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E OBSTETRÍCIA
GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA
PATOLOGIAS
- Sangramento uterino anormal:
Conceito:
• Qualquer sangramento diferente do padrão menstrual em frequência,
quantidade e duração.
• Pode acometer 1/3 das mulheres em todo o mundo.
• Impacta negativamente na qualidade de vida.
• Pode acontecer em qualquer idade, sendo mais comum no período
reprodutivo.
• Ciclo menstrual normal:
o Fluxo sanguíneo: 5-80ml.
o Duração: 3-8 dias.
o Intervalo: 24-38 dias.
o Regularidade: 2-20 dias.
Termos:
• Alterações de intervalo:
o Polimenorreia: < 21 dias → mais frequente.
o Oligomenorreia: > 35 dias → infrequente.
o Espaniomenorreia: > 45 dias.
• Alterações da quantidade:
o Menorragia.
o Aumento do fluxo.
o Diminuição do fluxo.
• Alterações de padrão:
o Metrorragia.
• Alteração da duração:
o Hipermenorreia: > 7 dias → mais prolongado.
o Hipomenorreia: < 3 dias → mais curto.
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Etiologias:
• Discrasias sanguíneas: plaquetopenia, doença de von Willebrand,
hemofilias.
• Complicações obstétricas: abortamento, gestação ectópica, mola.
• Medicações: AAS, neruolépticos, hormônios.
• Alterações uterinas, cervicais ou vaginais: cervicite, endometrite,
neoplasias, pólipos, miomas, traumas, corpos estranhos.
• Doenças crônicas: hipo e hipertireoidismo, IR, síndrome de Cushing.
Classificação:
• Hemorragia:
o Aguda.
o Crônica.
o Intermenstrual (metrorragia).
• Antiga:
o Menstruação.
o Patológico:
▪ Orgânico.
▪ Disfuncional.
• PALM-COEIN:
Manejo:
• Faixa etária:
o Pré-menarca:
▪ Estrogênio materno.
▪ Corpo estranho.
▪ Sarcoma batrióide.
▪ Tumores de ovário.
▪ Trauma.
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• Características:
o Pólipos são projeções da mucosa endometrial ou endocervical →
constituído de glândulas endometriais, estroma e vasos
sanguíneos.
o Sangramento prolongado, mas não tão extenso.
o Endometriais ou endocervicais.
o Avaliação por USG e/ou histeroscopia com ou sem histopatológico.
o Distinção de endométrio polipoide.
• Fatores de risco:
o Idade.
o Obesidade.
o Hipertensão.
o Uso de tamoxifeno.
• Prevalência:
o Maior durante período reprodutivo.
• Diagnóstico:
o Espessamento endometrial, com área focal hiperecogênica em
continuidade e com a mesma ecogenicidade do endométrio.
o Podem apresentar espaços císticos em seu interior.
o Melhor visto após a menstruação ou entre o 12° e 13°.
o Diagnóstico de certeza com histerectomia e histopatológico.
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• Tratamento:
o Ressecção histeroscópica.
o Curetagem uterina.
o Histerectomia vaginal ou abdominal.
o DIU hormonal.
o Ressecção em todas pós-menopausa.
Adenomiose:
▪
Histeroscopia → submucosos.
▪
Miomectomia.
▪
Histerectomia → volumosos ou em grandes quantidades e
que não desejam engravidar.
o Embolização da artéria uterina:
▪ Sintomáticos, muito vascularizados e não pedunculados.
▪ Reduz tamanho.
Malignidade e hiperplasia:
• Lesões hiperplásicas atípicas e neoplásicas.
• Adenocarcioma é o mais comum, mas também existem os sarcomas.
• Causas potenciais, apesar de menos comuns na idade reprodutiva →
acometem mais peri e pós-menopausa.
• USG com endométrio acima de 20mm é suspeito de neoplasia.
o Até 5mm nas menopausadas é normal, e até 8mm nas que usam
terapia hormonal.
Coagulopatias:
• Inclui o uso de anticoagulante.
• 13% possuem doença de von Willebrand.
• Trombocitopenias e trombofilias podem ser outras causas.
Disfunções ovarianas:
• Hemorragia variável em quantidade e previsibilidade.
• Ausência de produção cíclica de progesterona.
