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Portanto:
- Alternativas “a”, “c” e “d” incorretas, pois a paciente tem contraindicação ao uso de terapia
hormonal sistêmica, independente da via de administração.
- Alternativa “b” correta, pois esses antidepressivos são os mais eficazes no tratamento de
sintomas vasomotores, sendo a primeira escolha no caso de impossibilidade do uso de TH.
A maioria das questões sobre o climatério se refere as indicações e contraindicações da terapia
hormonal (TH).
3. As indicações atuais de TH são o tratamento de sintomas vasomotores e da atrofia
vulvovaginal (uso tópico), além da prevenção de osteoporose em casos
individualizados. O uso deve ser feito na chamada janela de oportunidade, isto é, em
pacientes até os 60 anos de idade e com menos de 10 anos de menopausa.
A TH só deve ser administrada para as pacientes sintomáticas, sem contra-indicações e após
avaliação clínica, exame ginecológico e propedêutica complementar normais.
Existe uma relação direta entre a via de administração estrogênica e a trombose. A
administração por via oral tem a chamada primeira passagem hepática, que promove aumento
dos fatores de coagulação (II, VII, IX, X e XII) e diminuição dos fatores de anticoagulação
(proteína C, proteína S e antitrombina). Já a via transdérmica não tem essa passagem, evitando
assim o aumento de risco de trombose.
Dividimos a TH em estrogênica isolada e combinada (estrogênio + progesterona). A terapia
estrogênica isolada só pode ser usada em mulheres histerectomizadas porque leva ao
aumento do risco do câncer de endométrio, pela falta da progesterona para fazer oposição ao
efeito proliferativo do estrógeno sobre o endométrio.
As paredes das artérias apresentam receptores de estrogênio, e este hormônio promove a
vasodilatação. Além disso, o estrogênio estimula a produção de angiotensina pelo fígado e o
aumento da aldosterona por meio da ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona. A
aldosterona age aumentando a reabsorção de sódio no rim. Sendo assim, em algumas
mulheres, os uso de estrogênios pode levar a retenção de água e sódio e consequentemente
ao aumento dos níveis pressóricos.
Na maioria das mulheres o estrogênio age estimulando a vasodilatação e não elevam o risco
de HAS. É mais comum desenvolver hipertensão quando o estrogênio é administrado por via
oral, devido ao estímulo do sistema Renina Angiotensina Aldosterona e isso não acontece
quando administramos a TH pela via transdérmica, por não acontecer a passagem hepática.
A administração de TH pela via transdérmica também apresenta benefício no metabolismo dos
carboidratos, com redução da resistência insulínica e da obesidade abdominal.
Observe o esquema:
Após a menopausa, os folículos esgotam-se, não havendo mais possibilidade de uma interação
entre as células da teca e da granulosa para a síntese de estradiol, uma vez que as células da
granulosa regridem com os oócitos no processo de atresia. As células da teca incorporam-se ao
estroma e, sob ação do LH, produzem androgênios, principalmente androstenediona. Com o
desaparecimento das células da granulosa, a maior parte dos estrogênios é produzida pela
conversão periférica da androstenediona em estrona, bem mais fraca que o estradiol.
4. Fala, Estrategista! Tudo bem? Em nossa questão somos perguntados de forma direta
sobre o manejo adequado de osteoporose e avaliação da vitamina D.
A osteoporose é uma doença caracterizada pela perda progressiva de massa óssea, tornando
os ossos mais frágeis e sujeitos a fraturas. Ela é mais comum em mulheres após a menopausa,
mas também pode afetar homens e mulheres mais jovens. A osteoporose é uma doença
silenciosa que pode progredir sem sintomas até que uma fratura ocorra.
Existem vários fatores de risco para o desenvolvimento da osteoporose, incluindo idade
avançada, sexo feminino, histórico familiar, baixo peso corporal, menopausa, baixa ingestão de
cálcio e vitamina D, sedentarismo, tabagismo, consumo excessivo de álcool e certos
medicamentos, como corticosteroides e alguns medicamentos para tratamento do câncer.
O diagnóstico da osteoporose é feito por meio de exames de densidade óssea, como a
densitometria óssea, que mede a quantidade de cálcio e outros minerais nos ossos.
Na DMO temos os seguintes cortes:
t score > -1 = normalidade
t score entre -1 e -2,5 = osteopenia
t score < -2,5 = osteoporose
Nesses pacientes, devemos sempre avaliar o nível de vitamina D com objetivo de vitamina D >
30. A dose inicial recomendada é entre 50.000UI e 100.000 UI por semana com manutenção
entre 1.000-2.000UI para manter esses valores maiores que 30.
Paciente apresenta disenteria, devendo ser tratado com ANTIBIÓTICO. Nesse caso, temos a
opção de CIPROFLOXACINO por via oral.
Já em relação as indicações de investigar uma diarreia aguda, temos:
1) Queda importante do estado geral
2) Disenteria --> paciente do caso apresenta!
3) Evolução atípica ou arrastada
4) Uso recente de antibióticos
5) Novos surtos na comunidade
6) Idosos > 70 anos --> paciente do caso tem 72 anos!
7) Lactentes < 4 meses
8) Imunossuprimidos
2. Olá Estrategista,
Esta questão aborda o diagnóstico da doença celíaca na infância.
