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HAS - Hipertensão Arterial Sistêmica

Definição

É uma doença crônica não transmissível. Trata-se de uma condição multifatorial, que
depende de fatores genéticos/ epigenéticos, ambientais e sociais; caracterizada por
elevação persistente da pressão arterial (PA), ou seja, PA sistólica (PAS) maior ou igual a
140 mmHg e/ou PA diastólica (PAD) maior ou igual a 90 mmHg, medida com a técnica
correta, em pelo menos duas ocasiões diferentes, na ausência de medicação
anti-hipertensiva.

Etiologia

Os principais fatores de risco para o desenvolvimento são: idade, sendo que acima de 65
anos a prevalência ultrapassa 60%, raça negra, sobrepeso e obesidade, sedentarismo,
elevada ingestão de sal e álcool, baixo consumo de potássio e cálcio, fatores
socioeconômicos e fatores genéticos.

Fisiopatologia

É provável que a hipertensão represente um distúrbio poligênico, no qual uma combinação


de genes atua em consonância com exposições ambientais. A obesidade, resistência
insulínica, aumento do consumo de sódio fazem parte dos fatores de risco para o
desenvolvimento da HAS, como supracitado. Tais condições influenciam no
desenvolvimento de mecanismos fisiopatológicos adaptativos no organismo.

O débito cardíaco (DC) e a resistência periférica são dois dos vários determinantes da
pressão arterial. DC é determinado pelo volume sistólico e pela frequência cardíaca
(FC); o volume sistólico está relacionado com a contratilidade miocárdica e o tamanho do
compartimento vascular. A resistência periférica é determinada pelas alterações
funcionais e anatômicas nas pequenas artérias e nas arteríolas.

Um dos principais determinantes do líquido extracelular é o sódio. Uma das possíveis


explicações fisiopatológicas para o desenvolvimento da HA é a de que ocorre um
desequilíbrio da absorção de sódio a nível renal, perdendo a capacidade de excreção
frente à quantidade de sódio ingerida, determinando a retenção de sódio e água,
resultando em aumento do volume vascular.

O sistema nervoso autônomo normalmente, atua modulando a pressão arterial em curto


prazo e em harmonia com fatores hormonais e fatores relacionados com o volume, contribui
para a regulação em longo prazo da pressão arterial. A estimulação simpática aumenta a
PA, habitualmente mais em pacientes com pressão arterial elevada. A frequência
cardíaca elevada em repouso, que pode resultar do aumento da atividade nervosa
simpática, é um bem conhecido fator preditivo de hipertensão. Em alguns pacientes
hipertensos, os níveis circulantes de catecolamina plasmática durante o repouso estão mais
elevados que o normal.
HAS - Hipertensão Arterial Sistêmica

O sistema renina-angiotenisa-aldosterona é um dos principais mecanismos de regulação da


pressão arterial. Em situações onde a perfusão renal diminui, ocorre a liberação renina
que através de diversos mecanismos hormonais resulta na liberação do hormônio
aldosterona pelas suprarrenais, provocando retenção de sódio e excreção de
potássio. O sódio por sua vez retém água levando um aumento da PA.

Independente do mecanismo fisiopatológico, as vias finais para tantas alterações que o


corpo sofre mediante níveis sustentavelmente elevados de PA são a disfunção endotelial,
aumento da resistência vascular periférica, aumento da produção de citocinas
pró-inflamatórias, aumento do estresse oxidativo e consequente degradação de óxido
nítrico (potente vasodilatador). Todos esses fatores são contribuintes para o
desenvolvimento de complicações como arteriosclerose, comprometimento de órgãos-alvo
(coração, encéfalo, rins e vasos sanguíneos) aumentando diretamente o risco de doença
coronariana, infarto agudo do miocárdio, insuficiência cardíaca, acidente vascular cerebral,
insuficiência renal, inclusive morte

Quadro Clínico

O sintoma que seria o mais frequente e específico observado num indivíduo hipertenso é a
cefaléia. A cefaleia suboccipital, pulsátil, que ocorre nas primeiras horas da manhã e
vai desaparecendo com o passar do dia, é dita como característica, porém qualquer tipo
de cefaleia pode ocorrer no indivíduo hipertenso.
Geralmente a pessoa permanece assintomática

Abordagem Inicial

Por ser uma condição habitualmente assintomática, a HA deve ser investigada em toda
consulta médica independente da especialidade. A Sociedade Brasileira de Cardiologia
recomenda que sejam feitas três medidas de PA com intervalo de 1 a 2 minutos, com um
manguito apropriado para circunferência do braço, sendo aferida bilateralmente.
Considera-se a medida de maior valor para referência, certificando-se de que o indivíduo
não está de bexiga cheia ou pernas cruzadas, nem praticou exercícios nos últimos 60
minutos.
- confirmar diagnóstico
- identificar ou excluir causa secundária
- avaliar risco cardiovascular
- avaliar lesão de órgão alvo e doenças associadas
- história pessoal e familiar de HAS
- exame físico/ laboratorial/ exames complementares

Diagnóstico

O diagnóstico é feito com uma medida de PA no consultório de ≥ 140 e/ou ≥ 90, através
do MAPA 24 horas ≥ 130 e/ou ≥ 80 e do MRPA ≥ 130 e/ou ≥ 80.