• Endocrinopatias → SOP, hiperprolactinemia, hipotireoidismo.
Endometriais:
• Hemorragia menstrual abundante.
• Deficiência local de vasoconstritores ou produção excessiva de PAF,
aumento local de vasodilatadores.
• Hemorragias prolongadas ou intermenstrual.
• Inflamação/infecção endometrial.
• Anomalias da resposta inflamatória endometrial.
• Alterações da angiogênese.
Iatrogênicas:
• Medicamentos que não apresentam o efeito esperado → uso inadequado
ou características individuais.
• Uso de esteroides → estrogênios, progestágenos, androgênios, inibidores
da aromatase, antagonistas ou análogos de GnRH.
Não específico:
• Malformações artériovenosas.
• Hipertrofia miometrial.
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• Endometriose.
• Entidades mal definidas ou mal pesquisadas.
- Climatério e menopausa:
Menopausa:
• É a data da última menstruação do seu ciclo vital.
• Marca o fim da capacidade reprodutiva.
• Associado ao surgimento de modificações comportamentais e corporais
associadas a redução hormonal.
• Precisa estar há 12 meses sem menstruar para ser considerada
menopausada.
• em torno de 50 anos → antes dos 40 anos é precoce → sofrem mais com
a privação hormonal.
• Perimenopausa: 2 anos antes da menopausa → já pode começar a
apresentar alterações no ciclo.
o Ocorre redução do tamanho ovariano.
o Número de folículos diminui consideravelmente.
o Folículos remanescentes se tornam mais resistentes aos estímulos
elevados de FSH e LH.
o Ovulações esporádicas e erráticas.
o Encurtamento do ciclo → falhas menstruais.
• Aumento expressivo de FSH sem resposta ovariana.
Níveis hormonais:
• Redução progressiva dos níveis circulantes de estrogênio.
• Diminuição da relação estrogênio/androgênio → manifestações
androgênicas.
• Diminuição da produção de proteína carreadora de estrogênio.
• Estrona começa a superar o estradiol → aromatização periférica começa
a ficar mais importante.
• Aumento progressivo do FSH.
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Sintomas:
• Vasomotores:
o Ondas de calor (fogachos) → vários momentos do dia, com
frequência de 8-10x/dia em fase crítica, podem ser acompanhadas
de sudorese noturna.
▪ Modificações do estilo de vida, com exercícios físicos,
atividades de relaxamento, diminuição de condimentos,
estimulantes e álcool, podem melhorar.
▪ Fitoesteróides → isoflavonas extraídas da soja → resultado
em pacientes com sintomas leves a moderados.
▪ Moderada a grave intensidade: terapia hormonal, inibidores
seletivos da recaptação de serotonina (fluoxetina),
gabapentina e clonidina.
• Insônia:
o Pode ser provocada pelas ondas de calor.
o Geralmente é de manutenção.
o Frequente existe a necessidade de utilizar indutores do sono.
• Problemas cognitivos:
o Déficit de memória e dificuldade de concentração.
• Alterações do humor:
o Aumento da irritabilidade e depressão.
• Vaginite atrófica:
o Surge em uma fase mais tardia → diminuição da espessura da
mucosa vaginal e diminuição da sua lubrificação → redução do
estradiol.
o Sintomas:
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- Puerpério patológico:
Conceito:
• Complicações do puerpério incluem algumas daquelas que também
ocorrem durante a gravidez.
• A complicação mais típica desse período é a infecção puerperal →
conhecida mortalidade puerperal.
Infecções puerperais:
• Qualquer infecção bacteriana do trato genital após o parto.
• Tríade letal materna: pré-eclâmpsia, hemorragia obstétrica e infecção
bacteriana.
Febre puerperal:
Infecção uterina:
• Tratamento:
o ATB VO costuma ser suficiente.
o Moderadas a graves → ATB EV de amplo espectro.
o Melhora começa em 48-72h → persistência da febre após isso
exige investigação cuidadosa de outras causas de infecção pélvica
refratária.
o Alta domiciliar após 24h afebril.
Fleimão parametrial:
Infecções perineais:
• Doença febril aguda com disfunção multissistêmica grave com alta taxa
de mortalidade.
