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NÓDULOS MAMÁRIOS
Os NÓDULOS MAMÁRIOS são patologias BENIGNAS que assustam muito as mulheres (1ª causa de procura ao
ambulatório de mastologia), pois, ao palparem um nódulo, as pacientes imaginam que a 1ª causa é o CA, o que NÃO
é verdade!
NÓDULOS MAMÁRIOS
60% do ambulatório de mastologia
75% está associado à patologia benigna
o Acima dos 60 anos, TODA mulher c/ nódulo mamário nos faz pensar em CA
Define-se por nódulo de mama, toda tumoração presente na glândula mamária, percebida pela paciente
ou pelo profissional de saúde (OU por um exame de rastreamento – achado radiológico)
Diante do ↑ na incidência de CA de mama na população feminina e do diagnóstico em mulheres + jovens,
a presença de nódulo mamário está associada à angústia e à ansiedade da paciente, que transcorre até a
resolução do problema
o O ↑ da incidência do CA de mama é RELATIVO, pois, segundo dados da OMS, a incidência do CA de
mama é a mesma, no entanto a AMOSTRAGEM é maior (há 20 anos, o Brasil apresentava 140
milhões de habitantes; atualmente, este nº ↑ p/ 200 milhões)
HISTOLOGIA MAMÁRIA
As mamas sofrem mudanças entre a menarca e a menopausa (± 40-45 anos). Inicia-se pela predominância
de ductos, lóbulos e estroma intralobular e interlobular observados no início da menacme (período fértil)
até as alterações fibróticas e formações císticas, atualmente denominadas alterações fibrocísticas
o Na menopausa, devido à ausência de ESTRÓGENO, ocorre uma atrofia dos ductos e lóbulos, levando
a lipossubstituição da mama c/ predominância do TECIDO ADIPOSO
Cerca de 60 a 70% das mulheres sem nenhuma patologia mamária apresentam esta alteração histológica
(geralmente transitória e relacionada ao status menstrual)
As mamas sofrem mudanças durante a vida toda. Sempre que estivermos diante de uma paciente, devemos
relacionar sua IDADE com as patologias de maior prevalência
Entre 15 a 25 anos Fibroadenoma (pico aos 20 anos) TODO nódulo
Entre 30 a 50 anos Cistos (pico aos 45 anos) deve ser avaliado!
> 30-35 anos Câncer
A curva de incidência do CA de mama é diretamente proporcional à IDADE (aos 90 anos, de cada 2
mulheres, 1 apresenta CA)
Obs: Em homens, aos 90 anos, de cada 2 homens, os 2 terão CA!
EPIDEMIOLOGIA
25% das pacientes são assintomáticas (nódulos NÃO palpáveis)
INTERROGATÓRIO
Realização do autoexame das mamas, último exame clínico das mamas e exames radiológicos já realizados
o Quem palpou este nódulo ? Paciente / Médico / Esteticista ?
Alterações que se associaram ao diagnóstico do nódulo: alteração cutânea, dor localizada, alteração do
mamilo, fluxo papilar
o Fibroadenomas / Hamartomas (nódulos BENIGNOS) NÃO causam alteração de pele
o Nódulo + Dor localizada Geral/e tratam-se de MACROCISTOS
o Alteração de mamilo Retrações mamilares, até que se prove o contrário, tratam-se de um CA que
retifica os ligamentos de Cooper devido à reação esclerótica do centro tumoral
o Fluxo papilar Nódulo retroareolar comprimindo os ductos lactíferos OU intraductal
Velocidade de crescimento, relação com o ciclo menstrual
o Lembrar do “nódulo móvel” (espessamento causado pela efeito osmótico da fase lútea)
Utilização de medicamentos
o Menopausa Uso de TH?
