadro clínico associação clínica com pré-eclâmpsia
O útero encontra-se aumentado de e hipertireoidismo. Deve-se estabilizar a
volume para a idade gestacional devido paciente e em seguida realizar o esvazia-
à presença do tecido molar e à retenção mento com aspiração a vácuo (AMIU ou
de coágulos. Pode haver sangramento elétrica). Após o esvaziamento, é impor-
vaginal de repetição e de intensidade tante que seja feito o acompanhamento
468 Temas em Ginecologia e Obstetrícia
Referências
Hemorragias da SE LIGA!
segunda metade O antecedente de descolamento
da gestação prematuro de placenta eleva o risco
de recorrência em gravidez subse-
Introdução quente em cerca de dez vezes, sendo
considerado o fator de risco mais
As hemorragias que ocorrem na se- importante. Já a entidade clínica
gunda metade da gestação são apre- mais comumente associada são as
sentações de diversas patologias, como doenças hipertensivas, responsáveis
descolamento prematuro de placenta, por 50% dos casos, de modo que mu-
placenta prévia, rotura uterina e rotura lheres hipertensas têm 5 vezes mais
de vasa prévia. risco de desenvolver o descolamento
do que mulheres normotensas.
Descolamento prematuro
de placenta (DPP)
Conduta
é a cesariana, pela contraindicação ao
A conduta depende da quantidade parto vaginal, uma vez que a placenta
do sangramento e da idade gestacional. bloqueia o orifício de saída do útero.
Quadro clínico
segue-se o parto cesárea de urgência.
Uma síndrome clássica de iminên- Após a extração fetal, as medidas de
cia de rotura é a chamada síndrome reparo uterino priorizam o controle do
de Bandl-Frommel, caracterizada pelo sangramento e a estabilidade hemodinâ-
sinal de Bandl, que é a palpação de uma mica materna. Nesse momento, pode-se
depressão em faixa abaixo da cicatriz optar por correção cirúrgica do ponto de
umbilical, decorrente da distensão das rotura ou histerectomia.
fibras do segmento inferior do útero, e pelo
sinal de Frommel, quando os ligamentos Rotura de vasa prévia
redondos ficam retesados e desviados Consiste na presença de vasos fetais
anteriormente. Há dor abdominal intensa, atravessando o orifício interno do útero
incompatível com a evolução do trabalho ou situados a 2 cm dele, sem aposição de
de parto (esse sintoma pode ser masca- tecido placentário, e ocupando posição
rado pela analgesia de parto) associada frente à apresentação fetal. O prognós-
a instabilidade hemodinâmica e sinais tico é pior quando a veia umbilical é
indiretos da presença de sangue na cavi- acometida (com óbito fetal quase ime-
dade abdominal, entre eles aumento do diato) e o prognóstico é melhor quando
volume abdominal, irritação peritoneal, a artéria umbilical é envolvida, já que a
dor em abdome superior (secundária à circulação pode se manter pela outra
irritação do nervo frênico). A cessação artéria umbilical.
da contratilidade uterina é um achado
imediato após a rotura. Quadro clínico
Sofrimento
Início Sangramento Dor Amniotomia Diagnóstico
fetal
Melhora
Intensa prognóstico
Presente,
(associada materno-
DPP Súbito Escurecido precoce Clínico
à hipertonia fetal, mas
e grave
uterina) não diminui
hemorragia
Pode
diminuir o
sangramento
Placenta Gradativo e Vivo e de Ausente
Ausente por USG
prévia progressivo repetição ou tardio
compressão
do polo
cefálico
Após
Presente,
Rotura vasa rotura das Vivo, episódio Desencadeia
precoce Ausente USG doppler
prévia membranas único o quadro
e grave
ovulares
Presente, Intensa,
Rotura Vivo, episódio
Súbito precoce seguida de — Clínico
uterina único
e grave cessar súbito
Referências
Incompatibilidade Rh Conduta
Mãe Rh negativo + parceiro Rh positivo 34 sem parto
ACM < 1 MoM repetir com 3 sem
Anticorpos maternos X antígenos no
ACM 1 - 1,5 MoM repetir 5 a 10 dias < 34 sem
sangue fetal (necessários 2 contatos).
ACM > 1,5 MoM cordocentese transfusão
Anemia fetal por hemólise.
P rogressivo
NUNCA
R epetição realizar toque
vaginal sem a
E spontâneo comprovação da
localização da Acreta
V ermelho vivo placenta!
O acretismo placentário está frequentemente
I ndolor associado com placenta de inserção baixa.