• Febre, cefaleia, confusão mental, erupção macular eritematosa difusa,
edema subcutâneo, náuseas e vômitos, diarreia líquida,
hemoconcentração.
• Pode evoluir para IRA, IHA e CIVD.
• Classicamente causada pelo S. aureus produtor de exotoxina
estafilocócica (TSCT-1).
• Pode ser causado também pelos estreptococos hemolíticos do grupo beta
→ sorotipos M1 e M3.
• Tratamento: suporte até que haja regressão da lesão do endotélio capilar.
Infecções da mama:
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- Pós-datismo:
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Conceito:
• Gestações que ultrapassam a DPP.
o Gestação prolongada são gestações que ultrapassam 42
semanas.
o Pós-termo ou pós-maturidade são gestações patologicamente
prolongadas, com riscos maternos e fetais.
Etiologia:
• Idade materna avançada, primigesta, fatores fetoanexiais, fatores
miometriais, fatores endócrino-plancentários.
• Fatores cervicais:
o Contratilidade das fibras musculares inibe os estímulos miogênicos
ou espinhais para a liberação de prostaglandinas relacionadas ao
trabalho de parto.
Consequências:
• RN com maior risco de óbito → distúrbios metabólicos (hipoglicemia),
hipoxemia, aspiração meconial, menor resistência.
o Pode morrer durante o parto também.
• Quanto maior o tempo, maior o risco de complicações.
• Oligoâmnio.
• Macrossomia fetal → tocotraumatismos.
o Principalmente associado a DMG ou DM.
• Alterações psiquiátricas maternas, como ansiedade.
Vitalidade fetal:
• Iniciado o acompanhamento a partir de 40 semanas e 1 dia, 2 vezes por
semana.
o Cardiotocografia de repouso e estimulada.
o Doppler.
o Perfil biofísico fetal.
• Índice de Bishop:
o Avaliar possibilidade de indução do parto para fetos vivos.
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Propedêutica pélvica:
• Colo impérvio:
o Conduta conforme vigilância da vitalidade fetal.
o Oligoâmnio: preparo do colo e indução do parto, se líquido claro.
• Colo pérvio com Bishop > 6:
o Amnioscopia antes da ocitocina.
▪ Meconial faz cesárea.
• Colo pérvio com Bishop < 6:
o Desfavorável indução do parto.
o Meconial → cesariana.
o Líquido normal → repetir exames em 3-4 dias.
Conceito:
• Achado de um nódulo palpável na mama ou no rastreamento
mamográfico é um fator de impacto emocional → maioria é benigna, e não
aumentam significativamente o risco de desenvolvimento de câncer de
mama.
Alterações funcionais benignas das mamas:
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• Massa palpável.
• Pode ser feito punção por agulha fina → diagnóstico e terapêutico.
• 35-50 anos, coincidindo com a fase involutiva dos lóbulos mamários.
• Podem ser únicos ou múltiplos, uni ou bilaterais.
• Manifestam-se como nódulos de aparecimento súbito, de contornos
regulares, móveis e dolorosos, consistência amolecida ou fibroelástica.
• Originários do ducto terminal da unidade lobular, provavelmente
decorrendo de ciclos ovulatórios sucessivos → manutenção do estímulo
estroprogestativo.
• Fatores de risco: menarca precoce, menopausa tardia, nuliparidade,
oligoparidade ou primiparidade tardia, amamentação curta ou ausente.
• Durante a amamentação podem ter conteúdo lácteo → galactoceles.
• Podem ser purulentos → abscessos.
• Complicados: conteúdo espesso ou debris.
• Complexos: septações espessas e/ou vegetações intracísticas.
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Mastalgia:
• Classificação:
o Cíclica:
▪ 1-2 semanas antes da menstruação.
▪ Bilateral e generalizada, embora possa ser unilateral e
irradiar para a axila.
o Não cíclica:
▪ Mais focal e limitada no quadrante específico da mama,
embora possa ser difusa.
▪ 40-50 anos.
▪ Mais associado a causas anatômicas, traumas, mastite,
ectasia ductal, medicamentos, tumores benignos.
