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Avaliação

Geriátrica
Ampla
SUMÁRIO
1. Introdução e definição.........................................................................................3

2. Equilíbrio, mobilidade e risco de quedas..............................................................5

3. Função cognitiva e condições emocionais...........................................................7

4. Capacidade funcional........................................................................................10

5. Estado nutricional e condições socioambientais................................................13

6. Polifarmácia e medicações inapropriadas..........................................................15

7. Comorbidades e multimorbidade.......................................................................16

8. Outros parâmetros e aplicabilidade....................................................................17

Referências ...................................................................................................................... 20
1. INTRODUÇÃO E DEFINIÇÃO
O avançar da idade aumenta de forma significativa a multimorbidade e a incapa-
cidade dos indivíduos. Cerca de 65% dos indivíduos entre 65 e 84 anos e 82% dos
idosos com 85 anos ou mais são portadores de multimorbidade (possuem duas ou
mais doenças crônicas).
Esses idosos apresentam muita vulnerabilidade, seja por problemas cogni-
tivos, funcionais ou psicossociais; suas doenças ou complicações se apresen-
tam de forma atípica, o que dificulta e retarda o diagnóstico muitas vezes. Com
isso, estão sujeitos à mais frequência de iatrogenia, fragilização, internações e
institucionalização.
A Avaliação Geriátrica Ampla (AGA) surgiu como forma de avaliar esses pacien-
tes, incluindo diversos aspectos da sua vida, como o físico (médico), o mental, o
social, o funcional e o ambiental. Para isso, são utilizados instrumentos capazes de
identificar sinais de demência, delirium, depressão, fragilidade, déficits visuais e au-
ditivos, assim como perda do equilíbrio e capacidade funcional.

Se liga! Convém ressaltar que a AGA detecta as deficiências, inca-


pacidades e desvantagens, mas é imprecisa, quando realizada isolada do exa-
me clínico tradicional, para diagnosticar o dano ou lesão responsável por elas.

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FLUXOGRAMA – BENEFÍCIOS DA AGA

Benefícios da
AGA

Melhora a precisão diagnóstica

Identifica diminuição de capacidade e limitações

Detecta problemas médicos inaparentes

Identifica risco de declínio funcional

Avalia riscos nutricionais

Identifica riscos de iatrogenia

Define parâmetros de acompanhamento

Direciona para modificações e adaptações ambientais

Define critérios de hospitalização e institucionalização

Preditor de desfechos desfavoráveis – valor prognóstico

Por isso, a AGA faz parte de um processo diagnóstico multidimensional e in-


terdisciplinar para identificar as necessidades do idoso e planejar o cuidado e a
assistência. Sua utilização é principalmente para os idosos frágeis e portadores de
multimorbidades. Apesar disso, sua utilização não exclui a avaliação clínica tradicio-
nal, que é capaz de identificar distúrbios ou doenças que sejam responsáveis pela
diminuição da capacidade ou limitação das suas atividades.

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Como instrumento de diagnóstico multidimensional, a AGA é estruturada para que
possa haver um acompanhamento da evolução do paciente e para avaliar prognóstico.
Avalia as 4 principais dimensões (capacidade funcional, condições médicas, funciona-
mento social e saúde mental) a partir dos seguintes parâmetros: equilíbrio, mobilidade
e risco de quedas; função cognitiva; condições emocionais; deficiências sensoriais;
capacidade funcional; estado e risco nutricional; condições socioambientais; polifar-
mácia e medicações inapropriadas; comorbidades e multimorbidade; e outros.

MAPA MENTAL – PARÂMETROS AVALIADO

Equilíbrio, mobilidade
e risco de quedas

Comorbidades e
Função cognitiva
multimorbidade

Polifarmácia e Parâmetros
Condições emocionais
medicações inapropriadas avaliados

Condições socioambientais Deficiências sensoriais

Estado e risco nutricional Capacidade funcional

2. EQUILÍBRIO, MOBILIDADE E RISCO


DE QUEDAS
A avaliação da marcha e do equilíbrio são fundamentais para uma vida indepen-
dente. Por isso, são componentes essenciais da AGA, já que o envelhecimento causa
importantes modificações no aparelho locomotor dos idosos.
Durante o exame clínico, deve-se realizar um avaliação neurológica básica, com a
pesquisa do sinal de Romberg: com o paciente em posição ereta, pés unidos e olhos
fechados, avaliar se há oscilações corpóreas e risco de queda.

