Bruna Da Rui
CONCEITOS
Climatério é um período fisiológico do sistema
reprodutivo – esse período se inicia desde os primeiros
indícios da falha ovariana e termina com o início da
senilidade – o climatério é caracterizado por
modificações endocrinológicas, clinicas e biológicas
no organismo
O climatério é individualizado de mulher para mulher,
tanto em tempo quanto em sintomas (podendo até ser
assintomático)
→ Senilidade – se inicia depois dos 65 anos
→ Menopausa – é um marco cronológico de 12
meses em ausência de menstruação
Menopausa precoce – antes dos 40 anos
Menopausa tardia – depois dos 55 anos
→ Pós-menopausa – período que se inicia depois dos
12 meses após a última menstruação até os 65 anos
Para fazer uma analogia para não confundir mais e
achar que climatério e menopausa são a mesma coisa,
vamos pensar em puberdade e adolescência, onde a
puberdade é o que marca as alterações no corpo do
jovem (crescimento das mamas, surgimento de pelos,
desenvolvimento do testículo) e a adolescência
compreende além dessas alterações biológicas,
alterações psíquicas. Então o climatério é a fase onde
vai começar acontecer as alterações no corpo da
mulher, onde ela vai começar sentir os sintomas de
deficiência de estrogênio e a menopausa é um marco
cronológico de 12 meses em amenorreia
Pergunta de prova:
(V OU F) O climatério é marcado pela ausência da
menstruação?
Figura 1 - resposta no fim do resumo
→ Fatores que podem interferir acelerando a idade
para a ocorrência da menopausa: tabagismo e
idade da menopausa materna
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Figura 2 - Figura 2 - tabela que ajuda a identificar os
estágios que a pct se encontra, sendo o 0 o período da
menopausa. Essa tabela foi feita para ajudar a definir as
etapas da vida reprodutiva que a paciente se encontra,
sendo essa vida dividida em 3 categorias: reprodutiva,
transição menopausal e pós menopausa.
ETIOPATOGENIA
A etiopatogenia do climatério envolve o Eixo
Hipotálamo – Hipófise – Ovário (sendo que os ovários
são os órgãos alvos do climatério)
Mas antes de tudo vamos lembrar o básico do ciclo
menstrual p/ conseguir entender o climatério
❖ No HIPOTALAMO – tem a liberação de forma
pulsátil do GNRH (hormônio liberador de
gonadotrofinas)
❖ O GNRH liberado de forma pulsátil, vai agir na
hipófise, resultando na liberação de hormônios
hipofisários (LH e FSH)
❖ No ovário, vamos ter a liberação do estradiol
proveniente do folículo dominante e os demais
folículos são responsáveis pela liberação de inibina
B e do AMH
❖ Por meio dessa liberação ovariana, vai ter um
feedback que vai determinar se precisa de mais LH
e FSH ou se precisa diminuir sua liberação na
hipófise
Toda essa regulação se dá pelo eixo hipotálamo-
hipófise-ovários e determina a normalidade do ciclo
→ É nos ovários que ocorre a diminuição progressiva
dos foliculos até que chegue em uma falência
hormonal
Agora respira que lá vem o que é complicado:
• Por volta da 4° semana de desenvolvimento
embrionário, na gônoda primitiva tem por volta de
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 1000 a 2000 gonadoblastos que darão origem às
oogônias
• Lá pelas 9° semana as Oogônias vão dar origem
aos oócitos de primeira ordem (prófase 1)
• No processo de amadurecimento, esses oócitos
ficam cobertos pelas células da granulosa e vão
desenvolver os folículos primordiais
• Lá pelas 20° semana esses folículos entram em
atresia
- Nascimento – 2 milhões de folículos
- Puberdade – 300-500 mil
- Ovulados – 400-500
MENACME
Durante a menacme o hipotálamo determina a
liberação dos hormônios hipofisários por meio de
pulsos do GnRH (hormônio liberador de
gonadotrofinas)
→ No ovário 90% da produção de estradiol
provem do folículo dominante
→ Os produtos ovarianos determinam um
aumento ou redução do FSH e LH por meio de
um feedback (positivo ou negativo)
TRANSIÇÃO MENOPAUSAL
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Na fase de transição vamos ter uma irregularidade no
ciclo menstrual (por conta de uma variabilidade
hormonal e ovulação inconstante)
 unidades foliculares  estrogênio e inibina B FSH
Esse aumento de FSH acontece porque há um bloqueio
do feedback negativo em uma tentativa de manter os
níveis de estrogênio
Pergunta de prova:
A transição menopausal é marcada por uma
diminuição das unidades foliculares que
resultam em:
a) Hipogonadismo e hipergonadotrofico
b) Hipogonadismo e hipogonadotrofico
c) Hipergonadismo e hipergonadotrofico
d) Hipergonadismo e hipogonadotrofico
→ Esses níveis elevados de FSH vão encurtar a
primeira fase do ciclo menstrual (esse
encurtamento é um dos primeiros marcos do
climatério)
Ciclos curtos – 1° fase do climatério
ciclos prolongados com alto volume – 2° fase do
climatério
→ Com a queda do estrogênio passa a ter ciclos
anovulatórios → quando se tem ciclos
anovulatórios não acontece a produção de
