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Resumo

Resumo de Incontinência Urinária na Geriatria 0

Incontinência
Urinária na Geriatria

Marcos André Pereira


Universidade Federal do Cariri

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1. Definição
Incontinência Urinária (IU) é definida como qualquer perda involuntária de urina
(International Continence Society, 2010) ou uma perda de urina em quantidade e
frequência suficiente para causar um problema social ou higiênico, como um escape
ocasional até incapacidade total para segurar qualquer quantidade de urina. Isso causa
grande impacto na vida do paciente, como isolamento social, diminuição das atividades
diárias, baixa auto-estima, insegurança, depressão e institucionalização. A IU pode ser
dividida em:

➢ Temporárias = agudas

➢ Permanentes = crônicas (esforço, urgência, sobrefluxo e funcional)

2. Epidemiologia
A incidência de IU aumenta proporcionalmente à idade, e é ainda maior em
idosos institucionalizados, principalmente do sexo feminino pelo menor canal uretral.
Nos idosos que frequentam os ambulatórios, a IU está presente em 10-15% dos homens
e 20-25% das mulheres. Já nos pacientes internados, esse número supera os 30%. A IU
é uma doença crítica, pois os pacientes pouco relatam sua existência por vergonha, e os
profissionais raramente questionam os pacientes sobre o quadro.

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3. Fisiopatogenia
Um conjunto de fatores colabora para a IU, mas os principais são os efeitos do
envelhecimento na bexiga, diminuição da pressão uretral e distúrbios do assoalho
pélvico.

Na bexiga, observamos aumento das contrações desinibidas do músculo


detrusor, aumento do volume residual (50 a 100 ml), aumento da frequência urinária,
diminuição da capacidade elástica da bexiga e diminuição da velocidade do jato urinário.

Na uretra, a diminuição da pressão ocorre pela diminuição da ação muscular


esfincteriana, diminuição da aposição úmida das paredes mucosas, diminuição da
complacência e elasticidade, além da diminuição da vascularização peri-uretral.

No assoalho pélvico, podemos ter atrofia muscular, alteração do tecido


conectivo, lesões no nervo pudendo e estiramento ou esforço excessivo.

Todos esses fatores, quando ocorrem simultaneamente, podem desencadear um


processo de IU.

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4. Clínica
A clínica da IU é plural, podendo se apresentar de várias formas. Nos casos de IU
temporárias (agudas), percebemos que a incontinência aparece junto com algum fator
precipitante, podendo ser delirium, infecções do trato urinário, uretrite ou vaginite
atrófica, restrição da mobilidade, uso de medicamentos (diuréticos, anticolinérgicos,
antidepressivos, antipsicóticos), impactação fecal ou distúrbios psiquiátricos. Esses
dados devem ser evidenciados na anamnese. No caso das IU permanentes (crônicas),
podemos encontrar uma clínica variável dependendo do seu tipo. Vejamos a seguir essa
estratificação:

➢ IU de esforço: Perda involuntária de pequenas quantidades de urina durante


situações que aumentam a pressão abdominal - tosse, riso, movimentos corporais.

➢ IU de urgência: Perda involuntária de urina precedida por desejo súbito de urinar


(urgência)

➢ IU funcional: Incapacidades de chegar ao toalete a tempo: limitações físicas e


ambientais, transtornos psíquicos, déficit cognitivo, etc.

➢ IU de transbordamento: Perda involuntária de urina associada à hiperdistensão da


bexiga. Após um aumento importante do volume e da pressão intravesical o
esfíncter torna-se incompetente e deixa extravasar urina até a pressão retornar ao
normal.

Ainda podemos encontrar casos de IU mista, onde mais de uma situação clínica
coexiste. É importante saber qual tipo de IU, pois o tratamento depende totalmente
desta informação.

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5. Diagnóstico
O diagnóstico de IU é eminentemente clínico. Com uma boa anamnese e exame
físico conseguimos fechar o diagnóstico. Porém, algumas medidas podem ser tomadas
para estratificarmos a causa dessa IU, o que irá interferir diretamente no tratamento.

De uma maneira geral, pacientes com IU devem ser avaliados de acordo com sua
história clínica, de forma particularizada. Algumas opções de exames são sumário de
urina (EAS) para detectarmos possíveis alterações na filtração e/ou trajeto da urina,
urocultura para investigar infecções, glicemia e perfil endócrino para possíveis causas
endócrinas, função renal, dosagem de vitamina B12 (delirium) e PSA. A avaliação do
volume pós-residual é de suma importância, além de um estudo urodinâmico completo.

Uma medida simples e que deve ser empregada a todos os pacientes com
suspeita de IU é o diário miccional. Nesse diário, o paciente irá anotar todas as vezes
que urinar, dizendo o horário, a quantidade, se teve urgência ou não, quanto de água
bebeu, se conseguiu chegar ao banheiro, disúria, polaciúria, após esforços, volume
perdido, intervalo entre as micções. Isso é importante para termos certeza da
classificação da IU e podermos estratificar o tratamento.

6. Tratamento
No caso das IU temporárias (agudas), nós temos um grande potencial de
curá-las, e o tratamento se baseia basicamente em tratar a doença de base,
como delirium, infecção do trato urinário com antibiótico, restrição da
mobilidade com deambulação sob vigilância, retirada de medicamentos
causadores, impactação fecal com laxativos ou dietas específicas, tratamento
dos distúrbios psiquiátricos, etc.
Nas causas crônicas, devemos ter um tratamento multidisciplinar, com
orientações gerais (não beber muita agua à noite, não fumar, não fazer uso de
bebidas alcóolicas, praticar exercícios físicos, facilitar acesso ao banheiro com

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boa iluminação e adaptação com barras), encaminhamento para fisioterapia do


assoalho pélvico para fortalecimento da musculatura, casos específicos
encaminhar ao urologista/ginecologista, além da abordagem medicamentosa ou
cirúrgica.
A principal medida farmacológica é o uso de antimuscarínicos, sendo os mais
eficientes: solifenacina, trospium, tolterodina, direfenacina, propantelina e atropina. Já
a abordagem cirúrgica é tomada apenas em casos graves e refratários, onde os
benefícios sejam maiores que os riscos. Nesse caso, podemos fazer injeção periuretral
de colágeno, suspensão transvaginal por agulha, colpossuspensão retropúbica,
colocação de slings ou até próteses esfincterianas.

Referências Bibliográficas

1. ABRAMS, P. et al. Incontinence. 4th ed. Paris: Editions 21, 2009. Disponível em:
http://www.ics.org/Publications/ICI_4/book.pdf. Acesso em: 14 nov 2013.

2. FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ (FIOCRUZ). Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio


Arouca, Coordenação de Educação a Distância. Envelhecimento e saúde da pessoa
idosa. BORGES, A.P.A.; COIMBRA, A.M.C. (Org.). Rio de Janeiro: EAD/ENSP, 2008.

3. Longo, DL et al. Harrison’s Principles of Internal Medicine. 19th ed. New York:
McGraw-Hill, 2015.

4. Maciel, A.C. Incontinência urinária. In: Freitas, E.V. et al. Tratado de Geriatria e
Gerontologia, 3ª.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011, cap. 63, p 752 -59.

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