• Teste de levantar e andar: avaliar o paciente levantando-se de uma cadeira, ca-


minhando por 3 metros e voltando para o mesmo local, tornando a sentar-se.
Com isso, se avalia o equilíbrio sentado, durante a marcha e a transferência.
Esse mesmo teste pode ser feito de forma cronometrada, de forma a medir o
tempo de realização da tarefa. Sendo assim, pode-se interpretá-lo da seguinte
forma:
• ≤ 10 segundos: independente, sem alterações;

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• Entre 11 e 20 segundos: independente em transferências básicas; há baixo
risco de quedas;
• ≥ 20 segundos: dependente em várias atividades de vida diária e na mobilida-
de; há alto risco de quedas.
• Teste de equilíbrio e marcha: Nesse teste utiliza-se uma escala para avaliação
de diversos critérios. Para avaliação do equilíbrio, verifica-se alguns aspectos,
como: necessidade de uso dos braços para se levantar de uma cadeira; número
de tentativas de se levantar; estabilidade logo que se levanta; se mantém equilí-
brio em pé; movimentos de 360° e de se sentar. Para avaliar a marcha, analisa-
-se se há hesitação no início; o comprimento, altura e continuidade dos passos;
a direção; posição do tronco; e distância entre os tornozelos. Todos esses as-
pectos recebem uma pontuação, e quanto menor o escore final, maior o risco
de quedas para aquele paciente.
• Avaliação da sarcopenia: mensuração da massa muscular, que pode ser feita
por métodos antropométricos, bioimpedância ou densitometria corporal total.
O desempenho muscular é avaliado pela velocidade de marcha e pelo teste de
levantar e andar cronometrado. A força muscular deve ser avaliada com a pre-
ensão palmar. A avaliação mais sensível da massa muscular em idosos é feita
pela circunferência da panturrilha (normal ≥ 31cm).

Cada um desses parâmetros avaliados tem suas particularidades e limitações,


por isso a aplicação conjunta de vários instrumentos avalia melhor o equilíbrio dos
pacientes.

MAPA MENTAL – AVALIAÇÃO DO EQUILÍBRIO E MARCHA

Escala

Teste do equilíbrio e marcha

Equilíbrio,
Teste de levantar e andar
Avaliação de sarcopenia marcha e
(cronometrado)
risco de quedas

Circunferência da panturrilha Força de preensão palmar

Normal ≥ 31cm

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3. FUNÇÃO COGNITIVA E CONDIÇÕES
EMOCIONAIS
Em relação à cognição, avalia-se a atenção, raciocínio, pensamento, memória,
juízo, abstração, linguagem e outros. Alterações nesses quesitos podem levar à per-
da de autonomia, com progressiva dependência do idoso. Os testes utilizados são
simples, rápidos, reaplicáveis e que podem ser utilizados por toda a equipe interdisci-
plinar. Com sua aplicação, podem ser identificadas as principais alterações na saúde
mental do idoso: os quadros demenciais e depressivos.
Miniexame do Estado Mental (minimental): instrumento rápido e de fácil aplica-
ção, em que se avalia os principais aspectos da função cognitiva.

Aspecto avaliado Como avaliar Pontuação

Orientação temporal (“qual


Ano/ Mês/ Dia do mês/ Dia da semana/ Hora 5 pontos
é o...”?

