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3ª AULA – ATUALIZAÇÃO III (MASTOLOGIA)

NÓDULOS MAMÁRIOS

Os NÓDULOS MAMÁRIOS são patologias BENIGNAS que assustam muito as mulheres (1ª causa de procura ao
ambulatório de mastologia), pois, ao palparem um nódulo, as pacientes imaginam que a 1ª causa é o CA, o que NÃO
é verdade!

NÓDULOS MAMÁRIOS
 60% do ambulatório de mastologia
 75% está associado à patologia benigna
o Acima dos 60 anos, TODA mulher c/ nódulo mamário nos faz pensar em CA
 Define-se por nódulo de mama, toda tumoração presente na glândula mamária, percebida pela paciente
ou pelo profissional de saúde (OU por um exame de rastreamento – achado radiológico)
 Diante do ↑ na incidência de CA de mama na população feminina e do diagnóstico em mulheres + jovens,
a presença de nódulo mamário está associada à angústia e à ansiedade da paciente, que transcorre até a
resolução do problema
o O ↑ da incidência do CA de mama é RELATIVO, pois, segundo dados da OMS, a incidência do CA de
mama é a mesma, no entanto a AMOSTRAGEM é maior (há 20 anos, o Brasil apresentava 140
milhões de habitantes; atualmente, este nº ↑ p/ 200 milhões)

HISTOLOGIA MAMÁRIA
 As mamas sofrem mudanças entre a menarca e a menopausa (± 40-45 anos). Inicia-se pela predominância
de ductos, lóbulos e estroma intralobular e interlobular observados no início da menacme (período fértil)
até as alterações fibróticas e formações císticas, atualmente denominadas alterações fibrocísticas
o Na menopausa, devido à ausência de ESTRÓGENO, ocorre uma atrofia dos ductos e lóbulos, levando
a lipossubstituição da mama c/ predominância do TECIDO ADIPOSO
 Cerca de 60 a 70% das mulheres sem nenhuma patologia mamária apresentam esta alteração histológica
(geralmente transitória e relacionada ao status menstrual)

As mamas sofrem mudanças durante a vida toda. Sempre que estivermos diante de uma paciente, devemos
relacionar sua IDADE com as patologias de maior prevalência
Entre 15 a 25 anos  Fibroadenoma (pico aos 20 anos) TODO nódulo
Entre 30 a 50 anos  Cistos (pico aos 45 anos) deve ser avaliado!
> 30-35 anos  Câncer
A curva de incidência do CA de mama é diretamente proporcional à IDADE (aos 90 anos, de cada 2
mulheres, 1 apresenta CA)
Obs: Em homens, aos 90 anos, de cada 2 homens, os 2 terão CA!
EPIDEMIOLOGIA
 25% das pacientes são assintomáticas (nódulos NÃO palpáveis)

INTERROGATÓRIO
 Realização do autoexame das mamas, último exame clínico das mamas e exames radiológicos já realizados
o Quem palpou este nódulo ? Paciente / Médico / Esteticista ?
 Alterações que se associaram ao diagnóstico do nódulo: alteração cutânea, dor localizada, alteração do
mamilo, fluxo papilar
o Fibroadenomas / Hamartomas (nódulos BENIGNOS) NÃO causam alteração de pele
o Nódulo + Dor localizada  Geral/e tratam-se de MACROCISTOS
o Alteração de mamilo  Retrações mamilares, até que se prove o contrário, tratam-se de um CA que
retifica os ligamentos de Cooper devido à reação esclerótica do centro tumoral
o Fluxo papilar  Nódulo retroareolar comprimindo os ductos lactíferos OU intraductal
 Velocidade de crescimento, relação com o ciclo menstrual
o Lembrar do “nódulo móvel” (espessamento causado pela efeito osmótico da fase lútea)
 Utilização de medicamentos
o Menopausa  Uso de TH?
o Existem indícios de que a testosterona (anabolizantes) é + prejudicial p/ a mama do que o estrógeno
 Determinação do risco
o NÃO importa o diagnóstico da patologia benigna, o importante é saber se ela irá desencadear um
risco ↑ dessa paciente desenvolver um CA