A Doença Celíaca (DC) é definida como uma enteropatia imunomediada, desencadeada pela
ingestão do glúten presente no trigo e outras proteínas encontradas em cereais como a cevada
e o centeio. A DC ocorre em indivíduos geneticamente predispostos, com manifestações de
graus variáveis, e com a presença de autoanticorpos celíacos específicos.
A DC tem sido cada vez mais diagnosticada em nossos dias. Inicialmente, pensava-se que a
doença celíaca era restrita a populações caucasianas, mas hoje se sabe que é uma doença
mundialmente distribuída e afeta cerca de 0,5 a 1% da população geral.
O diagnóstico da DC baseia-se em testes sorológicos e biópsia intestinal.
A estratégia inicial é a dosagem da antiTTG-IgA e caso esteja positiva, indica-se a biópsia
intestinal. Caso esteja negativa, e o paciente apresente deficiência de IgA, a dosagem de
anticorpos da classe IgG como antiendomísio, peptídeo de antigliadina deminada e anti TTG
IgG são necessários.
Embora os achados histológicos não sejam específicos da Doença Celíaca, o critério padrão-
ouro para o diagnóstico da Doença Celíaca consiste no encontro de alterações vilositárias na
biópsia intestinal, associadas ao teste sorológico positivo.
As alterações histológicas encontradas, são características, mas não são patognomônicas pois
podem estar presentes em outras condições clínicas como: infecções parasitárias, espru
tropical, imunodeficiências, enteropatia pelo vírus HIV.
Devem ser colhidas de 4 a 6 amostras para biópsia da segunda parte do duodeno e do bulbo
duodenal.
Os achados mais característicos da biópsia intestinal na DC são:
• Aumento de linfócitos intraepiteliais (>25/100 células epiteliais);
• Hiperplasia de criptas;
• Atrofia vilositária;
• Infiltração de células mononucleares na lâmina própria;
• Anomalias estruturais nas células epiteliais.
ATENÇÃO!
De acordo com as últimas diretrizes da Sociedade Europeia de Gastroenterologia e
Hepatologia, é possível que se confirme o diagnóstico da DC sem a realização de biópsia em
crianças que apresentem o valor da antiTTG-IgA acima de 10 vezes o valor basal, desde que se
confirme com um teste antiendomísio IgA em uma segunda amostra. Contudo, deve haver
uma calibração adequada do aparelho para que esse tipo de estratégia seja possível, assim, o
Ministério da Saúde e outras diretrizes não seguem essa recomendação.
Essa é a chave para o nosso gabarito, pois , se o paciente tiver uma anti TTG IgA>10 vezes o
normal e um segundo exame positivo, como o antiendomísio, ele não precisa da confirmação
pela biópsia.
O tratamento da Doença Celíaca consiste em oferecer uma dieta isenta de glúten por toda a
vida. Todos os alimentos que contêm trigo, cevada e centeio devem ser excluídos da dieta.
Mesmo pequenas quantidades ingeridas de glúten podem ser prejudiciais. Esses pacientes
devem ser orientados a pesquisar a presença de glúten em rótulos de alimentos
industrializados e observar medicamentos que contenham glúten.
(1) As causas orgânicas são responsáveis por cerca da metade dos casos de dor abdominal
crônica em crianças.
Falso. A maioria dos casos de dor abdominal são causados por distúrbios funcionais, entre eles
Regurgitação do lactente
Síndrome da ruminação
Síndrome dos vômitos cíclicos
Cólica do lactente
Diarreia funcional
Disquesia do lactente
Constipação intestinal
Dispepsia funcional
Síndrome do intestino irritável
Para o diagnóstico, são necessários critérios clínicos de Roma IV e a exclusão de causas
orgânicas.
(2) A constipação intestinal crônica funcional está frequentemente associada a dieta pobre em
fibras, em escolares.
Verdadeiro.
Apesar da constipação crônica funcional não ter uma causa orgânica, o gatilho, geralmente, é
uma dieta pobre em fibras e rica em leite e derivados. Com isso, as fezes tornam-se
endurecidas e temos o círculo vicioso que trago abaixo.
(3) O alívio dos sintomas com uso de medicamentos que previnem enxaqueca reforça o
diagnóstico de enxaqueca abdominal.
Verdadeiro.
Os critérios de Roma IV para enxaqueca abdominal são:
O diagnóstico deve incluir pelo menos 2 vezes todas as seguintes ocorrências, pelo menos 6
meses antes do diagnóstico:
- Episódios paroxísticos de dor abdominal intensa, periumbilical aguda, mediana ou difusa,
com duração de 1 h ou mais (grave e angustiante)
- Episódios são separados por meses
- Dor incapacitante e que interfere nas atividades normais
- Padrões e sintomas estereotipados
- Dor associada a dois ou mais dos seguintes achados: anorexia, náuseas, vômito, dor de
cabeça, fotofobia, palidez
- Após avaliação clínica, os sintomas não podem ser explicados por outra condição médica
(4) Na síndrome do intestino irritável a dor abdominal é associada a esforço para defecar e
sensação de evacuação incompleta.
Verdadeiro.
A síndrome do intestino irritável pode ser acompanhada de dor ou desconforto abdominal e
alterações na defecação, como alternância entre diarreia e constipação, tenesmo, sensação de
evacuação incompleta. Além disso, podemos ter distensão abdominal, eructações, flatulência,
náuseas, vômitos.
Os critérios de Roma IV são:
O diagnóstico deve incluir todos os seguintes sintomas, cumpridos por pelo menos 2 meses
antes do diagnóstico.
