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Atija Sauia Jorge

Dorca Eulália Francisco Nhaca Ismael


Wilde Sultane

Docente
MCS. Manuel Tapela Chicava

Módulo
Geriatria

Tema
Saúde da Mulher e Saúde do Homem

Mestrado Em Psicologia Clínica

Instituto Superior Politécnico de Comunicação e Tecnologia


Alberto Chipande

Pemba
Junho de 2022
GARCIA E. at al. Essências em geriatria clínica; Editora edipurcus; Pontifícia da Universi-
dade Rio Grande do Sul; Porto Alegre; 2018

ʽʽ1. SAÚDE DA MULHER

Envelhecimento do sistema genital feminino

As alterações causadas pelo envelhecimento feminino envolvem, além das mudanças


psicológicas, mudanças hormonais e físicas do aparelho reprodutor feminino. O envelhe-
cimento feminino cursa com o período do climatério, que corresponde à transição entre o
período reprodutivo e o período não reprodutivo da mulher, e tem como marco principal a
menopausa, último sangramento menstrual. A menopausa é um evento fisiológico, sem-
pre um diagnóstico retrospetivo após 12 meses de amenorreia (NEVES-E-CASTRO et al.,
2015; FREITAS e PY, 2016).

A mulher, ao nascer, já possui um número definitivo de óvulos armazenados no ovário e,


ao longo da vida, passa por diversos ciclos menstruais que resultam na liberação de al-
guns desses óvulos e degeneração de outros milhares, por isso, com o passar dos anos,
os folículos são depletados, resultando na falência funcional ovariana, ou seja, os ovários
cessam a produção de estrogênio e progesterona (HALL, 2017). A menopausa ocorre
quando há esse esgotamento da produção dos hormônios femininos. A cessação da pro-
dução de estrogênio e de inibina pelas células da granulosa inviabiliza o feedback negati-
vo com a hipófise para controlar a liberação do FSH, resultando em níveis elevados deste
último hormônio (SILVEIRA et al., 2012). Apesar da falência funcional ovariana, ainda é
possível encontrar níveis baixos de estrogênio, porque ele segue sendo sintetizado pelo
estroma cortical ovariano, pelas glândulas adrenais e pelo tecido adiposo (FREITAS e PY,
2016). Entretanto, esses níveis não são suficientes para barrar mudanças fisiológicas de-
correntes da falta de estrogênio no organismo, entre elas: fogachos, suores, palpitações,
irritabilidade, ansiedade, depressão, mudanças de humor, perda de memória, distúrbios
do sono, falta de concentração e diminuição da massa óssea (SILVEIRA et al., 2012).

Síndrome geniturinária da menopausa

A síndrome geniturinária da menopausa (SGUM) substitui o termo previamente utilizado:


atrofia vulvovaginal. A síndrome é definida como uma coleção de sinais e sintomas asso-
ciados ao hipoestrogenismo e à diminuição de outros esteroides sexuais. Os sintomas
presentes na síndrome podem ser: ressecamento vaginal, sensação de queimação, ar-
dência vaginal e irritação vaginal; sintomas sexuais por falta de lubrificação como descon-
forto e dor; incontinência urinária; disúria; infecções urinárias recorrentes (NEVES-E-
CASTRO et al., 2015).A justificativa para que hajam esses sintomas é que existem receto-
res de estrogênio espalhados por toda a vulva, vagina, bexiga, uretra e assoalho pélvico
(HOFFMAN et al., 2014). 38.2.2 Incontinência urinária De maneira geral, as mulheres são
mais propensas a episódios de perda involuntária de urina do que os homens. A inconti-
nência urinária é um sintoma que pode se tornar mais comum com o avançar da idade,
pois há um enfraquecimento dos músculos pélvicos e, além disso, o hipoestrogenismo
pode causar o afinamento da parede da uretra (NAMS, 2013).

Com o hipoestrogenismo, a vagina perde tecido adiposo, colágeno e a capacidade de re-


ter água. O epitélio vaginal se afina, favorecendo a ocorrência de sangramentos e o pH
vaginal alcaliniza-se, criando um ambiente propício para a ocorrência de Infecções
(HOFFMAN et al., 2014).

