Você está na página 1de 55

SAÚDE DA MULHER – Lidiely Mello

aumento progressivo de volume. O útero apresenta um


MENARCA aumento maior do corpo em relação ao colo e tem a sua
A puberdade é o período de transição biológica entre a infância forma tubular modificada para a forma característica de
e a vida adulta e tem como objetivo final a aquisição da pêra.
maturidade sexual. É caracterizada pelo amadurecimento dos
caracteres sexuais primários (genitais e gonádicos), pelo
surgimento e amadurecimento dos caracteres sexuais
secundários (mamas, pelos pubianos e axilares) e pelo estirão
de crescimento.

• Fisiologicamente, a puberdade pode ser definida não como


um evento isolado e sim como uma fase no continuum do
desenvolvimento do eixo hipotálamo-hipófise-gonadal
(HHG), que tem sua função iniciada durante a vida fetal,
entra em quiescência durante a infância e sofre uma
reativação com o início da puberdade;
• Um fator associado ao desencadear da puberdade que vem MENACME
sendo bastante estudado nos últimos anos é o fator
Período fértil da mulher, que vai da primeira menstruação
nutricional. A obesidade tem sido associada ao início
(menarca) à última menstruação (menopausa).
fisiológico mais precoce da puberdade em várias
sociedades. Observa-se a ocorrência de menarca mais Inicia-se com o amadurecimento do eixo hipotálamo-hipófise-
precoce em meninas com obesidade leve a moderada, ovário.
enquanto condições que cursam com baixo peso corpóreo
podem retardar a puberdade; CLIMATÉRIO
• O primeiro sinal visível de maturação sexual é o
surgimento do broto mamário, geralmente ao redor dos Consiste no período de transição entre as fases reprodutiva e
10 a 11 anos de idade. O desenvolvimento mamário não reprodutiva. Tem seu começo por volta dos 40 anos,
completo leva de três a quatro anos, finalizando-se sendo dissociado em três fases: perimenopausa, menopausa e
geralmente aos 14 anos. pós-menopausa.
• A adrenarca, ou o início da esteroidogênese adrenal,
Neste processo de transição e como consequência do
predominantemente de androgênios, precede a pubarca,
hipoestrogenismo, surgem vários sintomas físicos,
iniciando-se bioquimicamente ao redor dos 6 anos de
nomeadamente: afrontamentos, suores noturnos, fragilidade
idade. A manifestação clínica da adrenarca, ou seja, a
óssea, perda de elasticidade e lubrificação vaginal, problemas
pubarca, entretanto, acontece cerca de 6 a 12 meses após
ao nível do aparelho genitourinário, perda da sensibilidade da
a telarca. Os pêlos pubianos levam cerca de três anos para
pele, enxaquecas, distúrbios do sono. Existe igualmente um
completar seu desenvolvimento.
conjunto de consequências psicológicas, descritas em
• A menstruação geralmente ocorre entre os 9 e 12 anos.
variadíssimos estudos, tais como: ansiedade, estresse,
Os ciclos menstruais, inicialmente, são anovulatórios, depressão e irritabilidade → Síndrome climatérica. (Nem
associados a menstruações irregulares. Cerca de um a dois anos sempre o climatério é sintomático).
após a menarca, os ciclos menstruais tornam-se ovulatórios e
• Segundo a Organização Mundial de Saúde existem quatro
regulares.
estádios do ciclo menstrual:
▪ A primeira menstruação pode ocorrer exclusivamente I. Pré-menopausa, definida pela regularidade menstrual
por ação do estrogênio sobre o endométrio – não durante os últimos doze meses;
significando o inicio do ciclo ovariano (fertilidade). II. Perimenopausa, se inicia antes da menopausa com ciclos
• A mucosa vaginal torna-se progressivamente espessa e menstruais irregulares, acompanhados ou não de
enrugada e uma secreção clara aparece, aumentando de manifestações vasomotoras, e termina 12 meses após a
volume nos meses que antecedem a menarca. O pH vaginal menopausa;
diminui devido ao aumento da produção de ácido lático III. Menopausa, quando a cessação de menstruações é
pelo lactobacilos. Ocorre depósito de gordura subcutânea permanente (só pode ser estabelecida em retrospectiva,
no monte pubiano e grandes lábios, espessamento do após doze meses consecutivos de amenorreia),
epitélio vulvar e os pequenos lábios e clitóris tornam-se resultado da perda de atividade folicular;
mais proeminentes. O útero e os ovários apresentam um
SAÚDE DA MULHER – Lidiely Mello

IV. Pós-menopausa, que se inicia um ano após a última − Produzido durante todo o ciclo menstrual.
menstruação e vai até os 65 anos de idade; − Dois tipos de estrogênio são produzidos no ovário: a
V. Senilidade, período da vida que se segue ao climatério e estrona e o estradiol.
tem início aos 65 anos. ▪ Progesterona
− Manutenção da gravidez – mulheres que não produzem
progesterona correm risco de abortamento;
SISTEMA HORMONAL FEMININO − Produzida a partir do momento da ovulação pelo corpo
lúteo.
• Hormônio de liberação hipotalâmica: GnRH - Hormônio
liberador de gonadotropina As alterações ovarianas dependem dos hormônios
• Hormônios sexuais de liberação hipofisária anterior: gonadotróficos: LH e FSH; na ausência deles, os ovários
● FSH - Hormônio folículo estimulante permanecem inativos (infância e senescência).
● LH - Hormônio luteinizante
• Hormônios ovarianos
● Estrogênio
O ciclo, dura em média, 28 dias. Pode ser curto como 20 dias
● Progesterona
ou longo como 45 dias. Resultados do ciclo sexual feminino:
Apenas um óvulo é liberado dos ovários a cada mês e o
 Antes da puberdade: secreção de GnRH é contínua e
endométrio é preparado para a implantação do óvulo.
não consegue despertar a secreção de gonadotrofinas
pela hipófise; Entre 9 e 12 anos, a hipófise começa a secretar
 Na puberdade: por maturação do sistema límbico, a progressivamente FSH e LH, dando início a ciclos sexuais
secreção é pulsátil. mensais que se inicia entre 11 e 15 anos.

● Puberdade: Período de mudança

● Menarca: Primeiro ciclo menstrual

O sistema límbico estimula terminações glutametérigocas –


glutamato atua em receptores NMDA (receptor ionotrópico)
estimulando neurônios noradrenérgicos- noradrenalina atua
em receptores , estimulando neurônios NOérgicos; o NO é
gasoso, se difundindo rapidamente para os neurônios que
produzem GnRH; NO estimula a liberação de GnRH no
infundibulum, para os vasos porta-hipofisários; GnRH
promove a secreção de FSH e LH pela adeno-hipófise.

▪ FSH – Hormônio folículo estimulante CICLO OVARIANO – Eixo Hipotálamo -Hipófise-Ovário


− Recruta folículos ovarianos dentre os quais, haverá a
 O hipotálamo libera GnRH de forma pulsátil,
formação de um óvulo;
estimulando a adeno-hipófise a secretar LH e FSH. Esses
− Estimula o crescimento de vários folículos, mas apenas
pulsos variam em frequência e amplitude em todo o
um deles se destaca, rompe-se e libera o óvulo.
ciclo menstrual.
▪ LH – Hormônio Luteinizante
− Fase folicular (antes da ovulação): ↑frequência
− Tem uma importância maior no momento da ovulação;
↓amplitude
▪ Estrógeno
− Fase lútea (após ovulação): ↓frequência↑amplitude
− Hormônio que dá os caracteres sexuais femininos;
SAÚDE DA MULHER – Lidiely Mello

 O GnRH age sobre as células da adeno-hipófise,


estimulando a produzir e secretar FSH e LH na
circulação.
 Os ovários representam as gônadas femininas, e são
responsáveis pela produção de esteroides sexuais e
pelo desenvolvimento dos folículos imaturos até sua
fase final de amadurecimento. Ou seja, os ovários
possuem duplo papel, a produção de gametas e a
síntese de hormônios.
Os ovários podem ser divididos em dois
compartimentos:
− Teca ou estroma: camada mais externa relacionada
com a produção de androgênios; Sofre ação do LH.

− Granulosa: camada mais interna, que sofre ação do


FSH, e que a depender da fase do ciclo ovariano na qual
se encontra, pode produzir produtos diferentes:
▪ Fase folicular: produção de estrogênio (estradiol) e  Esse processo ocorre na primeira fase do ciclo menstrual,
inibina B. com o intuito de produzir testosterona para recuperar a
o Estradiol: ação no desenvolvimento folicular e camada endometrial uterina que possivelmente receberá
endometrial, além da produção de LH no meio do um ovo fecundado.
ciclo;  A partir de um determinado nível, esse estrogênio
o Inibina B: secretada pelas células granulosas produzido passa a realizar um feedback positivo, de
mediante estímulo do FSH ainda na fase folicular, e modo que a elevação dos seus níveis promove, de forma
tem por função inibir a síntese do próprio FSH. direta um aumento de LH.
▪ Fase lútea: produção de progesterona e inibina A.  Com isso gera um ciclo, de modo que o LH passa atuas
o Progesterona: é conhecida por sua ação na mais nas células teca, produzindo mais androgênios, que
manutenção do arcabouço endometrial e pela são deslocados para as células da granulosa para sofrer
retroalimentação negativa sobre a secreção aromatização, produzir estrogênio e estimular ainda mais
hormonal hipotalâmica. a síntese de LH, reiniciando o ciclo.
o Inibina A: secretada pelo corpo lúteo – células  O aumento concomitante de estrogênio estimula o pico
granulosas luteinizantes – sob controle do LH. de LH, e este, a ovulação.
Juntamente com o estradiol, controla a secreção  O marcador fisiológico mais importante da aproximação
do FSH na transição lúteo-folicular. da ovulação é o pico de LH do meio do ciclo, o qual, como
vimos, é precedido por aumento acelerado de estradiol.
 Os androgênios produzidos nas células teca, são  O folículo pré-ovulatório – folículo de Graaf, produz com
transportados para as células granulosas, onde sofrem a síntese do estradiol, seu próprio estimulo ovulatório. O
ação da enzima aromatase, que promove um processo pico de estradiol, estimula o pico de LH,
de aromatização e converte os androgênios em consequentemente, a ovulação.
estrogênios (estrona e estradiol).
 Após a ovulação, o resquício de folículo forma o corpo
A ação da aromatase depende da ação do FSH nas células lúteo, que sob ação do LH, passará a produzir a
granulosas. Logo, o FSH é fundamental para a conversão de progesterona.
androgênios em estrogênios.
FASES DO CICLO OVARIANO

É dividido em três fases: folicular, ovulatória e lútea – a fase


menstrual corresponde a primeira parte da fase folicular.

O epitélio do ovário é estratificado pavimentoso – contêm


receptores hormonais que controlam a maturação e
diferenciação, dependendo do estrógeno e progesterona.

O estrógeno induz a maturação epitelial (células superficiais –


núcleo pequeno e citoplasma grande); a progesterona inibe a
SAÚDE DA MULHER – Lidiely Mello

maturação epitelial – células intermediárias, parabasais 2. O FSH aumenta a produção estrogênica, promove o
(citoplasma pequeno e núcleo grande) e basais. crescimento da camada granulosa e estimula a
atividade da aromatase.
3. As células da teca produzem estradiol a partir de
androgênio, sob o estimulo da aromatase (dependente
de FSH).
4. A seleção do folículo dominante é caracterizada pela
maior presença de receptor de FSH, por isso, maior
ação da aromatase produz mais estrogênio.
− A partir do 7º dia, o útero começa a produzir uma
camada nova e vascularizada no endométrio;
− O folículo atua sobre o útero estimulando o
desenvolvimento do endométrio.

 FASE OVULATÓRIA:
• Antes de ovular:
● Parede externa do folículo incha
● Estigma projeta-se como um bico
● Em 30 minutos o líquido começa a vazar
● Em 2 minutos o estigma se rompe, liberando o líquido
viscoso da porção central do folículo.
● O óvulo é carreado e envolto pelas células da granulosa,
denominada coroa radiata;
• Pico de LH, precedido pelo aumento acelerado do nível de
estradiol.
• O pico de LH, estimula a ovulação.
• A ovulação ocorre aproximadamente 32 a 36 horas após o
inicio da elevação dos níveis de LH e cerca de 10 a 12 horas
 FASE FOLICULAR: após seu pico máximo.
• Fase menstrual (1º ao 5º dia): caracterizada pela • A progesterona e o estrógeno combinados, inibem a ação
descamação da camada funcional do endométrio, da hipófise – inibindo a liberação de FSH e LH.
caracterizando o inicio do ciclo. Essa fase ocorre devido à
Início da ovulação:
regressão do corpo lúteo que cessa a secreção de
progesterona e estrógeno; com isso o endométrio deixa de ● Liberação de enzimas proteolíticas pela teca externa (cápsula
ser estimulado a permanecer, causando a interrupção de folicular) - Leva a uma dissolução e enfraquecimento da parede
oxigênio e nutrientes, levando a necrose da camada capsular, causando dilatação do folículo e degeneração do
funcional. – Na menstruação é liberado cerca de 35Ml de estigma
sangue.
− Os hormônios hipofisários e ovarianos estão em baixa ● Concomitantemente ocorre a angioneogênese, vasodilatação
concentração. por prostaglandinas e transudação para o folículo.
− O sangramento dura em torno de 5 dias e
Combinação desses eventos leva ao rompimentos do folículo e
gradativamente, a concentração de FSH aumenta.
liberação do óvulo.
o Presença de células epiteliais intermediárias e
parabasais, hemácias, leucócitos. Poucas células  FASE LÚTEA – inicia no dia da ovulação; duração fixa de
superficiais. 14 dias:
• Folicular (1º dia até a ovulação): nesta fase acontece uma
sequência ordenada de eventos que assegura o O aumento dos níveis de progesterona de forma aguda
recrutamento de novos folículos, para seleção do folículo caracteriza essa fase.
dominante. Este processo demora cerca de 10 a 14 dias.
1. O recrutamento se inicia no final da fase lútea do ciclo • Formação do corpo lúteo;
anterior, a partir da regressão do corpo lúteo e do • Ocorre a luteinização, processo em que as células da
aumento de FSH. camada granulosa passam a produzir progesterona.

SAÚDE DA MULHER – Lidiely Mello

• É uma fase fixa de 14 dias, portanto a mulher “sempre”


menstrua 14 dias após a ovulação.
• Com o regresso do corpo lúteo, que ocorre ao final da fase
lútea, ocorre queda dos níveis circulantes de estradiol,
progesterona e inibina A.
• O decréscimo da inibina A remove a influência supressora
sobre a secreção de FSH pela hipófise, e este volta a se
elevar antes da menstruação – sinal para recrutar novos
folículos.

Caso não ocorra a fecundação:

21º dia: cicatrização do corpo lúteo que passa a produzir


menos estrógeno e progesterona.

22º - 27º dia: hormônios em baixa concentração (TPM);

28º dia: menstruação.

Caso ocorra a fecundação:

Supondo que a fecundação ocorra no 14º do ciclo. O corpo


lúteo é estimulado para não cicatrizar e passa a secretar
estrogênio e progesterona para manter a gravidez durante
os primeiros meses.

Ocorre liberação de hCG (gonodotrofina coriônica) pelas


células formadas após a fecundação.

Com a chegada do blastocisto (nidação) ao útero, a placenta


começa a ser formada. Semanas depois da fertilização, ela
será a responsável pela produção de progesterona.
SAÚDE DA MULHER – Lidiely Mello

MÉTODOS CONTRACEPTIVOS • Os Anticoncepcionais Hormonais Combinados Orais inibem


ovulação através do bloqueio da liberação de
gonadotrofinas pela hipófise. Além disso, modificam o
muco cervical tornando-o hostil à espermomigração,
 MÉTODOS COMPORTAMENTAIS: São aqueles que, ao
altera o endométrio, modifica a contratilidade das tubas
serem utilizados, implicam em modificações do
interferindo no transporte ovular e altera a resposta
comportamento sexual do casal. Baseadas em
ovariana às gonadotrofinas.
conhecimentos de reprodução humana, são admitidas duas
 No primeiro mês, estes produtos devem ser iniciados no
formas de métodos comportamentais:
primeiro dia do sangramento menstrual, ingerindo as
1. Abstinência sexual periódica
drágeas, sempre no mesmo horário, sem esquecimento,
2. Ejaculação extra-vaginal.
durante 21 dias. Nos ciclos seguintes, após sete dias de
pausa, as pílulas devem ser reiniciadas no 8o dia.
 MÉTODOS DE BARREIRA: São denominados métodos de
 A pausa dada durante o uso, muito comum entre as
barreira aqueles que evitam a gravidez através do
usuárias, n tem nenhuma indicação, sendo, inclusive,
impedimento da ascensão dos espermatozóides ao útero.
desaconselhada, pois significa sempre nova adaptação
Atualmente, com a crescente incidência das doenças
após a interrupção, além do elevado índice de gravidez
sexualmente transmissíveis (DST), em particular a AIDS,
observado nestes períodos de interrupção. A suspensão
houve uma revalorização do uso dos métodos de barreira.
da pílula somente está indicada na presença de contra-
• Preservativo (Camisinha/Condom) masculino;
indicações, desejo de gestar e na ausência de relações
• Preservativo (Camisinha/Condom) feminino: recobre a
sexuais.
cérvice uterina, paredes vaginais e parte da vulva. Devido à
Os estrógenos sintéticos são constituídos
maior área genital tanto feminina quanto masculina
principalmente pelo etinilestradiol, mestranol,
recobertas oferece proteção mais efetiva contra a
quimestrol e dietilestilbestrol. O etinilestraiol é o
transmissão de doenças sexualmente transmissíveis;
utilizado nos contraceptivos orais, sendo mais
• Diafragma: É um pequeno dispositivo circular de borracha potente que o estradiol.
com borda firme flexível, que ao ser colocado na vagina
forma uma barreira física sob o colo do útero.
 INJETÁVEL MENSAL: Os injetáveis mensais são aplicados
• Esponjas: As esponjas modernas são feitas de poliuretano por via intramuscular, sendo que propostos em posologias
associados com o espermaticida nonoxinol-9. Têm um diferentes; entre o 7o e 10o dia do ciclo iniciado entre o 1o
formato ligeiramente côncavo, para adaptar-se melhor ao e o 5o dia, com aplicações ulteriores a cada trinta dias. A
colo uterino, devendo ser umedecidas antes da sua segunda opção oferece uma maior regularidade do ciclo,
colocação para ativar o espermaticida. mantendo a eficácia. A ação anticonceptiva reside,
Embora rara, a síndrome de choque tóxico é uma fundamentalmente, no efeito do progestogênio sobre o
possível complicação entre usuárias do diafragma, eixo neuroendócrino inibindo a ovulação, pelo bloqueio do
tampões vaginais e esponjas contraceptivas, estando o pico do LH, que permanece em seus níveis basais.
risco associado ao uso prolongado principalmente
acima de 24-36 horas, sendo que a síndrome é causada
 INJETÁVEL TRIMESTRAL: A anticoncepção injetável
por algumas cepas do Staphylococus aureus.
trimestral é realizada com o uso do acetato de
• Espermaticida: São substâncias que colocadas no fundo da medroxiprogesterona de depósito (AMP-D).
vagina têm ação de barreira por inativação dos O AMP-D apresenta vantagens que o fazem apropriado
espermatozóides, devido a lesão de sua membrana celular. para algumas mulheres e conveniente para os programas
 ANTICONCEPCIONAL HORMONAL COMBINADO ORAL: O de planejamento familiar. Uma só injeção oferece
AHCO consiste na utilização por via oral de estrogênio anticoncepção altamente eficaz durante 3 meses.
associado à progesterona com a finalidade de impedir a Por conter apenas o componente progestogênico, o
concepção. Existem três formas de combinação do método não tem várias das contra-indicações atribuídas ao
estrogênio com a progesterona: estrogênio sintético.
▪ A primeira, mais usada, é a monofásica uma associação O AMP-D é um derivado da 17α-hidroxiprogesterona. É
contínua e na mesma dosagem em todas as pílulas preparado em suspensão microcristalina de baixa
produto. solubilidade que se administra em doses de 150 mg via
▪ As outras, combinadas bifásica e trifásica, apresentam intramuscular a cada 90 dias. Seu nível sérico máximo é
variações na dosagem dos esteróides ao longo do ciclo, alcançado por volta de 10 dias após a injeção e declina
tentando assim mimetizar a esteroidogênese ovariana. posteriormente. Níveis sangüíneos ainda são detectados
até 200 dias após a injeção.
SAÚDE DA MULHER – Lidiely Mello