DETERMINAÇÃO DO RISCO

ALTA RELAÇÃO RELAÇÃO INTERMEDIÁRIA BAIXA RELAÇÃO

Menarca precoce
Antecedente familiar com CA de Alcoolismo
mama ou ovário Menopausa tardia
1ª gravidez após os 20 anos
Obesidade pós-menopausa
Ausência de amamentação
Antecedente pessoal de CA de Densidade mamária elevada na
mama ou de atipia Terapia hormonal substitutiva
mamografia
(até 5 anos)
Exposição à radiação

ALTA RELAÇÃO
 Antecedente familiar c/ CA de mama ou ovário
 Antecedente pessoal de CA de mama
 Nódulo c/ ATIPIA (BX) – Obs: Importância da avaliação de exames pregressos

RELAÇÃO INTERMEDIÁRIA
 Menarca precoce / Menopausa tardia (↑ exposição do tecido mamário à AÇÃO ESTROGÊNICA)
o ↑ Risco de CA mama, ovário e endométrio
Obs: As mulheres foram feitas p/ engravidar e amamentar! Portanto, devem ter no mínimo 3 filhos e amamentar de
1-2 anos cada um deles (caso contrário, estarão indo contra a natureza!)

 1ª gravidez após os 20 anos


o Na anamnese, ao identificarmos que a paciente trata-se de uma G5P4C1, temos que determinar a
data do último parto e, principal/e, a do PRIMEIRO PARTO
o Engravidar antes do 20 anos confere uma ↑ proteção contra o CA de mama, pois ocorre
transformação das UDLT do tipo 1 em tipos 2 e 3, as quais são menos mitoticamente ativas
 Ausência de amamentação
o Na anamnese, devemos determinar o TEMPO TOTAL de amamentação, pois cada ano confere uma
↓ no risco de CA de 3-5%
 Densidade mamária ↑ na MMG
 Exposição à radiação
o Principal/e MAMOGRAFIA (o Colégio Americano já indica, no MÁXIMO, 1 MMG/ano)
o No Brasil, a MMG é indicada a partir dos 40 anos, pois, caso se inicie muito precocemente, existem
↑ chances de neoplasia radioinduzida
o A RDT, utilizada p/ tratamento de LINFOMAS, p. ex., pode desencadear um CA de mama (alguns
serviços indicam mastectomia profilática)

BAIXA RELAÇÃO
 Alcoolismo
o Segundo um estudo realizado na SUÉCIA, mulheres que ingerem 2 doses de destilados (ex: whisky)
por dia apresentam 4x + chances de apresentar CA de mama
 Obesidade pós-menopausa
o A gordura periférica converte testosterona em estrógeno
 Terapia hormonal substitutiva
o Realizada em mulheres na MENOPAUSA
o Atualmente, a TH é indicada por, no MÁXIMO, 5 anos (↑ risco de CA de mama, ovário e endométrio)

DETERMINAÇÃO DO RISCO
 Risco é a chance de desenvolvimento de determinada doença baseada em características pessoais (idade,
raça) ou exposição (radiação, drogas)
 O risco de CA de mama é determinado de várias maneiras: risco para toda a vida, risco relativo e risco
absoluto

RISCO PARA TODA A VIDA


 Desde o nascimento até a morte, a mulher tem uma chance de 1 entre 8 de desenvolve CA de mama e 1
entre 34 de morrer de CA de mama (e suas complicações)
o Este risco NÃO sofreu alteração c/ o passar dos anos; o que ↑ foi o nº absoluto (amostragem)

RISCO RELATIVO (RR)


 Chance de uma determinada população desenvolver a doença, quando exposta a determinado risco
o 1.000 pessoas (grupo controle)  10 casos em 5 anos
o 1.000 pessoas (utilizando TH)  16 casos em 5 anos
 Risco relativo 1,6 (60% de aumento)
 O RR é o + valorizado em estudos e trabalhos científicos sobre CA de mama
RISCO ABSOLUTO
 Número absoluto de pessoas em uma população que desenvolverá ou NÃO câncer durante um período de
tempo determinado de exposição a um agente
o 1.000 pessoas utilizando TH por 10 anos
o Risco absoluto de 2%: 20 pessoas desenvolverão CA

