Você está na página 1de 9

Fisioterapia Ser • vol.

9 - nº 4 • 2014

Artigo Original

Efeitos do método Watsu sobre a qualidade de vida


e nível de dor em grávidas com lombalgia

Effects of method Watsu on quality


of life and level of pain in pregnant with low back pain

Bárbara de Oliveira Gabriel Verdelho1, Hellen Hercília Vilhena Fonseca1,


Samárya Nazaré Failache Leite1, Wellington Pinheiro de Oliveira, Valéria Conceição Passos de Carvalho3,
Ana Paula Rodrigues Pereira de Souza4.

1. Acadêmicas do curso de Fisioterapia do


Centro Universitário do Pará (CESUPA),
Resumo
Belém (PA), Brasil. Introdução: A lombalgia pode acometer a mulher grávida independente da fase
2. Mestre em Genética e Biologia Molecular gestacional, apresentando-se mais intensa nos dois últimos trimestres. A fisiotera-
(UFPA). Professor do Curso de Fisiotera- pia aquática contribui para o acompanhamento deste quadro, podendo utilizar o
pia e Medicina do Centro Universitário do
Pará (CESUPA), Belém (PA), Brasil.
método Watsu para relaxar a musculatura e reduzir a dor. O presente estudo teve
3. Doutora em Neuropsiquiatria e Neurociên- como objetivo avaliar o nível álgico e qualidade de vida de grávidas com lombalgia
cias (UFPE). Professora do Curso de Fisi- atendidas pelo método. Metodologia: Participaram da pesquisa 05 gestantes, de 18
oterapia da Universidade Católica de Per- a 30 anos, com lombalgia iniciada no segundo trimestre de gestação, que foram
nambuco (UNICAP), Pernambuco (PE),
Brasil.
avaliadas antes da primeira sessão e ao final da última pelo questionário Roland-
4. Fisioterapeuta pelo CESUPA. Especialis- Morris para qualidade de vida e antes e depois de cada sessão pela escala visual
ta em Fisioterapia Aquática (UNINASSAU). analógica (EVA) para mensurar a dor. As participantes foram submetidas a 8 ses-
Belém (PA), Brasil. sões do método Watsu com água a 35ºC, 2 vezes por semana, seguindo o protocolo
de Fluxo Básico descrito por Dull, na Academia Ana Unger-Hidro Center em Belém
Endereço para correspondência: Wellington (PA). Resultados: Após a análise dos dados, observou-se que duas grávidas obti-
Pinheiro de Oliveira – Tv. Lomas Valentinas, veram uma redução de 100% no quadro álgico, enquanto as demais obtiveram
1412, apto. 701 – Pedreira – Belém – PA redução menor (91,1%, 90,2% e 86,3%), quando avaliado o nível de dor para cada
CEP 66087-441 – Telefones: (91) 8844-
7927 – (91) 82139244.
sessão, observou-se nas sessões 4, 5, 7 e 8, uma redução de 100% do nível de dor
E-mail: wellfisio@yahoo.com.br e reduções menores nas demais sessões. Observou-se uma melhora no nível de dor
lombar de 87,9% ao final do tratamento, bem como na qualidade de vida com uma
melhora de 86,66%. Conclusão: No presente estudo foi possível observar melhora
Recebido para publicação em 17/08/2014 e
aceito em 15/11/2014, após revisão.
significante, para o nível de dor e qualidade de vida das gestantes após a aplicação
do método Watsu.
Palavras-chave: gestante, lombalgia, watsu e roland-morris.

201
Fisioterapia Ser • vol. 9 - nº 4 • 2014

Abstract
Introduction: Low back pain can affect a pregnancy regardless of the stage, appearing more intense in the last two
trimesters. The aquatic therapy contributes to the monitoring of this framework, and may use Watsu method to relax muscles
and reduce pain these patients. The present study aimed to evaluate the painful level and quality of life in pregnant women
with low back pain answered by Watsu method. Methodology:05 pregnant women participated as sample, 18 to 30 years with
pain started in the second trimester of pregnancy who were evaluated before the first session and at the last by the Roland-
Morris questionnaire for quality of life and before and after each session by visual analogue scale (VAS) to measure pain. The
participants underwent 8 sessions of Watsu method with water at 35 º C, 2 times a week, following the Basic Flow protocol
described by Dull at the Academy Ana Unger-Hydro Center in Belem (PA). Results:After analyzing the data, we observed that
two pregnant achieved a 100% reduction in pain symptoms, while others had a smaller reduction (91.1%, 90.2% and 86.3%)
when evaluated the level of pain for each session, it was observed in sessions 4th, 5th, 7th and 8th, a 100% reduction in pain
level and smaller reductions in other sessions. We also observed that the improvement in the level of pain was 87.9% at the
end of treatment as well as in quality of life with 86.66% of improvement. Conclusion: In the present study we observed a
significant improvement, both for the level of pain, and quality of life of pregnant women after application of Watsu.

Keywords: pregnant, low back pain, watsu and roland-morris.