Orientação espacial (“onde Local específico/ Local genérico/ Bairro ou rua próxima/
5 pontos
estamos?”) Cidade/ Estado

Nomear 3 objetos e pedir para o paciente repetir: “Carro,


Memória imediata vaso, tijolo”. (Se ele não conseguir, ensinar até aprender, no 3 pontos
máximo até 6 vezes)

Pedir para o paciente diminuir 7 de 100 (5 vezes suces-


Atenção e cálculo sivas). (Alternativa: soletrar a palavra “mundo” na ordem 5 pontos
inversa”)

Memória de evocação Repetir os 3 objetos nomeados antes 3 pontos

Mostrar um relógio e uma caneta e pedir para nomear 2 pontos

Pedir para repetir: “Nem aqui, nem ali, nem lá” 1 ponto

Seguir o comando de 3 estágios: “Pegue este papel com a


3 pontos
mão direita, dobre-o ao meio e coloque-o no chão”.

Ler e executar a ordem: “Feche os olhos” 1 ponto

Escrever uma frase 1 ponto


Linguagem

1 ponto

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Após a realização de todo o teste, sua interpretação (pontos de corte) varia con-
forme a escolaridade do paciente. Ou seja: se o paciente não alcançar a pontuação
de corte, é uma forma de alerta para a equipe de saúde investigar melhor o aspecto
cognitivo.

Analfabetos 20 pontos

1 a 4 anos de estudo 25 pontos

5 a 8 anos de estudo 26 pontos

9 a 11 anos de estudo 28 pontos

> 11 anos de estudo 29 pontos

Teste do desenho do relógio: avalia a execução, memória, habilidades, abstração


e compreensão verbal, porém recomenda-se sua utilização apenas para aqueles
pacientes com no mínimo 4 anos de estudo. Como fazer? Forneça ao paciente um
papel em branco e um lápis ou caneta; solicite-o que desenhe um relógio com todos
os números e ponteiros, marcando 2:45h.

Saiba mais! têm alterações na cognição secundárias a distúrbios


do sono. Dentre estes, podemos ter: insônia; SAHOS (síndrome da hipopneia
obstrutiva do sono); síndromes das pernas inquietas (desconforto nos MMII ao
fim do dia que atrapalham o sono); distúrbios do sono REM (não muito comum,
mas que contribui para o diagnóstico da demência de Levi); e distúrbios do rit-
mo circadiano.

• Escala de depressão geriátrica (GDS): utilizada para rastreio de quadros de-


pressivos nos idosos, já que a depressão nesses pacientes não se apresentam
de forma tão típica.

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Perguntas Sim Não

1. Você está satisfeito com sua vida? 0 1

2. Você deixou muitos de seus interesses e atividades? 1 0

3. Você sente que sua vida está vazia? 1 0

4. Você se aborrece com frequência? 1 0

5. Você se sente se bom humor a maior parte do tempo? 0 1

6. Você tem medo que algum mal vá lhe acontecer? 1 0

7. Você se sente feliz a maior parte do tempo? 0 1

8. Você sente que sua situação não tem saída? 1 0

9. Você prefere ficar em casa a sair e fazer coisas novas? 1 0

10. Você se sente com mais problemas de memória do que a maioria? 1 0

11. Você acha maravilhoso estar vivo? 0 1

12. Você se sente um inútil nas atuais circunstâncias? 1 0

13. Você se sente cheio de energia? 0 1

14. Você acha que sua situação é sem esperanças? 1 0

15. Você sente que a maioria das pessoas está melhor do que você? 1 0

Para interpretar a Escala de Depressão Geriátrica, deve-se considerar > 5 pontos


sugestiva de depressão.

Se liga! A depressão nos idosos pode se apresentar com algumas


particularidades, como: diminuição da resposta emocional; diminuição do
sono; perda de prazer em atividades habituais; ruminações sobre o passado;
perda de energia; perda de peso; sintomas psicóticos (alucinações, delírios);
apatia; e sintomas somáticos importantes (poliqueixas).