Tabela 2 – Classificação das lesões mamárias benignas ao exame histológico de acordo com o RR de CA de mama

RISCO PROLIFERAÇÃO ACHADOS HISTOLÓGICOS


 Alterações fibrocísticas (dentro da normalidade): cistos e ectasia
ductal (72%), hiperplasia moderada (40%), adenose NÃO esclerosante
(22%) e fibrose periductal (16%); fibroadenoma simples (15-23%); e
miscelâneas (hiperplasia lobular, hipertrofia juvenil e hiperplasia
estromal)
 Tumores benignos: hamartoma, lipoma, tumor filoides, papiloma
Sem ↑ Mínima solitário, neurofibroma, adenoma gigante e adenomioepitelioma
 Lesões traumáticas: hematoma, necrose gordurosa e lesões causadas
pela penetração de corpo estranho
 Infecções: granuloma e mastite
 Sarcoidose
 Metaplasia: escamosas e apócrinas
 Mastite diabética
 Hiperplasia ductal usual, fibroadenoma complexo (contendo cistos > 3
Pequeno ↑ Proliferativo mm de diâmetro, adenose esclerosante, calcificações epiteliais ou
(RR 1,5 – 2,0) sem atipia alterações apócrinas papilares), papiloma ou papilomatose, cicatriz
radial, e adenose de ducto íntegro
Moderado ↑ Proliferativo
 Hiperplasia ductal atípica e hiperplasia lobular atípica
(RR > 2,0) com atipia

FIBROADENOMAS

 Considerada alteração do desenvolvimento (e NÃO uma patologia)


o 70% das mulheres entre 20-30 anos desenvolverão FIBROADENOMA
 Representa uma hiperplasia focal do estroma e do componente epitelial da unidade ducto lobular
terminal, criando uma tumoração redonda e bem circunscrita no exame físico e radiológico
 Bilateralidade em 10% dos casos e múltiplos em 15% dos casos
 60% das mulheres apresentarão fibroadenoma durante a vida
o Portanto, se 60% das mulheres tem e 40% NÃO tem, considera-se o fibroadenoma como uma
ALTERAÇÃO do DESENVOLVIMENTO (e NÃO uma patologia)

 Quando um fibroadenoma (tumoração sólida) contém cistos, adenose esclerosante, calcificações é


denominado fibroadenoma complexo, ↑ o risco para desenvolvimento de CA
o A diferenciação entre fibroadenoma SIMPLES (99,5%) e COMPLEXO (0,5%) é dada através de BX
(diagnóstico histopatológico)
 Faixa etária: 20 – 30 anos
 Após a menopausa, calcificam e adquirem aspecto pop-corn (“pipoca”)
o Na menopausa, o fibroadenoma NÃO se forma; porém, quando já existente, é comum sua
CALCIFICAÇÃO (70% dos casos), levando à impossibilidade de reabsorção e aspecto em “pipoca”
 Calcificação em “pipoca”  Imagem patognomônica de fibroadenoma
 Clinicamente, nódulos fibroelásticos, regulares e móveis
 Pele e axilas normais
 Ausência de fluxo papilar

HISTOPATOGÊNESE
 Apresenta dependência hormonal, ↑ de tamanho na lactação e regride após-menopausa. Mas, embora
dependa de estrogênio (ENDÓGENO), ele NÃO responde a TH e ACO (estrogênio EXÓGENO)

O fibroadenoma NÃO apresenta invasão do tecido circunjacente (diferente de um CA). À histologia, esta
tumoração apresenta-se envolta por uma fina cápsula que o separa do tecido mamário

MACROSCOPIA
 Bem delimitado à palpação
o Conseguimos palpar um fibroadenoma a partir de 1,5 a 2 cm
 Indolor à palpação
 Consistência fibroelástica (semelhante à “ponta do nariz”)
 Superfície lisa
 Arredondado ou bocelado

DIAGNÓSTICO
 MAMOGRAFIA
o Tumores redondos ou ovais circunscritos, com maior eixo longitudinal
o NÃO dá diagnóstico de fibroadenoma (exceção: calcificação em “pipoca”)