Introdução últimos meses de gestação, devido uma compressão nos gran-


No decorrer da história as grávidas têm sido aconselha- des vasos pelo útero gravídico, gerando assim uma diminuição
das a repousar e abster-se de atividades vigorosas, pois se no fluxo sanguíneo medular. A gestante então começa a procurar
acreditava que as mães ativas tinham bebês menores e as uma posição confortável de andar, colocando assim seu peso e
mães sedentárias bebês maiores. Somente a partir de meados o da barriga para trás, exigindo mais força da região lombar, so-
do século XX os benefícios dos exercícios durante a gravidez brecarregando os músculos eretores e quadrado lombar em seus
começaram a ser apreciados. Embora se conheça mais sobre últimos meses de gravidez2.
as alterações fisiológicas, mecânicas e emocionais da gravi- O tratamento de escolha para lombalgia gestacional pode
dez, os efeitos do exercício pra a mulher grávida e o feto ainda ser feito com o uso de anti-inflamatórios, analgésicos e fisio-
não estão completamente compreendidos1. terapia em várias vertentes. Além dessas abordagens é feito
A dor lombar está relacionada à dor que se localiza na também um trabalho de prevenção, orientando quanto aos
região inferior do dorso, em uma área situada entre o último hábitos posturais dessa gestante, o sono, e a prática de exer-
arco costal e a prega glútea, quando permanece por mais de cícios físicos. Em gestantes com lombalgia a fisioterapia con-
três meses é considerada crônica. Estima-se que a prevalência tribui para o alívio da dor e a melhora na qualidade de vida, e
da dor lombar na gravidez seja em média de 50% de mulheres dentre as especialidades que podem atingir estes objetivos
que já sentiram algum tipo de dor lombar. No entanto mais de encontra-se a fisioterapia aquática. Os métodos utilizados no
um terço das mulheres grávidas considera a lombalgia um meio aquático, pode-se citar o método Watsu que vem a ofe-
problema importante, pois interfere nas suas atividades do- recer à gestante um relaxamento muscular intenso6.
mésticas diárias e interferindo no seu trabalho, proporcio- Criado por Harold Dull, o Watsu surgiu da utilização das
nando que a maioria das mulheres se ausente do seu trabalho técnicas do Zen Shiatsu associadas ao benefício da água
por longos períodos2. aquecida. Ao realizar a primeira sessão em seu paciente em
As queixas de dor lombar e ciática são frequentes devido Harbin Hot Springs, percebeu que o efeito dos alongamentos
as grandes alterações físicas proporcionadas pela gravidez3 e movimentos do Shiatsu poderiam ser ampliados e aprofun-
e a dor lombar é um distúrbio frequente relatado pela popula- dados na água aquecida7.
ção, que em geral, se acentua nas mulheres durante a gesta- Segundo Dull7, o método Watsu age no relaxamento do
ção. A prevalência da lombalgia durante todo o decorrer da corpo e liberação dos bloqueios em nossos meridianos, que de
vida excede 70% da população em geral, na maioria das na- acordo com a medicina oriental é por onde passa a nossa força
ções industrializadas4. vital ou “chi”. Se utilizando de alongamentos e da temperatura
De acordo com Katz5, a lombalgia é considerada um dos da água em média de 35ºC, há um trabalho do corpo como um
sintomas habituais durante a gravidez, principalmente a partir todo, mesmo quando se alonga um segmento individualmente.
do terceiro trimestre, a mudança mais significativa no corpo A técnica permite que o corpo se mova além da limitação da
durante a gestação é o tamanho do útero, e devido às altera- dor, que vai sendo neutralizada durante a realização do Watsu7.
ções do mesmo, conforme a gestação evolui, seu peso aumen- O Watsu é um método de relaxamento individual, um tra-
ta e há uma mudança no seu centro de gravidade pra frente do tamento holístico onde seus benefícios visam à diminuição
centro da base de suporte, somando-se ainda o aumento os da tensão muscular e dor, agindo no alongamento das
seios se tornam mais pesados por estarem produzindo leite. contraturas dos tecidos moles, na diminuição dos níveis de
A lombalgia é um acometimento multifatorial na mulher grá- ansiedade, aumento das amplitudes das articulações, dimi-
vida independente em que fase esteja do período gestacional, já nuição do estresse, melhora na circulação e dos padrões res-
que a maiorias das grávidas sentem as dores mais intensas nos piratórios e melhora da fadiga8.