Exames recomendados
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Pacientes hipertensos devem receber uma avaliação clínica contendo anamnese de forma
a investigar história familiar de HA, fatores de risco cardiovasculares e renais,
questionar sobre fármacos e drogas que possam interferir na PA, rastrear dados
indicativos de pressão arterial secundária. Um completo exame físico deve ser realizado,
avaliando parâmetros antropométricos como peso, altura, FC, CA e cálculo do IMC
Procurar sinais de lesão em órgãos-alvo é indispensável, de forma a avaliar
minuciosamente cada sistema. Exames laboratoriais de rotina incluem:

- Análise de urina;
- Potássio plasmático;
- Creatinina plasmática;
- Glicemia de jejum e HbA1c;
- Estimativa do ritmo de filtração glomerular;
- Colesterol total, HDLc e triglicerídeos plasmáticos;
- Ácido úrico plasmático;
- Eletrocardiograma convencional;

Classificação
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- Diagnóstico Diferencial

Existem possíveis variações de fenótipos, como o feocromocitoma que é um tumor,


considerado uma das causas de hipertensão arterial secundária; a hipertensão
renovascular (HARV), é causa comum e potencialmente reversível de HA secundária,
acontece devido a uma estenose parcial ou total, uni ou bilateral da artéria renal
(EAR) ou de seus ramos, desencadeando e mantendo isquemia renal significante.
Isso geralmente ocorre com obstruções superiores a 70%; a Hipertensão do Avental
Branco (HAB), caracterizada quando a PA é elevada no consultório, mas é normal fora
dele, a Hipertensão sustentada (HS) quando ambas são anormais e a Hipertensão
mascarada (HM) quando a PA é normal no consultório, mas é elevada fora dele.

A figura abaixo nos mostra a triagem e diagnóstico de hipertensão arterial


HAS - Hipertensão Arterial Sistêmica

A figura abaixo nos mostra os diagnósticos possíveis na hipertensão arterial com utilização
do MAPA ou MRPA:

A tabela abaixo nos mostra a indicação para MAPA ou MRPA:


HAS - Hipertensão Arterial Sistêmica

Tratamento
não farmacológico

medicamentoso
HAS - Hipertensão Arterial Sistêmica
HAS - Hipertensão Arterial Sistêmica

- Classe De Medicamentos

DIU tiazídico hidroclorotiazida 25-50 mg 1x dia

DIU de alça furosemida ( usada em IRC, 20 -240 mg 1-3x


ICC ou edema)

DIU poupadores de potássio espironolactona 25- 100 mg 1-2x

BCC Anlodipino, nifedipino,


levanlodipino, (EVITAR EM
PACIENTES COM ICC DE
FREJ REDUZIDA)

IECA captopril, enalapril ( NÃO


USAR EM MULHERES EM
IDADE FÉRTIL)

BRA losartana 50 - 100 mg 1-2x

BB atenolol, carvedilol
(cardiosseletivo), propranolol
(não cardiosseletivo)

Lesão de Órgão Alvo

coração, cérebro, rins e retina


sintomas de LOA; dor torácica, cefaléia, sinais neurológicos focais, convulsões,alteração do
nível de consciência
Rastreamento
A tabela abaixo nos mostra a investigação clínico-complementar de acordo com as lesões de
órgãos-alvo das emergências hipertensivas.
HAS - Hipertensão Arterial Sistêmica

É definida como presença de alterações estruturais e/ou funcionais em artérias ou órgãos,


causado pela elevação da PA.

● Hipertrofia ventricular esquerda


● Doença renal crônica a partir do estágio 3 TFGe < 60 mL / min / 1,73 m²
● Microalbuminúria: albuminúria entre 30 e 300 mg/24h ou relação albumina-creatinina
urinária 30 a 300 mg/g
● Retinopatia hipertensiva classificada como:
○ Moderada: hemorragias e manchas algodonosas
○ Severa: edema de disco óptico

Crise Hipertensiva

Definição

A hipertensão arterial pode ser classificada como uma emergência hipertensiva (EH),
situações clínicas sintomáticas em que há elevação acentuada da PA (definida
arbitrariamente como PAS ≥ 180 e/ou PAD ≥ 120 mmHg) com LOA aguda e progressiva,
com risco iminente de morte. Sua condução se dará dentro de uma emergência.
Porém uma condição comum nos setores de emergência é a pseudocrise hipertensiva
(PCH). Na PCH, não há LOA aguda ou risco imediato de morte. Geralmente, ocorre em
hipertensos tratados e não controlados, ou em hipertensos não tratados, com medidas de
PA muito elevadas, mas oligossintomáticos ou assintomáticos. Também se caracteriza como
PCH a elevação da PA diante de evento emocional, doloroso, ou de algum
desconforto, como enxaqueca, tontura rotatória, cefaleias vasculares e de origem
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musculoesquelética, além de manifestações da síndrome do pânico.

Emergência urgência

hipertensão com retinopatia e pacientes com IC, coronariopatas, AVC


microangiopatia, encefalopatia hipertensiva, prévio, lesão renal
edema agudo de pulmão, SCA com
hipertensão, eclâmpsia

PAS ≥ 180 e/ou PAD ≥ 120 mmHg) PAS ≥ 180 e/ou PAD ≥ 120 mmHg)

com LOA sem LOA

sintomas:rebaixamento do nível de sintomas: cefaleia, tontura, zumbidos, visão


consciência, dor precordial, dispneia turva

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