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ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA NO COMPORTAMENTO E RECUPERAÇÃO

DA DIÁSTASE ABDOMINAL NO PÓS-PARTO: REVISÃO INTEGRATIVA DA


LITERATURA

PHYSIOTHERAPEUTIC APPROACH IN THE BEHAVIOR OF DIASTS AND


RECOVERY OF ABDOMINAL DIASIS IN THE POST-CHILD: INTEGRATIVE
LITERATURE REVIEW

Janice de Moura Lopes


Kariza Lopes Barreto

RESUMO
O período gestacional promove transformações biomecânicas por influência hormonal. Um
desses eventos que comumente ocorre é o aumento do espaço entre os músculos reto abdominal
ao longo da linha Alba, denominado de Diástase dos Músculos Retos Abdominais (DMRA).
Neste contexto, a atuação fisioterapêutica torna-se imprescindível para fortalecimento
abdominal e qualidade de vida da puérpera. O objetivo do estudo foi discorrer sobre os
protocolos e benefícios da abordagem fisioterapêutica no comportamento da diástase e
recuperação da DMRA no período pós-parto. A coleta de dados realizou-se nas bases de dados:
PubMed (US National Library of Medicine National Institutes of Health), PEDro (Base de
Dados em Evidências em Fisioterapia (Português) e BVS (Biblioteca Virtual em Saúde), com
estudos exploratórios, transversais, estudos de casos, revisões da literatura, ensaios clínicos
publicados em inglês e português, no período de 2015 a 2020, com descritores usando como
referência o DECs. Incluindo apenas artigos realizados em seres humanos, com texto completo
e gratuito com puérperas apresentando DMRA. Excluindo-se durante a coleta os estudos que
não corresponderam aos critérios de inclusão. Encontrou-se 74 arquivos, desses somente 08
estudos estavam qualificados para serem incluídos na amostra. Evidenciou-se que os
exercícios/protocolos de fortalecimento abdominal (prancha abdominal, prancha lateral, meia
prancha, sit-up oblíquo, sit-up reto) e o Curl-up são essenciais para a manutenção do tônus
muscular, ganho de resistência nos movimentos abdominais, redução de tensão na Linha Alba,
como também para a redução da distância entre os retos abdominais em puérperas com DMRA,
facilitando assim o retorno mais rápido às suas funções e atividades diárias.

Palavras-chave: Puerpério. Diástase Muscular. Modalidades de Fisioterapia. Período pós-


parto.

ABSTRACT

The gestational period promotes biomechanical transformations due to hormonal influence.


One of these events that commonly occurs is the increase in the space between the rectus
abdominis muscles along the Alba line, called Rectus Abdominal Diastasis (DMRA). In this


Artigo científico apresentado ao Curso de Fisioterapia da Faculdade do Vale do Jaguaribe – FVJ, como requisito
parcial para obtenção do Título de Bacharel em Fisioterapia – FVJ. Aracati – CE. 2020.

Discente do curso de Fisioterapia da Faculdade do Vale do Jaguaribe – FVJ. Aracati – CE. 2020. E-mail:
janicemouralopes09@gmail.com

Especialista em Reabilitação do Assoalho Pélvico e Saúde da Mulher. Orientadora, Docente do Curso de
Fisioterapia da Faculdade do Vale do Jaguaribe – FVJ. Aracati – CE. 2020. E-mail: karizabarreto@hotmail.com
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context, physiotherapeutic performance becomes essential for abdominal strengthening and


quality of life of the puerperal woman. The objective of the study was to discuss the protocols
and benefits of the physiotherapeutic approach in the behavior of diastasis and recovery of
DMRA in the postpartum period. Data collection was carried out in the databases: PubMed (US
National Library of Medicine National Institutes of Health), PEDro (Physiotherapy Evidence
Database (Portuguese) and VHL (Virtual Health Library), with exploratory studies, cross-
sectional studies, case studies, literature reviews, clinical trials published in English and
Portuguese, from 2015 to 2020, with descriptors using the DECs as a reference. Including only
articles made in humans, with full and free text with puerperal women presenting DMRA
Excluding studies that did not meet the inclusion criteria during the collection, 74 files were
found, of which only 8 studies were qualified to be included in the sample. It was evidenced
that the abdominal strengthening exercises / protocols (abdominal board, side board, half board,
oblique sit-up, straight sit-up) and Curl-up are essential for maintaining muscle tone, gaining
resistance in abdominal movements finals, reduction of tension in the Alba Line, as well as for
the reduction of the distance between the abdominal rectus in postpartum women with DMRA,
thus facilitating the quicker return to their functions and daily activities.

Keywords: Puerperium. Muscle diastasis. Physiotherapy modalities. Postpartum period.


Data de Submissão:
Data de Aprovação:

INTRODUÇÃO

O período gestacional promove disfunções biomecânicas por influência hormonal às


quais podem se tornar definitivas se não forem notificadas e/ou cuidadas. Uma dessas questões
que normalmente surge é o alargamento do espaço entre os músculos reto abdominal ao longo
da linha Alba, chamado de Diástase dos Músculos Retos Abdominais (DMRA). Em
consequência disto, pode originar a perda de força desses músculos e, conseguinte prejuízo das
funções efetuadas pela parede abdominal, tais como, consolidação pélvica, respiração,
estabilidade visceral, mobilidade do tronco e controle postural, promovendo indiretamente
maior suscetibilidade a lesões nesse segmento e proximidades, como por exemplo, a lombalgia
(SANTOS et al., 2016).
A DMRA é uma situação comum no período de gravidez e puerpério imediato, sendo
designada como a divisão dos músculos retos abdominais na linha Alba. A incumbência da
linha Alba é preservar esses músculos adjuntos, e durante a gestação o funcionamento
hormonal sobre o tecido conector e o estresse mecânico na parede abdominal, derivado da
expansão fetal, pode ocasionar a separação dos músculos retos abdominais. Outras razões
associadas ao surgimento da DMRA são: partos múltiplos, idade da mãe, gravidez múltipla,
pelve estreitada e macrossomia fetal (PITANGUI et al., 2016).
O diagnóstico da DMRA é realizado mediante o exame físico no qual a puérpera é
situada em decúbito dorsal, com o quadril e joelhos em flexão e com os pés estabilizados na
maca e membros superiores estendidos simétricos ao corpo. Neste posicionamento demanda-
se a puérpera a execução de uma flexão anterior de tronco de modo que as bordas inferiores
das escápulas saiam da maca. O fisioterapeuta delimita dois pontos para serem operados como
referência: 4,5 cm acima e 4,5 cm inferiormente à cicatriz umbilical. O avaliador deve
posicionar os dedos de uma mão de forma horizontal por meio da linha média do abdômen, se
encontrar separação, os dedos irão afundar dentro da fenda (URBANO et al., 2019).
Em outra vertente, o puerpério é um dos períodos no qual a mulher passa por
modificações tanto locais, quanto gerais. Este pode ser classificado em três fases: o puerpério
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instantâneo, tardio e remoto, cessando quando os órgãos que constituem o sistema reprodutor
ressurgem ao seu estado antes da gravidez. Nesta conjuntura, é atividade do profissional
fisioterapeuta direcionar a puérpera sobre estas alterações, como também agir para
potencializar a tonificação dos músculos abdominais. Estudos testificam que a prática
constante de exercícios no período pré-natal pode refrear o risco do surgimento da DMRA,
assim como no período peri-natal, reduzir o tamanho da diástase. Ademais, exercícios para
fortalecimento da musculatura abdominal e tratamentos que abrangem educação e cuidados
posturais, são geralmente determinados para mulheres na fase pós-natal (BENJAMIN;
WATER; PEIRIS, 2014).
A atividade do fisioterapeuta tanto na diligência como na reabilitação da DMRA, causa
a melhora da qualidade de vida da paciente e geram efeitos como a redução e a prevenção das
dores lombares, maximiza a aptidão física, atenuação do ganho de peso, melhora da autoestima,
além de melhor restabelecimento físico pós-parto. Assim, podem ser usados exercícios que
potencializem a fortificação da musculatura abdominal, como por exemplo, a contração
isométrica dos mesmos. Ainda podem ser executados exercícios de respiração com o intuito
de melhorar a associação entre a musculatura abdominal e o assoalho pélvico e os músculos
lombares e o diafragma (FEITOSA; SOUZA; LOURENZI, 2017).
Além disso, outra técnica da fisioterapia pélvica no puerpério imediato encontra-se a
ginástica abdominal hipopressiva (GAH), elaborada na década de 80, com a finalidade de
promoção da tonificação abdominal e do assoalho pélvico no momento seguido do parto, sendo
um recurso postural e sistêmico, que constitui o recrutamento de diferentes grupos musculares
antagonistas ao diafragma, possibilitando a atenuação das pressões intratorácica e intra-
abdominal (FRANCHI; RAHMEIER, 2016).
Já a bandagem elástica também se mostra relevante para puérperas com DMRA. Sua
aplicação se dá pelo excitamento dos somatorreceptores que incentivam o sistema nervoso
central, promovendo um agrupamento de neurônios motores que por sua parte solidificam as
articulações e estiramentos musculares exacerbados, isso acontece através da associação entre
informação sensorial e atividade do músculo. O estímulo mecânico contínuo e durável na pele,
colabora para a compreensão da posição corpórea, reajuste dos desvios articulares e colabora
na contratilidade muscular (MARTELLI; ZAVARIZE, 2014).
Outra ferramenta terapêutica importante é a utilização de corrente russa. A corrente
pode fortificar músculos regularmente inervados, tanto em pacientes saudáveis como naqueles
em que há debilidade e hipoplasia dos músculos, originadas por algum fator casuístico. Com a
utilização da eletroestimulação russa, a restabelecimento pode ser mais rápido e eficiente
quando comparado à restauração fisiológica, com aumento da tonicidade muscular, atenuação
de flacidez, perda de medidas, e decréscimo da diástase do músculo reto abdominal
(VASCONCELOS et al., 2017).
Este estudo se baseou no levantamento de dados sobre as particularidades da DMRA e
os modos de atuação da fisioterapia neste tipo de condição clínica. Desse modo, o objetivo do
estudo foi discorrer sobre os protocolos e benefícios da abordagem fisioterapêutica na
recuperação da DMRA no período pós-parto.

METODOLOGIA

O presente estudo se caracterizou como exploratório através de uma Revisão Integrativa


da Literatura.
Segundo Botelho, Cunha e Macedo (2011), a revisão integrativa designa-se por uma
metodologia específica, que resume o passado da literatura na intenção de ofertar um
discernimento mais amplo de um fenômeno peculiar, essa metodologia objetiva realizar uma
avaliação sobre o conhecimento já estruturado em estudos anteriores sobre uma determinada
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temática, culminando na síntese de várias publicações já publicadas e consentindo a geração de