• Tratamento:
o Vitamina E, complexo B e linhaça podem ser tentados.
o AINEs podem ser usados no caso de dor intensa com falha das
medidas não farmacológicas.
o Danazol (antigonadotrofina) é uma opção, mas pode causar ganho
de peso, alteração da voz, menorragia, queda de cabelo de padrão
masculino, acne e cãibras.
o Bromocriptina (agonista dopaminérgico) → inibe secreção de
prolactina e foi eficaz na redução da mastalgia.
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- Câncer de mama:
Gustavo Urzêda Vitória 28
Fatores de risco:
• Modificáveis:
o Hábitos de vida, gravidez mais tardia, não ter amamentado, uso
não de terapia de reposição hormonal na pós-menopausa, uso de
contracepção hormonal → uso de estrogênio isolado ou sua ação
por muito tempo.
o Alcoolismo.
• Não modificáveis:
o Gênero feminino, faixa etária mais avançada, genética favorável,
idade de menarca e menopausa, história familiar.
• Exercício físico e controle do peso são fatores protetores.
Alterações genéticas:
• 80% é esporádico, acontecendo independentemente das características
genéticas.
• Maior parte dos hereditários está ligada a mutação dos genes BRCA 1 e
2.
o Existem outros, como: p53, MUTYH, PALB.
• Pode-se agrupar as alterações genéticas herdadas em síndromes:
o Síndrome do câncer hereditário de mama e ovário: mutações
herdadas do gene BRCA 1 e 2.
o Síndrome de Peutz-Jeghers: relacionado ao gene STK11
(cromossomo 19).
o Síndrome de Cowden: mutação do gene PTEN.
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o Entre 40 e 69:
▪ MMG anual.
▪ Pode ser usado USG, caso:
o > 70 anos:
▪ MMG individualizada.
o MS:
▪ Entre 40 e 49 anos → exame clínico das mamas (ECM)
anual e, se estiver alterado, mamografia.
▪ 50 a 69 anos → ECM anual e mamografia de 2 em 2 anos.
▪ A partir dos 35 anos com risco elevado → ECM e
mamografia anual.
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Derrame papilar:
• Lácteo --> hiperprolactinemia --> gestação, prolactinoma,
medicamentosa.
• Multicolor (verde/amarelo/marrom) --> alteração funcional benigna da
mama (AFBM) e ectasia ductal.
• Sangue/serossanguínea --> papiloma intraductal é a principal causa.
o Investigar porque pode ser CA.
o Carcinoma papilífero.
o Unilateral e uniductal são mais preocupantes.
• Investigação:
o Espontâneo, unilateral, uniductal.
o Sanguinolento ou água de rocha.
o Não manda para citologia --> resseca o ducto para análise
histopatológica.
Investigação de nódulo:
• Exame físico:
o Móvel ou aderido.
o Regular ou irregular.
o Fibroelástico ou pétreo.
• PAAF:
o Após exame físico: PAAF diagnóstica.
o Após exame de imagem: PAAF terapêutica (cistos).
o Diferencia sólido de cístico.
o Amarelo ou esverdeado, sem lesão residual --> USG ou MMG.
o > 2 recidivas, sanguinolento, massa residual ou sólido -->
USG/MMG ou biópsia.
• USG:
o Indicações: MMG inconclusiva, diferenciar sólido de cístico, jovem,
gestante.
o Sugere benignidade:
▪ Anecoico, homogêneo, bem delimitado, reforço acústico
posterior.
o Sugere malignidade:
▪ Misto, heterogêneo, mal delimitado, sombra acústica
posterior.
• RM:
o Indicações: múltiplas cirurgias (MMG pode ter assimetria focal e
RM diz se é fibrose), Birads 0, jovens de alto risco (alta
sensibilidade e sem radiação).
o Não mostra lesões < 2mm e nem microcalcificações.
• Mamografia:
o Melhor para rastreamento.
o Mediolateral: define se é superior ou inferior --> próximo ao peitoral
é superior.
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Tratamento:
• Tipos de cirurgia:
o Conservadora:
▪ Avaliar relação tumor/mama → ideal é < 20% da mama.
• Geralmente não faz em > 4cm.
▪ Setorectomia ou quadrandectomia (tira pele junto).
• Não faz, se:
• Relação ruim (> 20%).
• Multicêntrica e extensa.