 ULTRASSONOGRAFIA
o Nódulo sólido, hipoecoico, arredondado ou oval, bem delimitado, que pode ter algumas
macrolobulações e com ecotextura homogênea
 NÃO apresenta sombra acústica, invasão do tecido circunjacente ou retificação dos
ligamentos de Cooper (HD [USG]: BIRADS 2 – nódulo provavelmente BENIGNO)
 NUNCA fechamos diagnóstico de fibroadenoma através do USG
o Critérios
 Formato
 Contorno
 Ecogenicidade
 Transmissão sonora
 Tecido adjacente

NÃO fechamos de diagnóstico de fibroadenoma a partir da CLÍNICA e/ou EXAMES de IMAGEM (mamografia /
USG). O diagnóstico é dado por 2 métodos principais: análise HISTOLÓGICA (BX) ou CITOLÓGICA (PAAF)

 CITOLOGIA
o Esfregaços bastante celulares, com agrupamentos arborescentes de células epiteliais dispostas em
camada única
o Na gestação, pelo crescimento rápido, podemos encontrar papilas celulares levando a um falso-
positivo na PAAF
 No ciclo grávido-puerperal (gravidez OU amamentação), NÃO está indicada CITOLOGIA
ONCOLÓGICA, pois a ↑ concentração de estrógeno mamário produz hipercelularidade,
podendo ocasionar ATIPIAS que nos levarão a FALSO-POSITIVOS (CA de mama)
Fibroadenoma PALPÁVEL (≥ 1,5 -2 cm)  NÃO há necessidade de exames complementares (realizar PAAF)
Fibroadenoma NÃO palpável (< 1,5-2 cm)  Realizar PAAF guiada por USG
Após PAAF, realizar CITOLOGIA ONCOLÓGICA (e NÃO oncótica)

PROCEDIMENTO CIRÚRGICO
Fibroadenomas ÚNICOS só devem ser retirados se > 2 cm (desconforto, abaulamento local) – lembrando que se trata
de um nódulo de crescimento LENTO e AUTOLIMITADO (atinge, no máximo, 4-6 cm). Em casos de fibroadenomas
MÚLTIPLOS, NÃO está indicada cirurgia p/ todos (apenas p/ aqueles que CRESCEM e/ou INCOMODAM)

VIAS de ACESSO (utilizar preferencial/e as + estéticas)


 Periareolar (+ utilizada)
 Via transaxilar
 Sulco inframamário

Obs: Em fibroadenomas CALCIFICADOS NÃO fazemos + nada (NÃO crescem!)

TUMOR FILOIDES

 Possui as mesmas características histológicas do fibroadenoma, mas com hipercelularidade do estroma e


atipias
 Também São benignos, porém com ↑ tendências à recidiva local e atingem grandes volumes
o Diferente do fibroadenoma, o tumor filoides NÃO apresenta crescimento autolimitado
 Pico 30-40 anos e raça negra
 Em 10% dos casos podem ser malignos (SARCOMAS)
o Os tumores filoides normal/e tornam-se malignos após RECIVIDAS (sofre processo sarcomatoso)

DEFINIÇÃO
 É uma neoplasia de comportamento histopatológico variável, com componentes epitelial e mesenquimal
o Dentre as patologias benignas, aquela que causa maior “medo” no mastologista é o tumor filoides!

EPIDEMIOLOGIA
 Menos de 1% de todos os tumores mamários
 2 a 3% dos tumores fibroepiteliais
 Frequente associação com a raça negra
 Geralmente unilateral e único
o Tumores filoides múltiplos OU bilaterais são RAROS
 Mais comum na 4ª e 5ª décadas de vida
 30% está associado ao fibroadenoma

MACROSCOPIA
 Massa única, volumosa, indolor, de superfície encapsulada
 Crescimento rápido e progressivo (e CONTÍNUO – portanto, deve ser retirado cirurgicamente)
 Unilateral
 Superfície bocelada (irregular)
 Adenopatia axilar (↑ temperatura cutânea local)
HISTOPATOLOGIA (PROVA)
 Elementos epiteliais (policlonais) e conjuntivos (monoclonais)
o Por ter ambos os componentes, o tumor filoides é chamado de NEOPLASIA
 Correlação genética com mutações
o Mais frequentes: ganho no locus 1q e supressões genéticas no locus 13q (alterações que levam a
alterações do gene supressor RB1)
 A alteração genética está presente 83% dos tumores filoides
o 55%% dos benignos
o 91% dos boderlines
o 100% dos malignos

