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ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA NO TRATAMENTO DA CONSTIPAÇÃO

INTESTINAL

Luciana M. C. Navarro Jorge1


Renata Teles da Silva1

RESUMO
Objetivo: O presente estudo tem como objetivo apontar e descrever a importância
dos possíveis recursos fisioterapêuticos para o tratamento da constipação intestinal
(CI). Método: Trata-se de um estudo que optou pelo método de revisão integrativa da
literatura, por meio dos bancos de dados Lilacs, Madline, Pubmed, Scielo,Journals
Bahiana, Biomed Research International e Google Scholar. Os critérios de inclusão
aplicados para este projeto foram artigos científicos que abordaram os temas
constipação intestinal e recursos fisioterapêuticos para tratamento da CI, sendo todos
da área de fisioterapia, originais, publicados na integra, entre os períodos de 2007 a
2020, na língua portuguesa e inglesa. E como critérios de exclusão, artigos que não
respondem aos objetivos da pesquisa. Foram aplicados os descritores: constipação
intestinal, fisioterapia, recursos fisioterapêuticos no tratamento da constipação
intestinal. Além de buscas individuais de cada descritor, foi realizada a busca boleana,
envolvendo dois e até mesmo três descritores. Resultados: Após busca nas bases
de dados supracitadas, foram encontradas 2020 referências, contudo somente 17 se
enquadravam nos critérios de inclusão desse estudo. Conclusão: A fisioterapia
oferece recursos significativos que contribuem no tratamento dos sintomas da
constipação intestinal. Dentre estes destacam-se técnicas de cinesioterapia, por sua
importância na conscientização perineal, técnicas de terapia manual/massagens
terapêuticas, por ser considerada simples, não invasiva, de debaixo custo e sem
maiores efeitos deletérios, além da eletroestimulação e o Biofeedback. Contudo,
observa-se a necessidade de desenvolvimento de novos estudos voltados,
especificamente, para a utilização de recursos terapêuticos empregados no
tratamento da constipação intestinal.

Palavras-chaves: Constipação. Fisioterapia. Modalidades da fisioterapia.

1Bachareis em Fisioterapia. E-mail: lu_fisio@hotmail.com, renatinha_teles@yahoo.com.br


Artigo apresentado a Faculdade Atualiza, como requisito parcial para obtenção do título de especialista
em Fisioterapia Uroginecológica, sob a orientação do professor Max José Pimenta Lima. Salvador,
2021.
1 INTRODUÇÃO

O presente estudo tem por objetivos apontar a importância do tratamento


fisioterapêutico na constipação intestinal e descrever os possíveis recursos
fisioterapêuticos para o tratamento da constipação intestinal.

Considerando que a constipação intestinal é um grave problema de saúde, devido à


sua alta prevalência na população mundial, gerando impacto direto na qualidade de
vida das pessoas, esse estudo visa demonstrar a importância e o papel da fisioterapia
no tratamento da obstipação. Sendo que, os benefícios do tratamento fisioterapêutico
ainda não são muito conhecidos por toda a população.

A constipação intestinal (CI) é definida como uma dificuldade persistente para evacuar
ou a sensação de evacuação incompleta e/ou movimentos intestinais pouco
frequentes (a cada 3 ou mais dias) (LATORRE et al., 2020). O mecanismo de
evacuação ocorre através da combinação de movimentos reflexos e involuntários e
sobre influências de fatores como consistência das fezes e os hábitos alimentares. A
alteração funcional nesses mecanismos pode levar à constipação intestinal
(LATORRE et al., 2020).

A CI é considerada um grave problema de saúde, devido à sua alta prevalência: cerca


de 20% da população mundial, sendo mais frequente em mulheres e idosos
(LATORRE et al., 2020) e de 20% a 30% da população adulta ocidental (GALVÃO et
al., 2012). Os distúrbios evacuatórios são prevalentes na população adulta e uma
parcela significativa dos casos pode ter origem a partir de disfunções dos músculos
do assoalho pélvico (MAP’s). Entre os fatores que também pode aumentar a
prevalência de CI, encontram-se danos causados à musculatura pélvica, e à sua
inervação, decorrentes de partos e prolapsos genitais (GALVÃO et al., 2012).

