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SANGRAMENTO UTERINO ANORMAL Componentes do grupo PALM podem ser visualizadas em

(SUA) exames de imagem ou histopatologia, o COEIN não tem


essas características.
É um distúrbio em que um ou mais dos parâmetros do
sangramento uterino normal está alterado: quantidade, P – Pólipo: prevalência de 7,8 – 34%, sendo mais comum
duração ou frequência. na peri e pós-menopausa. Causam aumento do volume
menstrual, menstruações irregulares, sangramento pós-
Fluxo menstrual normal: duração de 3-8 dias; perda coito ou sangramento intermenstrual
sanguínea de 5-80mL; ciclo que varia entre 24 e 38 dias
(variabilidade de 3 dias) A – Adenomiose: sintomatologia varia com a
profundidade do acometimento endometrial. As formas
O SUA também é definido como perda menstrual superficiais (0,5mm abaixo do endométrio) caracterizam-
excessiva com repercussões físicas, emocionais, sociais e se por SUA, enquanto na profunda também há
materiais na qualidade de vida da mulher. sintomatologia dolorosa, como dismenorreia e
dispareunia.
Epidemiologia
L – Leiomioma: sintomas variam de acordo com a
- Afeta até 40% das mulheres no mundo; localização, sendo classificados em submucosos (0-2),
- Perda de sangramento > 80mL  9-14% das mulheres;
intramurais e subserosos tipos 0-8. Os submucosos são
- SUA agudo  49,2% apresentam condição médica que
os mais envolvidos com o SUA
justifica o tratamento e 53% já apresentaram quadro
prévio de SUA que exigiu tratamento;

Etiologia
A idade da mulher influencia diretamente na orientação
das hipóteses diagnósticas:

Em casos de leiomiomas híbridos, citar 2 numeros


separados por hífen, o primeiro se refere à relação com o
endométrio e o segundo com a serosa. Ex: 2-5
 Adolescência  primeiros 2 anos da menarca a
submucoso ao seroso.
irregularidade pode ser por imaturidade do eixo
hipotálamo-hipófise M – Malignindade e hiperplasia: maior incidência em
 20-40 anos  lesão estrutural nos órgãos perimenopáusicas. FR para adenocarcinoma do
 > 40 anos até menopausa  flutuação do eixo e endométrio: obesidade, diabetes e hipertensão.
patologias do endométrio e miométrio Exposição prolongada ais estrogênios sem oposição de
 Climatério e pós-menopausa  causas endometriais progestagênios geram risco para a doença. Suspeita pela
presença de sangramento, que ocorre na maioria das
vezes, após a menopausa.

C – Coagulopatia: causa mais comum é a doença de von


Willebrand (DVW), mas também tem a hemofilia,
disfunções plaquetárias, púrpura trombocitopênica e
relacionados à leucemia e hepatopatias.
Atenção para jovens com sangramento abundante desde
a menarca e com anemia.

O – Distúrbio Ovulatório: sangramento anovulatório,


insuficiência do corpo lúteo e o encurtamento da fase
folicular da pré-menopausa. Causa mais comum no
período reprodutivo é a SOP.
E – Endométrio: distúrbios primários do endométrio, outras medicações que possam alterar o eixo
como a doença inflamatória pélvica, que altera a hipotalâmico-hipofisário ovariano;
hemostasia endometrial local. 3. Quantificação do fluxo pelo PBAC: Multiplica-se
constante de 1 em cada absorvente levemente
I – Iatrogenia: sistemas intrauterinos medicados ou encharcado, de 5 se moderadamente encharcado e de
inertes, agentes farmacológicos que alteram diretamente 20 se completamente encharcado. No caso de tampões
o endométrio (interferem na coagulação ou influenciam vaginais, utilizam-se constantes de 1, 5 e 10,
a ovulação), anticoncepcionais hormonais (sangramento respectivamente.
intermenstrual e manchas – spotting). Outros Para pequenos coágulos, usa-se constante de 1 e 5 para
medicamentos como anticoagulantes, ácido os grandes. Ao final, somam-se os valores obtidos; se
acetilsalicílico, antiepilépticos, hormônios da tireoide, apresentar um escore maior ou igual a 100, representa
antidepressivos, tamoxifeno e corticosteroides. perda sanguínea excessiva, isto é, acima de 80 mL

N – Causas NÃO classificadas: lesões locais, condições


sistêmicas raras como malformações arteriovenosas,
hipertrofia miometrial, alterações mullerianas e da
istmocele.