- Dor abdominal pelo menos 4 dias por mês associada a um ou mais dos seguintes fatores:
Relacionada à defecação
Uma mudança na frequência das fezes
Uma mudança na forma (aparência) das fezes
- Em crianças com constipação, a dor não se resolve com a resolução da constipação
- Após avaliação adequada, os sintomas não podem ser explicados por outra condição médica
6. Estrategista, estamos lidando com um adulto bastante jovem com diarreia crônica
inflamatória, associado a sinais de alarme (anemia e perda ponderal), o que sugere
fortemente o diagnóstico de uma doença inflamatória intestinal (DII). A combinação
de dor abdominal persistente, diarreia crônica, perda de peso significativa e a
presença de uma fístula anal são "peças-chave" para o diagnóstico.
A DII, que inclui a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa, é caracterizada por inflamação
crônica do trato gastrointestinal. A doença de Crohn pode afetar qualquer parte do trato
gastrointestinal, da boca ao ânus, e é conhecida por seu padrão de distribuição "em salteado",
podendo causar inflamação transmural que leva à formação de fístulas, estenoses ou
abscessos. Por outro lado, a retocolite ulcerativa afeta de forma contínua o cólon e o reto, com
inflamação limitada à mucosa, ou seja, mais superficial.
A perda de peso e a palidez podem ser atribuídas à má absorção de nutrientes e à anemia,
respectivamente, ambas complicações comuns da DII. A idade do paciente e a natureza de
seus sintomas são consistentes com o início típico da doença de Crohn, que frequentemente
se manifesta em adultos jovens. Além disso, a diarreia crônica sem presença de sangue é mais
típica da doença de Crohn do que da retocolite ulcerativa, que geralmente apresenta diarreia
sanguinolenta.
Diante da forte suspeita para a doença de Crohn, este diagnóstico deve ser confirmado por
meio de exames de imagem, como colonoscopia e tomografia computadorizada ou
ressonância magnética do abdome, que podem fornecer informações adicionais sobre a
localização e extensão da doença.
7. Estrategista, alerta de questão difícil, mas que no entanto poderia ser respondida com
macetes de prova.
Inicialmente vamos revisar os principais pontos sobre a doença de Whipple.
É uma doença infecciosa sistêmica mais comum em homens brancos de meia idade, causada
pela bactéria Tropheryma whipplei. Embora seja amplamente encontrada no ambiente, a
bactéria raramente provoca doença. Afeta não apenas a mucosa intestinal, mas também
coração, pulmões, sistema nervoso central, articulações e olhos.
ETIOLOGIA: causada por bacilo Gram-positivo e corado pelo PAS de nome Tropheryma
whipplei. Apresenta baixa virulência e alta infectividade.
8. Olá, Estrategista. Questão difícil, que traz uma patologia pouco frequente no dia a dia
e nas provas de residência, a linfangiectasia intestinal.
Vamos separar os pontos chaves dessa questão.
A sepse precoce é a principal forma de sepse e está relacionada com os agentes da flora
geniturinária materna. São eles: Estreptococo beta agalactie (EGB ou GBS), E. coli, Estafilococo
coagulase negativo e Listeria monocytogenes. Se liga no mnemônico!
A tardia pode trazer agentes comunitários, quando o RN já estava de alta, sendo a E.coli e o S.
aureus os principais. Ou os agentes da flora hospitalar, em caso de internamento prolongado.
Os sinais clínicos da sepse são inespecíficos, portanto, devemos unir fatores de risco + história
clínica + exame físico.
Os principais fatores de risco são os maternos: corioamnionite, febre intraparto, colonização
por GBS.
Os neonatos podem apresentar distúrbio respiratório, apneia, cianose, dificuldade para
alimentar-se, má perfusão, sinais de choque, irritabilidade, letargia, distensão abdominal,
vômitos, icterícia, instabilidade térmica, taqui ou bradicardia.
Além dos exames, devemos instituir o uso de antibióticos empíricos endovenosos na simples
suspeita.
Para a sepse precoce, a antibioticoterapia mais utilizada é a ampicilina associada à
gentamicina.
Para sepse tardia, iniciamos geralmente com oxacilina e amicacina.
No caso de meningite associada, devemos sempre combinar uma cefalosporina de terceira ou
quarta geração.
Agora, vamos voltar ao enunciado, o examinador quer saber quando a punção lombar em
recém-nascido com sepse está indicada. A resposta é SEMPRE! Já na suspeita de sepse, temos
que coletar, no mínimo hemograma, hemocultura e líquor.
Trauma II
1. Esse paciente apresenta um quadro de dor abdominal intensa após introdução de
mangueira de ar no ânus. A tomografia apresentada nos mostra pneumoperitônio
volumoso. Logo, temos o diagnóstico de abdome agudo perfurativo e, nesse contexto,
a principal hipótese diagnóstica é perfuração colônica.
O tratamento indicado nos casos de abdome agudo perfurativo é cirúrgico, ou seja,
laparotomia exploradora. No caso de lesão colônica, pode ser feita desde rafia da lesão até
ressecção intestinal com ou sem anastomose primária, a depender do tamanho da lesão,
condições clínicas do paciente e da contaminação intracavitária
As metas para o suporte transfusional também variam de acordo com os protocolos de cada
instituição. No entanto, algumas regras gerais se aplicam:
- objetivo de hemoglobina acima de 8g/dL;
- normalização de INR e TTPA (<1,5)
- plaquetas acima de 50 mil.
