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MENOPAUSA

O QUE É MENOPAUSA?
A menopausa define-se como a última menstruação, confirmada após 12 meses
consecutivos de amenorreira (ausência de menstruação), sendo esta devida à
paragem definitiva do funcionamento do ovário. A peri-menopausa consiste no
período de tempo em que se manifestam os primeiros sintomas e termina 12 meses
após a última menstruação. Este período de transição tem duração variável de
mulher para mulher, caracterizando-se por alterações no ciclo menstrual e por
sintomas típicos.
A pré-menopausa consiste no período de vida fértil da mulher (anterior à
menopausa), sendo frequentemente utilizada a expressão para se referir ao período
de tempo que ocorre entre a diminuição da função ovárica e a menopausa. A pós-
menopausa refere-se ao tempo que se segue à menopausa.
A menopausa espontânea ou natural caracteriza-se pela falência do funcionamento
do ovário, que ocorre de forma progressiva e sem intervenção médica. A menopausa
iatrogénica ocorre quando há uma intervenção que termina o funcionamento
ovárico (quimioterapia ou radioterapia), o que inclui a remoção cirúrgica (operação)
de ambos os ovários.
PORQUE OCORRE A MENOPAUSA?
O ovário tem como função ovular (libertação do ovócito presente nos
folículos do ovário), estando esta atividade associada à produção das
hormonas sexuais femininas (estrogéneo e progesterona), com o objetivo
final de promover uma gravidez.
O funcionamento do ovário está intimamente relacionado com as
menstruações. As hormonas produzidas ciclicamente pelo ovário vão atuar
no endométrio (parte interna do útero) levando à sua estimulação e, se não
houver uma gravidez, à sua posterior descamação – menstruação. A mulher
nasce com uma reserva de folículos definida que vai diminuindo ao longo de
toda a sua vida. Quando a quantidade de folículos presente no ovário se
encontra abaixo de um limiar e a reserva ovárica se esgota, este deixa do
funcionar e de produzir as suas hormonas, levando ao aparecimento de
alterações físicas e psíquicas.
COM QUANTOS ANOS A MULHER
ENTRA NA MENOPAUSA?
A idade média em que ocorre a menopausa não se tem
alterado ao longo dos anos. Nos países ocidentais, na
maioria das mulheres a menopausa ocorre entre os 45 e
os 55 anos, sendo a idade média de 51 anos.
A menopausa precoce define-se quando esta ocorre antes
dos 45 anos, mas depois dos 40 anos de idade (veja
adiante “menopausa precoce”). A insuficiência ovárica
prematura refere-se à que ocorre antes dos 40 anos. A
menopausa tardia ocorre depois dos 55 anos.
QUAIS OS SINTOMAS DA MENOPAUSA?
Durante o período da peri-menopausa, algumas mulheres começam a ter vários sintomas que
podem ser mesmo intensos, enquanto outras podem não ter mesmo qualquer tipo de queixa.
Os sintomas da pré menopausa podem começar na mesma altura em que começam a ocorrer
as irregularidades menstruais (menstruação que ocorre de forma irregular). As irregularidades
menstruais correspondem a um dos primeiros sinais da falta de produção hormonal pelo
ovário. A menstruação começa a ter um padrão diferente do que é habitual na duração e na
quantidade do fluxo, passando a ter um aumento do período de tempo sem menstruação.
Podem surgir também alterações do humor, associados a um estado de maior ansiedade e
irritabilidade, dificultando a forma de lidar com situações de stress do dia a dia. Estas
alterações psicológicas associadas à diminuição da qualidade do sono podem causar uma
instabilidade emocional e uma sensação de “mau estar”, e até mesmo um quadro depressivo.
Com a menopausa aumenta o risco de doenças cardiovasculares, com alteração no perfil do
colesterol e consequente aumento de risco trombótico. O risco de aparecimento de
hipertensão e de diabetes aumenta nesta fase. As alterações hormonais da menopausa
promovem um aumento da massa gorda e do volume abdominal e, apesar de não comprovado
por estudo científicos a sua associação, são frequentes as queixas de aumento de peso e de
dificuldade em emagrecer.
MENOPAUSA PRECOCE
A menopausa precoce (que ocorre antes do 45 anos) e insuficiência ovárica prematura
(que ocorre antes dos 40 anos) ocorre em cerca de 1 a 3% das mulheres. Por vezes,
podemos estar perante uma situação de falência do ovário que não é permanente,
possibilitando uma futura gravidez.
As causas que podem levar a esta situação clínica podem ser alterações genéticas,
doenças autoimunes, infeções, cirurgias, quimioterapia, radioterapia e alguns fatores
ambientais. No entanto, numa grande percentagem dos casos pode não ser identificada a
causa.
Clinicamente, as manifestações podem começar por alterações menstruais, a mulher
permanece vários meses em amenorreia (sem menstruação). Os sintomas vasomotores
podem estar presentes em 85% das mulheres. As manifestações clínicas associadas à
menopausa (sintomas vasomotores, alterações de humor e cognitivas, alterações do
aparelho urogenital, alterações ósseas e cardiovasculares) estão igualmente presentes
nestes casos. No entanto, a insuficiência ovárica prematura está associada a um maior
risco cardiovascular e a uma possível diminuição da esperança de vida, sendo importante
a adoção de medidas preventivas como não fumar, praticar exercício físico regular e
manter peso adequado, e instituição de terapêutica indicada.
DIAGNÓSTICO DA MENOPAUSA
O diagnóstico da menopausa é feito sem ser obrigatória a realização de exames
complementares (análises). No entanto, a avaliação analítica permite detetar os níveis
hormonais, o que dá consistência ao diagnóstico de menopausa.