Dispareunia e disfunção sexual

As alterações nos grandes e pequenos lábios, clitóris, introito e vestíbulo vaginal causa-
das pela SGUM podem gerar sintomas como irritação, desconforto, dor e prejuízo na fun-
ção durante as relações sexuais. A vulva perde panículo adiposo, as glândulas de Bartho-
lin se atrofiam e a vagina apresenta-se menos rugosa e elástica (FREITAS e PY, 2016).
Devido à fragilidade desenvolvida, os tecidos vaginais também ficam mais propensos a
lesões, ferimentos e sangramentos durante a relação sexual. A dor pode fazer com que o
sexo deixe de ser mais prazeroso (NAMS, 2013). É importante que o médico avalie a pre-
sença desses sinais e sintomas sem esquecer que saúde física, bem-estar psicológico e
qualidade de relacionamento também são importantes fatores prognósticos de uma vida
sexual satisfatória (NAMS, 2013).

Síndrome climatérica ou síndrome menopausal

É o conjunto de sinais e sintomas que surgem durante o climatério e afetam a qualidade


de vida da mulher. Os sintomas podem ser variados e de intensidade diferentes, depen-
dendo das características e de como afetam cada mulher (SILVEIRA et al., 2012). Podem
desaparecer após a menopausa, e o tratamento depende da intensidade e do grau de
incomodo causam (NAMS, 2013). Os sintomas vasomotores, como os fogachos, são os
mais prevalentes, estando presentes em até 75% das mulheres. Esses sintomas costu-
mam apresentar duração média de 3,8 anos (FREITAS et al., 2016), embora possam du-
rar mais de uma década, e um percentual menor de mulheres seguem com essa queixa
pelo resto de suas vidas (SHIFREN et al., 2014). Os episódios de fogacho são relatados
pelas mulheres como ondas de calor que se espalham pelo corpo. A grande maioria das
mulheres apresenta sudorese associada aos fogachos. Além disso, durante esses episó-
dios pode ocorrer aumento da pressão sistólica e da frequência cardíaca (HOFFMAN et
al., 2014). Esses sintomas decorrem da instabilidade vasomotora acarretada por varia-
ções no centro termorregulador hipotalâmico. É importante salientar que eles podem ser
aliviados pela prática de exercícios físicos, pelo combate ao sobrepeso e à obesidade,
pela cessação do tabagismo e por práticas de relaxamento (SHIFREN et al., 2014).

Diagnóstico

O diagnóstico da Síndrome Menopausal (SM) é feito com base na anamnese e no exame


físico da paciente. É muito importante salientar que a dosagem dos hormônios não é crité-
rio diagnóstico, uma vez que existe grande flutuação em sua produção, o que impossibilita
a determinação de um parâmetro para que o diagnóstico seja firmado (FREITAS et al.,
2016). Entretanto, quando a medida sérica das gonadotrofinas é realizada, a literatura
relata que o diagnóstico de menopausa só acontece quando os níveis de FSH (Hormônio
Folículo Estimulante) se encontram acima ou iguais a 30 UI/L, com a utilização de duas
medidas com intervalo de 6 semanas entre elas. Considerando a história da paciente, é
preciso levantar a hipótese da SM quando a paciente está na faixa etária característica
com irregularidades do ciclo menstrual, associadas ou não aos demais sintomas do clima-
tério (FREITAS et al., 2016).

O cuidado integral da mulher

O médico que atende mulheres climatéricas precisa ser muito versátil para solucionar tan-
to os problemas relacionados à SM quanto diminuir os riscos de problemas de saúde co-
mumente relacionados com o hipoestrogenismo. O exame clínico geral e ginecológico
deve ser criterioso, pois auxilia na avaliação geral da paciente e permite observar as mu-
danças orgânicas que acontecem devido ao hipoestrogenismo. É indispensável a realiza-
ção de uma investigação complementar incluindo: análises laboratoriais (hemograma
completo, glicemia de jejum, ureia, creatinina, colesterol total e frações, EQU, TSH e T4
livre), colposcopia e colpocitologia oncótica (é imprescindível para que se possa iniciar
uma terapia de reposição hormonal), mamografia de alta resolução (exame obrigatório
antes de iniciar a terapia de reposição hormonal para afastar possibilidade de neoplasias)
e ultrassonografia transvaginal (para avaliar o endométrio) (FREITAS et al., 2016). Quan-
do atendemos mulheres, mas, principalmente, as que estão passando pela transição me-
nopausal, é preciso informá-las sobre a importância que mudanças no estilo de vida po-
dem trazer para diminuir o desconforto associado com a SM. Sabe-se que um estilo de
vida saudável baseado em prática regular de exercícios físicos, dieta equilibrada, controle
do peso, uso de bebidas alcoólicas de maneira moderada e em cessação do tabagismo
contribuem muito para melhorar o bem-estar e diminuir a intensidade dos sintomas
(NAMS, 2013).