o Existem indícios de que a testosterona (anabolizantes) é + prejudicial p/ a mama do que o estrógeno
Determinação do risco
o NÃO importa o diagnóstico da patologia benigna, o importante é saber se ela irá desencadear um
risco ↑ dessa paciente desenvolver um CA
DETERMINAÇÃO DO RISCO
Menarca precoce
Antecedente familiar com CA de Alcoolismo
mama ou ovário Menopausa tardia
1ª gravidez após os 20 anos
Obesidade pós-menopausa
Ausência de amamentação
Antecedente pessoal de CA de Densidade mamária elevada na
mama ou de atipia Terapia hormonal substitutiva
mamografia
(até 5 anos)
Exposição à radiação
ALTA RELAÇÃO
Antecedente familiar c/ CA de mama ou ovário
Antecedente pessoal de CA de mama
Nódulo c/ ATIPIA (BX) – Obs: Importância da avaliação de exames pregressos
RELAÇÃO INTERMEDIÁRIA
Menarca precoce / Menopausa tardia (↑ exposição do tecido mamário à AÇÃO ESTROGÊNICA)
o ↑ Risco de CA mama, ovário e endométrio
Obs: As mulheres foram feitas p/ engravidar e amamentar! Portanto, devem ter no mínimo 3 filhos e amamentar de
1-2 anos cada um deles (caso contrário, estarão indo contra a natureza!)
BAIXA RELAÇÃO
Alcoolismo
o Segundo um estudo realizado na SUÉCIA, mulheres que ingerem 2 doses de destilados (ex: whisky)
por dia apresentam 4x + chances de apresentar CA de mama
Obesidade pós-menopausa
o A gordura periférica converte testosterona em estrógeno
Terapia hormonal substitutiva
o Realizada em mulheres na MENOPAUSA
o Atualmente, a TH é indicada por, no MÁXIMO, 5 anos (↑ risco de CA de mama, ovário e endométrio)
DETERMINAÇÃO DO RISCO
Risco é a chance de desenvolvimento de determinada doença baseada em características pessoais (idade,
raça) ou exposição (radiação, drogas)
O risco de CA de mama é determinado de várias maneiras: risco para toda a vida, risco relativo e risco
absoluto
Tabela 2 – Classificação das lesões mamárias benignas ao exame histológico de acordo com o RR de CA de mama
FIBROADENOMAS
HISTOPATOGÊNESE
Apresenta dependência hormonal, ↑ de tamanho na lactação e regride após-menopausa. Mas, embora
dependa de estrogênio (ENDÓGENO), ele NÃO responde a TH e ACO (estrogênio EXÓGENO)
O fibroadenoma NÃO apresenta invasão do tecido circunjacente (diferente de um CA). À histologia, esta
tumoração apresenta-se envolta por uma fina cápsula que o separa do tecido mamário
MACROSCOPIA
Bem delimitado à palpação
o Conseguimos palpar um fibroadenoma a partir de 1,5 a 2 cm
Indolor à palpação
Consistência fibroelástica (semelhante à “ponta do nariz”)
Superfície lisa
Arredondado ou bocelado
DIAGNÓSTICO
MAMOGRAFIA
o Tumores redondos ou ovais circunscritos, com maior eixo longitudinal
o NÃO dá diagnóstico de fibroadenoma (exceção: calcificação em “pipoca”)
ULTRASSONOGRAFIA
o Nódulo sólido, hipoecoico, arredondado ou oval, bem delimitado, que pode ter algumas
macrolobulações e com ecotextura homogênea
NÃO apresenta sombra acústica, invasão do tecido circunjacente ou retificação dos
ligamentos de Cooper (HD [USG]: BIRADS 2 – nódulo provavelmente BENIGNO)
NUNCA fechamos diagnóstico de fibroadenoma através do USG
o Critérios
Formato
Contorno
Ecogenicidade
Transmissão sonora
Tecido adjacente
NÃO fechamos de diagnóstico de fibroadenoma a partir da CLÍNICA e/ou EXAMES de IMAGEM (mamografia /
USG). O diagnóstico é dado por 2 métodos principais: análise HISTOLÓGICA (BX) ou CITOLÓGICA (PAAF)
CITOLOGIA
o Esfregaços bastante celulares, com agrupamentos arborescentes de células epiteliais dispostas em
camada única
o Na gestação, pelo crescimento rápido, podemos encontrar papilas celulares levando a um falso-
positivo na PAAF
No ciclo grávido-puerperal (gravidez OU amamentação), NÃO está indicada CITOLOGIA
ONCOLÓGICA, pois a ↑ concentração de estrógeno mamário produz hipercelularidade,
podendo ocasionar ATIPIAS que nos levarão a FALSO-POSITIVOS (CA de mama)
Fibroadenoma PALPÁVEL (≥ 1,5 -2 cm) NÃO há necessidade de exames complementares (realizar PAAF)
Fibroadenoma NÃO palpável (< 1,5-2 cm) Realizar PAAF guiada por USG
Após PAAF, realizar CITOLOGIA ONCOLÓGICA (e NÃO oncótica)
PROCEDIMENTO CIRÚRGICO
Fibroadenomas ÚNICOS só devem ser retirados se > 2 cm (desconforto, abaulamento local) – lembrando que se trata
de um nódulo de crescimento LENTO e AUTOLIMITADO (atinge, no máximo, 4-6 cm). Em casos de fibroadenomas
MÚLTIPLOS, NÃO está indicada cirurgia p/ todos (apenas p/ aqueles que CRESCEM e/ou INCOMODAM)
TUMOR FILOIDES
DEFINIÇÃO
É uma neoplasia de comportamento histopatológico variável, com componentes epitelial e mesenquimal
o Dentre as patologias benignas, aquela que causa maior “medo” no mastologista é o tumor filoides!