Estas indicações são pouco cobradas nas provas e não recomendo que você as decore. Como
veremos nas alternativas, isto é bastante questionável. Veja só:
AHemoglobina > 7g/dL, INR < 3,0 e plaquetas > 120.000/mm³.
Incorreto. A mais fixa das indicações é a de plaquetas, em que objetivamos contagens acima
de 50mil.
BHemoglobina > 8 g/dL, INR <0,9 e plaquetas > 100.000/mm³.
Incorreto. Novamente, a mais certa das indicações é a de plaquetas, em que objetivamos
contagens acima de 50mil.
CHemoglobina entre 8-12g/dL, INR < 1,8 e plaquetas > 50.000/mm³.
Correto, mas questionável. A maioria dos protocolos prevê INR<1,5. Como isto varia da
referência utilizada, esta é a alternativa que melhor responde a questão.
DHemoglobina > 12g/dL, INR < 1,2 e plaquetas > 80.000/mm³.
Incorreto. A mais fixa das indicações é a de plaquetas, em que objetivamos contagens acima
de 50mil.
EHemoglobina > 6 g/dL, INR < 2,5 e plaquetas > 20.000/mm³.
Incorreto. Novamente, a mais fixa das indicações é a de plaquetas, em que objetivamos
contagens acima de 50mil.
Baseado no diagrama para crianças, as áreas queimadas descritas no enunciado devem ser
contabilizadas da seguinte forma:
o Cabeça 18%
o Tronco: 31%
o Membros superiores: 18%
Consequentemente, a superfície corpórea queimada é de 67%.
4. A reposição volêmica nos pacientes pediátricos com peso inferior a 30 Kg, segundo
a 10ª edição do ATLS, deve ser feita com ringer lactato na dose de 3ml/peso (kg)/
superfície corporal queimada (%).
Portanto, para o paciente acima o cálculo, segundo Parkland, é feito da seguinte forma:
Volume de reposição em 24h = 3 X 20 (Peso em Kg) X 67% (SCQ) = 4020ml.
Preconiza-se que metade do volume seja administrado nas primeiras 8 horas e a outra metade
nas 16 horas subsequentes. Sendo assim, 2010ml nas primeiras 8 horas e 2010ml nas próximas
16 horas.
Por que o critério de caso suspeito de dengue é diferente para crianças? Dengue em crianças
costuma apresentar-se de forma mais inespecífica, sem sintomas ou sinais típicos,
principalmente naquelas com idade inferior a dois anos. Frequentemente, é confundida com
outras doenças infecciosas, atrasando o diagnóstico em casos leves.
Veja que, por qualquer que seja a definição, nosso paciente deve ser avaliado como casos
suspeito para dengue. A confirmação, quando pertinente, pode ser realizado através de
métodos sorológicos (se após sexto dia de doença) ou através de PCR ou pesquisa de
antígenos (NS1) nos casos mais precoces.
Após suspeitar do diagnóstico de dengue devemos categorizar nosso paciente. É essencial que
você conheça a classificação de risco da dengue, pois é o que define a conduta terapêutica.
Esse é um dos assuntos mais cobrados em questões de prova sobre dengue!
A classificação de risco categoriza os pacientes em quatro grupos (A, B, C e D), de acordo com a
presença de sinais de sangramento cutâneo, condições de risco, sinais de alarme e sinais de
choque.
Grupo A
Esse grupo é composto por pacientes com suspeita de dengue que não tenham sinais de
alarme ou de choque nem manifestações hemorrágicas cutâneas espontâneas ou induzidas
(prova do laço). Eles também não têm comorbidades ou condições clínicas especiais nem
fazem parte de grupo de risco. Assim, são pacientes que não necessitam de cuidados especiais:
seu tratamento deve ser realizado em nível ambulatorial, com hidratação oral e medicamentos
sintomáticos. Os pacientes desse grupo devem ser orientados a procurar atendimento em caso
de surgimento de sinais de alarme.
Grupo B
O grupo B compreende os casos de suspeita de dengue sem sinais de alarme ou de choque,
mas com sangramento de pele espontâneo (petéquias) ou induzido (prova do laço), ou com
comorbidades ou condições especiais. São pacientes com risco mais elevado para
complicações pela dengue e exigem maior atenção que aqueles do grupo A.
Devemos sempre realizar hemograma para todos os pacientes do grupo B, que serão mantidos
em observação com hidratação oral na unidade de saúde até que o resultado do exame esteja
disponível (idealmente em até quatro horas).
Se não houver sinais de hemoconcentração no hemograma (hematócrito elevado ou em
elevação) ou outro sinal de alarme, os pacientes poderão ser liberados para tratamento em
regime ambulatorial com hidratação oral. Nesse caso, a reavaliação presencial na unidade de
saúde deve ser diária, até que o paciente tenha permanecido afebril por 48 horas. Em caso de
hemoconcentração são reclassificados para o grupo C.
Grupo C
Os pacientes com dengue que apresentam os sinais de alarme indicam os casos que entram na
fase crítica e apresentam sinais e sintomas que alertam para gravidade, e por isso são
classificados como grupo C. Este grupo de pacientes deve ser internado para manejo.
Veja a seguir quais são os sinais de alarme, que são o tema central de muitas questões sobre
dengue!
- Dor abdominal intensa (referida ou à palpação) e contínua.
- Vômitos persistentes.
- Acúmulo de líquidos (ascite, derrame pleural, derrame pericárdico).
- Hipotensão postural e/ou lipotimia.