A tumor filoides é divido em BENIGNO, BODERLINE e MALIGNO. Mesmo o Tu MALIGNO NÃO envia metástases,
mas é chamado assim por apresentar ↑ tendência a RECIDIVA (maior chance de sofrer processo sarcomatoso)

Tabela 2 – Classificação (PATOLÓGICA e SUBJETIVA)

PARÂMETRO BENIGNO BODERLINE MALIGNO


CELULARIDADE Baixa Moderada Alta
MARGEM Expansiva Indefinida Infiltrativa
MITOSES (em 10 campos) <4 5a9 > 10
PLEOMORFISMO Discreto Moderado Acentuado

% TEMPO RECIDIVA
BENIGNO 8 32 meses
BODERLINE 20 22 meses
MALIGNO 23 18 meses

DIAGNÓSTICO
 Mamografia: tumores volumosos dificultam o método
 USG: nódulo volumoso com áreas císticas
o USG e mamografia NÃO dão diagnóstico de tumor filoides
 PAAF (citologia) e Core Biopsy (/histologia): discutível (30% tem associação c/ FIBROADENOMA)
 Biópsia cirúrgica: diagnóstico de certeza (ressecção de TODO o nódulo)

TRATAMENTO (CIRÚRGICO)
A tratamento de eleição do tumor filoides é SEMPR cirúrgico (NÃO existe acompanhamento de tumor filoides!)
 TUMOR FILOIDES BENIGNO e BODERLINE
o Tratamento de eleição: cirúrgico
o Margem de segurança de 1 cm pelo menos
 A margem de segurança é muito importante, pois tem relação c/ o TEMPO de RECIDIVA
o Relação Tumor vs Mama
 Mamas pequenas  ↑ Dificuldade p/ realizar excisão c/ margem de segurança
 TUMOR FILOIDES MALIGNO
o Cirúrgico (tratamento de eleição)
o Radioterápico
o Relação Tumor vs Mama
o Margem de segurança
 ↑ Chance de recidiva e malignização (processo sarcomatoso)
o Tratamento cirúrgico (tumor filoides MALIGNO)
 Opção cirúrgica: Ressecção com margens (cirurgia conservadora) vs Mastectomia

Tumores maiores tendem a recidivar +, INDEPENDENTE da margem de segurança à cirurgia


Além disso, a recidiva do tumor filoides NÃO tem relação c/ o TIPO de CIRURGIA (NÃO importa se foi realizada
uma ressecção conversadora c/ margens OU mastectomia – o Tu filoides pode recidivar na cicatriz da mastectomia!)

TUMOR FILOIDES MALIGNO: TRATAMENTO CIRÚRGICO


 Axila: NÃO é necessário o esvaziamento ganglionar axilar (pois mesmo o Tu filoides MALIGNO NÃO
apresenta chance de metastatização p/ linfonodos)
 Salvadori et al, 1989: 53 casos, 2 deles com esvaziamento axilar negativo
 Reinfuss, 1996: 01 caso positivo em 29 pacientes com linfonodo clinicamente suspeito (esse envolvimento,
provavelmente, ocorreu por contiguidade ou necrose linfonodal 2ária ao rápido crescimento tumoral)
 Mangii et al: contiguidade ou necrose

RADIOTERAPIA (Tu filoides MALIGNO)


 Indicações: controle local
o Tumor > 2 cm submetida à cirurgia conservadora
o Tumor > 10 cm submetida à mastectomia
o Margens (de segurança) comprometidas
o Recidiva
 Melhora do Controle local, porém sem melhora da sobrevida

QUIMOTERAPIA
 Indicações
o Tumores volumosos (> 5 cm) Chaney et al
o Metástases: pulmão, ossos, fígado, baço (Adem et al)
o Oktar et al, 2004: 50 casos de Tu filoides maligno
 Metástase em 26% das pacientes
 Pulmão (85%); Ossos (31%); Fígado; SNC
 Apesar destes trabalhos, na prática médica NÃO se faz QT p/ Tu filoides MALIGNO,
pois as evidências clínicas demonstram que este procedimento é ineficaz

