Você está na página 1de 3

Identificação do grupo:

Ana Teresa Pereira de Oliveira RA:1262111498


Clara Silveira Mainenti RA:1262111483
Etiana Malabarba Wiedemann RA: 1262113977
Fabiana Sampaio Lopes RA: 1262020373

APS - Fisioterapia Urogenital

CASO CLÍNICO 2
MJO, 65 anos de idade, obesa, 3 partos vaginais, apresenta queixa de
aumento da frequência urinária, noctúria, incontinência urinária de urgência. Não
faz uso de medicamentos e não refere outras queixas urinárias. A paciente é
tabagista e refere tosse crônica a cinco anos. O diário miccional evidenciou uma
frequência urinária de 14 micções em 24 horas e 3 episódios de perda urinária sem
associação com esforço físico. O exame fisioterapêutico do assoalho pélvico revelou
uma boa percepção da contração dos músculos do assoalho pélvico (MAP) e
capacidade de contrai-los e relaxá-los voluntariamente, apresentou grau 3 segundo
a escala de Oxford. Paciente relata pouco ingesta hídrica por medo das perdas e
temor em sair de casa por medo de perder urina, relata sentir vergonha e por isso
tende a se isolar em casa.
Com base no que foi exposto:
a) Explique a fisiopatologia da disfunção citada no caso clínico.
A paciente acima apresenta a fisiopatologia de IUUrgência e Bexiga
Hiperativa.
A BH é uma síndrome caracterizada por contrações involuntárias e
hiperativas da musculatura da bexiga (músculo detrusor) durante a fase de
enchimento, levando a uma necessidade urgente de urinar. Essas contrações
podem ocorrer de forma inapropriada, mesmo quando a quantidade de urina na
bexiga é pequena. Os sintomas comuns incluem urgência miccional, frequência
urinária aumentada e, em alguns casos, incontinência urinária de urgência.
A fisiopatologia da BH não é completamente compreendida, mas várias
causas foram propostas, incluindo irritação urodinâmica, inflamação local,
neurogênese aumentada e disfunção do músculo detrusor. Fatores genéticos,
hormonais e ambientais também podem desempenhar um papel.
O aumento da atividade do detrusor pode ser desencadeado por
diversos motivos, interferindo no controle normal da micção e levando a
incontinência urinaria de urgência.
b) Considerando as características descritas, quais orientações relacionadas ao
estilo de vida devem ser dadas, pensando na saúde global da paciente (ao risco ao
qual ela está exposta em relação a sua saúde) e em aspectos que podem agravar sua
condição?
A paciente apresenta alguns fatores não obstétricos importantes que
aumentam o risco de gravidade da patologia como: idade (considerada idosa),
obesidade (aumentando a pressão intra-abdominal-vesical), tabagismo (causa
danos aos músculos e tecidos), tosse crônica (aumenta pressão intrabdominal).
Portanto, é importante que se eduque e oriente a paciente para que se
reduza os fatores de risco. Perder peso para diminuir a pressão intra-
abdominal, parar de fumar para aliviar a tosse constante e diminuir os danos
aos tecidos e músculos, beber mais água para evitar a concentração de urina e
irritação na bexiga. Assim como, desenvolver estratégias para o retorno à vida
social também pode ajudar a melhorar sua qualidade de vida.

c) Identifique, descreva e justifique quais informações adicionais seria importante


obter por meio da avaliação fisioterapêutica, que possam fazer a diferença na
individualização do tratamento e consequentemente uma maior eficácia no
tratamento.
Embora MJO não faça uso de medicamentos atualmente, seria importante
saber se ela usou medicamentos no passado como opioides e antidepressivos,
ou outras possíveis influências de outras comorbidades além da obesidade e
da tosse crônica pelo fato de ser tabagista, que poderiam afetar a função da
bexiga, como diabetes ou alguma lesão neurológica. As condições
neurológicas, incluindo doenças que afetam o movimento, podem causar
contração desinibida da bexiga e a IU será secundária à doença pré-existente.
Saber sobre seu consumo de cafeína também pode ser um fator importante
adicional. A cafeína tem uma ação diurética nos rins aumentando o volume
urinário. A ingestão da cafeína em alta concentração pode causar instabilidade
do músculo detrusor e, consequentemente, perda involuntária de urina. Na
cistometria ocorre aumento de urgência e frequência da micção após a
ingestão da cafeína; o aumento da pressão na bexiga cheia indica uma
diminuição da capacidade vesical, provavelmente sendo a cafeína responsável
por este sintoma, podendo não ser um efeito puramente diurético
Também é importante coletar informações sobre menopausa, O
hipoestrogenismo no pós-menopausa predispõe a mulher à IU e contribui para
sintomas urinários como aumento da frequência, urgência e disúria. Verificar se
houve histerectomia ou outras condições ginecológicas que possam influenciar
a função do assoalho pélvico. Acredita-se que a excisão ou o prolapso do útero
comprometem as funções do assoalho pélvico, visto que, este órgão suporta
parte deste assoalho a sua remoção pode causar danos nas estruturas que
sustentam a bexiga e a uretra.
Saber se a paciente tem algum histórico de constipação. Atualmente, a
constipação tem sido estudada como um fator que aumenta o risco de IU em
mulheres. A constipação crônica afeta a função urológica: o estiramento do reto
pode comprimir a bexiga, contribuindo para a retenção urinária, causando
infecção do trato urinário e, frequentemente, a força realizada durante a
evacuação intestinal pode lesar a musculatura pélvica e, através da distensão,
traumatizar e causar isquemia muscular.
Compreender padrões de incontinência, gatilhos para urgência, e a
presença de sintomas como dor ou disúria (dor ou queimação durante ou após
urinar) sugerindo alguma infecção no trato urinário.
É necessário investigar se houve impacto dos partos vaginais nos músculos
do assoalho pélvico e na integridade dos tecidos, pois o parto vaginal está
associado com o aumento de casos de IU quando comparado com o parto
cesáreo, no entanto o parto vaginal isolado não é um causador de IU.

d) Considerando as informações disponíveis descreva e justifique as condutas


fisioterapêuticas mais indicadas para este caso.
Apesar da paciente apresentar boa percepção da contração MAP e
capacidade de contrai-los e relaxá-los voluntariamente, apresentando grau 3
segundo a escala de Oxford, é importante fortalecer essa musculatura ainda
mais. Sendo assim, o TMAP é o recurso que apresenta maior grau de
evidência e a primeira linha de tratamento conservador, além de não ter
contraindicações e não oferecer riscos para a paciente.
Orientar e acrescentar o educador perineal como forma de treinamento sem
supervisão também ajudariam a paciente a aprender a ter mais controle sobre
a intensidade da contração, além de fornecer um feedback visual pelo
movimento da antena do educador.
Esses treinamentos são capazes de gerar uma mudança também
comportamental, pois melhoram a habilidade de controlar a urgência miccional
e aumentando a capacidade vesical.

Você também pode gostar