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FLUXOGRAMA – FUNÇÕES COGNITIVAS E CONDIÇÕES EMOCIONAIS

Funções cognitivas e condições


emocionais – testes de rastreio

Escala de depressão geriátrica


Minimental Desenho do relógio
(GDS)

Considerar escolaridade > 5 pontos:


diante da interpretação sugestiva de depressão

4. CAPACIDADE FUNCIONAL
A capacidade funcional se refere à aptidão do idoso em realizar as tarefas da vida
diária, como cuidar de si mesmo e ter uma vida independente, ou seja, é determinada
pelo grau de autonomia e independência.
As Atividades Básicas da Vida Diária (ABVD) estão relacionadas ao autocuidado,
como tomar banho, se vestir, manter higiene adequada, se deslocar da cama para a
cadeira, ter continência urinária/ fecal, ser capaz de se alimentar e andar.
Para analisar o grau de dependência do idoso, são coletadas informações com o
próprio paciente e os cuidados/ familiares. As escalas mais utilizadas são a Escala
de Katz e o Índice de Barthel.

• Escala de Katz: considera que a perda funcional segue uma ordem, em que pri-
meiro se perde a capacidade de se banhar, depois de se vestir, se transferir e se
alimentar.
Não recebe ajuda (I)

1. Tomar banho Recebe ajuda para lavar apenas uma parte do corpo (I)

Recebe ajuda para lavar mais de uma parte do corpo ou não toma banho sozinho (D)

Pega as roupas e se veste completamente sem ajuda (I)

2. Vestir-se Pega as roupa e se veste, mas não amarra os sapatos (I)

Recebe ajuda para pega as roupas ou se vestir (D)

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Vai ao banheiro, se limpa e ajeita as roupas sem ajuda (I)
3. Uso do vaso
Recebe ajuda para ir ao banheiro, para se limpar ou para ajeitar as roupas (D)
sanitário
Não vai ao banheiro para eliminação fisiológica (D)

Deita-se e sai da cama, senta e levanta da cadeira sem ajuda (I)

4. Transferências Deita-se e sai da cama e/ou senta e levanta da cadeira com ajuda (D)

Não sai da cama (D)

Controla inteiramente a micção e evacuação (I)

Tem “acidentes” ocasionais (D)


5. Continência
Necessita de ajuda para manter o controle da micção e evacuação; usa cateter ou é
incontinente (D)

Alimenta-se sem ajuda (I)

Alimenta-se sozinho, mas recebe ajuda para cortar carne ou passar manteiga no pão
6. Alimentação
(I)

Recebe ajuda para se alimentar (D)

Independente significa “sem supervisão, direção ou ajuda pessoal ativa”. Baseia-


se no estado atual e não na capacidade para a realização das atividades. Considera-
se que um paciente que se recusa a realizar uma função não realiza a mesma,
embora se considere capaz.
Índice de Barthel: outra escala muito utilizada, que avalia a independência funcio-
nal e a mobilidade. Leva em consideração 10 funções: banhar-se, vestir-se, prover hi-
giene, usar vaso sanitário, se mover entre cama e cadeira, continências, alimentação,
deambulação e subir e descer escadas. Para cada uma dessas funções, o paciente
receberá a pontuação de 0, 5 ou 10 pontos, a depender do grau de dependência. Ou
seja, ao final da pontuação, o idoso pode apresentar dependência total (0 pontos) até
independência máxima (100 pontos).
Além das atividades básicas, o idoso precisa executar atividades rotineiras do dia
a dia para ter uma vida independente e ativa na comunidade. Essas atividades são
as Atividades Instrumentais da Vida Diária (AIVD), mais complexas e que incluem
arrumar a casa, telefonar, viajar, fazer compras, preparar alimentos, controlar e tomar
remédios, além de administrar seu dinheiro. A partir dessa análise, pode-se determi-
nar se o idoso tem condições ou não de viver sozinho, sem supervisão.

• Escala de Lawton: é uma das mais utilizadas para avaliar as AIVD, em que a
pontuação máxima é 27 pontos (maior independência) e a mínima, 9 pontos
(maior dependência).

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Se liga! As deficiências sensoriais são comuns na população idosa
e são motivos de perda de qualidade de vida, porque tornam-se obstáculos para
a realização de atividades diárias.

