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Câncer de ovário Risco para Risco para Ca de

Mutação Ca de Ca de mama/ovário
ovário mama após 10 anos
Introdução BRCA 1 39-46% 65-74% 12,7%
Baixa incidência, porém alta mortalidade. BRCA 2 12-20% 65-74% 6,8%
Oligo/assintomáticos em estágio inicial.
Comportamento biológico agressivo. Síndrome de Lynch
Diagnóstico tardio (70% nos estágios 3 ou 4). Câncer de cólon (HNPCC), endométrio, ovário,
Tratamento: cirurgia e/ou quimioterapia. urológico, pâncreas, biliar.
Risco 3 vezes maior de câncer de ovário.
Carcinoma epitelial de ovário Mutação no MMR (DNA MISMATCH REPAIR
Corresponde a 85-90% dos cânceres de ovário, sendo o SYSTEM) – MSH2, MLH1.
assunto desta aula.
É um tumor proveniente do tecido que recobre a
Mutação Risco para Ca
superfície ovariana (epitelial). de ovário
1:70 mulheres. MSH2 12%
Baixa incidência.
EUA:
- 27 mil casos/ano. Patologia – Subtipos histológicos
- 15 mil óbitos/ano.
- 4º câncer mais comum (mama; pulmão; cólon). Tumores epiteliais
Brasil: Cistoadenocarcinoma seroso 42%
- 11º câncer mais comum. Cistoadenocarcinoma mucinoso 12%
- 2-3% dos tumores em mulheres. Carcinoma endometrioide 15%
História familiar: 3,9 : 1.000 (geralmente associada ao Carcinoma indiferenciado 17%
BRCA). Carcinoma de células claras* 8%
Sem história familiar: 0,4 : 1.000.
Carcinoma seroso-papilífero* 5%
Mortalidade brancas > negras.
* São os mais agressivos
Idade:
- 40 anos: 15,7 : 100 mil.
- 50 anos: 35 : 100 mil. Patogenia
- 70 anos: 54 : 100 mil. Origem no epitélio de superfície do ovário, em
- < 1% abaixo dos 20 anos de idade. contigüidade com mesotélio peritônio.
Predisposição genética + exposição a agente oncogênico.
Fatores de risco
Idade acima de 70 anos. Teoria da progressão contínua
Nuliparidade. Volgelstein: adenoma → adenocarcinoma de cólon.
Indução da ovulação. (?) Ovários: benigno → borderline → maligno.
Menarca precoce. Evento contínuo ou “de novo”?
Menopausa tardia.
Primeira gestação tardia. Teoria da ovulação incessante
História prévia de câncer. Trauma e reparo do epitélio.
História familiar de câncer de ovário e/ou mama. Eventual mutação.
Descendentes de judeus Ashkenazi. Fatores de proteção: ACO; multíparas.

Obs: Quanto maior o número de ciclos ovulatórios ao longo Vias de disseminação


da vida de uma mulher, maior é seu risco de desenvolver Celômica ou peritoneal (superfície epitelial) → principal.
câncer de ovário.
Direta.
Linfática.
Síndromes hereditárias
Hematogênica.