HORMONIOTERAPIA (Tamoxifeno)
 Gary et al, 2002: estudo multicêntrico com 143 casos de tumor filoides
 A expressão hormonal ocorrer principalmente na porção epitelial
 O nível de expressão hormonal é inversamente proporcional ao grau de malignidade
 Hormonioterapia tem papel limitado no tratamento do tumor filoides maligno
o Na prática, também NÃO se realiza hormonioterapia p/ Tu filoides MALIGNO

RESUMO (Tu FILOIDES)


 Classificação: benigno, boderlines e maligno
o Relacionada c/ chance e tempo de RECIDIVAS (NÃO dá metástases)
 Tratamento: ressecção ampla c/ margem ≥ 1 cm
o Levar sempre em consideração o tamanho da MAMA e do TUMOR
FIBROADENOMA JUVENIL
 Mesma histologia do fibroadenoma, acometendo adolescentes
o NÃO existe fibroadenoma juvenil em mulheres ≥ 20 anos
 Atingem grande volume
 NÃO tem tendência à recidiva local
o CD: Ressecção do nódulo (s/ necessidade de retirar c/ margem)
o Assim que diagnosticado, deve-se programar a cirurgia p/ evitar ao máximo que o Tu cresça e
ocasione atrofia do tecido mamário circunjacente (levando à deformidade permanente pós-cirurgia)

HAMARTOMA
 Breast in a breast (área de tecido mamário normal encapsulado)
 Denominado fibroadenolipoma, encontrado em exames de imagem
o Fibroadenolipoma  Componentes fibrótico, glandular e adiposo (exatamente igual à composição
do parênquima mamário, porém envolto por uma CÁPSULA)
 Quando palpáveis, tumores bem delimitados e fibroelásticos
o CD: NÃO têm crescimento contínuo (NÃO se faz cirurgia)

ESTEATONECROSE
 Sempre 2ários a trauma local (geral/e acidente automobilístico) e cirurgia (plástica)
 Clinicamente e radiologicamente se assemelham a lesões malignas
o Ex: Mulher de 40 anos c/antecedente de redução de mama evolui c/ NÓDULO MAMÁRIO que, na
MMG, é altamente sugestivo de neoplasia (BX  Esteatonecrose)
 Inicialmente forma-se o cisto oleoso, que é redondo, anecoico e com sombra acústica distal, mas a
tendência é calcificar-se ao longo do tempo caso NÃO seja reabsorvido
o Ao identificarmos estas calcificações suspeitas na MMG, devemos solicitar BX, pois se assemelham
radiologicamente ao CA de mama
 As calcificações suspeitas podem requerer biópsia tipo core estereotáxica no sentindo de diferenciar
esteatonecrose de recorrência

A esteatonecrose é uma resposta do tecido mamário a agressão. Portanto, NÃO adiante ficar dissecando a lesão!

PAPILOMA INTRADUCTAL
 Proliferação do epitélio ductal com eixo vásculo-conjuntivo que enche o canalículo e geralmente o
distende
o Distensão do canalículo  Sangramento intraductal  FLUXO PAPILAR SANGUINOLENTO
 Geralmente é solitário, NÃO excede 2 a 3 mm e localiza-se nos ductos terminais
 Costuma produzir fluxo papilar sanguinolento e nódulo endurecido retroareolar
 Mulheres entre 35-50 anos
o CD: Ressecção da área

DENSIDADE MAMOGRÁFICA – INFLUÊNCIA NA ACURÁCIA


 Paciente JOVEM  ↑ Densidade (NÃO somos capazes de diferenciar nódulos)
 Paciente IDOSA (mama lipossubstituída)  Análise + simples

O exame de escolha varia c/ a IDADE da paciente


Até 40 anos  O exame primordial é USG
40-60 anos  MMG + USG
Para pacientes + IDOSAS, o ideal é a MAMOGRAFIA (pois, em meio à GORDURA, o som NÃO se propaga)

ULTRASSOM de MAMA (USG)


É o exame + realizado no Brasil!
A função primordial do USG é definir se um nódulo apresenta conteúdo SÓLIDO ou CÍSTICO
 Nódulo CÍSTICO  Imagem anecoica (preta) c/ reforço acústico posterior
 Nódulo SÓLIDO  Fibroadenoma ? Tumor filoides ?