Saiba mais! Atividades mais avançadas, como dirigir automóvel,


praticar esportes, pintar e tocar instrumentos são específicas para cada indi-
víduo. Por serem influenciadas por fatores socioculturais e educacionais, são
não incluídas na avaliação funcional do idoso. Ou seja, não são fundamentais
para uma vida independente, apesar de contribuírem beneficamente para a saú-
de física e mental, melhorando a qualidade de vida.

EXEMPLO DE DOENÇAS E SUA INCAPACIDADE FUNCIONAL

Dano Deficiência Incapacidade Desvantagem

Anomalia ou perda
Consequências sociais
na estrutura corporal, Restrição ou
Doença e comprometimento da
aparência ou função de perda de habilidades
qualidade de vida
um órgão ou sistema

Exemplos:

Dificuldades no
Diminuição da
relacionamento social
Doença de Alzheimer Deficiência cognitiva capacidade para
e nas atividades
as AIVD e ABVD
econômicas

Dificuldades de
Dificuldade para
locomoção e nas
Trauma raquimedular Paraplegia deambular, manter
atividades de lazer e
continência
econômicas

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FLUXOGRAMA – CAPACIDADE FUNCIONAL

Capacidade
funcional

Atividades básicas Atividades instrumentais


da vida diária (ABVD) da vida trocar
diária (AIVD)

Escala de Katz Escala de Lawton

Índice de Barthel

5. ESTADO NUTRICIONAL E
CONDIÇÕES SOCIOAMBIENTAIS
O estado nutricional é um aspecto importante na avaliação da condição de saúde,
principalmente dos idosos. Suas restrições funcionais dificultam a ida às compras e
a cozinhar, o que os deixam mais suscetíveis a quadros de desnutrição.
A Miniavaliação Nutricional (MAN) é o único instrumento validado para a avalia-
ção nutricional dos idosos. Tem o objetivo de avaliar o risco de desnutrição, objeti-
vando intervir, se necessário. Inclui a avaliação de 18 itens, nos quais se consegue
um escore máximo de 30 pontos. Pontuações abaixo de 17 caracterizam desnutri-
ção; entre 17 e 23,5, risco de desnutrição; e acima de 24, bom estado nutricional.
Alguns destes itens avaliados são: medidas antropométricas, informações dietéti-
cas, estilo de vida, medicações e autopercepção sobre o estado de saúde.
A condição socioambiental dos idosos é um dos parâmetros mais complexos
de serem quantificados. Devem ser avaliadas as relações e atividades sociais, além
dos recursos de suporte disponíveis (social, familiar, financeiro). O Apgar da família
e dos amigos é um instrumento que pode ser utilizado, no qual o profissional faz
algumas perguntas sobre a relação do paciente com os familiares, como mostrado
abaixo. Se o total do escore for <3, há acentuada disfunção nas relações familiares
e de amizade; de 4 a 6 pontos, moderada disfunção; >6 pontos, disfunção leve ou
ausente.

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Perguntas Pontuação

0 – Raramente
Está satisfeito e pode contar com seus familiares/ amigos para resolver
1 – Ocasionalmente
seus problemas?
2 – Frequentemente

0 – Raramente
Está satisfeito com a forma com que seus familiares/ amigos conver-
1 – Ocasionalmente
sam e compartilham os problemas com você?
2 – Frequentemente

0 – Raramente
Está satisfeito com a forma com que seus familiares/ amigos aceitam e
1 – Ocasionalmente
apoiam suas vontades e decisões?
2 – Frequentemente

Está satisfeito com a forma com que seus familiares/ amigos expres- 0 – Raramente
sam afeição e respondem às suas emoções, como raiva, sentimento de 1 – Ocasionalmente
culpa, medo, afeto? 2 – Frequentemente

0 – Raramente
Está satisfeito com a forma com que você e seus familiares/ amigos
1 – Ocasionalmente
compartilham o tempo juntos?
2 – Frequentemente

As necessidades especiais devem ser avaliadas, objetivando uma adaptação do


ambiente. Ou seja, sua residência deve ser adequada às suas limitações, para pre-
servar (ou recuperar) sua independência e evitar quedas. Deve-se avaliar, ainda, se
o cuidador (se formal ou informal) é capacitado e treinado para sua tarefa, além de
verificar como está a sua carga emocional. Cuidadores que não são capacitados/
treinados, ou que estão sob alto nível de estresse trazem consequências negativas à
saúde e qualidade de vida do idoso.