Terapia de reposição hormonal (th)

Atualmente, a indicação do uso da TH é prescrita para eliminar ou aliviar sintomas vaso-


motores, por isso mulheres sintomáticas devem passar por uma anamnese do perfil de
risco para avaliação da indicação de TH.A decisão de iniciar ou não a TH deve ser feita
de forma individualizada, considerando principalmente riscos e benefícios, resultados de
exames (hemograma, glicemia, perfil lipídico, dosagens hormonais, EQU, eletrocardio-
grama, ultrassonografia para avaliação da espessura endometrial, mamografia e exame
ginecológico com coleta de citopatológico) e as contraindicações, que são: história de
câncer de mama e de endométrio, hipertrigliceridemia, antecedentes de tromboembolismo
venoso, sangramento vaginal sem diagnóstico, infarto agudo do miocárdio, porfiria e en-
dometriose (FREITAS et al., 2016).

SAÚDE DO HOMEM

Deficiência androgénica masculina relacionada ao envelhecimento

Um transtorno importante relacionado ao envelhecimento masculino é a deficiência an-


drogénica. Sabe-se que as funções das gônadas masculinas são afetadas de forma lenta
e contínua pelo envelhecimento natural, levando a um quadro conhecido como declínio
androgénico no envelhecimento masculino (DAEM), o qual determina alterações hormo-
nais, emocionais, físicas e sexuais. Comparativamente ao que ocorre na mulher, o declí-
nio da função reprodutiva no organismo masculino é muito menos acentuado do que no
feminino, e considera-se possível a produção de células gaméticas durante toda a vida do
homem. Apesar disso, tanto a morfologia quanto a fisiologia dos testículos alteram-se com
a senescência.
Fatores de risco

Embora os mecanismos fisiopatológicos não estejam totalmente compreendidos, a defici-


ência androgénica pode ter origem multifatorial, na qual a idade e o envelhecimento mas-
culino apresentam um papel central em sua ocorrência. Condições clínicas como diabetes
mellitus, dislipidemia, obesidade, síndrome metabólica, medicamentos que interferem no
eixo hipotálamo-hipófise e também a nível testicular (células de Leydig), além do estresse,
são fatores que têm sido relacionados para uma maior incidência na ocorrência dessa
condição.

Manifestações clínicas

A deficiência de testosterona pode afetar várias funções fisiológicas masculinas. Na esfe-


ra sexual, as quatro funções (libido, ereção, ejaculação e orgasmo) podem ser contem-
pladas. Na esfera física, o aumento da adiposidade e a redução da massa muscular, da
densidade mineral óssea e do volume eritrocitário podem ocorrer. Na esfera emocional, a
alteração do humor e a diminuição da capacidade cognitiva, da autoestima e da orienta-
ção espacial também são comumente observadas. A osteoporose, as fraturas ósseas, a
fadiga e o humor deprimido são aspectos que, embora inespecíficos, podem, eventual-
mente, estar relacionados com distúrbios androgénicos. Após os 40 anos de idade, os
níveis de andrógenos declinam 1% por ano, o que gera, obviamente, consequências so-
bre quase à totalidade do organismo. Em média, os testículos crescem da puberdade até
ao redor dos 30 anos, mantendo seu tamanho até os 60 anos, e, a partir de então, dimi-
nuem progressivamente.

Diagnóstico

O diagnóstico passa necessariamente pela presença de manifestações clínicas e por


exames laboratoriais que indiquem níveis subnormais de testosterona. As manifestações
clínicas já foram contempladas anteriormente e são inespecíficas, mas, quando presen-
tes, são indicativas para avaliação hormonal. Não menos controversa é a questão labora-
torial, especialmente quando são comparadas as medidas bioquímicas de testosterona.
Recomenda-se que a avaliação laboratorial de testosterona seja feita pela manhã, obser-
vando-se a variação do ritmo circadiano. Consideram-se como normais valores de testos-
terona do adulto jovem, independentemente da faixa etária considerada; nesse contexto,
estimam-se como normalidade níveis séricos de testosterona que se situam acima de 300
a 345 ng/dL.