202
Fisioterapia Ser • vol. 9 - nº 4 • 2014

Este estudo procurou verificar os efeitos do método Watsu somatória, que indica menor qualidade de vida ao se aproxi-
no tratamento do nível de dor lombar e na melhora da qualida- mar de 24 pontos, indicando um pior estado da lombalgia10.
de de vida em grávidas com lombalgia gestacional, conside- Após a coleta dos dados, foi iniciada a aplicação do mé-
rando-se a grande prevalência desta alteração e a necessida- todo Watsu, individualmente, em temperatura de 35ºC, ilumi-
de de maior referencial para aplicação do método no acompa- nação reduzida e ausência de ruídos, seguindo a sequência
nhamento de grávidas nesta condição. de movimentos chamada de “Fluxo Básico e livre flutuação”,
de acordo com o protocolo de aplicação descrito por Dull7,
Metodologia onde cada movimento foi repetido três vezes, totalizando em
A pesquisa foi do tipo transversal e quantitativo com amos- média de 50 minutos em cada sessão, com uma frequência de
tra intencional, sendo constituída por 05 gestantes, com faixa duas vezes por semana totalizando oito sessões.
etária entre 18 e 30 anos, na cidade de Belém (PA), que apre- Após o registro dos dados, as informações foram tabula-
sentassem lombalgia até o segundo trimestre de gestação, fo- das em banco de dados para análise estatística dos mesmos,
ram excluídas da pesquisa, as gestantes que não completaram considerando-se o nível de significância de p<0,05 ou 5%, pelo
o número de sessões ou que apresentassem outras patologias teste “t” para dados pareados, através do Software BioEstat
associadas, como hipertenção, Pré-eclampsia, disfunções or- 5.0. O banco de dados, bem com as tabelas e os gráficos foram
topédicas, reumatologias, cardiológicas e vasculares modera- construídos e analisados no programa Excel 2007.
das e graves, assim como todos os critérios de contraindicação
para fisioterapia aquática, como presença de feridas, febre, in- Resultados
fecção urinária e intestinal graves, tímpanos perfurados e do- A pesquisa contou com a participação de cinco gestantes,
enças renais sem controle de perda hídrica. que responderam ao questionário da qualidade de vida na ava-
A pesquisa foi realizada nas dependências da Academia liação e na reavaliação, assim como, a avaliação do nível de
Ana Unger-Hidro Center em Belém (PA), após aprovação pelo dor, antes e depois de cada sessão com método Watsu.
Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Católica de Quando se observa a média da melhora do nível de dor
Pernambuco (UNICAP) sob o CAAE-09980813.7.0000.5206. de cada paciente, identificou-se que duas (paciente 1 e 3)
Após o aceite das participantes por meio da assinatura do obtiveram uma redução de 100% e a paciente 2(91,1%), paci-
TCLE, iniciou-se a avaliação fisioterapêutica, incluindo o ente 4(90,2%) e paciente 5(86,3%) obtiveram redução diferen-
questionário de Incapacidade Roland-Morris e a Escala Visu- ciada respectivamente, gerando assim uma média de 93,52%
al Analógica da dor (EVA). de redução ao nível de dor, que a partir da análise pelo teste t
Antes e após cada sessão era aplicada a EVA para avali-pareado, foi considerada altamente significativa (p=0,01), le-
ação do nível álgico das pacientes, constituída por uma ré- vando-se em conta nível de á<0,05 (tabela 1).
gua de 10 cm, onde a marca da esquerda representa ausência Quando avaliadas as médias do nível de dor das pacien-
tes para cada sessão de Watsu, observou-se ao final da 4ª, 5ª,
de dor e a marca da direita representa a pior dor suportável,
gerando um escore gradativo de 0 a 10 permitindo o 7ª e 8ª sessões houve redução de 100% do nível de dor, en-
estadiamento da dor lombar9. quanto que na 1ª sessão (85,18%), 2ª sessão (92,59%), 3ª
O questionário Roland-Morris foi aplicado no início e sessão (86,20%) e 6ª sessão (83,87%) as pacientes apresenta-
final do tratamento para avaliação da qualidade de vida das ram reduções meros respectivamente no nível de dor. A me-
gestantes, sendo constituído por 24 perguntas objetivas e lhora total média foi de 93,52%, a partir da análise pelo teste t
simples, dando-se uma pontuação “1” para cada afirmação pareado, sendo considerada altamente significante (p=0,01)
do paciente e “0” para cada afirmação negativa, seguida da para o nível de á<0,05 (tabela 2).
Em relação às médias do
Tabela 1: Distribuição de acordo com o nível de dor (EVA) apresentado por cada grávida, nível de dor para as 5 gestantes
antes e depois de cada sessão de Watsu. considerando-se os resultados
obtidos na avaliação e na reava-
liação, observa-se uma melhora
total de 87,9%, considerado-se
altamente significan-te estatis-
ticamente a partir da análise pelo
teste t pareado (p=0,01) para o
nível de á<0,05 (tabela 3).
Em relação às médias do
nível de qualidade de vida ob-
tidos no questionário Roland-
Morris, tanto na avaliação,
quanto na reavaliação, obser-
va-se uma melhora total de
86,66%. Este resultado foi con-
siderado altamente significan-
Fonte: Pesquisa de campo, 2013. te estatisticamente a partir da

203
Fisioterapia Ser • vol. 9 - nº 4 • 2014

Tabela 2: Distribuição de acordo com o nível de dor (EVA) apresentado pelo grupo de análise pelo teste t pareado
grávidas, antes e depois de cada sessão de Watsu. (p=0,01) para o nível de á<0,05,
demonstrando significativa
melhora na qualidade de vida
das gestantes (tabela 4).

Discussão
Na síndrome lombar gra-
vídica ainda são utilizadas me-
didas da fisioterapia como ca-
lor, massagem, manipulação,
uso de cintas, crioterapia,
eletroterapia, entre outros,
apontando bons índices de
melhora, assim como a
hidroterapia e mesmo o méto-
do Watsu tem se mostrado uma
excelente opção no tratamen-
Fonte: Pesquisa de campo, 2013. *Antes, **Depois.
to das lombalgias11.
Tabela 3: Análise do quadro álgico lombar das gestantes após Em um estudo realizado por Farias, Alves e Leite12, com
o tratamento com o método Watsu. 15 gestantes em Minas Gerais submetidas a sessões de
hidroterapia, apresentaram melhoras nos sintomas de dor lom-
bar. A dor foi avaliada pela EVA com média anterior ao trata-
mento de 6,5 e após o tratamento apresentou melhora de 90%,
corroborando este trabalho que apresentou média de 0,8 após
a reavaliação. Quanto ao questionário Roland Morris para a
avaliação da qualidade de vida, a média obtida antes do trata-
mento foi de 11,87 pontos e obteve melhora de 14,16%, dife-
rentemente do presente estudo, onde houve 86,66% de me-
lhora na qualidade de vida.
Assim como o presente estudo com método Watsu, no
estudo realizado por Carvalho e Tobias13 com quatro bailari-
nos com lombalgia moderada, houve uma melhora média dos
níveis de dor de 97,06% ao final de cada sessão do método,
enquanto este estudo apresentou média de 93,52% ao final
de cada sessão.
Quando analisada a diferença do nível álgico por sessão,
observamos no trabalho de Santos e Pantoja com costureiras
que apresentavam lombalgia crônica, que foram tratadas pelo
Tabela 4: Análise das mudanças na qualidade de vida das ges- método Watsu uma melhora média de 67,14%, sendo este um
tantes após a aplicação do tratamento com o método Watsu. resultado inferior aos achados do presente estudo onde a
melhora foi de 93,52%, para o mesmo número de sessões9.
Considerando-se o nível de dor lombar ao final do trata-
mento com o método Watsu, todas as gestantes apresenta-
ram uma melhora, que foi considerada significativa com 87,9%,
diferentemente de outros estudos, como o estudo de Carva-
lho e Tobias13 com bailarinas que obtiveram uma melhora de
apena 11,12% após as 8 sessões com o método Watsu.
Em relação às médias que foram analisadas para a quali-
dade de vida de todas as gestantes, considerando-se os re-
sultados obtidos na avaliação e reavaliação, observou-se uma
melhora total de 86,66%, bem acima dos achados de Novaes
e Lopes14, que avaliou a qualidade de vida em gestantes que
relatavam dor na região lombar apresentando uma média de
51% após um trabalho com prevenção, relaxamento e fortale-
cimento da musculatura para a melhora do quadro. Também
se observaram resultados menores nos estudos de Carvalho
Fonte: Pesquisa de campo, 2013. e Tobias13 e Pantoja e Santos9 com 53,4% e 74% respectiva-