- Hepatomegalia maior do que 2cm abaixo do rebordo costal.
- Sangramento de mucosa.
- Letargia e/ou irritabilidade.
- Aumento progressivo do hematócrito (20%)
Grupo D:
Os sinais de choque da dengue são de suma importância para definir a conduta médica a ser
tomada, uma vez que na presença destes, classificaremos o paciente como grupo D. Este
grupo de pacientes deve ser internado, preferencialmente em UTI para manejo.
Vamos às alternativas
Ainternação, notificação compulsória, coleta de sorologia e prescrição de vitamina A oral.
Afirmativa nos descreve a conduta que seria tomada caso a doença em questão fosse o
sarampo. No entanto, como revisado no enunciado, o quadro descrito é de dengue.
O paciente não preenche os critérios necessários para definição de doença de Kawasaki apesar
da febre. Relembre abaixo, com um mnemônico de nosso material quais são esses critérios:
Valendo-se dessa tabela, vamos avaliar separadamente cada uma das alternativas.
O que é preconizado é que evitemos a reposição excessiva de fluidos, visto que o excesso de
volume está associado a maiores complicações pós-operatórias, como íleo pós-operatório e
risco de deiscência das anastomoses. A restrição de volume vale para todo o período
operatório: pré, trans e pós-operatório.
Desse modo, a profilaxia de tromboembolismo venoso é uma medida fundamental para que
possamos evitar esses óbitos. Para escolhermos o tipo de profilaxia, os pacientes cirúrgicos
devem ser classificados de acordo com o risco de tromboembolismo venoso. Isso é feito
através da aplicação de um escore chamado Caprini. Esse escore estratifica os pacientes em 4
categorias, conforme uma pontuação, da seguinte forma:
Os pontos usados para o cálculo do escore são obtidos através da análise de alguns elementos
clínicos conforme descrito na tabela abaixo.
Podemos indicar qual a melhor forma de profilaxia, baseados no risco de TEV identificado pelo
Escore. Veja abaixo.
• MUITO BAIXO RISCO: Nesse grupo, o risco de TEV é menor que 0,5%. Dessa forma, a
deambulação precoce é a única profilaxia recomendada para esses pacientes.
• BAIXO RISCO: Nesse grupo, o risco de TEV sem profilaxia é em torno de 1,5%. Portanto, além
da deambulação precoce está indicado o uso de meias elásticas compressivas e de compressor
pneumático intermitente.
• RISCO MODERADO OU ALTO: Nesse grupo, o risco de TEV sem profilaxia é em torno de 3,0%.
Desse modo, a necessidade de profilaxia é inquestionável. O tipo de profilaxia pode ser
farmacológico (anticoagulantes) ou mecânico e varia de acordo com o risco de sangramento.
Infecto II
1. O retrovírus HTLV é a causa potencial da HAM-TSP (HTLV associated mielopathy-
tropical spastic paraparesis). Menos de 5% dos infectados por esse vírus desenvolvem
a mielopatia.
A história natural da doença é de um curso crônico, associado a transtorno esfincteriano
precoce e tipicamente associado a pleocitose liquórica. Os pacientes desenvolvem quadro de
paraparesia espástica lentamente progressiva e ao longo de anos, tipicamente, passam a
necessitar do uso de apoio para deambulação. Há relatos anedóticos de alguma melhora com
o uso de corticóide nas fases iniciais dos sintomas. Fato é que a pesquisa de HAM-TSP é
mandatória nos pacientes com paraparesia espástica em nosso meio.
3. Estamos diante de um quadro clínico compatível com a meningite fúngica mais comum
em pacientes com aids: meningite criptocóccica. É causada por um fungo chamado
Cryptococcus neoformans. Infecção de elevada gravidade, pode acometer pacientes
com aids que não usam a terapia antirretroviral e apresentam contagem de linfócitos T
CD4+ abaixo de 100 células/mm3.
É muito mais frequente quadro subagudo do que agudo, mas ambos são possíveis. Os
pacientes acometidos costumam apresentar sinais e sintomas de meningite e hipertensão
intracraniana, como cefaleia, náuseas e vômitos, rigidez de nuca, edema de papila, paralisia do
VI par craniano (por ter um trajeto longo) e confusão mental.
A hipertensão intracraniana é muito comum e bem característica da neurocriptococose. Note
que a hipertensão intracraniana está aumentada, já que é considerada normal até 15mmHg.
O diagnóstico é confirmado com o exame do líquor e com a tinta da China positiva, que
demonstra a presença de leveduras encapsuladas no líquor.
A análise do líquor pode evidenciar celularidade normal ou um pouco aumentada às custas de
linfomononucleares, proteínas um pouco elevadas e glicose baixa.
(A) N-Acetilcisteína;
(B) Naloxone;
(C) Flumazenil;
(D) Azul de metileno;
(E) Atropina.
Vamos às alternativas:
Adiminuição de acetilcolina na membrana pós-sináptica
Não é exatamente a diminuição da acetilcolina na membrana pós-sináptica e sim o bloqueio
do receptor, mas, é a melhor alternativa.
Bdiminuição de acetilcolina na membrana pré-sináptica
A miastenia gratis é o protótipo a doença pós-sináptica.
Caumento de acetilcolina na membrana póssináptica
A redução da transmissão colinérgica e não o seu aumento que caracteriza a miastenia gravis.
Daumento de acetilcolina na membrana présináptica
Mais uma vez, para não se esquecer: na miastenia gravis, o problema é pós sináptico e
acompanhado de redução da transmissão colinérgica.