Tratamento

Os principais objetivos do tratamento do homem idoso que apresenta deficiência de tes-


tosterona consistem em restabelecer o eugonadismo e, por consequência, impactar posi-
tivamente nas manifestações clínicas. As terapias que utilizam reposição exógena de
componentes hormonais androgénicos – como a testosterona, a de-hidrotestosterona e a
de-hidroepiandrosterona – têm avançado bastante nos últimos anos, com benefícios
comprovados na melhora das manifestações clínicas decorrentes do hipogonadismo. Im-
pactam significativamente na melhora da qualidade de vida dos indivíduos, apresentando
variadas indicações terapêuticas, como a redução da osteopenia, a melhoria da massa
muscular, a recuperação da função sexual, a melhoria do bom estado geral, a redução de
quadros depressivos, a recuperação de algumas funções cerebrais, o tratamento do hipo-
gonadismo sintomático, a melhoria da dislipidemia, a melhoria da composição corporal, a
profilaxia da doença coronária e a melhora do hematócrito. Obviamente, a despeito de
seus benefícios, a terapia de reposição hormonal androgénica não é isenta de riscos,
sendo necessária, antes de indicar tal conduta, a observância de critérios bem definidos
de indicação e de contraindicação da implementação dessa conduta terapêutica. Esses
critérios são relevantes, especialmente em pacientes idosos, que podem apresentar co-
morbidades relacionadas.

Os efeitos adversos relacionados ao uso de testosterona incluem a policitemia, devido ao


estímulo renal à produção de eritropoetina. Devido à conversão da testosterona em estra-
diol, alguns pacientes podem apresentar aumento e sensibilidade mamária (ginecomas-
tia). Aspectos relacionados à exacerbação da apneia do sono têm sido citados na literatu-
ra, mas com controvérsias relevantes. Indivíduos que ainda desejam prole não devem
receber suplementação de testosterona pelo risco de indução de azoospermia ou oligos-
permia severa definitiva. No que concerne à próstata, não existe comprovação de risco
maior de eventos urinários relacionados à hiperplasia benigna da próstata com a reposi-
ção androgénica, embora se recomende que o paciente candidato a essa forma de trata-
mento e que apresente sintomas de dificuldade miccional trate esta última condição antes
de iniciar a terapia de reposição com testosterona (TRT).
[SAÚDE DA MULHER

A longevidade da população é um dos maiores triunfos da humanidade e também um dos


nossos grandes desafios. Esta realidade é uma resposta à mudança de alguns indicado-
res de saúde, especialmente a queda da fecundidade, da mortalidade e o aumento da
esperança de vida. Não é homogêneo para todos os seres humanos, sofrendo influência
dos processos de discriminação e exclusão associados ao gênero, à etnia, ao racismo, às
condições sociais e econômicas, à região geográfica de origem e à localização de mora-
dia. No entanto, o envelhecimento populacional é uma realidade vivida que tem, dentre
várias características, a feminilização da velhice.

Evidências mostram que conforme os indivíduos envelhecem, as doenças não transmissí-


veis (DNTs) transformam-se nas principais causas de morbidade, incapacidade e mortali-
dade em todas as regiões do mundo, inclusive nos países em desenvolvimento, o que
torna a população de idosos muito peculiar em suas necessidades. Ainda que não sejam
fatais, essas condições geralmente tendem a comprometer de forma significativa a quali-
dade de vida dos idosos.

A Organização Mundial da Saúde adotou o termo “envelhecimento ativo” como o proces-


so de otimização das oportunidades de saúde, participação e segurança, com o objetivo
de melhorar a qualidade de vida à medida que as pessoas ficam mais velhas. Acrescenta
ainda, que a palavra “ativo”, neste contexto, refere-se à participação contínua nas ques-
tões sociais, econômicas, culturais, espirituais e civis, e não somente à capacidade de
estar fisicamente ativo ou de fazer parte da força de trabalho. E, em se tratando do enve-
lhecer com qualidade alguns atributos se faz relevante como a autonomia, independência,
qualidade de vida e expectativa de vida saudável.