novos saberes, alicerçado nos resultados encontrados nas pesquisas anteriores.
Quanto às etapas de uma revisão integrativa, destacou-se: análise da problemática e
escolha da questão norteadora; organização de critérios de inclusão e exclusão; identificação
das pesquisas pré-selecionadas e selecionadas; resumo dos estudos elegíveis; observação e
exposição dos resultados; apresentação da revisão e síntese do conhecimento (BOTELHO;
CUNHA; MACEDO, 2011).
Utilizando-se desta forma de pesquisa, os dados foram analisados durante o período de
Agosto a Novembro de 2020, os quais foram oriundos de pesquisas online em artigos, tendo
como norteadora quais os protocolos e benefícios da abordagem fisioterapêutica na recuperação
da DMRA no período pós-parto?
Igualmente, para responder à pergunta que norteou o trabalho, foi construída a coleta de
dados nas bases de dados PEDro (Physiotherapy Evidence Database), BVS (Biblioteca Virtual
em Saúde) e PubMed, nas línguas portuguesa e inglesa, entre os anos de 2015 a 2020, utilizando
das palavras-chave em português: Puerpério, Diástase Muscular, Modalidades de Fisioterapia
e Período pós-parto; e seus descritores em inglês: Puerperium, Muscle diastasis, Physiotherapy
modalities, Postpartum period. Como operadores booleanos foram utilizados os descritores
AND e OR com as seguintes combinações dos termos em português: Puerpério e diástase
muscular e modalidades de fisioterapia / Diástase muscular e modalidades de fisioterapia e
período pós-parto. Já em inglês: Puerperium AND Muscle diastasis AND Physiotherapy
modalities / Muscle diastasis AND Physiotherapy modalities AND Postpartum period.
Como parâmetros de inclusão foram elencados artigos que apresentavam a temática de
acordo com os descritores supracitados publicados nos anos de 2015 a 2020, artigos de caráter
originais com ensaios clínicos aleatorizados; revisão literária de estudos divulgados dentro da
Língua portuguesa e Inglesa. Foram excluídas; cartas ao editor; artigos científicos incompletos;
teses de dissertação de mestrado e doutorado artigos repetidos etc.
É importante frisar que, após análise das publicações selecionadas, foi realizado um
registro das informações obtidas, organizando as mesmas em tabelas descrevendo autores, ano
de publicação, método e técnicas, resultados e conclusões, bem como a síntese das
considerações finais. Os artigos nos quais não tinham critérios de elegibilidade apresentado pela
pesquisa foram eliminados da seleção.
No que tange à avaliação dos estudos, as características metodológicas utilizadas foram:
estudo com humanos, observados os critérios de inclusão e exclusão. A avaliação do rigor
metodológico: clareza do trajeto metodológico, bem como formulários ou instrumentos
utilizados, viés no estudo e limitações do estudo. Nas conclusões foram avaliados se os fins do
estudo tiveram sua justificativa nos resultados e quais as recomendações do autor.
O escopo referencial da pesquisa foi pautado na NBR 6023, cuja norma estabelece os
elementos a serem inseridos em referencias. Esta norma instaura o ordenamento dos elementos
das referências estabelecendo preceitos para cópia e apresentação da informação concebida do
documento e /ou outras fontes de informação (SILVA; PRESSER, 2019).
As informações foram analisadas de acordo com as plataformas científicas apropriadas
com a intenção de estabelecer concordância e pontos opostos e produzir uma condensação
crítica sintetizando os dados disponibilizados pelos artigos reunidos.
No tocante à coleta dos dados, segue abaixo o fluxograma correspondente ao
refinamento de pesquisa das publicações nas plataformas eletrônicas:
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Fluxograma – Pesquisa dos artigos, Aracati, Ceará, 2020.

Estudos segundo bases eletrônicas


IDENTIFICAÇÃO
PeDro (08 artigos), BVS (03 artigos) e Pubmed (63 artigos) = (n
= 74 artigos).

Referências repetidas (n = 03 artigos)


SELEÇÃO
Artigos indisponíveis na íntegra: (n = 20 artigos)
Após leitura do título e resumo: (n = 17 artigos)
Referências excluídas totais nesta etapa: (n = 40)

Não respondiam à pergunta problema: (n = 13 artigos)


ELEGIBILIDADE
Artigos com método de revisão bibliográfica: (n = 13 artigos)
Referências excluídas totais nesta etapa: (n = 26 artigos)

INCLUSÃO Artigos incluídos: (n = 08 artigos)

Fonte: Dados da pesquisa (2015 – 2020).

3 RESULTADOS
Foram encontradas 74 publicações científicas referentes à temática abordada, sendo que
após análise analítica e aprofundada do título e/ou resumo, resultou-se em 08 artigos
selecionados que compuseram a amostragem desta revisão integrativa.
Segue abaixo a tabela 01 no tocante à revista do artigo selecionado, base de dados,
Qualis e número de publicações científicas:
Tabela 01 – Descrição de revista, base de dados, qualificação e total encontrados.
PERIÓDICO BASE DE DADOS QUALIS TOTAL
Physiotherapy. PeDro B2 02
Journal of Orthopaedic and BVS A1 01
Sports Physical Therapy.
Annals of Rehabilitation Pubmed B1 01
Medicine.
Physiotherapy. Pubmed B2 01
Journal of Musculoskeletal Pubmed B1 01
Neuronal Interactions.
Physiotherapy Pubmed B2 02
Fonte: Dados da pesquisa (2015 – 2020).

Segue abaixo a tabela 02 correspondente ao artigo selecionado na PeDro e sua


respectiva nota:
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Tabela 02 – Descrição do refinamento de artigos na Pedro.


TÍTULO DO ARTIGO PESQUISA NOTA ENCONTRADO EM
AVANÇADA OUTRA
PLATAFORMA?
Effects of exercise on Ensaio clínico, revisão 07 Sim / Pubmed
rectal diastasis in the pre sistemática, estudos
and postnatal periods: a descritivos / publicados
systematic review. entre 2015 – 2020 / nota
07.
Fonte: Dados da pesquisa (2015 – 2020).