O AMP-D é um potente anovulatório, suprimindo o pico espermatozóides pelo sistema canalicular feminino; a
de LH. fertilização do ovócito; o ovo-transporte e a nidação
 IMPLANTES: Os implantes contraceptivos são constituídos endometrial. Em condições normais, a fertilização ocorre
de silicone polimerizado com um hormônio no seu interior, na ampola tubária até aproximadamente 72 horas após o
que é liberado continuamente para a corrente sangüínea, intercurso sexual. Ocorrendo condições favoráveis à
proporcionando o efeito contraceptivo. O mais popular de implantação do blastocisto (em média após 3 dias de ovo-
todos contém o progestogênio levonorgestrel e a transporte), esta ocorrerá em torno do 6o dia do período
elcometrina. Outros implantes contêm o desogestrel, o pós-ovulatório.
nomegestrol e a elcometrina. A anticoncepção de emergência com hormônios pode
 DISPOSITIVO INTRA-UTERINO: o DIU exerce seu efeito provocar antecipação do fluxo menstrual, sendo comuns
antifertilidade de forma variada e pode interferir no as alterações no padrão de sangramento.
processo reprodutivo antes mesmo do ovo atingir cavidade
uterina. O DIU atua sobre os óvulos e os espermatozóides TERAPIA HORMONAL
de várias maneiras:
 Estrógenos podem ser divididos em naturais e sintéticos.
1) Estimula reação inflamatória pronunciada no útero, por
Os naturais são mais utilizados na reposição hormonal,
ser um corpo estranho. A concentração de diversos tipos de
enquanto os sintéticos são aplicados em métodos de
leucócitos, prostaglandinas e enzimas nos fluidos uterino e
contracepção.
tubários aumentam consideravelmente, especialmente nos
− Os hormônios naturais são compostos basicamente por
DIUs com cobre.
estradiol, estrona e estriol. Os dois primeiros são
2) As alterações bioquímicas interferem no transporte dos
produtos de síntese ovariana, enquanto o terceiro é
espermatozóides no aparelho genital, bem como alteram
conseqüência do metabolismo periférico do estradiol e
os espermatozóides e óvulos, impedindo a fecundação.
estrona.
• Os primeiros DIUs modernos (alça de Lippes e espiral de
− O potencial biológico dos diferentes tipos de estrógenos
Margulies) surgiram no princípio dos anos sessenta, sendo
depende basicamente da afinidade de cada tipo de
que no final dessa década se agregou cobre ao plástico do
molécula ao seu receptor-alvo.
DIU, aumentando sua eficácia e diminuindo os efeitos
− Metade dos estrógenos é excretada na urina nas
colaterais. O TCu 380A já foi liberado para uso durante 10
primeiras 24 horas e outra metade é inicialmente
anos e a previsão é que tenha maior durabilidade. Seu
eliminada pela bile sofrendo hidrólise no intestino onde
índice de falha é menor que 1 por 100 mulheres/ano.
até 80% são reabsorvidos.
• Outro DIU existente no mercado internacional é o DIU
− Os estrógenos conjugados são hormônios naturais
liberador de progesterona (65 mg/dia) - Progestasert - mas
extraídos da urina de éguas prenhes e incluem, além de
é de alto custo, e tem durabilidade de apenas um ano. Sua
estradiol, estrona, sulfato de estrona e os estrógenos
eficácia é de 95 por 100 mulheres/ ano, sendo o único DIU
derivados do anel B insaturado: equilina, equilenina e
que reduz a perda sanguínea menstrual. Para substitui-lo,
seus sulfatos. Os efeitos biológicos dos estrógenos
surgiu o DIU de levonorgestrel (LNG-20), que libera 20 mg
conjugados são resultantes principalmente da
por dia desse hormônio, com duração prevista de 5 anos e
combinação de sulfato de estrona, sulfato de equilina e
de elevada eficácia.
seus metabólitos. A equilina, por si só, é mais potente que
 ANTICONCEPÇÃO CIRÚRGICA:
todos os outros componentes dos estrógenos
• Ligadura tubária: Ligadura tubária constitui método
conjugados.
permanente de contracepção, operacionalizado através da
− As vias de administração de estrógenos naturais são a
obstrução do lumen tubário, impedindo assim o transporte
oral, transdérmica, percutânea e vaginal. Pela via oral,
e a união dos gametas.
os estrógenos passam pelo fígado e são metabolizados
• Vasectomia: Secção e/ou oclusão do canal deferente,
em estrona e sulfato de estrona. As vias transdérmica e
sendo um método seguro, eficaz e de fácil execução.
percutânea evitam o metabolismo hepático e não
interferem no sistema renina-angiotensina sendo
 ANTICONCEPÇÃO DE EMERGÊNCIA: Envolve uma ou mais
indicadas principalmente nas pacientes com
fases do processo reprodutivo, interferindo na ovulação, na
antecedentes de tromboembolismo e nas hipertensas.
espermomigração, no transporte e nutrição do ovo, na

fertilização, na função lútea e na implantação.
 A progesterona pode ser utilizada pelas vias oral,
A ocorrência de uma gravidez depende de uma seqüência
intramuscular transdérmica e através da mucosa vaginal.
de eventos, que envolvem todos os complexos
A forma micronizada, ao contrário do que ocorre com a
mecanismos da endocrinologia reprodutiva, masculina e
progesterona pura, é bem absorvida e torna-se uma
feminina, dos quais salienta-se: ascensão dos
SAÚDE DA MULHER – Lidiely Mello

alternativa ao uso de progesterona. A metabolização da Ao final, somam-se todas as notas e divide-se por 10.
progesterona origina vários produtos sendo os principais a Considera-se o índice elevado quando acima de 7, a
pregnanediona, pregnenolona e pregnanediol. diminuição do índice ao longo do tratamento é um
− Os hormônios sintéticos apresentam ação semelhante à
da progesterona podendo ser obtidos a partir da
testosterona ou da própria progesterona. Possuem
indicação em diversos setores de endocrinologia
ginecológica, como reposição hormonal, indução de
amenorréia, tratamento de hiperplasia ou câncer de
endométrio, contracepção, tratamento de
hiperandrogenismo;
 Quando a TRH usa estrógenos associados aos
progestínicos ela é denominada de "combinada". A marcador de boa resposta terapêutica.
combinação pode variar entre contínua e seqüencial ou
cíclica. A forma mais popular de esquema contínuo • Índice de Kupperman: consiste em atribuir graus de
combinado é o uso de 0,625mg de estrógenos conjugados intensidade aos sintomas listados, da seguinte forma:
com 2,5mg de medróxiprogesterona. Estrogênio cíclico ou ausente (0), leve (1), moderado (2) e grave (3).
contínuo e progestogênio cíclico são utilizados na
Cada sintoma tem um coeficiente de importância, sendo 4 para
perimenopausa quando existe sintomatologia estrogênio-
sintomas vasomotores, 2 para insônia, parestesia e
dependente, assim como nos primeiros anos da pós-
nervosismo e 1 para melancolia, vertigem, astenia, artralgia,
menopausa.
cefaleia, palpitação e formigamento. Devem-se multiplicar os
 O esquema que utiliza estrogênio isolado, cíclico ou
coeficientes de intensidade e importância de cada sintoma e
contínuo, é recomendado para mulheres
somá-los posteriormente.
histerectomizadas.
Classificam-se os casos como:
CLIMATÉRIO – DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO
▪ leves: índice < 20;
Nas queixas clínicas, pode ▪ moderados: índice entre 20 e 34;
haver referência a
fogachos, insônia,
irritabilidade, artralgia,
mialgia, palpitações,
diminuição da memória e
do interesse pelas
atividades de rotina, da
libido, dispareunia,
astenia e sintomas gênito-urinários relacionados com a
hipotrofia das mucosas.
O diagnóstico de climatério é eminentemente clínico,
associando-se faixa etária da paciente (> 40 anos), alterações
▪ graves: índice > 34.
menstruais e outros sintomas da deprivação hormonal. Porém,
para avaliar a sintomatologia, a necessidade de tratamento e
seu acompanhamento, foram criados alguns índices que
TRATAMENTOS
permitem avaliar, com certa praticidade, a intensidade da
síndrome climatérica. Terapia de reposição hormonal: Os sintomas vasomotores
(fogachos) atingem cerca de 75% das mulheres no climatério.
Na avaliação da intensidade da síndrome do climatério, é útil o Sem tratamento, podem desaparecer em um a dois anos, o que
emprego de índices baseados na sintomatologia. Os índices justifica terapia por curto prazo.
mais utilizados são o de Hauser e o de Kupperman, os números
obtidos servem para caracterizar objetivamente o quadro Estrógenos têm-se mostrado úteis no controle de ressecamento
clínico e sua evolução com o tratamento, quando prescrito. da mucosa vaginal e dispareunia associados à deficiência
hormonal na menopausa.
• Índice de Hauser: a paciente deve dar notas de 0 a 10 para
cada um dos sintomas listados, sendo 0 = ausência do
sintoma e 10 = sintoma muito exacerbado.
SAÚDE DA MULHER – Lidiely Mello

Fitohormônios: substâncias de origem vegetal com


características semelhantes aos hormônios. Entre os
fitohormônios destacam-se os fitoestrogênios, capazes de
trazer benefícios para a qualidade de vida da mulher no
climatério. São compostos fenólicos heterocíclicos, e estão
presentes em plantas com propriedades e estrutura
semelhantes aos estrógenos sintéticos.

• Entre essas destacam-se as isoflavonas encontradas na


soja (Glycine max), que aparecem em forma de glicosídeos
(daidzeína, genistína e glicisteína) em alimentos. As
isoflavonas da soja são as que apresentam maior atividade
estrogênica, devido a sua semelhança na estrutura
química, e por se comportarem de forma parecida com os
estrógenos se ligando aos receptores β, causando um
equilíbrio nos níveis de hormônios, sem que o mesmo
cause efeitos adversos, promovendo um benefício para a
mulher com sintomas climatéricos.
• Chá das folhas de amoreira (Morus nigra L), por exemplo,
é utilizado para aliviar sintomas do climatério, o que pode
 Vias de administração: estar relacionado à presença de constituintes
− Oral: apresenta como vantagens o menor custo, a maior flavonoídicos, especialmente as isoflavonas.
facilidade de administração, bem como a possibilidade de Acredita-se que as folhas possuem substâncias com
ajuste de dose e interrupção sempre que for necessário. atividade semelhante ao estrógeno produzido pelos
Os estrogênios, quando administrados por via oral, são ovários, compostos estes chamados de fitoestrógenos.
metabolizados no fígado e excretados pela urina e bile.
Na passagem pelo fígado, inibe a lipase hepática, SÍNDROME DA TENSÃO PRÉ MENSTRUAL
estimulando a síntese do HDL-colesterol; portanto, a via
• Severa em 2,5 a 5% das mulheres;
oral proporciona incremento do HDL-colesterol,
• Branda em 33% das mulheres.
melhorando, assim, o perfil lipídico.
− Parenteral: tem como vantagem uma boa aceitação pelas Descrita em 1931, pela primeira vez como um estado de
mulheres, principalmente por aquelas portadoras de tensão insuportável.
distúrbios digestivos; além do mais, provocam um menor
impacto sobre o metabolismo glicídico, além de Sintomas mais comuns: ocorrem nas duas semanas que
apresentar uma absorção hormonal uniforme. Entre elas antecedem a menstruação.
citam-se: a transdérmica (na apresentação de adesivos ou
− Inchaço;
gel); implantes subcutâneos.
− Retenção de líquidos com aumento de peso;
 Esquemas: − Mamas doloridas e inchadas;
− Mulheres com útero: esquema combinado cíclico, ou − Dores de cabeça;
seja, a prescrição de estrogênios durante 21 a 25 dias − Cólicas;
associados a progestógenos (10 a 12 últimos dias dos − Dores nas costas;
estrogênios), este esquema está indicado na pré- − Irritabilidade.
menopausa. Na pós-menopausa pode-se utilizar o
esquema combinado contínuo, principalmente naquelas • O estresse gera o aumento de cortisol, que compete com
mulheres que não desejam menstruar. a progesterona por receptores; O cortisol impede que a
− Mulheres histerectomizadas: indica-se o esquema com progesterona chegue em seus receptores;
estrogênios isoladamente. • Este efeito se deve, provavelmente, por ação do hormônio
liberador de corticotrofina (CRH) que inibe a libertação de
Os androgênios são utilizados isoladamente ou em associação GnRH.
com os esquemas anteriores; estando indicados principalmente
nos casos de osteoporose, depressão, alteração de sexualidade
e sintomatologia resistente aos medicamentos convencionais.
SAÚDE DA MULHER – Lidiely Mello
− O estrogênio promove o aumento da vascularização e
MODIFICAÇÕES FISIOLÓGICAS DURANTE A
hidratação dos tecidos conectivos dos ligamentos
GESTAÇÃO
articulares;
 Reações orgânicas à presença do concepto e seus tecidos − A progesterona e a relaxina diminuem o tônus da
(aloenxerto), sobrecarga hormonal experimentada pela musculatura que estabiliza as articulações;
gestante ou ação mecânica do útero gravídico, resultam
em condições para um desenvolvimento fetal adequado, • METABOLISMO
em equilíbrio com o organismo materno; • Glicídico:
• MODIFICAÇÕES CUTÂNEAS  O concepto consome glicose por difusão
• Estrias gravídicas facilitada, em uma demanda permanente;
− Estiramento das fibras colágenas;  Diminui a glicemia materna (noite de jejum): 15
− Menor hidratação; a 20 mg/Dl;
− Estrias no abdome, mamas, nádegas, coxas... − No início da gravidez o estrógeno e a progesterona
− Na gestação as estrias são avermelhadas; após o parto aumentam a secreção endógena de insulina e melhoram
brancacentas. a utilização periférica da glicose;
• Alterações vasculares cutâneas − Após a segunda metade da gestação ocorre o aumento
− O aumento do estrógeno promove uma vasodilatação do hormônio lactogênico placentário humano; o
▪ Eritema palmas; crescimento placentário; adiponectina; TNF-; IL-6;
− Vermelhião difusa leotina; estimulam à lipólise, aumentando ácidos graxos
▪ Telangiectosias. livres, além disso, poupam a glicose por conta da
• Alterações pigmentares resistência periférica.
− O aumento de estrógeno e progesterona promove uma Dessa forma, ocorre a diminuição da resposta insulínica
hipertrofia do lobo intermediário da hipófise, à glicose; diminuição da resposta ao glucagon; e
responsável pelo metabolismo da pró- diminuição do consumo periférico de glicose. → Levando
opiomelanocorticotrofina em β-endorfina e - a um quadro de hiperinsulinismo 2º compensatório
melanotropina.
− A hipertrofia desse local resulta na liberação da - • Lipídico:
melanotropina (MSH), que exerce ação estimulante − Aminoácidos e glicose -> nutrientes mais abundantes que
sobre os melanócitos; promovendo o aparecimento da atravessam a placenta. (aminoácidos tem baixa
linha nigrans – linha média do abdome, o cloasma ou concentração na gravidez).
melasma gravídico. → Porém a placenta é praticamente impermeável
 Melasma (cloasma): máscara gravídica – aos lipídios;
manchas acastanhadas que recobrem a testa e − Acúmulo de lipídios nos tecidos;
as proeminências malares. − Hiperlipidemia gestacional;
− A elevação da prolactina promove o escurecimento da ▪ Aumento de peso: crescimento fetoplacentário e
aréola, axila e genitais. acúmulo de lipídios nos depósitos de gordura;
• Hipersensibilidade das glândulas sebáceas − Maior ganho de peso: 2/3 primeiros da gestação ->
− Aumento de progesterona, gera uma pele mais oleosa, hiperfogia;
possível queda capilar e acnes. − A tendência de acumular gorduras cessa durante o último
• MODIFICAÇÕES OSTEOARTICULARES trimestre da gravidez:
• Postura: O peso adicional da gravidez (útero, feto e ▪ Metabolismo catabólico, pois o aumento da atividade
anexos) desestabiliza o equilíbrio materno, lipogênica diminui; a atividade lipolítica torna-se
deslocando seu centro de gravidade para frente; exaltada;
aumento da base de sustentação -> Marcha anserina.  METABOLISMO ELETROLÍTICO
− Cifose fisiológica -> lombalgia mecânica; • Sódio
• Sistema articular − Retenção em função do aumento de líquido amniótico,
− A embebidação gravídica (processo adaptativo do expansão do líquido extracelular e crescimento fetal;
aumento da mobilidade da pelve para “parir”) promove o − A retenção de líquidos é responsável pelo aumento de
relaxamento dos ligamentos do sistema articular; volume plasmático -> Aumento do DC e aumento do fluxo
− Frouxidão dos ligamentos – relaxina secretada pela plasmático renal.
placenta, favorece a abertura da sínfise púbica em até 12 − Retenção de sódio -> aumenta a secreção de aldosterona
mm, com alargamento de 4 a 45 mm. pela suprarrenal, por conta do efeito natriurético da
− Aumento da capacidade pélvica; progesterona. → para conservar o sódio, quando a taxa
SAÚDE DA MULHER – Lidiely Mello
de filtração glomerular aumenta em torno de 50%, surge • SISTEMA RESPIRATÓRIO
um mecanismo compensatório pelo sistema renina − O aumento sanguíneo e a vasodilatação promovem uma
angiotensina. hiperemia e edema das VAS.
• Ferro − Mudança na caixa torácica (4 a 7 cm) e no diafragma;
− Necessidade maior durante a gravidez por conta do − Relaxamento nos ligamentos da costela, ângulo subcostal;
aumento da massa eritrocitária; menor complacência torácica -> maior esforço.
− Necessidade de 30 – 60 mg/dia de Sulfato ferroso − No 1º trimestre o volume corrente aumenta; a FR não se
principalmente no 2º e 3º trimestre e durante a lactação; altera; a progesterona promove estímulo no centro
• Iodo respiratório no SNC; pela elevação do diafragma o volume
− Diminuído durante o período gestacional; necessária a residual diminui e o volume de reserva expiratório
suplementação. também, diminuindo assim a capacidade residual
• SISTEMA CARDIOVASCULAR funcional em 20%.
− Aumento do DC, volume sanguíneo (volume plasmático),  Hiperventilação na gravidez:
diminuição da resistência vascular periférica e PA; − O equilíbrio ácido-base facilita a troca gasosa no pulmão;
− As alterações hemodinâmicas já estão aparentes no início − A PO2 eleva-se no sangue materno;
da gravidez; − A PCO2 diminui, facilitando o transporte placentário do
 Início da gravidez: CO2 fetal para a circulação materna.
− Vasodilatação periférica (aumento de NO) – fator → Mecanismo de dispneia fisiológica devido aos
vasoativo, relaxante, elaborado pelo endotélio vascular. efeitos da progesterona no centro respiratório
− Aumento significativo da FC e DC; no SNC e do aumento de consumo de O2 ->
− A elevação progressiva na FC prossegue até a 28ª a 32ª alcalose respiratória compensada
semana, com acréscimo de 10 a 15 bpm;
− O DC aumenta de 5 l/mim para 7 l/min (28ª-32ª semana) • SISTEMA DIGESTIVO
 A partir da 20ª semana: − 1º e 2º trimestre: menos secreção gástrica;
− O útero gravídico impede o retorno venoso para o coração − O SGI tem uma atonia (relaxamento);
quando a gestante fica na posição supina -> se ela ficar em − Esvaziamento gástrico e trânsito intestinal mais lento
decúbito lateral esquerdo, o DC é restaurado, pois irá − Comprometimento da contração da vesícula biliar ->
descomprimir a veia cava; estase; que junto ao aumento do colesterol, propicia o
− Diminuição da PA; aparecimento de cálculos biliares.
− A partir do 3º trimestre a pressão venosa dos membros
inferiores aumenta 3 vezes, pela compressão do útero nas • MODIFICAÇÕES ENDÓCRINAS
veias pélvicas. • Prolactina
− A adenohipófise aumenta sua produção 2/3 vezes mais;
• Sistema Sanguíneo ▪ Hiperplasia das células produtoras de prolactina;
− Aumento cerca de 50% do volume plasmático, a partir da ▪ 10 vezes mais que o volume normal.
6ª semana; − Os hormônios tireoidianos tem sua função alterada por
− O aumento do volume acarreta em hipovolemia, com conta de:
diminuição da viscosidade sanguínea, levando a um ▪ Aumento dos níveis de globulina carreadora de
quadro de hemodiluição. hormônios tireoidianos;
− A hipervolemia é uma resposta compensatória às ▪ Estímulo da glândula pelo HCG → compensatório da
demandas do útero hipertrofiado, com necessidade de produção de T3 e T4, visando manter a concentração
equilíbrio pelo menor retorno venoso, devido a adequada de hormônios livres.
compressão da veia cava inferior;
− Os eritrócitos aumentam 15% em torno de 32 semanas, PRÉ – NATAL
mas esse aumento é ofuscado pelo aumento de 50% do
 Mínimo de 6 consultas:
volume plasmático, logo, os índices que dependes do
▪ 1: 1º trimestre
volume plasmático caem -> hemácias, hematócrito e
▪ 2: 2º trimestre
concentração total de hemoglobina; o acarreta em uma
▪ 3: 3º trimestre
anemia fisiológica da gestação.
 Manual do MS:
− Ocorre um aumento no número de leucócitos e uma
▪ Até 28ª semana: mensal
queda no número de plaquetas;
▪ 28ª – 36ª semana: quinzenal
− Hipercoagubilidade – aumento de fibrinogênio.
▪ 36ª – 41ª semana: semanal
SAÚDE DA MULHER – Lidiely Mello