No caso específico da mulher, além dos aspectos comuns do processo de envelhecer


aos dois sexos, a mulher idosa possui necessidades próprias que constitui desafios, pois
o envelhecimento ocasiona riscos crescentes em termos de saúde, funcionalidade, prote-
ção e integração social. Esses riscos são derivados de fatores biológicos, relacionados ao
estilo de vida, histórico de saúde e doença, pobreza, baixa escolaridade e isolamento so-
cial. Também é preciso reconhecer que as maneiras de viver/envelhecer dependem da
combinação de gênero e classe social. Assume-se que a qualidade de vida da mulher
idosa depende das suas capacidades básicas, daquelas adquiridas ao longo da vida, das
políticas sociais e das demais redes de apoio, tanto formais como informais.
No envelhecimento feminino, o climatério e a menopausa configuram marcos importan-
tes e determinantes na qualidade do viver da mulher. O primeiro por representar a transi-
ção do período reprodutivo para o não reprodutivo, quando os ovários têm sua produção
estrogénica reduzida e insuficiente para garantir a reprodução e a manutenção das carac-
terísticas funcionais dos órgãos sexuais femininos e o segundo por indicar o término es-
pontâneo da menstruação durante, pelo menos, 12 (doze) meses consecutivos, sem que
haja causas patológicas e intervenções médicas. Efeitos do envelhecimento no sistema
reprodutor feminino

Efeitos do envelhecimento do Sistema Genital feminino

Após a menopausa, ocorre a atrofia dos tecidos dos pequenos lábios, clitóris, vagina e
uretra. Essa atrofia pode causar em irritação crônica, secura e secreção vaginal. A mulher
fica mais propensa a ter Infecções vaginais. Também após a menopausa, o útero, as
trompas de Falópio e os ovários ficam menores.

Com o envelhecimento, ocorre uma diminuição da massa muscular e do tecido conjuntivo,


incluindo dos existentes nos músculos, ligamentos e outros tecidos que servem de supor-
te à bexiga, ao útero, à vagina e ao reto. Assim, os órgãos afetados podem ficar laceados
ou cair, às vezes causando uma sensação de pressão pélvica ou sensação de plenitude,
dificuldade em urinar, perda de controle da urina ou movimentos intestinais (incontinência)
ou dor durante a relação sexual. As mulheres que tiveram muitos filhos são mais propen-
sas a ter esses problemas.

Uma vez que há menos estrogênio para estimular os dutos de leite, os seios diminuem de
tamanho. O tecido conjuntivo que sustenta os seios também diminui, levando à flacidez e
contribuindo para mudanças no formato. O tecido fibroso nos seios é substituído por gor-
dura, tornando os seios menos firmes.
Para a maioria das mulheres, as mudanças relacionadas à idade nos órgãos reprodutores
não interferem na atividade sexual ou prazer sexual após a menopausa. Algumas mulhe-
res desfrutam mais as atividades sexuais após a menopausa, possivelmente porque elas
não estão mais preocupadas em engravidar. Além disso, após a menopausa, os ovários e
as glândulas adrenais continuam a produzir hormônios sexuais masculinos. Os hormônios
sexuais masculinos ajudam a manter o desejo sexual, retardam a perda de tecido musclar
e contribuem para um sentimento geral de bem-estar.
Síndrome geniturinária da menopausa
A síndrome geniturinária da menopausa é conjunto de sinais e sintomas decorrentes das
alterações relacionadas à baixa de estrogênio, por falência ovariana, no climatério. Aco-
mete aproximadamente 24% a 84% das mulheres nessa fase, causando um grande im-
pacto na qualidade de vida e na função sexual; e, se não identificados e tratados preco-
cemente, tendem a agravar-se progressivamente.
Infelizmente essa condição é desconhecida ou ignorada em cerca de 70 % das mulheres
climatéricas, tendo em vista a aceitação de sua condição cronológica e só reconhecendo
o problema após abordagem pelo ginecologista. A deficiência de estrogênio promove alte-
rações morfológicas e secretoras da uretra, bexiga, vulva e vagina, redução da vasculari-
zação e fluxo sanguíneo e consequentemente alterações em sua lubrificação, perda da
elasticidade da mucosa, assim como, adelgaçamento e friabilidade do epitélio vaginal,
atingindo diretamente a parede vesical, devido à sua íntima relação anatômica com a va-
gina. Todos esses sinais locais contribuem para os sintomas da síndrome geniturinária,
dentre eles ardência, ressecamento vaginal, prurido (coceira) local, dispareunia (dor na
relação sexual), disúria (dor ao urinar), urgência e infeções urinárias recorrentes.