Segue abaixo a distribuição dos artigos segundo autor (es), título, ano de publicação,
tipo de estudo, objetivo, metodologia aplicada, resultado geral e conclusões:
Tabela 03 – Compêndio crítico das publicações científicas
Artigo 01
AUTOR (ES): BENJAMIN, D. R; WATER, A. T. M. V; PEIRIS, C. L.
TÍTULO: Efeitos do Exercício na Diástase do Músculo Reto Abdominal (DMRA) nos Períodos Pré e Pós-
natal.
ANO DE PUBLICAÇÃO: 2015
TIPO DE ESTUDO: Revisão sistemática.
OBJETIVO GERAL: Determinar se as intervenções não cirúrgicas (fisioterapia/exercícios) previnem ou
reduzem a DMRA.
METODOLOGIA: Consistiu numa revisão sistemática da literatura. Fonte de dados = EMBASE, Medline,
CINAHL, Pubmed, AMED e PeDro. Seleção e elegibilidade do estudo = foram incluídos estudos de todos os
projetos que incluíram quaisquer intervenções não cirúrgicas para gerenciar a DMRA durante os períodos pré
e pós-natal. Métodos de avaliação e síntese do estudo = a qualidade metodológica foi avaliada usando uma lista
de verificação Downs and Black Modificada. A metanálise foi realizada usando um modelo de efeitos fixos
para calcular razões de risco (RR) e intervalos de confiança de 95% (IC), quando apropriado.
RESULTADO GERAL: 8 estudos totalizando 336 mulheres durante o período pré e/ou pós-natal foram
incluídos. O desenho do estudo variou de estudo de caso a ensaio clínico randomizado. Todas as intervenções
incluíram alguma forma de exercício, principalmente o fortalecimento abdominal / central. A evidência
disponível mostrou que o exercício durante o período pré-natal reduziu a presença de DMRA em 35% (RR
0,65; IC 95% - 0,46 a 0,92) e sugeriu que a largura de DMRA pode ser reduzida com exercícios durante os
períodos pré e pós-natal. Como limitações, destacou-se que há pouca literatura sobre essa temática.
CONCLUSÃO: Com base na evidência disponível e na qualidade desta evidência, o exercício não específico
pode ou não ajudar a prevenir ou reduzir DMRA durante os períodos pré e pós-natal.
Artigo 02
AUTOR (ES): CHIARELLO, C. M; MCAULEY, J. A; HARTIGAN, E. H.
TÍTULO: Efeito Imediato da Contração Abdominal Ativa na Distância entre Retos.
ANO DE PUBLICAÇÃO: 2016
TIPO DE ESTUDO: Estudo de laboratório controlado.
OBJETIVO GERAL: Determinar se a distância inter-reto (IRD) diminui com a contração abdominal ativa em
homens e em mulheres nulíparas e parturientes.
METODOLOGIA: Participaram 56 pacientes (11 homens / 23 parturientes / 22 nulíparas). A distância inter-
retos foi medida com os músculos abdominais em repouso e durante a contração ativa (flexão para cima), em 2
locais (acima e abaixo do umbigo) por meio de ultrassom. Um modelo misto, análise de medidas repetidas de
covariância foi usada para cada um dos 2 locais para determinar se a IRD diferia entre os estados de contração
entre os 3 grupos, com idade e circunferência do umbigo como covariáveis. Quando diferenças significativas
foram encontradas, comparações de teste T planejadas foram feitas.
RESULTADO GERAL: O IRD do grupo parturientes diminuiu significativamente do repouso para a
contração em ambos os locais, ao passo que o IRD dos grupos de nulíparas e do sexo masculino não mudou
significativamente de repouso para a contração. O IRD do grupo de nulíparas foi significativamente mais
estreito do que os outros grupos em repouso em ambos os locais, e mais estreito do que o grupo de parturientes
durante a contração ativa. Além disso, nem todos os indivíduos diminuíram o IRD com o exercício abdominal.
CONCLUSÃO: Concluiu-se que a diástase do reto abdominal pode ser melhorada com exercícios apropriados
para mulheres grávidas. Recomenda-se enfaticamente que atenção específica ao padrão individual de mudança
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no IRD exibido durante as atividades abdominais seja considerada na prescrição de exercícios para diminuir a
largura excessiva do IRD.
Artigo 03
AUTOR (ES): LEE, D; HODGES, P. W.
TÍTULO: Comportamento da Linha Alba durante uma Tarefa de Enrolar na Diástase do Reto Abdominal.
ANO DE PUBLICAÇÃO: 2016
TIPO DE ESTUDO: Estudo observacional.
OBJETIVO GERAL: Investigar o comportamento da deformação da linha Alba (LA) e distância entre os
retos (IRD) durante os curl-ups (treinamento de resistência abdominal) realizados naturalmente e com pré-
ativação do transverso abdominal (TrA).
METODOLOGIA: Curl-ups (treinamento de resistência abdominal) foram realizados por 26 mulheres com
diástase do reto abdominal (DRA) e 17 pacientes (grupo controle) saudáveis usando uma estratégia natural
(curl-up automático) e com pré-ativação de TrA (TrA curl-up). As imagens de ultrassom foram registradas em
2 pontos acima do umbigo (ponto U e ponto UX). As medidas de ultrassom de IRD e uma nova medida de
distorção do AE (índice de distorção: desvio médio do AE do caminho mais curto entre os retos) foram
comparadas entre 3 tarefas (repouso, curvatura automática, curvatura TrA), entre os grupos, e entre pontos de
medição (análise de variância).
RESULTADO GERAL: Curl-up automático por mulheres com DRA estreitou o IRD dos valores de repouso
(diferença média do ponto U entre as tarefas, -1,19 cm; intervalo de confiança de 95% [IC]: -1,45, -0,93; P
<0,001 e UX médio diferença de ponto entre tarefas, -0,51 cm; IC de 95%: -0,69, -0,34; P <0,001), mas a
distorção de LA aumentou (ponto U médio de diferença entre tarefas, 0,018; IC de 95%: 0,0003, 0,041; P =
0,046 e diferença média do ponto UX entre as tarefas, 0,025; IC 95%: 0,004, 0,045; P = 0,02). Embora a
curvatura do TrA não tenha induzido nenhum estreitamento ou menos estreitamento do IRD do que a curvatura
automática (diferença média do ponto U entre a curvatura do TrA contra o repouso, -0,56 cm; IC de 95%: -
0,82, -0,31; P <0,001 e diferença média de ponto UX entre tarefas, 0,02 cm; IC 95%: -0,22, 0,19; P = 0,86), a
distorção de LA foi menor (diferença média de ponto U entre tarefas, -0,025; IC 95%: -0,037 , -0,012; P <0,001
e diferença média do ponto UX entre as tarefas, -0,021; IC 95%: -0,038, -0,005; P = 0,01). A distância interretus
e o índice de distorção não mudaram do repouso ou diferiram entre as tarefas dos controles (P≥,55).
CONCLUSÃO: O estreitamento do IRD durante a curvatura automática em DRA distorce o LA. O índice de
distorção requer validação adicional, mas os achados implicam que menos estreitamento de IRD com pré-
ativação de TrA pode melhorar a transferência de força entre os lados do abdômen. A implicação clínica é que
o estreitamento reduzido do IRD pela contração do TrA, que foi desencorajado, pode impactar positivamente a
mecânica abdominal.
Artigo 04
AUTOR (ES): KAMEL, D. M; YOUSIF, A. M.
TÍTULO: Estimulação Elétrica Neuromuscular e Recuperação da Força dos Músculos Retos Abdominais da
Diástase Pós-natal.
ANO DE PUBLICAÇÃO: 2017
TIPO DE ESTUDO: Ensaio clínico aleatorizado.
OBJETIVO GERAL: Avaliar o efeito da estimulação elétrica neuromuscular (EENM) na recuperação da força
muscular abdominal em mulheres pós-natais com diástase dos músculos retos abdominais (DRAM).
METODOLOGIA: Sessenta mulheres, 2 meses após o parto, participaram deste estudo. Eles foram divididos
aleatoriamente em dois grupos iguais. O grupo A (n = 30) recebeu EENM além de exercícios abdominais; o
grupo B (n = 30) recebeu apenas exercícios abdominais. A intervenção em ambos os grupos foi de três vezes
por semana durante 8 semanas. As medidas de resultado foram índice de massa corporal (IMC), relação cintura
/ quadril, distância entre os retos (IRD) e força muscular abdominal em termos de pico de torque, trabalho total
de repetição máxima e potência média.
RESULTADO GERAL: Ambos os grupos apresentaram melhora altamente significativa (p <0,05) em todos
os resultados. Além disso, as comparações intergrupos mostraram melhora significativa (p <0,05) em todos os
parâmetros em favor do grupo A, exceto para o IMC.
CONCLUSÃO: Estimulação elétrica neuromuscular ajuda a reduzir DRAM em mulheres pós-parto; se
combinado com exercícios abdominais, pode aumentar os efeitos.
Artigo 05
AUTOR (ES): GLUPPE, S. L; TENNFJORD, M. K; ENGH, M. E; BO, K.
TÍTULO: Efeito de um Programa de Treinamento Pós-parto na Prevalência de Diástase dos Retos Abdominais
em Mulheres Primíparas no Pós-parto.
ANO DE PUBLICAÇÃO: 2018
TIPO DE ESTUDO: Ensaio Clínico Randomizado.
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OBJETIVO GERAL: Avaliar o efeito de um programa de treinamento pós-parto na prevalência de diástase


