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DEPARTAMENTO DE MEDICINA VETERINÁRIA

SEMIOLOGIA (GMV-116)

SEMIOLOGIA INTRODUTÓRIA
Prof. Carlos Artur Lopes Leite
Universidade Federal de Lavras
Departamento de Medicina Veterinária
Setor de Clínica de Pequenos Animais

1 – CONCEITO

- Semiologia = Palavra que vem da união dos radicais gregos semeion


(sinais/sintomas) e logus (estudo). Portanto, a Semiologia é um ramo da medicina
que estuda os métodos de exame clínico, pesquisa os sinais e sintomas
(interpretando-os) e fornece o diagnóstico para o paciente.

- Divisão da semiologia:

* Semiotécnica: Métodos que o examinador utiliza para avaliar o quadro


sintomático apresentado pelo paciente. Trata-se da arte de examinar o doente.
* Semiogênese: Desvenda os mecanismos pelos quais os sinais e sintomas
ocorrem.
* Clínica propedêutica: Reúne e interpreta o grupo de dados obtidos pelo
exame do paciente. Trata-se da arte do raciocínio e análise clínica.

2 – HISTÓRICO DA MEDICINA VETERINÁRIA

- ANTIGUIDADE = Descoberta do “Papyrus Veterinarius de Kahun” (a.C.). A doença


era a “ira dos deuses”. Surgiram personalidades como Asclépio e Hipócrates.
Galeno propõe a “teoria da Krasis”.
- SÉCULOS XV A XVIII = As ciências modernas derrubam a teoria galênica. Surgem
personalidades como Pasteur e Erlich. A moderna medicina avança. Em 1762, na
cidade de Lyon (França), Bertin & Bourgelat criam a primeira escola de medicina
veterinária do mundo, voltada para a exploração econômica e medicina e cirurgia.
No Brasil, o Presidente Nilo Peçanha cria a primeira escola de veterinária (1910).
- CONCEPÇÃO ATUAL DO MÉDICO VETERINÁRIO = Áreas de atuação: clínica e
cirurgia, medicina preventiva, tecnologia de alimentos e zootecnia.

3 – MANIFESTAÇÕES MÓRBIDAS

- SINTOMA = Deriva da palavra de origem grega (sintein) que significa


acontecimento. De acordo com as diversas escolas médicas, possui um significado:
* Medicina humana: Sensação subjetiva anormal, sentida pelo paciente e não
observada pelo examinador.
* Medicina veterinária: Manifestação detectada tanto pelo examinador quanto
pelo proprietário do animal.

- SINAL = Dado objetivo observado apenas pelo examinador, requerendo a


semiotécnica como parte preponderante de sua execução.

- Como em medicina veterinária o paciente não percebe a alteração, alguns autores


não consideram que os animais desenvolvam sintomas, e sim sinais.

4 – QUADRO SINTOMÁTICO

- Caracteriza o conjunto de sinais e sintomas apresentados pelo paciente em um


processo de doença.

- Classificação dos sintomas:

* Locais ou regionais: Manifestações ocorrem circunscritas ou limitadas ao


local acometido.
* Gerais: Resultantes do comprometimento orgânico como um todo.
* Principais: Fornecem indícios sobre o envolvimento de um sistema orgânico
específico.
* Patognomônicos ou Únicos: Só pertencem a uma determinada enfermidade
(raros em medicina veterinária).
> Protrusão da terceira pálpebra em eqüinos e tétano.
> Corpúsculos de Negri e raiva.
> Corpúsculos de Heinz e cinomose.
* Prodrômicos ou Premonitórios: São os primeiros sintomas a aparecerem em
uma determinada doença.

5 – SÍNDROME

- Origina-se da palavra grega syndromos (que correm juntos), sendo um dos termos
semiológicos mais polêmicos da medicina.

- Quadro sintomático de causas variadas e que acometem diversos sistemas, não


servindo como diagnóstico final.

- Apesar de não revelar o diagnóstico final na maioria das vezes, pode ser útil na
exclusão de muitos outros diagnósticos possivelmente envolvidos.

- Exemplos:
* Diarreia. * Síndrome da égua suja.
* Cólica intestinal. * Síndrome de Cushing.
* Síndrome do cãozinho plano. * Síndrome do Doberman azul.
* Febre. * Desidratação.
* Síndrome da vaca louca. * Síndrome da vaca caída.
6– DIAGNÓSTICO

- Origina-se da palavra grega diagnosis (ato de discernir, conhecer), revelando a arte


de desvendar uma determinada doença através do quadro sintomático que ela
apresenta.

- Formas de se estabelecer diagnósticos:

* Clínico ou Nosológico: Conclusão que o clínico chega sobre a doença do


animal, baseando-se nos achados do exame clínico.
* Terapêutico: Conclusão que o clínico chega sobre a doença do animal
baseando-se na resposta a uma determinada medicação específica.
* Anatômico: Conclusão que o clínico chega sobre a doença do animal
baseando-se na observação do tipo e local da lesão.
* Etiológico: Conclusão que o clínico chega sobre a doença do animal
baseando-se na demonstração do agente etiológico.
* Histopatológico: Conclusão que o clínico chega sobre a doença do animal
baseando-se nos achados de microscopia tissular do paciente.
* Imaginológico: Conclusão que o clínico chega sobre a doença do animal
baseando-se nos dados fornecidos por exames de diagnóstico por imagem.

- Classificação dos diagnósticos:

* Provável, Provisório ou Presuntivo: Quando o clínico não possui o


diagnóstico exato do paciente (há dúvidas).
* Exclusivo: Quando o clínico, por meio da evolução do quadro clínico,
consegue excluir determinadas doenças (ainda é provisório).
* Definitivo, Conclusivo, Final ou Exato: Quando o clínico consegue
estabelecer com exatidão (provar) qual a enfermidade apresentada pelo paciente.
* Diferencial: Quando o clínico estabelece uma série de suspeitas que podem
provocar aquela enfermidade e as coloca em ordem de probabilidade, porém não
tem uma enfermidade comprovada.

- As principais causas de erro no diagnóstico incluem:

* Erro na anamnese:
> Condução errada.
> Indução de respostas.
> “Diagnóstico de porteira”.
* Erro no exame físico:
> Precipitação.
> Avaliação superficial.
> Conhecimento insuficiente da semiotécnica.
* Erro na clínica propedêutica:
> Conhecimento insuficiente.
> Capacidade de raciocínio clínico insuficiente.
> Impulso em estabelecer diagnóstico.

7 – PROGNÓSTICO

- Origina-se da palavra grega pro (antes) e gnosis (conhecer).


- Trata-se em prever a evolução da doença e suas prováveis conseqüências.

- O prognóstico deve ser orientado de acordo com três aspectos básicos:

* Perspectiva de salvar a vida.


* Perspectiva de recuperar a saúde ou de curar o paciente.
* Perspectiva de manter a capacidade funcional do sistema acometido.

- Classificação do prognóstico:

* Favorável ou Bom.
* Reservado, Duvidoso ou Incerto.
* Desfavorável ou ruim.

“A maioria dos erros médicos não se deve a falhas de raciocínio sobre fatos bem
avaliados, mas a raciocínio bem conduzido sobre fatos mal observados”

(Blasé Pascal, Século XVII)

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