FLUXOGRAMA – ESTADO NUTRICIONAL E CONDIÇÃO SOCIOAMBIENTAL

Estado Condição
nutricional Socioambiental

Miniavaliação nutricional (MAN) Apgar da família e amigos

Identifica a disfunção nas


Avalia risco de desnutrição
relações familiares e de amizade

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6. POLIFARMÁCIA E MEDICAÇÕES
INAPROPRIADAS
Com o envelhecimento, há aumento da necessidade do uso de medicações para
controlar as várias doenças crônicas coexistentes, o que configura a multimorbida-
de. Esse uso de diversos medicamentos, apesar de muitas vezes necessário, coloca
o idoso em maior risco para a ocorrência de eventos adversos, desde os mais sim-
ples até o óbito.
O uso de 5 ou mais drogas é considerada uma polifarmácia, porque aumenta a
probabilidade de desfechos adversos importantes na assistência geriátrica: fragi-
lidade, incapacidade, mortalidade e quedas. Por isso, durante a consulta com um
idoso, deve-se questionar sobre quais medicações faz uso, sua posologia, há quanto
tempo utiliza e qual o motivo.
Além disso, importante destacar que muitos pacientes utilizam medicamentos
inapropriados, que não têm sua eficácia comprovada e cujo risco para as reação ad-
versas excedem seu benefício. Esses medicamentos inapropriados devem ser identi-
ficados e, se possível, substituídos por outros melhor tolerados.
O critério STOPP/START discute as prescrições potencialmente inapropriadas
(STOPP) e aquelas potenciais omissões prescritórias (START). As omissões pres-
critórias são aquelas que podem causar danos se omitidas, mas que algumas vezes
não são prescritas por medo dos efeitos adversos.

FLUXOGRAMA – POLIFARMÁCIA E MEDICAÇÕES INAPROPRIADAS

Polifarmácia e
medicamentos
inapropriados

Mais risco
X Aumento de desfechos adversos
menos benefício

↑ Fragilidade, incapacidade,
STOPP: prescrições inapropriadas
mortalidade e quedas

START: omissões prescritórias

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7. COMORBIDADES E
MULTIMORBIDADE
Comorbidade se refere ao efeito combinado de doenças adicionais sobre uma
condição principal apresentada pelo paciente. Já a multimorbidade é a ocorrência de
duas ou mais doenças crônicas.

Conceito: Multimorbidade é a coexistência, em um mesmo indi-


víduo, de duas ou mais doenças crônicas, sem relação de causa e efeito e sem
que nenhuma delas possa ser considerada como problema principal.

Entender a multimorbidade dos pacientes idosos é essencial, já que influencia na


expectativa de vida, na tolerância, nas intervenções diagnósticas e terapêuticas, no
prognóstico funcional e na qualidade de vida. Dessa forma, índices de comorbidades
devem fazer parte da avaliação, principalmente de pacientes hospitalizados, com
condições agudas ou que venham a necessitar de intervenções mais invasivas (co-
mo a doença oncológica).
Um dos índices mais utilizados é o Índice de Comorbidade de Charlson (ICC),
que abrange 19 condições que estão associadas à mortalidade. Essas condições
recebem pesos específicos, a depender dos riscos relativos de mortalidade para os
idosos.

Peso Condição

Infarto do miocárdio / Insuficiência cardíaca congestiva / Doença vascular periférica /


1 Demência / Doença cerebrovascular / Doença pulmonar crônica / Doença do tecido conjuntivo /
Diabetes mellitus leve, sem complicação / Úlcera péptica

Hemiplegia / Doença renal moderada ou grave / Diabetes mellitus com complicação / Tumor /
2
Leucemia / Linfoma

3 Doença do fígado moderada ou grave

4 Tumor maligno, metástase / AIDS

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Uma variação dessa escala acrescenta um ponto para cada década acima dos
50 anos, somando ao escore obtido na escala original; essa variação é chamada de
Índice Comorbidade-Idade de Charlson (ICIC). Se 0 pontos, a mortalidade em 1 ano
é de 12%; se 1 ou 2 pontos, 26% de mortalidade; se 3 ou 4 pontos, 52%; e se ≥ 5 pon-
tos, 85%.

