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Agosto, 2013
Estefania Garcia Rubio
Júri:
Presidente: Professora Doutora Élia Maria Carvalho Pinheiro Silva Pinto
Professora Coordenadora do Departamento de Terapia Ocupacional da Escola Superior de
Saúde do Alcoitão
Vogais: Professora Doutora Maria Teresa Tomás
Professora Adjunta do Departameto de Ciências e Tecnologias de Reabilitação da Escola
Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa
Professor Doutor António João Labisa da Silva Palmeira
Professor Associado, Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias
Doutora Tamara Rial Rebullido
Professora Adjunta, Universidade de Vigo, Faculdad de Ciências de La Educación y del
Deporte, Departamento de Didácticas Especiales
Agosto, 2013
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RESUMO
Fisioterapia das disfunções do pavimento pélvico tais como a Incontinência Urinária (IU) e os
prolapsos vaginais que têm um grande impacto na Qualidade de Vida (QV) das mulheres que
compreendidas entre os 25 e os 60 anos (idade média 46 anos) com sintomas de IU, em que o
Abdominal Hipopressiva durante 12 semanas e um grupo controlo (n=28) que não realizou
nenhum tipo de tratamento. A variável a ser comparada entre os dois grupos foi a gravidade
repetidas para a análise dos dados. Resultado. Os dois grupos tiveram melhorias, embora o
grupo hipopressivos tenha registado melhorias mais significativas (F (1, 47) = 38.68. p<0.01,
pélvico.
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SUMMARY
especially for treating pelvic floor disorders such as urinary incontinence (UI) and vaginal
organ prolapse as these disorders substantially impact women’s quality of life (QOL) by
causing embarrassment and social isolation. The goal of this investigation was to analyze the
research model used was quasi-experimental comparing two groups of women, age from 25 to
60 years (mean = 46), with UI symptoms. The experimental group (n=21) completed 12
weeks of hypopressive exercises while the control group (n=28) did not receive any treatment.
The outcome variables were severity of UI symptoms and QOL measured by the International
the t-test and the ANOVA for repetitive measures. Results. Both groups improved, however
the hypopressive exercise group had more significant improvements (F (1, 47) = 38.68.
p<0.01), with a 70% reduction in UI symptoms. Conclusion.. The results confirm that
Hypopressive Techniques are effective on the reduction of UI symptoms and increased QOL
INTRODUÇÃO
A Incontinência Urinária (IU) forma parte de uma larga variedade de condições clínicas
que inclui a incontinência fecal, prolapso de órgãos pélvicos, disfunções sexuais e dor crónica
pélvica que constituem o conceito de Disfunção do Pavimento Pélvico (DPP) (1). Atualmente
são milhões as mulheres em todo o mundo que sofrem estas disfunções tendo grande impacto
na sua qualidade de vida (QV), despertando sentimentos de vergonha e isolamento social (2).
urina que pode ser demonstrada de forma objetiva, e desta forma atribuir um grau de
entre 13% e 60% na população geral referindo perdas diárias entre o 5% e os 15% (3).
Contudo a situação é, pela sua natureza, pouco sensível a estudos epidemiológicos e depende
tema, já que a vítima pode não referir de forma verdadeira o problema porque esta situação
que a mulher refere (sintomas), o que é observado na observação clínica (sinais), e a partir dos
esforço (IUE), IU de urgência (IUU) e IU mista, das quais a IUE é a que mostra uma maior
prevalência (49%). Esta é definida como a “perda involuntária de urina durante atividades
físicas em que a pressão intra-abdominal é elevada” (1). Existem vários fatores de risco
associadas à IUE, tais como o parto vaginal, lesões do tecido conjuntivo (ligamentos
comportamento para evitar hábitos quotidianos incorretos que favorecem a fraqueza dos
que aumentam a tonicidade dos músculos do períneo (6); e cirurgia para implantação de
dos músculos do pavimento pélvico (TMPP) constitui o método de primeira linha, com forte
Vários autores referem que a contração isolada dos MPP visa essencialmente evitar a
descida da uretra durante o aumento da pressão intra-abdominal (5); manter alta a pressão
associado à contração isolada dos MPP é importante também realizar exercícios globais e
fisioterapeuta especializado na área (7), embora não exista um protocolo unânime que oriente
aumenta a pressão intra-abdominal, o que provoca uma ativação reflexa dos músculos
pélvicos, sendo possível pensar que alguns exercícios abdominais são suscetíveis de ativar a
Nos últimos anos as Técnicas Hipopressivas criadas por Caufriez tem vindo a ganhar
com umas pautas técnicas específicas que incluem o avanço do eixo de gravidade, retificação
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expiratória e abertura costal (16). A Ginástica Abdominal Hipopressiva é uma variante das
Técnicas Hipopressivas conhecida como método de treino com benefícios para a faixa
abdominal mas sem efeitos negativos sobre o pavimento pélvico (15). Estas provocam uma
diminuição da pressão intra-abdominal (15) e uma ativação dos MPP e do músculo transverso
(17).
global cujo objetivo é a regulação das tensões musculares e conjuntivas a diferentes níveis do
O objetivo deste estudo foi verificar os efeitos de uma prática regular de Ginástica
MÉTODO
Desenho do estudo
intergrupos realizado com a colaboração da Clínica Maio (Vigo, Espanha). O projeto foi
Participantes
Short Form (ICIQ-SF) superior a zero. Ficaram fora da amostra mulheres com cancro
mulher a receber algum tratamento médico ou de fisioterapia por disfunção sexual ou IU.
dois grupos de 30 indivíduos cada: 1) um grupo experimental (GH) que realizou um programa
vezes por semana ao longo de 12 semanas tal como a maior parte dos estudos comparativos
de tratamentos para a IU encontrados na literatura (2); 2) um grupo controlo (GC) que não
sistematizados no tempo.