• Exames:
 Hemograma: 1ª consulta e 3º trimestre.
 Tipagem sanguínea e fator Rh
▪ Se o fator Rh der negativo, realizar o Coombs
indireto -> quando coombs positivo, administrar
soro anti Rh;
 Glicemia de jejum: 1ª consulta e 3º trimestre;
 Urocultura e urina tipo I: 1ª consulta e 3º trimestre;
 Teste rápido para sífilis e/ou VDRL: 1ª consulta e 3º
trimestre.
▪ VDRL – não treponêmico (não específico);
▪ Ftbas – treponêmico (específico).
 HIV teste rápido: 1ª consulta;
 Sorologia para toxoplasmose: IgM e IgG; repetir em
alguns meses;
• Consulta:
 DUM: Regularidade no ciclo, anticoncepcionais, paridade,
intercorrências clínicas, obstétricas e cirúrgicas, detalhes
de gestações prévias, medicações, IST’s, uso de drogas [...]
 Cálculo da DPP:

 Ganho de peso
• < 18,5 kg/m² - baixo peso -> 12,5 – 18
• 18,8 – 24,9 – adequado -> 11,5 – 16
• 25 – 29,9 – sobrepeso -> 7 – 11
• > 30 – obesidade -> 5 – 9
Scanned with CamScanner
SAÚDE DA MULHER – Lidiely Mello
GRAVIDEZ DE ALTO RISCO 3. Condições clínicas preexistentes:
Gestação de Alto Risco é “aquela na qual a vida ou a saúde da • Hipertensão arterial;
mãe e/ou do feto e/ou do recém-nascido têm maiores chances • Cardiopatias;
de serem atingidas que as da média da população • Pneumopatias;
considerada”. • Nefropatias;
• Endocrinopatias (principalmente diabetes e
Uma gestação que está transcorrendo bem pode se tornar de tireoidopatias);
risco a qualquer momento, durante a evolução da gestação ou • Hemopatias;
durante o trabalho de parto. Portanto, há necessidade de • Epilepsia;
reclassificar o risco a cada consulta pré-natal e durante o • Doenças infecciosas (considerar a situação
trabalho de parto. A intervenção precisa e precoce evita os epidemiológica local);
retardos assistenciais capazes de gerar morbidade grave,
• Doenças autoimunes;
morte materna ou perinatal.
• Ginecopatias;
Os marcadores e fatores de risco gestacionais se dividem em: • Neoplasias.

1. Características individuais e condições  Os outros grupos de fatores de risco referem-se a


sociodemográficas desfavoráveis: condições ou complicações que podem surgir no
• Idade maior que 35 anos; decorrer da gestação transformando-a em uma
• Idade menor que 15 anos ou menarca há menos de 2 gestação de alto risco:
anos;
• Altura menor que 1,45m; 1. Exposição indevida ou acidental a fatores
• Peso pré-gestacional menor que 45kg e maior que 75kg teratogênicos.
(IMC30); 2. Doença obstétrica na gravidez atual:
• Anormalidades estruturais nos órgãos reprodutivos; • Desvio quanto ao crescimento uterino, número de
• Situação conjugal insegura; fetos e volume de líquido amniótico;
• Conflitos familiares; • Trabalho de parto prematuro e gravidez prolongada;
• Baixa escolaridade; • Ganho ponderal inadequado;
• Condições ambientais desfavoráveis; • Pré-eclâmpsia e eclâmpsia;
• Dependência de drogas lícitas ou ilícitas; • Diabetes gestacional;
• Hábitos de vida – fumo e álcool; • Amniorrexe prematura;
• Exposição a riscos ocupacionais: esforço físico, carga • Hemorragias da gestação;
horária, rotatividade de horário, exposição a agentes • Insuficiência istmo-cervical;
físicos, químicos e biológicos nocivos, estresse. • Aloimunização;
• Óbito fetal.
3. Intercorrências clínicas:
2. História reprodutiva anterior: • Doenças infectocontagiosas vividas durante a
• Abortamento habitual; presente gestação (ITU, doenças do trato respiratório,
• Morte perinatal explicada e inexplicada; rubéola, toxoplasmose etc.);
• História de recém-nascido com crescimento restrito • Doenças clínicas diagnosticadas pela primeira vez
ou malformado; nessa gestação (cardiopatias, endocrinopatias).
• Parto pré-termo anterior;
• Esterilidade/infertilidade;
• Intervalo interpartal menor que dois anos ou maior
que cinco anos;
• Nuliparidade e grande multiparidade;
• Síndrome hemorrágica ou hipertensiva;
• Diabetes gestacional;
• Cirurgia uterina anterior (incluindo duas ou mais
cesáreas anteriores).
SAÚDE DA MULHER – Lidiely Mello
SÍNDROMES HIPERTENSIVAS NA GESTAÇÃO FISIOPATOLOGIA:

A Síndrome Hipertensiva Gestacional (SHEG) é uma doença • Implantação anormal da placenta no leito uterino, devido
multissistêmica, que acontece ao final do período gestacional à ausência da segunda onda de invasão trofoblástica, que
e se apresenta em várias formas clínicas, estando em ocorre no 2º trimestre (16ª – 20ª semana).
evidência a hipertensão gestacional, a pré-eclâmpsia (PE), a • Liberação placentária de fatores que interferem na ação
eclâmpsia e a síndrome de HELLP. do fator de crescimento endotelial (VEGF) e do fator de
crescimento placentário (PIGF);
• Essa síndrome determina-se por hipertensão arterial, − 1ª onda: destruição da capa musculoesquelética das
seguida de proteinúria e/ou edema, sendo estes artérias espiraladas no seu segmento tecidual;
chamados tríade da SHEG. → Seu diagnóstico é realizado − 2ª onda: consome o segmento miometral;
por volta da 24ª semana gestacional (decorrente de
alterações ocorridas na invasão trofoblástica. Essas ondas acabam convertendo as artérias em vasos de
baixa resistência. Em gestantes com pré-eclâmpsia, a segunda
É categorizada em duas formas básicas: onda não ocorre, dessa forma, a resistência arterial não cai e
os vasos permanecem estreitos, desenvolvendo isquemia
 A PE, forma não convulsiva, marcada pelo início da
placentária. Sendo assim, a hipoperfusão placentária fica mais
hipertensão aguda após a 20ª semana de gestação;
pronunciada com a progressão da gestação, uma vez que a
 E a eclâmpsia, que é uma emergência hipertensiva
vascularização uterina anormal é incapaz de acomodar o
caracterizada pelos episódios convulsivos consequentes
crescimento do fluxo sanguíneo para o feto e para a placenta,
aos efeitos cerebrais intensos da PE.
levando à injúria do endotélio vascular (radicais livres e
SHEG apresenta-se, em primeiro lugar, dentre as afecções toxinas).
provenientes do período gestacional e puerperal, além de ser
− A isquemia placentária e a hipóxia determinam lesão do
a primeira causa de morte materna do país, especialmente,
endotélio vascular, agregação plaquetária (alta de
quando se tratam das suas formas mais graves, como a
tromboxano) bem como obstrução do fluxo sanguíneo
eclâmpsia e a síndrome HELLP.
placentário.
O diagnóstico de hipertensão arterial na gravidez é feito − A hipóxia placentária também aumenta a produção de
quando os níveis pressóricos são iguais ou superiores a peróxidos lipídicos que prejudicam a síntese de
140/90 mmHg. prostaciclina, potente vasodilatador.
• O aumento de tromboxano e a diminuição de
A Síndrome Hipertensiva da Gestação pode ser classificada prostaciclina, sensibiliza os vasos à ação da angiotensina
então em quatro formas distintas: II e noradrenalina, promovendo espasmos arteriolar
placentário e sistêmico – evento básico dos distúrbios
1) pré-eclâmpsia/eclâmpsia (doença hipertensiva específica
hipertensivos na gestação.
da gravidez) quando a hipertensão arterial surge após 20
− A lesão endotelial além de aumentar a reatividade
semanas de gestação e associada à proteinúria (≥ 0,3g de
vascular e causar o desenvolvimento da hipertensão
proteína em urina de 24 horas ou ≥ 2 cruzes em uma amostra
arterial, também favorece a deposição de fibrina nos
urinária);
leitos vasculares, deflagrando eventos de coagulação
2) hipertensão crônica de qualquer etiologia quando intravascular disseminada.
identificada antes da gestação ou antes de 20 semanas de − Ocorre a permeabilidade vascular aumentada
gestação – PA ≥ 140 x 90 mmHg secundariamente à lesão endotelial, promovendo o
edema periférico aumentado (aumento da pressão
3) pré-eclâmpsia sobreposta à hipertensão crônica a hidrostática).
paciente previamente hipertensa desenvolveu proteinúria
após 20 semanas de gestação – PA ≥ 160 x 100 mmHg • TEORIA DO ESTRESSE OXIDATIVO:
− A hipoxemia placentária é responsável pela
4) hipertensão gestacional quando a manifestação ocorreu geração de radicais livres derivados de O2,
após a 20ª semana de gestação. ganhando acesso à circulação e levando a danos
endoteliais.
PRÉ-ECLÂMPSIA − A mobilização de ácidos graxos das reservas
adiposas parece diminuir a eficácia da albumina
Suas manifestações clínicas podem ser definidas pelo
plasmática como protetora dos tecidos contra
desenvolvimento gradual de hipertensão, proteinúria e
agressões pelos radicais livres.
edema generalizado.
SAÚDE DA MULHER – Lidiely Mello
 Visão turva, dupla, escotomas;
• TEORIA DA SUSCETIBILIDADE GENÉTICA
 Epigastralgias;
− Mutação de Leiden, que torna o fator V mais
 Dor abdominal lateralizada à direita.
resistente à inativação pela proteína C;
− Gene AGI e EPHX (regula produção de epóxido
hidrolase, enzima microssomal hepática
SÍNDROME DE HELLP
envolvida no metabolismo de toxinas);
− Menor produção de NO endotelial, por defeito Hemólise
do íntron β do óxido nítrico sintetase.
ELevação das enzimas hepáticas

LP (low platelets) baixa contagem de plaquetas.


A síndrome HELLP pode se manifestar de diversas formas,
sobretudo no 3º trimestre da gestação, entretanto, pode
ocorrer raramente no 2º trimestre.

As apresentações clínicas mais frequentes:


• medidas da pressão arterial acima de 140 x 90 mmHg
(em 82 a 88% dos casos);
• Proteinúria (em 86 a 100% das vezes);
• Epigastralgia ou dor no quadrante superior direito (QSD)
do abdômen;
• Cefaleia frontal (é a segunda queixa mais frequente, em
48%);
• Náuseas e vômitos (em 34%);
• Escotomas visuais (em 5 a 10%).

As alterações laboratoriais que acompanham a síndrome


HELLP são: aspatato transaminase (AST) superior a 70 U/L,
desidrogenase lática (LDH) acima de 600 U/L e plaquetas
abaixo de 100.000 µ/L. O encontro de esquizócitos à
hematoscopia é um indicador de início da síndrome.

Na gestação normal há invasão completa do citotrofoblasto e


remodelamento das artérias espiraladas maternas. Na pré-eclâmpsia,
a invasão do citotrofoblasto é superficial e limitada a regiões mais
externas da decídua basal. Dessa forma, as artérias espiraladas não
sofrem remodelamento devido à invasão.

PRÉ-ECLÂMPSIA LEVE
 PA sistólica > 140 mmHg;
 PA diastólica > 90 mmHg;
 Edema;
 Proteinúria > 0,3 g/ 24h;
 Albuminúria;

PRÉ-ECLÂMPLSIA GRAVE
 PA sistólica > 160 mmHg;
 PA diastólica > 110 mmHg;
 Proteinúria > 5 g/ 24h;
 Cefaleia occiptal;
SAÚDE DA MULHER – Lidiely Mello
IMINÊNCIA DE ECLÂMPSIA PRÉ-NATAL DE ALTO RISCO
Corresponde ao quadro de pré-eclâmpsia grave,
caracterizado clinicamente por sinais de:

• Encefalopatia hipertensiva;
• Dor epigástrica e no hipocôndrio direito;
• Cefaleia;
• Alterações visuais;

ECLÂMPSIA

A eclâmpsia é definida como um episódio primário de


convulsão, durante a gestação ou no pós-parto, não
relacionada com outras condições patológicas referidas ao
sistema nervoso central, presente em gestantes com pré-
eclâmpsia.

As crises convulsivas na eclâmpsia costumam ser


generalizadas e têm duração de cerca de 1 minuto, são
acompanhadas comumente por cefaleia, alterações visuais,
epigastralgia e dor no quadrante superior direito; pode evoluir
para coma.

• CAUSAS:
− Vasoespasmo cerebral com isquemia local – diminuição
de calibre difuso ou local das grandes artérias cerebrais.
− Encefalopatia hipertensiva;
− Edema vasogênico – quebra da barreira
hematoencefálica (fluído escapa para o parênquima).
− Dano endotelial.

ECLÂMPSIA TARDIA
Manifestação que se dá entre 48 horas e quatro semanas de
pós-parto. A eclâmpsia tardia pode acometer tanto pacientes
previamente normotensas como as que apresentem história
de pré-eclâmpsia durante a gravidez.
É importante alertar que uma gestação que está
Proteinúria e hipertensão arterial sistêmica podem estar
transcorrendo bem pode se tornar de risco a qualquer
presentes ou ausentes, além de existirem sinais e sintomas
momento, durante a evolução da gestação ou durante o
considerados prodrômicos que podem auxiliar no diagnóstico
trabalho de parto. Portanto, há necessidade de reclassicar o
de eclâmpsia tardia, como: cefaleia intensa, distúrbios visuais,
risco a cada consulta pré-natal e durante o trabalho de parto.
epigastralgia intensa, apreensão e hiperreflexia, porém nem
A intervenção precisa e precoce evita os retardos assistenciais
sempre todos esses sintomas se encontram presentes.
capazes de gerar morbidade grave, morte materna ou
perinatal.

Todos os profissionais que prestam assistência a gestantes


devem estar atentos à existência dos fatores de riscos e devem
ser capazes de avaliá-los dinamicamente, de maneira a
determinar o momento em que a gestante necessitará de
assistência especializada ou de interconsultas com outros
profissionais.
SAÚDE DA MULHER – Lidiely Mello
Uma vez encaminhada para acompanhamento em um • Documentos de apoio: documento técnico da linha de
serviço especializado em pré-natal de alto risco é importante cuidado, protocolos clínicos, protocolos de serviços de
que a gestante seja orientada a não perder o vínculo com a saúde, manuais técnicos;
equipe de atenção básica ou Saúde da Família que iniciou o • Agenda compartilhada com os profissionais envolvidos;
acompanhamento. Por sua vez esta equipe deve ser mantida
informada a respeito da evolução da gravidez e tratamentos
administrados à gestante por meio de contra referência e de MANEJO CLÍNICO PARA AS DHEG
busca ativa das gestantes em seu território de atuação, por
meio da visita domiciliar. • Inibidores de ECA são contraindicados, pois o risco de
anormalidades urinárias fetais é maior.
A estruturação da rede implica na disponibilidade de serviços • BRAs são contraindicados porque aumentam o risco de
de pré-natal para o baixo e alto risco, planejamento familiar, disfunção renal fetal, hipoplasia pulmonar, malformações
serviços especializados para atendimento das emergências ósseas e morte.
obstétricas e partos incluindo os de alto risco, leitos de UTI • Antagonistas de aldosterona (espironolactona e
neonatal e para adultos, leitos de berçário para cuidados eplerenona) devem ser evitados, pois podem causar
intermediários, assim como, eventualmente, a constituição de feminização do feto masculino.
casas de apoio a gestantes de risco com diculdades de acesso
geográ- co ou a puérperas que sejam mães de bebês que
necessitam permanecer internados. Também implica na
humanização do atendimento por meio da sensibilização e da
atualização prossional das equipes do sistema como um todo.