Amniotomia
480
Sangramento Vaginal em
gestação de até 20 semanas
Gravidez Ectópica
Sem diagnóstico após Avaliação Clínica Dirigida pen- Se tratando de diagnósticos improváveis:
sar em outras causas de diagnóstico diferencial: • Reavaliar Idade Gestacional
• Trauma genital ou abdominal • Se IG ≥ 20 semanas, pensar em:
• Infecções ou lesões genitais • DPP, Placenta Prévia, Rotura Uterina
• Neoplasias, Ectopias ou Pólipos • Rotura de Vasa Prévia ou Rotura de Seio Marginal
Hemorragias do período gestacional 481
Sangramento Vaginal em
gestação > 20 semanas
Sangramento vaginal
Sangramento vermelho
Hipertonia uterina Hemorragia no final da gravidez ou
vivo, rutilante, indolor e espontâneo
Taquissistolia (≥5 contrações em 10 min) durante o trabalho de parto (no mo-
Útero de consistência habitu-
Bradicardia fetal (BCF mento da ruptura das membranas)
al e indolor à palpação
<110bpm) ou assistolia
Suspeita de rotura
Suspeita de Placenta prévia DPP agudo
de vasa prévia
Estabilização volêmica
e transfusional
482 Temas em Ginecologia e Obstetrícia
Caso clínico
Você está de plantão na maternidade e atenderá uma paciente com 29 semanas
de idade gestacional e queixa de dor em baixo ventre.
Parcialmente
Adequado Inadequado
Adequado
Verificou BCF.
Figura 2. Conjugatas
Fonte: Google.
Atitude fetal
É a relação das diversas partes fe-
tais entre si e depende da disposição
dos membros e da coluna vertebral. A
atitude fisiológica nas apresentações
Fonte: Zugaib et al1. cefálicas é a flexão generalizada, com
mento encostado no esterno. Em situ-
ações anômalas, pode haver extensão
da coluna com deflexão do polo cefálico,
3. Estática fetal levando às apresentações defletidas (1º,
O estudo da estática fetal compreende 2º e 3º graus).
as relações espaciais entre o organismo
Figura 11. Flexão generalizada, deflexão 1° grau, deflexão 2° grau e deflexão 3° grau
Apresentação fetal
SE LIGA!
A apresentação é definida como a
Se o feto estiver com ausência persis- região fetal que ocupa a área do estrei-
tente de flexão de todos os membros to superior da pelve materna e nela se
pode significar sofrimento fetal grave vai insinuar. Na situação longitudinal,
ou perda do tônus muscular (ex.: as apresentações são cefálica (95%)
doenças neurológicas). ou pélvica. Na situação transversa, a
apresentação é denominada córmica.
Tabela 1. Resumo.
Sutura
1º – Bregma B
Sagitometópica
Fonte: Zugaib et al
Resumindo, para memorizar, a va- feita, na maior parte das vezes, pelos
riedade de posição ODA significa que a planos de De Lee. O plano 0 é o diâmetro
apresentação é cefálica fletida (Occipício da biespinha isquiática, que é o plano de
– O), que está em correspondência com referência para os demais.
o estreito superior da bacia à Direita (D)
Figura 20. Representação dos Planos de De Lee.
e Anteriormente (A).
SE LIGA!
Altura
Fonte: Zugaib et al4.
É importante saber em que altura está
a apresentação, e sua determinação é
494 Temas em Ginecologia e Obstetrícia
Assistência ao 1º período
SE LIGA!
Logo na admissão da parturiente,
Os materiais necessários para a as-
deve ser feita anamnese, o exame físi-
sistência ao TP são: campos e luvas
co e o toque vaginal, além de exames
estéreis; pinças de antissepsia e retas;
laboratoriais, que devem incluir tipagem
tesoura de Metzenbaun; clorexidina
sanguínea ABO, fator Rh caso a gestante
aquosa; compressas.
não tenha, coombs indireto se Rh -, VDRL
e teste rápido para HIV.
O parto 497
Assistência ao 2º período
3º Período: secundamento
(dequitação)
É o período em que ocorre o des-
colamento, a descida e a expulsão da
Fonte: Montenegro et al2.
placenta. A duração média é de 5 a 30
minutos após o período expulsivo. É
importante reconhecer os 2 tipos de
dequitação:
500 Temas em Ginecologia e Obstetrícia
Não deve ser feita a Manobra de Credé placentário. Evita-se tração intensa do
(risco de inversão uterina): expressão cordão e compressão intensa do fundo
uterina visando auxiliar o descolamento uterino.
2º tempo: descida
6. Mecanismo de parto
Passagem da apresentação fetal do
São feitas divisões didáticas para estreito superior para o estreito inferior
melhor entendimento, mas, na realidade, da pelve. A descida é acompanhada
trata-se de um processo dinâmico com pelos planos de De Lee, onde será veri-
acontecimentos concomitantes. ficada a altura da apresentação, sendo
considerada:
1º Tempo: insinuação
A insinuação indica a passagem do Quadro 1. Planos de De Lee.
Figura 34. Rotação interna da apresentação em OEA para OP, seguida do desprendimento cefálico.