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• Conceito:
o É a expulsão fetal com < 500g ou < 20 semanas.
o Pode ser:
▪ Espontâneo: ocorre naturalmente.
▪ Provocado: ocorre pelo uso de instrumentos ou de
medicamentos.
▪ Precoce: até 12 semanas de gestação.
▪ Tardio: 12-20 semanas de gestação.
• Causas:
o Alterações imunológicas (LES).
o Alterações endócrinas (hipo/hipertireoidismo).
o Cromossomopatias (principalmente trissomia do 16).
o STORCH-Z.
o Malformações uterinas.
• Ameaça de abortamento:
o Hemorragia precoce, de longa duração e escuros.
o Dores que geralmente sucedem a hemorragia.
o Tratado com repouso relativo, proibição de coito, antiespasmódico
e analgésico.
▪ Não está recomendado o uso de progesterona.
• Aborto inevitável:
o Pode ser confundido com menstruação, só que em maior
quantidade e com a presença de embrião e decídua no material
eliminado.
o Depois de 8 semanas pode ter metrossístoles.
o Geralmente precedido por ameaça de abortamento.
o Colo permeável.
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o Tratamento:
▪ Até 12 semanas:
• Expectante: até 8 semanas ocorre a expulsão
completa da maioria → espessura > 30mm.
• Misoprostol pode encurtar esse período.
• Hemorragia, instabilidade hemodinâmica ou infecção
→ esvaziamento uterino.
▪ > 12 semanas:
• Esvaziamento instrumental → possui riscos.
• Ocitocina.
• Misoprostol via vaginal a cada 4h.
• O remanescente é extraído com pinça após a
eliminação.
• Aborto completo:
o Frequente até 8 semanas → após expulsão, as cólicas cessam e o
sangramento se torna discreto.
• Aborto incompleto:
o Eliminação parcial do material → causa hemorragia persistente e
pode propiciar infecção.
o Tratamento: esvaziamento cirúrgico.
• Aborto retido:
o O útero retém o material por dias ou semanas, podendo não haver
sangramento vaginal.
o Feto morto.
o Tratamento com misoprostol e esvaziamento uterino.
• Aborto infectado:
o Geralmente sucede interrupção provocada em más condições.
o Microrganismos mais comuns são os das floras vaginal e intestinal.
o Pode se apresentar como endometrite, pelviperitonite ou peritonite
franca.
o Tratamento:
▪ Esvaziamento uterino.
▪ ATB de amplo espectro → clindamicina, depois amoxicilina
após 2-3 dias afebril.
▪ Suporte.
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Prenhez ectópica:
• Conceito:
o Até 2% das gestações.
o É a implantação da gestação fora da cavidade uterina:
▪ 95-97% tubária (região ampular).
▪ 1% ovário.
▪ 1% cavidade abdominal.
▪ 1% cérvice uterina.
• Fatores de risco:
o Lesão das tubas uterinas, DIP, cirurgia tubária prévia ou gravidez
ectópica anterior, uso de DIU.
• Diagnóstico:
o Clínico:
▪ Dor abdominal, atraso menstrual, sangramento vaginal.
▪ Pode ter massa anexial palpável.
o Laboratorial:
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• Conceito:
o Ou mola hidatiforme → proliferação anormal do trofoblasto (tecido
placentário).
o Não tem uma etiologia determinada, mas é mais frequente em
mulheres com mais de 40 anos.
• Tipos:
o Completa:
▪ 1 espermatozoide fecunda 1 óvulo vazio → ele mesmo
duplica (todos os genes são paternos) → não forma
embrião, só tumor.
▪ Maior risco de malignizar.
▪ Diploide.
o Parcial:
▪ 2 espermatozoides fecundam 1 óvulo → todos normais →
triploide.
▪ Maligniza menos → genes maternos e paternos → forma
embrião.
• Diagnóstico:
o Clínico:
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• Conceito:
o Descolamento prematuro da placenta após 20 semanas.
o Prematuro porque é antes do período expulsivo.
o < 20 semanas: aborto.
• Fatores de risco:
o Trauma.
o > 35 anos.
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o Corioamnionite.
o Cocaína e tabaco (maconha não).
o Polidramnia.
o Gemelar.
o Hipertensão.
o DPP prévia.