Diagnóstico
- História clínica: história do sangramento, anamnese,
padrão menstrual, uso de medicações, cirurgias prévias,
antecedentes obstétricos, histórico de sangramentos em
outros sítios (gengivorragia e epistaxe – coagulopatias) 4. Solicita beta-HGC (idade reprodutiva) e hemograma
completo
- Exame físico geral, abdominal e pélvico: pode
5. USG para afastar causas estruturais. Avaliação
identificar e resolver pólipos cervicais e miomas
secundária para acrescentar estudos com a histeroscopia
“paridos” durante o atendimento e excluir patologias do
e biópsia de endométrio
trato genital inferior

- Exames complementares: beta-HCG, hemograma Tratamento


completo. USG para identificar ou descartar causas
Causa estrutural
estruturais.
 Pólipos  polipectomia histeroscópica
- Histerossonografia (visão intracavitária), histeroscopia  Miomas submucosos e intramurais (0-2)  cirúrgico
(padrão ouro para investigação endometrial): se suspeita  Demais miomas  farmacológicos (mesmos
de lesões focais, para complementar investigação medicamentos de SUA não estrutural), se não
- Biópsia endometrial: pode ser indicada sem evidência resposta, cirúrgico
de lesão estrutural e com espessamento de endométrio, o Em miomas muito grandes pode-se usar GnRH
nas obesas > 45 anos, ou na presença de fatores de risco previamente por 3 meses para a redução do
para câncer de endométrio, além dos casos de SUA volume e recuperação de pacientes com
persistente, com falha terapêutica e dúvida diagnóstica. anemia
 Miomas e adenomiose  se não há desejo de
- Dosagem de prolactina, TSH e T4L: na suspeita de engravidar, pode fazer a histerectomia
distúrbios ovulatórios (irregularidade menstrual), com ou  Adenomiose grave  SIU com levonorgestrel, AC
sem outros sintomas associados combinados ou progestagênio isolado, se não
- Causas sistêmicas devem ser investigadas com tempo resolver, pode fazer embolização das artérias
de sangramento e coagulação e contagem de plaquetas, uterinas ou histerectomia.
acompanhadas por um hematologista. Causas não estruturais
Propedêutica Tratamento hormonal: estrogênio e progestagênio
combinados, progestagênio oral cíclico ou contínuo,
Os procedimentos propedêuticos se realizem em etapas: progestagênio injetável, SIU liberador de levonorgestrel
1. Anamnese detalhada, com exame físico geral,
abdominal e pélvico  Combinados: causam atrofia endometrial 
2. Avaliação de doença sistêmica subjacente — pesquisar reduzem perda sanguínea menstrual em 35-72%
uso de medicações — hormonais, anticoagulantes ou  Progestagênio isolado: causam atrofia endometrial e
tem ação anti-inflamatória
o Cíclico por 10-14 dias indicado somente em
casos de SUA associado à disfunção ovulatória
 SIU-LNG: promove atrofia endometrial e redução do
sangramento  mais efetivo que tratamentos orais

Tratamento não hormonal: anti-inflamatórios não


esteroidais e antifibrinolíticos

 Indicados para mulheres que não desejam usar


hormônios ou tenham contraindicação ao seu uso,
ou que pretendem engravidar
 Antifibrinolíticos: reduzem a fibrinólise, podendo
diminuir o sangramento em até 50%
o Tranexâmico é o mais indicado  3-4x/dia
(meia vida curta)
o EA: sintomas do TGI
o CI: tromboembolismo e insuficiência renal
 AINES exercem sua ação por meio da inibição da
cicloxigenase, que é a enzima que catalisa a
transformação de ácido araquidônico em
prostaglandina e tromboxano
o Podem ser utilizados sozinhos ou associados à
terapia hormonal
o Ácido mefenâmico (mais estudado)  usado
em dias de fluxo menstrual – reduz
dismenorreia
o EA: desconforto do TGI
o CI: história de úlcera péptica

SUA agudo
Objetivo de controlar o sangramento atual, estabilizar a
mulher e reduzir o risco de perda sanguínea excessiva
nos ciclos seguintes.

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