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Aísley Oliveira

Climatério e Menopausa
DEFINIÇÃO: produção de hormônios.

E o periodo de transição entre a idade reprodutiva


da mulher (menacme) e a idade não reprodutiva e FISIOPATOLOGIA:
se estende até os 65 anos de idade.
Outros termos importantes: Com o envelhecimento, as mulheres vão diminuindo o
➜ Menopausa: é o marco do climatério, numero de foliculos presentes no ovário. Isso se dá
correspondendo a parada permanente da desde a vida embrionária:
menstruação (último período menstrual), somente 20 semanas de vida embrionária: 7 milhões de
devendo ser reconhecida após 12 meses sem folículos
menstruação. Geralmente ocorre em torno dos 51 anos Ao nascimento: 2 milhões de folículos
de idade como resultado da parada funcional dos Puberdade: 300 mil foliculos
ovarios. Proximo ao periodo da menopausa, esse número
➜ Climatério: Fase que ocorre a transição entre o chega a 25 mil. Isso ocorre uma vez que os folículos
periodo reprodutivo e o não reprodutivo, próximo da vão envelhecendo e sofrendo atrofia. Nesse período,
menopausa ocorre uma diminuição da produção do hormônio
➜ Sindrome Climatérica: Sintomas da insuficiência "inibina", uma vez que é produzido nos foliculos que
ovariana no climatério: fogachos (ondas de calor), vão ficando cada vez mais disfuncionais
Osteoporose, Depressão etc A inibina é responsável por fazer um feedback
➜ Perimenopausa: inicia-se com as primeiras negativo a produção de FSH. Como consequencia
modificações endócrino-fisiologicas e clinicas disso, havera aumento de FSH, que mesmo em
anteriores à menopausa e vai até o diagnóstico desta. niveis séricos elevados não conseguirá estimular
Pode preceder a ultima menstruação de 2 a 8 anos. adequadamente os foliculos que já estão
➜ Pré-menopausa: periodo que se inicia com os envelhecidos.
primeiros sinais/sintomas de falência ovariana, com
extensão ate a menopausa Tal fato resulta em ciclos anovulatórios, até o ponto
➜ Pós-menopausa: periodo de ate 5 anos apos a critico em que restam apenas cerca de 10 mil folículos,
menopausa. periodo em que representa o limiar inferior para que
➜ Senilidade: periodo após os 65 anos, corresponde seja possivel existir um ciclo menstrual - constituindo
a 5 anos apos a menopausa assim a menopausa.
➜ Menopausa precoce: e quando ocorre antes dos Não existindo mais funcionalidade dos foliculos.
40 anos de idade. esses não produzirão mais Estrogênio (célula da
➜ Menopausa tardia: e quando ocorre após os 55 granulosa) e nem Progesterona - pela ausência da
anos de idade formação do corpo luteo

Dessa maneira, resumidamente, a menopausa


ETIOLOIGA: corresponde ao fim da vida reprodutiva da mulher.
pelo esgotamento dos foliculos ovarianos. com a
A etiologia decorre do envelhecimento biológico da consequente perda da capacidade de produção dos
mulher e consequentemente dos folículos presentes no hormônios ovarianos (Estradiol e Progesterona). Essa
ovário, que são responsáveis pela função reprodutiva perda hormonal vai refletir nos achados clínicos
feminina, alem de apresentar papel fundamental na caracteristico. Importante ressaltar, no entanto, que as
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mulheres na menopausa continuam a produzir estrona, ACHADOS TARDIOS (> 55 ANOS):
via aromatização dos androgênios das suprarrenais, Atrofia de pele e perda dos pelos pubianos,
ovários, figado e tecido adiposo. A estrona é cerca de devido à deficiência de estrógenos - pois estes
10 vezes menos potente que o estradiol. mas essa estimulam a maturação de todas as camadas do
produção e suficiente, em muitas mulheres. para epitélio vaginal,
aliviar os sinais e sintomas da menopausa. Atrofia urogenital, que causa ressecamento
vaginal, dispareunia, Vaginites disurias, Uretrites :
Há perda das células superficiais ricas em
CARACTERÍSTICAS HORMONAIS: glicogênio, com a consequente perda do pH
vaginal e a maior sensibilidade as vulvovaginites:
Perimenopausa: queda da inibina. aumento do Aumento das distopias devido ao enfraquecimento
FSH aumento do estradiol (pelo aumento da do assoalho pélvico
superestimulação inicial do FSH). LH inalterado
Pós-menopausa: queda de Estradiol - produção Além disso, ainda mais tardiamente, aumenta a
ocorrência de doenças cardiovasculares ( Hipertensão
de estrogenos. secundárias à aromatização
arterial, Infarto agudo do miocardio, Dislipidemia,
periférica. Além disso, há ausencia de
aterosclerose, etc) e a incidência de Osteoporose,
androgênios
com o consequente aumento das fraturas. Não só isso,
há ainda aumento da incidência de Câncer de mama,
de Câncer de endométrio e de Hipotireoidismo
SINAIS/SINTOMAS:

Os achados clinicos refletem a redução na produção


hormonal (destaque para estrogênio), consequente à
DIAGNÓSTICO:
falência ovariana. Didaticamente podem ser
classificados como iniciais e tardios: O diagnóstico da Menopausa é eminentemente
clinico, firmando pela ausência de menstruação nos 12
ACHADOS INICIAIS (ENTRE 45-55 ANOS): meses anteriores. Nas pacientes histerectomizadas
(sem útero), ou com ciclos irregulares, ou em uso de
Ondas de calor, principalmente à noite,
anticoncepcionais hormonais, é definida
localizadas mais no rosto e face anterior do tórax
laboratorialmente por FSH acima de 35 - 40 mUl/ml
(fogacho) e sudorese devido à instabilidade
(em pacientes em uso de métodos hormonais, medir
vasomotora - liberação pulsátil de LH:
no último dia de pausa entre as cartelas)
Aumento da Depressão, da Ansiedade, do
O diagnóstico da Sindrome Climaterica tambem e
nervosismo e da dificuldade no sono.
clinico a partir dos achados clinicos compativeis
Diminuição de libido
Alterações na cognição
Anovulação e sangramento uterino disfuncional
(amenorreia) - inicialmente, o aumento do FSM. EXAMES COMPLEMENTARES -
pela ausência do feedback negativo, causa PROPEDÊUTICA BÁSICA:
alteração no ciclo
Anamnese e Exame físico: deve-se questionar
ativamente sinais/sintomas e hábitos. Além disso,
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um exame físico (incluindo avaliação de peso e COMPLICAÇÕES:
pressão arterial) e ginecológico devem ser completos
Exames laboratoriais: devem ser solicitados Doenças cardiovasculares
rotineiramente como método de rastreio de Osteoporose e fraturas consequêntes
complicações: Hemograma completo, Glicemia de Depressão , alterações de humor
jejum + Teste de tolerancia oral de glicose (75g), Neoplasias de mama : De endométrio
Lipidograma completo, TSH Redução dos foliculos e da qualidade oocitária
Perceba dessa forma, que dosagem de FSH não acarretam a diminuição da fertilidade e da
devem ser realizadas rotineiramente LH e estrogênios gravidez, bem com o aumento de aneuploidias e
 de abortos no periodo perimenopausa
Outros exames: solicitados conforme rastreio
especifico:
➜ Mamografia: a cada 2 anos entre 40 - 49 anos e
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAIS:
anualmente após os 50 anos (para mais informações
vide ginecologia -> patologias da mama -> Câncer de
Depressão
mama)
Amenorrela
➜ Colpocitologia oncótica: até os 64 anos de idade
Anorexia
- nos dois primeiros anos deverá ser feito de forma
Gravidez
anual. Caso esses exames venham negativos, novos
Hipotireoidismo
exames devem ser realizados a cada 3 anos a partir
Efeitos adversos de medicamentos como
dai. (para mais informações Vide ginecologia ->
Tamoxifeno
Cancer de colo de útero )
➜ Ultrassonografia Transvaginal: controverso como
rastreio de câncer de colo de utero e ovários,
usualmente solicitado na presença de sinais/sintomas TRATAMENTO:
(para mais informações vide ginecologia -> Cancer de
endometrio: ginecologia -> Câncer de ovário). Só Exemplos Combinados (Estrógeno +
para exemplificação, do endométrio, espessuras Progestágeno):
endometriais medidas de 5 mm ou menores (ou 8 mm Via oral:
se uso de terapia de reposição ou 10 mm em uso de Estradiol / Drospirenona
Tamoxifeno ) estão associadas a baixo risco de Estradiol / Noretisterona
patologia maligna de endométrio, incluindo o Via parenteral (transdérmica, percutânea, vaginal
carcinoma etc):
➜ Colonoscopia: anualmente a partir dos 50 anos de Estradiol / Noretisterona
idade (para mais informações vide clinica ->

gastroenterologia > intestino -> Câncer de cólon ) Exemplos de Estrógeno isolado:
➜ Densitometria ossea: avaliação de osteoporose. Via oral:
Indicado para mulheres acima de 65 anos, e para Estradiol
aquelas com fatores de risco (para mais informações Via parenteral (transdérmica, percutânea, vaginal
vide clinica -> endocrinologia -> sistema ósseo -> etc):
Osteoporose/osteopenia ) Estradial tópico
Estradiol adesivo
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CLIMATÉRIO: F. Estágio +1a: se refere ao primeiro ano depois
do FMP (final menstrual period);
O climatério é a fase de transição entre o período G. Estágio +1b: ao período do segundo ao quinto
reprodutivo e o não reprodutivo da mulher, ano após a menopausa; H. Estágio +2, aos anos
caracterizado por uma gama de modificações pós-menopáusicos posteriores.
endócrinas, biológicas e clínicas, compreendendo
parte da menacme até a menopausa. Observação: No início da transição menopáusica
Dentro deste período de climatério ocorre a (estágio –2), os ciclos menstruais permanecem
menopausa, que é um marco dessa fase e regulares, porém o intervalo entre os ciclos pode ser
corresponde ao último ciclo menstrual espontâneo alterado em sete dias ou mais. Em geral, os ciclos se
da mulher, reconhecida após 12 meses tornam mais curtos.
consecutivos de amenorreia. •
Caracteristicamente o climatéricos se inicia com
irregularidade no ciclo menstrual e se estende até MENOPAUSA:
um ano após a cessação permanente da
menstruação. A menopausa é um evento fisiológico e inevitável
que ocorre devido ao envelhecimento ovariano e
O climatério é dividido em duas fases. sua consequente perda progressiva de função.
A primeira fase: inicia com a queda da inibina. Usualmente, ocorre de forma natural no final da
Com a queda da inibina (que inibe o FSH) há quarta e início da quinta década de vida, com
aumento dos níveis de FSH. Esse FSH elevado é o variações devidas a diferenças étnicas, regionais,
marcador laboratorial mais confiável para nos ambientais e comportamentais, como o
certificarmos de que a mulher entrou no tabagismo. Observação: A menopausa que ocorre
climatério. 2 antes dos 40 anos de maneira espontânea ou
A segunda fase: do climatério ocorre quando artificial é chamada menopausa precoce e a que
esgotam-se os folículos, ocorrendo queda do ocorre depois de 51 anos é a menopausa tardia.
estradiol (hipoestrogenismo), responsável pela A menopausa, apesar de poder ser influenciada
sintomatologia do climatério, como os fogachos. pelo eixo hipot á lamo hipofisário, é um evento
ovariano secundário à atresia fisiológica dos
Observação: O intervalo, do início dos sintomas de folículos primordiais; sua ocorrência pode ser
irregularidade menstrual até o final do primeiro ano natural ou artificial, após procedimentos clínicos
após a menopausa, é chamado de perimenopausa. ou cirúrgicos que levem à parada da produção
hormonal ovariana.
ESTÁGIOS DE ENVELHECIMENTO REPRODUTIVO: A produção de folículos ovarianos pelas mulheres
A. Estágio–5: se refere ao início do período se inicia a partir da oitava semana de vida
reprodutivo; intrauterina por meio da rápida multiplicaç ão
B. Estágio–4: ao pico reprodutivo; mitótica das células germinativas.
C. Estágio–3: ao final do período reprodutivo; Já o envelhecimento do sistema reprodutivo inicia-
D.Estágio–2: se refere ao início da transição se pouco tempo depois, ativando o processo de
menopáusica; apoptose celular após atingir o número máximo de
E. Estágio–1: ao final da transição; folículos primordiais – cerca de 7 milhões –, por
volta da vigésima semana de gestação.
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Até o nascimento, cerca de 70% do pool folicular A contínua perda da reserva folicular diminui os
será perdido por meio desse processo, e ao níveis de estradiol que não são mais suficientes
chegar à puberdade, fase em que os ovários se para estimular o pico de hormônio luteinizante
tornarão funcionalmente ativos, restarão em (LH), encerrando, assim, os ciclos ovulatórios.
média 300 a 500 mil folículos. Sem a ovulação propriamente dita, não há
Até que seu número se esgote na pósmenopausa, produção de corpo lúteo e consequentemente de
os folículos crescem e sofrem atresia de forma progesterona, além de os níveis de estradiol não
contínua. serem suficientes para estimular o endométrio,
A atresia do complexo folicular, sobretudo das levando à amenorreia.
células da granulosa, diminui a produção de Na pós-menopausa, na tentativa de estimular uma
estrogênio e inibina, com consequente elevação adequada produção de estradiol pelos ovários, a
dos níveis de FSH, um importante sinal de hipófise é ativada por picos de hormônio liberador
menopausa. de gonadotrofinas (GnRH) e secreta grandes
Esse processo é irrecuperável e ininterrupto, quantidades de gonadotrofinas, levando as
independentemente de situações como gravidez mulheres a um estado de hipogonadismo
ou de períodos de anovulação. hipergonadotrófico.
Os milhões de folículos formados na vida Devido à redução da resposta ovariana às
intraútero, apenas 400 terão seu crescimento gonadotrofinas, os níveis de FSH e LH são
resultando em ovulação durante o menacme; o marcadamente elevados nos primeiros anos após
restante é perdido pelo processo de atresia. a menopausa, decrescendo com o
O declínio paralelo da quantidade e qualidade envelhecimento.
dos folículos contribui para a diminuição da Com a diminuição da massa folicular, ocorre
fertilidade. relativo aumento no estroma ovariano, porção
Além disso, o consumo do pool folicular com o responsável pela produção de testosterona e
passar dos anos determina alterações hormonais androstenediona.
importantes, responsáveis pelas alterações De maneira geral, a síntese dos esteroides
fisiológicas características do período peri e pós- androgênicos está diminuída, porém a produção
menopáusico. remanescente é suficiente para manter os ovários
A transição menopausal é caracterizada pela ativos.
irregularidade do ciclo menstrual devido à Esses androgênios, principalmente a
variabilidade hormonal e ovulação inconstante. androstenediona, servem como substrato para a
A diminuição maciça do número de folículos aromatização periférica.
ovarianos resulta na queda gradual da inibina B, A mulher pós-menopáusica não é totalmente
que, por sua vez, desativa o feedback negativo desprovida de estrogênio, que segue sendo
sobre a hipófise, liberando a secreção de FSH na sintetizado em níveis muito menores.
tentativa de aumentar o recrutamento folicular. O hormônio antimülleriano (AMH) é produzido por
O resultado dos níveis elevados de FSH é a pequenos folículos ovarianos; portanto, seus níveis
aceleração da depleção folicular até o seu caem com o declínio da reserva ovariana. Talvez o
esgotamento. AMH seja usado algum dia como marcador
Enquanto houver folículos suficientes, a ovulação confiável da transição da menopausa.
ainda é mantida e os níveis de estradiol per No ovário, a produção de estradiol é quase nula.
manecer ão dentro da normalidade. Já, por meio da aromatização periférica da
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androstenediona no tecido adiposo, a produção da ALTERAÇÕES NO CICLO MENSTRUAL:
estrona é mantida e, mesmo em pequenas
concentrações circulantes, passa a ser o principal A queixa mais frequente na transição menopausal
estrogênio na pós-menopausa. é a irregularidade menstrual, com alteração na
Quanto à progesterona, não há mais produção. intensidade do fluxo, na duração ou frequência da
O diagnóstico do climatério é clínico, não menstruação.
havendo necessidade de dosagens hormonais Essa irregularidade reflete os ciclos anovulatórios
para confirmá-lo quando há irregularidade cada vez mais comuns e, por consequência, as
menstrual ou amenorreia e quadro clínico alterações no padrão de secreção tanto do
compatível. estrogênio quanto da progesterona tendem a se
Porém, níveis de FSH acima de 40 mUI/mL e iniciar com encurtamento dos ciclos e progredir
estradiol (E2) menores do que 20 pg/mL são para períodos de amenorreia cada vez mais
característicos do período pósmenopáusico. longos até a parada total.
A amenorreia prolongada é característica da
FATORES DE RISCO: deficiência de estrogênio.
O padrão de fluxo menstrual também pode variar,
sendo comum ocorrer sangramento aumentado.
1. Tabagismo (antecipa a idade da menopausa em
Nessa fase, o desenvolvimento de patologias
dois anos);
orgânicas como miomas e pólipos é favorecido e,
2. Quimioterapia;
nos casos de sangramento uterino intenso, é
3. Radioterapia pélvica;
mandatória a investigação e exclusão de
4. Cirurgias ovarianas;
5. Histerectomia. patologias endometriais, com atenção às
hiperplasias endometriais e ao carcinoma de
endométrio

MANIFESTAÇÕES DO HIPOESTROGENISMO: SINTOMAS VASOMOTORES:

Receptores estrogênicos existem em diferentes Compreende os episódios de fogachos e suores


concentrações em vários locais do organismo – noturnos, resultando no sintoma mais comum da
como pele, ossos, vasos, coração, diversas regiões transição menopausal e pós-menopausa inicial. •
do cérebro, mama, útero, vagina, uretra e bexiga – O fogacho se manifesta como uma súbita
e a redução nos níveis de estrogênio circulante sensação de calor intenso que se inicia na face,
gera efeitos diferentes para cada mulher. pescoço, parte superior dos troncos e braços, e se
As características individuais determinam perfis generaliza; além disso, é seguida por
diferentes de biodisponibilidade de estrogênios enrubecimento da pele e subsequente sudorese
com repercussões próprias no metabolismo e profusa.
quadro clínico-laboratorial de cada paciente, Observa-se aumento do fluxo sanguíneo cut âneo,
podendo resultar no comprometimento da taquicardia, aumento da temperatura da pele
qualidade de vida. devido à vasodilatação e, eventualmente,
palpitações.
Os sintomas vasomotores parecem estar
associados ao aumento de risco cardiovascular,
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ósseo e cognitivo. quadro clínico, pois os episódios noturnos aumentam o
Sabe-se que a redução dos níveis séricos número de despertares noturnos, contribuindo para um
estrogênicos provoca alterações em sono de menor qualidade.
neurotransmissores cerebrais causando A menor duração do sono é responsável por
instabilidade no centro termorregulador sequelas orgânicas como aumento da prevalência
hipotalâmico, tornando-o mais sensível a de hipertensão e diabetes mellitus.
pequenos aumentos da temperatura corporal Além disso, consequências psicológicas são
relacionados a alterações intrínsecas e evidentes, acarretando cansaço e prejudicando as
ambientais. atividades diárias.
Outros fatores parecem estar relacionados, entre Depressão e ansiedade também estão
eles as alterações nas concentrações hormonais e correlacionadas
nos sistemas serotoninérgico, noradrenérgico,
opioide, adrenal e autonômico . Cada episódio ALTERAÇÕES DO HUMOR:
dura aproximadamente de 2 a 4 minutos e ocorre
diversas vezes no decorrer do dia. O mecanismo responsável pelo aumento do risco
É particular mente comum à noite, prejudicando a ainda é desconhecido, porém a variação dos
qualidade do sono e contribuindo para níveis séricos de estrogênio parece estar mais
irritabilidade, cansaço durante o dia e diminuição associada com efeitos depressivos do que com a
na capacidade de concentração. própria concentração hormonal absoluta.
A duração média dos sintomas vasomotores a As mudanças evidentes desse período, a perda da
partir da transição menopausal é de 7,4 anos, e capacidade reprodutiva e o próprio
4,5 anos desse total são vivenciados no período envelhecimento propiciam distúrbios psicológicos
pós-menopáusico. associados, que também podem contribuir para o
quadro depressivo ou ansiolítico.
Estão relacionados a maior duração dos sintomas:
1. Início dos fogachos em estágios precoces da ALTERAÇÕES COGNITIVAS:
transição menopausal;
2. Índice de massa corporal (IMC) elevado, Durante a transição menopausal, há marcado
3. Tabagismo; aumento nas queixas referentes ao declínio das
4. Ansiedade; funções cognitivas, com ênfase nas queixas de
5. Percepção de estresse e sintomas depressivos. diminuição da atenção e alterações da memória.
Mulheres reportam esquecimento; queixas de
ALTERAÇÕES NO SONO: piora na perda de memória verbal, processamento
rápido das informações e demência.
Distúrbios do sono são: Sabe-se que o estrogênio tem papel modulatório
1. Menor duração; nos sistemas neurotransmissores, influenciando o
2. Aumento nos episódios de despertar noturno; desempenho nas tarefas de aprendizagem e
3. Menor eficácia do sono. memória.
Parece que o efeito da deficiência estrogênica na
Observação : Ênfase ao período perimenopáusico, memória e outras funções cognitivas não são
devido às flutuações hormonais. permanentes nas mulheres após menopausa
Sabe-se que os fogachos têm papel definido no natural.
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Para aquelas que sofreram menopausa artificial, fotofobia; esses sintomas parecem estar relacionados
devido à queda abrupta níveis séricos dos hormônios tanto à redução dos níveis de estrogênio, quanto à de
ovarianos (incluindo androgênios), os efeitos na androgênios.
cognição são mais importantes e parecem responder A transição menopausal também parece atuar de
à TH quando iniciada no momento da ooforectomia. forma importante no desencadeamento do
declínio auditivo relacionado à idade em mulheres
ALTERAÇÕES EM PELE E FÂNEROS: saudáveis

O ganho de peso costuma ser erroneamente ALTERAÇÕES ATRÓFICAS:


associado à menopausa, enquanto as mudanças
hormonais estão, na verdade, relacionadas ao A síndrome geniturinária da menopausa (SGM),
aumento da circunferência e da gordura também conhecida por atrofia vulvovaginal (AVV),
abdominal e total, mesmo em mulheres magras compreende alterações histológicas e físicas da
O padrão de distribuição da gordura passa de vulva, vagina e trato urinário baixo devidas à
ginecoide para androide, propiciando o acúmulo deficiência estrogênica.
na região abdominal. É uma condição comum que acomete quase
A quantidade de gordura visceral também metade das mulheres na menopausa e tem
aumenta. caráter progressivo se o tratamento adequado
A circunferência abdominal retrata a quantidade não for imposto, afetando a saúde, a sexualidade
de gordura visceral e subcutânea e se e a qualidade de vida das mulheres acometidas.
correlaciona com o risco de doença O quadro atrófico decorre dos baixos níveis
cardiovascular e dislipidemia. Maria Vitória de sistêmicos do estrogênio.
Sousa Santos A vulva perde tecido adiposo dos grandes lábios e
A pele também sofre alterações devidas à a pele está mais fina e plana, com rarefação dos
deficiência estrogênica. • Os anos de menopausa pelos.
se correlacionam de forma altamente significativa Os pequenos lábios perdem tecido e
com o declínio do colágeno e espessura da pele, pigmentação; quando intensa, a atrofia pode
com ênfase para os primeiros cinco anos após a resultar em coalescência labial.
menopausa, resultando no aumento da flacidez e A vagina passa a ser mais curta e estreita,
das rugas e diminuição da elasticidade da pele. diminuindo suas rugosidades, principalmente na
Os anos de menopausa foram mais importantes do ausência de atividade sexual.
que a idade cronológica no que se refere à O epitélio vaginal torna-se fino, e a lubrificação
influência nos parâmetros da pele. A pele seca é resultante de estímulo sexual está prejudicada em
condicionada ao envelhecimento. decorrência da diminuição da secreção glandular.
O cabelo passa a ser mais fino e pode aumentar o Também se apresenta bastante friável, com
padrão de queda relacionada à transição sangramento ao toque e vulnerável a traumas.
menopausal e o status pósmenopáusico. O pH vaginal está alcalino, reduzindo o número de
Em relação a alterações oculares, uma das lactobacilos na flora, propiciando infecções e
queixas mais comuns associada à menopausa é a vaginite atrófica.
síndrome do olho seco, caracterizada por irritação A uretra é hiperemiada e proeminente. Essas
ocular, secura, pressão, sensação de corpo alterações anatômicas resultam em:
estranho, aspereza e queimação, assim como 1. Sintomas genitais (ressecamento, ardência e
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irritação); pósmenopáusicas são do rádio distal (fratura de
2. Sintomas sexuais (ausência de lubrificação, Colles), coluna vertebral e do fêmur proximal.
desconforto ou dor – dispareunia, piora da função Além das alterações ósseas, as alterações
sexual); articulares fazem parte das queixas comuns das
3. Sintomas urinários (urgência miccional, disúria, mulheres de meia-idade.
infecções recorrentes do trato urinário, piora da Cerca de 50% a 60% das mulheres nesse período
incontinência urinária preexistente). referem dor ou rigidez articular, porém parece que
A vascularização vaginal é reduzida e a os sintomas são relacionados ao status
lubrificação não é efetiva. menopausal.
Evidências sugerem que o estrogênio exerce
ALTERAÇÕES ÓSSEAS E ARTICULARES: efeitos positivos sobre o metabolismo dos ossos,
dos músculos e da sinóvia, que, em conjunto,
A osteoporose é uma doença sistêmica melhoram a saúde das articulações.
caracterizada pela diminuição da densidade Osteoporose na menopausa ocorre pela
óssea e alterações em sua microarquitetura, estimulação do osteoclasto.
levando à fragilidade e predispondo a fraturas por
baixo impacto. ALTERAÇÕES CARDIOVASCULARES E
O equilíbrio entre formação e reabsorção óssea METABÓLICAS:
está afetado, resultando em perda de massa
óssea de forma acelerada. Doenças cardiovasculares (DCV ) , especialmente
O hipoestrogenismo tem papel importante nesse o infarto do miocárdio (IM), são as principais
mecanismo. causas de morte em mulheres com mais de 50
Sua importância está na altíssima frequência em anos no Brasil e no mundo. Os principais fatores
que ocorre e nas graves consequências de risco para DCV incluem:
relacionadas às fraturas osteoporóticas – altos 1. Presença de aterosclerose de grandes vasos;
custos, dor crônica, deformidades, limitações na 2. História familiar de DCV;
mobilidade, consequências psicológicas e morte. 3. Hipertensão arterial (HAS);
Existem outros fatores de risco envolvidos além do 4. Tabagismo;
status menopausal: 5. Diabetes;
1. Sexo feminino; 6. Síndrome metabólica (SM) – obesidade central ,
2. Idade avançada; resistência à insulina , hipertrigliceridemia e
3. Etnia branca ou oriental; dislipidemia.
4. Baixo IMC; No período pós-menopáusico, devido ao
5. História pessoal ou familiar de fratura; hipoestrogenismo, o perfil hormonal das mulheres
6. Baixa densidade mineral óssea (DMO); Maria Vitória passa a ser androgênico e a prevalência da SM
de Sousa Santos aumenta, o que pode explicar de forma parcial o
7. Uso de glicocorticoide oral; aumento da incidência de DCV após a
8. Tabagismo; menopausa.
9. Abuso de bebidas alcoólicas; Devido ao novo perfil hormonal, perde-se a
10. Sedentarismo; atividade protetora do estrogênio para eventos
11. Baixa ingestão de cálcio. endoteliais e há o desenvolvimento de
As fraturas mais comuns nas mulheres componentes da SM. Observa-se:
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Climatério e Menopausa
1. Aumento da adiposidade central (intraabdominal); Referências:
2. Mudança para um perfil lipídico e lipoproteico mais
aterogênico; 1. BEREK, J. S. Tratado de Ginecologia. 15. ed. Rio de
3. Aumento da concentração de colesterol total à Janeiro: Grupo GEN, 2014.
custa da lipoproteína de baixa densidade (LDL);
4. Aumento dos triglicerídeos (TG); 2. CUNNINGHAM, F. G. Ginecologia de Williams. 2. ed.
5. Redução de lipoproteína de alta densidade (HDL); Porto Alegre: AMGH, 2014.
6. Aumento da glicemia e dos níveis de insulina.
Observação: A transição menopáusica por si só é 3. ZUGAIB, M.; FRANCISCO, R. P. V. Zugaib obstetrícia
fator de risco para a síndrome, independentemente de 4. ed. São Paulo: Manole, 2020.
idade, hábitos de vida e composição corporal.

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