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CARDIOLOGIA
PATOLOGIAS CARDIOVASCULARES
Tratamento:
• Orientações gerais de mudança de hábitos de vida: reeducação alimentar,
atividades físicas aeróbicas, restrição salina, suspender o tabagismo
(ajuda mais a diminuir os riscos para outras DCV).
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o Critérios de Boston:
o Definida (8-12 pts), Possível (5-7 pts) ou Pouco Provável (<4 pts).
o Exames complementares:
▪ ECG, ECO (diferenciar entre ICFEP e ICFER), Rx de tórax,
RM, cintilografia (pesquisa de isquemia), cateterismo, BNP
(>400 ajuda a confirmar e <100 descarta; ajuda a diferenciar
entre pulmão e coração no caso de dispneia que gera
dúvidas, porém é caro e demorado).
• Classificação:
o Etiológica:
▪ Valvulopatia, HAS, isquemia, Chagas, etilismo, etc.
o Sintomática:
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o Evolução:
• Tratamento:
o Beta bloqueador para agir como antagonista do SNS → carvedilol,
metoprolol e bisoprolol para ICFER sintomático.
o BRA, iECA (age contra o remodelamento) ou ARM
(espironolactona → apenas no sintomático com disfunção mais
terapia inicial padrão) para bloquear o SRAA.
o Inibidor de pré-prisilina para aumentar o BNP (geralmente com
BRA).
o Restrição hídrica e salina, DIU, etc.
IC com fração de ejeção preservada (ICFEP):
• Mesma clínica, mas com fração de ejeção preservada no ECO.
• Trata só as condições associadas.
• Não há medicamento ou estratégia própria e/ou que diminua a
mortalidade.
Fatores predisponentes:
HA (sobrecarrega o coração → hipertrofia), idosos, sexo masculino, alterações
morfológicas, uso abusivo de álcool, apneia do sono, obesidade, alterações
tireoidianas.
Diagnóstico:
• ECG: intervalo RR irregular (intervalo entre 2 complexos QRS), ausência
de onda P (excesso de estímulos não gera a onda P) e FC variável.
Extrassístole:
Parassistolia:
Taquicardia:
Taquicardias supraventriculares:
• Flutter atrial:
o Atividade atrial é mais organizada do que na FA, causada por um
mecanismo de reentrada que ocorre no átrio direito, em
decorrência de uma frente de onda que circunda o anel da valva
tricúspide em sentido anti-horário.
o Atividade atrial regular e serrilhada (ondas F).
o Há sempre algum grau de bloqueio AV concomitante.
o Características: ondas F, bloqueio AV, intervalos R-R constantes
ou pouco variáveis, ondas F negativas em D2, D3 e AVF,
frequência atrial de 250-350/minuto.
o Tipo 1: ondas F regulares e frequência atrial entre 250-350.
o Tipo 2: ondas F menos regulares e com frequência maior.
• Taquicardia juncional:
o Originada na região da junção AV → intoxicação digitálica,
hiperautomatismo de foco ectópico nas cercanias do nó AV.
o Pode não haver onda P precedendo QRS.
o FC de 100-150 bpm.
o Duas possibilidades:
▪ Com dissociação AV: ritmo do átrio continua sinusal e o
ritmo oriundo da junção AV que despolariza os ventrículos,
com frequência mais rápida, causa uma dissociação entre
os complexos QRS e as ondas T.
▪ Com despolarização atrial retrógrada: após cada QRS,
ondas P negativas em D2, D3 e AVF (ondas P retrógradas).
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Taquicardias ventriculares:
• Monomórfica:
o Mais frequente → QRS com a mesma morfologia e FC de 100-200
bpm.
o Quando origina do ventrículo direito o QRS tem morfologia de BRE
e quando origina no ventrículo esquerdo tem morfologia de BRD
(QRS positivo em V1).
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• Polimórfica:
o QRS de origem ventricular com morfologias diferentes e ritmo
muito irregular com FC mais elevada.
o Aumento do intervalo QT.
o Pode ser encontrada em pacientes com síndrome de Brugada e
em crianças com predisposição genética durante exercícios físicos.
o Torsades de pointes: QRS aumentam e diminuem de amplitude
ciclicamente e de tal forma que parecem estar girando em torno da
linha de base → síndrome do QT longo congênito, hipopotassemia,
hipomagnesemia e efeito colateral de medicamentos
(antiarrítmicos, psicotrópicos etc.).