progesterona para descamar o endométrio
Na tentativa de ter um pico de estrogênio acontece
uma grande produção de gonadotrofinas, e esse
aumento estimula o estroma ovariano que tem grande
quantidade de androgênio (o que traz as
características masculinas) → porém esse androgênio
vai ser convertido pela enzima aromatase em estrona
→ estrona – principal hormônio estrogênio do
climatério
Pergunta de prova:
Porque o estrona é o principal hormônio
estrogênio do climatério?
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 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
A pct no climatério pode ter várias repercussões que
podem variar entre uma pct e outra, sendo algumas
delas:
→ alterações de pele e fâneros
→ sintomas vasomotores
→ alterações corporais e metabólicas
→ alterações atróficas, genitais e sexuais
→ manifestações neurogênicas
→ alterações do sono e humor
vale a pena lembrar que o estrogênio possui receptores
por todo nosso corpo e que sua diminuição pode causar
diversas manifestações, porém não são todas as
pacientes que vão ter esses sintomas e manifestações
que serão citados abaixo.
MANIFESTAÇÕES MENSTRUAIS
→ se enquadram no grupo de manifestações precoces
→ uma das queixas mais frequentes que remete à
perda progressiva da função ovariana
→ a amenorreia prolongada é o sintoma mais
característico da deficiência de estrogênio
→ o padrão de fluxo pode variar por conta das
alterações hormonais
→ a variação nos níveis de estrogênio, muitas vezes
sem oposição adequada de progesterona pode
favorecer o desenvolvimento de patologias
orgânicas como miomas e pólipos
MANIFESTAÇÕES NEUROGÊNICAS
→ sintomas vasomotores – os famosos fogachos –
que é referido em mais ou menos 75% das
mulheres
→ é o sintoma mais comum da transição menopausal
tabagistas e mulheres com IMC alto apresentam
sintomas vasomotores com maior frequência e
intensidade
MANIFESTAÇÕES PSICOGÊNICAS
→ distúrbios de sono (episódios de despertar
noturno e menor eficácia de sono – são sintomas
referidos mais comumente no pós-menopausa)
→ oscilações de humor
→ alterações da libido e concentração
no inicio da perimenopausa é comum queixas sobre
esquecimento, e é comum relatos de piora na perda da
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memoria verbal, atenção, processamento rápido de
informações com o avançar da idade – isso se dá pela
ação do estradiol no hipocampo e lobo temporal
ALTERAÇÕES METABÓLICAS
→ pertencem ao grupo de manifestações tardias
→ osteoporose – a diminuição de estrogênio leva a
um aumento dos osteoclastos que podem causar
osteopenia e osteoporose – avaliação das
pacientes por densitometria óssea
→ lipídico – acontece um  das apolipoproteinas que
 o LDL e maior risco de placas aterogênicas –
aumentando assim o risco de doenças
cardiovasculares/ cerebrovasculares/ isquêmicas
- maior risco de obesidade e aumento da
circunferência abdominal
MANIFESTAÇÕES UROGENITAIS
As pcts podem apresentar uma síndrome genitourinária
da menopausa conhecida como atrofia vulvovaginal
por conta da atividade estrogênica baixa – possui um
caráter progressivo;
Além disso a paciente pode apresentar:
→ incontinência urinaria (por conta do afrouxamento
da uretra)
→ infecção urinária (pelo mesmo motivo)
→ ressecamento vaginal – (a vagina perde suas
rugosidades, fica mais curta e estreita, o epitélio
vaginal se torna fino e a sua lubrificação fica
prejudicada)
→ ressecamento intestinal
→ redução do desejo sexual
→ constipação
nessa fase o pH vaginal está alcalino, favorecendo
infecções e vaginite atrófica
MANIFESTAÇÃO DE COLAGENO
→ com a diminuição do estrogênio, nos receptores
tegumentares pode acontecer uma menor produção
de colágeno, menor produção de ácido hialurônico
deixando a pele mais elástica, unhas quebradiças,
queda de cabelo e ressecamento do cabelo
MANIFESTAÇÕES MAMÁRIAS
→ a diminuição de estrogênio não estimula as
glândulas mamarias causando uma
lipossubstituição
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→ deve ser feita a mamografia para rastreamento do ❖ Consultas regulares de revisão
câncer de mama nas pacientes de acordo com o
❖ Realizar exercícios físicos regular
protocolo do MS
❖ Dieta com adequado aporte nutricional
Tabela 1 - divisão das alterações que surgem nas
❖ Cessar tabagismo
mulheres no climatério
❖ Manter o peso corporal adequado
Alterações precoces Alterações em longo ❖ Controle das possíveis comorbidades associadas
prazo
Alterações no ciclo Alterações atróficas
menstrual TERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL
Sintomas vasomotores Alterações sexuais
→ É FEITA EM PACIENTES QUE TEM
Distúrbios do sono Alterações cognitivas QUEIXAS E DEVE SER FEITA EM BAIXA
Alterações de humor Doença cardiovascular DOSAGEM E DE FORMA
Osteoporose INDIVIDUALIZADA
→ As vias de reposição mais seguras são as não orais
outros
(cremes, adesivos, anéis vaginais)