do reto abdominal.
METODOLOGIA: O projeto foi uma análise secundária de um estudo controlado randomizado mascarado
por avaliador. Cento e setenta e cinco mulheres primíparas (idade média de 29,8 +/- 4,1 anos) foram
randomizados para um exercício (n = 74) ou grupo controle (n = 81). A distância interrectus foi palpada usando
a largura dos dedos, com um ponto de corte para diástase como> = 2 dedos. As medidas foram realizadas 4,5
cm acima, 4,5 cm abaixo do umbigo e 4,5 cm acima. A intervenção de 4 meses começou 6 semanas após o
parto e consistiu em uma aula de exercícios supervisionada semanal com foco no treinamento de força dos
músculos do assoalho pélvico (prancha abdominal, prancha lateral, meia prancha, sit-up oblíquo, sit-up
reto). Além do que, além do mais, as mulheres foram solicitadas a realizar o treinamento muscular do assoalho
pélvico diariamente em casa. O grupo controle não recebeu intervenção. As análises foram baseadas na intenção
de tratar. O teste de Mantel-Haenszel (razão de risco relativo (RR)) e o teste do Qui-quadrado para
independência foram usados para avaliar as diferenças entre os grupos em dados categóricos.
RESULTADO GERAL: 6 semanas após o parto, 55,2% e 54,5% das participantes foram diagnosticadas com
diástase nos grupos intervenção e controle, respectivamente. Não foram encontradas diferenças significativas
entre os grupos na prevalência no início do estudo (RR: 1,01 [0,77-1,32]), 6 meses após o parto (RR: 0,99 [0,71-
1,38]) ou 12 meses após o parto (RR: 1,04 [0,73-1,49]).
CONCLUSÃO: Um programa semanal de exercícios pós-parto supervisionado, incluindo treinamento de força
dos músculos do assoalho pélvico e abdominais, além do treinamento doméstico diário dos músculos do
assoalho pélvico, não reduziu a prevalência de diástase.
Artigo 06
AUTOR (ES): THABET, A. A; ALSHEHRI, M. A.
TÍTULO: Eficácia do Programa de Exercícios de Estabilidade Central Profunda em Mulheres no Pós-parto
com Diástase Reticular.
ANO DE PUBLICAÇÃO: 2019
TIPO DE ESTUDO: Ensaio Clínico Randomizado.
OBJETIVO GERAL: Descobrir a eficácia do programa de exercícios de estabilidade central profunda no
fechamento da diástase retal e na melhora geral da qualidade de vida de mulheres no pós-parto.
METODOLOGIA: O grupo de estudo consistiu de quarenta mulheres com diástase retal, com idades entre 23
e 33 anos, que foram divididas aleatoriamente em dois grupos. As 20 mulheres do primeiro grupo foram
submetidas a um programa de fortalecimento da estabilidade central profunda mais o programa de exercícios
abdominais tradicionais, 3 vezes por semana, por uma duração total de 8 semanas. As outras 20 mulheres,
formando o segundo grupo, realizaram apenas o programa tradicional de exercícios abdominais, 3 vezes por
semana durante 8 semanas. Seguindo este procedimento, a separação entre retos foi medida com paquímetro
digital de náilon enquanto a qualidade de vida foi medida pela Escala de Funcionalidade Física (PF10) para
todos os participantes.
RESULTADO GERAL: Como resultado do uso do programa de exercícios de estabilidade central profunda,
a separação entre retos teve uma queda estatisticamente relevante (P <0,0001), mostrando uma melhora
estatisticamente relevante em relação à qualidade de vida nos grupos de estudo (p <0,0001).
CONCLUSÃO: O programa de exercícios de estabilidade central profunda é eficaz no tratamento da diástase
do reto e na melhoria da qualidade de vida das mulheres no pós-parto.
Artigo 07
AUTOR (ES): THEODORSEN, N. M; STRAND, L. I; BO, K.
TÍTULO: Efeito da Contração do Assoalho Pélvico e do Músculo Transverso do Abdome na Distância Inter-
reto em Puérperas.
ANO DE PUBLICAÇÃO: 2019
TIPO DE ESTUDO: Estudo transversal experimental.
OBJETIVO GERAL: Investigar o efeito da contração isométrica aguda dos músculos do assoalho pélvico
(MAP) e do músculo transverso do abdome (TrAM) na distância inter-reto (IRD) dos valores de repouso em
puérperas com diástase do reto abdominal (DRA).
METODOLOGIA: Estudo experimental transversal. Trinta e oito puérperas apresentando DRA de pelo menos
dois dedos. Imagens bidimensionais de ultrassom de IRD foram registradas usando uma sonda linear (5 a 10
MHz) em repouso, durante a contração do MAP (músculos do assoalho pélvico), durante a contração do TrAM
e durante a contração combinada do MAP e do TrAM. Os dados do IRD foram distribuídos normalmente.
RESULTADO GERAL: Houve um aumento significativo no IRD durante a contração PFM e TrAM em
comparação com o IRD em repouso. A 2 cm acima do umbigo, a PFM média foi de 26,9 [desvio padrão (DP)
8,8] mm vs repouso 25,7 (DP 8,5) mm {diferença média 1,2 [intervalo de confiança de 95% (IC) 0,7 a 1,7]
mm}; e TrAM médio foi 28,4 (DP 9,0) mm vs repouso 25,7 (DP 8,5) mm [diferença média 2,8 (IC 95% 1,9 a
9