204
Fisioterapia Ser • vol. 9 - nº 4 • 2014

mente, em relação ao presente estudo, porém todos apresen- Referências


taram melhora da qualidade de vida após receberem o trata- 1. Colle AJ, Morris MD, Ruoti GR. Reabilitação Aquática. São Paulo: Manole; 2000.
mento como método Watsu. 2. Assis RGD, Tibúrcio RES. Prevalência e Característica da Lombalgia na Gesta-
ção: um estudo entre gestantes assistidas no programa pré-natal da maternidade
Dona Íris em Goiânia [monografia]. Goiás: Universidade Católica de Goiás; 2004.
Conclusão 3. Carvalho F, Chagas CF. Intervenção fisioterapêutica em gestante com quadro de
Lombociatalgia pré-gestacional - estudo de caso [trabalho de conclusão de cur-
No presente estudo foi possível observar uma melhora so]. Foz do Iguaçu: Faculdade União das Américas; 2007.
altamente significante, tanto para o nível de dor, quanto para 4. Meirelles ES, Como Diagnosticar e Tratar Lombalgias. Revista brasileira de
melhora na qualidade de vida das pacientes no segundo tri- medicina, 2000; 57(Supl I):1090.
5. Katz J. Exercícios aquáticos na gravidez. São Paulo: Manole; 1999.
mestre de gestação, após a aplicação do método Watsu. 6. Santos MMD, Gallo AP. Lombalgia Gestacional: Prevalência e Características
Levando-se em consideração o nível de dor lombar ao de Um Programa Pré-Natal. Arquivo Brasileiro de Ciências Saúde, 2010; 35(Supl
final de cada sessão e ao final do tratamento com o método I):174-9.
7. Dull H. Watsu exercícios para o corpo na água. São Paulo: Summus, 1999.
Watsu, todas as gestantes apresentaram uma melhora, que 8. Navarro FM, Cabreira NJO, Benossi TG. Efeitos da terapia aquática na qualidade
foi considerada altamente significativa. de vida de pacientes ûbromialgicos - estudo de caso. Arq. Ciênc. Saúde Unipar
Com relação à qualidade de vida das gestantes, obser- Umuarama, 2006;10(Supl I):93-97.
9. Santos LS, Pantoja LDO. Efeitos do Método Watsu sobre a Qualidade de Vida e
vou-se uma melhora ao final do tratamento com o método Nível de Dor Lombar em Costureiras com Lombalgia Crônica em Belém [trabalho
Watsu, considerada altamente significativa, mostrando que de conclusão de curso]. Belém: Centro Universitário do Pará; 2010.
10. Roland M, Fairbank J. The Roland-Morris Disabil-ity Questionnaire and the
o método Watsu apresentou-se eficaz na melhora da qualida- Oswestry Disability Question-naire. Spine, 2000; 25(Supl I):115-3124.
de de vida das gestantes. 11. Pires RAM, Dumas FLV. Lombalgia: revisão de conceitos e métodos de tratamen-
Concluiu-se que o método Watsu foi bastante positivo to. Universitas: Ciências da Saúde. Brasília, 2008. V6.N2. P159-168
12. Faria TR, Alves DAG, Leite JMRS. Efetividade da hidroterapia em gestantes com
no acompanhamento das gestantes que participaram da pes- lombalgia. VII Seminário de Iniciação Científica UNILAVRAS. Minas Gerais. 2012.
quisa, reduzindo o quadro de lombalgia durante a gestação, 13. Carvalho FS; Tobias TT. Avaliação do nível de dor em bailarinos com lombalgia
garantindo a qualidade de vida neste período tão especial crônica tratados pelo método Watsu [trabalho de conclusão de curso]. Belém:
Centro Universitário do Pará; 2008.
para as mulheres e seus bebês, indicando a necessidade de 14. Novaes FS, Shimo AKK, Lopes MHBM. Lombalgia na gestação. Rev Latino-am
mais pesquisas que observem todo o período gestacional. Enfermagem, 2006;14(Supl I):620-4.