• Consultas médicas e/ou de enfermagem eventuais;


• Revisão da ficha de acompanhamento pré-natal e do
cartão da gestante, avaliação da situação vacinal,
avaliação clínica e obstétrica, avaliação dos resultados de
exames com os devidos encaminhamentos e solicitação
de outros se necessário. Atenção especial para as
condições e agravo(s) específico(s) com análise das
repercussões mútuas entre as condições clínicas da
gestante e a gravidez;
• Prescrição de sulfato ferroso a partir da 20º semana até a
6ª semana pós-parto; reforçar o uso do ácido fólico
durante a gravidez; prescrição de outros medicamentos
quando indicados.
• Atendimento prioritário, toda vez que a gestante
apresentar algum sintoma e/ou sinal de alerta;
• Atendimento prioritário, caso seja identificada alguma
anormalidade nos resultados dos exames disponibilizados
à unidade, independente do cronograma de consultas
estabelecido;
• Estabelecimento do contato com a gestante/familiar para
reagendamento da consulta; Estabelecimento de contato
com a unidade de atenção primária de origem, caso não
consiga comunicação com a gestante e/ou familiar, de
forma a garantir a continuidade do cuidado pré-natal;
• Exames complementares segundo protocolo, ou de
acordo com o caso.
• Instrumentos de acompanhamento clínico: prontuário,
ficha de acompanhamento do pré-natal, cartão da
gestante, cartão de vacinação, cartilha de orientação à
gestante, relatórios de encaminhamento;
• Materiais de informação, educação e comunicação;
SAÚDE DA MULHER – Lidiely Mello
DIAGNÓSTICO EXAMES FÁRMACOS TRATAMENTO
HIPERTENSÃO PA sistólica de 140-159 A aferição da PA é o suficiente. Mulheres que tomavam Atividade física reduzida
LEVE A mmHg e PA diastólica de metildopa, um parece diminuir a PA.
MODERADA 90-109 mmHg. betabloqueador, um Porém, se essa medida
bloqueador dos canais de conservadora não diminuir a
(Crônica ou
cálcio ou uma combinação PA, terapia medicamentosa.
gestacional)
antes da gestação devem
continuar a tomar esses
medicamentos. No entanto, os
inibidores da ECA e BRAs
devem ser suspensos assim
que a gestação é confirmada.
HIPERTENSÃO PA sistólica ≥ 160 mm Hg A PA é verificada habitualmente em • Metildopa Para PA sistólica > 185 mm
GRAVE ou PA diastólica ≥ 110 mm todas as visitas pré-natais. Se a • Betabloqueadores Hg ou PA diastólica > 110
(Crônica ou Hg. hipertensão grave ocorrer pela • Bloqueadores do canal mm Hg, avaliação imediata é
primeira vez em gestantes que não de cálcio necessária. Múltiplas drogas
gestacional)
têm gestação múltipla ou doença são geralmente necessárias.
trofoblástica gestacional, exames de Além disso, hospitalização
ultrassom para excluir outras causas pode ser necessária durante
da hipertensão, devem ser boa parte final da gestação.
considerados. Se a condição clínica da
mulher piorar, pode-se
recomendar a interrupção
da gestação.
PRÉ- • PA ≥ 140/90 mmHg, Com o hemograma avalia-se a • Metoprolol. Tratamento farmacológico.
ECLÂMPSIA após 20 semanas de relação de dois biomarcadores: o • Sulfato de magnésio
gestação, em fator de crescimento placentário (MgSO4)
pacientes (PlGF) e a tirosina quinase-1. • Anti-hipertensivos
previamente
normotensas; - Ecografia - rastrear crescimento
• Proteinúria ≥ 0,3 g/24 fetal restrito;
horas ou uma cruz na - Cardiotocografia;
leitura com fita; - Volume do líquido amniótico;
• Edema geralmente - Dopplervelocimetria.
nos membros
inferiores, face, mãos,
anasarca.
ECLÂMPSIA • Agravamento da pré- Como é um agravamento da pré- • Sulfato de magnésio O tratamento definitivo é a
eclâmpsia; eclâmpsia, os exames são os (MgSO4) interrupção da gestação,
• Ocorrência de mesmos. • Hidralazina – para crise entretanto, algumas vezes, é
convulsão. hipertensiva. possível aguardar o
amadurecimento fetal para
a realização do parto. A
conduta clínica na eclâmpsia
é representada pelo
tratamento das convulsões
e da hipertensão arterial
sistêmica.
A manutenção da
medicação
anticonvulsivante deve ser
feita por 24 horas após o
parto, podendo ser
substituída por Fenitoína; ou
Benzodiazepínicos como
Diazepam: se as convulsões
persistirem.
HELLP Complicação da pré- - Tomografia computadorizada; • Opioides A corticoterapia está
eclâmpsia; - Avaliação laboratorial básica inclui • Sulfato de Magnésio IV: indicada nas gestações com
PA ≥ 140 x 90 mmHg; hemograma completo com (6g + 2-3g/h) menos de 34 semanas.
Proteinúria; contagem de plaquetas e esfregaço • Anti-hipertensivos se PA Transfusão de plaquetas
Dor epigástrica e no QSD; sanguíneo, tempo de coagulação e for ≥ 160 x 105 mmHg. quando há sangramentos
Cefaleia frontal; dosagem sérica; significativos ou quando os
níveis plaquetários estão
abaixo de 20.000/mm.
Scanned with CamScanner
Scanned with CamScanner
SAÚDE DA MULHER – Lidiely Mello
PARTO EUTÓCITO E DISTÓCICO

Parto Eutócico

O parto eutócico é um parto normal, no qual não se verificam


alterações e que se inicia e conclui de forma espontânea, sem
necessidade de intervenção médica. Neste tipo de parto, o
feto encontra-se em posição fetal cefálica e flexionada e a sua
saída é vaginal.

Parto Distócico

O parto distócico requer intervenção médica; a identificação


de distocias é feita pela observação da dilatação cervical e
descida da apresentação. A contratilidade uterina torna-se
ineficiente para dilatar o colo e atuar no progresso do parto,
ou então a atividade uterina pode ser exagerada, capaz de • Distocias dinâmicas (funcional): É um conjunto de
provocar parto rápido e precipitado. anomalias na atividade contrátil do útero que interferem
no parto. Podem provocar transtornos na frequência ou
As causas que provocam um parto distócico podem ser na intensidade das contrações. Dividem-se em
variadas. Distocia é qualquer dificuldade de origem fetal ou hiperdinâmicas (contrações fortes ou muito frequentes),
materna no progresso normal do parto. Num parto normal ou hipodinâmicas (contrações fracas ou pouco frequentes) e
eutócico ocorrem uma sequência de vários fenômenos: descoordenações uterinas (contrações não ritmadas):
contrações uterinas rítmicas e coordenadas, modificação e
dilatação do colo do útero e descida do bebé através do canal ▪ Hipoatividade: contrações apresentam frequência e/ou
de parto. Por outro lado, num parto distócico, pode existir intensidade menores que as adequadas para o momento
um atraso, um bloqueio ou uma limitação destas sequências, do parto observado, sendo assim o trabalho progride
o que faz com que o parto se prolongue excessivamente e lentamente ou se interrompe. O tratamento é infusão de
que seja necessária uma intervenção médica para evitar ocitocina em doses fisiológicas;
riscos na saúde da mãe e do bebê. Alterações em um dos três ▪ Hiperatividade: contrações apresentam frequência e/ou
fatores fundamentais que participam do parto: intensidade maiores que as adequadas para o momento
do parto observado, é consequência do aumento da força
• Trajeto (pelve e partes moles) – caracteriza a distocia do de contração das fibras uterinas, sendo que o excesso
trajeto; dessas contrações pode levar ao sofrimento fetal agudo
• Força motriz ou contratilidade uterina – caracteriza a ou rotura uterina. O tratamento seria colocar a paciente e
distocia funcional; decúbito lateral, pois reduz a frequência das contrações.
• Objeto – caracteriza a distocia fetal; ▪ Hipotonia: o tônus uterino está diminuído (inferior a 8
mmHg) e, em geral, associado a hipoatividade;
▪ Hipertonia: o tônus uterino (maior que 10 mmHg), divido
I. Distocias maternas: em leve (entre 12 e 20), moderado (entre 20 e 30) e grave
• Distocias mecânicas (trajeto): Podem ser ósseas ou das (superior a 30).
partes moles. As distocias ósseas afetam a posição dos ▪ Inversão do tríplice gradiente descendente:
ossos da pélvis, que dificultam a saída da cabeça do bebê predominância da atividade nas partes baixas do útero.
por falta de espaço. Esta desproporção cefalo-pélvica Podendo ser total: afetando intensidade, duração e
diagnostica-se quando a mulher já tem dilatação. propagação; ou parcial: afetando um ou dos
As distocias das partes moles encontram-se dentro do componentes desses, com contrações totalmente
próprio útero ou no canal de parto. ineficazes para dilatar o colo (tendem a fechá-lo).
▪ Incoordenação uterina: partes diferentes do útero
contraem de forma independente e assincrônica,
impedindo que o útero alcance o máximo de contrações
simultaneamente.
SAÚDE DA MULHER – Lidiely Mello
II. Distocias do estado fetal (objeto):

• Tamanho fetal: > 400 g ou quando, mesmo não tendo um • Anormalidades de situação e apresentação
peso aumentado, a bacia materna não apresenta
diâmetros que permitam a sua passagem, ao que se
denomina desproporção cefalo-pélvica.
Deve-se tentar identificar uma distócia pelo tamanho fetal
preferencialmente antes do trabalho de parto efetivamente, o
que pode ser evidenciado de diversas maneiras:

• Altura uterina acima do percentil 95 para idade


gestacional;

• Presença de edema suprapúbico e membros inferiores


sem insinuação do pólo cefálico no estreito superior
da bacia;

• Estimativa do peso fetal por meio de ultrassonografia


obstétrica;

• Prova de trabalho de parto – caracteriza-se a parada


secundária de dilatação pelo partograma.

• Distocia de biacromial: Trata-se de complicação grave


que pode ocorrer no trabalho de parto, quando a
apresentação é cefálica e, após o desprendimento do pólo
cefálico, os ombros não se soltam e não há outros fatores
que impeçam seu desprendimento.
− Associa-se frequentemente a obesidade materna, ao
pós-datismo e à diabetes gestacional; MECANISMO DE PARTO
− A distocia de ombros, como também é chamada, pode
causar graves consequências à parturiente – como
lacerações, atonia uterina, rotura uterina ou disjunção Conjunto de movimentos que o feto é compelido a realizar na
da sínfise púbica – e ao feto – lesões de plexo braquial,
sua passagem no canal de parto.
fratura de clavícula ou úmero, podendo evoluir para
óbito intraparto ou neonatal;
• Passivos;
• Compulsórios;
• Independem da vida do feto (vitalidade);
• Resultantes de forças (contração uterina e abdominal);
• Interação com os planos diversamente inclinados
(acidentes topográficos da pelve);

Adaptação dos diâmetros maiores do feto aos maiores


diâmetros da pelve;

• Movimentos acessórios:
▪ Flexão: apresentação cefálica “queixo no peito”;
▪ Deflexão: apresentação cefálica defletida “nuca nas
costas”.
 Na apresentação cefálica de 2º grau o bebê não nasce
de parto normal, pois o maior o diâmetro é occipício-
fronte.
SAÚDE DA MULHER – Lidiely Mello

 Plano zero

INSINUAÇÃO

Consiste na passagem do diâmetro biparietal pelo estreito


superior da bacia. A sutura sagital é a linha de orientação e
corresponde, na maioria das vezes, ao diâmetro transverso do
estreito superior. No início do trabalho de parto, a cabeça fetal
está em moderada flexão e, para se acomodar ao estreito
superior, acentua a posição de flexão no sentido de diminuir
os diâmetros de insinuação. As contrações uterinas obrigam a
cabeça a executar um movimento de báscula, e,
progressivamente, ocorre a substituição dos diâmetros
maiores por outros menores, até atingir o diâmetro da flexão
fisiológica da cabeça: suboccipitobregmático (9,5cm).

Ocorrem, também, movimentos de inclinação lateral da


apresentação, denominados assinclitismo:

Se o bebê lateralizar a cabeça para o sacro e apresentar a placa


sagital para o púbis será anterior; se ele lateralizar a cabeça
para o púbis e apresentar a placa sagital para o sacro, o
movimento será posterior.

DESCIDA

É a continuação da insinuação em que a cabeça penetra no


estreito médio (planos 0, +1,+2,+3... DeLee).

Quando a cabeça fetal está no plano zero de De Lee, diz-se


APRESENTAÇÕES CEFÁLICAS FLETIDAS que ela está insinuada.

 Estreito superior
SAÚDE DA MULHER – Lidiely Mello
− Desprendimento do ombro anterior;
− Desprendimento do ombro posterior.

ROTAÇÃO INTERNA

Tem, como finalidade, colocar a linha de orientação no


diâmetro anteroposterior do estreito inferior da bacia
materna. O ponto de referência da posição, a fontanela
lambdoide, localiza-se abaixo do púbis.

A rotação interna levará a sutura sagital a se orientar no


sentido anteroposterior da saída do canal (OP ou OS) – vai de
encontro ao plano inclinado formado pelo músculo elevador
do ânus (forma uma goteira mediana) Ocorre a penetração das
espáduas através do estreito superior da bacia.

DESPRENDIMENTO CEFÁLICO

Ao término da rotação interna, a cabeça fetal desprende-se do


estreito inferior, com o auxílio da retropulsão do cóccix, que
aumenta o diâmetro de 9 para 11cm.

• Com a cabeça fletida, toma-se ponto de apoio


(hipomóclio) a sínfise púbica, deslizando ao redor dela em
forma de arco; esse desprendimento cefálico se faz por
movimento de deflexão.

O desprendimento da cabeça pode ser explicado pelo fato de,


ao chegar à vulva, ser solicitado por 2 forças que atuam em
sentido convergente: a contração uterina, propulsora no PERÍODOS CLÍNICOS DO TRABALHO DE PARTO
sentido da menor resistência (fenda vulvar), e a contrapressão
• PERÍODO PREMUTÓRIO
do períneo.
 Caracteriza-se por adaptações fisiológicas, com duração
ROTAÇÃO EXTERNA extremamente variável, que antecedem o trabalho de
Também denominada movimento de restituição, por voltar o parto;
occipício à orientação observada antes da rotação interna.  Dores que podem se iniciar semanas antes do parto; por
ação da ocitocina no músculo. A qual leva a um aumento
DESPRENDIMENTO gradual da atividade uterina – contrações com ritmo
irregular e incoordenadas;
Nesse momento estando as espáduas no maior diâmetro do
 Amadurecimento do colo uterino – amolecimento,
estreito inferior (ântero-posterior), o ombro anterior vai se
alteração da sua orientação no eixo vaginal e princípio do
colocar sob a arcada púbica impelindo para trás o coccige
seu encurtamento (apagamento);
materno.
SAÚDE DA MULHER – Lidiely Mello
 Acomodação do pólo fetal ao estreito superior da pelve;
Efeitos das contrações sobre o organismo materno:
 Aumento das secreções cervicais – perda do tampão
mucoso – eliminação de muco, por vezes acompanhado • Elevação da PA, principalmente sistólica;
de sangue; • Elevação da FC por aumento do retorno venoso
 Descida do fundo uterino, caracterizado por seu à custa do esvaziamento das paredes uterinas;
abaixamento em cerca de 2 a 4 cm. • Compressão da aorta e veia cava inferior pelo
útero.

PERÍODO DE CONTRAÇÃO E DILATAÇÃO


A duração do período varia entre nulíparas e multíparas:
Nulíparas podem permanecer em trabalho de parto em até 24 Dilatação cervical: é o aumento do diâmetro do colo uterino
horas. de milímetros até a dilatação completa (10 cm).

• O diagnóstico do trabalho de parto é firmado na presença Causas: contrações uterinas e suas consequências (pressão da
dos seguintes fatores: contrações uterinas rítmicas e apresentação e aumento da pressão hidrostática da bolsa
coordenadas, com frequência de 2 a 5 eventos a cada 10 amniótica).
minutos e duração de 45 a 60 segundos.
Em cada episódio, pode ser observada uma fase de • Esvaecimento ou apagamento do colo: é a incorporação
contração, que dura de 40 a 60 segundos, e outra de do colo à cavidade uterina.
relaxamento, com duração de até 120 segundos. - Ao toque vaginal: fino - médio – grosso
A intensidade mínima necessária para haver dilatação do
colo é de 15mmHg.
 Miométrio: sensibilidade, excitabilidade, elasticidade,
contratilidade e tonicidade.
• Sensibilidade do útero é pequena, restrita ao colo uterino.
• O útero apresenta atividade contrátil durante toda a
gestação.

As contrações são de 2 tipos:

• Generalizadas e de intensidade entre 10 e 20mmHg, que


se difundem por todo o útero, chamadas contrações de
Braxton Hicks;
• Contrações pequenas e localizadas, com intensidade
entre 2 e 4mmHg. Todas elas são indolores e têm por
efeito facilitar a circulação útero-placentária e possibilitar
a formação do segmento inferior e a acomodação fetal.
• O período de dilatação pode ser subdividido em 2
Até a 30ª semana de gestação, a atividade uterina é discreta
etapas:
intensificando-se ao se aproximar do termo da gestação.
− Fase de Latência: caracterizada pela presença de
Frequentemente, nas 2 últimas semanas que precedem o contrações regulares e pelo começo da dilatação, e que
parto, as contrações uterinas adquirem os caracteres tem duração média de 8 horas.
peculiares àquelas do parto. O tônus uterino durante a − Fase Ativa: Aumento rápido da velocidade de dilatação
gestação situa-se entre 3 e 8mmHg. (de 5cm a 9cm); Durante a fase ativa do trabalho de parto,
espera-se dilatação média de 1,2cm por hora nas
A atividade uterina é controlada por fatores neuro- primíparas e de 1,5cm por hora nas multíparas.
hormonais, com papel de destaque para a ocitocina. O partograma é iniciado quando há uma dilatação de 6
cm.
SAÚDE DA MULHER – Lidiely Mello
DEQUITAÇÃO

Padrão evolutivo de Friedman (divisão funcional do parto): Começa logo após o desprendimento do bebê e termina com
a saída da placenta.

Após a expulsão, ainda são observadas contrações uterinas


indolores, menos frequentes, porém mais intensas. Tais
contrações auxiliam a passagem do sangue da placenta para o
recém-nascido, ajudam no descolamento, na descida e na
expulsão da placenta e asseguram a hemostasia.

A dequitação ocorre entre 5 e 10 minutos após o período


expulsivo e é considerada prolongada quando ultrapassa 30
minutos.

O descolamento da placenta pode ocorrer por 2 mecanismos:

- Descolamento central (Baudelocque-Schultze): observado


em 75% dos casos e reconhecido pela presença de
sangramento vaginal após a saída da placenta;

- Descolamento marginal (Baudelocque-Duncan): observado

em 25% dos casos e reconhecido pela presença de


sangramento.

A placenta descola-se da parede uterina no nível da camada


esponjosa; a camada basal remanescente propiciará a
reepitelização do endométrio.

QUARTO PERÍODO – GREEMBERG


PERÍODO EXPULSIVO
Constituído pela 1ª hora após a dequitação. Nesse intervalo,
• As contrações uterinas atingem intensidade e frequência esperam-se a estabilização dos sinais vitais maternos e a
máximas; com frequência de 5 contrações em 10 consolidação da hemostasia uterina. É muito importante
minutos; observação atenta, para que sangramentos genitais anormais
• O tônus uterino eleva-se; possam ser rapidamente diagnosticados.
• O efeito das contrações impele a apresentação para o
A hemostasia uterina se dá por 2 mecanismos principais:
canal do parto;
• A pressão intra-abdominal eleva-se até 100 mmHg, à
− Miotamponamento (oclusão dos vasos miometriais pela
custa do abaixamento do diafragma e da prensa retração muscular);
abdominal;
− Trombotamponamento (os vasos são obliterados por
• A impulsão do feto pelo canal do parto distende trombose vascular).
passivamente as fibras musculares da vagina;
• A vulva fica entreaberta, o períneo distendido e abaulado A perda sanguínea média total no parto vaginal é de,
e o ânus entreaberto até que o feto é expulso, aproximadamente, 500ml.
descrevendo um mecanismo.
• Duração normal da fase ativa do segundo período: PARTOGRAMA
Primíparas: cerca de 0,5–2,5 horas sem peridural e 1–3
É a representação gráfica do trabalho de parto que permite
horas com peridural.
acompanhar analisar a dilatação cervical, contrações uterinas
Multíparas: até 1 hora sem peridural e 2 horas com
e apresentação fetal e, função do tempo.
peridural.
Objetivos: documentar, diagnosticar alterações e indicar a
Obs: Peridural tira a dor das contrações, porém não
tomada de condutas apropriadas para a correção destes
impossibilita os movimentos da gestante, o que auxilia no
desvios, ajudando ainda a evitar intervenções desnecessárias.
parto.
SAÚDE DA MULHER – Lidiely Mello
• Eficaz e de baixo custo;
• Detecta rapidamente o progresso normal ou os desvios
na evolução do trabalho de parto, permitindo decisões
clínicas mais rápidas;
• Promove a redução de intervenções desnecessárias.

