Você está na página 1de 16

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

RESIDÊNCIA MÉDICA EM GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA

Miomatose uterina

MR1 Thayanne Requião


ROTEIRO
1. Definição
2. Classificação
3. Epidemiologia
4. Fatores de proteção
5. Fisiopatologia
6. Quadro clínico
7. Diagnóstico
8. Tratamento
DEFINIÇÃO
“O leiomioma uterino é um tumor benigno, formado
por fibras musculares lisas, entrelaçadas por tecido
conectivo. Em dois terços dos casos, os tumores são
múltiplos. Podem ser classificados, de acordo com
sua localização no útero, como corporais, em 98%
dos casos, ou cervicais”.

Fernandes CE, Silva de Sá MF. Tratado de Ginecologia FEBRASGO. São Paulo: Elsevier; 2018.
CLASSIFICAÇÃO
EPIDEMIOLOGIA
• Maior incidência entre 35 e 50 anos

• Negras: 2-9 vezes maior chance

• Antecedentes: 2,2 vezes para mulheres com mãe


e irmã com diagnóstico de mioma

• Obesidade:20% a cada 10 kg de ganho ponderal


- Diminuição da síntese hepática de SHBG e o
aumento de estrona circulante.
FATORES DE PROTEÇÃO
• Paridade: diminuição do risco de desenvolver
mioma a cada gestação, reduzindo-se a 1/5 após
cinco gestações

• Anticoncepcional oral combinado: reduz em 17%


o risco de mioma a cada cinco anos de uso

• Tabagismo: gera um hipoestrogenismo, reduzindo


em 18% o risco de mioma com o consumo de 10
cigarros por dia
FISIOPATOLOGIA
• Miomas uterinos são neoplasias monoclonais não
cancerosas que surgem das células musculares lisas do
miométrio.

• Os leiomiomas podem ser vistos como um processo


fibrótico com anormalidades da matriz extracelular em
vários níveis.

• Dois componentes distintos que contribuem para o


desenvolvimento do leiomioma:
1. Transformação de miócitos normais em miócitos anormais;
2. Crescimento de miócitos anormais em tumores
clinicamente aparentes.
Stewart EA. Laughlin-Tommaso SK. Uterine fibroids (leiomyomas): Epidemiology,
clinical features, diagnosis, and natural history. Uptodate, 2021.
FISIOPATOLOGIA
• Tumores hormônio dependentes, nos quais estradiol e progesterona promovem
seu crescimento durante a menacme;

• Predisposição genética e a presença dos esteroides sexuais estão intimamente


envolvidas na formação e no crescimento dos miomas;

• Maior expressão de receptores de estradiol e de progesterona no tecido tumoral


quando comparado ao miométrio adjacente:
-Estradiol estimula a produção de componentes da matriz extracelular
(colágeno, proteoglicanos e fibronectina);
-Progesterona aumenta a atividade mitótica e inibe a apoptose.
• EGF (fator de crescimento epidermoide)
• VEGF (fator de crescimento endotelial vascular)
• Proteína Bcl-2, responsável pela inibição da apoptose celular
• PCNA (antígeno nuclear de proliferação celular)
• Ki-67 (antígeno associado à proliferação celular)
QUADRO CLÍNICO
• Maioria das pacientes são assintomáticas
• Sangramento uterino anormal
• Dismenorreia secundária
• Sintomas compressivos gerados pelo aumento do útero
• Dor pélvica acíclica
• Dispareunia
• Sintomas urinários
• Sintomas gastrointestinais
• Infertilidade
• Abortamento
QUADRO CLÍNICO
SUBMUCOSO Sangramento
Infertilidade

As erosões na superfície do nódulo, em


decorrência do atrito com a parede
endometrial, e sua eventual isquemia
geram tal sangramento.

(Buttram Jr e Reiter, 1981; Borah et al.,


2013)

INTRAMURAL Sangramento
Dismenorreia

SUBSEROSO Sintomas compressivos


Dor
DIAGNÓSTICO
• Exame físico
• Exames complementares:
- Ultrassonografia
- Histeroscopia
- RNM pélvica
ULTRASSONOGRAFIA
• Nódulos hipoecogênicos e podem
apresentar calcificações ou
tênues reforços acústicos, em
casos de degeneração cística

• Os contornos, bem ou mal


definidos, ficam na dependência
da pseudocápsula, formada pelo
edema e pela compressão do
miométrio adjacente

• A vascularização é
predominantemente periférica,
por serem compostos por
musculatura lisa, diferenciando-
se dos adenomiomas
HISTEROSCOPIA
• De acordo com a European
Society of Gynecological
Endoscopy (ESGE), os miomas
submucosos são classificados em:
G0 (totalmente intracavitário)
G1 (≥ 50% intracavitário)
G2 (< 50% intracavitário), que
correspondem aos tipos 0, 1 e 2,
respectivamente, da FIGO.

• A histeroscopia deve ser


realizada, de preferência, na
primeira fase do ciclo menstrual
com sensibilidade de 88% a 100%
e especificidade próxima a 100%.
TRATAMENTO
• INDIVIDUALIZADO
- Pacientes assintomáticas ou oligossintomáticas devem ser apenas
acompanhadas clínica e ultrassonograficamente, para monitorar o
surgimento de queixas, além do volume e crescimento dos miomas.

• Tratamento hormonal versus não hormonal


- AINEs
- Ácido tranexâmico
- ACO
- Progestágenos isolados orais ou injetáveis
- Dispositivo intrauterino liberador de levonorgestrel (LNG-IUS)
- Análogos do GnRH
- Moduladores seletivos dos receptores de progesterona (SPRMs):
Acetato de ulipristal
TRATAMENTO
• Histerectomia

• Miomectomia:
Devemos ressaltar que a miomectomia, assim como outros
tratamentos conservadores, nem sempre corresponde ao
tratamento definitivo, já que a taxa de recorrência se mantém ao
redor de 25% em 10 anos, com indicação de histerectomia em 8%
das pacientes.

• Embolização de artérias uterinas:


Apresenta resultados positivos, com alívio de sintomas a curto
prazo em 75% a 90% dos casos, porém apresenta 25% de
reintervenções por recorrência em até 10 anos, que é maior quanto
mais nova a paciente.
REFERÊNCIA
• Fernandes CE, Silva de Sá MF. Tratado de
Ginecologia FEBRASGO. São Paulo: Elsevier;
2018.
• Stewart EA. Laughlin-Tommaso SK. Uterine
fibroids (leiomyomas): Epidemiology, clinical
features, diagnosis, and natural history.
Uptodate, 2021.

Você também pode gostar