Um ponto fundamental: via de regra, essa entidade é monofásica! Essa é a grande diferença
com a Esclerose Múltipla, protótipo das doenças desmielinizantes do SNC e caracterizada,
primordialmente, pelo seu caráter recorrente!
Futuro residente, estamos diante de uma questão clássica de provas de residência sobre uma
das principais síndromes paraneoplásicas: a síndrome de Pancoast Tobias! Essa síndrome é
ocasionada por um tumor de sulco superior, o tumor de Pancoast, que tem o potencial de
invadir a parede torácica e, com isso, levar a algumas consequências, como dor no ombro e no
braço (distribuição dos dermátomos C8, T1 e T2), por compressão do plexo braquial e
síndrome de Horner por acometimento
da cadeia simpática paravertebral e do gânglio cervical inferior (gânglio estrelado), cursando
com semiptose, miose e anidrose,
e fraqueza e atrofia dos músculos da mão por acometimento do plexo braquial.
Historicamente, a maior parte dos tumores de Pancoast é carcinoma de pulmão não pequenas
células (CPNPC). A possibilidade de um pequenas células nessa topografia é relativamente
rara (até 5%). Aproximadamente metade dos casos corresponde a adenocarcinomas, e o
restante, CEC, mas vale ressaltar que os dados são atuais — em um passado recente, o CEC era
considerado o mais comum.
4. Discussão da questão:
O que o examinador deseja saber? Diagnóstico diferencial e condutas na lombalgia.
O que você precisa saber para responder a esta pergunta? Lombalgia mecânica simples
Existem basicamente dois tipos de dores da região lombar:
- Axial: localizada na região lombar.
- Irradiada: segue geralmente pelos membros inferiores.
Segundo passo: com a dor controlada, pode-se iniciar atividade física aeróbica e
fortalecimento muscular do core abdominal, o que, em última análise, é o que irá resolver o
problema.
2- Paraparesia Espástica Hereditária. Existem diversas causas genéticas que podem ocorrer
com padrão autossômico recessivo, dominante e até mesmo ligado ao X. De maneira geral,
podem incluir apresentação pura, apenas como paraparesia espástica ou complexa, incluindo
síndrome epiléptica, disfunção intelectual e distúrbios do movimento.
3- Causa inflamatória. Destaque para a mielite tranversa, de instalação aguda e em geral, pós
infecciosa, para a mielite associa à esclerose múltipla, em geral segmentar, sem acometer toda
a secção transversa da medula e por isso produzindo sintomas menos intensos e finalmente a
mielite longitudinalmente extensa, típica da neuromioelite óptica, doença desmielinizante
classicamente associada à positividade dos anticorpos anti-aquaporina 4.
4- Causas infecciosas. Destaque para a infecção pelo HTLV-1 e 2, causador da HAM-TSP (HTLVS
associated mielopathy- tropical spastic paraparesis). Menos de 5% dos infectados por esse
vírus desenvolvem a mielopatia. O curso é subagudo a crônico, associado a transtorno
esfincteriano precoce e tipicamente associado a pleocitose liquórica. Há ainda a
esquistossomose e o HIV, que serão discutidos abaixo
Ao menos uma lesão com realce pós-contraste (aguda), simultaneamente a uma lesão sem
realce (crônica);
OU
Presença de bandas oligoclonais no LCR. É um exame que sugere a produção de
imunoglobulinas no espaço liquórico. Não é específico de EM, contudo, ocorre em mais de
85% dos pacientes e seu principal significado é que o processo está ocorrendo ao longo do
tempo.
Em resumo, a disseminação no tempo podemos identificar através da RM de neuroeixo OU
através do exame de bandas oligoclonais no LCR.
Pois bem, agora imagine que uma paciente jovem procura atendimento após apresentar um
quadro de déficit sensitivo dimidiado à direita, sendo realizada a RM de encéfalo que
revela lesão em uma área que explica o sintoma apresentado. Continuando com a análise da
RM de encéfalo e da RM de medula, você não encontra nenhuma outra lesão. O exame de
bandas oligoclonais no LCR também é negativo.
E agora?
A paciente não preenche os critérios de disseminação no tempo. É um surto único.
O diagnóstico nessa situação é de síndrome clínica isolada (CIS). Portanto, quando um paciente
apesenta um surto único e não conseguirmos definir disseminação no tempo, estamos diante
de uma síndrome clínica isolada! Eventualmente, você pode encontrar mais lesões, contudo,
de mesma "idade" ou seja, sem a concomitância de lesões aguda e crônica. Esses pacientes
podem evoluir no futuro para o diagnóstico de Esclerose Múltipla, por isso, devem ser
acompanhados.
- Pele: sudorese, unhas quebradiças, prurido, queda de cabelo, pele quente e úmida
- Cardiovascular: taquicardia sinusal, hipertensão sistólica, arritmias (fibrilação atrial)
- Respiratório: Dispneia
- Gastrointestinais: diarreia, disabsorção, perda de peso
- Metabolismo ósseo: perda de massa óssea, fraturas, hipercalcemia
- Endocrino-metabólico: hiperglicemia
- Genito-urinário: alterações menstruais, principalmente oligomenorreia
- Hematológico: anemia normocítica e normocrômica
- Neuro-psiquiátricas: nervosismo, agitação, psicose
O quadro clínico pode ser bastante variável, mas os principais sintomas são:
- Fadiga
- Intolerância ao frio
- Depressão
- Leve ganho de peso
- Queda de cabelo e unhas frágeis
- Constipação
- Irregularidade menstrual
- Pele grossa e seca
A diretriz também se posiciona em relação aos itens II e III da questão: "Quando o médico deve
suspeitar de uma dislipidemia genética? Sempre que o paciente apresentar uma dislipidemia,
deve-se considerar as causas primárias (genéticas) e as secundárias. A distinção entre ambas
não é tão fácil, uma vez que a maioria das dislipidemias é poligênica, resultante da combinação
de fatores genéticos e não genéticos. Na presença de alterações moderadas do perfil lipídico
e descartadas as causas secundárias, considerar as dislipidemias primárias poligênicas ou
monogênicas".