COMORBIDADE X MULTIMORBIDADE

Comorbidade Multimorbidade

Efeito combinado de doenças


X Ocorrência de duas ou
adicionais sobre uma condição principal mais doenças crônicas

8. OUTROS PARÂMETROS E
APLICABILIDADE
A pesquisa da presença ou não de maus-tratos consiste em um desafio para a
equipe de saúde, por diversas razões. Porém, é essencial que diante da presença de
qualquer sinal de maus-tratos os profissionais tenham uma atenção maior com o pa-
ciente para melhor investigação.
A estimativa do risco cardiovascular é outro parâmetro muito relevante, pela pre-
valência das doenças cardiovasculares na população idosa e por guiar o tratamento
dessas doenças.
Diversos estudos demonstraram que a AGA não tem um custo-benefício importante
para todos os idosos: naqueles pacientes robustos e funcionais, ela muda pouco a con-
duta dos profissionais. Por isso, diante de uma anamnese clínica tradicional, deve-se
identificar os pacientes que se beneficiam da aplicação da AGA, como aqueles que:

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• Estão hospitalizados por doenças agudas;
• Sofreram trauma;
• Portadores de múltiplas doenças crônicas (multimorbidade);
• Fazem uso de 5 ou mais medicamentos, principalmente os psicotrópicos;
• Moram sozinhos ou residem em instituições;
• Apresentaram 1 ou mais quedas;
• Muito idosos (≥ 80 anos);
• Diagnóstico recente ou tratamento de câncer;
• Necessitam de tratamentos invasivos, cirurgias ou diálise;
• Perda de capacidade cognitiva e/ou funcional.

MAPA MENTAL – APLICABILIDADE

Perda de cognição/
Tratamentos invasivos
funcionalidade

Diagnóstico
Hospitalizados
ou TTO de câncer

Quando Aplicar
≥ 80 Anos Trauma
A AGA?

História de queda Multimorbidade

Moram só ou
Polifarmácia
institucionalizados

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MAPA RESUMO – AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA

Avaliação Geriátrica Ampla

Estado Saúde Funciona- Condições


Definição Objetivo
funcional mental mento social médicas

Processo Determinar Equilíbrio e Função Rastreio para Condições Lista de


diagnóstico ABVD AIVD Disponibili-
as deficiências mobilidade cognitiva depressão dade e ambientais problemas
multidimen- ou habilidades
sional adequação de
dos pontos de suporte familiar
vista médico, e social
psicossocial e
funcional Escala de Escala de Escala de Comorbidades
Minimental
Barthel Lawton depressão
geriátrica (GDS)
Apgar familiar
Forma e de amigos Gravidade
adequada Índice Desenho das doenças
de planejar de Katz do relógio
intervenções
visando a
manutenção Inventário de
e recuperação medicamentos
da capacidade
funcional

Deficiências
sensoriais

Avaliação
nutricional

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REFERÊNCIAS
Freitas EV de, Py L. Tratado de geriatria e gerontologia. 4. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2017.
Halter JB, Ouslander JG, Studenski S, High KP, Asthana S et al. Hazzard’s Geriatric
Medicine and Gerontology. 7th ed. [S.l.]: McGrawHill Education, 2017.
Freitas EV de et al. Manual prático de geriatria. 2. ed. Rio de Janeiro: Guana­bara
Koogan, 2017.
Williams BA et al. CURRENT geriatria: diagnóstico e tratamento. 2. ed. Porto Alegre:
AMGH, 2015.
Barnett K, Mercer SW, Norbury M et al. Epidemiology of multimorbidity and implica-
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Lancet, 2013.

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