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Avaliação do nível de orientação das mulheres no climatério sobre o papel da fisioterapia na prevenção...

Avaliação do nível de orientação das mulheres no climatério sobre o


papel da fisioterapia na prevenção e no tratamento da incontinência
urinária
Taise Carrara*, Mirian S. Araujo**, Susan S. Kinequita***, Daiana S. Nascimento****, José Mendes Aldrighi*****

Resumo
Avalia-se o grau de conscientização de ensino superior. Estavam na menopau-
mulheres climatéricas sobre a incontinên- sa 50,45% das mulheres, de modo que
cia urinária IU por meio de um estudo ob- 49,55% da amostra não estavam. No que
servacional prospectivo. Foram incluídas se refere à etnia, 68,14% eram brancas,
mulheres entre 40 e 65 anos residentes em 6,63%, negras, 20,80%, pardas, 4,43%,
Osasco – SP, e a coleta de dados ocorreu amarelas e 0 %, indígena. Da amostra,
com auxílio de questionário contendo va- 15,48% fizeram reposição hormonal, ao
riáveis relacionadas aos aspectos sociode- passo que 84,52% não usaram hormônio.
mográficos, histórico, ginecológico, obsté- Em relação à frequência e às formas de
trico, geniturinário, a orientações sobre a ocorrência de IU analisadas pelo ICIQ-SF,
importância da fisioterapia e a dificuldades registou-se 52,61% para nunca, 14,05%
encontradas para realizar o tratamento. para antes de chegar ao banheiro, 21,28%
Para avaliar a frequência de perda urinária, para tosse ou espirro, 1,20% dormindo,
o questionário utilizado foi o ICIQ-SF, apli- 5,22% durante atividade física, 2,42% ao
cado a 300 mulheres no período de julho vestir-se, 2,42% sem razão óbvia e 0%
a agosto de 2010, na Clínica de Saúde da todo o tempo. A maior parte da amostra
Mulher Climedis. Os achados foram ana- desconhece a atuação da fisioterapia na IU
lisados e comparados com os da literatura e não recebeu dos profissionais da área da
referente ao tema. Quanto ao nível de ins- saúde no climatério qualquer orientação
trução, houve índice de 0% de analfabetas, preventiva sobre essa afecção.
17,26% tinham ensino primário, 17,26%,
ginasial, 38,05%, colegial e 27,43%, Palavras-chave: Incontinência urinária. Fi-
sioterapia. Climatério.

*
Bacharela em Fisioterapia pela Universidade Paulista (Unip). Especialista em Saúde da Mulher no Climatério
pela USP. Endereço para correspondência: Av. Paula Ferreira, 89/191 C, Freguesia do Ó, CEP: 02915-000,
São Paulo – SP. E-mail: taisecr@hotmail.com.
**
Bacharela em Fisioterapia pela Universidade Cidade de São Paulo (Inicid). Especialista em Saúde da Mulher
no Climatério pela USP.
***
Bacharela em Fisioterapia pela Unip. Especialista em Saúde da Mulher no Climatério pela USP.
****
Bacharela em Fisioterapia pelo Centro Universitário Ítalo Brasileiro. Especialista em Saúde da Mulher no
Climatério pela USP.
*****
Doutor em Medicina pela USP. Professor da USP.

doi:10.5335/rbceh.2012.016

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Taise Carrara et al.