Procedimentos
Foram registadas as assistências das participantes nas sessões práticas com assinatura
Indivíduos excluídos
durante o estudo (N=9). Não Foram excluídos por
realizaram as sessões num não aparecer no pós
mínimo de 80%. teste (N=2)
pessoa, nas mesmas condições de avaliação de acordo com o protocolo estabelecido. De cada
participante foram recolhidos dados referentes a idade, peso, altura, Índice de Massa Corporal
verificado por meio do questionário ICIQ-SF, versão validado em espanhol (19). Este
de IU quando o valor ICQ é superior a zero. A a pontuação obtida no ICIQ-SF tem uma
dirigidas por um instrutor/professor certificado pelo Método Hipopressivo. Foram criados uns
padrões obrigatórios em todas as aulas; controlo dos exercícios a realizar, controlo do ritmo
Análise estatística
Foi utilizado o teste t de Student para analisar os dados e comparar as médias dos dois
grupos em relação aos parâmetros avaliados. Uma ANOVA para medidas repetitivas foi
usada para verificar as diferenças obtidas em relação as variáveis entre os grupos após
implementação. O nível de significância foi fixado em p< 0.05. As análises foram realizadas
RESULTADOS
A amostra total do estudo (n=49), com média de idade de 46 anos, conta com dois
grupos: a) grupo experimental (GH) (N=21) e b) um grupo controlo (GC) (N=28). Tal como
mostra a tabela 1 não se registaram diferenças significativas entre os grupos na maioria das
variáveis, com a exceção do ICA onde o grupo de controlo apresentou um ICA superior ao
Grupo Grupo
Hipopressivos Controlo
n=21 n=28 t P
M SD M SD
ICA – Índice Cintura Anca. ICQ – Índice de severidade dos sintomas de IU.
Para a análise da evolução dos grupos perante o tratamento, foi realizada uma ANOVA de
Variáveis M ± SD M ± SD F P F P
ICQ
ICA
Perímetro Cintura
IMC
Perímetro Anca
ICA – Índice Cintura Anca. ICQ – Índice de severidade dos sintomas de IU.
Na evolução do grupo como um todo (tempo) verificou-se que houve uma melhoria do
grau de severidade dos sintomas e QV (F (1, 47) = 45.37, p < .001). Quando se analisou as
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diferenças entre os grupos (tempo x grupo) nesta evolução, verificou-se que o grupo
experimental apresentou uma melhoria mais acentuada do que o grupo de controlo (F (1, 47)
= 38.67, p <.001).
ICQ CINTURA
ANCA ICA
valor após o programa enquanto no grupo controlo não houve alterações como se pode
comprovar na tabela 2. Analizando os dados relativos as duas medidas que compõe o índice,
±2.20 frente a um valor após programa de 78.54 ±2.03, resultando uma diferença de 2,48 cm.
Pelo contrário, o grupo controlo apresentou só uma diferença de 0.36 cm menos que na
medida inicial. Em relação ao IMC houve melhorias nos dois grupos embora não
significativas.
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DISCUSSÃO
experimental obteve uma melhoria do 70% em comparação com o grupo controlo no índice
ICQ.
melhoraram em 58% (p< .001) o tónus de carga do pavimento pélvico e em 20% a força de
contração avaliado mediante pelvimetria perineal e diminuição dos sintomas de IU após seis
meses de prática diária de Ginástica Abdominal Hipopressiva. Este estudo não teve grupo
controlo ao contrário do presente estudo apresentado, onde encontramos dados adicionais que
programas de treino encontrados na bibliografia são muito variados e em muitos casos são
músculos (20).
Graças a evidência sabemos que existe uma contração dos MPP durante a contração
perde-se ou altera-se em algumas mulheres com IU (23,24). Se esta co-contração não ocorre,
O estudo de Stüpp e Resende (17) descreve que existe ativação dos MPP e do músculo
temos que ter presente que um aumento da pressão intra-abdominal é um fator de risco
diária.
O IMC não apresentou modificações significativas em nenhum dos grupos pelo que a
variância de peso não foi um fator que tenha influenciado nos resultados do estudo. Sugerman
(27) relatou que a obesidade é um fator que aumenta de forma direta na IUE, no entanto, os
nossos resultados parecem indicar que podem existir melhorias sem perdas de peso.
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cintura, o grupo controlo não alterou o seu valor enquanto o grupo hipopressivo reduziu
O grupo hipopressivo reduziu o perímetro da cintura de forma significativa o que nos faz
pensar que a tensão da parede abdominal é menor após a prática de Ginástica Abdominal
Hipopressiva. Segundo Caufriez (29) existe uma relação direta entre a reducção do perímetro
existência de uma correlação entre a diminuição do perímetro da cintura com a melhoria dos
sintomas desta disfunção, embora esta hipótese necessite de mais estudos nesta mesma linha
de investigação com maior amostra e verificando a permanência dos efeitos a longo prazo.
Hipopressiva pode ser uma técnica eficaz na diminuição dos sintomas de IU em mulheres
adultas. Consideramos este estudo o ponto de partida para a investigação das técnicas
número de partos e o tipo de atividade física deveriam ser considerados em futuros estudos,
como também realizar um follow-up da amostra para verificar a permanência dos resultados a
longo prazo, sendo recomendável um período de 6 meses (29). Na maioria dos estudos neste
tipo de disfunções são utilizados instrumentos de medida subjetivas embora seja necessário
correlacionar também com medidas objetivas, tais como testes urodinâmicos, eletromiografia,
pelvimetria ou o pad test. (2). Este estudo assinala a importância da continuidade da procura
a Ginástica Abdominal Hipopressiva como uma das possíveis abordagens na melhoria dos
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