3,6) mm]. Da mesma forma, 2 cm abaixo do umbigo, a PFM média foi de 22 (DP 8,3) mm vs repouso 21 (DP
7,9) mm [diferença média 0,9 (IC 95% 0,4 a 1,6) mm]; e o TrAM médio foi de 23,3 (DP 8,7) mm vs repouso
21 (DP 7,9) mm [diferença média 2,3 (IC 95% 1,5 a 3,1) mm]. A contração combinada de TrAM e PFM medida
2 cm acima do umbigo causou o maior aumento no IRD: média de PFM + TrAM 29,6 (DP 9,4) mm vs repouso
25,7 (DP 8,5) mm [diferença média 3,9 (IC 95% 2,8 a 5,0) mm].
CONCLUSÃO: A contração tanto PFM e TrAM, e contração combinada PFM e TrAM aumentaram IRD em
mulheres pós-parto com DRA.
Artigo 08
AUTOR (ES): GLUPPE, S. L; ENGH, M. E; BO, K.
TÍTULO: Efeito Imediato dos Exercícios para os Músculos do Assoalho Pélvico (MAP) e Abdominal na
Distância Interreticular (IRD) em Mulheres com Diástase Abdominal de Mulheres que Foram Parturientes.
ANO DE PUBLICAÇÃO: 2020
TIPO DE ESTUDO: Estudo transversal.
OBJETIVO GERAL: Investigar o efeito imediato dos exercícios abdominais e dos MAP na distância
interretectiva (IRD) em mulheres com DRA que são parturientes.
METODOLOGIA: Participaram deste estudo transversal 38 mulheres parturientes, com idade média de 36,2
anos (DP = 5,2), com diagnóstico de DRA. A IRD foi avaliada com ultrassonografia bidimensional em tempo
real durante o repouso e durante 8 exercícios diferentes ordenados aleatoriamente. Um teste t pareado foi usado
para comparar o IRD em repouso com o IRD registrado durante cada exercício, bem como as diferenças entre
os exercícios. Médias com IC de 95% são relatadas.
RESULTADO GERAL: Os exercícios de levantamento da cabeça e flexão retorcida diminuíram
significativamente o IRD acima e abaixo do umbigo. Acima do umbigo, a diferença média de IRD em relação
ao repouso durante a elevação da cabeça foi de 10 mm (IC 95% = 7 a 13,2), enquanto durante a flexão torcida
foi de 9,4 mm (IC 95% = 6,3 a 12,5). Abaixo do umbigo, os valores correspondentes foram 6,1 mm (IC 95% =
3,2 a 8,9) e 3,5 mm (IC 95% = 0,5 a 6,4), respectivamente, mas a contração do MAP, retração máxima e
contração do FP + máximo desenho aumentou o IRD (diferença média = -2,8 mm [95% CI = -5,2 a 0,5], -4,7
mm [95% CI = -7,2 a -2,1], e - 5,0 mm [95% CI = -7,9 a - 2.1], respectivamente).
CONCLUSÃO: Os exercícios de levantamento da cabeça e flexão retorcida diminuíram o IRD acima e abaixo
do umbigo, enquanto os exercícios máximos de retração e contração dos MAPs apenas aumentaram o IRD
abaixo do umbigo. Um ensaio clínico randomizado é necessário para investigar se os exercícios de
levantamento da cabeça e flexão retorcida são eficazes no estreitamento permanente do IRD.
Fonte: Dados da pesquisa (2015 – 2020).