▪ Pode aparecer de forma intermitente causando síncope,
mas frequentemente degenera em fibrilação ventricular
levando à morte súbita.
• Bidirecional:
o Rara → alternância da orientação espacial dos QRS (positivos e
negativos em alguma derivação).
o Típica da intoxicação digitálica.
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• Fibrilação ventricular:
o Mais grave das arritmias que, se não tratadas de imediato, culmina
com morte do paciente.
o Cardiopatias com grave comprometimento miocárdico e no IAM.
o Quadro clínico de parada cardíaca.
o Ausência de QRS e ondas T, substituídos por ondulações
irregulares e de frequência elevada.
o Podem ser súbitos ou após outras arritmias.
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• Flutter ventricular:
o Transição entre TV e fibrilação ventricular → desorganização atrial
e ventricular com surgimento de complexos ventriculares
deformados, ondulados e irregulares, não sendo visualizados
ondas P, QRS ou ondas T.
o FC 200-250 bpm.
o Polimórfica, flutter e fibrilação ventricular são arritmias malignas.
Sinusais:
• Arritmia sinusal:
o Ritmo sinusal habitualmente irregular, exibindo pequenas
variações dos intervalos RR de batimento a batimento devido
influencia do SNA no nó sinusal.
o Respiração também influencia no ritmo.
▪ RR aumentam durante a inspiração e diminuem na
expiração.
▪ Fisiológica e mais encontrada em crianças.
o Não respiratória é encontrada em doenças do nó sinusal.
• Parada sinusal:
o Ausência de onda P por períodos longos, maiores do que 2s e que
não são múltiplos da duração do ciclo normal.
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Escapes:
Doença do nó sinusal:
Bloqueios AV (BAV):
• Bloqueio AV de 1° grau:
o Atraso da condução dos átrios para os ventrículos, não há
interrupção.
o Pode evoluir para 2° e 3° graus.
o Pode ser encontrado em assintomáticos com vagotonia, atletas e
idosos.
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• Bloqueio AV de 2° grau:
o Falhas na condução AV, de maneira que nem todos os estímulos
atriais conseguem despolarizar os ventrículos.
o Tipo I (Mobitz I): fenômeno de Wenckebach → dificuldade de
condução progressiva até a ocorrência de uma falha.
▪ Prognóstico não é ruim e não causa diminuição acentuada
da FC e não costuma evoluir para 3° grau.
▪ Aumento progressivo de PR até surgir uma onda P não
sucedida por QRS.
• Bloqueio AV de 3° grau:
o Os estímulos sinusais não conseguem despolarizam os
ventrículos, ocorrendo total assincronismo entre atividade atrial e
ventricular.
o Frequência ventricular muito baixa (aproximadamente 40 bpm) e
menor que a atrial, ondas P e QRS não tem relação, intervalos RR
constantes, QRS pode estar alargado (origem abaixo da bifurcação
do feixe de His) ou não (origem acima da bifurcação do feixe de
His).
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Dissociação AV (DAV):
• Não é uma arritmia específica, mas sim uma condição em que há dois
marca-passos distintos e independentes, um comandando os átrios
(geralmente sinusal) e outro os ventrículos (juncional ou ventricular).
o Diminuição da frequência do nó sinusal abaixo da frequência de
automatismo das células da junção AV.
• Pode ter tanto taqui quanto bradiarritmias.
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Antiarrítmicos:
Classe Ia:
• Procainamida.
• Depressão moderada da fase 0, aumento da duração do potencial de
ação, diminuição da velocidade de condução.
• Bloqueador de canais de Na+ e K+ (aumenta a período refratário e diminui
reentrada).
• Prolonga repolarização.
• Deslocamento do limiar para mais positivo.
• Aumenta a duração do QRS.
• Para arritmias ventriculares (reentrada no IAM) e flutter.
• Não usa cronicamente pelos efeitos adversos.
o Altas doses: hipotensão (vasodilatação periférica → inibe o gânglio
simpático), náuseas, retardo acentuado na condução.
o Cronicamente: síndrome lúpica medicamentosa (anticorpos
antinucleares circulantes).
• VO: 300mg de 6/6h ou 8/8h.
• EV: 500mg de 12/12h.