O primeiro exame a ser solicitado, deverá ser o TSH. Isso porque caso o TSH venha suprimido
denota que provavelmente há uma produção aumentada de hormônios tireoidianos que estão
inibindo a secreção de TSH por meio de feedback negativo. Algumas das doenças que causam
tireotoxicose também estão associadas ao desenvolvimento de nódulos tireoidianos. Contudo,
faremos de tudo para evitar puncionar estes nódulos, pois estes são benignos e se
puncionados poderão até mesmo piorar o quadro de tireotoxicose. É justamente por este
motivo que o primeiro passo na investigação de um nódulo tireoidiano é a dosagem de um
TSH.
Em pessoas com nódulos tireoidianos e TSH normal ou elevado, a caracterização do nódulo por
meio da ultrassonografia é essencial para a definição da conduta posterior, devido ao risco
aumentado desses nódulos representarem neoplasias.
Nesses pacientes com TSH normal ou elevado, várias sociedades se baseiam nos critérios
acima para definir os critérios para a indicação de PAAF (punção aspirativa por agulha fina).
Dentre as recomendações sobre o tema, destacam-se as da American Thyroid Associaton (a
mais cobrada em provas de residência) e os critérios TIRADS da American College of
Radiology. Revise-os abaixo.
Algumas características ultrassonográficas que denotam risco aumentado de malignidade são:
Nódulos sólidos (maior risco), seguido por nódulos mistos
Nódulos hipoecoicos (maior risco), seguido por nódulos isoecoicos ou hiperecoicos
Microcalcificações
Margens irregulares
Mais alto que largo
Invasão de tecidos adjacentes
Linfadenopatia cervical associada
Em pessoas com nódulos tireoidianos e TSH normal ou elevado, a caracterização do nódulo por
meio da ultrassonografia é essencial para a definição da conduta posterior, devido ao risco
aumentado de estarmos diante de uma neoplasia. Diversas características ultrassonográficas
dos nódulos tireoidianos podem indicar se estamos diante de uma lesão mais provavelmente
benigna ou maligna. Observe por exemplo os critérios de punção de nódulos tireoidianos
abaixo e perceba como as características ultrassonográficas que denotam maior suspeição de
malignidade são essenciais para a definição dos próximos passos:
Tudo bem, mas o que estaria elevando esse PTH? Opa, temos uma vitamina D bem baixa aqui.
Lembre-se que a vitamina D auxilia na absorção de cálcio e fósforo no TGI, portanto se temos
pouca vitamina D, teremos menos cálcio sérico e mais ativação de paratireoide para manter a
normocalcemia. Ou seja, podemos estar diante de um hiperparatireoidismo secundário (que
tem perfil típico de PTH elevado com cálcio sérico normal ou baixo) induzido pela
hipovitaminose D . Porém, temos um outro diagnóstico diferencial. Em uma minoria dos casos,
pacientes com hiperparatireoidismo primário possuem PTH elevado com normocalcemia.
Como diferenciar os dois? Simples, tratamos a deficiência de vitamina D e vemos o que sobra.
Se o PTH e o cálcio normalizarem após a correção da hipovitaminose D, o problema de fato é
um hiperparatireoidismo secundário.
Tá, Ênio, entendi… Mas porque o enunciado me deu os valores de albumina? Para que você
corrigisse o cálcio total pela albumina. Recorde que a cada 1 g/dL que a albumina cai abaixo de
4 g/dL (ou algumas referência 4,5g/dL), devemos aumentar 0,8 mg/dL no valor do cálcio total.
Como a albumina da nossa paciente é de 4,5 g/dL nem precisamos nos esquentar com essa
correção!
Tá, mas porque ele me deu a creatinina e TFG? Pois a etiologia mais clássica de
hiperparatireoidismo secundário é a disfunção renal, onde a redução da fosfatúria aumenta os
níveis séricos de fósforo, que se combina com o cálcio, reduzindo o seu nível e estimulando as
paratireoides a secretar mais PTH. Então, informando a função renal, o enunciado quis
assegurar para você que esta não era a etiologia do nosso distúrbio do cálcio.
E porque me deu o cálcio urinário de 24h? Pois existe uma doença chamada hipercalcemia
hipocalciúrica familiar. Essa é uma condição na qual existe uma mutação do receptor presente
nas paratireoides responsável por "verificar" os níveis séricos de cálcio, o CaSR (calcium
sensing receptor). O resultado é que as paratireoides dessas pessoas vão precisar de níveis
séricos de cálcios mais elevados para que as paratireóides percebam que o cálcio está ali. Essa
é uma condição benigna e geralmente assintomática, na qual os pacientes apresentam o
seguinte perfil laboratorial:
- Cálcio levemente elevado
- PTH normal ou levemente elevado
- Cálcio na urina de 24h baixo (hipocalciúria) - tipicamente <200 mg/d, contrastanto com o
hiperparatireoidismo primário onde a hipercalciúria (>250 (mulheres) ou >300 (homens) mg/d)
é comum. Esse aumento na reabsorção do cálcio urinário também ocorre devido à mutação do
CaSR.