Registrar as seguintes observações no primeiro período do


trabalho de parto:

• Frequência das contrações uterinas de 1 em 1 hora;


• Pulso de 1 em 1 hora;
• Temperatura e PA de 4 em 4 horas;
• Frequência da diurese;
• Exame vaginal de 4 em 4 horas ou se houver alguma
preocupação com o progresso do parto ou em resposta
aos desejos da mulher (após palpação abdominal e
avaliação de perdas vaginais).
SAÚDE DA MULHER – Lidiely Mello

AVALIAÇÃO DA VITALIDADE FETAL


 Humanização no tratamento e escolhas da gestante,
Perfil biofísico fetal: avaliação de cinco parâmetros de
como luz baixa, trilha sonora de sua preferência, liberdade
vitalidade fetal, sendo quatro analisados pela ultrassonografia
para escolher a posição mais confortável, em que será
e o quinto pela cardiotocografia fetal. Está indicado para todas
oferecido um serviço humano e transformador para um
as gestantes de alto risco.
evento familiar, emocionante e transformador;
Cada parâmetro recebe uma pontuação, sendo 0 quando está  Para a dor de um parto normal não se transformar em
alterado ou ausente e 2 para o parâmetro presente ou normal. sofrimento, a gestante conta com uma serie de técnicas
não invasivas para alívio de dor, como musicoterapia,
acupuntura, banheira quente, massagens relaxantes,
liberdade de se movimentar, se alimentar e até mesmo
a possibilidade de analgesia caso a dor seja insuportável.

O parto, principalmente o normal, era considerado um


evento traumático, de puro sofrimento, pois a mãe não
tinha direito a acompanhante, era obrigada a ficar na
posição vertical com as pernas para cima – posição essa
que não favorece a gravidade, por isso é a menos eficaz –
eram introduzidas técnicas dolorosas e desnecessárias
como soro de ocitocina para acelerar o processo, assim
como corte no períneo, a episiotomia, tudo isso sem
consultar a mãe que, diante da falta de informação,
desenvolvia trauma de um momentos que deveria estar
entre os mais importantes de sua vida.
PARTO HUMANIZADO
 Em relação ao bebê, o contato pele a pele com a mãe
Parto humanizado é a denominação que se dá ao tipo de parto
imediatamente após o nascimento e ao menos mais uma
– normal ou cesárea, seja em hospital, casa de parto ou na
hora, a chamada golden hour, tem inúmeros benefícios
própria casa da parturiente – em que o tratamento oferecido
para a saúde do RN.
à mãe e ao seu bebê terá como premissa o respeito máximo
 Outra questão é o corte imediato do cordão umbilical. As
às suas vontades.
novas recomendações são as de se que espere o cordão
parar totalmente de pulsar antes do corte, pois evita-se,
assim, várias doenças, entre elas a anemia;
SAÚDE DA MULHER – Lidiely Mello
 No parto humanizado, o bebê, seja de cesárea ou normal, gestação, eventos de vida estressantes, pouco suporte social e
vai direto para o colo da mãe. Assim como todas as financeiro e relacionamento conjugal conflituoso.
questões envolvendo o bebê, as atitudes são feitas no
colo da mãe. Se não der para ser feita nesse momento, São considerados fatores de proteção o otimismo, elevada
respeita-se o fim da golden hour; autoestima, boa relação conjugal, suporte social adequado e
preparação física e psicológica para as mudanças advindas
 A experiência vivida por eles neste momento pode deixar
com a maternidade.
marcas indeléveis, positivas ou negativas, para o resto das
suas vidas. Mães com DPP, quando comparadas às mães não deprimidas,
gastam menos tempo olhando, tocando e falando com seus
PSICOPATOLOGIAS DO PUERPÉRIO bebês e apresentam mais expressões negativas que positivas.
No puerpério, ocorrem bruscas mudanças nos níveis dos Elas se expressam menos face a face e são menos afetivas na
hormônios gonadais, nos níveis de ocitocina e no eixo interação com o bebê. Mães deprimidas podem interromper a
hipotálamo-hipófiseadrenal, que estão relacionados ao amamentação mais precocemente e lidar com seus bebês de
sistema neurotransmissor. Além das alterações biológicas, a forma indecisa, pouco afetuosa e confusa por lhes faltarem
transição para a maternidade é marcada por mudanças habilidades de resolução de problemas ou a persistência
psicológicas e sociais. No puerpério há necessidade de necessária para estabelecer interações afetivas com suas
reorganização social e adaptação a um novo papel, a mulher crianças.
tem um súbito aumento de responsabilidade por se tornar
Os bebês são vulneráveis ao impacto da depressão materna,
referência de uma pessoa indefesa, sofre privação de sono e
porque dependem muito da qualidade dos cuidados e da
isolamento social. Além disso, é preciso reestruturação da
responsividade emocional da mãe.
sexualidade, da imagem corporal e da identidade feminina.
Dentre todas as fases da vida da mulher, o pós-parto é o Bebês de mães deprimidas quando comparados aos de não
período de maior vulnerabilidade para o aparecimento de deprimidas exibem menos afeto positivo e mais afeto
transtornos psiquiátricos. negativo, têm menor nível de atividade e menos vocalizações,
costumam distanciar o olhar, apresentam mais
Disforia puerperal:
aborrecimentos, protestos mais intensos, mais expressões de
A disforia puerperal é considerada a forma mais leve dos tristeza e raiva, menos expressões de interesse e uma
quadros puerperais e pode ser identificada em 50% a 85% das aparência depressiva com poucos meses de idade. Os bebês se
puérperas, dependendo dos critérios diagnósticos utilizados. aconchegam pouco, têm pouca reciprocidade com suas mães
Os sintomas geralmente se iniciam nos primeiros dias após o e expressão emocional diminuída, são irritados e choram mais,
nascimento do bebê, atingem um pico no quarto ou quinto dia têm mais problemas de alimentação e sono e menor
do pós-parto e remitem de forma espontânea em no máximo desenvolvimento motor.
duas semanas. Seu quadro inclui choro fácil, labilidade
Psicose pós-parto:
afetiva, irritabilidade e comportamento hostil para com
familiares e acompanhantes. Algumas mulheres podem A psicose pós-parto é o transtorno mental mais grave que
apresentar sentimentos de estranheza e despersonalização e pode ocorrer no puerpério. Ela tem prevalência de 0,1% a 0,2%
outras podem apresentar elação. Mulheres com disforia pós- (sendo esse percentual maior em casos de mulheres
parto não necessitam de intervenção farmacológica. A bipolares), usualmente é de início rápido e os sintomas se
abordagem é feita no sentido de manter suporte emocional instalam já nos primeiros dias até duas semanas do pós-parto.
adequado, compreensão e auxílio nos cuidados com o bebê. Os sintomas iniciais são euforia, humor irritável, logorreia,
agitação e insônia. Aparecem, então, delírios, ideias
Depressão pós-parto:
persecutórias, alucinações e comportamento desorganizado,
Geralmente, o quadro inicia-se entre duas semanas até três desorientação, confusão mental, perplexidade e
meses após o parto, ocorrem humor deprimido, perda de despersonalização.
prazer e interesse nas atividades, alteração de peso e/ou
O quadro psicótico no pós-parto é uma situação de risco para
apetite, alteração de sono, agitação ou retardo psicomotor,
a ocorrência de infanticídio. O infanticídio geralmente ocorre
sensação de fadiga, sentimento de inutilidade ou culpa,
quando ideias delirantes envolvem o bebê, como ideias de que
dificuldade para concentrar-se ou tomar decisões e até
o bebê é defeituoso ou está morrendo, de que o bebê tem
pensamentos de morte ou suicídio.
poderes especiais ou de que o bebê é um deus ou um
Os fatores de risco fortemente associados à DPP são história demônio.
pessoal de depressão, episódio depressivo ou ansioso na
SAÚDE DA MULHER – Lidiely Mello
Entre os fatores de risco para psicose puerperal, estão a • Hipertensão arterial crônica ou pré-eclâmpsia na
primiparidade, complicações obstétricas e antecedentes gravidez atual, crescimento fetal excessivo;
pessoais ou familiares de transtornos psiquiátricos, sobretudo • Sintomas clássicos de diabetes:
outros transtornos psicóticos. − Poliúria, polidipsia, polifagia e
perda involuntária de peso (os “4
Transtorno de estresse pós-traumático (TEPT):
Ps”);
Apenas recentemente o transtorno de estresse pós- − Fadiga;
traumático (TEPT) tem sido relacionado ao pós-parto. O DSM- − fraqueza, letargia;
IV define evento traumático como um “evento catastrófico − prurido cutâneo e vulvar;
envolvendo morte ou lesão real ou ameaçada, ou ameaça à − infecções de repetição;
integridade física de si mesma, sendo caracterizada por
intenso medo, impotência ou horror”. Assim, advoga-se que • Rastreamento:
partos em que a mulher vivencia situações como dor intensa e − Testes laboratoriais;
prolongada, procedimentos obstétricos de urgência, − Glicemia de jejum (GJ) – nível de glicose sanguínea após
experiência de ter sido humilhada pela equipe médica, medo jejum de 8 a 12 horas;
de morte ou morte do feto ou recém-nascido, percepção de − Teste oral de tolerância à glicose (TOTG-75 g) 75 g de
anomalia congênita no bebê, entre outras, podem ser glicose anidra (jejum - 60 min -120 min).
considerados fatores traumáticos que eventualmente podem
desencadear o TEPT. FISIOPATOLOGIA

 Aumento da disponibilidade de glicose para atender às


necessidades fetais;
DIABETE GESTACIONAL  A média dos níveis glicêmicos podem estar além do
normal, mas não o suficiente para ser considerado
DIABETE MELLITUS: diabetes;
 Quase todas as mulheres têm um certo grau de
 Doença metabólica crônica, caracterizada pela
intolerância à glicose durante o período gestacional
hiperglicemia.
resultado das intensas trocas hormonais.
 Responsável por elevados índices de morbimortalidade
 Durante o terceiro trimestre, as trocas hormonais na
perinatal (macrossomia e malformações fetais);
gestante favorecem o aparecimento do diabetes
 Mellitus: em latim – “doce como mel” – urina adocicada;
gestacional;
 Resulta da falta de insulina e/ou da incapacidade da
 Geralmente o pâncreas materno é capaz de produzir
insulina de exercer adequadamente seus efeitos.
três vezes mais que uma mulher não grávida. No
 Características: hiperglicemia crônica, frequentemente
entanto, se esse aumento não for o suficiente para
associada à dislipidemia, hipertensão arterial e disfunção
controlar as trocas hormonais, os níveis glicêmicos
do endotélio.
aumentam resultando no diabetes gestacional.
 Diabetes gestacional (diagnosticado durante a gravidez)  A elevação da glicose durante o período gestacional faz
com que o pâncreas tente diminuí-la aumentando seus
 Diabetes pré-gestacional (diabetes prévio à gravidez: níveis de insulina.
tipo 1, tipo 2 ou outros)

 Principais fatores de risco: Classificação etiológica


• História prévia de diabetes gestacional;
• Diabetes tipo I: deficiência absoluta de
• Diabetes na família com parentesco em 1º grau;
insulina
• Baixa estatura (< 1,50 m);
• Idade superior a 35 anos. • Diabetes tipo II: deficiência relativa de
• Síndrome do ovário policístico e outras doenças que insulina
levam ao hiperinsulinismo.
• Diabetes da gravidez: hiperglicemia
• Uso de drogas hiperglicemiantes: corticoides, diuréticos
diagnosticada na gravidez
tiazídicos.
• Antecedentes obstétricos de morte fetal ou neonatal,
malformação fetal, polidrâmnio, macrossomia ou
diabetes gestacional.
SAÚDE DA MULHER – Lidiely Mello
RISCOS PARA O BEBÊ

Intra útero: Abortamento, polidrâmnio, macrossomia e RN


GIG, anomalias congênitas, RCIU, óbito fetal;

Após o parto: Hipoglicemia, policitemia, hipocalcemia e


hiperbilirrubinemia, prematuridade, síndrome do desconforto
respiratório, mortalidade perinatal.

RN macrossômico

Consequências na infância e fase adulta para filhos de mães


diabéticas

Na infância: maior frequência de obesidade;

Na vida adulta: maior risco para diabetes tipo 2, com a chance


potencial de complicações cardiovasculares;
Impactos da diabetes pré-gestacional sobre a
gravidez
domingo, 6 de outubro de 2019 17:26

Abortamento Espontâneo

Parto pré-termo
Malformações

Crescimento fetal alterado

Hipoglicemia

Morte fetal inexplicada Polidrâmnio

Hiperbilirrubinemia e policitemia

Hipocalcemia

Miocardiopatia Desenvolvimento cognitivo a longo prazo

Página 1 de diabetes gestacional


Miocardiopatia Desenvolvimento cognitivo a longo prazo

Herança diabética

Efeitos maternos

Nefropatia

Pré-eclâmpsia

Retinopatia diabética

Neuropatia

Cetoacidose diabética

Infecções

Página 2 de diabetes gestacional


SAÚDE DA MULHER – Lidiely Mello
principais diferenças e particularidades encontradas são
MICROBIOTA VAGINAL decorrentes da sua acidez característica.
 PRÉ MENACME − Além desses microrganismos, o fluido vaginal é
composto de água, eletrólitos, proteínas,
Na recém-nascida o epitélio vaginal que se encontra
glicoproteínas, ácidos graxos orgânicos e carboidratos,
estimulado pelos estrógenos maternos, é espesso, rico em
e ainda de produtos metabólicos bacterianos tais como
glicogênio, com um pH entre 4 e 5 onde há predomínio dos
ácido lático, succinato e trietilamina. Em adição à
Lactobacillus spp. Pode existir ao nascer e durante o primeiro
produção de ácidos, algumas bactérias, principalmente
mês de vida, um abundante corrimento vaginal fisiológico.
os lactobacilos, produzem peróxido de hidrogênio.
Esse material é composto de muco endocervical e células
− Também se encontra componentes locais da resposta
epiteliais cérvico-vaginais descamativas. Com alguma
imune inata e adquirida, fatores solúveis (componentes
frequência esse material torna-se manchado de sangue após
do complementes, inibidores de proteases secretadas
poucos dias do nascimento, em decorrência do decréscimo do
por leucócitos, óxido nítrico), toll-like receptors, células
estímulo hormonal. Tanto o corrimento como o sangramento
fagocitárias e citocinas. Todos esses elementos em
desaparecem em cerca de uma semana, constituindo-se em
conjunto contribuem para a homeostasia e manutenção
condição fisiológica, que não requer tratamento.
de um meio vaginal adequado.
Na infância, com o desaparecimento dos estrógenos
IMPORTÂNCIA DOS LACTOBACILOS
maternos, o epitélio vaginal se atrofia, desaparece o
glicogênio e a vagina tem um pH entre 7 e 7,5. São capazes de controlar o crescimento excessivo de
bactérias potencialmente patogênicas, por meio dos
No período pré-puberal, inicia-se a produção de estrógenos
seguintes mecanismos:
pelos ovários, tornando o pH vaginal novamente ácido e
reaparece o Lactobacillus spp. Dessa forma, se observa um • Manutenção do pH ácido a partir da utilização do
intenso corrimento fisiológico, que deve ser diferenciado do glicogênio do epitélio vaginal e consequente
corrimento infeccioso. O corrimento é mucoide e branco- produção do ácido lático;
amarelado, não é irritante e não tem mau cheiro.
• Produção de peróxido de hidrogênio (H2O2), que tem
ação protetora antimicrobiana e também influencia
 MENACME
na manutenção do pH ácido;
O fluido vaginal tem uma composição bastante complexa que • Produção de bacteriocinas;
inclui muco cervical, transudato da parede vaginal e células • Competição com outras bactérias, por adesão celular
epiteliais descamadas. A quantidade média diária é de 3 a 5g, ou por substrato.
podendo variar com a idade, excitação sexual, estresse, fase
do ciclo menstrual, temperatura ambiente e durante a A manutenção do pH vaginal ácido entre 3,8 e 4,5 é
gestação. Em geral esse corrimento vaginal fisiológico é branco considerada o mecanismo primordial no controle
ou transparente, inodoro e de aspecto mucoide, homogêneo adequado da microbiota vaginal.
ou ainda pouco grumoso.
− Os lactobacilos produzem ácido lático a partir do
− As espécies de Lactobacillus facultativos representam glicogênio depositado no epitélio vaginal graças à ação
cerca de 90% da microbiota normal da mulher saudável estrogênica local. As células epiteliais metabolizam o
em idade reprodutiva. Essa microbiota endógena da glicogênio em glicose, que serve como substrato para
vagina é composta por dois grupos de bactérias: as que o lactobacilo a transforme em ácido lático.
comensais e as potencialmente patogênicas, as quais − A presença adequada de níveis de estrogênio e de
podem coexistir de maneira independente ou ter uma lactobacilos são necessárias para a manutenção da
relação de comensalismo. acidez vaginal; essa acidez torna o ambiente altamente
− A microbiota vaginal não se constitui numa população desfavorável para o crescimento da maioria dos
estática, mas sim numa população bastante dinâmica, microrganismos potencialmente patogênicos, como a
em que os tipos e as concentrações das bactérias se Gardnerella vaginalis.
modificam continuamente de acordo com as mudanças
FLUTUAÇÕES DA MICROBIOTA VAGINAL
que ocorrem no meio ambiente vaginal. Assim, apesar
da microbiota endógena da vagina ser mais • CICLO MENSTRUAL: Há uma tendência de diminuir a
provavelmente formada por germes provenientes da colonização de lactobacilos durante a menstruação, que
pele da vulva, do períneo e da microbiota fecal, as parece estar relacionada com a diminuição de sua
SAÚDE DA MULHER – Lidiely Mello
capacidade de aderência provocada pela elevação do − Presença de corrimento branco flocular aderido à mucosa
pH vaginal nesse período. vaginal que, por sua vez, apresenta-se hiperemiada
• GRAVIDEZ: A progesterona aumenta o número de (avermelhada) e edemaciada;
− Além do corrimento branco leitoso, em quantidade
células epiteliais intermediarias, aumentando assim a
variável, a candidíase costuma iniciar seus sintomas na
disponibilidade de glicogênio vaginal, logo, diminuindo
fase que antecede o período menstrual, provavelmente
o pH vaginal, fatores que favorecem a presença de por aumento nos níveis estrogênicos e progesterônicos;
lactobacilos e o desenvolvimento de Candida sp. − Queixa de um cheiro agridoce que acompanha o quadro
• RELAÇÃO SEXUAL: Tanto o sêmen como o muco do fluxo vaginal;
produzido para a lubrificação vaginal são fortemente Candidíase simples: ocorre em mulheres sadias envolvendo
alcalinos e tamponam a vagina, elevando o pH durante sintomas esporádicos e infrequentes. Esses casos ocorres uma
as relações sexuais desprotegidas – o pH vaginal não vez ou menos ao ano.
retorna ao normal por até 8h horas após o coito. Além Candidíase complicada: são aquelas que podem ter sinais e
disso, o intercurso sexual pode introduzir bactérias sintomas muito mais graves, recorrência superior a três
estranhas e elevar os níveis de E. coli e bacilos Gram- episódios por ano, em que o hospedeiro apresenta resposta
negativos facultativos. Portanto, a alta frequência de imune inadequada à presença de leveduras, na maioria das
coitos vaginais pode levar a uma alteração da microbiota vezes não albicans.
vaginal.  DIAGNÓSTICO:
• USO DE DUCHAS VAGINAIS: A ducha vaginal, por ação − Anamnese, exame especular e exames laboratoriais;
mecânica, pode remover componentes protetores da − O exame ginecológico mostra uma vulvite com hiperemia,
edema, escoriações e fissuras.
região cervicovaginal, como exemplo, a microbiota
− O exame especular pode evidenciar também edema e
residente. Além disso, pode introduzir substâncias hiperemia da parede vaginal e colpite difusa (inflamação
irritantes à mucosa com capacidade para alterar o pH da mucosa), além da presença de corrimento;
vaginal e promover a ascensão de microrganismos. − O fluxo vaginal pode se mostrar como um conteúdo
pastoso, flocular, branco, eventualmente esverdeado,
 MENOPAUSA aderente à mucosa, assemelhando-se à “ricota”.
− O exame de pH quase sempre está abaixo de 4,5;
A diminuição dos níveis de estrogênio, diminui a taxa de
deposição de glicogênio nas células, o qual é utilizado como
 TRATAMENTO:
substrato metabólico pelos lactobacilos e também por outras
bactérias. Consequentemente ocorre a diminuição em Candidíase simples:
especial dos lactobacilos, mas ocorre também a diminuição de − Tratamento tópico (vaginal): terconazol 0,8% por 5 dias
outras bactérias como Gardnerella vaginalis e Prevotella bivia. ou miconazol 2% por 7 a 10 dias; ou outro imidazólico
Nessas fases hipoestrogênicas, por outro lado, a frequência de tópico.
coliformes como Escherichia coli, Enterococcus, estafilococos e − Tratamento sistêmico: fluconazol 150mg em dose única
por via oral ou itraconazol 200mg por via oral de 12 em
estreptococos permanecem relativamente constante, pois a
12h, durante um dia;
colonização dessas bactérias independe dos níveis
estrogênicos.
Candidíase complicada:
VAGINITES Fase aguda