DISCUSSÕES

Na intenção de maximizar os conhecimentos acerca da atuação fisioterapêutica no


tratamento de puérperas com alongamento excessivo do reto abdominal, mostrou-se essencial
a análise das informações contidas entre os autores elegíveis com o propósito de organizar seus
pensamentos quanto à temática escolhida.
Esta análise fundamenta-se a princípio na ideia de Benjamin, Water e Peiris (2015)
sobre os efeitos do exercício no estiramento do músculo reto abdominal (DMRA) nos
momentos pré e pós-natal. Suas implicações estiveram relacionadas aos seguintes resultados: o
exercício durante o período pré-parto pode atenuar o risco de desenvolvimento da DMRA
porque auxilia na manutenção do tônus e força muscular, assim como intensifica o controle da
musculatura abdominal, consequentemente diminuindo o estresse na linha Alba.
A ativação e o exercício do músculo transverso abdominal aproximam a região anterior
do músculo reto abdominal, aumenta a mobilidade da linha Alba e amplifica a tensão da fáscia,
permitindo transferência de carga eficiente e produção de torque. Potencialmente, a ativação do
músculo transverso abdominal pode ser protetora da linha Alba e ajudar a prevenir ou reduzir
a DMRA e acelerar o restabelecimento, fazendo com que as mulheres regressem às suas
atividades físicas e sociais rotineiras de modo mais rápido (BENJAMIN; WATER; PEIRIS,
2015).
Nesta circunstância, torna-se válido dissertar sobre o efeito imediato da contração
abdominal relevante no espaço entre os retos (IRD). Em seu estudo de laboratório controlado,
Chiarello, Mcauley e Hartigan (2016) exploraram as diferenças na IRD dos músculos
10

abdominais para um exercício de Curl-up (em português, enrolar / exercícios de tonificação do


core) em 56 pacientes com DMRA. Suas análises depreenderam que somente as mulheres que
já pariram demonstraram diferenças estatisticamente na IRD entre o tempo de repouso e o
enrolar (flexão do tronco).
A IRD das mulheres que já pariram foi significativamente maior do que as mulheres
uníparas. Uma IRD pós-parto mais amplificada foi encontrada. Descobriu-se que a largura da
IRD mais ampla foi negativamente correlacionada com a força e resistência muscular
abdominal. Viram ainda que em mulheres que já pariram, a IRD diminuiu do repouso para o
enrolamento. Recomendam-se fortemente atenção específica ao padrão individual de alteração
na IRD exibida durante as atividades abdominais e isso deve ser considerado na prescrição de
exercícios para diminuir a largura excessiva da IRD (CHIARELLO; MCAULEY;
HARTIGAN, 2016).
Tratando-se do comportamento da linha Alba (LA) durante uma tarefa de enrolar na
diástase dos retos abdominais (DRA) através de um estudo observacional, Lee e Hodges (2016)
discorrem que na DRA, a ativação do transverso abdominal (TrA) antes de um Curl-up resulta
em uma IRD relativamente mais ampla do que durante uma curvatura automática. Isto apoia a
ideia de que o exercício envolvendo a estimulação do transverso abdominal atenua a distorção
da LA. Por fim, enfatizam que na DRA, uma redução aguda de IRD durante um Curl-up
aumenta a distorção da LA.
Exercícios, ou treinamento, para mulheres com DRA que se concentram
exclusivamente em estreitar a IRD pode não atingir o melhor resultados cosméticos ou
funcionais para a parede abdominal, conforme o estreitamento permite maior distorção da LA.
Alargamento da IRD pode ser benéfico em vez de negativo, mas nem todas as mulheres
alcançaram a mesma redução de distorção do LA com pré-ativação do TrA; portanto, mulheres
com DRA requerem avaliação individual (LEE; HODGES, 2016).
Dissertando agora sobre estimulação elétrica neuromuscular (NMES) e recuperação
da força muscular abdominal na diástase pós-natal, Kamel e Yousif (2017) explanaram que o
grupo A (n = 30) que recebeu NMES além de exercícios abdominais, teve uma redução das
variáveis antropométricas e IRD com uma significativa melhora da força muscular abdominal
significativamente maior do que o grupo B (n = 30), que recebeu apenas exercícios abdominais.
O grupo B, que recebeu apenas exercícios abdominais, mostrou melhora significativa
intergrupo em todos os parâmetros medidos, porque exercícios abdominais ajudam a fortalecer
e controlar os músculos abdominais e melhorar seu tônus, o que reduz o estresse na linha Alba
e assim facilita a redução de DMRA.
Os benefícios do programa de exercícios abdominais no grupo A foram os mesmos
obtidos pelo grupo B, mas a melhora significativa em favor do grupo A pode ser atribuída
principalmente à aplicação do NMES, que ativa as fibras nervosas grandes (tipo II) em níveis
relativamente baixos de estimulação e influencia o córtex motor excitatório. Além disso, a
NMES pode recrutar fibras musculares profundas em intensidades de treinamento mais baixas,
porque os nervos estimulados pela NMES são distribuídos por todo o músculo (KAMEL;
YOUSIF, 2017).
Neste sentido, compreender a eficácia de um treinamento após o parto na prevalência
de diástase dos retos abdominais em mulheres primíparas no pós-parto, mostrou-se essencial
no estudo clínico randomizado de Gluppe et al., (2018). Os autores discorridos sintetizaram
alguns dados: Às 6 semanas após o parto, mais de 50% das mulheres em cada grupo (grupo de
exercícios (74 pacientes) e grupo sem intervenção (81 pacientes) eram categorizadas como
tendo DRA. Observou-se sem diferenças significativas entre grupos na prevalência de DRA no
início do estudo, imediatamente após a intervenção (prancha abdominal, prancha lateral, meia
prancha, sit-up oblíquo, sit-up reto) num período de 6 meses após o parto, ou em
11

