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PSICOFARMACOLOGIA

Professor: Marcos Daniel Silva


Alunos: Beatriz Hilário e Zanon Oliveira

Bloqueadores Muscarínicos e o Tratamento da Incontinência Urinária

1. Introdução

A incontinência urinária é uma condição comum que afeta milhões de pessoas em todo
o mundo, resultando em significativa morbidade e impacto na qualidade de vida. Ela se
manifesta pela perda involuntária de urina pela uretra, podendo ocorrer em diferentes
situações, como durante o esforço físico, devido à urgência miccional ou mesmo sem
qualquer aviso prévio. O distúrbio é mais frequente no sexo feminino e pode manifestar-se
tanto na quinta ou sexta década de vida quanto em mulheres mais jovens. Atribui-se essa
prevalência ao fato da mulher apresentar, além da uretra, duas falhas naturais no assoalho
pélvico: o hiato vaginal e o hiato retal. Isso faz com que as estruturas musculares que dão
sustentação aos órgãos pélvicos e produzem a contração da uretra para evitar a perda urinária,
e o músculo que forma um pequeno anel em volta da uretra sejam mais frágeis nas mulheres.
O controle da musculatura do trato urinário é fundamental para a regulação adequada da
micção, e qualquer disfunção nesse processo pode levar à incontinência.
2. Desenvolvimento

2.1 Fisiopatologia da Incontinência Urinária

O armazenamento de urina e posterior esvaziamento da bexiga é um processo


fisiologicamente complexo e, para que possa ocorrer de forma adequada, é necessário que
diferentes músculos, nervos parassimpáticos, simpáticos, somáticos e sensoriais trabalhem
conjuntamente. Quando há um comprometimento, pode se dizer que é resultado de uma
variedade de fatores, e podem ocorrer nas seguintes situações: comprometimento da
musculatura dos esfíncteres ou do assoalho pélvico, distúrbios neurológicos que afetam a
função da bexiga e do esfíncter uretral, condições médicas subjacentes, como diabetes e
doenças do trato urinário. Gravidez e parto; tumores malignos e benignos; doenças que
comprimem a bexiga; obesidade; tosse crônica dos fumantes; quadros pulmonares obstrutivos
que geram pressão abdominal; bexigas hiperativas que contraem independentemente da
vontade do portador. Vemos que o músculo detrusor, responsável pela contração da bexiga
durante a micção, desempenha um papel central na fisiopatologia da incontinência urinária,
sendo regulado principalmente pelo sistema nervoso autônomo.

2.2 Farmacoterapia com Bloqueadores Muscarínicos

Os bloqueadores muscarínicos são uma classe de medicamentos amplamente utilizada


no tratamento da incontinência urinária, particularmente em casos de bexiga hiperativa. Eles
exercem sua ação inibindo os receptores muscarínicos no músculo detrusor, reduzindo assim a
hiperatividade e os espasmos da bexiga. Os principais bloqueadores muscarínicos incluem
Oxibutinina, Tolterodina, Solifenacina e Fesoterodina. Eles estão disponíveis em formulações
orais e transdérmicas, proporcionando flexibilidade na administração e no manejo dos
sintomas. Os antagonistas muscarínicos são considerados agentes parassimpatolíticos por
reduzirem ou abolirem seletivamente os efeitos da estimulação parassimpática. A forma de
ação dos antagonistas é por competição com a acetilcolina nos receptores muscarínicos. O
Cloridrato de Oxibutinina atua como agente anticolinérgico e é uma amina terciária que tem
ação anti-muscarínica e, principalmente, ação antiespasmódica na musculatura lisa vesical.
Não se sabe especificamente em qual receptor muscarínico ela age. Entretanto, acredita-se
que tenha maior afinidade pelos receptores M31. No músculo detrusor os receptores
parassimpáticos presentes são do tipo M2-M3, embora a maioria seja M21,2. Assim, o
cloridrato de oxibutinina atua de forma a aumentar a capacidade vesical, diminuir a
frequência miccional e atrasar o estímulo inicial da micção. A indicação de uso é para os
pacientes com hiperatividade vesical de origem motora ou sensorial, como também na
hiperatividade vesical hiperreflexa, cujo objetivo é promover o bloqueio do detrusor e
consequentemente tratar a urgência miccional, bem como a incontinência urinária de urgência
miccional.

2.3 Eficácia e Segurança dos Bloqueadores Muscarínicos

Numerosos estudos clínicos têm demonstrado a eficácia dos bloqueadores


muscarínicos no tratamento dos sintomas da incontinência urinária, incluindo redução da
frequência urinária, urgência e episódios de incontinência. O cloridrato de oxibutinina atuou
de forma a diminuir a hiperatividade vesical, aumentar a capacidade e aumentar o tempo de
enchimento vesical. Houve diminuição acentuada da força de contração do músculo detrusor
em relação ao controle normal. No entanto, esses medicamentos também estão associados a
uma série de efeitos colaterais, como boca seca, constipação, visão turva e retenção urinária.
É importante que os pacientes sejam monitorados de perto quanto a esses efeitos adversos, e
que as estratégias de manejo sejam implementadas conforme necessário.

3. Considerações Finais

Em conclusão, os bloqueadores muscarínicos desempenham um papel importante no


tratamento da incontinência urinária, proporcionando alívio sintomático significativo para os
pacientes. No entanto, esses medicamentos também estão associados a uma série de efeitos
colaterais. É importante que os pacientes sejam monitorados de perto quanto a esses efeitos
adversos, e que as estratégias de manejo sejam implementadas conforme necessário. È
necessário equilibrar os benefícios terapêuticos com os potenciais efeitos colaterais, e
continuar explorando opções de tratamento mais eficazes e com menos impacto adverso na
qualidade de vida dos pacientes.

Referência bibliográfica:

1. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Incontinência urinária. Disponível em:


https://bvsms.saude.gov.br/incontinencia-urinaria/. Acesso em: 04/04/2023.
2. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Relatório sobre antimuscarínicos na bexiga neurogênica. 2020. Disponível
em:
https://docs.bvsalud.org/biblioref/2020/09/1121203/relatorio_antimuscarinicos_bexiga_neurogenica_50
8_2020_final.pdf. Acesso em: 05/04/2023.
3. SANAR SAÚDE. Antagonistas Colinérgicos. Disponível em: https://www.sanarmed.com/antagonistas-
colinergicos. Acesso em: 06/04/2023.
4. Mizuma, E., Takeshita, M., Suaid, H. J., Martins, A. C. P., Tucci Jr, S., Cologna, A. J., & Gonçalves,
M.. (2003). Efeito do cloridrato de oxibutinina na hiperatividade vesical conseqüente a cistite
hemorrágica. Acta Cirúrgica Brasileira, 18, 24–27. https://doi.org/10.1590/S0102-86502003001200009

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