Paciente que tem útero – reposição combinada de

estrogênio + progesterona
DIAGNÓSTICO paciente sem útero – só estrogênio

→ clínico Pergunta de prova:

a dosagem hormonal (FSH e estradiol) não precisa ser Porque em pacientes que tem útero a reposição
feita em TODAS as pacientes, apenas se necessário, hormonal tem que ser feita de forma combinada?
como por exemplo em pacientes muito jovens com
queixas características de climatério.
→ A reposição hormonal é IDEAL que seja feita até
Mas você pode pedir alguns exames para essa paciente os primeiros 5 anos de menopausa - que é a janela
devido as possíveis alterações metabólicas, mas não de oportunidade (e a paciente deve ficar com ela
para diagnóstico de climatério, como: por até 5 anos)

→ lipidograma Depois de 5 anos em terapia de reposição

→ glicemia
→ TSH
→ Pode realizar o rastreio de doenças crônicas,
osteoporose e câncer (ovário, mama e colorretal)
Você sabia?
O rastreamento do câncer colorretal deve ser feito a
partir dos 50 anos por colonoscopia de 5 – 5 anos e
através do sangue oculto nas fezes anualmente?
hormonal a paciente já começa apresentar riscos
que superam benefícios
MAS vamos lembrar que não pq já passou de 5 anos
que é extremamente proibido começar a terapia de
reposição ou depois de 5 anos ser obrigatório parar, a
conduta deve ser INDIVIDUALIZADA
CONTRA-INDICAÇÕES À TERAPIA DE
REPOSIÇÃO HORMONAL

O risco de câncer de endométrio por estimulo ❖ Câncer de mama

estrogênico existe quando não há uma
contraposição de progesterona deixando o
endométrio hiperplásico.
Recomendações gerais para mulheres no
climatério
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❖ Câncer de endométrio
❖ Sangramento vaginal de causa desconhecida
❖ Lesão percussora de câncer de mama
❖ Porfirias e doenças hepáticas
descompensadas
❖ Doença coronariana e cerebrovascular
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 ❖ Passado de doença tromboembólica venosa
❖ Lúpus eritematoso sistêmico
❖ Meningioma
Tabela 2 - em negrito são as contra-indicações absolutas

Então, baseado nisso tudo, antes de começar uma

terapia de reposição hormonal nós devemos analisar
alguns parâmetros:

Parâmetros fundamentais:

→ Janela de oportunidade
→ Vias de administração
→ Esquema de reposição

TERAPIAS NÃO HORMONAIS

É muito importante a orientação da paciente:

→ Orientação nutricional
→ Atividade física

O Promestrieno é um creme vaginal muito utilizado

em queixas de ressecamento, ele possui hormônio, mas
ela não apresenta absorção sistêmica

Fármacos não hormonais

Betabloqueadores – propranolol
anti histamínicos – em queixas vasomotoras e
emocionais
ansiolíticos
ISRS

PERGUNTAS DE PROVAS CITADAS NA

AULA

1. O climatério é marcado pela ausência da

menstruação?

2. A transição menopausal é marcada por uma

diminuição das unidades foliculares que resultam
em:
a) Hipogonadismo e hipergonadotrofico
b) Hipogonadismo e hipogonadotrofico
c) Hipergonadismo e hipergonadotrofico
d) Hipergonadismo e hipogonadotrofico
3. Porque o estrona é o principal hormônio estrogênio
do climatério?

4. Porque em pacientes que tem útero a reposição

hormonal tem que ser feita de forma combinada?
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RESPOSTAS
1. Falso, no climatério a paciente apresenta ciclos
irregulares. O período caracterizado por 12 meses
em amenorreia é a menopausa
2. Alternativa A
3. Pq com a queda dos níveis de estrogênio, vai
aumentar a concentração de androgênios, porém a
enzima aromatase converte esses androgênios na
estrona, tornando ele o principal hormônio do
climatério
4. Para que o endométrio não fique hiperplásico

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