acompanhamento 12 meses pós-parto. Em 12 meses após o parto, cerca de 40% de este grupo
de mulheres primíparas ainda teve DRA.
Um atendimento com exercícios uma vez por semana pode ser considerado
insuficiente dosagem de treinamento supervisionado para restaurar a DRA. No entanto, a mais
comum frequência de treinamento para mulheres pós-parto foi relatada como sendo uma vez
semana. Além disso, as mulheres participantes no presente estudo fizeram 3 séries de protocolo
de PFM (treino dos músculos do assoalho pélvico) continuamente durante 4 meses, e sua
participação nos protocolos de exercícios era alta. Sugeriu-se que se o treinamento PFM / TrA
(ativação do transverso abdominal) é realmente eficaz no fechamento da diástase e, por tanto,
este programa deveria ter mostrado resultados positivos (GLUPPE et al., 2018).
Acrescentando saberes a esta problemática, Thabet e Alshehri (2019) com uma
pesquisa clínica randomizada averiguaram os benefícios do protocolo de exercícios de
estabilidade central profunda em mulheres no pós-parto com diástase reticular. Os resultados
deste estudo revelaram uma alta estatística e diminuição convincente (P <0,0001) na separação
entre os retos, bem como na melhoria do bem-estar biopsicossocial dos pacientes do grupo A
(órtese abdominal, fortalecimento de estabilidade, 3x/semana durante 8 semanas com
respiração diafragmática, pélvica, prancha isométrica).
Adicionando a órtese abdominal durante o exercício, pode ser eficaz para o tratamento
de DRA e útil no fechamento do DRA, embora também potencialmente reduzindo a dor nas
costas causada por DRA. Os resultados desse estudo são consistentes porque a intervenção
usada fortaleceu os músculos de controle do núcleo da parte inferior da região abdominal
durante o período pós-natal, auxiliando assim a estabilidade segmentar. Isso sustenta a coluna
e o tronco, diminui a separação abdominal, tonifica e alivia a tensão muscular decorrente de
movimentos repetitivos (THABET; ALSHEHRI, 2019).
Vale ressaltar que o efeito da contração do assoalho pélvico e do músculo transverso
do abdome na distância inter-reto em puérperas é uma questão a ser abordada de forma
experimental. Por esta razão, Theodorsen, Strand e Bo (2019) utilizaram imagens
bidimensionais de ultrassom de IRD usando uma sonda linear (5 a 10 MHz) em repouso,
durante a contração da MAP (musculatura pélvica), durante a contração do TrAM (transverso
abdominal) e durante a contração combinada do MAP e do TrAM numa amostra de 38
puérperas. Os autores acima atestaram que tanto a contração do MAP quanto a contração do
TrAM aumentou o IRD significativamente, ambos 2 cm superiormente e 2 cm sob o umbigo
em mulheres no pós-parto apresentando-se com DRA. A contração do TrAM aumentou o IRD
significativamente mais do que a contração do PFM. O maior aumento no IRD foi medido
durante a contração combinada de PFM e TrAM.
O estudo citado anteriormente descobriu que o IRD aumentou significativamente
acima e abaixo do umbigo durante a contração da MAP. Isto questiona as associações sinérgicas
postuladas entre o PFM e a DRA. No entanto, a pesquisa acima não investigou a relação direta
entre PFM contração e IRD; suas suposições são baseadas em estudos que investigam a relação
entre o PFM e a musculatura abdominal em geral (THEODORSEN; STRAND; BO, 2019).
Concordando com estas ideias e trazendo a temática sobre o efeito imediato dos
exercícios para a musculatura do assoalho pélvico e abdominal na distância interreticular em
mulheres com diástase abdominal do abdome, Gluppe, Engh e Bo (2020) deduziram que a
elevação da cabeça e os exercícios de tonificação (Curl-up) foram os únicos exercícios que
diminuíram significativamente o IRD, acima e abaixo do umbigo. Além disso, o Curl-up
diminuiu o IRD acima do umbigo. A contração de PFM, puxada máxima e puxada máxima com
contração de PFM aumentou o IRD abaixo do umbigo. Por fim, consideraram que a elevação
da cabeça, a curvatura torcida e a curvatura diminuem o IRD e que independente da resposta,
esses exercícios podem ser capazes de causar uma redução permanente no IRD ao longo do
tempo.
12

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base nos dados explanados anteriormente, considerou-se que a atuação


fisioterapêutica através de exercícios diversos mostra-se eficiente para restabelecer a distensão
do reto abdominal (DMRA) pós-parto sendo importante uma avaliação individual em cada
puérpera.
Os resultados vistos indicaram que os exercícios/protocolos de fortalecimento
abdominal (prancha abdominal, prancha lateral, meia prancha, sit-up oblíquo, sit-up reto) são
essenciais para a manutenção do tônus muscular, ganho de resistência nos movimentos
abdominais, redução de tensão na Linha Alba, como também para a redução da distância entre
os retos abdominais em puérperas com DMRA, facilitando assim o retorno mais rápido às suas
funções e atividades diárias.
Destacando especificamente as evidências encontradas sobre o Curl-up (exercício de
estabilidade), salienta-se que este tipo de exercício melhorou a distância ativa entre os retos
abdominais em mulheres puérperas e a utilização de terapia por estimulação elétrica juntamente
com exercícios abdominais foram eficazes para potencializar a força e resistência muscular no
período pós-natal. Ainda, destaca-se que a utilização de órtese abdominal e respiração
diafragmática durante o Curl-up mostrou satisfatório para a recuperação de DMRA e alívio de
quadros álgicos na região dorsal do tronco.
Todavia, ressalta-se ainda que a ativação do transverso abdominal exerce efeito
negativo sobre a diástase abdominal.
Por fim, tornam-se válidos estudos clínicos e randomizados que analisem as diferentes
abordagens dos exercícios em puérperas com DMRA.

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