Introdução massa corpórea, estado hormonal, uso


de medicações, uso de álcool e cafeína,
O objetivo deste estudo consistiu em comorbidades, como a associação com a
avaliar o grau de conscientização de mu- hipertensão arterial e, ainda, a situação
lheres climatéricas sobre a incontinência socioeconômica. Alguns estudos reali-
urinária (IU) e as opções de tratamento zados com aplicação de questionários
fisioterapêutico dessa afecção. demonstram que mães e irmãs de pa-
A International Continence Society cientes com IUE têm maior prevalência
(ICS, 2005) define IU como a perda invo- dessa afecção em relação às mulheres
luntária de urina cujos impactos sociais sem histórico familiar podendo apresen-
e higiênicos devem ser mensurados, tar início dos sintomas precocemente.
respeitando cada tipo da afecção, porém (MUSHKAT et al., 1996).
esses aspectos não são levados em consi- De acordo com estimativas do Data-
deração no conceito atual. (ABRAMS et sus, em 2007, a população feminina bra-
al., 2002). Dada sua prevalência, a IU sileira totaliza mais de 98 milhões. Desse
tem grande impacto econômico e social, universo, cerca de 30 milhões têm entre
além de afetar a qualidade de vida, po- 35 e 65 anos, o que significa que 32%
dendo levar ao isolamento e à depressão. das mulheres no Brasil encontram-se na
(HAMPEL et al., 2004). faixa etária em que ocorre o climatério.
De acordo com os sintomas, a IU (BRASIL, 2008).
pode ser classificada em quatro tipos: A IU ocorre entre 30 e 60% das mu-
IU de esforço (IUE), quando ocorre perda lheres durante o período de climatério
involuntária de urina durante o esforço e na menopausa, tendo importância,
ou exercício, ou ao espirrar ou tossir; IU portanto, pela sua alta incidência e pelo
de urgência, caracterizada pela queixa impacto negativo na qualidade de vida
de perda involuntária de urina acompa- de suas portadoras. (HAMPEL et al.,
nhada ou imediatamente precedida por 2001).
urgência; IU mista, quando há queixa de O climatério é um fenômeno endó-
perda involuntária de urina associada à crino decorrente do esgotamento dos
urgência e, também, a esforços, exercício, folículos ovarianos que ocorre em todas
espirro ou tosse; e IU paradoxal, ou por as mulheres. Inicia-se em torno dos 40
transbordamento, na qual se observa anos, estendendo-se aos 65, e caracteri-
hipocontratilidade do detrusor, com za-se por um estado de hipoestrogenismo
grande resíduo pós-miccional, e a perda progressivo. (GUARISI et al., 2001a;
urinária, quando o volume ultrapassa a SOUZA, 2002).
capacidade vesical máxima. (BORBA et A suspensão definitiva dos ciclos
al., 2008). menstruais ou menopausa reflete a au-
Segundo Rortveit et al. (2003), os sência de níveis de estradiol suficientes
fatores que podem estar envolvidos para proliferar o endométrio. Aproxima-
na etiologia da IUE incluem idade, damente 50 a 70% das mulheres refe-
raça, paridade, tipo de parto, índice de rem sintomas somáticos e dificuldades

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emocionais, com destaque para as ondas muscular perineal e do assoalho pélvico,


de calor ou fogachos, tendo, portanto, para melhorar a força de contração das
implicações negativas para a qualidade fibras musculares, coordenar a ativida-
de vida. (GUARISI et al., 2001b). de abdominal e promover um rearranjo
Algumas alterações fisiológicas que estático lombopélvico, utilizando-se de
ocorrem no tecido urogenital nesse perí- exercícios, aparelhos e técnicas que pro-
odo foram identificadas como agravantes movem o fortalecimento dos músculos
da IU. É o caso da queda de estrógeno, necessários para manter a continência
que está associado ao adelgaçamento da urinária. Dentre os recursos disponíveis,
submucosa e à perda de tônus do esfínc- os mais utilizados são os exercícios de
ter, com a consequente diminuição da fortalecimento, treinamentos de relaxa-
pressão de fechamento uretral. (BORBA mento, biofeedback e estimulação elétri-
et al., 2008). ca. (STEPHENSON; O´CONNOR, 2004).
São poucas as descrições quanto à Um estudo realizado com mulheres
prevalência da IU na população brasilei- incontinentes dividiu a amostra em dois
ra. Esses valores são descritos de acordo grupos: num foi utilizada a terapia com
com o tipo da afecção, sendo restritos os cones vaginais e no outro, a terapia
os estudos por inquérito populacional. com eletroestimulação. Em ambos os
(GUARISI et al., 2001b). grupos, observou-se a eficácia no trata-
Observou-se em mulheres climatéri- mento de mulheres com IUE. A taxa de
cas que 35% delas apresentavam queixa sucesso subjetiva foi de 60%, enquanto a
de IU de esforço; em outro estudo, a pre- objetiva esteve ao redor de 50%. O grau
valência de perda urinária foi de 27,5% de satisfação foi importante, fazendo
na população pesquisada, com maior que parte dessas mulheres não optasse
ocorrência da IU mista (33,8%), seguida pelo procedimento cirúrgico. Porém, os
pela de esforço (27,5%) e da urgeinconti- autores do estudo julgam ser necessária
nência (20%). (HIGA, 2004). uma avaliação mais precisa do assoalho
Diversos tratamentos para IU têm pélvico, na tentativa de quantificar as
sido utilizados, como a cinesioterapia, lesões dos músculos e nervos para, então,
a eletroestimulação, cirurgias e terapia propor sessões mais adequadas de reabi-
medicamentosa. Uma vez que o trata- litação. (SANTOS et al., 2009). É neces-
mento cirúrgico envolve procedimentos sário ressaltar que, quando alcançado o
invasivos que podem ocasionar compli- objetivo terapêutico, o tratamento deve
cações, é de custo elevado e pode ser ser mantido, pois a tonicidade muscular
contraindicado em alguns casos, tem depende de sua constante atividade.
surgido interesse crescente por opções (MODOTTE et al., 1999; PIATO, 2002).
de tratamentos mais conservadores com Considerando a IU como um proble-
a fisioterapia. (SILVA; LOPES, 2009). ma social e de higiene, o presente estudo
Segundo Souza (2002), a fisiotera- visa a verificar se as mulheres no período
pia é uma modalidade de tratamento do climatério estão sendo orientadas a
conservador que consiste na reeducação respeito da prevenção e do tratamento