Classe Ib:
• Lidocaína.
• Bloqueio dos canais de Na+ em atividade anômala → mais em tecidos
isquêmicos, como no IAM.
• Depressão mínima da fase 0, diminuição da duração do potencial de ação
e aumento da velocidade de condução.
• Uso agudo em arritmias ventriculares.
• Diminuição da automaticidade e da inclinação da fase 4.
• Indicada para taquicardia ventricular paroxística associada a intoxicação
digitálica.
• Atenua reflexos da laringoscopia e IOT (1,5mg/kg EV, 3 minutos antes).
• Efeito adversos: sonolência, distúrbios visuais, náuseas, vômitos,
bradicardia, depressão da contratilidade miocárdica, hipotensão e
convulsões em doses altas.
• Síndrome do QT longo pode usar, não prolonga QT.
• EV: 50-100mg/kg/dia.
Classe Ic:
• Propofenona.
• Arritmias fatais não responsivas a outros medicamentos.
• São arritmogênicos → depressão acentuada da fase 0, pouca modificação
do potencial de ação e muita diminuição da velocidade de condução.
• Pode prejudicar quem já é cardiopata → deprime função cardíaca.
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Classe II:
• Antagonistas beta-adrenérgicos.
• Bloqueiam os efeitos do SNS nos nós.
• Arritmias supraventriculares e ventriculares precipitadas pelo SNS.
• Aumenta período refratário, diminui automaticidade (diminui demanda por
O2 pelo miocárdio) e diminui reentrada.
• Afeta mais o nó AV → aumenta tempo de condução e refratariedade.
• Propranolol para QT longo → uso contínuo.
• Extrassístoles sintomáticas com ou sem cardiopatias.
• Efeitos adversos: broncoespasmos, impotência, agravamento da IC
descompensada, inibição dos sintomas de hipoglicemia em diabéticos.
• Propranolol: VO → 10-30mg, 6/6h ou 8/8h.
Classe III:
Classe IV:
• Verapamil e diltiazem.
• BCC não diidropiridínicos.
• Diminuem a condução do nó AV e a excitabilidade do nó sinusal → agem
mais no AV.
• Indicadas para supraventriculares, para diminuir FC, reentrada na AV,
flutter e FA.
• Lentifica o potencial de ação no AV.
• Pode causar BAVT.
• Uso de beta-bloq + verapamil EV = IC grave e dissociação eletromecânica
grave.
• Verapamil: VO → 240-360mg/dia.
• Diltiazem: VO → 180-360mg/dia.
• Efeitos adversos: hipotensão (se feito muito rápido EV → reflexo do SNS),
bradicardia sinusal e constipação (substituir verapamil VO por EV).
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- Adendos de morfo:
HAS
• Causas de hipertensão secundária:
o Imunossupressores, anorexígenos, EPO, TRH, antidepressivos,
álcool, cocaína, AINES, apneia do sono (HAS matutina),
hiperaldosteronismo primária, doença reno-vascular, coarctação
de aorta, síndrome de Cushing, feocromocitoma, hipotireoidismo,
hiperparatireoidismo, acromegalia, hipertireoidismo.
• Alterações hemodinâmicas acontecem por:
o Aumento da DC.
o Aumento da RVP.
o Aumento de ambos.
• Peptídeos natriuréticos:
o Principalmente o atrial → promove a natriurese e a vasodilatação,
além de modulação da transmissão noradrenérgica e efeito anti-
proliferativo.
• Hipertensão renovascular:
o HAS secundária decorrente de hipoperfusão renal por estenose de
artérias renais (unilateral é incomum).
o Causas: aterosclerose renal, displasia fibromuscular (alteração de
desenvolvimento da parede do vaso, principalmente média →
pequenas estenoses por espessamentos), arterite de Takayasu.
• ADH/vasopressina:
o Hipotálamo (núcleos supra-óptico e paraventricular).
o Reabsorção de água livre → expressão de aquaporinas 2 na
membrana apical das células dos ductos coletores corticais.
o Estimulação dos barorreceptores, osmorreceptores e sede.
• Adrenomedulina:
o Medula adrenal e células endoteliais musculares lisas vasculares.
o Vasodilatação, excreção de sódio, angiogênese, diminuição de
estresse oxidativo, modulação de citocinas pró-inflamatórias,
modulação de propriedades ATCO.