• Quadro clínico:
o Sangue fora do vaso irrita o útero → dor, taquissístole, hipertonia
uterina (útero lenhoso), sofrimento fetal agudo, hematoma.
o Nem sempre tem sangramento exteriorizado → quando tem é
escuro e coagulado.
• Diagnóstico:
o Clínico.
o Não pode fazer USG:
▪ Não vê o hematoma.
▪ Atrasa a conduta.
• Conduta:
o Depende do feto:
▪ Vivo (BCF+): parto mais rápido possível → maioria é
cesárea, mas não é uma indicação absoluta.
• Parto iminente: pode ser normal.
▪ Morto:
• DPP grave.
• Investigar coagulopatia.
• Via vaginal, mas se demorar pode fazer cesárea
(pouca dilatação).
o Realizar antes amniotomia na admissão → descomprime a área de
hematoma → diminui atonia uterina e outras vantagens (CIVD).
• Complicações:
o Útero de Couvelaire (apoplexia uteroplacentária).
▪ Atonia uterina.
o Síndrome de Sheehan:
▪ Sangrou muito no parto → necrose isquêmica da hipófise.
o CIVD:
▪ Tromboplastina entra na circulação materna e vira gatilho.
o IRA hipovolêmica.
o Pode pedir: hemograma, função renal e coagulograma.
Placenta prévia:
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• Conceito:
o Prévia: entre a apresentação fetal e o colo.
o Placenta próxima ou recobre o útero → confirmada após 28
semanas.
• Classificação:
o Marginal: avaliar parto vaginal.
o Parcial: maioria é cesárea.
o Total: sempre cesárea.
• Fatores de risco:
o Cicatriz/cesárea.
o > 35 anos.
o Multiparidade.
o Gemelar.
o Endometrite.
o Tabagismo.
• Quadro clínico:
o Sangramento progressivo, de repetição, espontâneo, vivo, indolor
e sem hipertonia ou sofrimento fetal.
• Diagnóstico:
o Clínico.
o Não faz toque vaginal.
o Exame especular faz.
o USG TV.
• Conduta:
o Termo: interrupção.
o Prematuro:
▪ Intensidade do sangramento:
• Leve a moderado: corticoide.
• Grave/intenso: interrompe.
• Complicações:
o Apresentação anormal.
o Penetração no útero anormal → acretismo placentário.
o Puerpério anormal:
▪ Hemorragia.
▪ Infecção.
o Acretismo:
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▪ Diagnóstico:
• Placenta prévia + cesárea anterior → suspeita.
• Pré-natal: USG com doppler ou RM (caso de dúvida).
▪ Classificação e conduta:
• Acreta: atinge a esponjosa do endométrio → avaliar
conservador, mas o padrão é histerectomia.
• Increta (invade miométrio) e percreta (perfura a
serosa, podendo ultrapassar) --> histerectomia (junto
com a placenta).
Roturas:
• Seio marginal:
o Espaço interviloso (meio da placenta).
o Sangramento indolor, vermelho vivo, espontâneo, periparto, tônus
normal, sem sofrimento fetal.
o USG normal.
o Diagnóstico de presunção → definitivo é o histopatológico.
o Conduta:
▪ Sangramento geralmente discreto.
▪ Bom prognóstico.
▪ Conservador.
• Vasa prévia:
o Vasos entre a apresentação e o colo, não é o cordão umbilical.
o São vasos desprotegidos e umbilicais → sem a proteção do
cordão.
o Sangramento de origem fetal.
o Fatores de risco:
▪ Placenta bilobada, placenta suscenturiada.
▪ Inserção vilamentosa (principal).
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- ROPREMA:
Conceito:
• Membranas e o líquido amniótico são uma barreira protetora para o feto.
o Importantes para o desenvolvimento do feto e a flutuação do
cordão umbilical.
• ROPREMA é a ruptura espontânea dessas membranas
comprovadamente antes do início do trabalho de parto.
o Pré-termo: < 37 semanas.
o A termo: maior ou igual a 37 semanas.
• Trabalho de parto geralmente vem até 1 semana após a ruptura.
• Período de latência: intervalo entre a ruptura das membranas e o início do
trabalho de parto → inversamente relacionado com a IG.
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Epidemiologia:
• Incidência:
o 8% das gestações a termo.
o Aproximadamente 25% dos partos prematuros.