CANDIDÍASE − Flucunazol 150mg uma vez ao dia ou itraconazol 200mg


de 12 em 12h durante um dia. Repetir o tratamento por 5
 Fungo Candida sp – o principal agente etiológico mais após dias.
encontrado é a Candida albicans.
− A Candida albicans produz proteases ácidas, enzimas que Fase de Manutenção
agridem as imunoglobulinas presentes na mucosa vaginal, − Repetir o tratamento da fase aguda durante 6 meses
e podem inibir a capacidade de fagocitose dos durante o período pré-menstrual.
macrófagos. A mucosa vaginal se torna, portanto, mais
suscetível aos ataques desse agente, uma vez que
GARDNERELLA
conferem à Candida maior capacidade de aderência ao
epitélio vaginal.  Gardnerella vaginalis, que é uma bactéria anaeróbia
facultativa, observada sob a forma de cocobacilos Gram-
 SINAIS E SINTOMAS variáveis. Ela habita a mucosa vaginal e eventualmente
− Intenso prurido vulvovaginal; pode ocasionar ITUs (Infecções do Trato Urinário).
− Apesar de reconhecidamente mostrar baixa virulência, a
G. vaginalis apresenta alguns fatores de virulência já bem
SAÚDE DA MULHER – Lidiely Mello
estabelecidos. Além de pili, ela apresenta uma camada de − Ocorre mais freqüentemente na endocérvice e na uretra,
exopolissacarídeo, que justifica o grande poder de em 50% a 60% dos casos;
adesão dessa bactéria às células epiteliais. − A ascensão do microrganismo do trato geniturinário para
− A adesão às células epiteliais permite à bactéria colonizar o endométrio e para as trompas de Falópio pode ser causa
a mucosa vaginal, minimizando o contato com enzimas de dor no baixo ventre e de anormalidades menstruais;
extracelulares e anticorpos locais, reduzindo as chances
de ser eliminada junto com o fluido vaginal ou a urina.  DIAGNÓSTICO
− A coleta da amostra para cultura e pesquisa direta
 SINAIS E SINTOMAS emprega tradicionalmente swab endocervical ou
− Corrimento homogêneo branco acinzentado cremoso e uretral. Os testes de amplificação permitem utilizar
às vezes com bolhas dispersas na sua superfície e odor também amostras de urina.
desagradável; − Pesquisa de anticorpos (Ac) e antígenos (Ag);
− Pode haver prurido vaginal, embora seja pouco comum; − Cultura;
− Liberação de odor semelhante ao de peixe podre que
 TRATAMENTO
piora após a relação sexual, devido à presença do
− Azitromicina 1g, VO, dose única ou doxiciclina 100mg, VO,
esperma (pH básico) no ambiente vaginal.
12/12h, 7 dias;
− Eritromicina (Estearato) 500mg, VO, 6/6h, 7 dias ou
 DIAGNÓSTICO
tetraciclina 500mg, oral, 6/6h, 7 dias ou ofloxacina
− Teste do KOH a 10%: positivo;
400mg, oral, 12/12h, 7 dias (contra‐indicada em menores
− Exame a fresco: aumento de células indicadoras, raros ou
de 18 anos, grávidas e nutrizes);
ausência de leucócitos;
− Gram: redução dos lactobacilos; TRICOMONÍASE
− Predomínio de gram negativos e cocos;  Infecção genital causada pelo protozoário Trichomonas
− Ausência de leucócitos. vaginalis.
− Presença de “clue cells”. − Costuma viver na vagina ou na uretra, mas pode também
ser encontrado em outras partes do sistema geniturinário.
 TRATAMENTO
− Objetivo: inibir os anaeróbios e não os lactobacilos;  SINAIS E SINTOMAS
− o uso de creme vaginal de metronidazol é tão efetivo − Nas mulheres, os sintomas costumam iniciar durante ou
quanto o oral, tendo a vantagem de ausência de efeitos após a menstruação. Entretanto, em alguns casos, essa
colaterais - (praticidade x efetividade); doença pode permanecer meses sem apresentar nenhum
− metronidazol: 500 mg VO de 12/12 h durante 7 dias ou sintoma;
metronidazol gel a 0,75%, um aplicador ao deitar por 5 − Corrimento amarelado ou amarelo-esverdeado, aspecto
dias; bolhoso;
− clindamicina: 300 mg VO de 12/12 h durante 7 dias ou − Coceira;
clindamicina creme a 2% um aplicador ao deitar por 5 dias − Odor forte e desagradável;
ou clindamicina óvulo de 100mg, um óvulo ao deitar por − Irritação vulvar;
3 dias.
− Dor;
− Tratamento alternativo: Tinidazol 2g 2x/dia, por 2 dias ou
− Dificuldade de urinar.
Tinidazol 1g 1x/dia por 5 dias.
 DIAGNÓSTICO
CLAMÍDIA
− Cultura de secreção ou PCR;
− Citologia corada;
 Bactéria Chlamydia trachomatis
− Bactéria intracelular, assintomática, que pode causar até − Exame direto ou a fresco, consiste em colocar uma gota
a esterilidade; de secreção do fundo do saco vaginal posterior e uma gota
− No homem quando surgem os sintomas, eles são de solução de cloreto de sódio em uma lâmina e observar
extremamente graves. no microscópio – é possível observar o protozoário se
movendo.
 SINAIS E SINTOMAS − Exame de sangue que avalia se há infecção no
− Quando sintomática, observam-se corrimento vaginal,
organismo;
disúria e sangramento após as relações sexuais;
− A infecção se inicia usualmente pela endocérvice, − Também pode ser realizado o Papanicolau;
podendo ocorrer na uretra e no reto, sendo incomum − pH > 4,5
apenas na uretra (5% a 30%);
SAÚDE DA MULHER – Lidiely Mello
 TRATAMENTO ovariano); abaulamento doloroso do fundo de saco
− Deve ser realizado para o parceiro também; sendo vaginal (abscesso pélvico);
sistêmico e local para a mulher e apenas sistêmico para o − Canal cervical com corrimento branco, amarelado ou
homem; sangramento induzido;
− Metronidazol 250mg VO a cada 12 horas por 10 dias;
− Nimorazol 1g VO a cada 12 horas;  DIAGNÓSTICO
− Tinidazol 2g VO dose única. − Aumento da velocidade de hemossedimentação e da
proteína C-reativa;
DIP – DOENÇA INFLAMATÓRIA PÉLVICA − Hemograma com leucocitose;
− Presença de leucócitos abundantes no exame a fresco do
 A doença inflamatória pélvica (DIP) é causada pela
corrimento cervical;
infecção polimicrobiana do trato genital superior,
− Detecção de gonococo ou clamídia na endocérvice.
originária de foco uretral, vaginal ou cervical.
− O diagnóstico também pode ser complementado por
ultrassonografia pélvica transabdominal e transvaginal, e
tomografia computadorizada ou ressonância magnética;
− A laparoscopia permite o diagnóstico mais preciso,
embora não comprove a endometrite nem salpingite
luminar.

 TRATAMENTO
− Administrar antibióticos abrangendo gonococo, clamídia,
micoplasmas, germes aeróbios (gram-positivos e
negativos), anaeróbios e facultativos, porque o
isolamento destes patógenos é difícil e incompleto;
− Azitromicina - Suas vantagens são: a longa duração
(meiavida 68 h) e o amplo espectro (clamídia, gonococo e
M. hominis, anaeróbios). O tratamento com a associação
de ceftriaxona 250 mg via muscular (IM) em dose única no
dia 1 + azitromicina 1 g VO em dose única no dia 1 e dia 7
− A maior prevalência é em mulheres sexualmente mostra índice de curas mais elevado que o tratamento
ativas entre 15-24 anos de idade; com a associação de ceftriaxona 250 mg, IM, no dia 1 +
− Aproximadamente 12% das adolescentes sexualmente doxiciclina 100 mg, VO, 12-12 h por 14 dias (nível de
ativas têm no mínimo um episódio antes dos 20 anos evidência C). Moxifloxacino – Tem longa duração (meia-
de idade; vida 11-14 h) e amplo espectro com resultados similares
− Parceiros múltiplos e sexo inseguro aumentam o risco, na comparação de 400 mg VO em dose única diária/14
enquanto o uso continuado de preservativo diminui o dias com a associação doxiciclina + metronidazol +
risco da doença; ciprofloxacino ou a associação ofloxacino + metronidazol.
− Ectopia cervical, germes sexualmente transmissíveis e
uso de duchas terapêuticas contribuem para manter o IST’S
continuísmo da vaginose bacteriana; SÍFILIS

 SINAIS E SINTOMAS  Bactéria Treponema pallidum. Destruído pelo calor e


− Dor no baixo ventre ou na região lombossacral; falta de umidade, não resistindo muito tempo fora do seu
− Sintomas genitourinários, por exemplo, corrimento, ambiente.
sangramento vaginal, dispareunia e disúria; − A penetração do treponema é realizada por pequenas
− Febre, dor no hipocôndrio direito e náuseas ou vômitos abrasões decorrentes da relação sexual. Logo após, o
treponema atinge o sistema linfático regional e, por
sugerem perihepatite (15% dos casos);
disseminação hematogênica, outras partes do corpo. A
− No exame físico: temperatura axilar > 38 °C; dor à resposta da defesa local resulta em erosão e
palpação e descompressão brusca dolorosa no baixo exulceração no ponto de inoculação, enquanto a
ventre; dor à palpação do colo uterino e dos anexos; disseminação sistêmica resulta na produção de
palpação de tumor anexial doloroso (abscesso tubo- complexos imunes circulantes que podem depositar-se
em qualquer órgão;
SAÚDE DA MULHER – Lidiely Mello
− Entretanto, a imunidade humoral não tem capacidade perilesionais, bordas induradas, que descem suavemente
de proteção. A imunidade celular é mais tardia, até um fundo liso e limpo, recoberto por material seroso.
permitindo ao T. pallidum multiplicar e sobreviver por Após uma ou duas semanas aparece uma reação
longos períodos;
ganglionar regional múltipla e bilateral, não supurativa, de
− A sífilis é doença transmitida pela via sexual (sífilis
nódulos duros e indolores. Na mulher é mais freqüente
adquirida) e verticalmente (sífilis congênita) pela
placenta da mãe para o feto. O contato com as lesões nos pequenos lábios, parede vaginal e colo uterino.
contagiantes (cancro duro e lesões secundárias) pelos Assintomático, muitas vezes não é referido. As
órgãos genitais é responsável por 95% dos casos de localizações extragenitais mais comuns são a região anal,
sífilis; boca, língua, região mamária e quirodáctilos. O cancro
regride espontaneamente em período que varia de quatro
 SINAIS E SINTOMAS: a cinco semanas sem deixar cicatriz.
− Clinicamente a evolução da doença é dividida em fases; − Sífilis secundária: Após período de latência que pode
podendo ser abordada em recente – até um ano de durar de seis a oito semanas, a doença entrará novamente
evolução; latente; e tardia – após esse primeiro período. em atividade. O acometimento afetará a pele e os órgãos
− O período considerado latente significa o “silêncio internos correspondendo à distribuição do T.
clínico”, caracterizando a fase assintomática da doença, pallidum por todo o corpo. Na pele, as lesões (sifílides)
impossível de ser diagnosticada sem o auxílio do ocorrem por surtos e de forma simétrica. Podem
laboratório. apresentar-se sob a forma de máculas de cor eritematosa
▪ Latente precoce: no diagnóstico sorológico, é (roséola sifilítica) de duração efêmera. Novos surtos
possível inferir retrospectivamente que a ocorrem com lesões papulosas eritêmato-acobreadas,
infecção tenha ocorrido durante o ano arredondadas, de superfície plana, recobertas por
precedente ao exame. discretas escamas mais intensas na periferia (colarete de
▪ Latente tardia: avaliação indicar evolução com Biett). O acometimento das regiões palmares e plantares
mais de um ano ou não for possível de ser aferida é bem característico. Algumas vezes a descamação é
com exatidão. intensa, atribuindo aspecto psorisiforme às lesões. Na
face, as pápulas tendem a agrupar-se em volta do nariz e
da boca, simulando dermatite seborreica. Na mucosa oral,
lesões vegetantes de cor esbranquiçada sobre base
erosada constituem as placas mucosas, também
contagiosas;
− Sífilis terciária: Os pacientes nessa fase desenvolvem
lesões localizadas envolvendo pele e mucosas, sistema
cardiovascular e nervoso. Em geral a característica das
lesões terciárias é a formação de granulomas destrutivos
(gomas) e ausência quase total de treponemas. Podem
estar acometidos ainda ossos, músculos e fígado.

 DIAGNÓSTICO
− VDRL e teste rápido;

 TRATAMENTO
− Sífilis recente: penicilina benzatina intramuscular,
repetindo a dose após uma semana;
− Sífilis latente: penicilina benzatina semanal por três
semanas;
− Sífilis tardia: penicilina G cristalina intravenosa, a cada 4h,
por 10 a 14 dias;
− Sífilis primária: A lesão específica é o cancro duro ou
protossifiloma, que surge no local da inoculação em
média três semanas após a infecção. É inicialmente uma
pápula de cor rósea, que evolui para um vermelho mais
intenso e exulceração. Em geral o cancro é único, indolor,
praticamente sem manifestações inflamatórias
SAÚDE DA MULHER – Lidiely Mello
HERPES − A neuralgia pode ser tratada com gabapentina,
 O herpes vírus pode ser classificado em três subfamílias: amitriptilina;
▪ -herpes-virinal: herpes simplx vírus (HSV-1 e HSV2) e − Compressas com permanganato de potássio são úteis
vírus da varicela; em todos os casos de ulcerações.
▪ Β-herpes-virinal: citomegalovírus, herpesvírus
humano (HVH).  Citomegalovírus: Primo-infecção, reinfecção e
▪ ϒ-herpes-virinal: vírus Epstein-Barr. reativações; Causado pelo Β-herpesvírus após a
regressão da infecção inicial; permanece em latência,
 Herpes simples: herpes simples. Comum em indivíduos podendo ser reativado por imunossupressão,
imunocompetentes e imunodeprimidos; pneumonia, encefalite, etc.
 Sinais e sintomas:  Sinais e sintomas:
− Múltiplas ulcerações superficiais e dolorosas do trato − Febre.
genital inferior; − Dor de garganta.
− Linfonodomegalia inguinal; − Fadiga.
− Febre e mal-estar generalizado podem coexistir com − Perda de apetite.
− Hepatite.
as ulcerações;
− Glândulas inchadas.
− Pouco comprometimento sistêmico;  Diagnóstico:
− Período de incubação de três a dez dias; − Histológico;
− Ulcerações periuretrais levam à retenção urinária. − A sorologia mostrará indivíduos já infectados com
 Diagnóstico: IgG positivos;
− Cultura ou teste sorológico; sorologia para HSV-1 e − PCR;
HSV-2;  Tratamento:
− Ganciclovir (virostático e suprime a infecção ativa.)
− Citodiagnose de Tzanck.
 Tratamento:
− Acidoclovir 200mg, cinco vezes ao dia, por cinco dias; GONORRÉIA
 Infecção bacteriana frequente, causada pela Neisseria
 Herpes-zóster: Causado pela reativação do vírus gonorrhoeae, um diplococo Gram-negativo de
Varicella zoster, que é um -herpes vírus latente nos transmissão quase que exclusiva através de contato
gânglios da raiz dorsal e dos nervos sensitivos após a sexual ou perinatal;
infecção primária. O vírus ativado se replica e atinge a  SINAIS E SINTOMAS: Após contato sexual do parceiro
pele, causando a erupção vesicobolhosa. fonte com o novo hospedeiro e vencidas as barreiras
 Sinais e sintomas: naturais da mucosa, e em período de incubação
− Os primeiros sintomas são dor e parestesia, os quais relativamente curto (2 a 5 dias), a infecção evoluirá
podem ser acompanhados de cefaleia, mal-estar e para doença;
febre. O lócus primário da infecção genital situa-se na
− Lesões unilaterais; endocérvice. Porém a N. gonorrhoeae é também
− Vesículas em base eritematosa (compromete pele e frequentemente encontrada da uretra ou reto e
mucosa de adolescentes e adultos imunodeprimidos); ocasionalmente das glândulas periuretrais de Skene e
− Localizadas e dolorosas; dos ductos das glândulas de Bartholin.
− Envolvem um ou mais dermatomos adjacentes; ▪ Mais de 90% das mulheres permanecem
− Quando dermátomos S1, S2 ou S3 são afetados, a assintomáticas.
vulva pode ser envolvida e sua complicação mais Quando sintomáticas:
frequente é neuralgia pós herpética. − Disúria;
 Diagnóstico: − Corrimento abundante e purulento;
− Clínico; − Cervicite;
− Teste de Tzanck; − Às vezes uretrite;
 Tratamento: − Dor abominal ou pélvica;
− Antivirais sistêmicos: aciclovir, fanciclovir, − Dor presente à mobilização uterina e à palpação
valaciclovir; anexial geralmente associa-se a infecção
− Analgésicos potentes dever ser utilizados; ascendente.
− Corticoides podem diminuir a neuralgia pós-
herpética;
SAÚDE DA MULHER – Lidiely Mello
 DIAGNÓSTICO: − Detecção de anticorpos;
− O diagnóstico laboratorial da gonorréia depende da − Detecção de antígenos;
identificação da N. gonorrhoeae em um local − Cultura viral;
infectado. O isolamento por cultura representa o − Amplificação do genoma do vírus.
método diagnóstico padrão e sempre deve ser ▪ ELISA (teste imunoenzimático): este teste utiliza
utilizado; antígenos virais (proteínas) produzidos em cultura
− PCR; celular (testes de primeira geração) ou através de
 TRATAMENTO: tecnologia molecular recombinante.
− Ceftriaxona 250mg IM, cefixime 400mg VO, ▪ Western-blot: este ensaio envolve inicialmente a
ciprofloxacina 500mg VO ou ofloxacina 400mg VO, separação das proteínas virais por eletroforese em
sendo todos administrados em dose única; gel de poliacrilamida, seguida da transferência
eletroforética dos antígenos para uma membrana
HIV – Vírus da Imunodeficiência Humana de nitrocelulose.
▪ Imunofluorescência indireta: fixadas em lâminas
 O HIV é um retrovírus com genoma RNA, da Família
de microscópio, as células infectadas (portadoras
Retroviridae (retrovírus) e subfamília Lentivirinae.
de antígenos) são incubadas com o soro que se
Pertence ao grupo dos retrovírus citopáticos e não-
deseja testar.
oncogênicos que necessitam, para multiplicar-se, de uma
▪ Radioimunoprecipitação: a detecção dos
enzima denominada transcriptase reversa, responsável
anticorpos decorre de reações com antígenos
pela transcrição do RNA viral para uma cópia DNA, que
radioativos.
pode, então, integrar-se ao genoma do hospedeiro.