Segundo critério de Roma II, a CI é caracterizada por frequência de evacuação menor


do que 3 vezes por semana, esforço para evacuar em mais de 25% das vezes,
sensação de evacuação incompleta, fezes endurecidas e estímulos sem eliminação
das fezes. São considerados constipados aqueles que apresentam 02 ou mais desses
sintomas, no mínimo em um quarto das evacuações, referidos pelo menos 3 meses
(não necessariamente consecutivos) no último ano, embora possam ser considerados
os últimos 3 meses (GALVÃO et al., 2012; FIRMINO et al., 2015).

A inibição da defecação com posturas retentoras empurram as fezes de volta ao canal


retal, reduzindo a urgência defecatória. Com a reabsorção de água e eletrólitos há um
acumulo de fezes endurecidas e de grande diâmetro, ocasionando evacuação com
mais dor e possível fissura anal (SANTOS et al., 2011). Nesses casos, ocorre uma
falha no mecanismo normal da evacuação onde deveria ocorrer a ação coordenada
entre a prensa abdominal e o relaxamento dos músculos puborretal e esfíncter anal
externo. No entanto, ocorre contração ou não relaxamento desses músculos,
impedindo então a evacuação (LATORRE et al., 2020).

A fisioterapia tem grande importância no tratamento das patologias que afligem o


assoalho pélvico, como a CI, tendo como finalidade aprimorar a função desses
músculos, estimular a propriocepção da musculatura, reduzir ou eliminar a limitação
funcional, possibilitando, assim, uma melhor qualidade de vida para as pacientes.
Dentre técnicas utilizadas para o tratamento da CI, a conscientização perineal
apresenta grande influência e efeitos significantes na musculatura (FIRMINO et al.,
2015). Outra técnica fisioterapêutica é a manipulação cutânea (JESUS et al., 2014).

Uma variedade de abordagens não farmacológicas para constipação é recomendada,


incluindo tratamento com a prática de atividade física regular, bem como a
eletroestimulação pelo método de biofeedback (AMARAL et al., 2012). No que
consiste a fisioterapia de pacientes com constipação intestinal, ainda há poucos
estudos sobre a escolha da terapia mais adequada, entretanto o tratamento
fisioterapêutico está ganhando cada vez mais a aceitação por parte dos pacientes e
pelos profissionais da área da saúde, o que representa uma alternativa eficaz e segura
aos pacientes (FRIGO et al., 2014).
2 METODOLOGIA

Trata-se de um estudo de revisão integrativa que tem como finalidade responder à


pergunta investigativa: Qual a importância dos recursos fisioterapêuticos no
tratamento da constipação intestinal?

A revisão integrativa amplia a abordagem metodológica referente às revisões, usando


estudos experimentais e não-experimentais para uma compreensão completa do
fenômeno analisado. Combinando também dados da literatura teórica e empírica,
além de incorporar um vasto leque de propósitos: definição de conceitos, revisão de
teorias e evidências, e análise de problemas metodológicos de um tópico particular
SOUZA; SILVA; CARVALHO, 2008).

Este estudo foi realizado na Faculdade Atualiza Cursos, uma instituição de cursos em
diversas áreas da saúde, incluindo a pós-graduação em Fisioterapia Uroginecológica,
com sede na cidade de Salvador - Ba. Foram utilizadas para coleta de dados as bases:
Scielo, Journals Bahiana, BioMed Research International, Pubmed, Google Scholar e
Medline.

Os critérios de inclusão aplicados para este projeto foram artigos científicos que
abordaram os temas constipação intestinal e recursos fisioterapêuticos para
tratamento da CI, sendo todos da área de fisioterapia, originais, publicados na integra,
entre os períodos de 2007 a 2020, na língua portuguesa e inglesa. E como critérios
de exclusão, artigos que não respondem aos objetivos da pesquisa.

Foram aplicados os descritores: constipação intestinal, fisioterapia, recursos


fisioterapêuticos no tratamento da constipação intestinal. Além de buscas individuais
de cada descritor, foi realizada a busca boleana, envolvendo dois e até mesmo três
descritores.