Etiologia:
• Iatrogênicas: cirurgias cervicais ou procedimentos invasivos intrauterinos.
• Espontâneas: complexa e multifatorial.
o Alterações nas estruturas de membranas + infecção ascendente
da flora vaginal (causa identificável mais comum).
o Sobredistenção uterina → gemelar, polidrâmnio.
o Fatores mecânicos.
o Alterações da integridade cervical.
o Falta de oxigenação.
o Fatores intrínsecos às membranas.
o Síndrome de Ehlers-Danlos → distúrbio hereditário do tecido
conjuntivo, causado por defeitos na estrutura do colágeno.
• Complicações maternas: corioamnionite (70%), endometrite, DPP, sepse
(rara).
• Complicações fetais: prematuridade (hipoplasia pulmonar → mais comum
antes de 20 semanas), infecção neonatal e hipóxia (compressão
funicular).
Diagnóstico:
• Aproximadamente 90% é clínico.
• Cristalização:
o Análise do líquido que sai pela vagina no microscópio.
o Quando paciente relata perda de líquido.
o Cristalização em folha de samambaia.
Gustavo Urzêda Vitória 44
- DHEG:
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Morbimortalidade:
• Mais de 500 mil mulheres morrem a cada ano por causas relacionadas a
gravidez.
o 99% em países em desenvolvimento.
o 10-15%: pré-eclâmpsia e eclâmpsia.
o Hipertensão na gravidez é fator de risco para doença hipertensiva,
DAC, AVE no futuro.
• Feto:
o Mortalidade perinatal aumentada.
o Fator de risco para PIG e prematuridade.
o Aumenta defeitos do desenvolvimento e doenças crônicas.
Classificação:
• HAS.
• Pré-eclâmpsia e eclâmpsia.
• Pré-eclâmpsia sobreposta à HAS.
• Hipertensão gestacional.
Diagnóstico:
• PAS maior ou igual a 140 e/ou PAS maior ou igual a 90.
o Média de 2 medidas no mesmo braço e confirmada após 4h.
o PA > 160/110 → repetir em 15 minutos.
• Proteinúria:
o Quantitativa maior ou igual a 300mg/24h.
o Qualitativa fita única +.
o Grave maior ou igual 2g/24h ou ++ ou +++.
• Rotina laboratorial:
1. Creatinina.
2. Ureia.
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3. TGO.
4. TGP.
5. Bilirrubina total e frações.
6. DHL.
7. Hemograma.
8. Ácido úrico.
Pré-eclâmpsia:
Etiologia e fisiopatologia:
Classificação:
• Leve:
o PA > 140/90 e < 160/110.
o Proteinúria < 2g/24h ou < ++ na fita.
o Assintomática.
o Sem alterações no laboratório.
• Grave:
o Cefaleia holocraniana, escotomas, visão turva, cegueira.
o Urina diminuída ou espumosa.
o Dor epigástrica (pelo fígado).
o Hiperreflexia.
o Edema agudo de pulmão.
o Pode ter edema de MMII.
o PAS maior ou igual a 160 e/ou PAD maior ou igual 110.
o Proteinúria maior ou igual 2-5g/24h ou fita maior ou igual a ++++.
o Creatinina > 1,2mg/dl.
o < 100.000 plaquetas.
o Hemólise (esquizócitos e esferócitos).
o HELLP (hemólise, trombocitopenia e alterações hepáticas).
▪ DHL > 600.
▪ TGO/TGP > 70.
Gustavo Urzêda Vitória 48
▪ Bb > 1,2.
▪ Plaquetas < 100.000.
• Precoce:
o < 34 semanas.
o Maior disfunção placentária.
o Maior comprometimento fetal.
o Mais grave.
o RVC maior.
o maior risco de recorrência.
• Tardia:
o > 34 semanas.
o Mais comum.
o Primigesta.
o Comprometimento fetal menor.
o RCV menor.
o Menor recorrência.
Complicações:
• Eclâmpsia.
• CIVD.
• Edema pulmonar.
• IRA.
• Insuficiência hepática ou insuficiência hemorrágica.
• Choque (raro).
• Morbidade cardiovascular tardia.
Tratamento:
Profilaxia primária: