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9.1 INTRODUÇÃO
O climatério pode ser compreendido como o período da vida da mulher em que há
declínio acentuado e progressivo da função ovariana, que tende ao fim do
patrimônio folicular e, com isso, da sua capacidade reprodutiva. Representa a
passagem do período reprodutivo – menacma – ao não reprodutivo.
A SHBG (Sex Hormone-Binding Globulin) tem sua produção hepática reduzida, com
aumento das frações livre/biodisponível de estrogênio e testosterona.
#importante
A definição de menopausa precoce é quando ocorre
antes dos 40 anos.
9.3.2 Pré-menopausa
9.3.3 Pós-menopausa
Acontece quando a menopausa ocorre antes dos 40 anos. Sua suspeita deve ser
confirmada pela dosagem alta de FSH.
9.4 PROPEDÊUTICA
Não há necessidade de dosagem de FSH, LH e estrogênios a pacientes com idade
considerada própria do climatério e com anamnese sugestiva, já que o resultado não
traz mais informações relevantes. Só há indicação se há uma dúvida diagnóstica ou
em pacientes com menos de 40 anos – nas pacientes com falência ovariana
precoce, é necessário documentar o diagnóstico com a dosagem de FSH. Segundo o
Ministério da Saúde, a propedêutica nessa fase engloba quatro etapas:
O preditor mais forte de doença coronariana em mulheres é o HDL baixo (menor que
50 mg/dL). Além disso, o aumento na obesidade centrípeta e a síndrome metabólica
são outros fatores de risco para doença coronariana e estão relacionados ao
aumento na relação androgênio-estrogênio que ocorre nas mulheres em transição
menopáusica. Entretanto, o ganho de peso na menopausa não é um efeito das
alterações hormonais, e sim da dieta, do exercício e do envelhecimento. Por fim,
mulheres com falha ovariana prematura estão sob risco aumentado de doença
cardiovascular.
• Dislipidemia;
• Diabetes mellitus;
• Tabagismo;
• Sedentarismo.
9.4.2.4 Fatores agravantes do risco cardiovascular
• Síndrome metabólica;
• Micro ou macroalbuminúria;
A osteoporose deve ser avaliada com frequência nessa fase, assim como os
fatores de risco e as medidas preventivas.
• Idade;
• História familiar;
• Raça branca;
• Dieta;
• Atividade física;
• Álcool;
• Tabagismo;
• Algumas neoplasias;
• Sedentarismo.
• Corticoide;
• Anticonvulsivante – principalmente a fenitoína e o fenobarbital;
• Heparina, principalmente a não fracionada, e anticoagulantes cumarínicos;
• Micofenolato;
• Tacrolimo;
• Ciclosporina;
• Tiroxina;
• Medroxiprogesterona de depósito;
• Tamoxifeno;
• Inibidores da aromatase nas mulheres na pós-menopausa;
• Agonista de GnRH;
• Pioglitazona e rosiglitazona.
• Lítio;
• Antipsicótico;
• Inibidores seletivos da recaptação de serotonina;
• Topiramato;
• Inibidores da bomba de prótons.
A queda dos níveis de estrogênios tem efeito significativo sobre o sistema nervoso
central, como dificuldade de concentração, diminuição da cognição e perda de
memória recente, aumentando o risco de doença de Alzheimer.
Têm maior risco de osteoporose pacientes com baixa estatura, menor peso, etnia
ocidental, antecedente familiar de osteoporose, ingestão excessiva de álcool ou de
cafeína, tabagismo, sedentarismo, uso de medicação anticonvulsivante e antiácida e
de hormônios tireoidianos, além de portarem outros agravos sistêmicos, como
insuficiência renal crônica, diabetes, síndrome de má absorção intestinal,
hiperparatireoidismo, hipertireoidismo, gastrectomia e anastomoses intestinais.
Os sítios dos principais tumores malignos que acometem essa faixa etária são
mama, colo e corpo do útero, ovários e cólon.
9.4.4.1 Mama
Realiza-se rastreamento por meio de Mamografia (MMG) periódica, que deve ser
solicitada a cada dois anos entre 50 e 69 anos, segundo as diretrizes do Ministério
da Saúde.
• Para mulheres sem história prévia de doença neoplásica pré-invasiva + dois exames
ou mais negativos consecutivos nos últimos cinco anos;
• Mulheres com mais de 64 anos e que nunca se submeteram ao exame
citopatológico devem fazer dois exames com intervalo de um a três anos. Caso
ambos os exames sejam negativos, essas mulheres podem ser dispensadas de
exames adicionais.
A pesquisa pode ser realizada por USG transvaginal (USGTV). Na USGTV, utiliza-se a
medida do eco endometrial, menor que 4 mm na pós-menopausa e menor que 8 mm
em caso de terapia hormonal. Valores maiores indicam prosseguimento da
investigação, geralmente por meio de histeroscopia. O rastreamento não tem
eficácia na redução da mortalidade. Por isso, o Ministério da Saúde recomenda
USGTV apenas em caso de sangramento uterino anormal para a avaliação de lesões
endometriais/corpo uterino, e não de rotina a todas as mulheres climatéricas.
Quadro 9.4 - Ultrassonografia transvaginal, método de imagem de escolha para investigação
diagnóstica de sangramento uterino anormal
• Transição menopáusica:
• Pós-menopausa:
9.4.4.4 Ovários
9.4.4.5 Cólon
Não se trata de um tumor ginecológico, mas, por sua alta prevalência, também deve
ser objeto de rastreamento. Sugere-se a Pesquisa de Sangue Oculto (PSO) nas fezes
anualmente a partir dos 50 anos e, em casos positivos, colonoscopia. Alguns autores
recomendam associar PSO anual à colonoscopia a cada cinco anos, pela sua maior
sensibilidade.
9.5 ROTINA PROPEDÊUTICA BÁSICA
A pressão arterial, o peso e a circunferência abdominal devem ser aferidos em todas
as consultas.
• Glicemia de jejum;
• Lipidograma;
• Avaliação inicial:
• Seis meses:
• Anual:
9.6 TRATAMENTO
O tratamento visa à remissão dos principais sintomas referidos, além da prevenção
de eventos mórbidos e da melhora da qualidade de vida.
• Cálcio: 1.000 a 1.500 mg/d. Fontes: derivados de leite, folhas verdes, sardinha. Evitar
alimentos que diminuam a sua absorção, como cafeína, bebidas alcoólicas,
refrigerantes, excesso de proteínas, fibras e sódio. Os suplementos de cálcio devem
ser administrados após as refeições. Náusea, dispepsia e constipação intestinal são
os principais efeitos colaterais;
Em 2002, nos Estados Unidos, foi publicado o maior estudo prospectivo sobre
Terapia Hormonal (TH) do mundo. O WHI (Women’s Health Initiative) apontou
aumento da incidência de câncer de mama nas usuárias de TH e aumento dos
eventos cardiovasculares. Há uma série de vieses, principalmente a faixa etária
avaliada – média superior a 60 anos –, o tempo de início da TH pós-menopausa e
características próprias prévias, como IMC, pressão arterial etc. Mesmo assim, após
a publicação do estudo, ocorreu uma mudança nas indicações do tratamento, que
ficaram restritas ao dos sintomas vasomotores, com o objetivo de melhorar a
qualidade de vida.
De acordo com o Consenso Brasileiro da FEBRASGO 2014, as indicações para TH
sistêmica são:
#importante
Paciente histerectomizada não precisa de
progestogênio na terapia hormonal. O estrogênio é
que reduz sintomas e riscos cardiovasculares e de
osteoporose. O progestogênio apenas protege o
endométrio de hiperplasia endometrial e possível
câncer de endométrio.
• Câncer de mama;
• Câncer de endométrio;
• Doença hepática grave;
• Sangramento genital não esclarecido;
• História de tromboembolismo agudo e recorrente;
• Porfiria.
• FEBRASGO, 2014:
• Absolutas:
• Relativas:
• Tromboembolismo agudo;
• Colesterol: os estrogênios administrados por via oral ou não oral parecem reduzir
os níveis de colesterol total e colesterol LDL e aumentar os níveis de HDL e
triglicérides;
• Diabetes mellitus tipo 2: a TH reduz o risco de novos casos. Há, também, redução
da obesidade abdominal, resistência à insulina, redução de lipídios e lipoproteínas;
• Câncer:
9.6.5 Tibolona
#importante
As principais pacientes candidatas ao uso de
tibolona são as que apresentam queixas de desejo
sexual hipoativo associado às queixas relacionadas
ao climatério e/ou pacientes com elevação dos níveis
de triglicerídios.
#importante
Nos ensaios clínicos randomizados com
fitoestrogênios, não houve melhora estatisticamente
comprovada em relação ao placebo. Portanto, não
há evidência científica que justifique o seu uso.
• Medidas já citadas;
• Bisfosfonatos orais – primeira linha (único), alendronato de sódio (70 mg/sem) ou
risedronato (5 mg/d ou 150 mg em dose única mensal). Para evitar o risco de
ulceração de esôfago, o indivíduo deve permanecer sentado ou em pé por até 30
minutos após a ingestão do medicamento;
• Na ausência de contraindicações, sabe-se que a prescrição de TH tem alto impacto
na prevenção da osteoporose, assim como o uso de tibolona. A dose é individualizada
pelo menor tempo possível e administrada em mulheres com sintomas vasomotores
e osteoporose concomitante. Medicação de segunda linha;
• Raloxifeno – modulador seletivo do receptor de estrogênio, utilizado para o
tratamento de osteoporose na pós-menopausa. Aumenta o risco de
tromboembolismo e constitui medicação de segunda linha no tratamento da
osteoporose;
• A calcitonina, na dose de 100 a 200 UI/d, nasal ou subcutânea, inibe a reabsorção
óssea e tem efeito no controle da dor óssea. A droga constitui alternativa a pacientes
com contraindicação aos bisfosfonatos, TH e raloxifeno, além de ser de segunda
linha;
• O paratormônio, ou teriparatida, na dose de 20 mg/d SC, estimula a formação óssea,
além de ser de segunda linha;
• Opções são: ácido zoledrônico, ranelato de estrôncio, ibandronato e denosumabe –
todos de segunda linha.