205
Fisioterapia Ser • vol. 9 - nº 4 • 2014

Artigo Original

Qualidade de vida de mães


cuidadoras de sujeitos com paralisia cerebral

Quality of life of caregivers mothers of subjects with cerebral palsy

Flávia Pinto Belmonte1, Marielly De Moraes1, Nadiesca Taisa Filippin2, Juliana Saibt Martins2,
Sheila Spohr Nedel3, Luciane Najar Smeha4

1. Fisioterapeuta. Santa Maria – RS, Brasil. Resumo


2. Fisioterapeuta, Doutora, Docente do cur-
so de Fisioterapia do Centro Universitá-
Paralisia Cerebral (PC) ou encefalopatia crônica não evolutiva da infância descre-
rio Franciscano. Santa Maria – RS, Brasil. ve um grupo de desordens no desenvolvimento do movimento e da postura, atribuí-
3. Fisioterapeuta, Mestre, Docente do curso do a distúrbios não progressivos que ocorrem no encéfalo imaturo. As manifestações
de Fisioterapia do Centro Universitário clínicas nesta população podem limitar o desempenho de atividades funcionais e
Franciscano. Santa Maria – RS, Brasil.
4. Psicóloga, Doutora, Docente do curso de
acarretar grande impacto em sua qualidade de vida, bem como na de seus familiares.
Psicologia do Centro Universitário Este estudo objetivou avaliar a qualidade de vida das mães cuidadoras, bem como
Franciscano. Santa Maria – RS, Brasil. verificar se existe relação entre a mesma e a função motora grossa de seus filhos. A
amostra constitui-se por sete sujeitos com diagnóstico médico de PC, sendo três do
Endereço para correspondência: Juliana
sexo masculino e quatro do sexo feminino, com idades entre 7 a 16 anos. O comprome-
Saibt Martins – Rua dos Andradas 1259/ timento motor dos sujeitos avaliados variou entre os níveis II, IV e V da GMFCS. Não
403 – Centro – Santa Maria – RS – CEP: houve correlação significativa entre a GMFCS e a SF-36. O cuidado diário de um filho
97010-031 – Fone: (55) 99692098 com PC influencia negativamente a qualidade de vida da mãe cuidadora. A gravidade
E-mail: jsaibt@yahoo.com.br.
do comprometimento motor parece não ser o principal aspecto responsável por uma
percepção ruim da qualidade de vida das mães entrevistadas.
Palavras-chave: paralisia cerebral, qualidade de vida, SF-36.
Recebido para publicação em 28/07/2014 e
aceito em 21/10/2014, após revisão.
Abstract
Cerebral palsy (CP) or chronic non-progressive encephalopathy of childhood
describes a group of disorders in the development of movement and posture,
attributed to non-progressive disturbances that occur in the immature encephalon.
thi At this sense, the clinical manifestations in this population may limit the
performance of functional activities and lead to major impact on their quality of life
as well as in their families. This study aimed to evaluate the quality of life of caregivers
mothers, and check if there is a relation between it and the gross motor function of
children. The sample consisted of seven subjects with clinical diagnosis of CP,
being three males and four females, aged from 7 to 16 years old. The motor impairment
of the assessed subjects ranged from levels II, IV and V of the GMFCS. There isn’t
a significant correlation between the GMFCS and the SF-36. The daily care of a child
with CP negatively influences the quality of life of the caregivers mothers. The
severity of motor impairment does not seem to be primarily responsible for a bad
perception of the quality of life of mothers interviewed.
Keywords: cerebral palsy, quality of life, SF-36.

206
Fisioterapia Ser • vol. 9 - nº 4 • 2014

Introdução
Paralisia Cerebral (PC) ou encefalopatia crônica não norteadoras acerca do cuidado de um filho com PC. As res-
evolutiva da infância descreve um grupo de desordens no de- postas foram gravadas, transcritas, submetidas à análise de
senvolvimento do movimento e da postura, atribuído a distúr- conteúdo13 e, posteriormente, excluídas.
bios não progressivos que ocorrem no encéfalo imaturo1, 2. Para verificar a relação entre a função motora grossa dos
A lesão encefálica acarreta desordens motoras comple- sujeitos avaliados e a qualidade de vida de suas mães, os esco-
xas, as quais podem variar muito entre os subtipos de PC3,4. res da GMFCS e da SF-36 foram testados quanto à normalidade
Os déficits primários incluem alterações do tônus muscular, e homogeneidade das variâncias (Levene). O coeficiente de
prejuízo do equilíbrio e da coordenação, diminuição da força correlação de Spearman foi utilizado para verificar a correlação
e perda do controle seletivo5. Os sujeitos com PC também entre os dados acima mencionados. O nível de significância
apresentam, frequentemente, distúrbios sensoriais, utilizado foi de pd” 0,05. O software GB-Stat (v.5.1, Dynamic
cognitivos, de comunicação, percepção e comportamento, Microsystems Inc.) foi utilizado para a análise estatística. Foi
podendo manifestar, ainda, episódios convulsivos1. Além dis- aplicada estatística descritiva em alguns dados.
so, ao longo do tempo, eles podem desenvolver complica-
ções ou prejuízos secundários como contraturas musculares Resultados
e deformidades5. A amostra constituiu-se por sete sujeitos com PC, sendo
Neste sentido, as manifestações clínicas nesta popula- três (42,85%) do sexo masculino e quatro (57,15%) do sexo
ção podem limitar o desempenho de atividades funcionais e feminino, com idades entre 7 a 16 anos. O comprometimento
acarretar grande impacto em sua qualidade de vida, bem como motor dos sujeitos avaliados variou entre os níveis II, IV e V,
na de seus familiares6. De fato, o comprometimento motor da com predominância do nível V da GMFCS.
criança com PC relaciona-se com a percepção da qualidade As mães, em sua maioria biológicas (85,72%), possuíam
de vida materna7, pois as suas limitações motoras aumentam idade entre 36 a 64 anos.
as exigências dos cuidados diários, causando uma sobrecar- Os domínios dor, estado geral da saúde e aspectos emo-
ga da mãe para tarefas cotidianas8. Assim, os aspectos pro- cionais da SF-36 constituíram-se aqueles em que as mães
fissional, social e financeiro das mães de sujeitos com PC possuíam uma pior percepção de sua qualidade de vida. Em
podem ser prejudicados devido à redução do tempo livre le- contrapartida, os aspectos sociais apresentaram o maior es-
vando-as a desinteressar-se por si mesmas9, 10. core médio (quadro 1). A tabela 1 apresenta as correlações
Entendendo-se que as limitações apresentadas pelo sujei- entre os domínios da SF-36 e os níveis da GMFCS. Obser-
to com PC podem representar sobrecarga para a mãe, enquanto vou-se que não houve correlação significativa entre os domí-
cuidadora, faz-se necessário conhecer como ela percebe a sua nios da SF-36 e os níveis da GMFCS dos sujeitos com PC.
qualidade de vida, bem como quais são as suas necessidades
e anseios. Estas informações constituem-se subsídios impor- Quadro 1: Domínios da SF-36.
tantes para o desenvolvimento de trabalhos educativos e
multiprofissionais, ajudando a ampliar e melhorar a qualidade
nos atendimentos e nos serviços de saúde10, 11,12.
Assim, este estudo objetivou avaliar a qualidade de vida
das mães cuidadoras, bem como verificar se existe relação
entre a mesma e a função motora grossa de seus filhos.