 TRATAMENTO:
 SINAIS E SINTOMAS: A infecção pelo HIV pode ser dividida
− Inibidores da transcriptase reversa - São drogas que
em quatro fases clínicas: 1) infecção aguda; 2) fase
inibem a replicação do HIV bloqueando a ação da
assintomática, também conhecida como latência clínica;
enzima transcriptase reversa que age convertendo o
3) fase sintomática inicial ou precoce; e 4) aids.
RNA viral em DNA:
− Infecção aguda:
Nucleosídeos:
▪ Febre;
● Zidovudina (AZT) cápsula 100 mg, dose:100mg 5x/dia
▪ Fadiga;
ou 200mg 3x/dia ou 300mg 2x/dia;
▪ Exantema;
● Zidovudina (AZT) injetável, frasco-ampola de 200 mg;
▪ Cefaléia;
● Zidovudina (AZT) solução oral, frasco de 2.000 mg/200
▪ Linfadenopatia;
ml;
▪ Faringite;
● Didanosina (ddI) comprimido 25 e 100mg, dose: 125 a
▪ Mialgia e/ou Artalgia;
200mg 2x/dia;
▪ Nausea, Vômito e/ou Diarréia;
● Zalcitabina (ddC) comprimido 0,75mg, dose: 0,75mg
▪ Suores Noturnos;
3x/dia;
▪ Meningite Asséptica;
● Lamivudina (3TC) comprimido 150mg, dose: 150mg
▪ Úlceras Orais;
2x/dia;
▪ Úlceras Genitais;
● Estavudina (d4T) cápsula 30 e 40mg, dose: 30 ou 40mg
▪ Trombocitopenia.
2x/dia;
● Abacavir comprimidos 300 mg, dose: 300 mg 2x/dia.
− Fase assintomática
▪ Sudorese noturna;
Não-nucleosídeos
▪ Fadiga;
● Nevirapina comprimido 200 mg, dose: 200 mg 2x/dia;
▪ Emagrecimento;
● Delavirdina comprimido 100 mg, dose: 400 mg 3x/dia;
▪ Diarréia;
● Efavirenz comprimido 200 mg, dose: 600 mg 1x/dia.
▪ Candidíase Oral e Vaginal (inclusive a
recorrente);
Nucleotídeo:
▪ Gengivite;
● Adefovir dipivoxil: comprimido, 60 e 120 mg, dose: 60
▪ Herpes Zoster;
ou 120 mg 1x/dia.
• Doenças oportunistas
− Inibidores da protease :Estas drogas agem no último
 DIAGNÓSTICO: Os testes para detecção da infecção pelo
estágio da formação do HIV, impedindo a ação da
HIV podem ser divididos basicamente em quatro grupos:
enzima protease que é fundamental para a clivagem das
SAÚDE DA MULHER – Lidiely Mello
cadeias protéicas produzidas pela célula infectada em  Os antirretrovirais utilizados na PEP também podem
proteínas virais estruturais e enzimas que formarão causar efeitos indesejados. Os mais comuns são: dor de
cada partícula do HIV: cabeça, enjoos e diarreia;
● Indinavir cápsula 400 mg, dose: 800 mg 3x/dia;  O atendimento para PEP é gratuito e é um direito
● Ritonavir cápsula 100mg, dose: 600mg 2x/dia; garantido pela Constituição Federal àqueles que
● Saquinavir cápsula 200mg, dose: 600mg 3x/dia; preencham os critérios do Ministério da Saúde.
● Nelfinavir cápsula de 250 mg, dose 750 mg 3x/dia;
● Amprenavir cápsula de 150 mg, dose 1.200 mg 2x/dia.

PREP - PROFILAXIA PRÉ-EXPOSIÇÃO

A PrEP é a combinação de dois medicamentos (tenofovir +


entricitabina) que bloqueiam alguns “caminhos” que o HIV usa
para infectar seu organismo. Ao tomar a PrEP diariamente, a
medicação pode impedir que o HIV se estabeleça e se espalhe
em seu corpo.

• A PrEP só tem efeito se você tomar os comprimidos


todos os dias. Caso contrário, pode não haver
concentração suficiente do medicamento em sua
corrente sanguínea para bloquear o vírus.

A PrEP inicia seu efeito após 7 dias de uso para relação anal e
20 dias de uso para relação vaginal.

PEP - PROFILAXIA PÓS EXPOSIÇÃO

É um tratamento com terapia antirretroviral (TARV), com a


combinação de Zidovudina + Lamivudina; por 28 dias e para
funcionar, o ideal é que você comece a tomar a medicação em
até 2 horas após a exposição ao HIV e no máximo após 72
horas, para evitar a sobrevivência e a multiplicação do vírus
HIV no organismo da pessoa. Ela é indicada às pessoas que
podem ter tido contato com o vírus em alguma situação, tais
como:

 Violência sexual;
− Relação sexual desprotegida (sem o uso de camisinha
ou com rompimento da camisinha);
− Acidente ocupacional (com instrumentos
perfurocortantes ou em contato direto com material
biológico);

Deve-se procurar imediatamente um serviço de saúde que


realize atendimento de PEP assim que julgar ter estado em
uma situação de contato com o HIV. É importante observar
que a PEP não serve como substituta à camisinha. Muito pelo
contrário: o uso de preservativos masculinos e femininos são
ainda a principal e mais eficiente maneira de se evitar o HIV.

 A PEP consiste na ingestão de uma pílula em uma dose


diária única, mas, a depender da avaliação do profissional
de saúde, você pode ser orientado a seguir outra
combinação de medicamentos, o que pode significar
precisar tomar mais de um medicamento por dia.
Scanned with CamScanner
Scanned with CamScanner
SAÚDE DA MULHER – Lidiely Mello
ação da progesterona do ciclo anterior juntamente
SANGRAMENTOS UTERINOS DISFUNCIONAIS com áreas de proliferação estrogênica do ciclo atual;
 Descartando gestação; ▪ Sangramento pré-menstrual: Caracterizado por perda
 Estímulo hormonal inadequado sobre o endométrio. escassa de sangue, geralmente escuro, tipo borra de café,
que antecede de alguns dias o sangramento menstrual.
Sangramento uterino disfuncional ou endócrino é um Também mais frequente no fim da vida reprodutiva
distúrbio frequente que pode ocorrer em qualquer época do (acima dos 35 anos) e associada a uma deficiente
período reprodutivo da mulher, mas concentra-se produção de progesterona. Deve nos alertar também para
principalmente em seus extremos, ou seja, logo após a a possibilidade de uma endometriose;
menarca e no período perimenopausa. ▪ Hipermenorréia ou menorragia: Frequentemente devida
a causas orgânicas como miomas, pólipos, adenomiose e
Para conceituar um sangramento uterino anormal é distúrbios da coagulação que cursam paralelo com ciclos
necessário primeiro estabelecer o que se considera um ovulatórios.
sangramento menstrual normal. O fluxo menstrual médio ▪ Persistência do corpo lúteo (Sindrome de Halban): É
dura de 3 a 8 dias, com uma perda sanguínea de 30 a 80ml, confundida frequentemente com gravidez ectópica, o que
com um ciclo médio varia entre 24 e 34 dias; já levou várias pacientes a cirurgia de urgência, pois
ocorre um atraso menstrual, seguido de perdas
• O sangramento uterino disfuncional é representado por
irregulares, dor no baixo ventre e presença de massa
duas situações distintas: Aquele que ocorre em pacientes
anexial representada por um corpo lúteo hemorrágico. Se
que estão ovulando e o que ocorre nas pacientes que não
o diagnóstico correto for confirmado pela
estão ovulando.
ultrassonografia e bHCG (afastando a gravidez), a
evolução espontânea seguirá sem maiores problemas.
 Sangramento disfuncional ovulatório:
▪ Sangramento da ovulação: Ocorre com mais frequência
 Sangramento disfuncional anovulatório
no fim da vida reprodutiva. É geralmente escasso e
coincide com o período ovulatório, que pode ser É uma das manifestações clínicas da anovulação crônica,
identificado pela secreção mucosa, clara, abundante e qualquer que seja a sua etiologia, e representa 80% dos casos
filante que se apresenta rajada de sangue e de hemorragias disfuncionais. O sangramento pode ser leve
eventualmente associada à dor da ovulação; ou intenso, constante ou intermitente, geralmente não
− O sangramento pode durar de um a três dias e é associado a sintomas de tensão pré-menstrual, retenção
possivelmente secundário à formação de pequenos hídrica ou dismenorréia, embora algumas vezes a paciente
trombos nos vasos endometriais consequentes à relate cólicas devido à passagem de coágulos pelo canal
elevação plasmática dos níveis de estrogênios, mas cervical.
pode também ser devida ao sangramento da rotura
folicular por ocasião da ovulação, que é captado pelo ▪ Fisiopatologia:
óstio tubário.
Ciclos anovulatórios podem ocorrer em qualquer época do
▪ Polimenorréia: Refere-se a ciclo ovulatório com menos
menacme, mas é particularmente frequente nos extremos da
de 24 dias de intervalo e é geralmente devida a um
vida reprodutiva, seja logo após a menarca ou no período pré-
encurtamento da fase folicular, embora possa também
menopausa.
ocorrer uma diminuição da fase lútea ou de ambas. A
temperatura basal identificará com precisão estas • Na puberdade, a anovulação se deve a uma imaturidade
alterações;
do eixo Córtex-Hipotálamo-Hipófise-Ovário, ainda
▪ Descamação irregular: É caracterizada por
incapaz de levar um folículo ao estágio maduro e
sangramento prolongado e abundante com intervalos
desencadear o pico ovulatório de LH.
regulares.
• Na menacme, a anovulação crônica é consequência
− A biópsia do endométrio praticada pelo menos 5 dias
geralmente de um mecanismo de feedback inapropriado,
após o início do sangramento mostrará um aspecto de
cujo resultado levará invariavelmente aos ovários
endométrio misto, onde identificam-se
policísticos.
histologicamente áreas de secreção avançada,
• No período climatérico, a anovulação se deve à falência
reepitelização endometrial incompleta e proliferação
funcional dos ovários, quando ainda produzem
inicial.
estrogênios, mas não mais ovulam e consequentemente
− Este quadro sugere uma regressão retardada do corpo
não produzem progesterona. Também os ovários
lúteo, fazendo com que ainda persistam áreas sob a
poderão estar policísticos, desde que exista ainda uma
população folicular suficiente, porém, não é a regra.
SAÚDE DA MULHER – Lidiely Mello
O sangramento ocorre superficialmente, na camada fato do sangramento disfuncional da adolescente ser uma
compacta, e representa uma perda por deprivação patologia geralmente auto-limitada, pois à medida que o eixo
estrogênica (hemorragia de privação) ou por níveis C-H-H-O amadurece, instalam-se os ciclos ovulatórios que
estrogênicos incapazes de manter um estímulo endometrial corrigem espontaneamente o sangramento irregular.
constante e adequado, portanto, diferente da descamação
ordenada da camada funcional do endométrio que ocorre na Nos casos de sangramento prolongado, com uma perda
menstruação de ciclos ovulatórios. sanguínea maior, haverá obviamente a necessidade de
tratamento. Se a paciente está sangrando é porque existe
produção estrogênica adequada, caso contrário ela não
sangraria, estaria em amenorréia. Portanto, em princípio, este
hormônio não deve ser empregado. O que a paciente não está
produzindo é a progesterona e esta, sim, é a medicação
racional. Sua ação fisiológica é obtida na dose de 300mg
diários de progesterona pura por via oral durante 10 dias. A
ação progestacional interromperá imediatamente o efeito
proliferativo do estrogênio sobre o endométrio,
transformando-o em endométrio secretor. Por outro lado, o
progestogênio não promove a cicatrização (epitelização) do
endométrio e, consequentemente, a interrupção do
sangramento. Logo ela provavelmente continuará perdendo
sangue durante o uso da medicação. Após 10 dias de
tratamento a medicação é suspensa e 3 a 4 dias depois
ocorrerá uma descamação fisiológica da camada funcional do
endométrio, correspondendo a uma menstruação verdadeira.
• Sangramento imprevisível: fluxo e duração;
Na menacme: o tratamento é basicamente o mesmo. Porém a
Anovulação crônica
ausência da ovulação neste período, como na adolescência,
levará fatalmente ao aparecimento dos ovários policísticos,
CORPO LÚTEO
pois eles são simplesmente a expressão morfológica de um
estado anovulatório crônico, assim como a hiperplasia do
PROGESTERONA

DISMENORRÉIA
• Se uma paciente não tem a produção de progesterona, o
seu endométrio irá ser continuamente estimulado apenas  Caracterizada por uma dor intensa no abdome inferior,
por estrogênio; ou seja, será um endométrio estrogênico que pode ser estendida a parte interna de coxa e região
instável, em que irá crescer excessivamente até o momento lombo-sacra, ocorre durante o período menstrual nos
em que descamará porque os vasos não suportam seu primeiros 3 dias de fluxo, cólica menstrual. É um distúrbio
crescimento; gerando um quadro de sangramento uterino; ginecológico que afeta 50% das mulheres que se
• As principais causas são a SOP; Obesidade/stress; encontram no período de maturidade sexual e
Hipotireoidismo; Extremos da menacme; reprodutiva, sendo mais comum em mulheres jovens e
Hiperprolactinemia; que cerca de 90% das mulheres experimentam esse
quadro em alguma fase da vida;

 PRIMÁRIA: ocorre em mulheres sem nenhuma doença


 Tratamento do sangramento uterino disfuncional pélvica orgânica, com ciclos menstruais normais. É mais
anovulatório: comum em mulheres com menos de 20 anos, podendo
cessar ou diminuir significativamente após esta idade, ou
Na puberdade: Antes de prescrever qualquer medicação, após a primeira gestação.
devemos ter em mente a fisiopatologia do processo. Isto já nos • A intensidade da dismenorreia primária apresenta-se:
indica que, afastada uma coagulopatia, estaremos − Forma leve: dor branda, causando cólica, desconforto,
provavelmente diante de um quadro de sangramento sensação de peso no ventre ou nas costas;
disfuncional anovulatório. Como tal, o sangramento − Moderada: além do desconforto, sensação de mal-
raramente é intenso, a ponto de exigir uma solução urgente, estar, diarreia e cefaleia;
portanto o melhor tratamento é nenhum tratamento, apenas
esclarecimento e observação. Esta conduta é reforçada pelo
SAÚDE DA MULHER – Lidiely Mello
− Grave: incapacitando a mulher de realizar suas AVD’s, MIOMAS
como estudar e trabalhar no período de dois a sete dias,
e sendo acompanhada de transtorno gastrintestinal  Os miomas uterinos (também conhecidos por leiomiomas
inclusive com vômitos, dor referida nas costas, nas coxas ou fibromas uterinos) constituem a principal indicação de
e cefaleia. histerectomia devido à morbilidade associada.
• Fisiopatologia: A elevação dos níveis de prostaglandinas -  São os tumores pélvicos sólidos benignos mais frequentes
atividade da ciclooxigenase-2(COX-2), favorece a na mulher em idade reprodutiva;
exacerbação de contrações uterinas para ocorrer a  Estas neoformações, habitualmente de natureza benigna,
liberação do conteúdo endometrial. Essa contração bem circunscritas e não infiltrativas, têm origem na
exagerada promove a redução do fluxo vascular uterino, camada muscular lisa do miométrio. Os seus
causando hipóxia e isquemia, o que aumenta ainda mais constituintes são músculo liso e matriz extracelular
o quadro doloroso. Algumas mulheres podem produzir (colágeno, proteoglicanos e fibronectina);
prostaglandinas em excesso ou serem mais sensíveis a  São tumores estrogênio-dependentes, podendo atingir
esta substância. A ação das prostaglandinas estimula um tamanho significativo sob a influência desse
contrações na musculatura lisa do estômago, intestino e hormônio. Essa observação é fortemente sugerida pelo
vasos sanguíneos, resultando em sintomas como náuseas, fato de que eles tendem a sofrer involução após a
vômitos, diarréia, irritabilidade, palidez e cefaleia. menopausa, assim como sob efeito do tratamento com
agonistas de GnRH. Existem evidências de que a
 SECUNDÁRIA: está relacionada a alterações do sistema progesterona também exerça um papel de estímulo ao
reprodutivo como: endometriose, mioma, infecções crescimento tumoral, além de outros fatores de
pélvicas, anormalidades congênitas da anatomia do útero crescimento locais;
ou da vagina, inflamação pélvica, adenomiose (presença  Das diversas teorias propostas, uma das mais aceitas
de glândulas e estroma endometrial dentro do postula que as células miometriais somáticas sofrem
miométrio), cisto ovarianos, aderências pélvicas, uso do perda da regulação do crescimento, originando um grupo
DIU (dispositivo intrauterino) como método de células monoclonais que irá constituir o nódulo de
anticoncepcional, entre outras. mioma;
• Assim como na primária, há o aumento da produção de Níveis aumentados de estrogênios e progesterona
prostaglandinas, pois o útero precisa contrair-se para resultam num aumento da taxa de mitoses, ao aumentar
liberar o endométrio na menstruação. Porém, o que a probabilidade de ocorrência de mutações somáticas, o
ocorre na dismenorreia secundária é que as que, por sua vez, contribui para a formação de miomas;
prostaglandinas atuam concomitantemente com o fator Os hormônios esteroides gonodais, estrogênios e
etiológico – nesse caso uma doença orgânica pélvica – progesterona, são os únicos moduladores importantes do
potencializando os fenômenos inflamatórios e dolorosos. crescimento e transformação dos miomas. Tem sido
demonstrado que no seu local de crescimento e
 Na dismenorreia primária, a dor é aguda e espaçada; na desenvolvimento existem receptores aumentados de
dismenorreia secundária, a dor é pesada e contínua. estrógeno e progesterona relativamente ao miométrio e
 Na dismenorreia primária, a dor tem duração típica de endométrio normais, fato que pode explicar a
dois a três dias, e está associada ao início do fluxo sensibilidade dos miomas aos hormônios esteroides,
menstrual; na dismenorreia secundária, a dor pode tanto endógenas como exógenas.
iniciar até duas semanas antes da menstruação e Os fatores de crescimento são elementos essenciais no
persistir durante todo o ciclo. controle da taxa de proliferação celular e a sua
superexpressão ou a dos seus receptores poderão
contribuir para a gênese tumoral. Assim, os hormônios
ováricos atuam como reguladores de expressão gênica
das células.
As células dos miomas produzem em excesso citocinas e
fatores de crescimento que respondem e resultam em
uma proliferação e fibrogênese sustentada e
autoestimulada.
SAÚDE DA MULHER – Lidiely Mello
• Salientam-se os seguintes fatores de crescimento • Desconforto/pressão/dor pélvica
associados a esta patologia: em 30-50% dos casos, causados
pelo efeito de massa;
TNF- • Dismenorreia;
• Dispareunia;
Bcl - 2 • Como consequência do efeito de
massa causado sobre a bexiga e
vias urinárias (compressão
• Os mediadores referidos, em conjunto com os hormônios geniturinária) poderão surgir frequência e incontinência
esteroides, causam aumento da atividade mitótica e urinária, disúria e, mais raramente, hidronefrose;
deposição de matriz extracelular.
DIAGNÓSTICO
CLASSIFICAÇÃO
 Diagnóstico clínico:
Os miomas uterinos caracterizam-se de acordo com a sua
− Os subserosos tendem a causar sintomas compressivos e
localização anatómica: a maioria surge no corpo do útero
e uma minoria ao nível do colo uterino ou ligamento distorção anatômica de órgãos adjacentes;
largo. − Os intramurais causam sangramento e dismenorreia;
• A localização dos miomas relativamente à camada − Os submucosos produzem sangramentos irregulares com
muscular do útero determina a sua classificação em maior frequência.
subserosos, intramurais ou submucosos. • O diagnóstico é baseado na história clínica (sinais e
− Os subserosos situam-se imediatamente abaixo da sintomas), no toque vaginal bimanual - útero aumentado,
serosa e podem estar ligados ao corpo uterino por uma móvel e com contornos irregulares, e na ultrassonografia.
base larga ou estreita.
− Os intramurais encontram-se predominantemente na  Exames de imagem são necessários para confirmação
espessura do miométrio, podendo distorcer a cavidade diagnóstica e definir localização do tumor.
uterina ou o contorno exterior do útero.
− Os submucosos localizados imediatamente abaixo do
TRATAMENTO
endométrio também podem se ligar ao restante útero
por uma base larga ou estreita. O tratamento das pacientes com miomas sintomáticos deve
ser individualizado, levando-se em consideração a idade da
Apesar do uso alargado desta classificação, poucos miomas
paciente (proximidade da menopausa), o desejo de gestação,
são de um tipo único e, frequentemente, ocupam mais do
os sintomas provocados, o tamanho e a localização dos
que uma localização anatómica.
miomas.