Tratamento
O tratamento tópico hormonal é o padrão ouro para terapia dos sintomas vaginais na pós-
menopausa, promovendo restauração da integridade do epitélio, restabelecimento da flora
vaginal, melhorando as queixas locais da paciente. Há alternativas de tratamento tópico,
como os lubrificantes, hidratantes vaginais, testosterona tópica, técnicas de tratamento
fisioterapêuticos e terapias baseadas em energia como os lasers e radiofrequência.
O tratamento contribui para a melhoria na qualidade de vida social e sexual das mulheres
na sua longevidade.

Síndrome climatérica ou síndrome menopausal


O climatério pode ser definido como uma fase da evolução biológica feminina em que
ocorre a transição da mulher do período reprodutivo (ovulatório) para o não-reprodutivo.
Essa fase é caracterizada por alterações menstruais, fenômenos vasomotores, alterações
físicas, ósseas, cardiovasculares e psicológicas que podem afetar a qualidade de vida, e
não apresenta limites definidos de tempo de ocorrência, sendo variável para cada mulher.
A perimenopausa, ou mais atualmente chamada de período de transição menopausal, é
definida pelo início dos sintomas climatéricos até 12 meses após o término das menstrua-
ções.
A menopausa é definida como término permanente das menstruações e tem por conven-
ção um diagnóstico retrospetivo, caracterizado por amenorreia por mais de 12 meses.
Geralmente ocorre entre os 40 e 51 anos de idade, sendo antes disso caracterizada como
menopausa prematura, e após 52 anos (ou 55 anos para alguns), tardia. A transição me-
nopausal dura em média cerca de 4 anos, podendo variar de 0 a 10 anos. Toda sintoma-
tologia e fisiologia dessa fase decorrem da insuficiência hormonal ovariana progressiva,
culminando com sua falência.
O diagnóstico de climatério é eminentemente clínico, associando-se faixa etária da paci-
ente, alterações menstruais e outros sintomas da deprivação hormonal. Porém, para ava-
liar a sintomatologia, a necessidade de tratamento e seu acompanhamento, foram criados
alguns índices que permitem avaliar, com certa praticidade, a intensidade da síndrome
climatérica.

Tratamento Hormonal (TH)


O tratamento hormonal do climatério e menopausa teve início na década de 1940, com a
finalidade de tratar as ondas de calor. Na mesma época, as análises epidemiológicas
mostravam baixa incidência de doenças cardiovasculares (DCV) em mulheres antes da
menopausa, o que levou à crença de que os estrogênios eram os responsáveis pela pro-
teção cardiovascular das mulheres na menacme. A partir dessa hipótese, foram realiza-
dos estudos para verificar a relação entre estrogênios e proteção cardiovascular. Os pri-
meiros estudos utilizavam altas doses de estrogênio e foram interrompidos por aumento
significativo de eventos coronarianos e adenocarcinoma de endométrio, no grupo tratado.
Posteriormente, estudos observacionais, com doses menores de estrogênio, evidencia-
ram um efeito cardioprotetor da TH, e a questão do câncer de endométrio foi solucionada
com a associação de progestagénio à TH de mulheres com útero.

Cuidados Integrais da Saúde da Mulher Idosa


Nas Unidades Básicas de Saúde, toda mulher idosa tem direito ao acesso e à avaliação
integral da sua saúde, com atendimento multiprofissional e olhar multidimensional (clínico,
psicossocial e funcional) para elaboração do seu plano de cuidado. Para isso, o Ministério
da Saúde tem orientado os gestores de programas locais a implementar a Linha de Cui-
dado para Atenção Integral à saúde da pessoa Idosa. O objetivo é promover a saúde e a
prevenção de doenças e agravos, proporcionando a esse grupo um envelhecimento com
saúde e qualidade de vida.