Metodologia
O estudo caracterizou-se como transversal com aborda-
gem quali-quantitativa e foi realizado no Laboratório de Ensi-
no Prático de Fisioterapia do Centro Universitário Franciscano
(LEP) em Santa Maria- RS. Participaram da pesquisa sete su-
jeitos com PC, de ambos os sexos, com idades entre 7 e 16 Tabela 1: Correlações entre as variáveis.
anos, bem como suas mães cuidadoras. Foram excluídas as Variáveis r p
cuidadoras que não eram as mães, bem como os que não Capacidade funcional X GMFCS 0.33 0.46
concordaram em participar do estudo. Limitação por aspectos físicos X GMFCS 0 1
Dor X GMFCS 0.62 0.13
O projeto foi aprovado na Plataforma Brasil, sob proto-
Estado geral X GMFCS 0.59 0.15
colo nº12005813. 5.0000.5306. Os sujeitos foram esclarecidos Vitalidade X GMFCS 0.39 0.37
sobre o objetivo do estudo e assinaram o Termo de Consen- Aspectos sociais X GMFCS 0.46 0.29
timento Livre e Esclarecido. Aspectos emocionais X GMFCS -0.26 0.56
Primeiramente os sujeitos com PC foram classificados pela Saúde mental X GMFCS 0.35 0.42
GMFCS, instrumento que avalia a gravidade do distúrbio de
movimento e logo após suas mães responderam ao questio- A partir da leitura das entrevistas foram elencadas cinco
nário SF-36, o qual avalia a qualidade de vida. A seguir proce- categorias: o recebimento do diagnóstico; os cuidados com o
deu-se a entrevista semi-estruturada, utilizando-se questões filho; o tempo para si; saúde e desconforto físico e preconceito.