O objetivo do tratamento clínico é o alívio dos sintomas. Como


a grande maioria das pacientes com miomas torna-se
assintomática após a menopausa, o tratamento
medicamentoso pode tornar os sintomas aceitáveis até a
chegada da menopausa, evitando-se os riscos associados aos
tratamentos cirúrgicos.

Tratamento Clínico
 Anticoncepcionais orais: são eficazes para correção do
sangramento uterino disfuncional;
 Análogos do hormônio liberador das gonadotrofinas:
medicações efetivas no tratamento clínico, levando à
SINAIS E SINTOMAS redução de 35-60% do volume dos miomas em três
meses. Normalmente, são utilizados no preparo cirúrgico
A suspeita clínica de miomas uterinos é muitas vezes baseada das pacientes, pois, em função dos efeitos colaterais,
num exame pélvico, no qual é detectada a presença de um como perda de massa óssea, distúrbio do perfil lipídico e
útero aumentado de volume ou de contorno irregular. sintomas climatéricos, não devem ser usados por mais de
seis meses;
• Sangramento disfuncional – hipermenorreia;
 Antiinflamatórios não esteróides: Estes fármacos são
utilizados no tratamento do sangramento vaginal
SAÚDE DA MULHER – Lidiely Mello
excessivo e dismenorréia; entretanto, não parecem • Disseminação de células ou tecido endometriais através
reduzir as perdas sanguíneas em mulheres com miomas; de vasos sanguíneos e linfáticos explicaria as localizações
fora da cavidade pélvica;
Cirurgia  Fatores genéticos: mulheres com parentesco de primeiro
 Histerectomia: O tratamento definitivo da miomatose grau com mulheres que apresentam/apresentaram
sintomática é cirúrgico. endometriose possuem 7 vezes mais chances de
 Embolização: A embolização da artéria uterina (EAU) tem desenvolver a doença;
sido utilizada para tratar uma série de problemas  Fatores imunológicos: mudanças na imunidade humoral
hemorrágicos em ginecologia e obstetrícia, sendo e celular estão implicadas na patogênese da
também uma opção conservadora para pacientes com endometriose:
miomas sintomáticos que têm contraindicação ou não ▪ Deficiência na imunidade celular pode resultar na
desejam se submeter aos riscos cirúrgicos. A embolização inabilidade de reconhecer a presença do tecido
da artéria uterina causa infarto do mioma, reduzindo seu endometrial em locais atípicos;
tamanho em 50% e a sintomatologia em 85% dos casos; ▪ Atividade das células NK reduzida acarreta em uma
 Miomectomia: A indicação de miomectomia dependerá diminuição da citotoxicidade ao endométrio autólogo,
do desejo da paciente de manter a fertilidade e o útero. É não ocorrendo a destruição do tecido endometrial
importante ressaltar que a recorrência de miomas é ectópico antes da sua implantação;
estimada entre 15-30%, sendo que 10% das mulheres ▪ Aumento da concentração de leucócitos e macrófagos na
necessitam uma nova intervenção. A miomectomia pode cavidade peritoneal e no endométrio ectópico – estas
ser laparotômica, por via vaginal, laparoscópica ou células secretam citocinas, fatores de necrose tumoral e
histeroscópica, dependendo da localização, do tamanho e fatores de crescimento no fluído peritoneal de mulheres
do número de miomas a serem retirados. com endometriose;
▪ As células de defesa, que deveriam agir eficientemente
ENDOMETRIOSE na remoção das células endometriais da cavidade
peritoneal, estimulam a secreção de citocinas locais e
Endometriose é uma doença ginecológica definida pelo
fatores de crescimento, que estimulam a adesão e
desenvolvimento e crescimento de estroma e glândulas
proliferação do endométrio ectópico e a angiogênese
endometriais fora da cavidade uterina, o que resulta numa
local; acarretando à proliferação endometrial, invasão e
reação inflamatória crônica. É diagnosticada quase que
recrutamento de capilares e posterior quimioatração de
exclusivamente em mulheres em idade reprodutiva; mulheres
leucócitos para o local da reação inflamatória.
pós-menopáusicas representam somente 2% - 4%;
 Fatores hormonais: O desenvolvimento e crescimento da
• As localizações mais comumente envolvidas são ovários, endometriose são estrogênio dependentes, ou seja, o
fundo de saco posterior e anterior, folheto posterior do estrogênio atua na promoção da doença.
ligamento largo, ligamentos úterossacros, útero, tubas ▪ A aromatase – enzima que converte andrôgenios e
uterinas, cólon sigmoide, apêndice e ligamentos estrogênios, é expressa de forma anormal no endométrio
redondos; de mulheres com endometriose;
 A patogênese da endometriose tem sido explicada por ▪ O estrogênio endometrial pode estimular a atividade local
diversas teorias que apontam para a multicausalidade, da COX-2 que produz prostaglandina E2 – potente
associando fatores genéticos, anormalidades estimuladora de aromatase, e consequentemente
imunológicas e disfunção endometrial; desencadeia um feedback positivo para a produção
contínua de estrogênio no endométrio.
• Na teoria da implantação, o tecido endometrial, por meio
da menstruação retrógrada, teria acesso a estruturas
SINAIS E SINTOMAS
pélvicas através das tubas uterinas implantando-se na
superfície peritoneal, estabelecendo fluxo sanguíneo e
gerando resposta inflamatória;
• A teoria da metaplasia celômica propõe que células
indiferenciadas do peritônio pélvico teriam capacidade de
se diferenciar em tecido endometrial.
• A teoria do transplante direto explicaria o
desenvolvimento de endometriose em episiotomia, em
cicatriz de cesariana e em outras cicatrizes cirúrgicas.
SAÚDE DA MULHER – Lidiely Mello
• Dispareunia: início recente, com mais intensidade na
penetração profunda e quando antecede a
menstruação;
• Dor pélvica crônica: relacionada à inflamação peritoneal
local, infiltração profunda com lesão tecidual, formação
de aderências, espessamento fibroso e coleção de
sangue menstrual eliminado por implantes
endometrióticos.

O estadiamento mais comumente usado é a classificação


revisada da American Society of Reproductive Medicine
(ASRM) que leva em consideração tamanho, profundidade,
localização dos implantes endometrióticos e gravidade das
aderências. Consiste de 4 estágios:

 Estágio 1 (doença mínima) – implantes isolados e sem


aderências significativas;
 Estágio 2 (doença leve) – implantes superficiais com
menos de 5 cm, sem aderências significativas;
 Estágio 3 (doença moderada) – múltiplos implantes,
aderências peritubárias e periovarianas evidentes;
 Estágio 4 (doença grave) – múltiplos implantes superficiais
e profundos, incluindo endometriomas e aderências
densas e firmes.
O estágio 4 é o de doença mais extensa. Não há,
entretanto, correlação entre o estágio da doença com
 Aspectos macroscópicos das lesões: lesões atípicas que prognóstico e nível de dor. A dor é influenciada pela
se apresentam através se vesículas; lesões vermelhas em profundidade do implante endometriótico e por sua
chama de vela; localização em áreas com maior inervação.
As lesões são consideradas de acordo com a sua evolução
e idade:  No exame físico: se fundamenta na identificação por visão
▪ Vermelhas: muito ativas, podem apresentar-se como direta de nódulos azulados ou marrons da vagina e do colo
petéquias; do útero pelo exame especular ou através da vaginoscopia
▪ Pretas: menos ativas, descritas como “queimadura por (pacientes virgens). Geralmente não existe achados
pólvora”, podem apresentar-se como nódulos pretos, anormais no exame físico; deve ser realizado no período
castanho-escuros ou azulados, ou com pequenos cistos próximo à mesntruação, quando a sensibilidade é mais
contendo hemorragia antiga circundada por um grau facilmente detectada.
variável de fibrose;  Exames laboratoriais: o CA-125 encontra-se elevado nos
▪ Brancas: resquícios cicatriciais. casos de endometrioses moderada ou grave, mas pode se
elevar em várias outras situações, por esse motivo, ele
DIAGNÓSTICO não deve ser usado exclusivamente como diagnóstico
para a doença, mas sim como indicativo de sua progressão
 Na anamnese a endometriose caracteriza-se
pós-tratamento.
principalmente por dor, dismenorreia, dispareunia, dor
 Exames de imagem: ultrassonografia transvaginal;
pélvica crônica e infertilidade;
ressonância magnética de abdome e pelve;
• Dismenorreia: é a queixa mais comum das pacientes;
videolaparoscopia.
com caráter progressivo, ou seja, aumenta a intensidade
com o passar do tempo, tipicamente com início antes
TRATAMENTO
do fluxo menstrual e persiste durante toda sua
duração; sendo a dor difusa na pelve e intensa, podendo A escolha do tratamento dependerá da gravidade dos
irradiar para região lombar ou para as coxas, associada sintomas, da extensão e localização da doença, do desejo de
à sensação de compressão retal e episódios diarreicos. engravidar e da idade da paciente. Pode ser medicamentoso,
cirúrgico ou, ainda, a combinação de ambos. A eficácia dos
SAÚDE DA MULHER – Lidiely Mello
tratamentos tem sido medida por avaliações da melhora da SÍNDROME DO OVÁRIO POLICÍSTICO – SOP
dor e das taxas de fertilidade.
A etiologia da SOP ainda não é completamente conhecida.
• O principal foco do tratamento medicamentoso é a Acredita-se que exista desordem multigênica complexa,
manipulação hormonal com intenção de produzir incluindo anormalidades no eixo hipotálamo-hipofisário,
pseudogravidez, pseudomenopausa ou anovulação esteroidogênese e resistência insulínica;
crônica, criando um ambiente inadequado para o
crescimento e a manutenção dos implantes da • Esteroidogênese anormal: A maioria dos autores
endometriose; considera que a esteroidogênese anormal, de origem
▪ Danazol: Produz pseudomenopausa, inibe a liberação ovariana ou adrenal, seja a desordem primária da SOP.
de GnRH e o pico de LH, aumenta os níveis dos Altas concentrações de testosterona circulante e de
androgênios (testosterona livre) e diminui os de hidroepiandrosterona (DHEA) ocorrem na maioria das
estrogênios (inibe produção de esteroides no ovário mulheres com SOP. Associado ao excesso de tais
com diminuição de produção de estrogênios), o que andrógenos, há, ainda, um aumento na produção de
causa atrofia dos implantes endometrióticos; estradiol pelas células granulosas ovarianas;
▪ Progestágenos: Causam inibição do crescimento do • Anormalidades na função pituitária: A desorganização na
tecido endometriótico diretamente através de liberação das gonadotrofinas Hormônio Luteinizante (LH)
decidualização e atrofia. Também inibem a secreção e Hormônio Folículo Estimulante (FSH) pela pituitária têm
de gonadotropina hipofisária e produção de sido implicada na patogênese da SOP.
hormônios ovarianos. Nas pacientes com SOP, a relação LH/FSH está alterada,
▪ Análogos do GnRH: Proporcionam mecanismo de sendo a secreção de LH superior em relação à do FSH,
feedback negativo na hipófise, gerando resultando em aumento da produção de andrógenos
hipogonadismo hipogonadotrófico que leva a pelas células da teca e em ciclos anovulatórios. No
amenorreia e anovulação, de onde se tem o seu efeito entanto, estudos mais recentes têm demonstrado que
terapêutico. Este efeito inibitório é reversível. estas alterações nos níveis do LH sejam um evento
secundário e não primário. Assim, níveis mais elevados de
• Tratamento cirúrgico está indicado quando os sintomas androstenediona circulante são observados, com
são graves, incapacitantes, quando não houve melhora consequente aumento da conversão periférica desta em
com tratamento empírico com contraceptivos orais ou testosterona. O excesso de andrógeno altera a relação de
progestágenos, em casos de endometriomas, de distorção regulação dos hormônios femininos, resultando em níveis
da anatomia das estruturas pélvicas, de aderências, de de estrógenos aumentados, irregularidade menstrual e
obstrução do trato intestinal ou urinário e em pacientes infertilidade.
com infertilidade associada à endometriose. A cirurgia
pode ser classificada como conservadora ou definitiva.
Cirurgia conservadora: Envolve destruição dos focos de
endometriose e remoção de aderências com
consequente restauração da anatomia pélvica.
Cirurgia definitiva: Envolve histerectomia com ou sem
ooforectomia - remoção cirúrgica de um (unilateral) ou
ambos ovários (de acordo com a idade da paciente). Está
indicada quando há doença grave, persistência de
sintomas incapacitantes após terapia medicamentosa
ou cirúrgica conservadora, outras doenças pélvicas com
indicação de histerectomia e ausência de desejo de
engravidar.
SAÚDE DA MULHER – Lidiely Mello

• Dislipidemia
SINAIS E SINTOMAS ▪ Aumento de LDL;
▪ Diminuição de HDL;
• Ciclos anuvolutórios:
▪ Aumento de triglicérides;
▪ Ciclos irregulares – muito tempo sem menstruar,
• Infertilidade.
levando a uma amenorreia secundária;
▪ Oligomenorreia – intervalos maiores; geralmente
CONSEQUÊNCIAS À LONGO PRAZO DA SOP NÃO
mais de 35 dias entre uma menstruação e outra; TRATADA
▪ Sangramento uterino disfuncional;
• Hiperandrogenismo: − Doenças cardiovasculares – infarto agudo do
▪ Seborreia; miocárdio; acidente vascular cerebral;
▪ Presença acne; − Hiperplasia do endométrio/ câncer de endométrio;

▪ Alopecia;
▪ Hirsutismo – surgimento de pelos (com padrão mais
DIAGNÓSTICO
masculino; pelos pigmentados e grossos);
• Obesidade:  Critérios de Rotterdam: para confirmar-se SOP é
▪ IMC >30 necessário no mínimo 2 de 3:
▪ Padrão androide – aumento da gordura cintura- 1) Ciclos anovulatórios
quadril. Oligomenorreia ou disfunção menstrual;
SAÚDE DA MULHER – Lidiely Mello
2) Hiperandrogenismo laboratorial ou clínico Tendência à invasão profunda do miométrio e alta
3) Ovários policísticos ao USG frequência de metástases para linfonodos pélvicos.
>12 folículos em um ovário ou volume ovariano >10 ml  CÂNCER DE OVÁRIO
• A principal característica para a confirmação da SOP é a ▪ É o câncer que apresenta o menor índice de cura entre
detecção do excesso de andrógenos através de exames as localizações genitais, pois a localização profunda
laboratoriais, embora o consenso permita apenas dos ovários na pélvis feminina impede o diagnóstico
evidências clínicas de hiperandrogenismo; precoce, sendo o diagnóstico possível quando o tumor
• Ultrassom pélvico: já é de grande tamanho, com extensa invasão;
▪ 12 ou mais folículos medindo 2 a 9 mm; ▪ Um exame ginecológico anual, em mulheres com mais
▪ Volume ovariano aumentado (> 10mL). de 40 anos, e uma ultrassonografia transvaginal são os
meios capazes de descobrir um tumor ainda em fase
TRATAMENTO inicial e propiciar a cura;
▪ O uso contínuo e prolongado de pílulas
 Modificações do estilo de vida;
anticoncepcionais tem um efeito protetor para o
 Anticoncepcionais hormonais combinados;
ovário, e quanto maior for o período de uso, menor
▪ Progesterona:
será a incidência de câncer do ovário.
− Para suprimir LH -> levando a baixa de androgênio
 CÂNCER DE VULVA
circulante;
▪ Os tumores malignos da vulva são considerados pouco
− Para atuar no endométrio proliferativo -> proteção
frequentes. O câncer da vulva é uma doença da mulher
endometrial. idosa, pois sua grande incidência ocorre depois da
▪ Estrogênio (ação contrária da testosterona):
menopausa. A vulva apresenta - assim como o colo do
− Aumento de SHBG (globulina carreadora de útero - lesões consideradas pré-malignas.
hormônios sexuais) no fígado; que vai se ligar à
testosterona -> redução da testosterona livre.
Incidência dos tumores
 Para a resistência insulínica:
ginecológicos
− Metformina -> Diminui a glicogênese hepática e
aumenta a sensibilidade à insulina; 1º Câncer do colo do útero;
2º Câncer de endométrio;
3º Câncer de ovário;
PRINCIPAIS TUMORES GINECOLÓGICOS outros

 CÂNCER DE ENDOMÉTRIO
▪ Os principais fatores de risco associam-se aos efeitos
proliferativos da exposição prolongada ao estrogênio,
principalmente quando contínua e sem oposição
progestrogênica;
▪ O estímulo hormonal acarreta em alterações
proliferativas no tecido endometrial, que podem
culminar em hiperplasia e precipitar a transformação
maligna;
▪ A hiperplasia endometrial corresponde a um espectro
de alterações morfológicas e biológicas das glândulas
e do estroma edometrial;
▪ Pode cursar com episódios de sangramento uterino
disfuncionais;
• Tipos de câncer de endométrio:
 Tipo I: mais frequente; se origina a partir de um
endométrio hiperplásico que evolui para um
carcinoma; associado ao hiperestrogenismo.
 Tipo II: não possui associação com hiperestrogenismo
e hiperplasia endometrial; origina-se a partir de um
endométrio atrófico; normalmente sendo menos
diferenciado e menos sensível aos progestagenos.
Scanned with CamScanner

Você também pode gostar