A rotação interna da cabeça tem o para que o polo cefálico se alinhe com o
objetivo de coincidir o maior diâmetro púbis. Nas variedades posteriores, pode
do polo cefálico com o maior diâmetro acontecer de o feto rodar 45º posterior-
da bacia, ou seja, fazer com que o polo mente para se apresentar em occípito
cefálico se alinhe com o púbis. Há rotação sacro (OS). Nesse caso, o trabalho de
de 45° nas variedades anteriores, 90º parto é mais moroso, difícil.
nas transversas e 135º nas posteriores
504 Temas em Ginecologia e Obstetrícia
5º tempo: restituição
7. Partograma
(rotação externa)
Consiste em novo movimento logo O partograma é a representação grá-
após o desprendimento total da cabeça fica do TP, um documento obrigatório
fetal, quando o occipício se volta para nas maternidades por determinação da
o lado materno que ocupava no inte- OMS. Com ele, é possível acompanhar e
rior do canal de parto. A sutura sagital documentar a evolução do parto, diag-
apresenta-se em sentido transversal ao nosticar distocias e evitar intervenções
da fenda vulva ao final desse processo. desnecessárias.
Ao mesmo tempo, as espáduas rodam,
Figura 51. Modelo de ficha de partograma.
trazendo o diâmetro biacromial para
o diâmetro anteroposterior do estreito
inferior. Assim, o ombro anterior fica
sobre a arcada púbica e o posterior fica
em contato com o cóccix materno.
6º tempo: desprendimento
do ovoide córmico
Nessa parte final da expulsão fetal,
há o desprendimento das espáduas, no
qual, primeiramente, a espádua anterior
aparece no orifício vulvar, seguida pela
liberação da espádua posterior. Com a
saída das espáduas, há liberação de todo
o tronco fetal.
Vale dizer que podem ocorrer situa-
ções como o parto pélvico e a distocia
biacromial, entre outros quadros, que
tem particularidades bastante relevantes
e estão melhor abordados em nossa
apostila de obstetrícia! Fonte: Montenegro et al2.
8. Fórceps
O fórceps tem o uso restrito a algumas
situações e tem a função de apreender
o polo fetal, tracionar e rodar. Algumas
indicações precisas do seu uso estão
no quadro abaixo:
Fonte: Ministério da Saúde
O parto 509
Sofrimento fetal ou BCF não tranquilizador; Variedade de posição anômala como OS ou OT;
Exaustão materna.
Pontos 0 1 2 3
Altura da
-3 -2 -1 ou 0 +1 ou +2
apresentação
Referências
1. Zugaib M, Francisco RPV. Zugaib obste- 3. Amorim MMR, Duarte AC, Andreucci CB,
trícia. 4. ed. Barueri: Manole; 2020. Knobel R, Takemoto MLS. Distocia de
2. Montenegro CAB, Rezende Filho J. Re- ombro: proposta de um novo algoritmo
zende Obstetrícia Fundamental. 13. Ed. para conduta em partos em posições não
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2011. supinas. FEMINA. 2013; 41(3), 115–24.
4. Zugaib M, Francisco RPV. Zugaib obste-
trícia. 3. ed. Barueri: Manole; 2016.
O PARTO RESUMO VISUAL
TIPOS DE BACIA
TRAJETO
ESTREITO SUPERIOR
Conjugata diagonal – média 12 cm » Toque vaginal até o promontório Conjugata vera
obstétrica – média 10,5 cm (geralmente 1,5 cm menor que a diagonal)
ESTREITO MÉDIO
ESTREITO INFERIOR
Cefálica fletida
Glabela ou nariz Sutura metópica
Longitudinal 2 grau
Cefálica fletida
3 grau Mento Linha facial
MECANISMO DE PARTO
1° TEMPO
Insinuação: Passagem do
2° TEMPO
Descida:
3° TEMPO
4° TEMPO
5° TEMPO
6° TEMPO
FÓRCEPS
Indicações: sofrimento fetal, exaustão materna, caridiopatas (abreviar período
expulsivo) e cicatriz uterina prévia
Simpson OPS
Kielland para variedade KTA
Piper PP
MECÂNICOS
FARMACOLÓGICOS
Se contraindicação
Prostaglandinas
aos farmacológicos
E1: Misoprostol
Descolamento digital
E2: Dinoprostona de membranas
Cateter de Foley
Laminária
O parto 515
Fluxograma
Feto vivo
Cardiotocografia normal
ILA normal
Peso fetal < 4,5 kg.
sim não
Avaliar cesárea
Índice de Bishop
<6 ≥6
eficaz
Avaliar métodos não farmaco- Avaliar cesárea
lógicos (ex.: Sonda de Krause)
516 Temas em Ginecologia e Obstetrícia
Caso clínico
Paciente gestante de quase 42 semanas, primigesta, jovem, realizou o pré-natal
adequado e foi admitida para receber ocitocina para indução do trabalho de parto.
Tarefas
a. Preencha o partograma conforme c. Após 2 horas, a paciente evoluiu com
orientações do examinador. dor abdominal. Converse novamente
b. Realize a anamnese direcionada e o com a paciente.
exame físico da gestante.
Checklist
Parcialmente
Adequado
adequado
Inadequado
Avaliou a paridade.
Avaliou BCF.
Solicitou cardiotocografia.
Desligou ocitocina.
Decúbito lateral.
Ofertou oxigênio.
Hidratação.
Tocolítico.
Repetiu a cardiotocografia.