207
Fisioterapia Ser • vol. 9 - nº 4 • 2014

O recebimento do diagnóstico de PC acho que minha dor nas costas é pelo peso da minha
Algumas mães relataram como foi o momento do recebi- filha (...).” (Gardênia)
mento do diagnóstico do filho, o desconhecimento diante da “(...) Tenho dores em todo o corpo, tenho fibromialgia e
patologia e as expectativas geradas em torno da situação, não relaciono ao cuidado com meu filho mais velho. Te-
conforme é possível identificar nas falas que seguem. nho problemas e depressão desde que meu filho mais novo
“(...) Eu não sabia o que era a paralisia cerebral, acha- nasceu e ai começou a somar tudo (...).” (Copo de Leite)
va que era vegetativo, que ela não ia andar, falar e só ia
ficar em cima de uma cama (...).” (Girassol) Preconceito
“(...) Eu imaginava que a paralisia cerebral fosse muito Observou-se nas entrevistas que as mães sofrem com o
mais, pensei que ela ia ficar em cima de uma cama e eu preconceito em relação aos seus filhos.
sem sair do lado dela e que nós não íamos poder fazer “(...) Os colegas aceitaram bem desde que ela entrou no
outra coisa (...).” (Rosa) colégio(...). O meu problema foi com uma professora
“Foi uma surpresa, parece que a gente não aceitava (...).” (Girassol)
muito quando ele era bebezinho e até descobrir bem o “(...) chegamos num lugar e todos olham, acho que po-
que era eu sempre tinha expectativa de que ele ia ficar deriam ser mais discretos (...).” (Lírio)
normal (...)” (Copo de Leite)
Discussão
Os cuidados com o filho Neste estudo evidenciou-se que o comprometimento
As entrevistadas relataram sobre as dificuldades e facili- motor dos sujeitos avaliados variou entre os níveis II, IV e V.
dades enfrentadas no dia-a-dia durante os cuidados destina- Segundo Palisano et al. (2007)14 os indivíduos caracterizados
dos ao filho, conforme recortes abaixo. no nível I da GMFCS são aqueles que apresentam comprome-
“(...) Quando ela era bebê era mais cansativo ter que timento motor mais leves e os classificados no nível V são os
cuidar dela, porque ela chorava muito, então ela ficava que apresentam comprometimentos mais graves.
muito no colo. Agora ela sabe dizer o que quer, mas No que se refere à qualidade de vida das mães entrevis-
sempre dependente de nós (...).” (Girassol) tadas, os domínios dor, estado geral da saúde e aspectos
“(...) Ele resmunga, pede as coisas do jeito dele e se faz emocionais da SF-36 obtiveram os menores escores médios.
entender (...).” (Lírio) Por outro lado, os escores relacionados aos aspectos sociais
“É bem complicado ter um filho com necessidade espe- mostraram-se mais elevados. De fato, a maioria delas atribui
cial, no início foi difícil, agora é uma rotina. Pra mim é desconforto físico e/ou dor aos cuidados diários com seu
uma coisa normal, como cuidar dos outros, só ela é mai- filho. O desgaste físico e emocional está presente no cotidia-
or e tenho que ter mais atenção (...).” (Gardênia) no dessas famílias e com a falta de tempo para si esses
“(...) Antes quem cuidava mais dele era o pai, pois eu cuidadores poderão sobrecarregar-se, prejudicando os cui-
trabalhava, agora estou sem trabalhar, eu cuido mais dele. dados diários e desencadeando estresse físico e emocional16.
Não é fácil ter que cuidar (...).” (Crisântemo) Estudo evidenciou que a qualidade de vida dos cuidadores
de crianças com PC encontrava-se diminuída nos domínios
As mães e o tempo para si função física, aspectos emocionais e saúde geral15, resultado
Pode-se perceber pelas falas das mães que o cuidado que assemelha-se ao encontrado pelo presente estudo.
diário do filho com PC dificulta e/ou impossibilita que tenham Esta pesquisa mostrou que diversas dificuldades surgi-
um tempo dedicado a si próprias, como pode ser visualizado ram com o nascimento de um filho especial, dentre elas o
nos trechos abaixo. desconhecimento acerca da patologia, do prognóstico do
“(...) Não faço nada, só em volta da minha filha (...).” desenvolvimento da criança e em relação à rotina diária de
(Girassol) cuidados. Da mesma forma, estudo evidenciou que as mães
“(...) Tudo que eu faço é relacionado à minha filha, ela de crianças portadoras de necessidades especiais também
está sempre junto. Eu gostaria de fazer uma faculdade, desconheciam a patologia e as limitações físicas decorrentes
seria muito difícil por causa dela (...).” (Rosa) desta17. Outra dificuldade vivenciada pelas mães entrevista-
“(...) Não faço nenhuma atividade. Agora quando ela das diz respeito à circunstância como foi informado a elas o
dorme se eu tenho alguma coisa para fazer eu faço... diagnóstico médico das crianças. De fato, o diagnóstico pode
Sair pra rua, essas coisas, não (...).” (Gardênia) causar impacto, pois inicialmente os pais não possuem a com-
“(...) Eu faço academia duas vezes na semana, eu adoro preensão sobre a PC e quais as suas consequências na vida
e gostaria de praticar mais, mas não tem como pelo fato da criança18. Assim, após confirmado o diagnóstico, as mães
de ter que cuidar dele (...).” (Lírio) devem ser informadas das possíveis limitações do filho, utili-
zando vocabulário de fácil entendimento19,20. Neste sentido,
Saúde e desconforto físico é necessário que os profissionais da saúde capacitem-se e,
Neste estudo observou-se que todas as mães referiram por meio de orientações sobre o manuseio, postura e
apresentar desconforto físico, comumente relacionado ao posicionamento, proporcionem conhecimento e condições
cuidado com o filho. para que as mães melhorem a sua qualidade de vida9,16.
“(...) Às vezes sinto muita dor nas costas, o dia que eu Os cuidados do filho com PC demanda tempo considerá-
ando mais com ela ou que a gente levanta mais. Eu vel das mães participantes deste estudo, dificultando-as ou