• Insulina:
o Vasodilatação → aumento de NO e vasodilatação medida por
acetilcolina.
o Proteção vascular → diminui adesão plaquetária, possui ação anti-
inflamatória e os níveis de PCR.
• Adipocinas:
o Associam-se à obesidade e SM.
o Leptina e resistina aumentam.
o Adiponectina diminui.
o Vasoconstritor.
• Urgência e emergência:
o Urgência → PAD > 120, mas sem risco eminente de morte e LOA.
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CARDIOLOGIA
ELETROCARDIOGRAMA
- Avaliação do ECG:
FREP: Frequência, Ritmo, Eixo, Paredes.
Frequência:
• O padrão da folha do ECG:
Ritmo:
• Analisar se a onda P está normal, se o QRS está estreito, se existe uma
onda P antes de cada QRS, se o ritmo é regular.
o Padrões necessários para classificar como ritmo sinusal (bradi,
nomo ou taquicárdico).
Eixo:
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• Roseta:
o Normal é estar entre -30º e +90º.
o Desvio a direita: sobrecarga direita.
o Desvio a esquerda: sobrecarga a esquerda.
D1
• Derivações:
o 3 derivações nos membros (D1, D2 e D3) + 1 neutro.
o 3 derivações altas com eletrodos positivos (aVL, aVF, aVR).
o 6 derivações precordiais (V1, V2, V3, V4, V5, V6).
o Se o impulso para a derivação (segue o sentido da seta vermelha):
gera uma onda positiva.
o Se o impulso vai contra a derivação (contrário a seta vermelha):
gera uma onda negativa.
o Portanto:
▪ Se QRS estiver mais positivo que negativo em D1 (divide ao
meio no eixo vertical → direito e esquerdo): está na direita
(entre -90° e + 90° passando por 0°).
▪ Se QRS estiver mais negativo que positivo em D1: está na
esquerda (entre -90° e +90° passando por -180°).
▪ Se QRS estiver mais positivo que negativo em aVF (divide
ao meio no eixo horizontal → superior e inferior): está
embaixo/inferior (entre -180° e 0° passando por +90°).
▪ Se QRS estiver mais negativo que positivo em aVF: está em
cima/superior (entre -180° e 0° passando por -90°).
o Concluindo:
▪ Normal: aVF e D1 mais positivos.
▪ BRD (bloqueio de ramo direito): aVF positivo e D1 negativo.
▪ BRE (bloqueio de ramo esquerdo): aVF negativo e D1
positivo.
Parede:
• Procurar alterações que podem corresponder a IAM, bloqueios, arritmias,
etc.
Alterações Patológicas:
Flutter atrial:
• Resultado de um impulso mais rápido no átrio direito, principalmente, por
conta do estreito istmo entre a cava inferior e a tricúspide.
• Nó AV consegue bloquear parte desses estímulos.
• Manejo semelhante a FA.
• ECG com onda em aspecto serrilhado.
Comparação
entre FA e
Flutter no
ECG.
Bloqueios de condução:
• Qualquer obstrução ou retardo nas vias de condução.
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o AV 2º grau:
▪ Mobitz I: Benigno → vai alargando entre a onda P e o QRS
até o QRS desaparecer.
▪ Mobitz II: Parte mais distal do AV → mais risco de morte
súbita → “normal, normal, P bloqueada, normal...”
IAM:
• Necrose de uma área do miocárdio.
• Angina estável geralmente tem ECG normal → placa não obstrui
totalmente o vaso, mas pode ter supra de ST.
• IAM com supra de ST (oclusão completa):
o Precisa de alteração em duas derivações consecutivas pelo
menos, além de QRS alargado (>1mm).
o Antigo: Q fica mais importante e mais negativa.
o Recente:
▪ Primeiros minutos: T hiperaguda.
▪ 30 minutos: Supradesnível do ponto J e do segmento ST.
▪ 6 horas: Surge onda Q.
▪ 24 horas: Inversão da onda T.
▪ 1 semana: Regressão do supra.
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Causas benignas
IAM
Lei de Einthoven: D1 + D3 = D2
• OBS:
o V1 e V2: mais próximos da base cardíaca → QRS negativo.
o V4, V5 e V6: mais próximos do ápice → QRS positivo.
Derivações unipolares aumentadas dos membros:
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