FIBROADENOMAS – DÚVIDAS
 Quando e como biopsiar?
 Quando e como operar?
o Lembrar que o FIBROADENOMA é uma alteração do desenvolvimento presente em 60% das
mulheres (e NÃO uma patologia), que acomete, principal/e, faixas etárias + JOVENS (15 a 25 anos)

BIÓPSIA – QUANDO EVITAR?


 PADRÃO OURO  TESTE TRIPLO
o Consulta (anamnese + exame físico)
o Imagem (USG)
o BIÓPSIA (NÃO deve ser solicitada p/ todas as pacientes)

O nº de aparelhos de BX do SUS é extremamente LIMITADO. Portanto, NÃO podemos solicitar BX p/ todas as


mulheres c/ nódulos mamários ao USG. Dessa forma, em pacientes jovens que NÃO apresentam AF de CA de mama
e, na USG, sua nodulação possui aspecto favorável, podemos apenas realizar um SEGUIMENTO. Caso haja
crescimento do nódulo em 4-6 meses, p. ex., devemos partir p/ BX ou RESSECÇÃO (mas NÃO de imediato)
Em nossa região, contendo 19 cidades, existe apenas 1 aparelho de BX de mama no SUS!

CARACTERÍSTICAS ECOGRÁFICAS (ou ULTRASSONOGRÁFICAS) DE BENIGNIDADE

CARACTERÍSTICA PADRÃO DE BENIGNIDADE


Forma Redonda, elipsoide ou com até 3 lobulações
Margens Bem definidas
Distorção arquitetural Ausente
Relação altura / largura Menor que 1
Sombra acústica Ausente
Tamanho Menor que 2 cm

A relação entre o TAMANHO do nódulo sua possível BENIGNIDADE ou MALIGNIDADE é bastante discutível.
Existem CA diagnosticados c/ 0,5 cm e fibroadenomas diagnosticados c/ 4 cm! Porém, nódulos maiores que 2 cm
devem ser investigados p/ possível malignidade

CONDUTA
Clínica ou radiologia suspeitas
NÓDULO de MAMA (qualquer idade)  Clínica ou imagens suspeitas  PAAF/Core biopsy  Programação cirúrgica
Pacientes com até 30 anos
NÓDULO de MAMA (pacientes c/ até 30 anos)  Clínica e USG normais (s/ alterações suspeitas)
 < 2 cm
o Paciente deseja exérese?
 Sim  Exérese cirúrgica
 Não  Exame clínico mensal + USG 6/6 meses por 2 anos (se ficar estável = ALTA)
 > 2 cm
o PAAF (diferenciar Tu filoide, fibroadenoma, carcinoma medular etc)
 Alterado  Exérese cirúrgica
 Normal  Exame clínico mensal + USG 6/6 meses por 2 anos (se ficar estável = ALTA)

Pacientes com + de 30 anos


Em pacientes > 30 anos, a conduta deve ser + INVASIVA, pois o risco de CA de mama é maior
NÓDULO de MAMA (pacientes c/ + de 30 anos)  Clínica e USG normais (MMG se idade de rastreamento) 
PAAF/Core biopsy
 Normal
o Paciente deseja exérese?
 Sim  Exérese cirúrgica
 Não  Autoexame mensal + USG 6/6 meses por 2 anos (se ficar estável = ALTA)
 Alterado
o Programar cirurgia

CONTROVÉRSIAS NO FIBROADENOMA
 Anticoncepcional  Pode
o O fibroadenoma apresenta um componente hormonal, sofrendo alterações durante o período de
GRAVIDEZ (hormônios ENDÓGENOS). No entanto, NÃO existe risco em utilizar ACO ou TH (o tumor
NÃO sofre influência de hormônios EXÓGENOS)
 Múltiplos  Retirar os maiores (estão em crescimento)
 Gestação e amamentação  Tendência a ↑

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