Os dados colhidos foram analisados através de informações observadas em tabelas,


gráficos, quadros encontrados nos estudos, bem como os resultados obtidos pelos
mesmos. Sendo confrontados os usos de dados entre os autores dos estudos
envolvidos.
3 RESULTADO E DISCUSSÃO

O percurso metodológico referente à busca das publicações com base na metodologia


proposta seguiu os seguintes passos: 1 - busca primária dos descritores
separadamente: foram encontrados com o descritor “constipação” 43.352
publicações, com o descritor “fisioterapia” 597.789 publicações e com o descritor
“modalidades de fisioterapia” 86.340 publicações. 2 - Na busca secundária com os
descritores dois a dois usando a busca boleada and foram encontrados com o
descritor “constipação” and “fisioterapia” 4.972 publicações. 3- Busca terciária com
três descritores na busca boleada and foram encontradas 2.020 publicações.

Após a leitura dos títulos foram excluídas 1090 publicações repetidas em mais de uma
base de dados. Após a leitura dos resumos, 913 artigos foram excluídos porque não
contemplavam o objetivo do trabalho, resultando em 17 artigos com resultado principal
do trabalho, o quadro abaixo (Quadro 1), traz a descrição dos artigos.

Quadro 1 – descrição dos trabalhos encontrados após a metodologia proposta.

Autor Título Revista Ano Objetivo


Incidência de
Avaliar a incidência e as
Amaral, Ana constipação intestinal
Fisioterapia características da constipação
Paula em estudantes de 2012
Brasil intestinal em estudantes
Garcez et al nível superior do
universitárias do sexo feminino.
sexo feminino
Trazer informações sobre a
constipação intestinal infantil, de
Constipação forma mais clara e objetiva,
Araújo, intestinal infantil e a dados sobre a quantidade de
Revista JRG de
Úrsula Maria atuação crianças afetadas, índices, mas
Estudos 2018
Carneiro fisioterapêutica: uma prevalentes, classificações,
Acadêmico
de et al. revisão integrativa da sendo aguda ou crônica, e
literatura enfatizando a fisioterapia, como
um método eficaz e de grande
valia de tratamento.
Terapia
comportamental
associada a Avaliar os efeitos da terapia
Azevedo, Revista
neuromodulação no comportamental associada à
Maria Pesquisa em
tratamento da bexiga 2021 neuromodulação na bexiga e
Aneilma Fisioterapia
e intestino em intestino neurogênicos na
Ribeiro et al
indivíduos com Doença de Parkinson.
Parkinson: um estudo
piloto
Técnicas manuais
viscerais em A Função Verificar o tempo de eliminação
Brito, Bruno
pacientes restritos ao Multiprofissional 2019 de material fecal após aplicação
da Silva et al
leito por longa da Fisioterapia da técnica manual visceral
permanência
To select the most appropriate
and specific targeted
Outlet obstructed rehabilitative therapy, the
constipation and fecal therapist’s scrupulous hard
Brusciano, incontinence: is work, especially as regards the
Scielo 2020
Luigi et al rehabilitation patient’s emotional and psychic
treatment the way? state, and finally the patient’s
Myth or reality compliance in undertaking the
therapy itself, especially at
home.
Efeito da massagem Analisar o efeito da massagem
Costa, clássica para o alívio clássica abdominal em mulheres
Repositório da
Carolina da constipação 2018 no puerpério imediato para os
USF
R. et al intestinal no sintomas da constipação
puerpério intestinal.
Conscientização do
assoalho pélvico em
Avaliar a influência da
acadêmicas de
Firmino, conscientização perineal do
fisioterapia com
Raíne Costa Revista Inspirar 2015 assoalho pélvico em
constipação intestinal
Borba et al acadêmicas de fisioterapia com
de uma unidade de
constipação intestinal.
ensino superior –
Recife/Pe
Constipação Avaliar a frequência da
Fonseca, Intestinal em Revista constipação em crianças com
Maria Luiza Escolares com Pesquisa em 2012 Hiperatividade da Bexiga
Veiga da Hiperatividade da Fisioterapia Isolada (HBI) e sem queixas
Bexiga Isolada miccionais.
Efeitos da ginástica
abdominal Analisar os efeitos da Ginástica
Frigo, Letícia
hipopressiva em Abdominal Hipopressiva (GAH)
Fernandez et Cinergis 2014
mulheres com na constipação intestinal em
al
constipação intestinal mulheres.
– estudo de caso
Influência da
VI Encontro
fisioterapia no
Galvão, Nordestino de Analisar a influência de
tratamento da
Marjorie Fisioterapia em exercícios cinesioterapêuticos
constipação intestinal 2012
Ovídio Saúde da sobre dor e qualidade de vida de
em mulheres com
Bezerra et al Mulher – mulheres grávidas.
fibromialgia: estudo
ENFISM
piloto
Efeito da massagem
Jesus, abdominal e Apresentar os efeitos de
Revista
Daiane cinesioterapia em manobras abdominais e
Pesquisa em 2019
Santos de et mulheres acometidas cinesioterapia no tratamento da
Fisioterapia
al com constipação constipação intestinal.
intestinal
Relação entre a falha Fornecer evidências empíricas a
Revista
Latorre, no relaxamento do respeito da possível relação
Brasileira de
Gustavo F. assoalho pélvico e a 2020 entre a falha no relaxamento da
Ciência e
S. et al constipação em musculatura do assoalho pélvico
Movimento
mulheres com a constipação intestinal.
Oliveira,
Efeito da massagem
Ângelo Repositório Verificar o efeito da Massagem
do tecido conjuntivo
Midori Institucional da 2007 do Tecido Conjuntivo (MTC) na
na constipação
Kuraoka UNB constipação intestinal crônica.
intestinal
de et al
. Avaliação de técnica Avaliar, pela manometria
de biofeedback anorretal e pelo escore de
Santos, Repositório da
modificada com Agachan, a eficácia do
Maria Produção
apnéia pós expiração biofeedback com apnéia pós
Fernanda Científica e 2011
forçada na expiração forçada em
Rodrigues Intelectual da
constipação por portadores de constipação
dos et al Unicamp
discinesia do secundária a discinesia do
assoalho pélvico. assoalho pélvico.