208
Fisioterapia Ser • vol. 9 - nº 4 • 2014

impedindo-as de realizarem o auto-cuidado, bem como ativida- ruim da qualidade de vida das participantes. Os dados
des de lazer. Neste sentido, evidencia-se que a responsabilida- coletados nesta pesquisa constituem-se subsídios importan-
de maior dos cuidados com o filho especial fica com a mãe8, 21. tes para futuras ações de promoção e educação em saúde
A rotina da família muda completamente com o nascimen- destinadas a estas mães.
to de uma criança com PC, principalmente a da mãe. Além
disso, os planos traçados anteriormente, as relações afetivas Referências
e sociais também sofrem alteração22,23. No presente estudo as 1. Bax M, Goldstein M, Rosembaum P, Leviton A, paneth N. Proposed deûnition and
classiûcation of cerebral palsy. Develop Med Child Neurol 2005; 47(8):571-576.
mães entrevistadas relataram abdicar da vida pessoal, profis- 2. Green LB, Hurvitz EA. Cerebral Palsy. Phys Med Rehabil Clin N Am 2007;
sional e social para cuidar do filho com necessidade especial. 18:859-882.
3. Murphy N, Such-Neibar T. Cerebral Palsy diagnosis and management: The state
Quanto maior o nível de habilidades funcionais de sujei- of the art. Curr Probl Pediatr Adolesc Health Care 2003; 33: 146-169.
tos com PC, maior é sua independência em relação ao cuidador 4. Rosenbaum P, Paneth NL, Leviton A, Goldstein M, Bax M. A report: the
definition and classification of cerebral palsy. Dev Med Child Neurol 2007;
nas atividades da vida diária (AVD), o que pode diminuir a 49(s109):8-14.
sobrecarga e melhorar a qualidade de vida dos seus 5. Papavasiliou, AS. Management of motor problems in cerebral palsy: A critical
update for the clinician. Eur J Paediatr Neurol 2009; 13(5): 387-96.
cuidadores24. Em contrapartida, a sobrecarga dos cuidadores 6. Tarsuslu T, Livanelioglu A. Relationship between quality of life and functional status
de crianças PC com comprometimento motor mais leve foi of Young adults with cerebral plasy. Disabil Rehabil 2010; 32(20): 1658-1665.
7. Eker L, Tuzun EH. An evaluation of quality of life of mothers of children with
maior do que daquelas com comprometimento mais grave12. cerebral palsy. Disabil Rehabil 2004, 26(23):1354-1359.
Diferentemente, não houve correlação significativa entre os 8. Prudente COM, Barbosa MA, Porto, C. C. Relação entre a qualidade de vida de
mães de crianças com paralisia cerebral e a função motora dos filhos, após dez
domínios da SF-36 e os níveis da GMFCS dos sujeitos com meses de reabilitação. Rev. latinoam. enferm 2010; 18(2): 8 telas.
9. Vieira NGB, Mendes MC, Frota LMCP, Frota MA. O cotidiano de mães de crian-
PC no presente estudo. ças portadoras de paralisia cerebral. Rev. bras. promoç. saúde 2008; 21(1):55-60.
Nesta pesquisa as mães referiram apresentar algum grau de 10. Rosa FM, Vieira RC, Cavalheiro CR. Impacto na sobrecarga de cuidadores de
pacientes com paralisia cerebral. Anuário de Produção de Iniciação Científica
desconforto físico relacionado com o cuidado diário do filho. De Discente 2010; 13(17).
fato, cuidadores de crianças com PC possuem maior probabili- 11. Soares CB, Munari DB. Considerações acerca da sobrecarga em familiares de pes-
soas com transtornos mentais. Cienc Cuid Saúde 2007; 6(3): 357-62.
dade de diminuição do bem-estar físico25, pois a sua saúde física 12. Camargos AC, Lacerda TTB, Viana SO, Pinto LRA, Fonseca MLS. Avaliação da
e influenciada pelo comportamento da criança e pela demanda sobrecarga do cuidador de crianças com paralisia cerebral através da escala Burden
Interview. Rev bras saúde matern infant 2009; 9(1): 31-37.
de cuidado. Assim, o difícil processo de cuidar de uma criança 13. Mynaio, MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 12 ed.
com PC relacionado com o aumento das responsabilidades que São Paulo: Hucitec.
14. Palisano R, Rosenbaum P, Bartlett D, Livingston M. Gross Motor Function
essa função exerce, pode levar ao cansaço, sobrecarga e estresse Classification System. CanChild, Canadá, 2007.
do cuidador12. Estudo que correlacionou a qualidade de vida de 15. Tuna H, Unalan H, Tuna F, Kokino S. Quality of life of primary caregivers of
children with cerebral palsy: a controlled study with Short Form-36
mães de crianças com PC e a função motora dos filhos após dez questionnaire. Dev Med Child Neurol 2004; 46(9): 647-8.
meses de reabilitação mostrou não haver melhora significativa 16. Dantas MSA, Pontes JF, Assis WD, Collet N. Facilidades e dificuldades da família no
cuidado à criança com paralisia cerebral. Rev Gaúcha Enferm 2012; 33(3): 73-80.
no domínio dor da SF-368. 17. Gração DC, Santos MGM. A percepção materna sobre a paralisia cerebral no
cenário da orientação familiar. Fisioter Mov 2008; 21(2):107-113.
Algumas mães, participantes deste estudo, relataram a 18. Dantas MSA, Collet N, Moura FM, Torquato IMB. Impacto do diagnóstico de
existência de preconceito em relação à condição de seus fi- paralisia cerebral para a família. Texto Contexto Enferm 2010; 19(2): 229-37.
19. Blair E, Watson, L. Epidemiology of cerebral palsy. Semin fetal neonatal med
lhos. De fato, a sociedade tem uma visão geralmente negativa 2006; 11:117-125.
de pessoas com necessidades especiais9. Além da limitação 20. Jones MW, Morgan E, Shelton JE, Thorogood C. Cerebral palsy: introduction and
diagnosis. J Pediatr Health Care 2007; 21(3 Part 1):146-152.
no desempenho das atividades da vida diária, essas crianças 21. Gondim KM, Pinheiro PNC, Carvalho ZMF. Participação das Mães no Tratamen-
ainda enfrentam barreiras sociais como atitudes precon- to dos Filhos com Paralisia Cerebral. RENE 2009; 10(4): 136-144.
22. Ferreira HBG. Aspectos familiares envolvidos no desenvolvimento de crianças
ceituosas, desconhecimento das limitações e do seu potenci- com Paralisia Cerebral [dissertação]. Ribeirão Preto: Departamento de Medicina
al, políticas sociais e educacionais reduzidas, entre outros Social, Universidade de São Paulo; 2007.
23. Gondim KM, Carvalho ZMF. Sentimentos das mães de crianças com paralisia
fatores que contribuem para a sua exclusão social26. cerebral a luz da teoria de Mishel. Esc Anna Nery (impr.) 2012; 16 (1):11- 16.
24. Brianeze AC. et al. Efeito de um programa de fisioterapia funcional em crianças
com Paralisia Cerebral associado a orientações aos cuidadores: estudo prelimi-
Conclusão nar. Fisioter pesqui 2009; 16(1):40-5.
25. Brehaut JC, Kohen DE, Raina P, Walter SD, Russell DJ, Swinton M et al. The
O estudo evidenciou que o cuidado diário de um filho health of primary caregivers of children with cerebral palsy: how does it compare
com PC influencia negativamente a qualidade de vida da mãe with that of other Canadian caregivers? Pediatrics 2004; 114:182-91.
26. Mancini MC, Alves ACM, Schaper C, Figueiredo EM, Sampaio RF, Coelho ZAC,
cuidadora. A gravidade do comprometimento motor parece Tirado MGA. Gravidade da Paralisia Cerebral e Desempenho Funcional. Rev
não ser o principal aspecto responsável por uma percepção Bras Fisioter 2004; 8(3):253-260.

209

Você também pode gostar