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Prof° Dr.

André Luis F Santos


14/10/2021

Neoplasias de Ovário

EPIDEMIOLOGIA
❖ 7° câncer mais prevalente na mulher
❖ Maior letalidade dentre os cânceres ginecológicos
➢ uma vez presente, é o que mais mata → o que mais mata de todos é o de mama, por
ser o mais prevalente
❖ “Estacionado” → não houve mudança do seu panorama no mundo
❖ Falta de meios de prevenção primária e secundária (assim como o câncer de mama e de
endométrio)

FATORES DE RISCO
● Grande associação com história familiar
● ACHO fator protetor → progesterona bloqueia a ovulação, diminui a mitose celular
● Nuliparidade
● Maior período fértil → mais ovulações, maior risco de mitose incorreta

💡 Ao retirar os ovários, são retiradas as trompas também (não tem “utilidade”, e é fator de risco
de origem neoplásica) → são retirados, também, na histerectomia pelo mesmo motivo.

PREVENÇÃO
● ACHO
● dieta
● atividade física
● prevenção à obesidade
● aconselhamento genético: mutação do BRCA 1 e 2
● ooforectomia profilática

💡 A minoria dos câncer de mama e ovário estão relacionados à mutações, mas, uma vez tendo
a mutação, têm maior chance de desenvolver câncer. É necessário pensar na mutação em caso
familiar de câncer de mama e ovário em paciente muito jovem. A conduta pode ser ooforectomia
e mastectomia profilática em caso de mutação devido ao alto risco*. Deve-se fazer
acompanhamento com reposição hormonal após a cirurgia.

* A conduta depende da idade da paciente, se ela está na menacme, se há histórico familiar, etc.

QUADRO CLÍNICO
O diagnóstico normalmente é feito tardiamente pela falta de sintomas. Pouco sintomas, vagos e
inespecíficos no quadro inicial (80% assintomático).
● distensão ou dor ou sensação de peso abdominal
● sintomas urinários ou intestinais
● irregularidade menstrual
● dor por torção

Bianca Bettin 56
● nos cistos funcionais, relação com ciclo menstrual pode auxiliar
● raros - na infância, eventualmente sinais de puberdade precoce nos tumores androgênicos,
sinais de virilização

EXAME CLÍNICO E GINECOLÓGICO: alterado apenas em casos avançados


● Palpação de tumoração anexial uni ou bilateral, móvel ou fixo
● Casos avançados de neoplasia maligna: distensão abdominal, ascite e emagrecimento

DIAGNÓSTICO
● USG transvaginal
● Doppler → muito útil para avaliar neoplasias, pois estes têm neovascularizações (alto fluxo,
baixa resistência)
● Laparoscopia
● Marcadores tumorais: CA 125 (linhagem epitelial), CEA (linhagem epitelial mucinóide e
endometrióide), beta-HCG (neoplasia trofoblástica - coriocarcinoma de ovário), alfa-feto
proteína (tipos mais raros, germinoma)
○ podem ser úteis, mas não tem grande sensibilidade e especificidade
● Perfis proteômicos
○ investigação de marcadores mais fidedignos

PARA DIFERENCIAR ENTRE: cisto funcional x neoplasias benignas x malignas


Avaliar:
● Faixa etária
● Tempo de evolução
● Características ecográficas
● Doppler
● Marcadores

Cisto funcional
● É o cisto proveniente da ovulação: cisto folicular (antes da menstruação), cisto lúteo (após
a menstruação) e teca luteínico/ luteoma gravídico (na gravidez)

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● Podem ser hemorrágicos/ rotos e causar abdome agudo
● Não pode estar presente em mulher que faz contracepção hormonal, pois esta não ovula!

Cisto folicular: mais comum, resolução espontânea em 4-12 semanas.


Cisto corpo lúteo: geralmente mais sintomático, pode se romper ou ser hemorrágico.
Cisto teca luteínico: geralmente bilateral, ocorre na gestação, neoplasia trofoblástica gestacional
e atualmente aumentou a incidência no tratamento de reprodução assistida. Multicísticos,
grandes, regridem espontaneamente.

Neoplasia benigna de ovário:


● Mais frequente que os malignos
● Comum em jovens, exemplo: cisto epidermóide - teratoma (“maduro” - indicação cirúrgica,
com preservação do ovário), cistoadenoma seroso

Neoplasia maligna:
● Neoplasia epitelial, teratoma imaturo, tumores de estroma gonadal (produtores de hormônio)

TIPOS DE TUMORES DE OVÁRIO:


● Funcionais e não neoplásicos
● Neoplásico benigno
● Neoplásico maligno
● Tumor borderline
○ a decisão da conduta pode ser feita intraoperatório, com consentimento prévio da
paciente

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
CISTO SIMPLES CISTO COMPLEXO TUMOR SÓLIDO

CAUSAS/ benigno benigno benigno


TIPOS cisto folicular endometrioma fibroma
cisto do corpo lúteo cisto hemorrágico tecoma
teratoma cístico abscesso tubo Brenner
hidrossalpinge
ovariano
cistoadenoma (seroso cistoadenoma (seroso,
mucinoso, endometrial mucinoso, endometrial)

INDICAÇÃO Apenas em casos que Avalia idade, volume, história Em geral, a conduta é
CIRÚRGICA ultrapassem 10 cm do paciente e história familiar, cirúrgica
mas, em geral, a conduta é
cirúrgica

MALIGNO Em <1% Suspeita maligna, causas do Suspeita maligna,


ovário e metastáticas causas do ovário e
metastáticas

ASPECTO NO Cisto simples geralmente Coleções líquidas e sólidas, Aspecto sólido


USG oval, sem septações, possui septações e vegetações
componentes sólidos ou
ecogênicos.

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DIAGNÓSTICO não ginecológico não ginecológico não ginecológico
DIFERENCIAL divertículo vesical abscesso linfadenopatia
intestinal hematoma urinário
gastrointestinal

CRITÉRIOS CLÍNICOS COMPARATIVOS

BENIGNOS MALIGNOS

IDADE Menacme Meopausa

DOR Aguda Insidiosa

TAMANHO Pequenos Grandes

CRESCIMENTO Lento Rápido

MOBILIDADE Móveis Fixos

CONSISTÊNCIA Císticos Sólidos

BILATERALIDADE Unilaterais Bilaterais

FIXAÇÃO Não aderentes Aderentes

REGULARIDADE Liso/regulares Irregulares

ASCITE Exceto Benner Presente

EDEMA DE VULVA E MMII Ausente Presente


OBS: atualmente, esses dados são utilizados para pontuação em um software que calcula o risco da
massa ser maligna ou benigna.

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NEOPLASIAS DO OVÁRIO: por faixa etária

LINHAGENS DAS NEOPLASIAS DE OVÁRIO:


● Células Epiteliais:
○ serosos
○ mucinosos
○ endometrióides
○ células claras
○ Brenner
○ CA indiferenciado
● Células Germinativas
○ teratomas
○ disgerminomas
○ seio endodérmico
○ seio endodérmico
○ coriocarcinoma
○ gonadoblastoma
○ misto
● Estroma
○ fibromas
○ tumor de teca-granulosa
○ Sertoli-Leydig
○ tumor de células lipídicas
● Metastático

💡 Cistoadenocarcinoma seroso (linhagem epitelial - linhagem mais comum nas neoplasias


maligna) é o câncer de ovário mais frequente na mulher independente da idade A conduta é
cirúrgica.

ABORDAGEM CIRÚRGICA
● Para neoplasias malignas: laparotomia
● Para benigna: laparoscopia
● Quimioterapia pode ser terapia adjuvante

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