4 DISCUSSÃO

A fisioterapia pode contribuir satisfatoriamente para o tratamento da constipação


intestinal (CI), com a finalidade de aprimorar a função dos músculos do assoalho
pélvico (MAP) e reduzir sintomas da mesma, possibilitando uma melhor qualidade de
vida aos pacientes (AMARAL et al., 2012). A CI pode estar associada a diversas
causas e para diagnosticá-la, é necessária uma cuidadosa anamnese, com
questionamentos específicos e exame físico completo. Durante a avaliação funcional,
é realizada o estudo da contração e do relaxamento destes músculos, através de
observação e palpação desta musculatura. Esta é estruturada de um modo a apontar
com objetividade o diagnóstico cinesiológico - funcional da MAP, permitindo um
programa de tratamento mais objetivo e específico (LATORRE et al., 2020).

Um estudo de Mukherjee, Biswas e Das (2016 apud AZEVEDO, 2021, p.8) afirmou
que o tratamento começa com dieta rica em fibras, ingestão adequada de líquidos e
fisioterapia. No tratamento fisioterapêutico são utilizados vários métodos que podem
oferecer melhora significativa da CI. No entanto, é necessário orientar aos pacientes
quanto à postura correta no vaso sanitário, pois é um fator importante durante o ato
evacuatório (GALVÃO et al., 2012). Além disso, segundo Oliveira (2007) e Azevedo
et al. (2021), deve-se encorajar a evacuação pela manhã, período em que o intestino
possui maior atividade, ou 30 minutos após as refeições, quando se espera uma maior
atividade intestinal pelo estímulo do reflexo gastrocólico.

Dentre as técnicas utilizadas para o tratamento da CI, a conscientização perineal


apresenta grande influência e efeitos significativos na MAP. A mesma baseia-se no
aprendizado e na percepção da musculatura, através de contrações voluntárias
repetitivas. Estas vão aumentar a força muscular (FM) e a resistência, permitindo,
assim, uma maior capacidade de contração reflexa voluntária dos grupos musculares
e melhora da função esfincteriana (FIRMINO et al., 2015). Já Fonseca (2012)
descreve que a contração da musculatura esfincteriana anal causa feedback negativo,
inibindo a contração retal e, portanto, estimulando a retenção fecal. A presença dessa
manobra, várias vezes ao dia, pode, então, causar a constipação. Enquanto Galvão
et al. (2012) relata que quanto maior a conscientização da contração da MAP, isolada
de musculaturas acessórias, maior será o recrutamento de unidades motoras, ganho
de FM e a capacidade de relaxamento fundamental para a defecação.
A cinesioterapia é responsável por proporcionar uma maior conscientização perineal
e isolamento de músculos agonistas e antagonistas, que por vezes, encontram-se em
contração constante e/ou contraem-se em conjunto com a musculatura perineal,
dificultando o processo de evacuação. Além de aumentar a FM e o reflexo dos
músculos pélvicos durante as atividades de vida diária (AVD’s) (FIRMINO et al., 2015).
Silva et al. (2012), afirmou que a atividade dos músculos abdominais e do diafragma
são importantes na propulsão das fezes e que pacientes com constipação podem
apresentar dificuldade em gerar pressão intra-abdominal suficiente para defecação.
Com isso, técnicas como o treinamento dos músculos abdominais e diafragma,
aceleram o trânsito colônico por produzir fezes mais volumosas no reto e aumentar a
resposta sensorial para o desejo de defecar, reduzindo o acúmulo por tempo
prolongado de fezes no reto.