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fisioterapêutico adequado para inconti- O questionário foi aplicado a 300


nência urinária. mulheres, no período de julho a agosto
de 2010, na Clínica de Saúde da Mulher
Métodos (Climedis), situada na zona oeste de
Osasco - SP. Os resultados desse ques-
Trata-se de um estudo observacional tionário foram analisados e comparados
prospectivo realizado mediante aplicação com os achados da literatura, em artigos
de questionário para mulheres residen- referentes a incontinência urinária, tra-
tes em Osasco – SP. Foram incluídas tamentos e prevenção.
apenas mulheres que estavam na faixa
etária do climatério, entre os 40 e os 65 Resultados
anos de idade.
As mulheres que concordaram em Tabela 1 - Caracterização da amostra (n =
participar da pesquisa, que foi submeti- 226 mulheres) quanto às variáveis
encontradas na casuística.
da à Comissão de Ética em Pesquisa da
Universidade de São Paulo (Coep/FSP) Média DP
e posteriormente aprovada (protocolo nº Idade 53,85 ± 9,62
2127), assinaram o Termo de Consenti- Score ICIQ-SF-P 03,62 ± 5,17
mento Livre e Esclarecido (TCLE). Nº gestações 02,38 ± 1,63
Parte do questionário foi elaborada Nº filhos 02,10 ± 1,37
pelas autoras deste estudo, contendo
Nº abortos 00,33 ± 0,70
dados pessoais das participantes; nú-
Nº fórceps 00,10 ± 0,33
mero de gestações, de filhos e abortos;
grau de escolaridade; raça; tratamentos Parto normal 00,98 ± 1,39
hormonais; presença da incontinência Parto cesárea 00,87 ± 1,01
urinária no climatério; períodos de ocor-
rência; orientações preventivas sobre
incontinência urinária; importância da
fisioterapia; dificuldades encontradas
para um tratamento fisioterapêutico e
renda familiar. Para avaliar a qualidade
de vida em relação à IU, utilizou-se o
questionário International Consultation
on Incontinence Questionnaire – Short
Form (ICIQ-SF), validado para o portu-
guês, contendo questões sobre frequência Gráfico 1 - Nº de pessoas sustentadas pela
renda familiar.
de perda urinária, impressão sobre a
quantidade da perda urinária, em que
medida essa perda interfere na vida
diária e a forma como se dá a perda
urinária.

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Gráfico 2 - Renda familiar.

Em relação ao nível de instrução, os totalizaram 50,45%, contra 49,55% que


achados da amostra foram de 0% para não estavam. Quanto à etnia, 68,14%
analfabeto, de 17,26% para primário, eram brancas; 6,63%, negras; 20,80%,
de 17,26% para ginasial, de 38,05% pardas; 4,43, amarelas; e 0% indígena. Da
para colegial e de 27,43% para superior. amostra, apenas 15,48% fizeram reposição
Mulheres que estavam na menopausa hormonal e 84,52% não usaram hormônio.