EPIDEMIOLOGIA
Menos de 1% de todos os tumores mamários
2 a 3% dos tumores fibroepiteliais
Frequente associação com a raça negra
Geralmente unilateral e único
o Tumores filoides múltiplos OU bilaterais são RAROS
Mais comum na 4ª e 5ª décadas de vida
30% está associado ao fibroadenoma
MACROSCOPIA
Massa única, volumosa, indolor, de superfície encapsulada
Crescimento rápido e progressivo (e CONTÍNUO – portanto, deve ser retirado cirurgicamente)
Unilateral
Superfície bocelada (irregular)
Adenopatia axilar (↑ temperatura cutânea local)
HISTOPATOLOGIA (PROVA)
Elementos epiteliais (policlonais) e conjuntivos (monoclonais)
o Por ter ambos os componentes, o tumor filoides é chamado de NEOPLASIA
Correlação genética com mutações
o Mais frequentes: ganho no locus 1q e supressões genéticas no locus 13q (alterações que levam a
alterações do gene supressor RB1)
A alteração genética está presente 83% dos tumores filoides
o 55%% dos benignos
o 91% dos boderlines
o 100% dos malignos
A tumor filoides é divido em BENIGNO, BODERLINE e MALIGNO. Mesmo o Tu MALIGNO NÃO envia metástases,
mas é chamado assim por apresentar ↑ tendência a RECIDIVA (maior chance de sofrer processo sarcomatoso)
% TEMPO RECIDIVA
BENIGNO 8 32 meses
BODERLINE 20 22 meses
MALIGNO 23 18 meses
DIAGNÓSTICO
Mamografia: tumores volumosos dificultam o método
USG: nódulo volumoso com áreas císticas
o USG e mamografia NÃO dão diagnóstico de tumor filoides
PAAF (citologia) e Core Biopsy (/histologia): discutível (30% tem associação c/ FIBROADENOMA)
Biópsia cirúrgica: diagnóstico de certeza (ressecção de TODO o nódulo)
TRATAMENTO (CIRÚRGICO)
A tratamento de eleição do tumor filoides é SEMPR cirúrgico (NÃO existe acompanhamento de tumor filoides!)
TUMOR FILOIDES BENIGNO e BODERLINE
o Tratamento de eleição: cirúrgico
o Margem de segurança de 1 cm pelo menos
A margem de segurança é muito importante, pois tem relação c/ o TEMPO de RECIDIVA
o Relação Tumor vs Mama
Mamas pequenas ↑ Dificuldade p/ realizar excisão c/ margem de segurança
TUMOR FILOIDES MALIGNO
o Cirúrgico (tratamento de eleição)
o Radioterápico
o Relação Tumor vs Mama
o Margem de segurança
↑ Chance de recidiva e malignização (processo sarcomatoso)
o Tratamento cirúrgico (tumor filoides MALIGNO)
Opção cirúrgica: Ressecção com margens (cirurgia conservadora) vs Mastectomia
QUIMOTERAPIA
Indicações
o Tumores volumosos (> 5 cm) Chaney et al
o Metástases: pulmão, ossos, fígado, baço (Adem et al)
o Oktar et al, 2004: 50 casos de Tu filoides maligno
Metástase em 26% das pacientes
Pulmão (85%); Ossos (31%); Fígado; SNC
Apesar destes trabalhos, na prática médica NÃO se faz QT p/ Tu filoides MALIGNO,
pois as evidências clínicas demonstram que este procedimento é ineficaz
HORMONIOTERAPIA (Tamoxifeno)
Gary et al, 2002: estudo multicêntrico com 143 casos de tumor filoides
A expressão hormonal ocorrer principalmente na porção epitelial
O nível de expressão hormonal é inversamente proporcional ao grau de malignidade
Hormonioterapia tem papel limitado no tratamento do tumor filoides maligno
o Na prática, também NÃO se realiza hormonioterapia p/ Tu filoides MALIGNO