Existem diversos tipos de massagem derivadas de outras técnicas e propostas por


vários autores, porém todas são derivadas de movimentos primários que fazem parte
da técnica denominada massagem clássica (COSTA et al., 2018). A massagem
terapêutica, sobretudo a abdominal, está entre as principais modalidades de
tratamento para a CI. É considerada de grande valor, pois, quando bem empregada,
constitui-se em um método simples, não invasivo, eficaz, de baixo custo, sem muitas
contraindicações e sem maiores efeitos deletérios (ARAÚJO et al., 2018). Essas
técnicas agem sobre o sistema nervoso parassimpático (COSTA et al., 2018),
estimulando o movimento peristáltico, que levará o material fecal para diante, até
chegar ao ânus, onde será induzido à eliminação pelo reflexo de defecação. A terapia
manual tem se destacado com estudos que vem comprovando sua eficácia em
pacientes constipados (BRITO et al., 2019).
Dentre as principais manobras usadas, estão o alisamento superficial, alisamento
profundo e o amassamento (COSTA et al, 2018). Através da pressão mecânica
exercida, e a possibilidade de atingir todas as camadas e tecidos, essa técnica pode
estimular o intestino, acelerando o processo de evacuação (VALE et al, 2015). Em um
estudo desenvolvido por Ferraz (2016 apud VAGACZ, 2018) observou-se o efeito da
manipulação visceral na constipação intestinal e a influência desta na flexibilidade da
coluna lombar, onde os resultados foram significativamente positivos e revelaram
tanto diminuição da constipação intestinal, quanto aumento da flexibilidade da coluna
lombar (VAGACZ, 2018).

A Ginástica Abdominal Hipopressiva (GAH) é uma técnica definida como uma postura
sistêmica, que envolve a ativação de diferentes grupos musculares esqueléticos
antagonistas do diafragma do ponto de vista postural. Esta prática, através da
aspiração diafragmática, provoca uma hipopressão abdominal e diminuição da
pressão, tanto intratorácica como intra-abdominal. A reeducação muscular, como
forma preventiva ou reabilitadora utiliza a GAH como um recurso. A manobra da GAH
que melhor estimula a ação sinérgica entre o assoalho pélvico e a musculatura
abdominal é a execução de uma expiração forçada (FRIGO et al., 2014).

Os exercícios de Kegel mais conhecido como treinamento de contrações, tem como


objetivo reabilitar os músculos do assoalho pélvico para tratamento das disfunções
abdominopélvicas. Em seu estudo, JESUS et al., 2014, descreve que os resultados
obtidos com os exercícios de Kegel foram positivos, e enfatizou-se que protocolos
com foco no abdominopélvico podem auxiliar nos mecanismos de continências e na
resposta dos músculos abdominais. Do mesmo modo, Torres (2017 apud JESUS,
2019, p. 14), em sua pesquisa avaliou 62 pacientes que apresentavam constipação
intestinal grau 1, realizando tratamento com exercícios de cinesioterapia, incluindo os
exercícios de Kegel. O mesmo estudo demonstrou que as técnicas de reabilitação
auxiliam o intestino a obter força na contração involuntária, maximizando o
peristaltismo e fortalecendo os músculos do assoalho pélvico. Observando-se, então,
que os pacientes apresentaram uma boa melhora nos sintomas da constipação
intestinal após a cinesioterapia e os exercícios de Kegel.
Amaral et al. (2012), Brusciano et al. (2020) e Galvão et al. (2012) trazem a
eletroestimulação e o biofeedback, como uma forma eficaz de tratamento para a CI,
sobretudo para aqueles pacientes que não apresentam uma boa consciência perineal
de contração e relaxamento. Segundo Galvão et al. (2012), a eletroestimulação da
MAP promove a conscientização da contração muscular para aqueles pacientes que
não apresentam boa percepção cinestésica. A eletroterapia irá fornecer uma
informação neuromuscular importante para a retomada da atividade consciente dos
músculos do assoalho, promovendo uma contração do músculo elevador do ânus e
do esfíncter anal, pela estimulação direta do nervo pudendo. Santos (2011), afirma
que objetivo do condicionamento neuromuscular com o emprego das técnicas de
biofeedback é restaurar um padrão normal de defecação. Buscando assim, corrigir a
incoordenação funcional da musculatura abdominal, retal e dos esfíncteres anais e,
também, melhorar a percepção retal em pacientes com sensibilidade retal diminuída.