Tabela 2 - Avaliação da amostra (n = 226 mulheres) em relação à presença de IU e à abordagem


fisioterapêutica realizada.
S/ gestação 14,16%
IU gestacional 14,16%
S/ IU gestacional 71,68% Abordagem fisioterapêutica 10,96%
IU pós-gestacional 15,04% S/ abordagem fisioterapêutica 89,04%
S/ IU pós-gestacional 70,80%
IU no climatério 32,30%
S/ IU no climatério 67,70%

No que se refere às formas de ocor- para tosse ou espirro, de 1,20% para


rência de IU analisadas pelo questio- dormindo, de 5,22% para durante ativi-
nário ICIQ-SF-P, os achados foram de dade física, de 2,42% para ao vestir-se,
52,61% para nunca, de 14,05% para de 2,42% para sem razão óbvia e de 0%
antes de chegar ao banheiro, de 21,28% para todo o tempo.

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Taise Carrara et al.

Tabela 3 - Avaliação da amostra (n = 226 algumas mulheres, em razão das impli-


mulheres) quanto ao recebimento cações que o climatério ocasiona. A incon-
de orientação dos profissionais da
tinência urinária é dividida em quatro
saúde em relação à prevenção da IU
e ao conhecimento sobre abordagem tipos: IU de esforço, IU de urgência, IU
fisioterapêutica na prevenção da IU. mista e IU paradoxal ou por transbor-
damento na vigência de qualquer perda
Orientadas 14,60%
involuntária de urina. Segundo Borba et
S/ orientação 85,40%
al. (2008), as alterações fisiológicas que
Conhecimento fisioterápico 29,20%
ocorrem no tecido urogenital, a queda do
S/ conhecimento fisioterápico 70,80%
estrógeno, o adelgaçamento da submuco-
sa e a perda de tônus do esfíncter nesse
Tabela 4 - Possíveis dificuldades apontadas
período são fatores agravantes da IU.
pela amostra (n = 226 mulheres)
para uma abordagem fisioterapêu- Neste estudo, das 226 mulheres com
tica na IU. idade entre 40 e 65 anos, 30% apresenta-
ram o quadro de incontinência urinária.
Financeiro 20,16%
Parece interessante que esse dado seja
Falta de tempo 22,10% mais profundamente estudado e que as
Falta de vontade 05,42% mulheres recebam orientação a respeito
Falta de especialista na área 13,56% da prevenção e do tratamento dessa afec-
S/ conhecimento no tratamento 38,76%
ção. É importante incluir a orientação
dos profissionais de saúde à população
feminina durante e após esse período.
Discussão Silva e Lopes (2009) relatam que as
A estimativa de vida do brasileiro pacientes de seu estudo achavam nor-
vem crescendo a cada ano, e a população mal perder urina. Esse fato corrobora a
feminina do país totaliza mais de 98 mi- necessidade de informar e atualizar os
lhões. A faixa etária entre 35 e 65 anos profissionais da área da saúde quanto
é representada por cerca de 30 milhões ao cuidado da incontinência urinária,
de mulheres, das quais 32% encontram- incluindo orientações sobre as formas
-se no período do climatério. (BRASIL, de tratamento não cirúrgicos passíveis
2008). de uso dentro do sistema primário de
Esse período, caracterizado por um cuidado de saúde. (BORBA et al., 2008).
fenômeno endócrino decorrente do esgo- No presente estudo, o grau de esco-
tamento dos folículos ovarianos, ocorre laridade parece não interferir no que diz
em todas as mulheres. Inicia-se aos 40 respeito ao conhecimento sobre o trata-
anos, estendendo-se aos 65, e caracteri- mento fisioterapêutico, pois a porcenta-
za-se por um estado de hipoestrogenismo gem de mulheres com grau de instrução
progressivo. (GUARISI et al., 2001a; analfabeto e primário foi baixa.
SOUZA, 2002). Outro ponto importante a ser consi-
Nessa fase, pode ocorrer o apare- derado refere-se à ocorrência da IU du-
cimento da incontinência urinária em rante e após a gestação. Nosso trabalho