SAÚDE DO HOMEM

Entre as idades de 40 a 55 anos, os homens podem percebem sintomas semelhantes à


menopausa que designamos Andropausa ou Climatério Viril. São termos até bem pouco
usados para designar um quadro clínico pouco estudado e muito questionado, que ocorre
em uma parcela significativa de homens acima de 60 anos ou, como já evidenciado e
aceito, mesmo um pouco antes, a partir dos 50 anos. De modo diferente das mulheres, os
homens não têm uma sintoma específico como a interrupção da menstruação para mar-
car a transição. Ambos, no entanto, são caracterizados por uma queda nos níveis
de hormônios. Estrógeno nas mulheres, testosterona nos homens. As mudanças ocorrem
muito gradualmente nos homens e podem ser acompanhadas por mudanças em atitudes
e humores, fadiga, perda de energia, libido e agilidade física.

Estudos mostram que este declínio de testosterona pode acarretar riscos em outros pro-
blemas de saúde, como doenças cardíacas e ossos frágeis. Com isto, tudo ocorre em
uma época da vida em que muitos homens começam a questionar seus valores, realiza-
ções e objetivos de vida. É difícil perceber que as mudanças são ligadas mais a proble-
mas hormonais do que só as condições externas.

Diferente da menopausa, que geralmente ocorre em mulheres entre 45 e 55 anos, a


“transição” dos homens pode ser bem mais gradual e se estende por décadas. Atitudes,
estresse psicológico, álcool, acidentes, cirurgias, medicação, obesidade e Infecções po-
dem desencadeá-la. Com a idade, o declínio nos níveis de testosterona vai ocorrer prati-
camente em todos os homens. Não há maneira de predizer quem vai ter sintomas de an-
dropausa com intensidade suficiente para procurar ajuda médica. Também não é previsí-
vel em que idade os sintomas vão ocorrer num determinado indivíduo. Os sintomas de
cada homem podem ser também diferentes.

O papel da hidroginástica na saúde do homem idoso (DAEM)

A maioria dos homens, diferentemente das mulheres, chega ao fim da vida com níveis de
testosterona (hormônio masculino) dentro dos valores normais. Entretanto de 5 a 7% dos
homens após os 40 anos e 20 a 30% deles após 60 anos podem, em função de algumas
doenças ou condições, ter queda acentuada dos seus níveis hormonais. Quando isso
acontece, chamamos de Deficiência Androgénica do Envelhecimento Masculino (DAEM),
que, além da parte sexual, afeta também outras funções do homem como: memória, raci-
ocínio, músculos, ossos, produção do sangue, etc. A queda dos hormônios masculinos
afeta substancialmente a função sexual, causando diminuição ou falta de libido (desejo
sexual), além de disfunção erétil (dificuldade de ereção).

A DAEM afeta amplamente a função sexual do homem, diminuindo ou abolindo o desejo


sexual e as ereções. Consequentemente, o orgasmo e a ejaculação também ficam muito
prejudicados.

Diagnóstico

A deficiência de androgênio é diagnosticada usando uma série de avaliações, incluindo:

• histórico médico – é feito um histórico completo, incluindo detalhes sobre fertilida-


de, função sexual, sintomas de deficiência de andrógeno, outros problemas médi-
cos, ocupação, medicação e uso de drogas (prescritos e não prescritos)

• exame físico – é realizado um exame geral minucioso, incluindo medir o tamanho


dos testículos e verificar o desenvolvimento da mama

• exames de sangue – são feitos para determinar o nível de testosterona no sangue.


Idealmente, um exame de sangue em jejum deve ser feito pela manhã para detec-
tar o pico de liberação de testosterona do corpo. Os níveis de testosterona devem
ser medidos em duas manhãs separadas. Os níveis hormonais pituitários também
devem ser medidos

• outros testes – podem ser necessários para determinar se a deficiência de testos-


terona é devido a outra condição médica subjacente. Estes podem incluir exames
de sangue para verificar os níveis de ferro, testes genéticos (para diagnosticar uma
condição genética subjacente, como a síndrome de Klinefelter), ou ressonância
magnética do cérebro (para examinar a glândula pituitária). A análise do sêmen
ajudará a determinar a potencial fertilidade dos homens com deficiência de andró-
geno.
Tratamento

Uma vez diagnosticada a DAEM, o homem deve ser tratado, e a testosterona deve ser
reposta através de injeções intramusculares e de aplicação de soluções de gel na pele ou
ainda, quando for possível, estimular a sua produção no testículo por meio de medica-
mentos específicos.