- Magnésio normal a elevado - também devido aos efeitos renais da mutação do CaSR.
Um detalhe bacana dessa questão é que ela teve o cuidado de alertar que a hidroclorotiazida
havia sido suspensa. Isso é importante pois recorde que os tiazídicos aumentam a reabsorção
de cálcio do fluido tubular (tanto é que ela pode ser usada como profilaxia para a formação de
cálculos urinários em pessoas com hipercalciúria idiopática). Assim, os níveis de cálcio na urina
de 24h só podem ser avaliados de maneira fidedigna após a suspensão do tiazídico. O que
percebemos é que no segundo exame a paciente apresenta uma hipercalciúria (>250mg/d
para mulheres), o que corrobora ainda mais o diagnóstico de hiperparatireoidismo primário.
Agora nos resta descobrir qual é a etiologia. De antemão, pensamos na doença de Graves, que
é a causa mais comum de hipertireoidismo primário. Porém, o nosso paciente não apresenta
nenhum daqueles 4 achados clínicos típicos do Graves (bócio difuso, orbitopatia, acropatia ou
mixedema pré-tibial), o que reduz um pouco a probabilidade desse diagnóstico. Mas então o
que poderia estar causando a tireotoxicose? Dá uma olhada nas medicações: o paciente está
usando amiodarona. Vale lembrar que esse fármaco pode causar tanto hiper, quanto
hipotireoidismo.
A amiodarona é uma droga antiarrítmica que contém 2 átomos de iodo. Parece pouco, porém
um único comprimido de 200 mg possui o equivalente a 6 mg de iodo, correspondendo a 40
vezes a necessidade diária desse elemento.
- Tireotoxicose induzida pela amiodarona (TIA) do tipo 1: ocorre em pessoas que já possuem
previamente doença de Graves, adenoma tóxico ou bócio multinodular tóxico. Nesses
indivíduos, o excesso de iodo contido na amiodarona leva a uma acentuação significativa da
tireotoxicose. Essa acentuação na produção de hormônios tireoidianos induzida pela ingestão
de iodo é chamada de efeito de Jod-Basedow. O diagnóstico da TIA tipo 1 envolve: cintilografia
(que mostra hipercaptação difusa ou nodular) e/ou ultrassonografia tireoidiana (que
demonstra aumento de fluxo ao Doppler com ou sem múltiplos nódulos). Como uma parcela
dos pacientes possui como comorbidade a doença de Graves, podemos encontrar o anticorpo
TRAb positivo em pacientes com TIA tipo 1. O tratamento é realizado por meio de: suspensão
da amiodarona (se possível) e prescrição tionamidas (metimazol ou propiltiouracil) ou
realização de radioiodoablação. Um tratamento alternativo é a tireoidectomia total.
Devemos ter em mente que a elevação do TSH com o envelhecimento é, até certo ponto,
fisiológica. O limite superior da normalidade pode chegar a 6 a 8 mU/L em octogenários
saudáveis. O tratamento de idosos com TSH <10 ainda carece de evidência científica de
benefício, não sendo capaz de reduzir mortalidade. o. Além disso, pacientes idosos estão mais
sujeitos aos danos do “overtratamento” com levotiroxina (fibrilação atrial, osteoporose e
fraturas).
A diretriz da SBEM é a que costuma despencar em prova. Porém aqui também vou citar para
vocês a recomendação trazida no Uptodate e em uma revisão publicada no JAMA em 2019 que
pode vir a ser abordada. Veja abaixo no fluxograma as recomendações:
A recomendação do Jama/Uptodate considera o tratamento de idosos >65 anos com níveis de
TSH entre 7-9,9 em casos de elevado risco cardiovascular ou clínica muito sugestiva de
hipotireoidismo, o que difere da diretriz da SBEM que considera o tratamento em idosos >65
anos apenas se TSH>10. Fique de olho nessa diferença! Como a paciente da nossa questão tem
valores de TSH <7, não nos resta duvida de que não iremos trata-la.
10. Temos uma paciente com TSH elevado no primeiro trimestre da gestação. Nesta
situação, devido aos desfechos adversos perinatais associados, há uma abordagem
específica que difere daquela que utilizamos nas pacientes não gestantes. Revise tal
abordagem no fluxograma abaixo:
Na gestação, são necessários níveis mais elevados de T4L para suprir toda a demanda
metabólica aumentada. Consequentemente, os níveis de TSH tendem a ser mais baixos. No
Brasil, considera-se níveis de TSH > 4 mU/L como elevados e já indicativos de necessidade de
levotiroxina mesmo sem a dosagem do T4 livre (que por sua vez define apenas a dose). Valores
limítrofes de TSH (entre 2.6 e 4 mU/L) precisam ser investigados quanto à fisiopatologia
autoimune por meio da dosagem de anti-TPO, o qual se presente é um marcador de risco de
deterioração da função tireoidiana durante a gestação.
A meta terapêutica com o uso de levotiroxina também muda na gestação devido à maior
necessidade metabólica dos hormônios tireoidianos. Nesta condição clínica, temos como meta
níveis séricos de TSH < 2,5 mU/mL.