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mostrou uma porcentagem de mulheres esforço é a mais frequente. Observou-se,


que referiram ter notado a ocorrência em outro estudo, que 35% das mulheres
da incontinência urinária, mas não re- climatéricas apresentavam queixa desse
alizaram tratamento fisioterapêutico. tipo da afecção, o que corrobora os nossos
Considerando a prevenção da IU, parece achados, que apontam essa forma de
interessante incluir, nos cuidados da apresentação da IU como a principal.
saúde da mulher, as orientações neces- (HIGA, 2004).
sárias no atendimento prestado. Sabe-se que no sistema público não é
No presente estudo, como já rela- oferecida ao paciente a fisioterapia como
tado, o conhecimento da atuação fisio- recurso para tratamento da incontinên-
terapêutica preventiva na IU é baixo. cia urinária. No entanto, evidencia-se a
Embora 70% das pacientes entrevistadas necessidade desse atendimento à popula-
não tenham sofrido a ocorrência de IU, ção, na medida em que o presente estudo
a orientação com relação à fisioterapia verificou que há uma porcentagem maior
é necessária, visto que se trata de uma de mulheres com renda mensal de três
modalidade de tratamento conservador a quatro salários mínimos. O número de
que consiste na reeducação muscular pessoas sustentadas pela renda é maior do que
perineal e do assoalho pélvico, a qual ob- três, dificultando o acesso aos tratamentos
jetiva melhorar a força de contração das particulares.
fibras musculares, coordenar a atividade Observa-se a necessidade de orientar
abdominal e promover um rearranjo todas as mulheres no climatério com
estático lombopélvico. (SOUZA, 2002). relação à prevenção e ao tratamento
Mesmo que nem todas as mulhe- da incontinência urinária, visto que em
res entrevistadas tenham relatado nossa amostra apenas 14% receberam
ocorrência de incontinência urinária, a orientação sobre o tratamento conser-
dificuldade encontrada para realização vador. Em estudo realizado com mu-
do tratamento foi significativa pela falta lheres incontinentes, a taxa de sucesso
de conhecimento a esse respeito. Isso subjetiva foi de 60%, enquanto a taxa
indica a pertinência de uma orientação objetiva esteve ao redor de 50%. O grau
mais apropriada aos pacientes sobre os de satisfação foi importante, levando a
diversos tratamentos para IU, como a que parte dessas mulheres não optasse
cinesioterapia e a eletroestimulação. De pelo procedimento cirúrgico. (SANTOS
acordo com Silva e Lopes (2009), tem et al., 2009).
surgido interesse crescente por opções de Aspectos sociais, psicológicos e eco-
tratamentos mais conservadores com a nômicos afetam a qualidade de vida
fisioterapia, haja vista que o tratamento dessas mulheres quando da ocorrência
cirúrgico é de custo elevado e pode ser de IU. Embora essa afecção não coloque
contraindicado em alguns casos. diretamente a vida das pessoas em risco,
O número de mulheres entrevistadas é de grande importância a orientação
demonstra, pelo questionário de quali- quanto à prevenção e aos tratamentos
dade de vida, que a incidência de IU de que possam oferecer uma melhora nos

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Taise Carrara et al.

aspectos sociais, preventivos e rela- nopause. Under race, 68.14% were white,
cionados às alterações decorrentes do 6.63% were black, 20.80% were brown,
climatério. 4.43% were yellow and 0 % were indige-
nous. 15.48% of the sample had taken hor-
monal replacement and 84.52% did not
Conclusões use hormones. The forms of UI occurren-
ce analyzed by the ICIQ-SF, questionnai-
Mesmo diante dos tratamentos dis- re were 52.61% for never, 14.05% before
poníveis e em expansão na fisioterapia getting to the toilet, 21.28% coughed or
para prevenção de IU, a maior parte sneezed, 1.20% slept, 5.22% during phy-
sical activity, 2.42% when getting dressed,
da amostra desconhece a atuação da
2.42% for no obvious reason, and 0% all
fisioterapia diante desse problema. Isso the time. Majority of the sampled women
evidencia que a população em estudo are unaware of the use of physiotherapy in
não tem recebido qualquer forma de UI and have not received any preventive
orientação preventiva para essa afecção instruction for this illness from health pro-
por parte dos profissionais da área da fessionals in the climacteric phase.
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