HAMARTOMA
Breast in a breast (área de tecido mamário normal encapsulado)
Denominado fibroadenolipoma, encontrado em exames de imagem
o Fibroadenolipoma Componentes fibrótico, glandular e adiposo (exatamente igual à composição
do parênquima mamário, porém envolto por uma CÁPSULA)
Quando palpáveis, tumores bem delimitados e fibroelásticos
o CD: NÃO têm crescimento contínuo (NÃO se faz cirurgia)
ESTEATONECROSE
Sempre 2ários a trauma local (geral/e acidente automobilístico) e cirurgia (plástica)
Clinicamente e radiologicamente se assemelham a lesões malignas
o Ex: Mulher de 40 anos c/antecedente de redução de mama evolui c/ NÓDULO MAMÁRIO que, na
MMG, é altamente sugestivo de neoplasia (BX Esteatonecrose)
Inicialmente forma-se o cisto oleoso, que é redondo, anecoico e com sombra acústica distal, mas a
tendência é calcificar-se ao longo do tempo caso NÃO seja reabsorvido
o Ao identificarmos estas calcificações suspeitas na MMG, devemos solicitar BX, pois se assemelham
radiologicamente ao CA de mama
As calcificações suspeitas podem requerer biópsia tipo core estereotáxica no sentindo de diferenciar
esteatonecrose de recorrência
A esteatonecrose é uma resposta do tecido mamário a agressão. Portanto, NÃO adiante ficar dissecando a lesão!
PAPILOMA INTRADUCTAL
Proliferação do epitélio ductal com eixo vásculo-conjuntivo que enche o canalículo e geralmente o
distende
o Distensão do canalículo Sangramento intraductal FLUXO PAPILAR SANGUINOLENTO
Geralmente é solitário, NÃO excede 2 a 3 mm e localiza-se nos ductos terminais
Costuma produzir fluxo papilar sanguinolento e nódulo endurecido retroareolar
Mulheres entre 35-50 anos
o CD: Ressecção da área
FIBROADENOMAS – DÚVIDAS
Quando e como biopsiar?
Quando e como operar?
o Lembrar que o FIBROADENOMA é uma alteração do desenvolvimento presente em 60% das
mulheres (e NÃO uma patologia), que acomete, principal/e, faixas etárias + JOVENS (15 a 25 anos)
A relação entre o TAMANHO do nódulo sua possível BENIGNIDADE ou MALIGNIDADE é bastante discutível.
Existem CA diagnosticados c/ 0,5 cm e fibroadenomas diagnosticados c/ 4 cm! Porém, nódulos maiores que 2 cm
devem ser investigados p/ possível malignidade
CONDUTA
Clínica ou radiologia suspeitas
NÓDULO de MAMA (qualquer idade) Clínica ou imagens suspeitas PAAF/Core biopsy Programação cirúrgica
Pacientes com até 30 anos
NÓDULO de MAMA (pacientes c/ até 30 anos) Clínica e USG normais (s/ alterações suspeitas)
< 2 cm
o Paciente deseja exérese?
Sim Exérese cirúrgica
Não Exame clínico mensal + USG 6/6 meses por 2 anos (se ficar estável = ALTA)
> 2 cm
o PAAF (diferenciar Tu filoide, fibroadenoma, carcinoma medular etc)
Alterado Exérese cirúrgica
Normal Exame clínico mensal + USG 6/6 meses por 2 anos (se ficar estável = ALTA)
CONTROVÉRSIAS NO FIBROADENOMA
Anticoncepcional Pode
o O fibroadenoma apresenta um componente hormonal, sofrendo alterações durante o período de
GRAVIDEZ (hormônios ENDÓGENOS). No entanto, NÃO existe risco em utilizar ACO ou TH (o tumor
NÃO sofre influência de hormônios EXÓGENOS)
Múltiplos Retirar os maiores (estão em crescimento)
Gestação e amamentação Tendência a ↑