Paralelamente ao tratamento urológico, a psicoterapia, mais especificamente a terapia


sexual, é de bastante valia no resultado final do tratamento, pois auxilia o homem a resga-
tar a confiança em seu desempenho sexual, abalada pelos sintomas da DAEM.

A parceira tem um papel fundamental na recuperação desse homem com a queda dos
níveis de testosterona. O conhecimento da causa dos sintomas do parceiro permite que
ela compreenda que a falta de desejo e a dificuldade de ereção se devem à queda hor-
monal, e não a problemas no relacionamento ou outros interesses do parceiro.

Manifestações clínicas

O quadro clínico do homem idoso com insuficiência androgénica é bastante semelhante


ao do homem jovem. As manifestações clínicas destes pacientes, torna-se difícil determi-
nar se elas seriam devidas ao processo de senescência, ao relativo hiperandroginismo, à
presença de doenças intercorrentes e aos medicamentos nelas prescritos ou mesmo aos
efeitos conjuntos destas mesmas condições patológicas. A melhor prova desta correlação
seria uma resposta terapêutica favorável à reposição androgénica. Neste aspecto, os
poucos trabalhos avaliando esta resposta têm sido muito ilustrativos, mas também devem
ser interpretados com cautela. A demonstração destes efeitos benéficos não obrigatoria-
mente significa que o quadro clínico positivamente alterado seja consequência de um hi-
perandroginismo pré-existente. Ao contrário, um resultado terapêutico em paciente niti-
damente Hipo androgénico poderá se dever, muitas vezes, à presença de doenças inter-
correntes com fatores de risco (diabete, cardiopatia hipertensiva, uso de medicamentos
etc.). Alguns autores, demostraram que homens idosos não saudáveis tinham níveis séri-
cos de testosterona mais reduzidos que os saudáveis da mesma faixa etária. Esta corre-
lação entre doenças intercorrentes e hipotestosteronemia se confirma ainda pela menor
frequência de respostas positivas à reposição hormonal (RH) em grupos de homens ido-
sos em relação àqueles de mais jovens. No momento atual, considera-se que o hipoan-
drogenismo do homem idoso possa, na melhor das hipóteses, ser responsável por uma
parcela do quadro clínico neles observado, Uma grande parte dos sinais e sintomas neles
encontrados seria consequência de doenças intercorrentes, habitualmente mais inciden-
tes nesta faixa etária e, também, do processo de senescência.

Saúde e bem-estar do homem

A retórica masculina de que mulher sofre com mais doenças e que, por isso, vai mais ao
médico não condiz com a realidade. Na verdade, o homem está muito mais exposto a di-
versos fatores de risco que ajudam a explicar essa maior mortalidade. O homem ainda
fuma mais, ingere mais bebida alcoólica, morre mais por doenças cardiovasculares e
também está no topo das estatísticas de morte por homicídios, acidentes de trânsito, de
trabalho e câncer. O resultado disso é que o número de homens em comparação com as
mulheres, entre pessoas com mais de 60 anos, vem reduzindo progressivamente.

A grande dificuldade dos sistemas de saúde em transformar essa realidade está nas dife-
renças de aspectos social e cultural existentes entre homens e mulheres. O mito da invul-
nerabilidade, da potência, do super-homem prejudica muito o autocuidado do homem.
São valores aprendidos e incorporados que impedem o homem de adotar condutas mais
saudáveis e preventivas. Nesse sentido, ter uma mulher atenta ao lado é um fator que
pode influenciar positivamente.

A relação do homem com o trabalho também resulta em grande dificuldade de ele organi-
zar o tempo para cuidar da saúde. Numa fase mais tardia da vida, com a aposentadoria,
seria momento propício para esses cuidados. Porém, muitos se entregam ao sedentaris-
mo, alcoolismo, ganham peso e se deprimem. A verdade é que, se essa cultura preventi-
va não teve início na vida adulta, dificilmente ela virá na terceira idade. Tudo isso colabora
para um envelhecimento com pior qualidade de vida, acarretando uma fragilidade que
chegará mais precocemente.

Mais uma vez a solução está na educação, na conscientização de que estamos ou não
construindo uma velhice ativa e cheia de propósitos, ou estamos assistindo, de forma
alheia, a um processo interno de autodestruição, em que o tempo cobra seu preço. Então,
sejamos mais sábios, façamos boas escolhas para que tenhamos saúde plena, não só
física, mas psíquica e espiritual.]

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