Síndrome do câncer de mama/ovário familiar


Diagnóstico
Múltiplos membros da família com câncer de ovário e/ou
História clínica.
mama.
Exame físico.
Câncer de mama e ovário na mesma paciente.
Radiologia.
Mutação BRCA – perda da capacidade de supressão
Marcadores tumorais.
tumoral.
Anatomia patológica (diagnóstico definitivo).
1:300 a 1:800 pacientes.
Judeus Ashkenazi, franco-canadenses, populações
nórdicas.
História clínica - Auxilia no diagnóstico e principalmente no segmento.
Assintomático. Outros:
Sintomas inespecíficos. - CEA.
Aumento do volume abdominal (ascite/massa). - Alfa-feto proteína, β-HCG, inibina-B – outros tipos
Massa pélvica. histológicos (não epitelial).
Perda ponderal.
Sintomas gastrointestinais. Causas de aumento do Ca 125
Sintomas urinários. DIP Hepatite
Adenomiose Pancreatite
Dor pélvica. Tumores benignos Cirrose
Dispareunia. Endometriose Colite
Cisto funcional ICC
Exame físico Menstruação Diverticulite
Ascite (sinal clássico). Miomatose Doença renal
Massa em abdome superior.
- Omental cake – disseminação para o omento. Diagnóstico diferencial
Linfonodomegalia periférica. → Algumas condições podem ser confundidas com um
Edema de MMII. câncer de ovário.
Nódulo na cicatriz umbilical. Diverticulite complicada.
Prolapso uterino. Abscesso tubo-ovariano.
Tumoração vaginal. Rim pélvico.
Massa abdômino-pélvica. Mioma intrligamentar.
Massa pélvica ao toque bimanual. Câncer de cólon.
Abaulamento de fundo de saco vaginal. Câncer de bexiga.
Compressão extrínseca de reto. Metástases para ovário (tumor de Krukengerg).
Infiltração de septo reto-vaginal. - Câncer de cólon/reto.
- Câncer gástrico.
Invasão de mucosa retal.
- Câncer de mama.
Infiltração de paramétrios.
- Câncer de endométrio/colo uterino.
Exames radiológicos
Obs: A paciente com suspeita de tumor de ovário deve ser
Ultrassonografia transvaginal:
submetida a endoscopia digestiva alta e colonoscopia, pois
- Massa anexial.
pode-se tratar de um tumor primário do trato gastrointestinal
- Sólida/cística/complexa.
com metástases ovarianas.
- Cisto com vegetação.
- Cisto com septação.
Estadiamento
- Cisto > 8 cm.
- Ascite.
Estágio Descrição
Ultrassonografia com dopplerfluxometria:
I Tumor limitado aos ovários.
- Vascularização periférica/central.
IA Tumor limitado a um ovário, sem tumor na
- Índice de resistência. superfície ovariana, cápsula íntegra. Ausência
Tomografia computadorizada: de células malignas na ascite ou no lavado
- Avaliação do tumor (sólido/cístico). peritoneal.
- Relação com outras estruturas. IB Tumor em ambos os ovários, sem tumor na
- Infiltração da parede abdominal. superfície ovariana, cápsula íntegra. Ausência
de células malignas na ascite ou no lavado
- Omental cake.
peritoneal.
- Metástases peritoneais (espessamento). IC Estágio I/II, com tumor na superfície de um ou
- Linfonodomegalia retroperitoneal. ambos os ovários, ruptura de cápsula. Ascite ou
Ressonância nuclear magnética: lavado peritoneal positivo.
- Infiltração de estruturas pélvicas. II Tumor envolve um ou ambos os ovários com
- Linfonodomegalia retroperitoneal. extensão pélvica.
- Carcinomatose. IIA Extensão e/ou implantes no útero e/ou trompas.
Ausência de células malignas na ascite ou no
lavado peritoneal.
Marcadores tumorais IIB Extensão para outros órgãos pélvicos. Ausência
Ca 125: de células malignas na ascite ou no lavado
- Valor normal – até 35. peritoneal.
- Alta sensibilidade, baixa especificidade. IIC IIA/B com células malignas na ascite ou lavado
- Não utilizar como exame de screening. peritoneal positivo.
III Tumor envolve um ou ambos os ovários com
metástase peritoneal fora da pelve e/ou Cirurgia pós-quimioterapia:
metástase em linfonodos regionais. - Avaliar resposta: Ca 125, imagem, performance status.
IIIA Metástase peritoneal microscópica além da - Resposta à quimioterapia in vivo.
pelve.
IIIB Metástase peritoneal macroscópica além da
pelve, com 2 cm ou menos. Follow up
IIIC Metástase peritoneal além da pelve com mais História clínica, exame físico, exames radiológicos, Ca
de 2 cm e/ou metástase para linfonodos 125.
regionais. História clínica: perda ponderal, astenia, amorexia,
IV Metástase à distância além da cavidade performance status.
peritoneal.
Exame físico: normal, tumoração em fundo de saco,
ascite, linfonodomegalia.
Laparotomia de estadiamento
Exames radiológicos (TC/RNM): massa pélvica,
Incisão mediana ampla.
espessamento peritoneal, linfonodomegalia, implantes.
Coleta do líquido peritoneal/lavado peritoneal.
Radiografia de tórax: metástases, derrame pleural.
Inventário da cavidade abdominal.
Ca 125: precede a recidiva em 5 meses. Avaliar elevação
Ooforectomia – congelação.
progressiva.
Histerectomia/Salpingooforectomia bilateral.
Linfadenectomia pélvica/para-aórtica.
Recomendação
Omentectomia. Exame físico, exame radiológico, Ca 125, preventivo
Biópsias peritoneais múltiplas. - 4/4 meses por 2 anos
Biópsia de qualquer área suspeita. - 6/6 meses por 3 anos
Ressecção de implantes peritoneais. - Anualmente
Ressecção total ou parcial de outros órgãos (citorredução
ou debulking).
Tumores borderline do ovário
São considerados tumores malignos, devido à chance de
recidiva e metástases; porém, sua mortalidade é baixa.
Objetivos da citorredução cirúrgica
Remover clones de células quimiorresistentes (células Geralmente são unilaterais.
pouco vascularizadas no interior do tumor que não Cistoadenomas proliferativos, tumor de baixo potencial
respondem à quimioterapia). de malignidade.
Redução das áreas isquêmicas – melhor aporte da Histologia e comportamento biológico intermediários.
quimioterapia. 15% dos carcinomas epiteliais ovarianos.
Aumento da vascularização – aumento da fração de
crescimento. Ocorre em pacientes mais jovens (40 anos).
Redução do número de ciclos de quimioterapia. Estágio I – 75%.
Melhora do sistema imune. Sobrevida em 10 anos – 95%.
Melhora dos sintomas. Recidiva pode ocorrer após 20 anos.
Pode ocorrer regressão espontânea de implantes
Quimioterapia peritoneais.
Década de 1980: derivados da Platina – melhora da Metástases:
sobrevida. - Metástases para linfonodos podem ocorrer raramente.
Década de 1990: derivados dos Taxanos. - Metástases hematogênicas ou disseminação extra-
Ano 2000: Topotecan, Doxorrubicina lipossomal, pélvica é incomum.
Gemcitabina. Deve ser feita a cirurgia de estadiamento completa.
Paclitaxel – mecanismo de ação: estabiliza a formção Considerar o desejo de gestação da paciente.
microtubular e inibe a divisão celular rápida. Subtipos:
- Seroso.
Tratamento padrão - Mucinoso.
Carboplatina 100 mg/m² D1
Paclitaxel 80 mg/m² D1, D8, D15 Sinais e sintomas
6 ciclos a cada 3 semanas
Sintomas inespecíficos.
Aumento do volume abdominal, massa pélvica, sintomas
Quimioterapia neoadjuvante
gastrointestinais, sintomas urinários, dor pélvica.
Indicações:
- Risco cirúrgico elevado.
Diagnóstico
- Trombose/embolia.
- Doença avançada: pelve congelada, metástase hepática. Exames radiológicos, marcadores tumorais (CEA, Ca
125).
Quimioterapia neoadjuvante – 6 ciclos.
Anátomo-patológico.
Citologia peritoneal positiva + Elevação do Ca 125.

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