Para o diagnóstico de menopausa é necessária a permanência de 12 meses sem
menstruação. No entanto, em casos de mulheres entre os 40 e os 45 anos com
sintomatologia característica e com irregularidades menstruais ou em mulheres com
menos de 40 anos em que haja a suspeita de menopausa, o estudo analítico pode estar
indicado.
O estudo analítico permite o doseamento hormonal que se torna característico nesta
situação (FSH > 25 UI/L e estradiol < 20 pg/ml) devendo, no entanto, ser sempre
excluída a presença de fatores de interferência (por exemplo, a toma da pílula).
Nos casos de suspeita de menopausa precoce ou de insuficiência ovárica prematura
deve haver confirmação analítica em duas ocasiões, com intervalo de 4 a 6 semanas
COMPLICAÇÕES DA MENOPAUSA
Os fatores genéticos, ambientais, raciais, estilo de vida (hábitos tabágicos e de exercício físico) e
antropométricos (obesidade) podem fazer variar a intensidade dos sintomas entre as mulheres. De
igual forma, as diferenças socioculturais têm influência na forma como esta fase da vida da mulher
é vivida. Assim, as consequências e a interferência na qualidade de vida da mulher pode variar.
A sintomatologia que pode interferir na vida diária da mulher são, a curto prazo, os sintomas
vasomotores (“calores” e afrontamentos), as alterações do sono e emocionais; a médio prazo, os
sintomas uro-genitais (disúria, incontinência urinária, dispareunia, secura e ardor vulvovaginal); a
longo prazo, destacam-se as complicações cardiovasculares, a osteoporose e as alterações
cognitivas.
Após a menopausa há um aumento de perda da massa óssea. A osteoporose é uma doença que
pode ser grave por aumentar o risco de fraturas ósseas. Nas mulheres na terceira idade (60 anos ou
mais), cerca de 35% poderão sofrer de fratura da coluna vertebral e 18% poderão ter fratura da
anca.
Apesar de não ser consensual, alguns estudos apontam para a associação da menopausa com
alterações cognitivas como a diminuição da capacidade de concentração e perturbações de
memória.
Após a menopausa, uma vez que o ovário deixa de ter atividade e deixa de ovular, deixa de ser
possível engravidar.
COMO ALIVIAR OS SINTOMAS
NA MENOPAUSA?
O principal objetivo que se pretende com as terapêuticas instituídas na menopausa é o alívio dos sintomas
e dos efeitos físicos associados. Para isso, a abordagem de cada mulher deve ser individualizada, com uma
avaliação clínica detalhada de forma a identificar fatores de risco que possam contraindicar algumas das
terapêuticas. É importante valorizar a idade da mulher e o tempo de menopausa, o risco cardiovascular, o
risco de cancro da mama e de osteoporose.
Para o alívio dos sintomas associados à menopausa temos ao dispor diversos fármacos, com hormonas e
sem hormonas, e que podem ser administrados por via oral (comprimidos), transdérmica (selo ou adesivo),
percutânea ou local (vulvovaginal). A terapêutica hormonal continua a ser a mais eficaz no alívio dos
sintomas vasomotores e da atrofia vulvovaginal (associada à dor durante as relações sexuais). Este tipo de
terapêutica reveste-se de particular importância nos casos de menopausa precoce e de insuficiência
ovárica prematura. Os tratamentos não hormonais podem estar indicados no caso de mulheres com
contra-indicação para realizar terapêutica hormonal ou que recusem este tipo de terapêutica. Incluem
fármacos (medicamentos) como antidepressivos, fitoestrogénios (isoflavonas, linhanos, flavonoides,
cumestanos), extrato de pólen, suplementos vitamínicos, entre outros. Para o alívio da atrofia
vulvovaginal existem várias formulações hidratantes, lubrificantes (úteis nas relações sexuais) e cremes
hidratantes, que são aplicados localmente, com uma frequência ajustada à intensidade dos sintomas.
REPOSIÇÃO HORMONAL
A terapêutica hormonal pretende repor os níveis hormonais de estrogénios que se encontram residuais na
menopausa. Este tipo de tratamento deve ser instituído apenas depois de realizada uma história pessoal e
familiar detalhada e de se fazer uma avaliação física, de forma a identificar os sintomas, os fatores de
risco, as contraindicações que possam estar presentes. Após esclarecimento, a decisão de iniciar a
terapêutica, a sua dose, a duração e a via de administração deve ser partilhada entre o médico e a doente.
Algumas das contra-indicações para este tipo de tratamento são: as hemorragias genitais não esclarecidas,
cancro da mama (ou outros cancros dependentes de hormonas), tromboses venosas e arteriais, doença
hepática (do fígado), trombofilias, hipertensão arterial não controlada. Existe outro tipo de contra-
indicações que devem ser individualizadas e esclarecidas com o médico ginecologista (especialista em
ginecologia).
A terapêutica hormonal é a mais eficaz no alívio dos sintomas, sendo isto mais evidente quando iniciada
antes dos 60 anos ou até 10 anos após a menopausa. Este tipo de terapêutica diminui o risco de fraturas
ósseas e melhora o perfil de risco cardiovascular (se iniciada na menopausa recente).
As mulheres com menopausa antes dos 45 anos têm um risco aumentado de doenças cardiovasculares e
de osteoporose, podendo o tratamento hormonal diminuir os sintomas e melhorar alguns fatores de risco,
estando indicada pelo menos até à idade média da menopausa (51 anos). Os estrogénios aplicados
localmente na vulva e vagina revertem a atrofia e os sintomas associados, melhoram os sintomas de
incontinência urinária e diminuem a ocorrência de infeções.

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