Santos et al. (2011) cita em seu trabalho os resultados do seu estudo sobre o uso do
biofeedback no tratamento da CI, os quais demonstram que a melhora clínica
observada concorda com estudos anteriores que comparam a eficácia do mesmo, do
uso de laxativos, e dos tratamentos farmacológico e placebo, e evidenciam que o
primeiro é mais eficaz que os outros, devendo ser a primeira indicação no tratamento
da constipação. Outro motivo para se priorizar o tratamento com este é que se trata
de terapia segura, sem efeitos adversos. Santos et al. (2011) afirma que, de fato, a
terapia comportamental contribui com o tratamento da constipação, porém associada
ao biofeedback, compreende um programa completo, focado nas diversas causas de
constipação, que pode beneficiar principalmente pacientes que não respondem à
terapia convencional.

5 CONCLUSÃO

Com base na revisão sistemática da literatura, realizada por este estudo, pode-se
concluir que, a literatura ainda é muito escassa quando se trata de protocolos
fisioterapêuticos no tratamento da constipação intestinal, apesar da variedade de
recursos que podem ser aplicados.
Dentre esses recursos, os que mais se destacaram foram as técnicas de
cinesioterapia, por sua importância na conscientização perineal, fundamental no
processo do tratamento da constipação, as quais ajudam o paciente no processo de
relaxamento dos MAP’s, facilitando o processo de evacuação. Seguidos pelas
técnicas de terapia manual/massagens terapêuticas, devido à sua eficácia em
pacientes constipados, por serem procedimentos considerados simples, não
invasivos, de baixo custo e sem maiores efeitos deletérios. Por fim, a
eletroestimulação e o uso do biofeedback que auxiliam o processo de conscientização
perineal.

Contudo, observa-se a necessidade de desenvolvimento de novos estudos voltados,


especificamente, para a utilização de recursos terapêuticos empregados no
tratamento da constipação intestinal.
PHYSIOTHERAPY PERFORMANCE IN THE TREATMENT OF INTESTINAL
CONSTIPATION

ABSTRACT
Objective: The present study aims to point out the importance of physiotherapeutic
treatment in constipation and to describe the possible physiotherapeutic resources for
the treatment of constipation. Method: This is a study that opted for the method of
integrative literature review, using the Lilacs, Madline, Pubmed, Scielo, Journals
Bahiana, Biomed Research International and Google Scholar databases. The inclusion
criteria applied to this project were scientific articles that addressed the themes of
constipation and physiotherapeutic resources for the treatment of IC, all of which in the
area of physiotherapy, were original, published in full, between the periods 2007 to
2020, in Portuguese and English. And as exclusion criteria, articles that do not respond
to the research objectives. The following descriptors were applied: constipation,
physiotherapy, physical therapy resources in the treatment of intestinal constipation.
In addition to individual searches for each descriptor, a Boolean search was carried
out, involving two and even three descriptors. Results: After searching the
aforementioned databases, 2020 references were found, however only 19 met the
inclusion criteria for this study. Conclusion: Physical therapy offers significant
resources that contribute to the treatment of constipation symptoms. Among these are
kinesiotherapy techniques, due to their importance in perineal awareness, manual
therapy techniques/therapeutic massages, for being considered simple, non-invasive,
inexpensive and without major harmful effects, in addition to electrostimulation and
Biofeedback. However, there is a need to develop new studies that specifically target
the use of therapeutic resources used in the treatment of constipation.
Keywords: Constipation. Physiotherapy. Physiotherapy modalities.
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